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TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO ESTUDO DE CASO DA CRIAÇÃO DA COLÔNIA AGRÍCOLA FERNANDO COSTA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
COORDENAÇÃO DE HISTÓRIA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
ELISSANDRA SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO: ESTUDO DE CASO DA CRIAÇÃO DA 
COLÔNIA AGRÍCOLA FERNANDO COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Vista / RR 
2014 
 
 
 
 
ELISSANDRA SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO: ESTUDO DE CASO DA CRIAÇÃO DA 
COLÔNIA AGRÍCOLA FERNANDO COSTA 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade 
Federal de Roraima - UFRR, como pré-
requisito para obtenção do título de Bacharel e 
Licenciado em História. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Gersa Maria Neves 
Mourão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Boa Vista /RR 
2014 
 
 
 
ELISSANDRA SOUZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERRITÓRIO FEDERAL DO RIO BRANCO: ESTUDO DE CASO DA CRIAÇÃO DA 
COLÔNIA AGRÍCOLA FERNANDO COSTA 
 
Monografia avaliada e aprovada pela comissão 
examinadora e referendado pela Universidade 
Federal de Roraima, como requisito final para 
obtenção do grau de Bacharel e Licenciado em 
História. 
 
 
Boa vista-RR, 12/12/2014. 
 
NOTA:___________________ 
 
 
Membros da Comissão: 
 
 __________________________________ 
Profª. Dra. Gersa Maria Neves Mourão 
Orientadora/ Curso de Geografia - UFRR 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. Me. Márcia d’ Acampora 
Membro - UFRR 
 
 
 
_________________________________ 
Prof. Me. Orlando de Lira Carneiro 
Membro – UFRR 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar a Deus pela força, coragem, sabedoria e muita paciência 
que Ele me proporcionou, pois em tantas dificuldades e imprevistos, sempre vinha 
uma força maior que nunca me deixou desistir. 
À minha família, em especial minha mãe Maria Jose de Souza pelas 
orações, todos os dias quando chegava da aula, estava no portão me esperando 
com todo seu amor. Meu pai Francisco Edson de Oliveira Sousa, mesmo morando 
em outro Estado, sempre sentia bem perto de mim, me apoiado sempre em tudo. 
Aos meus irmãos Edcleide Souza e Edson Souza por acreditarem e me 
incentivarem a nunca desistir dos meus sonhos. 
Aos sobrinhos que amo mais que tudo, Lohana Sousa Galvão e Caua Souza 
da Costa pelo amor, carinho, atenção por todos os abraços gostosos que inúmeras 
vezes tiravam o cansaço e as preocupações do dia a dia. 
Aos amigos, amiga e irmã de coração, Regiane Aguiar, que participou do 
inicio ao fim dessa etapa da minha vida emprestando seus ouvidos nas minhas 
angustias e por toda paciência e carinho ao longo dessa caminhada e ao Manoel 
Carlos por me mostrar que nos momentos mais receosos do curso existem coisas 
bem maiores a se considerar, e que o segredo para vencê-los está na coragem, 
determinação e muita paciência. 
A todos os colegas da turma de história 2008.1 noturno, onde passamos 
momentos inesquecíveis e em especial ao grupo da Luluzinha, guardo cada uma de 
vocês com muito carinho no coração. 
Agradeço a todos os professores do Departamento de História pelo 
conhecimento compartilhado. Um agradecimento especial à minha orientadora 
Gersa Mourão do Departamento de Geografia pela acolhida, colaboração e 
contribuição nesse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar 
novas paisagens, mas em ter novos olhos”. (Marcel Proust) 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa aborda a temática “Território Federal do Rio Branco: estudo de 
caso da criação da Colônia Agrícola Fernando Costa” e buscou analisar os fatores 
que contribuíram para a Política de Colonização na Amazônia/ Roraima, com ênfase 
na trajetória da política de criação e ocupação da colônia Fernando Costa. Esse 
estudo encontra-se alinhado a uma análise bibliográfica, onde buscamos artigos, 
dissertações e teses de autores que discutiram esta temática. Para tanto, o trabalho 
aborda o processo de colonização, a nível de Brasil até chegar na Amazônia e 
consequentemente em Roraima. E, por fim, analisa o processo de criação da 
Colônia Fernando Costa, evidenciando a sua trajetória política, a partir de uma 
análise dos autores Di Manso ( 2004) e Indira de Oliveira (2005). 
 
 
Palavras-chave: Colônia Fernando Costa, Colonização, Roraima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This research addresses the theme "Federal Territory of Rio Branco: case studies of 
the creation of the Agricultural Colony Fernando Costa" and seeks to analyze the 
factors that contributed to the Settlement Policy in the Amazon / Roraima, with 
emphasis on the history of the creation of policy and occupation of the colony 
Fernando Costa. This study is aligned to a literature review, where we seek articles, 
dissertations and theses of authors who have discussed this subject. Thus, the paper 
addresses the colonization process, the level of Brazil to reach the Amazon and 
consequently in Roraima. Finally, analyzes the process of creation of the Colony 
Fernando Costa, highlighting his political career. 
 
 
Keywords: Cologne Fernando Costa, Colonization, Roraima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADRO 
QUADRO 1: ESTADO DE RORAIMA - PROJETOS DE ASSENTAMENTO DA BR-
174 e 210 (PERIMETRAL NORTE)............................................................................17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1: MUNICÍPIO DE MUCAJAÍ, ESTADO DE RORAIMA...............................26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 
 
1 BREVE CONTEXTO DA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA ....................................... 16 
 
2 COLONIZAÇÃO NA AMAZÔNIA ............................................................................ 20 
2.1 A COLONIZAÇÃO EM RORAIMA .................................................................... 23 
2.2 A COLÔNIA FERNANDO COSTA ................................................................... 26 
 
3 A HISTORIOGRAFIA SOBRE A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO RORAIMENSE ........ 29 
3.1 COLONIZAÇÃO AGRÍCOLA NA VISÃO DE DI MANSO ................................ 30 
3.2 COLONIZAÇÃO AGRÍCOLA NA VISÃO DE INDIRA DE OLIVEIRA ............. 34 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 37 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A historiografia regional elaborada ao longo das últimas décadas tem 
contribuído significativamente para ressaltar a importância do incentivo à 
colonização tanto para o desenvolvimento econômico desta cidade (Boa Vista) como 
para as outras regiões do país. Nesse sentido, convém destacar trabalhos que 
tratam dessa problemática na historiografia local. Tendo como exemplo, o trabalho 
de Oliveira (2005) Estratégias Governamentais para a Colonização Agrícola e os 
TrabalhadoresRurais, abordando a questão de que ao longo da história do Brasil, o 
estímulo ao processo de migração tanto dirigida quanto espontânea, por parte da 
administração pública, foi fundamental para a colonização agrícola do Território 
Nacional. Tanto que essa agricultura passou a assumir um papel relevante no 
projeto desenvolvimentista do governo brasileiro, uma vez que passou a ser vista 
como tábua de salvação da economia nacional a ponto de gerar as condições 
propícias à inserção do país nas relações capitalistas de produção mundial. 
 
Outro trabalho que foi utilizado como base foi Di Manso (2004) Pérolas á 
Beira Rio: a história, a lenda e os casos de Mucajaí – RR na versão de seus 
moradores mais antigos, que traz questões vivenciadas por moradores do então 
município de Mucajaí, assim também como relata o processo de criação do mesmo, 
enfatizando todo o processo como por exemplo as três tentativas de efetivação, no 
qual somente na terceira é que houve êxito no processo de criação daquele 
município. 
 
As mudanças ocorridas no Brasil após a década de 30, mais precisamente 
após a Revolução tenentista, se abre para o capital industrial que vem substituir o 
modelo agrário vigente até então. Neste mesmo período, observa-se que há uma 
política voltada para a migração interna, como proveito dos espaços nacionais, uma 
vez que esta era a política adotada por Vargas. Vargas buscava trabalhar 
desenvolvimento do país de dentro para fora, era a então política desenvolvimentista 
de Vargas, nestes casos dando prioridade para a produção interna e principalmente 
para o fortalecimento da mão de obra nacional que passa a ser vista como política 
de substituição de importações. 
13 
 
 
 
Ainda durante o Estado Novo (1937-1945) iniciou-se uma política de 
colonização, com as “Colônias Agrícolas Nacionais”, com a distribuição gratuita de 
lotes de terras e incentivos para os colonos desenvolverem atividades de produção 
agrícola e transformarem as áreas de colonização em áreas produtivas. 
 
Tal política estava eminentemente ligada ao projeto desenvolvimentista que 
incentivava o crescimento do setor industrial e estimulava a diversificação da 
produção agrícola através do incremento do processo de ocupação das zonas de 
fronteira agrícola do país, por meio da chamada “Marcha para o Oeste”. 
 
Tal situação ficou nítida durante o governo de Getúlio Vargas que elaborou e 
executou diversos programas de desenvolvimento nacional para a Amazônia. Para 
Vargas a solução dos problemas dependia da exploração das riquezas regionais. 
Portanto a fim de sanar a falta de colonização na região, em 1943, cria os Territórios 
Federais, que tiveram como fatores determinantes além das questões de limites 
territoriais, a necessidade de povoar e extrair os recursos naturais dos mesmos. 
Segundo Silva (2011) a região amazônica se tornaria por meio da intervenção do 
Governo um poderoso centro de “engrandecimento” nacional, com o povoamento e 
a fixação do homem na terra, através dos projetos de colonização agrícolas. 
 
É diante deste contexto que este trabalho se insere, através do processo de 
colonização na Amazônia, mais precisamente em Roraima, a pesquisa tem como 
objetivo: analisar a politica de criação da colônia Agrícola Fernando Costa na visão 
de Indira Oliveira e Di Manso. Que traz como objetivos específicos: verificar quais os 
fatores contribuíram para a colonização no Território Federal do Rio Branco e 
identificar as dificuldades que os colonos encontravam ao chegar à região do Rio 
Branco, em especial na Colônia Agrícola Fernando Costa. 
 
A metodologia utilizada neste trabalho foi construída sob um viés 
bibliográfico com a utilização de artigos, monografias, dissertações e teses de 
autores que trabalharam sobre o processo de ocupação em Roraima, dentre os 
autores trabalhados estão: Becker (2004), Di Manso (2004), Magalhães (2008), 
14 
 
 
Mourão (2003), Nogueira (2011), Oliveira (2005), Santos (2011), Vainer (2000) e 
Vale (2005 e 2007). A pesquisa bibliográfica foi utilizada como procedimento técnico, 
devido tratar-se de um levantamento, seleção e documentação de bibliografias já 
publicadas a respeito deste assunto. 
 
O primeiro ponto de partida foi a pesquisa bibliográfica nas bibliotecas da 
Universidade Federal de Roraima /UFRR, na Universidade Estadual de Roraima- 
UERR e na Biblioteca Pública do Estado. Além de acervos particulares e internet. O 
segundo ponto deste estudo foi o levantamento nos arquivos do Instituto Nacional de 
Colonização e Reforma Agrária/INCRA e no Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estática/IBGE, com o intuito de confrontar os dados, alguns aspectos dos trabalhos 
citados. 
 
A criação dos territórios federais, segundo a historiografia teve como fatores 
determinantes além das questões de limites territoriais, o advento da segunda 
Guerra Mundial e a necessidade de povoá-los. Porém, desde a criação dos 
territórios em 1943 até o início dos governos militares, ou seja, durante mais de vinte 
anos, os projetos de infraestrutura, criados com o objetivo de garantir o 
desenvolvimento da região, não foram aplicados de forma plena. A razão está, 
sobretudo com o fim da guerra, cuja preocupação voltou-se para as áreas de maior 
interesse econômico e político. 
 
Inicialmente três colônias agrícolas foram planejadas e implantadas. No 
presente trabalho, foi dado maior ênfase à Colônia Agrícola Fernando Costa, 
localizada à margem direita do Rio Mucajaí, a 54 km ao sul de Boa Vista (atual 
município de Mucajaí). Esta colônia foi a primeira a ser criada, em 1944 e 
desenvolveu uma agricultura com características de subsistência, mas buscando a 
comercialização do excedente. (SILVEIRA & GATTI, 1988). As famílias que 
chegaram à região, um total de 150 famílias, são riograndenses, cearenses e na 
grande maioria maranhenses. 
 
Após a instalação dessas referidas colônias, o processo ficou paralisado no 
Território para a abertura de novas colônias (FREITAS, 2009). Essa situação só vai 
15 
 
 
se transformar a partir da construção das BRs 174 e 210, na década de 70, quando 
inicia a segunda fase de colonização no Território Federal do Rio Branco em 1964, e 
este ano é marco final da nossa proposta de estudo, período este que deu início a 
várias mudanças, como o processo de ocupação e desenvolvimento econômico 
impulsionados com a abertura das referidas BRs. 
 
O trabalho divide-se em três capítulos. O primeiro traz um breve contexto da 
colonização brasileira. O segundo faz uma abordagem sobre o processo de 
colonização na Amazônia/Roraima e o terceiro discute a visão de duas autoras Di 
Manso e Oliveira, sobre o processo de colonização da Colônia Fernando Costa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
1 BREVE CONTEXTO DA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA 
 
É sabido que o homem desde os seus primórdios saiu em busca de explorar 
novos horizontes, afinal foi desta forma que aconteceu o povoamento da terra. 
Apesar de todos os avanços e descobertas já realizadas nos dias atuais o homem 
busca cada vez mais encontrar novas terras, assim também como explorar o 
desconhecido. Ver-se-á de acordo com Dezan (2007) que: 
 
A história da humanidade registra, desde o seu aparecimento na face da 
Terra até hoje, repetidos movimentos de migração e de fixação de 
populações em várias regiões do globo. Os seres humanos sempre se 
movimentaram, por instinto, com o desejo de conhecer e explorar o 
desconhecido ou impulsionados por problemas políticos, econômicos, 
sociais, religiosos, guerras, ou através da combinação de dois ou mais 
desses fatores. Nodecorrer dos séculos aconteceram muitos movimentos 
migratórios de proporções diferentes, sendo alguns de grandes dimensões, 
os quais influíram significativamente na evolução histórica do gênero 
humano.” (DEZAN, 2007, p. 18) 
 
 
E ao tratarmos da saída do homem em busca de novas oportunidades, não 
podemos deixar de falar dos processos de colonização ocorridas no Brasil. Está 
intrinsicamente arraigada na história brasileira, pois ao buscarmos dados sobre a 
história do Brasil, vemos que passamos e ainda vivenciamos grandes projetos de 
colonização como forma de desenvolvimento do país. O processo de colonização 
ocorreu de forma recente, mas especificamente no governo de Vargas, se 
efetivando posteriormente no período do Golpe Militar. 
 
De acordo com Patarra (2003) o movimento migratório teve início com a 
República, sendo que a mão de obra empregada na produção de café era composta 
principalmente por imigrantes internacionais, assim também como por migrantes 
brasileiros vindo de vários lugares do país, onde o ciclo produtor havia finalizado. No 
que se refere a outro momento importante para a migração, veremos que: 
 
O segundo período (1930 – 1950) é marcado pela formação do mercado 
produtor e consumidor interno na década de criação do Estado Novo. A 
industrialização, ainda que restringida, reforçou a desigualdade regional 
iniciada no ciclo do café. Guanabara, os estados do Rio de Janeiro e São 
Paulo eram colocados como fortes regiões de atração de migrantes 
oriundos de Minas Gerais, Paraná e da região Nordeste. (AYDA, s.d., p.2) 
 
17 
 
 
Portanto, com a implantação do Estado Novo (1937) o governo passou a 
desenvolver ações que visassem à mobilização interna da população, uma vez que 
neste período o Brasil estava entrando na Segunda Guerra, então estava ocorrendo 
a mobilização dos trabalhadores, principalmente do Nordeste, devido a seca que 
estava ocorrendo (1941) para virem trabalhar nos seringais da Amazônia, este 
período ficou conhecido como Batalha da Borracha. (CYTRYNOWICZ, 2000) 
 
Outro movimento migratório que ficou bastante conhecido foi a Marcha para 
o Oeste em 1940, que possuía um cunho político ideológico presente no Estado 
Novo, pois tinha como finalidade a ocupação e exploração do território nacional. 
(VAINER, 2000) 
 
O terceiro período (1951-1980) se deu com a instalação da planta industrial 
pesada e a aceleração do crescimento econômico nacional. O Brasil passou 
a se inserir com maior centralizada na produção de bens de exportação no 
cenário internacional com base nas indústrias paulista e carioca. Esta 
concentração industrial acirrou o processo de concentração regional do 
desenvolvimento econômico. Juntamente com o crescimento vegetativo 
nacional elevado, o desenvolvimento econômico territorialmente 
concentrado nos dois estados levou ao aumento expressivo da migração 
interna com destino à região Sudeste em números relativos e absolutos. 
(AYDOS, s.d., p. 2) 
 
Depois do golpe militar uma das primeiras ações dos militares em relação a 
Amazônia, ocorreu em 1966, denominada “Operação Amazônia”, sendo que esta 
representou a criação de leis e instituições que vieram a fortalecer a ação do Estado, 
principalmente no que se refere a defesa da área fronteiriça. (OLIVEIRA, 2014). Mas 
também serviram para incentivar o povoamento, criando infraestruturas. 
 
Além das ações implantadas pelos militares, existem também as que 
surgiram através das políticas de colonização, dentre elas os projetos de 
assentamentos rurais implementados pelo INCRA. 
Dentre esses projetos de assentamentos rurais no Estado de Roraima, vale 
destacar os que foram sendo criados ao longo da BR-174 e BR-210 (Perimetral 
norte) conforme quadro 1. 
 
 
18 
 
 
QUADRO 1: ESTADO DE RORAIMA - PROJETOS DE ASSENTAMENTO 
DA BR-174 e 210 (PERIMETRAL NORTE). 
PROJETO E LOCALIZAÇÃO ANO DE CRIAÇAO 
Projeto Jatapu – criado em 26 de setembro de 1975. Área de 
160.000 há localizado à margem da BR – 210 (Perimetral 
Norte) a 250 km de Caracaraí e 400 km de Boa Vista 
destinado ao assentamento de 3.000 família de agricultores. 
 
 
1975 
Projeto Anauá – criado pela Resolução de nº 141, de 07 de 
outubro de 1975, localizado no município de Caracaraí e foi 
alterado pela Resolução de nº 95, de 11 de junho de 1979, 
definiu-se que a área do projeto Anauá é de 221.832,2046 há 
e sua capacidade de assentamento é de 3.460 unidades 
agrícolas familiares. 
 
 
 
1975-1979 
Projeto Novo Paraíso – Possui Área De 85.9670 Há, 
Perímetro 14.517,67. Localização Gleba Barauana, municípios 
de Cantá e Caracaraí/ RR. Com área aproximada de 1.289, 
310 há. Criado em 1995, no dia 19 de outubro com área de 
4.252 há para assentamento de 70 famílias. Foi retificado em 
setembro de 1999, aumentando a área para 24.355 há, com 
200 unidades agrícolas familiares. 
 
 
 
1995 
Projeto Jauaperi BR-210, Seguindo Pela Margem Direita No 
Sentido Manaus/ Boa Vista Sobre O Rio Branco. Foi Criado 
Pela Resolução nº 130, de 31 de maio de 1982, com área de 
15.781, 0 há, para atender a 263 famílias. No exercício de 
2001, o projeto foi marcado, ficando definida a área de 
16.436,1541 há, conforme planta e memorial descritivo / 
(folhas 20 a 27) 
 
 
 
1997 
 
FONTE: SANTOS, 2010, p. 72. 
 
Estes projetos de assentamentos foram à saída para colocar em marcha a 
colonização desta região, pois como afirma Barros (1995), a maioria destes 
migrantes, 
19 
 
 
 
[...] recebiam lotes urbanos de 30 a 50 metros, em ruas perpendiculares 
entre si (reticulado) tendo a rodovia como eixo orientador. Este foi o arranjo 
para o surgimento de todas as aglomerações no sudeste do Estado, antes e 
depois da ação do Incra. (BARROS, 1995, p. 213) 
 
Estes assentamentos, além de proporcionar uma organização agrícola para 
os colonos, também se deu como forma de regularizar a situação fundiária daqueles 
colonos que já ocupavam a região antes de sua criação. Os projetos de 
assentamentos rurais são entendidos como sendo: 
 
[...] a criação de novas unidades de produção agrícola, por meios de 
políticas governamentais visando o reordenamento do uso da terra, com 
benefício de trabalhadores sem terra ou com pouca terra. O que transmite a 
ideia de que tais unidades para se tornarem produtivas necessitem ser 
acompanhadas de outras medidas de apoio, como forma de viabilizar esta 
produção e a permanência do trabalhador na terra. (BERGAMASCO; 
NORDER, 1996, p. 07) 
 
Na Amazônia/Roraima, estes projetos de assentamentos eram 
administrados pelo INCRA, como forma de povoar a região. 
 
No que se refere ao conceito de Colônia, podemos dizer que “é considerada 
como um projeto responsável pelo progresso econômico para a região, devido à 
colonização, povoamento e o incentivo a produção agrícola”. (NAGLIS, 2007, p. 36) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
2 COLONIZAÇÃO NA AMAZÔNIA 
 
Ao buscarmos historicamente o que vem a ser a colonização percebemos 
que esta é a forma que o poder público encontrou para ocupar os espaços 
considerados vazios, para que pudesse assentar famílias para a formação de 
centros agrícolas, onde estes possam desenvolver a agricultura e posteriormente 
vender seus excedentes como forma de sustento da sua família. 
 
O Território Federal do Rio Branco foi criado através do decreto de Lei nº 
5.812/ 43, no governo de Getúlio Vargas, sendo que em 1962 teve seu nome 
alterado para Território Federal de Roraima. 
 
Foi criada uma estrutura administrativa para gerir a implantação da mais 
nova unidade da federação. O Território teve a pessoa do capitão Ene 
Garcez dos Reis o seuprimeiro governador, que nesta época criou alguns 
órgãos administrativos a exemplo do Departamento de Serviços Públicos, 
06 Divisões (Saúde, Educação, Assistência e Proteção a Infância e 
Juventude, Produção, Obras e Serviços Industriais, Segurança), o Parque 
Nacional da Ilha de Maracá. (SILVA, 2011, p. 27) 
 
Com essa estrutura administrativa no Território Federal de Roraima, houve o 
incentivo no processo de ocupação atraindo mão de obra e cargos administrativos. 
Outro fator determinante no processo de ocupação da Amazônia, particularmente 
em Roraima, foi a busca por terras, conforme Souza (2006): 
 
Nos tempos mais recentes, o motivo para a ocupação da região foi a busca 
por terras. A tônica foram os projetos de grande envergadura, sejam 
aqueles norteados pelo grande capital, na área extrativa, agrícola ou 
industrial, sejam os capitaneados pelo Estado, de infra-estrutura e de 
assentamento e colonização de pequenos e médios proprietários. A 
abertura da fronteira engendrou novos pólos de atração que se moveram de 
acordo com as frentes abertas, o capital envolvido e os recursos 
disponibilizados. Neste período as migrações se intensificaram, confirmando 
situações tradicionais – como a entrada de nordestinos – e configurando 
novas situações, como os deslocamentos de paranaenses e gaúchos, por 
exemplo. (SOUZA, 2006, p. 30-31) 
 
Nesse contexto, as frentes pioneiras foram de grande importância para o 
povoamento do então Território Federal de Roraima, hoje estado de Roraima. Ainda 
no que tange o povoamento do estado de Roraima, podemos dizer de acordo com 
Silva (2011), que a Amazônia foi objeto de preocupação por parte do governo 
21 
 
 
federal principalmente ao longo da década de 1970 durante os governos militares. 
Nesse período, foram criadas políticas públicas que visavam à ocupação e o 
desenvolvimento das faixas de terras mais longínquas, principalmente as de 
fronteiras. 
 
A ideia governista de povoamento da Amazônia fez com que inúmeros 
migrantes deixassem seus estados de origem e viessem em busca de novos 
desafios, novas oportunidades de vida, onde a busca pela terra em nome da 
sobrevivência falou mais alto do que o medo do desconhecido. Santos (2004) afirma 
que desde o século XVIII o Estado marca sua forte presença na Amazônia. No 
entanto, foi somente após 1964 que o poder público, através da imposição de um 
projeto de modernização inseriu a Amazônia nas bases produtivas nacionais. Esta 
profunda e abrangente intervenção atingiu o cotidiano das populações amazônicas, 
transformando o espaço e modificando o universo das relações econômicas, sociais 
e políticas. 
 
Vargas ao criar os territórios tinha como objetivo defender essas imensidões 
de áreas não povoadas contra a invasão de inimigos estrangeiros, incentivando a 
migração, em especial de nordestinos, mas desejava também o desenvolvimento 
sócio-econômico dessas terras, aproveitando os recursos existentes nas mesmas. 
 
Patarra e Cunha (1987 apud CONCEIÇÃO, 2011), ressaltam que à medida 
que avançamos na história, encontramo-nos com novos tipos de movimentos que 
decorrem de modificações estruturais e até mesmo conjunturais no espaço, 
possibilitando ao indivíduo que migra a inserção em uma realidade na qual ele se 
torna sujeito no processo de modificações que venha a ocorrer. 
 
Os movimentos migratórios para Roraima ora se deram em função da 
exploração mineral, década de 30, posteriormente década de 80; ora em busca de 
terras, incentivados pela política de colonização. Este processo foi uma forma que o 
governo encontrou para povoar o Estado. Assim, o fluxo migratório para Roraima se 
deu em várias partes do estado, mas com uma concentração maior na capital Boa 
Vista. De acordo com Barbosa (1993, p. 139) 
22 
 
 
 
Os primeiros dados oficiais confirmando a política de ocupação do Território 
são relatados através dos recenseamentos de 1950, que conta com 18.116 
habitantes, e 1960, com 28.302 habitantes. A população apresentou taxas 
médias de crescimento anual de 5,49% e 4,65% para os decênios de 
1940/50 e 1950/60 respectivamente. 
 
Na verdade, os migrantes sempre fizeram parte do processo de ocupação 
do estado de Roraima. No entanto, houve um período de maior intensificação 
migratória em Roraima, conforme cita Silva (2011, p. 38), 
 
No caso de Roraima, a intensificação da migração acabou sendo 
influenciada pela integração física de Roraima ao Amazonas, que ocorre na 
segunda metade da década de 1970, quando o Estado sai do isolamento 
terrestre, com a construção da estrada BR 174. Até essa década, Roraima 
dependia do rio Branco para transporte, e o rio não era navegável durante 
todo ano. A partir da construção da estrada houve uma intensificação do 
processo de migração para essa região. (SILVA, 2011, p. 38) 
 
Neste sentido, a BR-174 é um propulsor no processo migratório em 
Roraima, pois a partir de sua abertura intensificou o processo migratório no Estado, 
assim também como os projetos de assentamento que tem grande participação 
nesse processo. 
 
Sendo assim, percebemos que a BR-174 muito contribuiu no processo de 
ocupação recente no estado de Roraima (como, também, as BRs 210 e 
401), atraindo assim levas de migrantes estimulados pelos projetos de 
assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(INCRA), influenciando decisivamente na dinâmica econômica e na 
configuração territorial de Roraima. Acrescenta ainda o autor que, no 
contexto de sua construção, a BR-174 - construída a partir de intensos 
conflitos e gerando um desflorestamento - alterou as dinâmicas espaciais e 
imprimiu uma nova lógica na organização espacial. (OLIVEIRA, 2007, p. 9-
14). 
 
O fato é que a BR-174 é uma das “contribuintes” desse processo de 
implantação dos assentamentos rurais em Roraima, pois conforme verificamos foi a 
partir de sua criação que houve um intenso movimento migratório para a região em 
que estava ocorrendo sua abertura, apesar de que o processo de abertura da BR-
23 
 
 
174 não ocorreu de forma pacífica, houveram muitos conflitos, dentre eles os 
conflitos com indígenas Waimir-Atroari. 
 
Outro fator considerado importante para, a questão da instalação dos 
migrantes em Roraima foram os projetos de assentamentos rurais, que foi um dos 
grandes atrativos para as pessoas que estavam buscando novas oportunidades. 
Essa política de colonização (os assentamentos rurais) é implementada de fato ao 
final da década de 60 e foi decisiva na ocupação do território e na consolidação das 
colônias agrícolas. 
 
2.1 A COLONIZAÇÃO EM RORAIMA 
 
Uma das formas de se povoar Roraima foi através dos projetos de 
assentamento rurais. Segundo Silva (2011) a região amazônica se tornaria por meio 
da intervenção do Governo um poderoso centro de “engrandecimento” nacional, com 
o povoamento e a fixação do homem na terra, através dos projetos de colonização 
agrícolas. 
 
De acordo com Oliveira (2005) a primeira tentativa de colonização na 
Amazônia ocorreu em 1789 através da migração dirigida com base na colonização 
agrícola, sendo esta uma forma que o poder público brasileiro achava para fazer o 
adensamento populacional do país. 
 
Muitas tentativas foram feitas como forma de estimular a vinda dos colonos 
para a região Amazônica, conforme o que diz Oliveira (1983, p. 226) 
 
Tentativas então foram feitas pelo governo, através de uma migração 
dirigida, no sentido de estimular e orientar a vinda para o Amazonas tanto 
de brasileiros quanto de estrangeiros para a colonização agrícola. Criou-se 
um fundo especial para incentivar essa forma de colonização. 
 
Um dos objetivos dessa ocupação era justamentea proteção às fronteiras 
dada através da ocupação humana, e para que isto ocorresse havia o incentivo por 
parte do governo Federal, inclusive através de incentivos fiscais. O que se percebeu 
24 
 
 
foi que este método não funcionou, neste período, pois no início do século XIX, o 
ciclo da borracha se sobrepôs a questão agrícola, recebendo inúmeros migrantes 
para trabalhar nos seringais. (OLIVEIRA, 2005). O que se difere dos acontecimentos 
do século XX, principalmente em seu início, conforme veremos. 
 
Mas no início do século XX, devido à concorrência asiática, a produção do 
látex brasileiro entrou em decadência, o que fez com que o governo, criasse através 
da Lei nº 2542-A/1912 o Plano de Valorização da Amazônia. Neste caso, para que 
houvesse a efetivação deste plano foram criados órgãos que desempenharam 
funções específicas, o que também não deu muito certo porque não possuíam 
recursos financeiros e mão de obra suficiente. 
 
Ainda no século XX começam as frentes pioneiras agropecuárias, e as que 
ocorrem em busca de minério, essas frentes pioneiras tiveram início no Nordeste 
brasileiro, rumo a Amazônia, e se intensificaram nos anos 50 e 60. (OLIVEIRA, 
2005). 
 
No estado de Roraima os assentamentos agrícolas foram uma segunda 
estratégia para o povoamento e desenvolvimento econômico, adotada pelo governo, 
pois antes da implantação dos assentamentos agrícolas, a economia era pautada na 
pecuária. Mas devido a inúmeros fatores no Nordeste, como a seca que assolou 
aquela região no final do século XIX, e posteriormente o “boom” da borracha na 
região Norte, a migração espontânea ocorreu devido à forma insalubre que se dava 
o trabalho nos seringais. (OLIVEIRA, 2005) 
 
Segundo Becker (1990,p.33) “o intenso processo de ocupação pelo qual 
passou a Amazônia” contribuiu para o desenvolvimento da migração em Roraima 
através dos assentamentos agrícolas. 
 
Neste contexto, as políticas de ocupação dirigida em Roraima, recomeçaram 
com os mesmos discursos de se proteger as fronteiras. De acordo com Mourão 
(2003, p. 219) “en el estado de Roraima, como fue comentado, la mayoría de los 
proyectos son fruto de interesses políticos locales o de circunstancias específicas 
25 
 
 
[...]1”. Este sempre direcionado para o interesse político, mesmo que estes 
interesses venham a povoar regiões que antes seriam impossíveis de serem 
habitadas. 
 
Veras (2009 p. 78): afirma que “até o ano de 1940 os habitantes do Estado 
concentravam-se no meio rural e a transformação da área em Território Federal do 
Rio Branco, em 1943, gerou uma mobilidade crescente de moradores vindos do 
interior e um fluxo migratório de outras regiões do país para a capital Boa Vista”. 
 
E esses assentamentos agrícolas além de povoar também tinham a função 
de produzir alimentos, e desta forma suprir as necessidades de consumo da 
população boavistense, além de procurar diminuir a dependência de consumo dos 
produtos de Manaus. 
 
A razão está, sobretudo com o fim da guerra, cuja preocupação voltou-se 
para as áreas de maior interesse econômico e político. Quanto ao desenvolvimento 
da região, Cavalcanti afirma que: 
 
O maior obstáculo ao desenvolvimento econômico do Território Federal do 
Rio Branco e à ação administrativa do governo seja o povoamento da 
região, pois enquanto não houver uma ocupação efetiva do solo imenso e 
vazio, as possibilidades da terra em todos os setores permaneceram 
sempre como uma riqueza potencial, pois entre os territórios federais 
situados na bacia Amazônica, o território do Rio Branco, era o que possuía 
o menor contingente populacional (CAVALCANTI,1949,p.40). 
 
Com aporte ainda em Cavalcante (1949) “o incentivo da agricultura no 
Território Federal do Rio Branco visou de início, os seguintes pontos essenciais: 
abastecimento alimentar e formação de riqueza regional; venda das sobras do 
abastecimento e melhoria do padrão de vida do rio-branquense” 
(CAVALCANTI,1949,p.31). 
 
A colonização dirigida foi à solução encontrada para a ocupação da região e 
para o abastecimento do mercado da capital de produtos agrícolas e 
hortifrutigranjeiros. 
 
1“No estado de Roraima, como foi comentado, a maioria dos projetos são fruto de interesses políticos 
locais ou se circunstâncias específicas [...]” 
26 
 
 
 
 
2.2 A COLÔNIA FERNANDO COSTA 
 
A Colônia Agrícola Fernando Costa, localizada à margem direita do Rio 
Mucajaí, a qual foi à primeira colônia a ser criada, em 1944, localizada a 54 km ao 
sul de Boa Vista (atual município de Mucajaí), FIGURA 1. 
 
FIGURA 1 – Município de Mucajaí, Estado de Roraima. 
 
Fonte: SEPLAN/CGPTERR 
 
As outras duas foram à colônia Coronel Mota (atual Taiano), localizada a 93 
km de Boa Vista, fundada em 1953. Tratava-se de uma colonização com imigrantes 
estrangeiros, com 20 famílias japonesas, a fim de produzirem pimenta-do-reino e 
hortaliças. Nesta colônia também se encontravam nordestinos, com destaque para 
os paraibanos, com a cultura do tabaco. 
27 
 
 
 
E a colônia Braz de Aguiar (atual município do Cantá), localizada a 30 km a 
sudoeste de Boa Vista. Em 1957 existiam na referida colônia 58 famílias assentadas 
que produziam arroz e mandioca. (SILVEIRA & GATTI, 1988) 
 
No caso dos colonos da Colônia Fernando Costa, eles não ocuparam terras 
de ocupação antiga, pelo contrário, os primeiros colonos que ali chegaram tiveram 
que desbravar aquelas terras para viverem. Muitas foram as dificuldades 
encontradas por eles. Além de inúmeros problemas que surgem ao se depararem 
com terras antes inexploráveis. 
 
Desta forma as dificuldades vão além da questão da terra envolve desde o 
acesso a localidade até a própria instalação do colono. Com a criação do território, o 
Rio Branco experimentou pela primeira vez tentativa de ocupação mais efetiva. 
 
A maioria dos migrantes que chegavam aos locais de colonização 
encontravam dificuldades em se fixar à terra, devido à falta de políticas públicas, 
como melhoria de acesso aos serviços básicos de saúde, educação entre outros que 
são necessários para o desenvolvimento. Mourão (2003) relata que a maioria destes 
projetos de assentamento não permite integração socioeconômica e cultural dos 
colonos, o que dificulta a sua permanência destes colonos nestas regiões. 
 
De fato, isto poucas vezes aconteceu, pois como já fora citado, os incentivos 
por parte do governo eram poucos o que dificultava a produção, além de todo 
transtorno que existia por causa das dificuldades no deslocamento dessa produção 
para chegar a capital Boa Vista. Por muito tempo a capital continuou comprando a 
preços abusivos de outros estados. 
 
De acordo com Magalhães (2008) o governador Ene Garcez revelou que 
tinha consciência dos percalços da colonização dirigida, pois as condições de 
acessibilidade a essas colônias eram extremamente precárias, o que dificultou, de 
certa forma, a viabilidade destes empreendimentos em curto espaço de tempo. 
 
28 
 
 
Além de todos os imprevistos que vieram a acontecer durante o processo de 
implantação destas colônias, podemos destacar dentre eles as doenças, como por 
exemplo, a malária, que assombrou muitos dos colonos recém chegados. Muitos 
agricultores abandonaram seus lotes com medo da morte causada pela doença. 
 
Portanto, podemos dizer que diante das dificuldades de locomoção, 
instalação nos lotes, ainda existiam as doenças que assolavam os moradores, 
conforme já citamos anteriormente, sendo esta uma das principais causas de 
abandono de lotes, uma vez que estes adoeciam recorrentemente e ficavamimpossibilitados de prosseguirem com os lotes. Isso de certa forma prejudicou o real 
interesse de ocupação daquela área, que era justamente, a produção de verduras e 
hortaliças para o abastecimento da capital Boa Vista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
3 A HISTORIOGRAFIA SOBRE A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO RORAIMENSE 
 
Atualmente muitos são os pesquisadores que dedicam seu tempo em busca 
de novas informações a respeito dos migrantes. Sendo que os migrantes fazem 
parte da constituição de muitas cidades brasileiras, e Roraima não fica distante 
dessa realidade, pois a migração está intrinsicamente relacionada a ocupação do 
estado de Roraima. 
 
Ao fazermos o levantamento bibliográfico percebemos que o processo 
migratório envolve muitos fatores, dentre eles o econômico, social e político, 
conforme afirma Brito (2007, p. 09) 
 
A migração é um fenômeno que vai além do fator econômico, está inserida 
em uma ampla mudança social e cultural, tanto individual, quanto coletiva. A 
população precisa ser mobilizada socialmente para que seja atraída pela 
sociedade em desenvolvimento. Diante das novas possibilidades de 
participação social ela se coloca disponível para a emigração. Esse 
processo de mobilização social em direção a sociedade em 
desenvolvimento, e o que define a migração e faz dela um processo que se 
estende desde o lugar de origem até a integração do migrante no lugar de 
destino. (BRITO, 2007, p. 9) 
 
Percebe-se então que a migração surge como uma “saída” para aqueles que 
nela se aventuram. A maioria dos migrantes deixam suas terras em busca de novas 
oportunidades. Um dado interessante é que a migração sempre se fez presente na 
vida do homem, desde os primórdios, inclusive desta forma é que houve o 
povoamento da terra. 
 
No estado de Roraima, conforme já mencionado anteriormente, a ocupação 
foi impulsionada por um processo migratório a partir do planejamento e criação de 
colônias agrícolas e posteriormente os assentamentos da reforma agrária. 
 
As colônias agrícolas foram planejadas e implantadas com intuito de suprir 
as necessidades de produtos agrícolas, ou seja, a ideia era colonizar a região e 
transformá-la em um centro agrícola que pudesse suprir a necessidade da capital 
Boa Vista. Oliveira (2005) afirma que “a colonização dirigida parecia ser a alternativa 
30 
 
 
que estava faltando para desenvolver a economia na região e abastecer o mercado 
da cidade de produtos agrícolas”. 
 
Neste contexto, os estudos aqui apontados são baseados na visão dos 
autores Di Manso (2004) e Oliveira (2005) que trabalharam a colonização agrícola 
em Roraima. 
 
3.1 COLONIZAÇÃO AGRÍCOLA NA VISÃO DE DI MANSO 
 
A Colônia Agrícola Fernando Costa, atual município de Mucajaí passou por 
várias tentativas de criação até firmar como colônia agrícola. No ano de 1944, Ene 
Garcez foi nomeado o primeiro governador do então Território de Roraima, pelo 
então presidente Getúlio Vargas. Diante desse contexto o então recém nomeado 
governador decide criar a Colônia Agrícola Fernando Costa, este nome se deu em 
homenagem ao então Ministro da Agricultura. Di Manso (2004, p. 12) demonstra 
que: 
 
A colônia foi criada mediante a necessidade de se ter um núcleo produtor 
que abastecesse a cidade de Boa Vista com produtos de primeira 
necessidade, pois, com a criação do novo território, os funcionários do 
governo que pra cá foram trazidos provocaram um aumento populacional, e 
a capital por si só não tinha como suprir a demanda de alimentos. 
Principalmente porque tudo que aqui chegava vinha a barco de Manaus e 
na época do verão, como as águas baixavam, muitas vezes os barcos 
encalhavam. Isso dificultava muito a vinda de certos produtos, provocando 
um racionamento de mantimentos. Cada família receberia uma quantidade 
proporcional ao número de pessoas que moravam na mesma casa. 
 
A implantação da Colônia Agrícola Fernando Costa ocorreu nas 
proximidades do rio Mucajaí, sendo os migrantes responsáveis por este processo, 
dentre os migrantes que povoaram aquela região citamos os nordestinos, grupo este 
de maior expressão. 
 
Os nordestinos são figuras marcantes em todos os processos de 
colonização do atual Estado de Roraima. E no caso da colônia Fernando Costa, 
ressaltamos os maranhenses como em maior número. Estes viam no estado a 
possibilidade de melhorar suas condições de vida, uma vez que o Estado de 
31 
 
 
Roraima encontrava-se em expansão, por ser um estado recém-criado e em 
processo de colonização de suas terras. 
 
Como já citado anteriormente, esta colônia foi criada para que seus 
colonizadores criassem uma agricultura de subsistência que pudesse abastecer a 
capital, mas as condições de acesso àquela região eram totalmente precárias. Os 
colonos tinham por obrigação produzir insumos para a demanda da capital, para 
tanto além da terra os mesmos recebiam ferramentas e sementes para que 
pudessem produzir no lote. 
 
Esta autora também afirma que houve três tentativas no sentido de implantar 
a colonização daquela região. De acordo com Di Manso, 
 
A primeira tentativa de colonização ocorreu em fins de 1945, quando a 
colônia começou a se organizar á margem do Rio Mucajaí. Cerca de oito 
famílias foram levadas para o local, que passou a ser conhecido como 
colônia Fernando Costa, cujos patriarcas foram: Raimundo Germiniano de 
Almeida, Joaquim Estevão de Araújo, Chagas “Pintor”, Genésio Rufino, 
Lindolpho Braga Pires, Firmino (primeiro enfermeiro) e Caboclo “Rancho”. 
(DI MANSO, 2004, p. 13) 
 
Ernandes Dantas (2006) afirma que a primeira tentativa é um período em 
que não houve apoio efetivo por parte do governo do território, que seria uma 
espécie de experiência. “Os colonos recebiam uma área de 20 hectares onde 
deveriam realizar uma missão praticamente impossível: produzir gêneros agrícolas 
suficientes para abastecer o mercado de Boa Vista”. No que se refere ao impossível, 
este fato se dá devido às dificuldades para habitar aquela região, uma vez que não 
existia nenhuma estrutura para aqueles colonos. 
 
Isso fez com que a proposta de assentamento não fosse bem vista pelos 
colonizadores, levando os mesmos a buscarem alternativas mais viáveis. Deixando 
assim aquela região praticamente desabitada. De acordo com Di Manso (2004) 
 
Durante cerca de um ano e meio, os únicos moradores da região foram o Sr 
Raimundo Germiniano de Almeida, sua esposa, a Sr.a Francisca Batista de 
Almeida, seus filhos José (Dedé), Maria (Enfermeira), Anita, Evanilde, 
Roldão, João, Fátima, Antonia, todos com o sobrenome Batista de Almeida. 
Viviam da caça e da pesca e só se separavam quando precisavam ir a Boa 
32 
 
 
Vista. O pai partia com os dois mais velhos e a mãe ficava sozinha. Iam de 
canoa a remo, o único transporte disponível. [...] Remavam três dias na 
subida ( ida) e um dia na descida (volta), aproveitando as forças das águas. 
 
Percebe-se o quanto era difícil a vinda deles até à capital, e as dificuldades 
que enfrentavam estes colonos para escoar sua produção. Então aqueles objetivos 
que eram almejados com a criação da Colônia Agrícola Fernando Costa, estavam 
longe de serem alcançados, pois devido a falta de incentivo por parte do governo e a 
produção de subsistência dos poucos habitantes que ali ficaram. 
 
Desta forma a primeira tentativa de implantação da Colônia Agrícola 
Fernando Costa jamais se efetivou. Mas os moradores que estavam instalados na 
região não desistiram e buscaram o reconhecimento de suas terras, desta forma foi 
necessário investir na política de colonização e surgiu a segunda tentativa.Como não houve efetivação da Colônia Fernando Costa no período de 1943 
a 1946 o governo decide mais uma vez levar famílias para habitarem a região, como 
forma de dar continuidade ao então projeto agrícola. Portanto, a iniciativa do 
governo em (re)habitar a região não estava surtindo efeito; pois apesar do governo 
dar subsídios para que os mesmos ficassem na região, muitos colonos ao se 
depararem com a realidade encontrada desistiam imediatamente de permanecerem 
no local. 
 
Vale ressaltar que, além das precárias condições de deslocamento à região, 
neste período muitos colonos morreram em decorrência da malária, doença que 
assolava a região neste período. E como para se chegar a capital era muito difícil, 
muitos colonos morriam nas suas casas mesmo. 
 
Os colonos que permaneciam na região alimentavam um desejo de 
possuírem suas terras e assim produzirem e crescerem no que tange a posse tão 
sonhada ao deixarem suas terras de origem. Já Di Manso (2004) acredita que 
muitos colonos que chegavam a estes projetos de assentamento estavam vindos de 
outros assentamentos que não deram certos e desta forma buscavam outro que 
tinham ouvido falar, ou seja, buscavam a sorte literalmente. 
 
33 
 
 
Segundo a professora Terezinha de Jesus Barros Guimarães, filha de 
Aniceto Viera Barros, seu pai e seu tio vieram para Roraima atraídos pelo 
garimpo. Aqui conheceram (...), o advogado Miguel Ximenes Melo, que os 
convenceu a trazerem suas famílias para Colônia Fernando Costa, dizendo 
que “investir na agricultura era muito mais seguro do que arriscar a sorte 
nos garimpos”, comenta ela. Assim o governo deu a ele o dinheiro para 
agilizar as passagens e os preparativos para a viagem. (Di MANSO, 
2004,p.19) 
 
Através desta fala fica nítido o interesse de muitos migrantes que vieram 
para Roraima, que buscaram a exploração de minério (garimpo) uma nova 
esperança. Neste contexto, a política de colonização não surtiu efeito e a terceira 
tentativa com novas investidas foram realizadas no sentido de efetivar a criação da 
colônia. 
 
O fato é que a Colônia Fernando Costa foi oficialmente criada em 1951, 
como projeto de assentamento, mais tarde passou a chamar-se Mucajaí e 
atualmente faz parte do grupo de municípios que compõem o estado de Roraima. 
Após sua efetivação Di Manso (2004) nos mostra que: 
 
[...] o governo passou a investir efetivamente na região, no sentido de criar 
um centro agrícola que correspondesse aos desejos do ato de criação de 
colônia: produção de alimentos. Mas a concretização da terceira tentatativa 
de colonização se deu com o assentamento de 50 famílias na região. Tal 
façanha se deu no governo do pernambucano Gerocílio Gueiros, sob a 
responsabilidade dos também migrantes Domingos Reis, José Firmino de 
Azevedo e Pedro “Crente”. 
 
De forma geral, o governo passou a investir na colônia agrícola Fernando 
Costa, com políticas mais efetivas. O governo auxiliou os colonos com programas de 
distribuição de sementes e outros insumos como também com medicação, pois 
muitos adoeciam, conforme veremos abaixo: 
 
O governo ajudava com sementes, para o cultivo de arroz, feijão e milho, 
arranjava mudas de mandioca, usadas para consumo e produção de 
farinha; distribuía ferramentas, como machados, foices, enxadas e terçados; 
se responsabilizava também por remédios, principalmente para o combate à 
malária, muito frequente na época, e concedia uma ajuda de custo durante 
os dez primeiros meses de assentamento, tempo que se acreditava ser 
suficiente para que os colonos já pudessem se sustentar por conta própria. 
(DI MANSO, 2004, p. 22) 
 
Neste caso, houve investimentos mais concretos na área com as pessoas 
que ali moravam, visando a permanência delas na região. Houve também melhorias 
34 
 
 
na infraestrutura, o que de certa forma ajuda a fixar as pessoas na colônia. Com a 
conclusão da BR-174 houve um grande salto para os moradores da região, pois 
agora eles poderiam transportar suas produções, e desta forma atender os objetivos 
ao qual lhes foi incumbido, que é abastecer a capital Boa Vista. 
 
 
3.2 COLONIZAÇÃO AGRÍCOLA NA VISÃO DE INDIRA DE OLIVEIRA 
 
De acordo com Oliveira (2005) ao longo da história do Brasil, o estímulo ao 
processo de migração tanto dirigido quanto espontâneo, por parte da administração 
pública, foi de fundamental importância para a colonização agrícola do território 
Nacional. Tal fato foi um dos principais responsáveis pelo povoamento das regiões 
com baixa densidade demográfica, além de viabilizar a tentativa de proteger as 
fronteiras políticas do país através da ocupação humana. 
 
Dentre as regiões citamos a Região Norte que segundo Oliveira fazia parte 
de um projeto estatual definido de colonização agrícola, o qual era amplamente 
divulgado nos meios de comunicação de massa criando um imaginário coletivo, 
junto à população pobre do país, especialmente do Nordeste para virem habitar e 
colonizar essas áreas despovoadas. 
 
A autora traz também informações sobre o processo de colonização, 
inclusive no Estado de Roraima, com especificidades que detalham o processo de 
colonização da região, com a implantação das colônias agrícolas. 
 
No que se refere à implantação das Colônias Agrícolas, citamos a Colônia 
Fernando Costa, onde Oliveira (2005) ressalta que houveram três tentativas. A 
primeira tentativa ocorreu em plena “Era Vargas”, porém essa primeira não se 
consolidou uma vez que quando os colonos lá estavam, perceberam que não seria 
implementada a infraestrutura mínima para a fixação e produtividade, a 
abandonaram. 
 
Entre 1947 a 1.949, houve uma segunda tentativa, mas que pelos mesmos 
motivos não deu certo. Somente e 1.951 foram criadas as condições infra-estruturais 
35 
 
 
de colonização agrícola: a abertura de estradas e outras estradas – vicinais e 
incentivos financeiros, condições essas que fizeram com que os trabalhadores rurais 
não só se fixassem na colônia, bem como deu continuidade a mentalidade junto a 
estes de que em Roraima o Governo lhes proporcionaria, cedo ou tarde, as devidas 
condições ao desenvolvimento da atividade agrícola 
 
Ainda segundo Oliveira (2005) como a estratégia e infra- estrutura adotadas 
pelo governo para consolidar a Colônia Fernando Costa deram resultados positivos, 
marcando a conquista da parte sul florestal de Roraima, esse mesmo modelo foi 
utilizado para a criação da colônia Coronel Mota (1.953), atual Taiano e da Colônia 
Agrícola Braz de Aguiar (1.957), atual Cantá, originando assim, novos núcleos 
populacionais no Território. 
 
De acordo com a autora essas colônias agrícolas foram formadas seguindo 
o modelo tradicional para assentamento conhecido por “espinha de peixe”, ou seja, é 
aberta uma estrada principal chamada de tronco, que normalmente dá continuidade 
a rodovia ou estrada de acesso a localidade e, perpendicular a esta, são abertas as 
demais estradas chamadas de vicinais. 
 
Oliveira ressalta também as constantes endemias de doenças tropicais, 
principalmente de malária no inicio da implantação das colônias agrícolas, fazendo 
com que muitos trabalhadores abandonassem seus lotes. E por fim, menciona que a 
continuidade da estratégia de cunho paternalista iniciada por Vargas, no que diz 
respeito à colonização agrícola, particularmente em Roraima, deu resultados 
positivos no que tange ao adensamento populacional sobre o território. 
 
A população do estado de Roraima, segundo dados do IBGE (2002), 
contabilizou em 1950 18.116 indivíduos, 28.304 habitantes em 1960, 40.885 
habitantes em 1970, chegando a 79.159 pessoas em 1980. No ano de 2000 chegou 
a 324.397habitantes, distribuídos entreos 15 municípios do estado. 
 
No entanto, os objetivos de povoar, integrar essa região ao processo 
produtivo e expandir a fronteira agrícola foram alcançados de forma parcial. 
36 
 
 
A visão dos dois autores sobre a criação da Colônia Fernando Costa 
mencionados nos tópicos acima abordam que o processo e colonização do Estado 
de Roraima no início foram muito precários devido à falta de incentivos por parte do 
governo, em especial da Colônia Agrícola Fernando Costa, que passou por várias 
tentativas de criação até firmar como uma colônia agrícola. Di Manso e Oliveira 
ressaltam as constantes endemias de doenças tropicais, principalmente de malária 
no início da implantação das colônias agrícolas no estado. E por fim, mencionam 
que a continuidade da estratégia de cunho paternalista iniciada por Vargas, no que 
diz respeito à colonização agrícola, particularmente em Roraima, deu resultados 
positivos no que tange ao adensamento populacional sobre o território. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Percebe-se que a necessidade humana de buscar novas oportunidades está 
presente desde os primórdios. No entanto, a busca por novas oportunidades se faz 
presente a cada momento, essas oportunidades muitas vezes surgem em lugares 
distantes daqueles que atualmente moramos, eis que surge neste contexto o 
migrante, que deixa seu local de origem em busca de novas oportunidades. 
 
Juntamente com essa vontade de crescer e alçar novos voos, surgem os 
movimentos migratórios que envolvem outros fatores para que possa se efetivar. 
Neste caso, quando trazemos este processo de colonização para a Amazônia, 
observamos que sua ocupação se deu através dos movimentos migratórios. Diante 
da preocupação do governo Federal em perder estas terras e impedindo invasões 
de estrangeiros, houve inúmeros incentivos para assegurar a posse dessas terras. 
 
Dentre elas uma política de colonização voltada para a migração interna, 
como proveito dos espaços nacionais, uma vez que esta era a política do governo 
de Vargas, onde tinha como um dos seus objetivos fomentar o desenvolvimento do 
país de dentro para fora, nestes casos dando prioridade para a produção interna e 
principalmente para o fortalecimento da mão de obra nacional que passa a ser vista 
como política de substituição de importações. 
 
Com relação à Colônia Fernando Costa, hoje município de Mucajaí, muitos 
foram os atores que participaram do processo de sua criação. Vimos que foi devido 
à politica migratória que houve a ocupação deste município. Foram três experiências 
até sua real efetivação. 
 
O que se percebe no final desse estudo é que os colonos que 
permaneceram na Colônia Agrícola Fernando Costa foram guerreiros, pois apesar 
de toda adversidade não abandonaram seus lotes, mesmo em meio às doenças 
dentre elas a malária que assolava a região no período e as precárias condições de 
deslocamento à região que a maioria do percurso para a se chegar a cidade mas 
próxima era feito pelo Rio Branco de canoa e levava dias para chegar a capital e ao 
pouco investimento do governo federal. 
38 
 
 
 
Os colonos que permaneciam na região, alimentavam um desejo de 
possuírem suas terras e assim produzirem e crescerem no que tange a posse tão 
sonhada ao deixarem suas terras de origem. 
 
Como percebemos nos autores trabalhados como Oliveira (2005) que trata o 
processo de migração de uma forma geral, enfatizando o papel do migrante e sua 
importância para o desenvolvimento do campo. Outra que contribuiu para o 
entendimento do processo de colonização do então município de Mucajaí, que na 
época se chamava Colônia Agrícola Fernando Costa, foi Di Manso (2004), que traz a 
visão dos próprios moradores em relação ao processo de criação de Mucajaí. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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