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Maria Tereza Leopardi 7. ALGUMAS TEORIAS DE ENFERMAGEM 7.1. FLORENCE NIGHTINGALE - Teoria Florence viveu em um contexto de mudança e conflito, na Era Vitoriana, momento do nascimento da indústria. Es- perava-se que as mulheres fossem submis- sas e eram educadas para manter a casa e fazer pouco; sua posição social mantinha- se no status proverbial de cidadão de se- gunda classe As mulheres casadas não podiam dispor de suas propriedades até 1870 e na América do Norte elas não ti- veram o direito de votar até 1919, nove anos após a morte de Nightingale! A medicina daquele tempo era simplória para os padrões de hoje. A teo- ria do germe estava no começo; a penici- lina não seria descoberta até 1928. Figura 04 - Florence Nightingale Em resposta às condições de funcionamento miseráveis trazidas pela maquinaria e produção Karl Marx e Freidrich Engels publicariam ma- nifesto comunista em Londres, em 1848. A Origem das espécies, de Charles Darwin foi publicada em 1859. Foi neste mundo que Florence veio definir uma disciplina e uma arte que, embora tão velha quanto a própria doença, parecia ser uma atividade destinada a ser um campo de menor importância no rol das profis- sões emergentes, embora Nightingale tivesse um grande prestígio. Segundo Chadvick, apud a característica mais marcante da época vitoriana era o senso religioso de vocação e da utilização do tempo precioso em coisas úteis, o que certamente marcou Florence. Florence Nightingale, considerada a precursora da Enfermagem Moder- na, nasceu no dia 12 de maio de 1820, na cidade de Vila la Columbia, Florença, Itália. Era filha de William Edward e Francis Nightingale, integrantes de uma 177Teoria e Método em Assistência de Enfermagem rica e educada família vitoriana, porém aberta e culta. Florence estudou latim, grego, línguas modernas, história, matemática, estatística, artes, filosofia e reli- gião (nada comum para uma mulher do século XIX). Além disto, era perspicaz, que combinava com esta educação estimulante do pensamento crítico. Florence tinha uma mais velha, Parthenope, a qual também recebeu educação através do pai, seguindo, porém, o caminho da literatura e da arte. No dia 07 de fevereiro de 1837, aos dezesseis anos de idade, Florence recebeu um importante 'chamado'. diz que ela registrou em seu diá- rio: Deus me chamou a seu serviço. Este repetiu-se em 1853, 1854 e em 1861. Segundo sua crença filosófica de servir a Deus através do servir ser humano, seu criticismo construtivo e sua reação à esfera social compeliu Nightingale a fazer seu próprio caminho no mundo, a ser independen- te, a conseguir uma profissão ou ocupação para utilizar todas as suas capacida- des. Dizia ela que sempre tinha hábito de visitar os pobres em suas casas, mas era insatisfatório, especialmente porque não poderia pensar em viver como eles, e o pouco que fazia não seria nunca suficiente. Desde menina, gostava de registrar os acontecimentos do seu mundo e de escrever cartas, mas tinha um difícil temperamento, pois constantemente estava à procura da perfeição, querendo alcançar a salvação através do esmero, tornan- do-a muito exigente consigo mesma e também com os outros. Na época em que Florence foi pedida em casamento, no currículo ela justifiou sua recusa dizendo que seria fácil escapar das dificuldades, e revelou que sua mãe recém teria consentido na viagem que desejava fazer ao Egito. Várias referências são feitas também a suas tias, irmãs de sua mãe. Julie Smith, 'tratava' os membros das duas famílias e sempre era ajudada pela idealis- ta Florence nesta tarefa. Proveio daí fato de Florence achar que a "Enferma- gem' era o caminho para canalizar seu intenso desejo de fazer vir à tona a perfei- ção da humanidade. A outra tia, Hannah Nicholson, profundamente religiosa, era uma fonte de solidariedade e empatia para Florence. Em 1849, foi ao Egito, eseu intuito foi observar como a Enfermagem era desenvolvida em diferentes lugares. Na volta do Egito, aos 31 anos, esteve em Kaiserswerth (Alemanha), num hospital de 100 leitos, no qual atuavam 49 diaconisas luteranas. Atendiam aos doentes e proporcionavam campo de apren- dizagem às noviças. Florence passou três meses neste local e relatou que foi um 178Maria Tereza período realmente feliz em sua vida. Ficou profundamente impressionada com comprometimento daqueles luteranos. Após esta experiência, ela passou aigu- mas semanas conhecendo o trabalho das Irmãs Vicentinas do Hotel Dieu, em Paris, segundo De retorno ao lar, anunciou o seu desejo de se dedicar à que provocou tensão na família, uma vez que excluía a perspectiva de casamento e também em virtude da desaprovação prévia de sua mãe a esta idéia. De acordo com Contudo, com sua personalidade marcante, ela conseguiu o apoio famili- ar para continuar nesta sua vocação. Ela acreditava estar vivendo em harmonia com propósito de Deus para sua vida. Acreditava, também, que havia encontrado na enfermagem uma maneira para preencher a vida das mulheres, principalmente das solteiras e viúvas. Aos 33 anos, começou sua carreira como superintendente de Enferma- gem na Casa de Gentlemen, na rua Harley, Inglaterra, em 1853. Um ano após, em 1854, atuou como voluntária na epidemia de cólera em Londres. Estava, então, com 34 anos, mulher madura, com treinamento, experiente como administrado- ra, com alta reputação e com largo círculo de amigos influentes, quando estou- rou a Guerra da Criméia. O que ela realizou durante a guerra inspuirava os solda- dos e o poema a seguir ilustra a devoção com que eles a observavam. Nele, o autor usou um trocadilho usando 'nightingale' como rouxinol. A canção de Nightingale ao soldado Escuta, soldado, o canto do rouxinol suave, Tem um encanto que logo abreviará suas feridas tão cruéis, canto o remédio para sua dor, em um abraço simpático, Com um jarro, jarro, jarro de limonada ou aveia. Canto bandagens e fiapos; limpando a sujeira sem restrição, Canto a abundância do linimento e da loção, e suas misturas abriam caminho, e as pílulas que você a servir saia, com alacridade e prontidão do gesto. 179Teoria e Método em Assistência de Enfermagem Canto as mãos claras e delicadas, e uma enfermeira que compreenda como controlar cada tipo de aplicação, de um cataplasma a uma sanguessuga; a quem você começou ensinar a maneira de fazer uma fomentação de dormir. Figura 05 - Lâmpada de Nightingale Canto um travesseiro macio para você, tornando leve a sua dor e sofrimento, pela prontidão da invenção feminina; canto a sede da febre abrandada, e a cama onde você tombou, com atenção confortante e cheia de consideração. Canto o socorro ao bravo, e o resgate da sepultura, ouçam o rouxinol que veio à Criméia, Este é um rouxinol tão forte em seu coração quanto em sua canção, para realizar, assim, galante, uma idéia. O título oficial de Nightingale era de Enfermeiras Mu- lheres no Hospital do Leste'; mas ela começou a ser conhecida simplesmente como a 'Senhora Chefe'. Juntamente com 38 mulheres de diversas denominações religiosas, se- guiu para Scutari, na Turquia, onde permaneceu por 21 meses, trabalhando no Hospital Barrack. Virou lenda, como da Lamparina', mas também fez 2% história, pois como sanitarista e administradora conseguiu reduzir de 42% riência a mortalidade entre os soldados feridos. Esta foi sua oportunidade, sua expe- para tência grande, de mostrar o valor de enfermeiras em hospitais A resis- dos médicos foi quebrada pela enormidade da calamidade. Florence transcrito ge como heroína das tropas e se torna assunto das canções e dos emer- em A Lâmpada que ela usou encontra-se no Museu poemas, Nightingale, como o 36 te tifo) As abalada deste então. Florence (provavelmen- e Foi sua na saúde Turquia ficou que adoeceu, contraindo a febre da Criméia anos. posses da família possibilitavam-lhe levar regressou uma vida à sem Inglaterra preocupa- aos 180Maria Tereza Leopardi ções financeiras, morando em grande e confortável casa, com vários empregados a lhe servir. Há registros que indicam que ela voltou da guerra com 'Desordem de estresse Pós-traumático', que a acompanhou pelo resto de sua vida. Com sua saúde abalada e achando que sofria do coração, ficou, por mais de 50 anos, a maior parte do tempo acamada ou em cadeira de rodas. Aos 37 anos, pensou que estava chegando ao final de sua vida, fazendo até seu testamen- to e distribuindo seus bens (e não foi esta a única vez), mas não morreu antes dos 90 anos de idade, de acordo com Para outros autores, a 'febre da era a brucelose, havendo, inclusive, um artigo escrito sobre ela em um jornal médico britânico da época, que falava sobre os sintomas que aparentemen- te contribuiu para seu longo retiro. Seu livro 'Notes on Nursing (Notas Sobre Enfermagem' foi escrito nesta época, quando Florence tinha 39 anos, porém a sua produção chegou a vários campos, tais como Arquitetura, Estatística, Engenharia Sanitária, e outros. Para escrever, ela precisava de sossego. Onde melhor lugar para ficar a sós, para ter silêncio, estar livre de interrupções, senão em quarto de dormir? A fraqueza de seu físico só parecia reforçar a sua mente, levando-a a uma grande produção intelectual, segundo Canedy117 Outras publicações suas foram: 'Notes on Matters Affecting the (Notas sobre problemas que afetam a saúde), "Efficience and Hospital Adminis- tration of the British Army'(1858 Eficiência e Hospitalar no Exército Britânico); 'Notes on Hospitals' (1858 Notas sobre Hospitais); 'Notes on Sanitary State of the Army in India' (1971 Notas sobre o Estado Sanitário do Exército na India); 'Life or Death in India' (1874 Vida ou Morte na Em 1860, Florence recebeu uma doação de 44.000 libras, o que foi usado para a inauguração da Escola de Enfermagem Nightingale, no Hospital Saint Thomas, Inglaterra. A partir deste momento, o status da Enfermagem passou a ser centro de seu mundo. A profissão de Enfermagem era, ao mesmo tempo, muito antiga e muito nova. Seu desenvolvimento foi influenciado por quatro aspectos: religião, guerra, ciência e feminismo. Florence lá estava, no momento oportuno, para dar um enorme ímpeto à Enfermagem, envolvendo todos estes aspectos, de acordo com e Reed e A escola preparava dois tipos de profissionais: as lady-nurses, que atuavam na supervisão, ensino e difusão dos princípios nightingaleanos de enfermagem, vinham de famílias mais abastadas e custeavam seus estudos; e as nurses, que prestavam assistência direta ao paciente, tinham poder aquisitivo menor e recebi- 181Teoria e Método em Assistência de Enfermagem am ensino gratuito, com compromisso de trabalharem no hospital por um ano após o curso, segundo Abel-Smith, apud Almeida e Aos 86 anos, começou a apresentar falhas de memória, não conseguindo mais se comunicar de maneira compreensível e, sendo a primeira mulher a receber a honraria ao Mérito, do Rei Eduardo VII, não tomou conhecimento do acontecido. No dia 13 de agosto de 1910, Florence faleceu, em Londres, enquanto dormia. Ela não empregou a terminologia atual de conceitos e teorias, de modo que foi-sebuscar como ela definiu alguns conceitos incluídos em outras teorias de en- fermagem, tais como ser humano, meio ambiente, saúde e enfermagem. Com base nisto, vários autores interpretaram as posições e idéias difundidas por Nightingale, Ela acreditava que a Enfermagem tem como propósito a Manipulação do Meio Ambiente, a Nutrição e a Conservação das energias do paciente. Ao mes-mo tem- po, ela definiu o que não é Enfermagem: Enfermagem não é limitada ou definida pelos atos médicos. Em torno disto poder-se-ia escrever muitos volumes. Para situar a Enfermagem nestas novas dimensões havia muita a ser feita, o que ela levou adiante, em termos de reforma sanitária, reforma arquitetônica e administrativa, metodologia científica, reformas educacionais e da saúde pública, além de ação política. Ela dizia que estas questões compõem a En- fermagem e têm um intrincado papel na saúde e Bem-estar das pessoas. Enferma- gem é tanto administrar medicamentos quanto promover esforços educacionais que possam prevenir a necessidade do seu uso. Planejamento e observação foram essenciais para Nightingale, o que, para Reed e equivale a dizer que suas idéias abstratas a respeito de enfer- magem, saúde e ambiente apoiám-se sobre a experiência, devendo ser reformuladas, se forem inconsistentes com o mundo empírico. 7.1.1. Foco O foco principal da teoria de Nightingale é a potencialização das forças restauradoras da natureza, por meio de intervenção sobre meio ambiente, espe- cialmente o ambiente físico do paciente. O meio ambiente atua sobre ser huma- no produzindo doenças, cabendo ao ser humano reunir suas forças para resistir a elas ou para recuperar-se delas. 182Maria Tereza Leopardi 7.1.2. Sujeito da ação Nesta perspectiva, a enfermagem surge como sujeito da ação de enfer- magem, exercendo sua influência tanto sobre ambiente como sobre o paciente. Segundo Graaf et a enfermeira busca influenciar o ambiente físico imediato e preservar as forças vitais do paciente de forma que processo restaurador ins- tituído pela natureza possa ocorrer. Ela foi enfática ao dizer que durante pro- cesso de adoecer, o in-divíduo deve ser guiado para que possa usar suas forças restauradoras e que a manutenção da dor e sofrimento é, muitas vezes, falta de cuidados de enfermagem. 7.1.3. Demarcação Científica Nightingale utilizou os recursos científicos de que dispunha, e podemos inferir que adotou um pensamento sistêmico. Tinha uma visão própria do ser hu- mano, de certo modo assumindo que era co-responsável por sua saúde, junto com o Estado, que devia se responsabilizar pela manutenção das condições sani- tárias. Figura 06 - Modelo Epidemiológico de Nightimgale 183Teoria e Método em Assistência de Enfermagem Elaborou um modelo de controle epidemiológico muito interessante, como mostra a Fig. 06. Neste diagrama, Nightingale estabeleceu uma figura que representava a variação mês a mês da mortalidade por três causas no Exército. Ela resolveu o problema das 'asas do usando áreas para representar a variação na média da mortalidade, por meio do comprimento das linhas radiais.A con verde (neste texto bramco) representava a morte por doenças, o marrom (preto) representava a mortalidade por ferimentos de Guerra e o amarelo (cinza) representava outras causas. Com isto, ela convenceu a todos que a higiene redu- ziu dramaticamente a mortalidade por ferimentos. 7.1.4. Alcance e Limites A proposta é de alcance amplo, podendo ser utilizada na prevenção, pro- moção e recuperação da saúde, tanto com indivíduos, como com grupos. Pode haver limites na sua aplicação, pois a manipulação do ambiente exige alguma autonomia, o que nem sempre é possível. 7.1.5. Pressuposições básicas No que se refere à saúde, estavam acontecendo, em vários locais do mun- do, descobertas que levaram a grandes avanços terapêuticos. Todavia, a leitura dos registros Hipocráticos, com a Teoria Miasmática das Doenças, exercia a maior influência nesta área, que podemos perceber nitidamente nos escritos de Dentre os avanços na área de saúde, à época de Florence, destaca-se o advento da era microbiana e da assepsia. Nesta época, surge na Europa, inician- do pela Inglaterra, uma perspectiva sanitária diferente da existente até o to. Saúde Emerge, então, a Epidemiologia, com o objetivo de subsidiar as ações momen- de Surgem também novas visões acerca do processo saúde-doença. Sua conduta firme deu margem a uma imagem ambígua sobre muitas lado dos vezes, apontada como uma pessoa gentil, simples, cuja ela, quieta sendo, ao leitos dos homens feridos provia-os de coragem e vontade presença sobrevi- compaixão e possuía uma compreensão filosófica profunda porque dos outros. estava ver. Ela, na verdade, desempenhou este papel na Criméia para cheia de enfermagem. Cérebro, de acordo não com era Gardiner, somente apud a Dama com a Lamparina, era a o Dama cuidado com de Ela aplicava Ela seus conhecimentos para desenvolver melhor 184Maria Tereza Leopardi São seus pressupostos, extraídos de Notas sobre a as pessoas têm suas próprias forças restauradoras da saúde, as quais po- dem ser fortalecidas pelos enfermeiros; a observação e sensibilidade cuidadosas em relação as necessidades do paciente são princípios de enfermagem; os enfermeiros devem ativamente ser envolvidos na mudança e progresso; as ações de enfermagem são tanto a administração dos medicamentos como esforços educacionais que previnem seu uso; a lição prática mais importante para as enfermeiras é ensino da observa- ção; toda a doença, em algum período de seu curso, é mais ou menos um pro- é cesso reparador, não necessariamente acompanhado com sofrimento; um esforço da natureza para remediar um processo de envenenamento ou de deterioração, que ocorre despercebidos semanas, meses, às vezes, anos antes; o processo reparador que a natureza instituiu e que nós chamamos doen- ça, é muitas vezes impedido pela falta de conhecimento ou da atenção, em algum ponto de seu transcurso, e ocorre a dor, o sofrimento, ou a interrup- ção do processo inteiro; os sofrimentos considerados geralmente inevitáveis no incidente da doen- ça não são os sintomas da doença em si, mas de algo completamente diferente como necessidade de ar fresco, de luz, ou de calor, ou do silêncio, ou de higiene, ou de cuidadosa dieta; se um paciente estiver com frio ou com febre, ou se ficar fraco ou doente após ter sido alimentado, é geralmente não por causa da doença, mas mas por falta de cuidados. Enfermagem significa o uso apropriado do ar fresco, da luz, do calor, da higiene, do silêncio e da seleção e administração apropriada da dieta tudo para favorecer poder vital ao paciente; arte de enfermagem parece ser expressa no processo reparador para afas- tar a dor e o sofrimento; as mesmas leis da saúde são a da enfermagem, porque são a mesma reali- dade; a enfermeira deve distinguir as idiossincrasias dos pacientes. Um gosta de mostrar seu sofrimento outro prefere viver seu sofrimento sozinho e a arte de enfermagem consiste em conduzir o paciente para que realize processo reparador sozinho; 185Teoria e Método em Assistência de Enfermagem a enfermagem age tanto na saúde quanto na doença. Percebemos que estes valores estão bem presentes no dia a dia da Enferma- gem, fundamentando e ampliando o território profissional. 7.1.6.- Conceitos inter-relacionados Dos escritos de Nightingale, o meio ambiente emerge como conceito prin- cipal, sendo considerado como todas as condições e influências externas que afetam a vida e desenvolvimento de um organismo, capazes de prevenir, supri- mir ou contribuir para a doença e a morte, segundo Embora Nightingale indique que o ambiente constitui-se das dimensões físicas, psicológicas e sociais, ela tendia a dedicar maior ênfase ao ambiente físi- do que às outras dimensões, embora estes aspectos sejam englobados pelo primeiro, não havendo uma distinção clara entre eles, de acordo com Graaf et O meio ambiente engloba os elementos externos ao paciente, que afetam a sua saúde e processo de cura. Dentre estes elementos, segundo destacam-se os que se seguem, como Ventilação: provisão de ar fresco, sem correntes de ar. Florence dizia que conservar o ar que ele (o paciente) respira tão puro quanto o ar exterior, sem deixá-lo sentir frio (...) é o primeiro e último princípio sobre o qual a aten- ção da enfermeira deve fixar-se (...) sem o que todo o restante que possa fazer por ele não terá nenhum valor. Iluminação: os doentes têm, depois do puro, a necessidade de ilumi- nação, e não é apenas a claridade que desejam, mas a luz solar Limpeza: refere-se ao ambiente, pois um quarto sujo é fonte certa de infecções; ao paciente, de quem a higiene cuidadosa remove matérias nocivas do sistema, além de proporcionar alívio e conforto; e à enfermeira, que deve estar sempre limpa e deve ter o cuidado de lavar as mãos durante o dia. Calor: a enfermeira deve observar atentamente paciente, a fim de evi- tar que ele se resfrie, prevenindo a perda de calor vital, essencial à recuperação. Ruídos: elemento ambiental para o qual a enfermeira deve estar atenta e qualquer sacrifício é válido para assegurar silêncio, pois nem um bom areja- rio silêncio. mento, nem uma boa assistência serão benéficos para doente, sem necessá- 186Maria Tereza Leopardi ventilar-se quarto doente, deve-se evitar o ar proveniente de corpo; ao Odores: o o odor do resultante da doença deve ser removido do local apropriado. sílios de quarto devem ser mantidos limpos, livres de odores e esgoto; guardados os uten- em Alimentação: é essencial ao processo de cura e deve ser te observada pela enfermeira. Como se pode ver, o conceito de meio ambiente engloba diversos ele- mentos que, quando garantidos, contribuem para que o processo reparador seja instituído. Estes elementos referem-se ao ambiente físico, pois, para Nightingale, quando está adequado, pode-se dispensar maior atenção às necessidades emoci- onais do doente e à de doenças, de acordo com No que se refere ao ambiente psicológico, Nightingale reconhecia que um ambiente negativo pode resultar em estresse físico, afetando emocionalmen- te o paciente. Para que isto seja evitado, recomenda que se ofereça ao paciente uma variedade de atividades, para manter sua mente estimulada, enfatizando a necessidade de comunicação com ele, atenção, evitando inter- rupções e tratando de assuntos agradáveis, sem encorajar falsas esperanças. O ambiente social é visto como essencial na prevenção de doenças e se refere especialmente à observação de como ele pode afetar a pessoa e produzir enfermidade, na qual a enfermeira deve empregar todo seu Isto significa que a doença assume características diferentes para cada pessoa e a enfermeira deve estar atenta às mesmas. De acordo com Reed e Nightingale descreve dois tipos diferentes de enfermagem: Enfermagem da saúde: requer algum ensino prático, tem por objetivo a prevenção de doenças e pode ser praticada por todas as mulheres; Enfermagem da doença: arte e ciência que requer uma educação formal, organizada e científica, para cuidar dos que sofrem com a doença. Para Nightingale, o conhecimento de enfermagem envolve o que deve ser feito a fim de que o organismo não tenha doenças e para que possa recuperar- se de agravos à saúde, o que, já àquela época, conferia à enfermagem duas pers- pectivas de ação: uma preventiva e outra curativa. A enfermagem, segundo Nightingale, contribui para o processo restau- rador, ao colocar o paciente em suas melhores condições para que a natureza possa agir sobre ele. Com este intuito, encarrega-se de prover um ambiente no 187Teoria e Método em Assistência de Enfermagem qual paciente possa cuidar-se por si próprio e/ou pelos outros. Embora a assistên- cia esteja centralizada na figura da enfermeira, Nightingale não exclui o paciente, afirmando que tudo que doente puder fazer por si mesmo, será melhor que isto vai significar para ele menos ansiedade. A doença é vista como um processo restaurador, que traduz um esforço da natureza para corrigir um processo de envenenamento ou de desgaste iniciado dias, meses ou anos antes. O papel da enfermeira seria o de ajudar o doente a manter suas forças vitais, a fim de prevenir a doença, resistir a ela ou recuperar- se dela. De acordo com esta abordagem evidencia a diferença entre a enfermagem e a medicina, o que talvez seja a principal conclusão de Nightingale. A enfermagem focaliza-se na pessoa, experienciando a doença como um proces- restaurador, e não na patologia de um órgão ou na fisiologia da pessoa, como faz a medicina. A saúde surge, neste contexto, como resultante da interação de fatores ambientais, de modo que Nightingale a considera não apenas como o contrário de doença, mas como uma aptidão para utilizar todo o poder pessoal para estar saudável. A pessoa detém a chave de sua saúde. A enfermagem contribui para que ela tenha habilidade para recuperar ou manter sua saúde e esta contribuição é feita pela manipulação direta ou indireta do ambiente, conforme já apresentado. Saúde é o propósito da interação enfermagem pessoa ambiente. Estes conceitos supõem uma influência mútua: a enfermagem influencia o ambiente humano, o qual afeta a saúde; indivíduo é afetado pelo ambiente e pela enfermagem que, por sua vez, influencia a saúde do indivíduo; saúde é um proces- influenciado pela enfermagem, pelo ambiente e pelas condições do indivíduo. 7.1.7. Metodologia de Assistência de Enfermagem Nightingale não utiliza as expressões 'Processo de Enfermagem', ou de Assistência de Enfermagem', hoje empregadas, mas valoriza práticas, tais como a observação, a experiência e o registro de dados, fundamen- tais para o desenvolvimento de uma metodologia de trabalho que acentue a pos- sibilidade de resolução, inclusive registros epidemiológicos sobre dados de mor- talidade. Se analisarmos os escritos de Florence, ela articulou a observação como princípio básico da enfermagem, o que significa dizer que esperava que os enfer- meiros se esforçassem por observar direta ou indiretamente as condições ambientais e as idiossincrasias dos pacientes, para então planejar cuidados efica- 188Maria Tereza Leopardi zes, de acordo com suas necessidades. No entanto, a partir da concepção de Metodologia de Assistência de En- exposta no Capítulo 2, é possível utilizar logicamente seus conceitos res- fermagem proposta metodológica. A idéia é recuperar conceitos como 'forças soci- tauradoras' em uma e o que poderia ser incluído nas dimensões física, psicológica e al, além dos Coleta de Dados segundo Nightingale Queixa principal: Nome: Etnia: Estado civil: Data de nascimento: Data da entrevista: Familiar ou informante: Número de filhos: Tipo de parto: Ambiente Físico Ambiente social Ambiente psicológico Nutrição: Tipo de trabalho/renda Medos e ansiedades: Hábitos culturais: Consciência sobre a Higiene: enfermidade/desejo de tratar-se Eliminação: Condições sanitárias Pessoas significativas: públicas: Ventilação: Destino do lixo: Pessoas perturbadoras: Iluminação e exposição Associações e clubes: Capacidade de compreensão: ao sol: Qualidade do ar: Crenças religiosas ou Compreensão das leis da filosofia de vida: vida: Sono e repouso: Relações familiares: Expressão de emoções: Ruídos: Escolaridade: Expressão de sofrimento: Forças restauradoras Apoio no Hábitos saudáveis: Crença religiosa trabalho/família Desejo de tratar-se Estrutura física saudável Comunicação Capacidade de mudança Outras informações específicas 189Teoria e Método em Assistência de Enfermagem É importante relembrar que na coleta de dados deve-se ter o cuidado de explorar alguns conceitos da autora, visando estabelecer a filosofia de trabalho para a Assistência de Enfermagem Diagnósticos e Plano de Cuidados de O modelo apre- sentado no Capítuio 2, para os diagnósticos de entermagem, proposição de ações de cuidados de enfermagem e registros dos cuidados im-plementados servirá para todas as teorias analisadas neste livro, modificando-se os itens de referência da Coleta de dados e a análise das condições gerais do en-fermo, que serão rela- cionados com a base conceitual da autora. Isto pode ocorrer porque as ações técnicas seguem os parâmetros da ciência e do conhecimento ge-ral, embora seja focalizado em conceitos próprios de cada autor. Assim, em Nigh-tingale, as ações irão se dirigir-se para o ambiente, uma vez que a coleta de dados foi prioritariamente sobre estes aspectos. Assim também ocorre com o exame físi- co, que pode seguir mesmo modelo geral, apresentado também no Capítulo Avaliação de resultados - Após a assistência deve-se observar os resul- tados terapêuticos em relação aos cuidados prescritos e objetivos, pensando em ajustar o histórico, diagnóstico e prescrição. Assim, se houve mudanças nas con- dições e diagnóstico, devem ser apontados na avaliação, que é feita diariamente. Evolução do Estado de Saúde - Trata-se do registro da condição da pessoa em relação ao continuum se ela recuperou ou não suas forças para restaurar a saúde.

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