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BARCELOS_Processo_criminal_eleitoral

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Este texto foi publicado no site Jus Navigandi no endereço http://jus.com.br
/artigos/28888
Para ver outras publicações como esta, acesse http://jus.com.br
Processo criminal eleitoral: princípio da especialidade x
plenitude da defesa
Guilherme Rodrigues Carvalho Barcelos
Publicado em 05/2014. Elaborado em 05/2014.
Matéria ainda candente no âmbito do contencioso criminal eleitoral
é a adoção do rito processual competente à persecução criminal
eleitoral, notadamente quanto ao interrogatório do acusado,
importante instrumento de de defesa pessoal do mesmo.
Matéria ainda candente no âmbito do contencioso eleitoral, em específico nas lides
criminais eleitorais, é a adoção do rito processual competente à persecução criminal
eleitoral. 
Muitos juízos zonais eleitorais, assim como Tribunais Regionais, ao se defrontarem com
eventual acusação entendem por bem, tudo em prol do princípio da especialidade,
adotar o rito processual estatuído no Código Eleitoral, o qual prevê o interrogatório dos
acusados logo no início do procedimento. Nesse viés, portanto, o rito processual previsto
na legislação especial preponderaria em relação à lei geral. 
Por exemplo:
EMENTA: [...]. Preliminar de cerceamento de defesa pela ausência de
interrogatório ao final da instrução. Rejeitada. O processo por crimes
eleitorais segue rito especial previsto no Código Eleitoral. Aplicação
do CPP de forma apenas subsidiária. Art. 364, CE. Não incidência das
modificações implementadas pela Lei n. 11.719/2008. [...].
Impossibilidade de reconhecimento de nulidade. (RECURSO CRIMINAL nº
12158, Acórdão de 13/03/2012, Relator (a) LUCIANA DINIZ NEPOMUCENO,
Publicação: DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Data 22/03/2012).
Vejamos, pois bem, a legislação de regência:
O Código Eleitoral (Lei n°. 4.737/65) prevê, no artigo 357 que, uma vez – supostamente
- verificada a infração penal, em não sendo caso de arquivamento ou de diligências, “o
Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias”.
Processo criminal eleitoral: princípio da especialidade x plenitude da d... http://jus.com.br/imprimir/28888/processo-criminal-eleitoral-principio...
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Já o caput do artigo 359 correspondente é claro no sentido de que, uma vez recebida a
denúncia, o juiz designará dia e hora para o interrogatório.
Dada a relevância para o presente ensaio, vale, inclusive, transcrever na íntegra o
dispositivo legal precitado, senão vejamos:
“Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento
pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do Ministério
Público”.
A figura do interrogatório, pelo que se vê, não obstante seja ato de defesa (pessoal), no
procedimento trazido a partir do Códex, deverá (deveria) ser tomada logo no início do
processo, antes mesmo da apresentação das alegações escritas (parágrafo único do artigo
359 do Código Eleitoral).
E tal procedimento, à luz do princípio da especialidade, tem sido seguido, e muito, por
magistrados eleitorais Brasil afora.
Contudo, não lhes assiste razão.
O interrogatório do réu se mostra como um importantíssimo instrumento de defesa do
acusado, consubstanciando-se em um eficaz mecanismo hábil a garantir o exercício do
sagrado direito à defesa, na plenitude constitucional.
Em recente precedente, tido como leading case, a Suprema Corte, por unanimidade,
considerou que a transferência deste importante instituto de defesa para a fase posterior
à instrução probatória, constitui-se mecanismo mais eficaz para garantia da ampla
defesa (Agravo Regimental na Ação Penal n. 528), cuja pertinência inerente ao decisum,
a partir do voto condutor de lavra do Eminente Ministro Enrique Ricardo Lewandowski,
faz valer a transcrição:
“[...] a realização do interrogatório do acusado como o ato final da fase
instrutória permitirá a ele ter, digamos, um panorama geral, uma visão global de
todas as provas até então produzidas nos autos, quer aquelas que o favorecem,
que aquelas que o incriminam, uma vez que ele, ao contrário do que hoje sucede
- hoje, o interrogatório como sendo um ato que precede a própria instrução
probatória muitas vezes não permite ao réu que apresente elementos de defesa
que possam suportar aquela versão que ele pretende transmitir ao juízo
processante -, com a nova disciplina ritual e tendo lugar na última fase da
instrução [...]”.
O Supremo Tribunal Federal reconheceu, como se vê, o avanço trazido pela Lei n.
11.719/2008, tudo ao prever, no artigo 400 do Código de Processo Penal, o
interrogatório do réu ao final da instrução processual, de modo a garantir a ampla
defesa de forma plena.
A mesma Corte, analisando situação idêntica a que aqui se discute, nos autos do Habeas
Corpus n°. 107795/SP, a partir de magistral voto do Eminente Ministro Celso de Mello,
reafirmou o entendimento e, ainda, o impôs ao âmbito do processo criminal eleitoral;
Processo criminal eleitoral: princípio da especialidade x plenitude da d... http://jus.com.br/imprimir/28888/processo-criminal-eleitoral-principio...
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vejamos a ementa do respeitável Julgado:
EMENTA: CRIME ELEITORAL. PROCEDIMENTO PENAL DEFINIDO PELO
PRÓPRIO CÓDIGO ELEITORAL (“LEX SPECIALIS”). PRETENDIDA
OBSERVÂNCIA DO NOVO “ITER” PROCEDIMENTAL ESTABELECIDO PELA
REFORMA PROCESSUAL PENAL DE 2008, QUE INTRODUZIU ALTERAÇÕES
NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (“LEX GENERALIS”). ANTINOMIA
MERAMENTE APARENTE, PORQUE SUPERÁVEL MEDIANTE APLICAÇÃO
DO CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE (“LEX SPECIALIS DEROGAT LEGI
GENERALI”). CONCEPÇÃO ORTODOXA QUE PREVALECE,
ORDINARIAMENTE, NA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ANTINÔMICOS QUE
OPÕEM LEIS DE CARÁTER GERAL ÀQUELAS DE CONTEÚDO ESPECIAL.
PRETENDIDA UTILIZAÇÃO DE FATOR DIVERSO DE SUPERAÇÃO DESSA
ESPECÍFICA ANTINOMIA DE PRIMEIRO GRAU, MEDIANTE OPÇÃO
HERMENÊUTICA QUE SE MOSTRA MAIS COMPATÍVEL COM OS
POSTULADOS QUE INFORMAM O ESTATUTO CONSTITUCIONAL DO
DIREITO DE DEFESA. VALIOSO PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL (AP 528-AgR/DF, REL. MIN. RICARDO LEWANDOWSKI). NOVA
ORDEM RITUAL QUE, POR REVELAR-SE MAIS FAVORÁVEL AO ACUSADO
(CPP, ARTS. 396 E 396-A, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.719/2008),
DEVERIA REGER O PROCEDIMENTO PENAL, NÃO OBSTANTE
DISCIPLINADO EM LEGISLAÇÃO ESPECIAL, NOS CASOS DE CRIME
ELEITORAL. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DESSA POSTULAÇÃO.
OCORRÊNCIA DE “PERICULUM IN MORA”. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.
Verdadeiramente o artigo 400 do Código de Processo Penal traz a regra procedimental
penal, consubstanciada no sentido de possibilitar que o réu seja interrogado ao final da
instrução, após a inquirição das testemunhas, bem como após a produção de outras
provas e eventuais diligências diversas, e tudo a possibilitar a mais ampla defesa do
acusado à luz da Lei das Leis, Carta-Mãe que a todos submete, sem distinções. 
Ora, tal procedimento merece aplicação às demais lides penais (dentre elas, a criminal
eleitoral), de modo a harmonizar, assim, eventuais procedimentos especiais, com a regra
geral, de modo a potencializar, ao final, a maior concretização dos direitos
fundamentais.
Considerando que estamos a tratar, na espécie, do processo criminal eleitoral, bem como
que o Código Eleitoral remonta à década de 60, em prol das garantias fundamentais
insculpidas na Carta de 88, merece atenção à regra contida no já citado artigo 400 do
CPP, na qual o interrogatório do réu, como meio de defesa que é, deve ser tomado ao
final da instrução processual, de forma a garantir o amplo e pleno exercício do direito de
defesa.
É, inclusive, e por exemplo, a jurisprudência do Tribunal Regional Eleitoral gaúcho que,
nos autos do Habeas Corpus n°. 12875,originário do município de Bagé-RS, reafirmou
tal entendimento, para efeito de, deferindo a ordem pretendida, determinar a realização
do interrogatório do paciente ao final da instrução probatória, in verbis:
Habeas corpus, com pedido de liminar. Impetração que visa a suspender a
Processo criminal eleitoral: princípio da especialidade x plenitude da d... http://jus.com.br/imprimir/28888/processo-criminal-eleitoral-principio...
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Guilherme Rodrigues Carvalho Barcelos
Advogado inscrito nos quadros da OAB/RS sob o n°. 85.529,
especialista em Direito Eleitoral (Verbo Jurídico - Porto Alegre-RS).
guilhermebarcelosadv.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/guilhermecarvalhoadv
https://plus.google.com/100627691240839273662/about
audiência destinada ao interrogatório do paciente, porquanto adotado o rito do
Código Eleitoral, que prevê o interrogatório dos acusados no início do
procedimento, contrariando o disposto no art. 400 do Código de Processo Penal.
Pleito liminar deferido. Não se discute a existência de norma especial contida no
Código Eleitoral, todavia, buscando dar maior concretização aos direitos
fundamentais, necessária a harmonização desta com a norma geral, contida no
Código de Processo Penal. O interrogatório deve ser realizado ao final da
instrução, em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Concessão da ordem
Não se desconhece a regra contida na legislação especial. No entanto, pensamos que a
melhor interpretação é a aqui defendida, tudo com o fim de potencializar, ao máximo, e
à luz da própria ordem constitucional vigente, os direitos dos acusados.
Dessa forma, considerando todo o exposto, à luz do que dispõe o artigo 400 do Código
de Processo Penal, merece ser aplicada a regra geral processual, no sentido de que o
interrogatório do acusado se dê como ato último da instrução processual, tudo em prol
da ampla defesa e do contraditório, com vistas a se efetivar, no plano prático, um devido
e democrático processo criminal eleitoral. 
Autor
Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT)
BARCELOS, Guilherme Rodrigues Carvalho. Processo criminal eleitoral: princípio da
especialidade x plenitude da defesa. Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 4033, 17 jul.
2014. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/28888>. Acesso em: 29 jul. 2014.
Processo criminal eleitoral: princípio da especialidade x plenitude da d... http://jus.com.br/imprimir/28888/processo-criminal-eleitoral-principio...
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