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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA 
FACULDADE DR. FRANCISCO MAEDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Augusto Roberto Da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RETICULO PERICARDITE TRAUMÁTICA EM BOVINO - RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITUVERAVA 
2021 
 
 
 
AUGUSTO ROBERTO DA SILVA 
 
 
 
 
 
RETICULO PERICARDITE TRAUMÉTICA EM BOVINO - RELATO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Fundação Educacional de Ituverava, Faculdade 
Dr. Francisco Maeda para obtenção do título de 
bacharel em Medicina Veterinária. 
 
Orientador (a): Prof. Dr. Romeu Moreira dos 
Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITUVERAVA 
2021 
 
 
 
AUGUSTO ROBERTO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE CASO: RETICULO PERICARDITE TRAUMÁTICA EM BOVINOS 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Fundação Educacional de Ituverava, 
Faculdade Dr. Francisco Maeda para obtenção 
do título de bacharel em Medicina Veterinária. 
 
Orientador (a): Prof. Dr. Romeu Moreira dos 
Santos 
 
 
 
Ituverava, 16 de novembro de 2021. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Orientador: _______________________________________________________________ 
Prof. Dr. Romeu Moreira dos Santos 
 
 
 
Examinador: _______________________________________________________________ 
 Prof. Dr. Cleber Jacob Silva de Paula 
 
 
 
 
Examinador: ______________________________________________________________ 
 Prof. Dr. Leomam Almeida Couto 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus pais, José Roberto e Alice, por todo apoio e por acreditarem no meu 
sonho, e estarem sempre ao meu lado por toda trajetória. A minha irmã Camila por todo 
carinho e apoio e ao meu cunhado Anthero, que é um exemplo, visto que é veterinário e 
contribui para a escolha desta profissão. Minha linda e amada sobrinha Aurora e aos meus tios 
e tias. Vozinha querida, Maria Senhorita, obrigada por todo amor. Aos meus colegas de sala e 
estágio, e aos meus amigos de longa data, vocês foram cruciais para tornar minha vida mais 
leve. A Todos os meus professores, desde os ensinos fundamental e médio, não poderia deixar 
de agradecê-los por toda base, que foi fundamental para meu caminho. Em especial, quero 
deixar meu carinho aos professores do IF, vocês são incríveis. Meus professores da Fafram 
que dividiram tempo e conhecimento, me auxiliando nesta jornada tão significativa. Ao pai 
maior Deus, e a mãe Aparecida por me proporcionarem toda a estrutura física e mental e por 
me abençoarem sempre. E por fim, ao meu orientador, por toda paciência e carinho, sou grato 
por ter tido alguém tão sensacional para me dar diretrizes neste momento singular de minha 
vida, obrigada professor Romeu. 
 
RESUMO 
A reticulo pericardite traumática (RPT), é uma patologia secundaria a um trauma recorrente, 
muito comum na clínica de bovinos, por serem animais pouco seletivos no momento da 
alimentação. É causada pela ingestão de corpos estranhos, geralmente com formato 
pontiagudo lanceolado, o qual após a deglutição adentra a cavidade ruminal e devido a sua 
motilidade, este corpo estranho se aloja em outra cavidade pré-estomacal do bovino, 
conhecida como reticulo. A posição anatômica desta cavidade, é próximo ao diafragma e 
pericárdio, o que possibilita a perfuração da parede do reticulo, podendo perfurar o pericárdio, 
causando complicações que podem levar o paciente a morte. É importante estabelecer padrões 
necroscópicos para melhor identificação da causa mortis em bovinos que apresentam RPT, 
uma vez que nem sempre o corpo estranho é visível, o que pode gerar dúvidas sobre a causa 
da enfermidade. Portanto, este trabalho teve como objetivo relatar os achados necroscópicos 
em um bovino, apresentando inflamação do pericárdio associado a trauma por corpo estranho 
advindo do retículo. 
Palavra-chave: Bovinocultura. Corpo estranho. Necropsia. Retículo. 
 
 
SUMMARY 
 
Traumatic pericarditis reticulum (TPR) is a secondary pathology to a recurrent trauma, very 
common in the clinic of cattle, given the fact that these animals are not very selective at the 
time of feeding. It is caused by the ingestion of one or more foreign bodies, usually with a 
pointed lanceolate shape which after swallowing enters the rumen cavity, and due to factors 
such as: rumen motility, size and weight, this foreign body lodges in another pre-stomach 
cavity of the bovine, known as reticulum which, in turn, due to its anatomical position is close 
to the pericardium. After lodging in this cavity, this foreign body can perforate the wall of the 
reticulum, reaching the pericardium, and can perforate it, thus causing further complications, 
even leading to death. It is important to establish necroscopic patterns for better identification 
of the cause of death in cattle that have TPR, since the foreign body is not always visible and 
the disease is often confused with other diseases. Based on this, this work aims to report the 
necroscopic findings in a bovine presenting pericardium inflammation associated with 
accentuated agglomeration of fibrinous exudate in the pericardium region, being associated 
with trauma by a foreign body. 
 
Keyword: Cattle. Strange body. Necropsy. Reticle. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1: Cadáver em bom estado nutricional. ............................................................. 18 
Figura 2: Presença de sangue em região nasal. ............................................................. 18 
Figura 3: Região traqueobrônquica .............................................................................. 18 
Figura 4: Pré-estômagos. ............................................................................................. 19 
Figura 5: Baço com aspecto gelatinoso indicativo de autólise. ...................................... 20 
Figura 6: Fígado e vesícula biliar ............................................................................... 21 
Figura 7: Intestinos ..................................................................................................... 21 
Figura 8: Rim ............................................................................................................. 22 
Figura 9: Pulmões ....................................................................................................... 23 
Figura 10: Coração e pericárdio................................................................................... 23 
Figura 11: Cavidade Peritoneal e Abdominal ............................................................... 24 
Figura 12: Ossos e articulações. .................................................................................. 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9 
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 10 
2.1 ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE BOVINOS.......................................... 10 
2.2 RETICULO.................................................................................................................... 11 
2.3 DOENÇAS QUE ACOMETEM O RETICULO ............................................................. 11 
2.4 RETICULO PERICARDITE TRAUMÁTICA ............................................................. 12 
2.5 ETIOLOGIA .................................................................................................................. 13 
2.6 SINAIS CLÍNICOS ....................................................................................................... 13 
3. DIAGNOSTICO ......................................................................................................... 15 
3.1 ACHADOS DE NECROPSIA........................................................................................ 15 
3.2 TRATAMENTOE PROGNÓSTICO ............................................................................. 16 
4. RELATO DE CASO .................................................................................................. 17 
4.1 ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS ..................................................................... 17 
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 25 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 27 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 28 
 
 
 
 
 
9 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O Brasil atualmente conta com um vasto rebanho bovino, composto por 214,7 milhões 
de cabeças. Fato que torna o país responsável pela maior produção de carne exportada do 
mundo, reconhecido a nível nacional e internacional (EMBRAPA, 2021). 
Devido aos avanços tecnológicos na pecuária o país conseguiu exportar seus produtos 
em grande quantidade. Fatores como a melhoria da nutrição, sanidade e genética dos animais, 
contribuíram para tal fato. Além disso, com o surgimento de novas formas de produção na 
pecuária a criação intensificada, os animais confinados, começaram a receber dietas 
formuladas e totalmente disponibilizadas em comedouros. (VACCINAR, 2021). 
Embora possa ajudar no aumento da produtividade dos animais, as dietas confinadas 
fortalecem a ingestão de alimentos que podem ser prejudiciais, visto que os animais se tornam 
vulneráveis a baixa seletividade alimentar, podendo ingerir componentes que não fazem parte 
da sua dieta habitual, o que pode levar a complicações e causar a morte dos bovinos. 
(EMBRAPA, 2021). 
Dentre as enfermidades relacionadas aos hábitos alimentares dos bovinos cita-se a 
reticulo pericardite traumática (RPT). (VACCINAR, 2021) 
A Reticulo pericardite traumática, é uma patologia associada a baixa seletividade 
alimentar dos bovinos. Está relacionada principalmente com a ingestão de corpos estanhos, 
com formato pontiagudo que possam causar uma lesão perfurocortante. Estes, ao serem 
deglutidos, passam pelo esôfago chegando ao rúmen e se alojam em um compartimento 
chamado retículo, o qual tem posição anatômica próxima ao diafragma e pericárdio e 
consequentemente do coração. Quando o material estranho se aloja na parte ventral do 
reticulo, por movimentos reticulares e pelo simples ato de caminhar do animal, esse objeto 
acaba perfurando a parede do reticulo e diafragma, podendo chegar a perfurar o pericárdio, e 
em casos severos pode acabar perfurando o musculo cardíaco, dando origem ao estado mais 
grave da enfermidade (MARQUES ET AL., 1990). 
Embora seja uma doença comum na bovinocultura, existe uma dificuldade em 
esclarecer o diagnóstico necroscópico muitas vezes confundido apenas como pneumonia lobar 
e piotórax, pois geralmente o corpo estranho não é facilmente encontrado dando diagnósticos 
apenas presuntivos. Portanto, este trabalho apresenta como objetivo relatar detalhadamente 
necropsia de um bovino acometido pela RPT com o intuito de evidenciar os achados 
anatomopatológicos da doença. 
 
10 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE BOVINOS. 
 O sistema digestório dos mamíferos se inicia na boca, onde ocorrem a trituração do 
alimento que facilita na deglutição deste. A secreção de saliva auxilia na umidificação, e em 
alguns casos a amilase salivar auxilia no início da digestão química de alguns alimentos. Na 
boca encontra-se estruturas sendo essas: língua, lábios, dentes, cavidade oral propriamente 
dita além de estruturas acessórias que tem como intuito ajudar na deglutição e secreção de 
saliva. (KONIG, LIEBICH. ET AL., 2004). 
 A língua é uma estrutura importante na apreensão, transporte e deglutição dos alimentos, 
ela auxilia na liberação de saliva. 
 
Além de conter a estrutura chamada tônus lingual que atua aumentando a força 
preênsil para a obtenção do alimento e auxiliando na deglutição do bolo alimentar. 
Além das papilas que podem ser diferenciadas em; filiformes, fungiformes, foliadas 
e valadas, tendo funções sensoriais e gustativas ajudando na seletividade mesmo que 
baixa dos alimentos. (DYCE. ET AL., 2004) 
 
 O esôfago é um órgão tubular de formato cilíndrico, composto por camadas musculares, 
promove a ligação da cavidade oral propriamente dita ao rumem, tem a função de transportar 
alimentos sólidos, líquidos. Embora sua ação no processo de ruminação seja crucial, o 
esôfago não realiza absorção e nem liberação de enzimas digestivas, sendo utilizado única e 
exclusivamente para transporte. (MACHADO ET AL., 2016; FUBINI ; DUCHARME, 2017). 
 Os ruminantes, são animas que possuem não apenas um estômago visto que são 
animais pluricavitários, são elas o rumem, retículo, omaso e abomaso cada uma destas 
cavidades tem sua função estabelecida no que tange a digestão dos alimentos. Algumas 
cavidades têm funções fermentativas, outras tem funções mecânicas, com intuito de 
diminuição de partículas e a última cavidade ou também chamado estômago verdadeiro, 
compreendido por abomaso tem função de digestão química. (BERCHIELLI, ET AL., 2006). 
O rumem é subdividido em sacos sendo estes um dorsal e um ventral, separados por pregas 
musculares, sua localização anatômica é lateralizada para a esquerda do abdômen se 
estendendo ventralmente para a direita (BERCHIELLI, ET AL., 2006). 
O reticulo é uma estrutura que compõe o trato gastrointestinal de formato circular 
esférico localizado imediatamente ventral à junção gastresofágica e acima processo 
xifoide esterno, se liga ao rumem por uma prega chamada prega rumino-reticular 
que ao se contrair, da ligação ao rumem fazendo com que esses dois órgãos 
trabalhem juntamente apesar de diferenças anatômicas visíveis. (KONIG, H. E.; 
LIEBICH, H. G. ET AL 2004). 
11 
O omaso tem sua localização voltada à direita da câmara rumino reticular, tem formato 
anatômico de uma esfera achatada, se comunica diretamente com o reticulo e com o abomaso 
através de duas estruturas conhecidas como óstio reticulomasal pelo outro lado pelo óstio 
omasoabomasal, esse compartimento tem importante função para os ruminantes pois é onde 
ocorre grande parte da absorção da água ingerida. O abomaso é a última cavidade desses 
quatro compartimentos e tem sua função equivalente ao estômago dos animais não 
ruminantes. (KONIG, LIEBICH. ET AL., 2004). 
Em animais jovens, ou seja, ainda ruminantes não funcionais, este compartimento 
ocupa o maior espaço dentro da cavidade abdominal, em animais já adultos 
ruminantes propriamente ditos ele se encontra entre a primeira e a segunda vertebra 
lombar com sua maior parte se estendendo a esquerda da linha média, faz uma curva 
com formato de L, com sua parte pilórica delgada ele se desloca transversalmente 
subindo em direção ao costado direito desembocando no duodeno. (DIRKSEN, 
1993). 
 
2.2 RETICULO 
 O reticulo é uma das cavidades que compõem um dos compartimentos responsáveis 
pela digestão dos ruminantes, este compartimento encontra se diretamente ligado ao rumem o 
qual tem grande capacidade de armazenagem de alimento. O reticulo se encontra diretamente 
ligado ao compartimento ruminal e alguns Arquivo Pessoales o descrevem com um 
compartimento conjunto, ou seja, rumino-reticular. O reticulo tem seu formato esférico e 
achatado de tamanho bastante inferior ao do rumem, tem sua posição cranial ao mesmo e se 
encontra caldalmente ao diafragma, e ventralmente direcionado a junção gastresofágica logo 
acima da estrutura xifoide. (DYCE, ET AL., 2004). 
O epitélio que compõem a parede do reticulo é estratificado que se assemelha muito a 
mucosa do rumem apresentando se em formato bem caracterizado de favos compostos por 
cristas e músculos responsáveis pelo efeito de regurgitação para que se torne possível aruminação. (KONIG, LIEBICH. ET AL., 2004) 
 
2.3 DOENÇAS QUE ACOMETEM O RETICULO 
 Há uma enorme diversidade de patologias que podem acometer o reticulo, dentre 
elas estão a reticulo pericardite traumática, reticulites, afecções rumino-reticulares, indigestão 
vagal, abcesso reticular. A síndrome de HOFLUND ou Indigestão vagal se caracteriza por 
uma lesão no nervo vago, a qual pode ser total ou parcial podendo atingir qualquer área dessa 
inervação (SANTOS.et al., 2010). 
12 
A indigestão vagal ou síndrome de Hoflund é caracterizada por um comprometimento 
(lesão, compressão ou inflamação) total ou parcial do nervo vago ao longo do seu curso 
(SANTOS.et al., 2010). 
Na região do mediastino o nervo vago se bifurca na altura do pericárdio se 
transformando em ramo dorsal e ramo ventral, estes por sua vez de fundem 
novamente no intuído de formar os troncos vagais dorsal e ventral, se estendendo 
pelo abdome, uma parte desse tronco é responsável por inervar partes craniais e 
mediais do reticulo, omaso e abomaso, já a outra parte é responsável por inervar o 
rumem e outros segmentos do estomago (DYCE, 2010). 
 
A reticulo pericardite traumática ocorre quando o bovino realiza a ingestão de algum 
objeto pontiagudo, perfuro cortante e este por sua vez se aloja no reticulo, que por sua 
localização anatômica tende a reter materiais de densidade maior. Este corpo estranho tende a 
perfurar a parede do reticulo podendo achegar ao pericárdio causando complicações maiores 
podendo culminar ao óbito do animal em questão (RADOSTITS, ET AL., 2002). 
 
2.4 RETICULO PERICARDITE TRAUMÁTICA 
 A reticulo peritonite traumática (RPT) é causada consequentemente após a ingestão 
de algum objeto de formato lanceolar e ou pontiagudo, causando a perfuração da parede do 
reticulo, e muitas das vezes perfurando o diafragma e pericárdio devido proximidade 
anatômica entre eles. A doença pode evoluir para outros distúrbios patológicos como 
pericardites, tamponamento cardíaco, pneumonia, pleurisia mediastinite, abcesso hepático, 
esplênico ou diafragmático, contudo tornando o diagnostico difícil e o prognostico muito 
reservado (RADOSTITS, ET AL., 2002). 
A anatomia dos bovinos possui algumas particularidades, dentre elas são destacadas: 
amplas cristas palatinas e língua e mucosa oral com papilas voltadas para sentido caudal, o 
que dificulta a ejeção do corpo estranho para fora da boca. O fato de não conseguir expelir a 
partícula, faz com que este seja encaminhado para o esôfago até que seja totalmente 
deglutido. 
As funções anátomo-fisiológicas das cavidades pré-estomacais auxiliam na 
penetração do corpo estranho, como na mucosa do reticulo que são compostas por 
estruturas laminares, facilitando a penetração além da cavidade reticular a qual se 
encontra inserida ventralmente na saída do esôfago facilitando a queda de corpos 
estranhos no reticulo (FEITOSA et al.,2014). 
 
Os bovinos adultos têm maior predisposição a essa enfermidade, pelos simples fatos 
de serem animais que tem baixa seletividade durante o ato alimentar. Bovinos estabulados ou 
em regime de confinamento aparecem como a maior porcentagem de animais acometidos com 
a patologia por serem alimentados com ração. Os corpos estranhos geralmente são partes de 
maquinários agrícolas como parafusos ou pregos, em alguns casos são frequentes em 
13 
necropsias pedaços de arames e alguns objetos variados no retículo/rúmen que levam ao 
desenvolvimento dessa enfermidade (RADOSTITS et al., 2002). 
O diagnóstico da reticulo pericardite é de certa forma laborioso, por não haver meios 
de uma inspeção segura e direta do reticulo, devido a sua posição anatômica. Por se 
encontrar devidamente inserido sob o gradil costal, são poucas alterações visíveis 
macroscopicamente durante os exames clínicos, alterações comuns com assimetria 
do contorno abdominal e torácico não são observadas (FEITOSA, ET AL.,2014). 
 
 É importante realizar uma análise completa durante a observação de mudanças na 
posição quadrupedal e movimentação do animal, o qual assume posições que evidenciam dor 
e ou desconforto abdominal, algumas posições atípicas são comumente observadas e podem 
auxiliar no diagnóstico clínico da patologia, como movimentos de andar vagaroso e tentativas 
de descompressão da região afetada como manter os membros anteriores mais altos que os 
posteriores (FEITOSA, ET AL 2014). 
 Alguns testes foram desenvolvidos afins de auxiliar o médico veterinário no 
diagnóstico da patologia. Segundo Feitosa et al. (2014) o teste de palpação profunda é 
realizado com a mão fechada e incidindo certa pressão sobre a região xifoide afim de observar 
alterações que identifique a presença de dor ao realizá-lo. 
 Outros fatores a serem levados em consideração no momento de investigação da 
suspeita clínica são os sinais clínicos patognomonicos da enfermidade, apatia, anorexia, 
ingurgitamento de pulso e das jugulares além do abafado som das bulhas cardíacas 
(MARQUES ET AL., 1990). 
 
2.5 ETIOLOGIA 
 
 Bovinos tem uma baixa seletividade, quando se fala de ingestão de alimentos, ou 
seja, eles podem ingerir partículas que nãos seriam adequadas e que podem causar injurias em 
seu trato gastrointestinal. O que causa essa patologia possivelmente são corpos estranhos 
geralmente oriundos de partes de maquinários agrícolas como parafusos ou pregos, em alguns 
casos são frequentes em necropsias pedaços de arames e alguns objetos variados no 
retículo/rúmen que levam ao desenvolvimento dessa enfermidade (RADOSTITS et al., 2002) 
 
2.6 SINAIS CLÍNICOS 
 Vários são os sinais dessa patologia, porém alguns deles são essenciais para se ter um 
diagnóstico preciso, o que pode melhorar e antecipar a conduta do médico veterinário 
aumentando as chances de sucesso no prognostico do animal acometido. Outras patologias 
14 
possuem sinais clínicos semelhantes o que dificulta a conclusão do diagnóstico. Os sintomas 
mais comuns são: febre, queda brusca na produção, anorexia, depressão e dificuldades 
respiratórias (REEF ; MCGUIRK, 2002). 
 Há sinais mais específicos que são atrelados a patologia, dentre eles o ingurgitamento 
de veias jugulares, as quais ficam com aspecto duro, edema em região de peito, e abdômen. 
Na auscultação podemos dividir em duas fases. Primeira, quando não houve o derrame pode 
se ouvir um som bem característico, segunda fase quando ocorre o derrame os sons tendem a 
ficar mais abafados e menos audíveis, podendo haver o som de borbulhas (RADOSTITS, ET 
AL., 2002). 
 
15 
3. DIAGNOSTICO 
 
 O avanço tecnológico, propiciou á medicina veterinária uma gama de exames para se 
diagnosticar uma reticulo pericardite traumática. Dentre eles, provas práticas com o animal 
até exames laboratoriais podem auxiliar a um diagnóstico mais preciso da patologia. A análise 
do teor de cloretos no suco ruminal é uma importante ferramenta diagnóstica para a 
constatação do refluxo abomasal. O valor elevado do cloreto no suco ruminal (>30 mEq/L) 
sugere indigestão secundária causada por refluxo abomasal ou obstrução do fluxo intestinal 
(GARRY, 2006). 
Os principais diagnósticos diferenciais incluem reticulo peritonite traumática crônica, 
compactação abomasal por causas dietéticas e compactação omasal. A estenose funcional 
pilórica apresenta um mau prognóstico, pois, na maioria dos casos, tem-se dificuldade em 
identificar a localização da lesão (RADOSTITS, ET AL., 2002). 
 Os achados necroscópicos sugerem que a extensa aderência encontrada em todos os 
órgãos na parede abdominal e, principalmente, a aderência reticular podem ter gerado uma 
lesão no nervo vago, predizendo o diagnóstico de síndrome de Hoflund. 
 Esses achados, associados à dilatação dos pré-estômagos e abomaso com conteúdo 
liquefeito juntamente com os achados clínicos e laboratoriais, confirmaram o 
diagnóstico de Síndrome de Hoflund (Estenose Funcional Posterior) levando ao 
quadro de estenose funcional pilórica(BRAUN; STEINER; KAEGI, 1990). 
 
O exame ecocardiográfico pode ser uma alternativa para diagnóstico em casos de 
reticulo pericardite (BRAUN, 2009). 
 
3.1 ACHADOS DE NECROPSIA 
Oliveira et al. (2013) ao estudarem casos de reticulo pericardite em abatedouros 
observaram que 74% dos animais apresentavam perfuração do saco pericárdico e aderências 
reticulares, porém em somente 34% foi possível a visualização dos corpos estranhos. Fica 
claro que a alimentação está atrelada aos objetos encontrados no corpo dos bovinos, sendo 
estes na maioria dos casos os precedentes para a enfermidade. 
Ao encontrar objetos pontiagudos no trato gastrointestinal de animais, particularmente 
dos bovinos a preocupação é que estes podem se alojar dentro do retículo, causando 
perfurações da mucosa, podendo chegar ao pericárdio e assim levando o animal a desenvolver 
uma pericardite traumática. Na melhor das hipóteses o objeto pode desintegrar-se ou mesmo 
progredir até ser eliminado do trato intestinal (Barker et al. 1993). 
 
16 
3.2 TRATAMENTO E PROGNÓSTICO 
O diagnostico se faz necessário, porém é difícil identificar primariamente para iniciar 
o tratamento, A exploração da cavidade abdominal através da laparotomia exploratória 
também é indicada como diagnóstico (FILHO, 2011). 
O tratamento consiste em manipulação de antibiótico e remoção do objeto através de 
cirurgias, ambos os tratamentos aumentam a sobrevivência do animal, contudo em caso de 
mais graves a função do coração fica comprometida devido à extensa insuficiência cardíaca 
que os animais acometidos podem desenvolver. (RADOTITS et al., 2002). 
Uma maneira de prevenir a RPT, principalmente, quando se trata de animais com alto 
valor zootécnico, é através da administração oral de imãs profiláticos. Esses imãs atraem 
principalmente prego e arame e outros objetos de composição ferrosa e como ficam presos ao 
imã, evita a perfuração dos órgãos (CARNEIRO et al., 2017). 
A recuperação do animal acometido está ligada ao tempo de penetração do objeto e 
remoção do mesmo, e ao acometimento ou não de outros órgãos vitais (RADOTITS et al., 
2002) 
 
 
17 
4. RELATO DE CASO 
 
Para a realização deste relato, foi analisado o prontuário clínico/patológico de um 
bovino oriundo da cidade de Pitangueiras-SP, da raça nelore, fêmea, com idade média de 5 
anos e peso aproximado de 600 kg. O animal apresentou quadro clínico de pneumonia, 
secreção nasal, febre e prostração seguida de morte súbita, e imediatamente foi encaminhado 
para o setor de patologia do hospital veterinário da Faculdade Doutor Francisco Maeda 
localizada na cidade de Ituverava, interior de São Paulo, para exame necroscópico no mesmo 
dia. 
Segundo os dados do prontuário, 5 dias antes do óbito a vaca amanheceu debilitada 
com sinais de dor ao se levantar. Dois dias depois em que o animal apresentou sinais de dor, 
deu-se início a um quadro de pneumonia, com secreção nasal, febre e prostração. No dia 
anterior ao óbito o animal apresentava acentuada anorexia, desidratação, fezes secas e 
enegrecidas com piora do quadro e óbito posteriormente. 
Baseados nos comentários do responsável, o animal permanecia em semiconfinamento 
aberto com manejo de pasto. Tinha contato com outros bovinos, e constatou-se que a pouco 
tempo um touro da mesma raça apresentou sinais clínicos semelhantes, indo a óbito, mesmo 
iniciando o tratamento contra alguma infecção e verminose. Outras informações relevantes 
também foram relatadas como a vacinação do animal para carbúnculo sintomático, gangrena 
gasosa dos bovinos, edema maligno, enterotoxemia, tétano, botulismo e aftosa. A 
vermifugação foi realizada há 3 meses com doramectina. 
Mesmo apresentando os sinais clínicos o animal não foi tratado para infecções com 
antibiótico ou outras medicações. 
Ao chegar no laboratório de patologia veterinária o animal ficou em decúbito lateral 
esquerdo o que influenciou em alterações cadavéricas como acentuado timpanismo de origem 
cadavérica. 
 
4.1 ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS 
 Ao iniciar a necrópsia, avaliamos o cadáver externamente, a fim de evidenciar 
quaisquer alterações dignas de notas. O cadáver se encontrava em bom estado nutricional, 
como mostra a figura 1, mas foi evidenciado escore corporal, que baseados em uma escala de 
1 a 5, o tamanho deste era 3,5. Nesta inspeção, foi constatado a presença de carrapatos 
Rhipicephalus (Boophilus) microplus. 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 Na inspeção realizada nas mucosas, nasais, oculares, orais e pubianos, foi constatado 
que as mucosas nasais e orais, estavam parcialmente congestionadas, com presença de sangue, 
como demonstra a figura 2. Na traqueia havia e acentuada hiperemia e edema em região 
traqueobrônquica com fluído mucopurulento. Em toda região da traqueia a mucosa 
apresentava coloração esverdeada (pseudomelanose). (figura 3). 
Figura 2: Presença de sangue em região nasal. 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
Figura 3: Região traqueobrônquica apresentava-se hiperemica e com conteúdo esverdeado. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
Feito as inspeções externas, foi realizada necrópsia para análise minuciosa dos órgãos, 
para tal foi realizado corte mentopubiano, ao qual utilizou-se faca magarefe. A primeira parte 
a ser analisada, é a cavidade abdominal, evidenciando os primeiros órgãos, o corte é 
necessário para adentrar a cavidade abdominal. 
Figura 1: Cadáver em bom estado nutricional. 
19 
Ao abrir a cavidade abdominal, o rúmen foi o primeiro órgão avistado, este 
apresentava intenso acúmulo gás (meteorismo cadavérico) (seta vermelha), com presença 
excessiva de conteúdo alimentar volumoso. A serosa se apresentava pálida e com vasos 
ingurgitados, parede normal e mucosa com maceração post mortem. (figura 4). Na sequência 
foi analisado o reticulo, onde foi realizada toda inspeção interna e externa, ou seja, de 
conteúdo, papilas e mucosas, nesta porção encontrou-se a perfuração feira por um objeto 
metálico onde foi causado perfuração do pericárdio, o que desencadeou a insuficiência 
cardíaca atrelada a pneumonia essas alterações culminaram na reticuloperdicadite. 
Reticulo apresentava em sua mucosa acentuada maceração post mortem, presença de 
conteúdo similar ao rúmen, contudo foi encontrado corpos estranhos semelhantes a lascas e 
pregos de origem metálica. Na transição com o omaso foi visualizada presença de lesão 
ulcerativa. A serosa se encontrava aderida ao diafragma com deposição de fibrina (seta 
amarela). No omaso foi observado mucosa hiperêmica com discreta ulceração focal. No 
abomaso foram encontrados uma grande quantidade corpos estranhos de origem rochosa 
(pedras) e conteúdo líquido amarronzado (seta verde). 
 
Figura 4: Pré-estômagos. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
20 
 Na inspeção de mucosas, externas e internas, averiguou-se que o baço apresentava 
aspecto gelatinoso (autólise) e discretamente aumentado a coloração vermelho escuro na 
superfície de corte, com superfície lisa, com bordas normais. (figura 5). 
No fígado observou-se acentuada hepatomegalia com padrão lobular alterado, 
presença de rugosidades e coloração esverdeada na região capsular. Em região diafragmática 
foi visualizado intensa presença de conteúdo fibrinótico aderido parcialmente ao diafragma, 
retículo e rúmen. Na superfície de corte foi evidenciado vasos congestos e coloração 
amarelada difusa. Vesícula biliar (seta vermelha): apresentava-se repleta, com mucosa espessa 
e sem a presença de colélitos. (figura 6). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 
 
 
 
 Figura 5: Baço com aspecto gelatinoso indicativo de autólise. 
21 
Figura 6: Fígado, apresentava hepatomegalia, Aspecto fiável e coloração amarelada durante o corte, vesícula 
biliar apresentava-se repleta de conteúdo como indica a seta vermelha. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 
 
No intestino delgado(duodeno, jejuno e íleo) foi observado na serosa, discreta 
coloração avermelhada com vasos ingurgitados (seta vermelha) e parede espessada. A mucosa 
apresentava-se de forma hiperêmica, com conteúdo líquido amarelado (seta amarela) e odor 
relativamente forte. Demais áreas intestinais apresentavam colorações pálidas e com acúmulo 
de gás. (figura 7). 
 
Figura 7: Intestinos, com presença de ingurgitamento de vasos e coloração avermelhada indicativo de 
hiperemia como indica a seta vermelha. A mucosa do intestino apresentava-se hiperemica e com conteúdo 
amarelado como indica a seta amarela. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
22 
Ainda na cavidade abdominal, foi feita inspeção externa e interna nos rins, onde 
evidenciou-se moderada autólise no direito. Na superfície capsular pode-se visualizar 
coloração marrom pálido. Além disso, na superfície de corte foi demonstrado discreta 
pielonefrite com secreção mucopurulenta (seta vermelha). No rim esquerdo foi demonstrado 
acentuada hiperemia indicativa de processo inflamatório. (figura 8). 
Figura 8: Rim esquerdo apresentando hiperemia figura B e Rim direito apresentando pielonefrite (seta 
vermelha) figura B 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 
 
 
 
de fibrina aderida a pleura parietal. Linfonodos mediastinais aumentados. Foi feita 
secção do diafragma, para análise da pressão, os pulmões demonstraram intensa presença de 
exsudato fibrinopurulento. Lobos pulmonares em processo de hepatização cinzenta com 
diminuição da crepitação (aspecto de borracha). Intenso edema pulmonar com líquido 
mucopurulento. A pleura apresentou aderência e acúmulo de fibrina, quadro típico de 
pleuropneumonia. Aspecto de emborrachado durante os cortes transversais. (figura 9) 
 
A B 
23 
Figura 9: Pulmões com acentuada pneumonia lobar, grande acúmulo de fibrina observada em ambas as 
imagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
Em análise do saco pericárdico e dos átrios e ventrículos, pode-se observar na região 
pericárdica intenso acúmulo de fibrina com a presença de aderências em região diafragmática 
e pulmonar mediastinal. Em região apical foi visualizado lesão perfurocortante de 
aproximadamente 2cm, na abertura do pericárdio foi demonstrado acentuado acúmulo de 
líquido sanguinolento (hemopericárdio). O coração apresentava discreta autólise com áreas 
focais de miocardite. (figura 10). 
 
Figura 10: Coração e pericárdio. 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
 
 
 
 
 
 Na figura 12, pode-se evidenciar alterações no líquido sinovial (seta amarela) com 
aumento da viscosidade e coloração amarelada, o corte nas articulações, desarticula os 
mesmos, o que facilita a inspeção e avaliação do líquido sinovial, neste caso devido ao fato de 
se encontrar mais espesso e amarelada, conclui-se que pode haver septicemia. (figura 12). 
Abertura na caixa craniana com para a avaliação, evidenciou autólise, porém não foi 
encontrado morte programada da célula. 
 
Figura 12: Ossos e articulações. 
 
Fonte: Arquivo Pessoal, 2020. 
 
Baseado nos achados macroscópicos, o animal apresentou um possível quadro de 
insuficiência respiratória associada a choque séptico, sendo esta alteração considerada como 
Figura 11: Cavidade Peritoneal e Abdominal 
25 
causa mortis, já que ele desenvolveu intenso quadro de pneumonia lobar mucopurulenta com 
processo fibrinoso, seguido de óbito. A presença de lesões em vísceras da cavidade abdominal 
sugere quadro de infecção/inflamação de origem infecciosa. 
Tais alterações podem ser de fato associado à um quadro de retículo pericardite 
traumática, tanto devido a proliferação de microrganismos patogênicos (pneumonia, hepatite, 
pericardite) em regiões da cavidade abdominal e torácica, quanto, também resultante da 
perfuração por objeto estranho perfuro cortante de origem metálica semelhante a um prego, 
encontrado em região de rúmen-retículo, ocasionando um quadro de septicemia e de 
insuficiência pulmonar. 
 
5. DI 
 
26 
6. SCUSSÃO 
O relato de caso deste trabalho, mostra que o animal ingeriu objetos que perfuraram a 
parede do reticulo e pericárdio, porém, outras patologias acometeram o animal em questão 
levando-o a óbito. Segundo Moreira e Serrano (2011), a hepatomegalia, pode ocorrer em 
razão da estase venosa, devido à lesão cardíaca ocasionada pelo material perfurante. Smith 
(2006) ressalta que a inflamação promove o acúmulo de líquido ou exsudato entre os 
pericárdios visceral e parietal, comprometendo o enchimento diastólico cardíaco, esse fluido 
comprime o átrio e ventrículo direitos não permitindo um enchimento completo dos mesmos, 
o que resulta no quadro de insuficiência cardíaca congestiva (RADOSTITS et al., 2007). 
 As mucosas estavam com início de congestão. Linfonodos inalterados, sem coágulos 
e sem aparente ruptura vascular. Baço com início de autólise. O coração apresentava início de 
autólise e foi encontrado um objeto perfuro cortante de origem metálica, o que ocasionou 
acúmulo de líquidos sanguinolento, devido o material perfurante levar consigo bactérias do 
rúmen que contaminam o fluido pericárdico, achados comuns que caracterizam a RPT 
(SMITH, 1993; PEEK ; MCGUIRK, 2008). A pericardite consiste em uma inflamação do 
pericárdio, membrana serosa que envolve o coração, e ela pode ser classificada de três 
maneiras distintas: efusiva (que se dá pelo acúmulo de líquidos com grandes quantidades de 
proteínas), fibrinosa (com deposições de fibrina) e constritiva (quando a fibrose impede os 
batimentos cardíacos) (DENTE et al, 2018 
Embora haja sinais clínicos divergentes, a patologia é iniciada devido a ingestão de 
alimentos com formato pontiagudo, as deficiências nutricionais em bovinos coligadas à baixa 
seletividade dessa espécie os levam a desenvolver hábitos inadequados no apetite levando-os 
a consumir corpos estranhos como madeira, pedras, areia, dentre outros (Martins et al. 2004). 
Tais atos causam a perfuração do reticulo e ocasiona insuficiência respiratória levando o 
animal a óbito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
. 
O caso relatado enfatiza a necessidade de melhoria nos prognósticos, para que se evite 
perdas de animais associadas a ingestão de objetos perfurantes, que são vinculados a dietas 
contínuas dos bovinos. Diante disto, o diagnostico só foi preciso após necropsia do animal, o 
que evidencia a necessidade de exames mais criteriosos em bovinos para evitar que o animal 
venha a óbito. 
As patologias no reticulo estão sempre associadas a alimentação dos bovinos, cabe ao 
produtor se atentar ao tipo de materiais que possam causar perfurações. O cuidado com o 
cocho pode amenizar a ingestão de objetos pontiagudos, evitando assim o sofrimento ao 
animal. 
Portanto, o diagnóstico precoce e bem criterioso atrelado a profilaxias eficazes 
principalmente ao cuidado com os materiais que estão misturados ao alimento, são cruciais 
para evitar patologias que podem trazer danos ao bem-estar animal e consequentemente 
prejuízos aos produtores rurais. 
28 
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