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QUÍMICA FARMACÊUTICA 1 Analgésicos opióides Prof. Antônio Rodolfo de Faria rodolfo.ufpe@gmail.com Departamento de Ciências Farmacêuticas UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Laboratório de Síntese Orgânica Aplicada a Fármacos 1 2 3 4 1 2 3 4 ANALGÉSICOS OPIÓIDES (OU HIPNOANALGÉSICOS) Nocicepção: percepção de estímulos nocivos pelo SNC. (defesa do organismo) Existem duas vias nociceptivas: a) rápida: dor aguda, localizada; b) lenta: dor crônica, indistinta (queimação). • Fármacos utilizados para o controle da dor. • Divididos em 4 principais categorias: –– AnalgAnalgéésicos sicos OpiOpióóidesides (Atuação no SNC). –– AnalgAnalgéésicos Não sicos Não EsteroidaisEsteroidais (AINES)(AINES) – Atuação central e periférica. –– AnestAnestéésicos Locaissicos Locais (Atuação periférica). –– Diversos fDiversos fáármacos de armacos de açção centralão central: • Antidepressivos (Amitriptilina) • Fármacos para dores específicas: – Carbamazepina (Neuralgia do Trigêmio) – Ergotaminas (Enxaqueca) • Neurônios nociceptivos ativados por estímulos mecânicos, térmicos e químicos. • São ativados quando há probabilidade de lesão tecidual. • Neurônios aferentes em sua maioria são fibras C não-mielinizadas – NociceptoresNociceptores polimodaispolimodais CC. Dor Crônica. • Fibras A� mielinizadas – Dor Aguda. • Aferem para o corno dorsal da medula. • Neurotransmissores envolvidos: diversos neuropeptídeos como Substância P, endorfinas, encefalinas e dinorfinas etc.... Inibe a despolarização neuronal A endorfina (e encefalina e dinorfina) e é um neurotransmissor, tal como a acetilcolina e a dopamina. É uma substância química utilizada pelos neurónios na comunicação do sistema nervoso. Os narcóticos – como a morfina, por exemplo – copiam os efeitos supressores das endorfinas e atuam sobre o sistema nervoso precisamente do mesmo modo. Existem vinte tipos diferentes de endorfinas no sistema nervoso, sendo a beta-endorfina a mais eficiente pois é a que dá o efeito mais eufórico ao cérebro. Liberadas durante a realização de exercício vigoroso, as endorfinas contribuem para a diminuição da dor. São consideradas como sendo o opióide natural do encéfalo pois ligam-se nos receptores de certos neurónios através de um mecanismo semelhante ao dos opiáceos. A liberação de endorfinas no corpo humano ocorre após diversas atividades ou situações, entre as quais se incluem a atividade física, a acupunctura e o estrese físico ou psicológico. Os receptores opióides foram classificados pela primeira vez (Martin et al. 1976) nos tipos ��������(mi) ������������ (capa) e ���� (sigma) com base na diferença dos efeitos neurofisiológicos e comportamentais de três substâncias em cães com lesões crónicas da medula: o receptor ���� (de morfina) é ativado pela morfina e provoca analgesia e indiferença aos estímulos do meio circundante, bradicardia e miose; o receptor ���� (de ketazocine) é ativado pela cetazocina e provoca também redução da atividade motora, miose e redução de reflexos; e o receptor ���� (de SKF 10047, nome de série da Nalilnormetazocina) é ativado por este composto e provoca, pelo contrário, agitação, taquicardia e midríase. Papaver somniferum (papoula) • Opióides - são todas as drogas, naturais ou sintéticas, com propriedades semelhantes à morfina, incluindo peptídeos endógenos. • Opiáceos - são substâncias (alcalóides) derivadas do ópio, como a morfina e algumas semi-sintéticas como a codeína. MORFINA A inversão na configuração do carbono C6 da morfina - aumenta o efeito analgésico HO 6 HO 6 morfina epímero REA 15% menos ativa analgésico 2 vezes menos potente - analgésico Atividade analgésica aumentada antitussígeno 6 vezes mais antitissígeno Que codeína 3 vezes mais potente que morfina (+ lipossolúvel) (penetração SNC) REA Ocorre redução da atividade analgésica em 90%, com a quebra da ligação etér do anel tetrahidrofurano e com a introdução de um grupo OH em C4 do anel aromático REA • O aumento na atividade ocorre devido a: – Redução da ligação dupla ligação entre C7 e C8. – Redução da ligação dupla entre C7 e C8 e a adição de um grupo metóxi em C3. – Redução da ligação dupla entre C7 e C8 e a adição de um grupo cetona em C6. REA SUBSTITUIÇÃO DA METILA DA MORFINA EM N17 • Alterações nos Anéis • O rompimento da ponte etérea (anel tetrahidrofurano) e a adição de uma hidroxila (OH) em C4, reduz em 90% a atividade. • A adição de uma OH em C14 e saturação da ligação dupla entre C7 e C8, aumenta em 10 X a analgesia da molécula (oximorfona). • A adição de uma OH em C14, metilação em C3 e saturação da ligação dupla entre C7 e C8 gera a oxicodona com atividade igual a da morfina. • A adição de um CH2 (vinilideno), em C6 e a redução da ligação dupla entre C7 e C8, aumenta em 80 X a atividade da morfina. REA • COMPOSTOS NATURAIS DO ÓPIO • Dentre os alcalóides mais conhecidos do ópio, 6 são os mais importantes, os quais se encontram fazendo parte dos grupos abaixo: – Derivados da Benzilisoquinolina. • Depressores da musculatura lisa sem nenhuma atividade sobre o SNC. • Alcalóides principais: papaverina (1%), narcotina 6%) e narceína (0,3%). – Derivados da Fenantrênicos. • Tem ação estimulante da musculatura lisa, espamogênica, sendo agentes analgésicos com propriedades euforizantes. • Alcalóides mais importantes: morfina (10%), codeína (0,5%) e tebaína (0,2%). CLASSIFICAÇÃO • COMPOSTOS NATURAIS • MORFINA. – Principal alcalóide de ópio e foi muito usada como analgésico para aliviar as dores. Depois, com a introdução dos narcóticos sintéticos e outros fármacos analgésicos, a aplicação da morfina na terapia foi diminuindo, embora seja ainda considerado um protótipo de fármaco narcótico. • A euforia pode ser obtida com pequenas doses e a tolerância se forma rapidamente. • COMPOSTOS SEMI-SINTÉTICOS (CODEÍNA) • Tem como ação mais específica de deprimir os acessos de tosse, sendo por essa razão usada como antitussígeno. • É também usada como hipnoanalgésico em doses de 5 - 10 vezes maior que a morfina para produzir o mesmo efeito. • A dependência à codeína ocorre quando é ingerida em grandes quantidades e por período bastante longo. • HEROÍNA (diacetilmorfina) • É transformada em morfina quando processada pelo fígado. • Em 1898, a Bayer, acreditou na época ser ela o substituto ideal da morfina, por ser 3 vezes mais potente que a morfina. Devido a essa potência, considerada "heróica", a Bayer decidiu batizar oficialmente a nova substância com o nome de heroína. • A heroína adicionada à cocaína constitui uma mistura tóxica forte, sendo usada freqüentemente nos Estados Unidos, onde é conhecida por speedball. • Possui ação depressora respiratória acentuada, de maneira que 4 mg de heroína corresponderiam ao uso de 10 mg de morfina. • Sua capacidade euforizante, juntamente com a qualidade de produzir uma excelente sensação de bem estar, confere-lhe a condição de droga extremamente perigosa em produzir hábito e vício, além de tolerância e crise de abstinência. • HIDROMORFONA. • Possui propriedade analgésica bem mais potente do que a morfina, da ordem de 5 a 10 X mais. • Embora possua os efeitos farmacológicos mais ou menos semelhantes aos da morfina, a sua ação sedativa e capacidade em produzir euforia são bem menores. • Possui também efeito antitussígeno. • OXIMORFONA. • Possui a mesma fórmula estrutural da hidromorfona, a única diferença é a introdução de uma hidroxila no carbono 14. A sua ação analgésica é 10 X maior que a da morfina. • COMPOSTOS SINTÉTICOS. • DERIVADOS MORFINÂMICOS. • Resultante de uma simplificaçãomolecular da morfina pela perda do anel C. • Possuem excelentes propriedades analgésicas e uma boa característica destes fármacos é seu emprego por via oral com atividade analgésica prolongada. • DERIVADOS DO BENZOMORFANO. • Resultante de uma simplificação molecular da morfina pela perda de um núcleo pentagonal. Pertencem a este grupo a fenazocina e a pentazocina. • Fenazocina. • É um poderoso analgésico sintético. Possui ação bastante parecida com a da morfina, diferenciando-se por ser mais poderoso como analgésico e por possuir efeito depressor bem mais acentuado. • Pentazocina. • Foi um dos primeiros fármacos a ser comercializado com ação mista agonista- antagonista. • Devido à sua ação mista, a pentazocina tem menor capacidade de provocar dependência do que a morfina, entretanto, tem sido reportada dependência física e psíquica após administração parenteral do fármaco. • É empregada como analgésico no alívio de dores crônicas e de grande intensidade. • DERIVADOS FENILPIPERIDÍNICOS. • Os derivados deste grupo são obtidos por substituições no grupo piperidínico. • Meperidina. • Conhecida como petidina, demerol, dolosal, dolantina. Substância sintética de grande aceitação e superando muitas vezes a morfina. • Descoberta em 1939, quando procuravam novas drogas anticolinérgicas. • Posteriormente, verificou-se sua atividade analgésica, se bem que inferior à da morfina, porém com uma atividade espasmolítica que lhe conferiu qualidades originais nos grupos dos analgésicos centrais. • É um dos substitutos analgésicos para a morfina mais freqüentemente usados. • Alfaprodina (Nisentil) • Resulta da introdução de um grupo metila na metilpiperidina. • É dotada de maior potência analgésica do que a metilpiperidina, embora inferior à da morfina. • DERIVADOS DA DIFENILPROPILAMINA. • Metadona. • É o primeiro opioíde de síntese a perder o anel piperidínico, caracteriza- se por possuir uma potência analgésica capaz de elevar o limiar da dor de 100%. • É usada sob a forma de cloridrato racêmico porque possui dois isômeros: a L-metadona, responsável pela ação analgésica e sedativa, e a D- metadona, com atividade antitussígena. • O isómero levógero (L-metadona) é o mais ativo. É usada no alívio de dores como do câncer e muito utilizada para o tratamento de viciados em narcóticos (morfina, heroína), aliviando os sintomas de abstinência provocados por esses narcóticos. • ANTAGONISTAS OPIÓIDES. • Os antagonistas opióides são usados no tratamento da toxicidade induzida por opióides, principalmente na depressão respiratória e no diagnóstico da dependência física dos opióides. • As substituições químicas promovidas no nitrogênio do anel piperidínico da molécula da morfina são capazes de fornecer substâncias de ação antagonistas. • A nalorfina, o levalorfan e a naloxona compartilham as seguintes características: – 1. Não desencadeiam dependência física semelhante à da morfina; – 2. São considerados pelos ex-dependentes como substâncias neutras ou desagradáveis (opióides) – 3. Não produzem um tipo de dependência física que leve ao comportamento de busca compulsiva da droga. • Nalorfina (Naline) • É o cloridrato de N-alil-normorfina, derivado semi-sintético da morfina, empregado principalmente ao combate da depressão respiratória provocada por opióides.
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