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RCED JE - recurso

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Direito Eleitoral
Fischer -j. 03.06.2008). Da decisão do TSE nas eleições presidenciais, é cabível 
recurso extraordinário ao STF quando se tratar de matéria constitucional.
De outra parte, por trazer veicular sanção de inelegibilidade, a decisão 
que julgar procedente a AIJE tem sua eficácia norteada pelo art. 15 da LC n° 
64/90. Pela nova redação dada ao dispositivo pela LC n° 135/10, a eficácia da 
decisão ocorrerá com o trânsito em julgado ou com a publicação da decisão profe-
rida por órgão colegiado. Assim, na eleição municipal, a decisão de procedência 
somente terá eficácia quando publicado o acórdão confirmatório do órgão colegi-
ado, salvo eventual trânsito em julgado do decisum a quo. Nas eleições estaduais, 
federais e presidenciais, a eficácia surge, de pronto, com a publicação da decisão 
do órgão colegiado.
4 RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA- RCED 4.1 
Fundamento legal
O recurso contra diplomação - ou recurso contra a expedição do diploma 
(RCED) - é a mais vetusta das ações eleitorais (lato sensu), com previsão no art. 
262 do CE. Está topologicamente inserido na quinta parte ("Disposições Gerais"), 
do título III ("Dos Recursos") no capítulo I ("Disposições Preliminares") do Có-
digo Eleitoral. No mesmo capítulo do RCED (art. 262), estão igualmente previs-
tas normas de distribuição recursal (art. 260 e 261), a regra do efeito devolutivo 
nos recursos eleitorais (art. 257), a regra geral do prazo dos recursos eleitorais 
(arts. 258 e 264), o instituto da preclusão (art. 259) e o - extinto - prejulgado (art. 
263). Em conseqüência, o RCED não se encontra previsto sob o mesmo capítulo 
dos recursos perante as Juntas e Juízos Eleitorais (arts. 265 à 267 do CE), recursos 
nos Tribunais Regionais (arts. 268 à 279) e recursos no Tribunal Superior (arts. 
280 à 282).
Diverge a doutrina acerca da natureza jurídica do RCED: para TITO 
COSTA (Recursos..., p. 115), é "gênero recurso ordinário"; para DJALMA PIN-
TO (Direito Eleitoral..., p. 222) e SOARES DA COSTA (pp. 413/419) trata-se de 
ação. Forçoso reconhecer razão à segunda corrente, na medida em que a mera 
nomenclatura não é suficiente para determinar a natureza jurídica do remédio 
processual.Com efeito, descabido classificar o RCED como recurso, fundamen-
talmente porque o recurso - ao contrário do remédio previsto no art. 262 do CE -
455
é aforado, em regra, por aquele que seja sucumbente ~ no feito, dentro de uma 
relação processual já existente e, in casu, inexiste qualquer relação processual 
formada a partir da expedição do diploma. Da mesma sorte, não é possível con-
cluir seja o RCED recurso, porque este pressupõe a reforma de uma decisão judi-
cial, ao passo que a diplomação, embora proferido por órgão jurisdicional, possui 
inegável cunho administrativo^ . Irrefutável a argumentação de SOARES DA 
COSTA (p. 415) quando afirma que "o diploma é expedido após o procedimento 
administrativo de apuração das eleições (em que não há requerentes, mas envol-
vidos ou participantes na qualidade de candidatos ou delegados de partidos políti-
cos) e de proclamação dos resultados, como ato certificador do resultado eleitoral. 
O juiz eleitoral, na qualidade de administrador do processo eleitoral, apenas con-
firma o resultado sufragado nas urnas, como conseqüência da vontade dos eleito-
res".
Portanto, malgrado a denominação eleita pelo legislador, perceptível 
que o RCED é, em verdade, ação autônoma de impugnação do diploma. Ou, na 
dicção do Ministro Sepúlveda Pertence ~ , "o chamado 'recurso contra 
expedição do diploma (C. Eleit., art. 262)', antes de ser um recurso, é, na verdade, 
uma ação constitutiva negativa do ato administrativo da diplomação".
4.2 Objeto
O objetivo do RCED é a desconstituição do diploma, afastando o eleito 
do exercício do mandato eletivo. Através do RCED, portanto, persegue-se a inva-
lidação do diploma expedido em favor do candidato eleito, porquanto incidente 
uma das hipóteses materiais previstas no art. 262 do CE. A desconstituição do 
diploma é a sua invalidação, a insubsistência daquele documento. Através da 
invalidação do diploma se desconstitui a situação jurídica do eleito; trata-se, pois, 
de ação constitutiva negativa. Com efeito, a relação jurídica do eleito é 
constituída com a proclamação do resultado das urnas pela Justiça Eleitoral, 
possuindo a diplomação efeito meramente declaratório (Recurso Especial Eleitoral 
n° 15.069-Rel. Maurício Corrêa -j. 25.09.1997), conquanto seja condição 
necessária e ina-fastável para o exercício do mandato eletivo "6. Daí, como 
asseverado pela dou-
323 OVÍDIO BAPTISTA DA SILVA (p. 346) prefere excluir a sucumbência do conceito de recurso, em face da 
possibilidade de recurso pelo Ministério Público na condição de custus legis.
decisão em sentido verdadeiramente processual, revestindo-se mais de natureza administrativa".
325 Excer to do voto do exarado nos autos do Mandado de Segurança n° 3 .100 - j . 16.10.2002
326 O entendimento de que a diplomação habi l i ta o elei to para a posse e para o exercício de mandato elet ivo é
co r re nt e na do u t r i na na c io n a l . As s i m , c o n f or me CÂN DID O ( D i re i t o . . . , p p . 2 17 /22 0 ) , a " d i p l oma ç ão é o a t o
456
Direito Eleitoral
trina, a semelhança de efeitos práticos entre o RCED e a AIME: ambas desconsti-
tuem a situação jurídica do eleito ' . Agora, com a nova redação dada ao art. 22, 
inciso XIV, da LC n° 64/90, também a AIJE possibilita a cassação do mandato e, 
pois, a desconstituição da situação jurídica do eleito.
A procedência do RCED, fundada em ato de abuso (art. 262, IV, do CE), 
importa também na sanção de inelegibilidade ? Em verdade, no dispositivo de 
procedência do RCED, o julgador deve apenas desconstituir o diploma, sem de-
cretar a sanção de inelegibilidade. Como assentado anteriormente (vide: Ações 
Eleitorais; Introdução), a única hipótese no direito brasileiro em que a inelegibili-
dade se apresenta como sanção consta no art. 22, XIV, da LC n° 64/90; nas de-
mais hipóteses de condenação previstas na LC n° 64/90, a inelegibilidade se mol-
dura como mero efeito do provimento condenatório, mas cujo reconhecimento 
deve ocorrer no momento do registro da candidatura, mediante a ação de argüição 
respectiva. Não se despreza, contudo, que da procedência de um RCED, com 
fundamento em abuso de poder, por defluir potencialmente o efeito anexo da 
inelegibilidade328 (art. 1°, I, d, da LC n° 64/90), a restrição à capacidade eleitoral 
passiva não possa ser reconhecida em eventual impugnação futura.
A nulidade dos votos é efeito anexo da sentença de procedência do 
RCED (art. 262, IV, CE), na forma preconizada pelos artigos 222 e 237 do Códi-
go Eleitoral. Caso a nulidade atinja mais da metade dos votos da circunscrição, 
far-se-á nova eleição (art. 224 do CE).
através do qual a Justiça Eleitoral credencia os eleitos e suplentes, habilitando-os a assumir e exercer os 
respectivos mandatos eletivos". EMERSON GARCIA leciona que (p. 169) "a diplomação caracteriza-se como 
parte de um complexo cuja formação se principia com o resultado favorável nas urnas e se aperfeiçoa com a 
entrega do diploma, ensejando o surgimento da situação jurídica de titular de mandato eletivo". Cabível, 
ainda que de modo sintético, a distinção entre a diplomação (ato formal do processo eleitoral) e o diploma 
(documento certificatório do resultado das urnas, que é personalíssimo e individual).
327 NIESS, ao diferenciar o RCED e a AIME, observa que "são meios dirigidos à obtenção, em última análise,
de um resultado prático comum: distanciar o eleito, ou o suplente, do mandato para o qual foi diplomado em
virtude de votação obtida em dissonância com os ditames legais".SOARES DA COSTA obtempera que "nos
dois casos (AIME e RecDiplo) há identidadede efeitos, e, em nenhum caso, haverá ataque ao diploma. O
diploma é existente, válido e eficaz. Se houver nulidade na relação jurídica básica (= a votação), por abuso 
de
poder econômico, fraude ou corrupção, não será inválido (= nulo) o diploma, mas haverá resolução de seus
efeitos, ou seja, sua deseficacização ex nunc."
328 CÂNDIDO assevera que (Direito Eleitoral..., p. 238) "provido o Recurso Contra a Diplomação, o recorrido
torna-se inelegível não só para aquela eleição, mas para todo o período de tempo previsto no dispositivo 
legal
que embasou o recurso".
O TSE, aplicando a Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010, em caso de condenação por RCED, deixou 
expressamente consignado que "o art. 1°, l, h, da LC n" 64/90 refere-se a todos os detentores de cargo na 
Administração Pública, abrangendo, assim, os agentes públicos ocupantes de cargo eletivo" (Recurso 
Ordinário n" 60.283 - Rei. Aldir Passarinho - j. 16.11.2010). Sem embargo do entendimento da Corte 
Superior, entende-se que toda a condenação obtida através de uma ação genérica de combate ao abuso de 
poder na esfera eleitoral (seja AIJE, RCED ou AIME) incide no art. 1°, l, d, da LC n° 64/90.
457
4.3 Prazo
O prazo para o ajuizamento do RCED, por força do disposto no art. 258 
do CE, é de 03 (três) dias, a partir da sessão de diplomação (TSE - Agravo de 
Instrumento n° 6.507 - Rei. Gilmar Mendes -j. 25.04.2006). Trata-se de prazo de 
natureza decadencial, que tem seu cômputo inicial no dia seguinte ao da diploma-
ção, mas, segundo o TSE, prorrogável, porque "a superveniência do recesso fo-
rense no transcurso de prazo decadencial autoriza a prorrogação de seu termo 
final para o primeiro dia útil subseqüente" (Agravo Regimental em Agravo de 
Instrumento n° 11450 - Rei. Aldir Passarinho -j. 03.02.2011).
Com efeito, porque "não se aplicam ao recurso contra expedição de di-
ploma os prazos peremptórios e contínuos do art. 16 da LC n° 64/90" (TSE 
-Recurso Contra Expedição do Diploma n" 647 - Rei. Fernando Neves - j. 
16.03.2004), devem ser observadas as regras do Código de Processo Civil, inclu-
sive o art. 184 do Estatuto.
4.4 Hipóteses de cabimento
São quatro as hipóteses de cabimento do RCED previstas no art. 262 do 
CE: inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato (inciso I); errônea interpre-
tação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional (inciso 
II); erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quocien-
te eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua 
contemplação sob determinada legenda (inciso III); concessão ou denegação do 
diploma em manifestação com a prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 do 
Código Eleitoral, e do art. 41-A da Lei n° 9.504/97 (inciso IV). Trata-se de nitme-
rus c/ausus, sendo indispensável o aforamento do RCED com base em uma das 
hipóteses previstas no art. 262 do CE, sob pena de não " conhecimento, tendo o 
TSE assentado que "não é cabível a propositura de recurso contra expedição de 
diploma com fundamento no art. 30-A da Lei das Eleições por ausência de previ-
são legal, uma vez que as hipóteses de cabimento previstas no art. 262 do Código 
Eleitoral são numerus clausus"' (Recurso Contra Expedição do Diploma n° 731 
-Rei. Ricardo Lewandowski j. 28.10.2009).
- Inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato (inciso I).
329"(...) Não se conhece de recurso contra expedição de diploma que não é fundado em nenhuma das hipóte -
ses expressamente estabelecidas no art. 262 do Código Eleitoral. (TSE - Recurso Contra Expedição de 
Diploma n" 658 - Rei. Caputo Bastos - j. 03.03.2005)
458
Direito Eleitoral
Inelegibilidade consiste, em síntese, na restrição à capacidade eleitoral 
passiva. Somente a inelegibilidade constitucional ou superveniente ao registro é 
que pode ser argüida através de RCED, em face ao instituto da preclusão330 (art. 
259 do CE). Incompatibilidade, na lição de DJALMA PINTO (p. 223), "é a inele-
gibilidade eventual, decorrente do exercício de função da qual se exige afasta-
mento para concorrer. Cessa com a desincompatibilização, que é o afastamento 
do cargo, cuja ocupação provocava a supressão do direito de ser votado".
O legislador previu o cabimento do RCED em caso de inelegibilidade e 
incompatibilidade, não fazendo menção à hipótese de (ausência) de condição de 
elegibilidade. No entanto, considerando o objetivo precípuo do RCED, de preser-
vação da lisura do pleito, excluindo-se do processo seletivo quem não possui 
condição de receber validamente os votos do corpo eleitoral, necessária uma con-
cepção ampla da expressão inelegibilidade, de modo a abranger a ausência de 
condição de elegibilidade. Ademais, dada a similitude de efeitos entre o instituto 
da inelegibilidade e da ausência de condição de elegibilidade - exclusão do pre-
tende ao mandato do processo eleitoral -, adequado que ambas as situações sejam 
enquadradas como causa petendi do RCED, com fulcro no inciso I do art. 262 do 
CE, na medida em que o tratamento diferenciado causa perplexidade jurídica e 
acentua a incoerência do microssistema das ações eleitorais. A doutrina com-
partilha a necessidade de uma visão ampla da expressão "inelegibilidade" no art. 
262, inciso I, do CE, ao passo que o TSE tem exarado manifestação restritiva332, 
embora julgados em sentido diverso . Embora a suspensão dos direitos políticos 
decorrente de condenação criminal definitiva se amolde à ausência de condição 
de elegibilidade (art. 14, §3°, II, da CF), o que não justificaria o cabimento do 
RCED, segundo a interpretação restritiva do TSE, a própria Corte Superior, busca 
manter coerência em sua tese, a partir de um filigrama semântico, adequando o 
fato como incompatibilidade. Assim, decidiu que "a superveniente suspensão de 
direitos políticos configura situação de incompatibilidade, a que se refere o art.
"(...) Em recurso contra expedição de diploma, há preclusão sobre irregularidade na formação de 
coligação, enquanto matéria infraconstitucional não suscitada na fase de registro da candidatura. (TSE - 
Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n" 6.316 -Rei. Cezar Peluso-j. 01.08.2006)
í31 EMERSON GARCIA observa que (p. 171) "ao art. 262, l, do Código Eleitoral não deve ser dispensada 
interpretação restritiva, abrangendo o vocábulo inelegibilidade a ausência das condições de elegibilidade". Na 
mesma senda, TÁVORA NIESS aduz que (p. 326) "faz o inciso em pauta referência à inelegibilidade e à 
incompatibilidade, mas não à falta de condição de elegibilidade que, porém, entende-se incluída na primeira 
expressão, tomada em seu sentido mais amplo".
332"(...) Nos termos da jurisprudência desta Corte, não é possível discutir em sede de RCEd matéria referente 
à irregularidade na escolha em convenção, por se tratar de condição de elegibilidade, não prevista entre as 
hipóteses tratadas no mencionado dispositivo legal. (TSE - Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n° 
6.945 - Rei. Marcelo Ribeiro - j. 08.11.2007)
333"(...) 1. Sentença penal condenatória transitada em julgado após o deferimento do registro de candidatura e 
antes da diplomação do recorrido. 2. Os direitos políticos do recorrido estavam suspensos no momento da 
diplomação. (Recurso Contra Expedição de Diploma n° 759 -j. 23/08/2007 - Rei. José Augusto Delgado)
459
262, I, do Código Eleitoral, visto que não há como alguém que não esteja na ple-
nitude desses direitos exercer mandato eletivo (Agravo Regimental em Recurso 
Especial Eleitoral n° 35709 - Rei. Arnaldo Versiani -j. 29.04.2010).
Em caso de inelegibilidade de um dos componentes da chapa majoritária, 
existe a contaminação de toda a chapa ? Neste caso, o RCED deve ajuizado ape-
nas contra quem apresenta o déficit ou contra toda a chapa ? Em tese, a situação 
versa sobre um aparente conflito entre o princípioda personalidade da inelegibili-
dade (art. 18 da LC n° 64/90) e o princípio da unicidade de chapa (art. 91 do CE).
De um lado, é certo que a inelegibilidade é restrição de cunho pessoal, 
cujos efeitos não podem ultrapassar a sua individualidade (art. 5°, XLV, da CF). 
Assim, a inelegibilidade de um candidato, a priori, não pode afetar, mesmo refle-
xamente, o direito de participação de outrem, tanto, aliás, que o legislador prevê a 
possibilidade de substituição do candidato inelegível (art. 17 da LC n" 64/90). De 
outro lado, o Direito Eleitoral adota o princípio da unicidade ou indivisibilidade 
de chapa, estatuindo que o "registro de candidatos a presidente e vice-presidente, 
governador e vice-governador, ou prefeito e vice-prefeito, far-se-á sempre em 
chapa única e indivisível" (art. 91 do CE). Assim, estabelece uma vinculação 
intrínseca entre o candidato ao cargo de cabeça de chapa e seu vice (ou suplente, 
no caso do Senador), sendo que a relação jurídica dos componentes da chapa 
segue a mesma sorte, em uma vinculação subordinada.
Neste giro, conforme estabelece o art. 178 do CE, o corpo eleitoral ex-
pressa sua aceitação à chapa como um todo - uno e indivisível -, sem espaço para 
uma manifestação de apreço individualizada ao candidato "A" (que é o cabeça de 
chapa) e desprezo ao candidato "B" (que é o vice da chapa). De conseguinte, 
com a formação da chapa majoritária, a partir do pedido de registro, ocorre uma 
perda da identidade individual de seus componentes, que passam a formar, por 
expressa opção legislativa, um só corpo. Cria-se, a partir do pedido de registro da 
chapa ao cargo majoritário, uma ficção jurídica de indivisibilidade, dispensando 
tratamento à chapa como se fosse um único candidato, o que a doutrina de 
SOARES DA COSTA (p. 78) denomina de "candidatura plurissubjetiva". No 
transcurso do processo eleitoral, a unitariedade da chapa pode sofrer - e 
efetivamente sofre -interferências por parte da individualidade de seus 
componentes. Desta feita, os vícios pessoais (v.g., inelegibilidade por parentesco) 
e os vícios de conduta dos componentes da chapa (v.g., ato de abuso de poder) 
trazem reflexos na formação de validade da manutenção da chapa única e 
indivisível. Daí que o entendimento prevalente, em relação à extensão dos vícios 
em relação à chapa, pode ser assim
460
Direito Eleitoral
resumido: vícios de caráter pessoal não contaminam a chapa (princípio da perso-
nalidade); vícios de conduta contaminam a chapa (princípio da indivisibilidade).
E tratando-se de RCED com fundamento em inelegibilidade (art. 262, I) 
existe a contaminação da chapa ? Em síntese apertada, pode-se traçar a seguinte 
distinção: a) a inelegibilidade pessoal superveniente à eleição não contamina a 
chapa, porque, por ocasião do pleito, a chapa apresentava-se formal e material-
mente perfeita e ao largo de quaisquer vícios; b) a inelegibilidade pessoal preexis-
tente à eleição contamina a chapa, dado que, quando do prélio, já existia vício 
insanável em um dos seus elementos formadores e, assim, porque o voto é incin-
dível e sufragado na chapa, o vício - que é pessoal - estende-se para trazer inefi-
cácia ao todo. Adota-se a data da eleição como traço distintivo porque é no mo-
mento do exercício do sufrágio que a chapa deve estar hígida, pois o voto passa a 
beneficiá-la como um todo, sendo indiferente se a origem do vício, ainda que 
personalizado, seja oriunda do cabeça da chapa ou do vice. Deste modo, não se 
trata de dar efeito extensivo à inelegibilidade, mas apenas reconhecer que o vício 
- embora de caráter pessoal -, por preceder ao pleito, contaminou a chapa, visto 
que esta é a beneficiária elementar do voto recebido.
O TSE já entendeu que a inelegibilidade de cunho pessoal não" impor-
tava a contaminação da chapa e, ao depois, decidiu em sentido contrário335. Atu-
almente, a Corte Superior consolidou entendimento que "determina o litisconsór-
cio passivo necessário entre o prefeito e seu vice nos processos que poderão acar-
retar a perda do mandato eletivo, como é o caso do recurso contra expedição de
334 O caso é de RCED contra o candidato a Prefeito, com base em condenação criminal transitada em julgado 
após a eleição e antes da diplomação e posse. No caso em tela, não havendo interferência da causa pessoal 
de inelegibilidade por ocasião da eleição, concluiu-se inexistir motivo para o vicio contaminar a chapa - que, 
por ocasião do pleito, estava ao largo de qualquer mácula. Eis a ementa do julgado:
"Recurso contra expedição de diploma. Prefeito. Perda de direitos políticos. Condenação criminal. Trânsito 
em julgado posterior a eleição. Condição de elegibilidade. Natureza pessoal. Eleição não maculada. Validade 
da votação. Situação em que não há litisconsórcio passivo necessário. Eleição reflexa do vice. Art. 15, III, da 
Constituição da República. Art. 18 da LC n° 64/90. 1. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibili-
dades são aferidas com base na situação existente na data da eleição. 2. Por se tratar de questão de nature -
za pessoal, a suspensão dos direitos políticos do titular do Executivo Municipal não macula a legitimidade da 
eleição, sendo válida a votação porquanto a perda de condição de elegibilidade ocorreu após a realização da 
eleição, momento em que a chapa estava completa". (TSE - Recurso Especial Eleitoral n° 21.273 - j. 
27.05.2004 - Relator Fernando Neves)
535 "(...) Recurso contra a diplomação. Candidata a Prefeita. Parentesco. Casamento. Separação de fato. 
Primeiro mandato (...) A cassação do diploma do titular implica a cassação do diploma do vice ou do 
suplente, devido à sua condição de subordinação em relação àquele. (TSE- Agravo Regimental em Agravo 
de Instrumento n° 6.462-j. 07.11.2006- Rei. César Asfor Rocha)
De outro norte, o STF asseverou que, ainda que se trate de inelegibilidade pessoal posterior à eleição e à 
diplomação, ocorre a contaminação de chapa. Eis a ementa do julgado: "(...) Inelegibilidade: declaração da 
inelegibilidade do Prefeito, após a eleição e a diplomação, desconstitui também a investidura de Vice-
Prefeito, a qual - sendo decorrente da eleição do titular - pressupõe a sua validade: inteligência do art. 77, § 
1°, 79 e 81, da Constituição. (Recurso Extraordinário n° 247.987 - Rei. Sepúlveda Pertence - j. 13.06.2000 - 
1a Turma)
461
diploma" (Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n° 11963 - Rei. Ricar do 
Lewandwski -j. 13.04.2010). A exigência do litisconsórcio necessário decorre não 
da causa de inelegibilidade - que até pode ser pessoal de apenas um dos 
componentes da chapa -, mas da conseqüência da procedência do RCED: a cas-
sação do diploma ou do mandato, que terá reflexos em toda a chapa, sendo indis-
pensável promover a citação de ambos os possíveis atingidos pela eficácia da 
decisão judicial.
- Errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de repre
sentação proporcional (inciso II).
É aplicável somente para as eleições proporcionais (Deputado Federal, 
Distrital, Estadual e Vereador), especificamente quando houver erro de 
interpretação da lei. Em suma, trata-se da hipótese de erro quanto à 
interpretação de cálculo do quociente eleitoral, do quociente partidário e das 
sobras. Conforme TITO COSTA (Recursos..., pp. 130/131), a causa em apreço 
abrange "erro no resultado final da aplicação dessas fórmulas e, 
principalmente, na aplicação dos dispositivos legais que as disciplinam". O 
TSE tem prestigiado exatamente o mesmo entendimento (Recurso Contra 
Expedição do Diploma n° 638 - Rei. Peçanha Martins -j. 19.08.2004). 
Entretanto, com a adoção do sistema de votação informatizado, a incidência 
dessa hipótese normativa restou sensivelmente esvaziada, pois os cálculos de 
apuração do sistema proporcionalsão efetuados através de programas de 
computador específicos para tal fim.
- Erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do
quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato,
ou a sua contemplação sob determinada legenda (inciso III).
Trata-se de hipótese de erro na apuração final do resultado do 
quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação do 
candidato, ou sua contemplação sob determinada legenda. Possui maior 
amplitude do que o inciso II, abrangendo todo e qualquer erro - de direito ou 
de fato - na apuração final do resultado da votação. Enquanto o inciso II trata 
de erro na interpretação dos cálculos no resultado ou na aplicação das fórmulas 
do sistema proporcional, o inciso III trata de erro de direito ou de fato na 
apuração final dos votos. Como ambas as hipóteses (incisos II e I I I ) dizem 
respeito à representação do sistema proporcional e "considerando que um erro 
de interpretação conduz a um erro de direito", EMERSON GARCIA pondera 
que "o inciso II poderia facilmente ser suprimido, pois a matéria encontra-se 
disciplinada de forma mais ampla e satisfatória no inciso III" (p. 172).
462
Direito Eleitoral
A distinção entre os incisos 11 e III do art. 262 do CE, conforme 
SOARES DA COSTA (pp. 438/439), reside em que "[no inciso II] se admite 
o recurso contra diplomação, tendo em vista apenas o erro de interpretação 
das normas, ou seja, erro no cômputo dos quocientes, nada obstante 
seguros os números obtidos na apuração", ao passo que no inciso II I "o 
erro não é propriamente na interpretação/aplicação das normas sobre sistema 
proporcional, mas sim na apuração final, que termina por viciar a 
determinação do quociente eleitoral ou partidário, a contagem de votos e a 
classificação de candidatos, ou a sua contemplação sob determinada 
legenda". Para o TSE, "o inciso II do art. 262 do CE diz com os cálculos 
matemáticos e fórmulas prescritos em lei e necessários para alcançar-se o 
resultado final das eleições proporcionais. Quando houver erro no 
resultado final da aplicação dessas fórmulas e, principalmente, na 
interpretação dos dispositivos legais que as disciplinam, haverá ensejo 
para recurso contra a expedição de diploma com fundamento neste inciso. 
O inciso III refere-se a erro na apuração em si mesma. Não tem aplicação 
quando se tratar de erro relacionado à decisão de registro de candidatura" 
(Recurso Contra Expedição do Diploma n° 586 - Rei. Nelson Jobim-j. 
15.05.2001).
O TRE-RS336 enfrentou hipótese de aplicação do inciso III do art. 
262 do CE quando dois candidatos ao cargo de vereador, expulsos do 
partido político, concorreram sub judice e participaram do pleito, tendo 
havido o cancelamento dos registros confirmados, com trânsito em julgado 
após a eleição. O juiz eleitoral decretara a nulidade dos votos para todos os 
efeitos. No entanto, como era caso de aplicação do art. 175, §4°, do CE, a 
Corte Regional determinou o cômputo dos votos para a legenda, após o 
manuseio de recurso contra diplomação, havendo a modificação do 
quociente eleitoral e, por conseqüência, dos eleitos.
Por fim, correta a observação de SOARES DA COSTA, quando 
assevera a desnecessidade de exigência da prévia impugnação, prevista no 
art. 169 do CE para o manuseio do RCED, na medida em que este meio de 
impugnação "é manejado contra fatos posteriores à votação". Do exposto, 
como o RCED é manuseado contra o resultado final da apuração (art. 262, 
III, do CE), SOARES DA COSTA obtempera que "não poderá ele ser 
proposto contra a apuração propriamente dita
m Recurso contra expedição de diploma. Preliminares afastadas. Coligação partidária detém 
legitimidade concorrente com os partidos e candidatos para a interposição desta espécie recursal. 
Inexistência de coisa julgada material. Prescindibilidade da prova pré-constituída. Cancelamento do 
registro de candidaturas em decorrência da expulsão dos candidatos pelo partido. Pendência de 
recurso perante o TSE quando do pleito. Inteligência dos artigos 175, parágrafo 4°, do Código 
Eleitoral e art. 3° da Resolução n° 21.925. Aproveitamento dos votos para a legenda. Alteração do 
quociente eleitoral. Cassação do diploma e concessão a outro candidato. Provimento. (Tribunal 
Regional Eleitoral do Estado do Rio Grande do Sul - Processo n° 132005 -Classe 20 - Rei. Dês. 
LéoLima-j. 15.12.2005-Revista do TRE/RS n° 21 - Ano X - p. 33)
463
(que deve ser atacada pela impugnação do art. 169 do CE e via recurso parcial), 
mas contra o resultado final, em decorrência da fraude" (p. 440).
- Concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a 
prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 do Código Eleitoral, e do art. 41-A da 
Lei n" 9.504/97 (redação da Lei n" 9.840, de 28.09.1999) (inciso IV).
Trata-se da possibilidade de manejo do RCED na hipótese de abuso de 
poder (lato sensu) e corrupção, ou, como deseja o legislador, nas hipóteses de 
abuso de poder (art. 237, caput, do CE), vício de falsidade, fraude, coação, em-
prego de propaganda (art. 222 do CE) ou captação de sufrágio vedada por lei (art. 
41-A da LÊ). O procedimento de anulação da votação em face dos atos ilícitos 
previstos no art. 222 do CE foi revogado com a edição da Lei n° 4.961/66. Assim, 
não mais sendo possível apurar a anulação da votação através de procedimento 
específico, resta a possibilidade de perquirir o abuso através da AIJE, do RCED 
ou, ainda, da AIME.
O dispositivo elenca como causa petendi do RCED: falsidade, fraude, 
coação, abuso de poder ou emprego de propaganda ou captação de sufrágio veda-
dos por lei. Falsidade é a alteração material da verdade; fraude é o ato voluntário, 
que induz outrem em erro, mediante a utilização de meio astucioso ou ardil; coa-
ção abrange a violência que elimina ou vicia a manifestação de vontade do elei-
tor; o abuso de poder, como gênero, consiste na inobservância das regras de lega-
lidade; emprego de propaganda vedada é a não-observância das regras específicas 
que regulamentam os atos de convencimento do eleitor; captação de sufrágio 
vedada por lei é o ato de corrupção, com o fim de pedido de voto ou abstenção. A 
Lei n° 9.840/99 estabeleceu, de modo expresso, o cabimento do RCED na hipóte-
se do art. 41-A da LÊ; no entanto, como o art. 222 do CE já previa a hipótese de 
anulação da eleição por captação de sufrágio vedada por lei, a modificação trazida 
pela Lei n° 9.840/99 foi mínima, circunstância que não afastou a necessidade de o 
TSE rechaçar a tese de que a introdução do art. 41-A da LÊ no art. 262 do CE 
deveria ser feita através de lei complementar (Recurso Contra Expedição de Di-
ploma n° 613 - Rei. Carlos Velloso -j. 17.02.2005).
Em síntese, todo e qualquer ato de abuso, em sentido lato, apurado atra-
vés do RCED, com base no art. 262, IV, do CE, deve causar benefício ou prejuízo 
indevido a um dos participantes do processo eleitoral, ou seja, deve causar um 
impacto na correlação de forças entre os concorrentes ao prélio. Do exposto, o 
TSE decidiu que: a) "a fraude a ser alegada em recurso contra expedição de di-
ploma fundado no art. 262, IV, do Código Eleitoral, é aquela que se refere à vota-
ção, tendente a comprometer a lisura e a legitimidade do processo eleitoral, nela
464
Direito Eleitoral
não se inserindo eventual fraude ocorrida na transferência de domicílio 
eleitoral" (Recurso Contra Expedição do Diploma n° 653 - Rei. Fernando 
Neves - j. 15.04.2004); b) "a falsidade, a fraude, a coação, o abuso ou o 
emprego de processo de propaganda ou a captação de sufrágio vedada por lei, 
previstos no art. 222 do Código Eleitoral, para embasarem recurso contra a 
diplomação, têm de ter sido efetuados emproveito do candidato cujo diploma 
se ataca" (Medida Cautelar n° 1.012-Rei. Fernando Ne vês-j. 18.10.2001).
Nas hipóteses previstas no inciso IV do art. 262 do CE, na qual se 
busca apurar ato de abuso (em sentido genérico), a jurisprudência337 tem 
entendido necessária prova da potencialidade da conduta comprometer a lisura 
e a normalidade do pleito. É justificada a exigência pretoriana, pois 
indispensável o tratamento igualitário da norma contida no inciso IV do art. 
262 do CE com a AIJE (art. 22 da LC n° 64/90) e a AIME (art. 14, §10°, da 
CF), já que o meio de apuração do abuso não desqualifica a necessidade de 
prova do rompimento do bem jurídico tutelado - que é mesmo nessas ações 
genéricas. Não se trata da análise do ilícito sob o viés exclusivamente 
quantitativo, sendo necessária, para a procedência do RCED, com base no art. 
262, IV, do CE, a avaliação do rompimento da legitimidade da eleição. Agora, 
o inciso XVI do art. 22 da LC n° 64/90, com a redação dada pela LC n° 
135/10, dispõe expressamente que "para a configuração do ato abusivo, não 
será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas 
apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam". Os comentários ao 
predito artigo - que também tem aplicação ao RCED (art. 262, IV, do CE) e à 
AIME - foram efetuados na análise do bem jurídico da AIJE.
4.5 A Prova Pré-Constituída
A principal característica do RCED, em sua concepção originária, é a 
necessidade da instrução do feito com prova pré-constituída, elemento que o 
distingue33* sensivelmente das demais ações eleitorais. Prova pré-constituída, 
em síntese, é um tipo específico de prova emprestada, produzida em outros 
autos, que serve de base para o aforamento do RCED.
337 TSE - Recurso Contra Expedição de Diploma n° 616 - Rei. José Delgado -j. 23.05.2006; TSE - Recurso
Contra Expedição de Diploma n° 631 - Rei. Luiz Carlos Madeira - j. 24.05.2005.
338 É convergente a doutrina em traçar a prova pré-constituída como o elemento distintivo do RCED em 
relação
às demais ações eleitorais. Por todos, TÁVORA NIESS (p. 330) assevera que a inicial da AIME deve "fazer-se
acompanhar, quando do seu ajuizamento, de um início de prova", ao passo que o RCED "exige a exibição de
prova pré-constituída, não afastada a produção de outras provas, inclusive a pericial, a requerimento do recor
rente - legalmente legitimado - ou do recorrido, nas hipóteses do art. 270 do Código Eleitoral".
465
No entanto, a imprescindibilidade da prova pré-constituída deve ser 
analisada em conformidade com a causa petendi do RCED. Assim, em 
resumo, nas hipóteses previstas nos incisos I, II e I I I do art. 262 do CE, 
necessário que o RCED seja formado com prova pré-constituída, sob pena de 
não conhecimento desse remédio processual; na hipótese do inciso IV do art. 
262 do CE, porém, resta mitigada a exigência de o RCED ser instruído com 
prova pré-constituída, justamente porque a jurisprudência contemporânea tem 
admitido, dentro de certas condicionantes, a produção das provas necessárias 
ao deslinde do feito.
Na hipótese do inciso I do art. 262 do CE, a prova pré-constituída 
deve ter a comprovação do trânsito em julgado" da inelegibilidade e trazer 
prova suficiente da condição de incompatibilidade do legitimado passivo. 
Com a nova redação dada ao art. 15 da LC n° 64/90, possível que a prova pré-
constituída, na hipótese do art. 262,1, do CE, seja formada com cópia do 
acórdão do órgão cole-giado devidamente publicado. JOSÉ JA1RO GOMES 
observa que "essa prova deverá ser adrede produzida em processo cautelar 
de produção antecipada de provas (CPC, art. 846 ss) ou de justificação (CPC, 
art. 861 ss), que deverão contar com a participação do Ministério Público", 
sendo admitida a contraprova, a ser requerida nas contrarrazões (p. 579).
No caso do inciso IV do art. 262 do CE, o TSE já se manifestou que "é 
prescindível que a prova pré-constituída seja colhida em ação com decisão 
judicial" (Recurso Especial Eleitoral n° 21.378 - Rei. Peçanha Martins -j. 
11.05.2004), já que pode ser formada de quaisquer outros autos, 
independentemente da AIJE. De fato, em face à finalidade desta ação no 
Direito Eleitoral, é inexigível340 que a prova pré-constituída seja produzida entre 
as mesmas partes da relação processual formada no RCED ou exclusivamente 
em processo judicial, admitindo-se seja colhida em outra ação judicial ou 
extrajudicial (v.g., inquérito policial, peças de informação ou inquérito civil 
público). Reforça esse entendimento, aliás, a revogação do inciso XV do art. 
22 da LC n° 64/90, que terminou por conceder à AIJE força suficiente de, por 
si só, afastar o candidato beneficiado pelo abuso do pleito, mediante a cassação 
do diploma. De outra parte, quando o RCED for embasado
"(...) A declaração de inelegibilidade com trânsito em julgado somente será imprescindível no caso de o 
recurso contra a diplomação vir fundado no inciso l do mencionada art. 262 do Código Eleitoral, que cuida de 
inelegibilidade (...) (Agravo Regimental do Recurso Especial Eleitoral n° 19.568 - j. 12/03/2002 - Rei. Fernan -
do Neves)
340 Em sentido contrário, ANTÔNIO CARLOS MARTINS SOARES afirma que (p. 89) "para que a prova produ-
zida em outro processo tenha validade naquele para o qual foi transportada, é necessário ter sido produzida 
entre as mesmas partes e terceiros". Contudo, na seara do Direito Eleitoral, no qual se tem em vista a preser-
vação da normalidade e legitimidade do pleito, plausível admitir o aforamento do RCED com base em prova 
pré-constituída extrajudicial, desde que esta prova receba carga - durante a instrução na ação autônoma - do 
contraditório em sua formação. Neste mesmo sentido, JOSÉ JAIRO GOMES (p. 581) observa que "se a prova 
que instruir a exordial não tiver sido submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa, será necessário 
que isso ocorra já no âmbito do RCED".
466
Direito Eleitoral
com expediente extrajudicial (v.g., colhida de expediente investigatório do 
Ministério Público^ ), a prova deve, necessariamente, ser judicializada 
durante a instrução da ação impugnativa autônoma. O TSE já assentou que 
"não são admitidos como prova, depoimentos colhidos pelo Ministério 
Público, sem observância do contraditório e da ampla defesa" (Recurso Contra 
Expedição de Diploma n° 743 -Rei. Ricardo Lewandoswki -j. 27.10.2009).
Interpretando a redação dada ao art. 270, caput, do CE, que estatui a 
possibilidade de as partes, na interposição ou impugnação, indicarem as 
provas a serem produzidas, quando o fato versar sobre uma causa petendi 
prevista no art. 262, IV, do CE, o TSE passou a admitir a "possibilidade de 
se apurarem fatos tidos por ilegais no recurso contra a diplomação, desde que 
o recorrente assim requeira, indicando as provas a serem produzidas, nos 
termos do art. 270 do Código Eleitoral" (Recurso Especial Eleitoral n° 
19.506 -j. 06.11.2001 - Rei. Fernando Neves). Atualmente, o TSE tem 
entendimento consolidado admitindo a produção de todos os meios de prova 
em direito admitidos no RCED. Em síntese, no precedente que consagrou a 
ampla produção de prova, que trata da hipótese inserta no inciso IV do art. 
262 do CE, o TSE assentou que: a) o RCED deve admitir todos os meios de 
prova, desde que particularizadamente indicados342 na petição inicial; b) a 
prova testemunhai fica limitada ao número máximo de 06 para cada parte, 
independentemente da quantidade de fatos e do número de recorrentes e 
recorridos (art. 22, inciso V, da LC n° 64/90); c) possibilidade de delegação à 
Corte Regional ou ao Juiz Eleitoral de inquirição de testemunhas, a teor do 
disposto noart. 9a, §1°, da Lei nü 8.038/90 (Questão de Ordem no Recurso 
Contra Expedição de Diploma n° 671 - Rei. Ayres Britto -j. 25.09.2007). Por 
consectá-rio, o TSE decidiu que, em face da possibilidade de produção 
de provas no
A Lei n° 12.034/09 acrescentou o art. 105-A na LÊ, o qual estatui que: "Em matéria eleitoral, não são apli -
cáveis os procedimentos previstos na Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985". A norma estabelece regramento 
desnecessário, já que dada a celeridade dos feitos eleitorais jamais houve a aplicação dos procedimentos da 
Lei da Ação Civil Pública (LACP). Com efeito, o único procedimento previsto na LACP, em tese, passível de 
aplicação em matéria eleitoral é a instauração de inquérito civil público (ICP) ou peças de informação (PI) 
pelo Ministério Público, para fins de investigação de ilícito eleitoral. No entanto, não é recomendada a 
instauração de ICP ou PI para apuração de matéria eleitoral, porque referidos instrumentos contêm regras 
evidentemente incompatíveis com a celeridade que deve ter uma investigação eleitoral. Assim, não é 
possível, v.g., efetuar a comunicação de prorrogação do procedimento investigatório e tampouco submeter o 
arquivamento à homologação do Conselho Superior do Ministério Público - que não tem sequer atribuição 
para a matéria eleitoral. De outro giro, não é plausível a aplicação do rito judicial previsto na LACP nos feitos 
eleitorais, dada a incompatibilidade entre a matéria especializada e os respectivos procedimentos coletivos. 
Do exposto, ressalvada a tese de que as ações eleitorais - porque tutelam interesses difusos - revelam-se 
como ações coletivas sinto sensu, não há como aplicar qualquer procedimento, seja judicial ou extrajudicial, 
previsto na LACP nas ações eleitorais. Neste norte, aliás, o TSE reconheceu a "incompetência da Justiça 
Eleitoral para processar e julgar representação por descumprimento de termo de compromisso de 
ajustamento de conduta" (Recurso Especial Eleitoral n° 28.478 - Rei. Carmem Lúcia - j. 01.03.2011).
342 Nesta assentada, a admissão probatória no RCED fica condicionada à indicação, de modo específico, das 
provas que a parte pretendida produzir, sendo insuficiente o mero protesto, de modo genérico, pela produção 
de todos os meios de prova em direito admitidos.
467
RCED, não subsiste mais o requisito da prova pré-constituída (Recurso Contra a 
Expedição do Diploma n° 767 - Rei. Marcelo Ribeiro-j. 04.02.2010).
Assim, em resumo, deve-se distinguir: nas hipóteses dos incisos I, II e III 
do art. 262 do CE, necessário o manuseio do RCED com prova pré-constituída; 
no caso do inciso IV do art. 262 do CE, contudo, porque se admite a ampla pro-
dução de prova, não é mais exigida a prova pré-constituída.
4.6 Competência e Procedimento
Em verdade, o RCED é ação de impugnação autônoma que visa a des-
constituir o diploma concedido, em face da incidência de uma das hipóteses do 
art. 262 do CE, embora, por determinação legislativa, adote procedimento idênti-
co ao recurso inominado, previsto no art. 258 do CE. Infeliz a opção adotada pelo 
legislador, já que suprimiu, sem qualquer argumentação jurídica lógica, um grau 
de jurisdição, limitando sensivelmente a possibilidade de revisão da decisão pro-
latada em RCED. No entanto, o TSE já decidiu que "nas eleições para governa-
dor, o recurso contra expedição de diploma é julgado pelo Tribunal Superior Elei-
toral (AgRgRCEd n° 613, rei. Min. Carlos Velloso), não configurando violação 
ao duplo grau de jurisdição" (Recurso Contra Expedição de Diploma n° 612 
-Rei. Carlos Velloso-j. 29.04.2004).
Em síntese, o procedimento a ser observado no RCED, por idêntico ao 
recurso inominado, cinge-se ao oferecimento das razões pelo autor e, após, as 
contrarrazões pelos legitimados passivos, sendo remetidos os autos à Superior 
Instância para julgamento do feito. Daí porque SOARES DA COSTA (pp. 
443/444) registra que "a cognição judicial em sede de recurso contra diplomação 
é sumária, é dizer, não profunda, exauriente. Os debates limitam-se às provas 
admitidas em grau de recurso; e aqui as provas são mínimas, pré-constituídas, 
porque o rito recursal pressupõe a produção de provas ante o juízo recorrido 
-coisa que não ocorre com a diplomação, justamente pelo fato de não ser uma 
decisão definitiva em processo de cognição". A observação do doutrinador, po-
rém, deve ser mitigada, ante a admissão da dilação probatória pelo TSE.
Nas eleições municipais (Prefeito e Vereador), o RCED é interposto e 
processado pelo Juiz Eleitoral e julgado pelo TRE, incumbindo ao juízo a quo, 
apenas, comunicar à Superior Instância se foi, ou não, interposto recurso da di-
M3 "Compete ao Tribunal Regional Eleitoral o julgamento do recurso contra a expedição de diploma de vereador 
(TSE - Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral n° 25.284 - Rei. José Gerando Grossi - j. 
16/02/2006). No mesmo sentido: Recurso Especial Eleitoral n° 15.516 - Rei. Maurício Corrêa -j. 11.02.1999
468
Direito Eleitoral
plomação, a teor do disposto no art. 261 §6°, do CE; nas eleições federais e esta-
duais344 (Deputado Estadual, Distrital, Federal, Senador e Governador), o RCED 
é interposto e processado pelo TRE e julgado pelo TSE; nas eleições presidenci-
ais, contudo, existe divergência sobre o órgão competente para julgamento e, até 
mesmo, acerca do cabimento do RCED, inexistindo qualquer precedente jurispru-
dencial.
Assim, para TITO COSTA (pp. 117/118) e SOARES DA COSTA (p. 
456), cabe mandado de segurança perante o STF; para JOSÉ JA1RO GOMES (p. 
576), cabe mandado de segurança perante o próprio TSE, aplicando-se por analo-
gia o art. 105, I, b, da CF; EMERSON GARCIA (p. 177) entende "não ser passí-
vel de impugnação a diplomação levada a efeito pelo Tribunal Superior Eleito-
ral"; DECOMAIN (Elegibilidade..., p. 354) aduz cabível o manuseio de RCED ao 
próprio TSE, já que a diplomação é ato do Presidente daquela Corte. Sem embar-
go do tratamento diferenciado em relação às decisões prolatadas em eleição mu-
nicipal, estadual e federal, o entendimento mais adequado (embora não ideal), 
para o julgamento de RCED aforado contra Presidente da República, é o que 
defende a interposição perante o Pleno do próprio TSE, seja porque não é possível 
que uma lacuna legislativa afaste o aforamento da ação prevista no art. 262 do CE 
nas eleições presidenciais, seja porque o STF345 tem entendido que somente possui 
competência para processo e julgamento de mandado de segurança contra as 
autoridades previstas no art. 102, I, alínea d, da CF (Agravo Regimental no Man-
dado de Segurança n° 22.041 - Rei. Celso de Mello-j. 18.08.1994), excluindo-se 
a apreciação de mandamus em face de ato oriundo do TSE.
4.7 Legitimidade
São legitimados ativos para o ajuizamento do RCED os candidatos regis-
trados, partidos políticos, coligação partidária e o Ministério Público. Mesmo 
findo o processo eletivo, é reconhecida legitimidade à coligação partidária para 
propor RCED ou A1ME. De fato, o TSE tem reiterado que "a coligação é parte 
legítima para propor as ações previstas na legislação eleitoral, mesmo após a rea-
lização da eleição, porquanto os atos praticados durante o processo eleitoral po-
dem ter repercussão até após a diplomação", sendo que "com o advento das elei-
ções, há legitimidade concorrente entre a coligação e os partidos que a compõem,
"(...) Nas eleições para governador, o recurso contra expedição de diploma é julgado pelo Tribunal 
Superior Eleitoral (...) (TSE - Recurso Contra Expedição de Diploma n° 612-Rei. Carlos Velloso-j. 
29.04.2004) M Súmula 624 do STF. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de 
mandado de segurança contra atos de outros tribunais.
469
para fins de ajuizamento dos meios de impugnação na Justiça Eleitoral, em 
face da eventualpossibilidade de desfazimento dos interesses das agremiações 
que acordaram concorrer conjuntamente" (Agravo Regimental em Recurso 
Especial Eleitoral n° 36398 - Rei. Arnaldo Versiani - j. 04.05.2010). De 
outra parte, o eleitor não possui legitimidade ativa para manusear RCED (TSE 
- Agravo de Instrumento n" 8.659 - Rei. Sepúlveda Pertence -j. 17.03.1992).
É legitimado passivo no RCED o candidato cujo diploma se pretenda 
invalidar, desimportando se ostente a condição de eleito ou de suplente. É 
requisito indispensável para a legitimação passiva que o candidato - seja titular 
de mandato eletivo ou suplente - tenha sido diplomado. O TSE assentou que "a 
diploma-ção de suplentes deve ocorrer até a terceira colocação, facultando-se 
aos demais suplentes o direito de solicitarem, a qualquer tempo, os respectivos 
diplomas" (Resolução n° 23.097 - Rei. Ricardo Lewandowski -j. 
06.08.2009).
Tratando-se de eleição majoritária, a interpretação que mais se 
coaduna com o princípio do contraditório, ampla defesa e do devido processo 
legal indica que o titular e o vice (ou suplente) são litisconsortes passivos 
necessários sempre que se objetivar sanção que atinja a chapa como um todo 
(v.g., cassação do registro, diploma ou mandato por ato de abuso). Neste 
diapasão, certo é que os efeitos da decisão em relação ao titular da chapa terão 
reflexos indiscutíveis na situação jurídica do vice, restando evidenciado o 
despropósito da privação de quaisquer direitos sem a observância do devido 
processo legal. Assim, o TSE assentou que a "existência de litisconsórcio 
necessário - quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, 
o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes - conduz à 
citação dos que possam ser alcançados pelo pronunciamento judicial. 
Ocorrência, na impugnação a expedição de diploma, se o vício alegado 
abrange a situação do titular e do vice." (Recurso Contra Expedição do 
Diploma n° 703 - Rei. designado Marco Aurélio de Mello -j. 21.02.2008). Por 
se tratar de matéria relativa à eficácia da sentença, de ordem pública, não tendo 
sido requerida a citação do vice ou do suplente no prazo legal, deve ser 
reconhecida a decadência, com a extinção do processo sem julgamento de 
mérito.
E a situação do partido político ou coligação partidária ? Nas eleições 
majoritárias, o partido ou coligação pode intervir na condição de assistente 
simples. E na eleição proporcional ? SOARES DA COSTA (pp. 449/450) 
apregoa que o partido ou coligação será litisconsorte passivo necessário nos 
incisos II e III do art. 262, porquanto em lide "questões que dizem respeito 
também diretamente ao partido político (quociente eleitoral e partidário, 
v.g.)". Com efeito, a condição de litisconsorte necessário decorre de expressa 
disposição legal ou pela natureza da relação jurídica (art. 47, caput, do 
CPC). Se, in casu, não existe expressa de-
470
Direito Eleitoral
terminação legal de intervenção obrigatória do partido político em RCED, deve-
se ponderar que a necessidade de intervenção obrigatória da agremiação, nas 
hipóteses dos incisos II e III do art. 262 do CE, é decorrência lógica pela 
natureza da relação jurídica (matéria relativa à quociente partidário ou eleitoral). 
Nas demais hipóteses (incisos I e IV), o partido político pode intervir como 
assistente.
No entanto, o TSE346 tem rechaçado a hipótese de litisconsórcio passivo 
necessário entre o partido e o candidato em sede de RCED nas eleições proporci-
onais (incisos II e III do art. 262 do CE), em face do disposto no art. 175, §4°, do 
CE. Contudo, pelo atual entendimento do TSE, de inaplicação do art. 175, §4°, do 
CE em face à regra do art. 16-A da LÊ (introduzido pela Lei n° 12.034/09), o 
fundamento utilizado para justificar a não-intervenção partidária como litiscon-
sorte necessário, de aproveitamento dos votos para a legenda, não mais subsistirá.
Por fim, a Corte Superior tem reiterado que "não há litisconsórcio passi-
vo necessário entre os titulares do mandato eletivo e os respectivos partidos polí-
ticos em Recurso Contra Expedição de Diploma, pois o diploma é conferido ao 
eleito e não à agremiação partidária, que tem prejuízo apenas mediato na 
hipótese de cassação de mandato de seu filiado, por ter conferido legenda a quem 
não merecia (Recurso Contra Expedição de Diploma n° 661 - Rei. Aldir 
Passarinho j. 21.09.2010).
4.8 Efeitos
Dispõe o art. 216 do CE que "enquanto o Tribunal Superior não decidir o 
recurso interposto contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o 
mandato em toda a sua plenitude". Em verdade, a decisão prolatada em sede de 
RCED apresenta eficácia diversificada, em conformidade com a competência do 
órgão julgador respectivo.
Assim, tratando-se de eleições municipais (na qual a competência origi-
nária é do TRE), o RCED tem efeito apenas devolutivo, podendo o recorrido 
permanecer no exercício do mandato até o julgamento do feito pelo TSE. Em 
verdade, o exercício do mandato do candidato à eleição municipal que teve 
contra si julgado RCED perdura até a publicação do acórdão do TSE. Portanto, a 
decisão de procedência do RCED prolatada pelo TRE tem sua eficácia 
condicionada à confirmação da condenação pelo TSE. A Corte Superior tem 
assentado que "o exercício do mandato pelo diplomado é garantido até o 
julgamento do RCEd pelo
Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n° 7.022 - Rei. Gerardo Grossi - j. 14.08.2007; TSE 
-Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral n° 25.910- Rei. Gerardo Grossi -j. 14.11.2006
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Tribunal Superior, a teor do art. 216 do CE (Agravo Regimental em Recurso 
Especial Eleitoral n° 25910 - Rei. Gerardo Grossi -j. 14.11.2006). Justifica-se 
o diferimento da eficácia sentenciai do RCED, com o fito de evitar sucessivas 
alterações na chefia do Poder Executivo.
Como exceção, tratando-se de eleições estaduais e federais (na qual a 
competência originária é do TSE), a execução do julgado, na esteira do art. 
216 do CE, ocorre com a publicação do acórdão de procedência do RCED, o 
qual, neste caso, tem eficácia imediata. No entanto, a Corte Superior tem 
assentado que, pelo fato de se tratar de processo de competência originária, a 
execução do julgado do RCED, no caso de eleição estadual e federal, se dará 
com o escoamento dos recursos possíveis perante a própria Corte, ou seja, com 
o julgamento de eventuais embargos, e não com a publicação do acórdão 
(v.g., RCED n° 671 -Rei. Eros Grau - j. 03.03.2009; RCED n° 698 - Rei. 
Félix Fischer - j. 25.06.2009).
5 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - AIME
5.1 Fundamento legal, auto-aplicabilidade, prazo, segredo de 
justiça e litigância de má-fé
A ação de impugnação de mandato eletivo tem natureza jurídica 
de cunho constitucional-eleitoral e está prevista no art. 14, §§10° e 11, da CF. 
Como catalogado por TÁVORA NIESS, a AIME tem por antecedente a Lei n° 
7.493/86 (art. 23) e a Lei n° 7.664/88 (art. 24), sendo a única ação eleitoral que 
recebeu roupagem constitucional. Historicamente, o legislador sempre se 
preocupou em estabelecer limites na influência das forças de dominação 
pública e privada na formação do poder governamental. Já no Código Eleitoral 
é previsto que "a interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do 
poder de autoridade, em desfavor da liberdade do voto, serão coibidos e 
punidos" (art. 237) e que é "anu-
(TSE -Acórdão n° 11.046- Recurso n°8.715 - Rei. Octávio Galloti -j. 20.02.1990): "O mandato é a forma ou 
instrumento, pelo qual se torna eficaz a prática democrática. Confere ele, o mandato, poderes ao seudetentor, 
para representar o povo. É pois o mandato, o núcleo de configuração da democracia representativa. Nele se 
realiza de um pólo o princípio da representação e de outro, o principio da autoridade legítima. Obviamente, o 
exercício do mandato é passível de controle e, tal controle na maioria é exercido pelo próprio povo, com a 
aceitação ou rejeição do seu representante. Todavia, certo aspecto que diz respeito à obtenção do mandato, 
diz respeito da regularidade juridico-formal da sua conquista. Preocupa-se, portanto, o dispositivo 
constitucional em pauta, em prestar os meios impugnatórios da conquista de um mandato, realizada com 
suporte em meios não admitidos. Sob essa ótica, para que os candidatos a mandatos legislativos possam 
ser considerados eleitos, não é suficiente a obtenção de votos necessários à eleição. Torna-se fundamental 
que sua eleição tenha obedecido à legislação eleitoral em vigor, como seu proceder tenha se pautado nos 
princípios concernentes à igualdade em disputa".
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