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Síntese do texto "Os Arautos da Reforma e a Consolidação do Consenso" - Eneida Otto Shiroma

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
DISCIPLINA DE ESTRUTURA POLÍTICA E GESTÃO EDUCACIONAL
PROFESSORA CLARICE ZIENTARSKI
SÍNTESE DO TEXTO “OS ARAUTOS DA REFORMA E A CONSOLIDAÇÃO DO CONSENSO”
Aluna: Viviane Teixeira Lima Ferreira
Fortaleza/CE
01 de dezembro de 2015
SHIROMA, Eneida Oto; MORAIS, Maria Célia Marcondes de; EVANGELISTA, Olinda. POLÍTICA EDUCACIONAL. Editora Lamparina. 4ª ed.
Cap. 2: Os Arautos da Reforma e a Consolidação do Consenso.
SÍNTESE
	O texto trata das reformas educacionais realizadas no Brasil e no mundo na década de 1990 com base no modelo neoliberal que caracterizou o governo de várias nações durante essa época. Esse modelo, graças às suas características baseadas na livre concorrência e na produção, passou a exigir um modelo de educação que se ajustasse a ele. No caso do Brasil, quando o neoliberalismo se instalou no governo com a posse do Fernando Collor de Mello, e a economia passou a ser cada vez mais aberta às multinacionais estrangeiras, e as empresas nacionais não conseguiam concorrer com elas, o que estimulou a busca por vantagens competitivas. Nesse período, a educação passou a ser vista internacionalmente como uma determinante da competitividade, através da qualificação profissional de mão de obra.
	Assim, vários documentos foram desenvolvidos para atender à demanda do modelo que se instalou. Entre eles, está o produzido na Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em 1990 em Jomtien, na Tailândia. Nela, 155 governos comprometeram-se a assegurar uma educação básica de qualidade aos seus cidadãos. Para isso, essas nações deveriam promover uma educação capaz de realizar as necessidades básicas de aprendizagem(NEBAS), que seriam a sobrevivência, o desenvolvimento pleno das capacidades, uma vida e um trabalho dignos, uma participação plena no desenvolvimento, a melhoria da qualidade de vida, a tomada de decisões informadas e a possibilidade de continuar aprendendo. A Carta de Jomtien também atribuía a educação básica não só à escola, mas à família, à comunidade e aos meios de educação. No Brasil, esse documento foi o que inspirou o Plano Decenal de Educação para Todos, no governo Itamar Franco, em 1993.
	Outro documento importante foi o desenvolvido pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) denominado Transformación productiva com equidad, que recomendava o investimento em reformas dos sistemas educativos para adequa-los ao modelo de produção, ofertando habilidades específicas por ele requeridas. Essas habilidades seriam versatilidade, capacidade de inovação, comunicação, motivação, destrezas básicas,flexibilidade para adaptar-se a novas tarefas e habilidades como cálculo, ordenamento de prioridades e clareza na exposição. Esse documento da CEPAL visava a construção de uma moderna cidadania e da competitividade, e considerava que os resultados para o desempenho no mercado de trabalho e os de cidadania deveriam convergir e coincidir.O termo equidade, princípio básico da proposta, é entendidocomo igualdade de acesso à educação, de tratamento e de resultados.
	O relatório Delors, documento desenvolvido entre 1993 e 1996 pela Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, convocada pela UNESCO, indica quais são, ao seu ver, as principais tensões a serem resolvidas no século XXI. Entre elas estão mundializar a cultura e adaptar o indivíduo às demandas de conhecimento científico e tecnológico, mantendo o respeito por sua autonomia. O documento ainda assinala os três desafios para o século: o ingresso de todos os países no campo da ciência e tecnologia; adaptação das várias culturas e modernização das mentalidades à sociedade da informação; e viver democraticamente, ou seja, em comunidade. Para superar esses desafios, a Comissão propões um novo conceito de educação: educação ao longo de toda a vida. Assim, a educação passa a não ser só responsabilidade da escola, mas sim de uma “sociedade educativa” e ao mesmo tempo, “sociedade aprendente”. Nesse documento, a educação básica tem de assegurar a base sólida para a aprendizagem futura,com conteúdo universal . O nível médio deve ter por objetivo a revelação e aprimoramento de talentos, além de preparar técnicos para o mercado de trabalho. Já o Ensino Superior é visto como motor do desenvolvimento econômico, depositário e criador de conhecimento. Nesse modelo proposto pela Comissão, o professor, como agente da mudança, deve ter por características, competência, profissionalismo e devotamento. O Relatório Delors ainda recomenda que o professor exerça outras profissões além da de professor.
	O PROMEDLAC V(Projeto Principal de Educação na América Latina e Caribe), aprovado pelo Comitê Regional Intergovernamental em 1993, batia na mesma tecla que os demais documentos apresentados. Elegeu três objetivos principais, sendo eles a superação do analfabetismo, a universalização da educação básica e a melhoria da qualidade da educação. Este último objetivo era expresso em dois eixos de ação: o institucional e o pedagógico. O primeiro considerava que um dos pontos frágeis do sistema educacional é o mau gerenciamento da União à escola. Para resolver essa situação, previa-se a descentralização e a descontração da administração e a desconcentração da administração por meio da estratégia da autonomia de órgãos estatais e da municipalização do ensino. Propunha-se também um sistema de avaliação segundo padrões internacionais. No eixo pedagógico, enfatizava-se a profissionalização da ação educativa, através de investimentos maciços na profissionalização docente por meio da formação, da atualização e do aperfeiçoamento.
	O Banco Mundial, organismo multilateral de financiamento surgido no pós-guerra, também definiu suas prioridades e estratégias para a educação. Sua motivação para isso teria sido o diagnóstico da existência de 1 bilhão de pobres no mundo, o que levou o Banco a procurar na educação a sustentação para sua política de contenção da pobreza. O documento publicado pelo Banco Mundial em 1995, denominado Prioridades y estrategias para la educación, foi elaborado a partir das conclusões da Conferência Internacional de Educação para Todos, e não apresenta novidades significativas em relação aos demais. Nele, é reiterado o objetivo de eliminar o analfabetismo até o final do século, aumentando a eficácia do ensino e melhorando seu rendimento. Em resumo, no documento o Banco Mundial recomenda mais atenção aos resultados, sistema de avaliação da aprendizagem, e inversão do capital humano atentando para a relação custo-benefício. Além disso, propõe a descentralização da administração das políticas sociais, maior eficicência no gasto social e maior articulação com o setor privado na oferta da educação.
	A Carta Educação, aprovada em 1992 no Fórum Capital-trabalho, que aconteceu na USP, apresenta um diagnóstico do sistema educacional brasileiro questionando os critérios de aplicação dos recursos públicos nesse setor. Esse documento aponta a carência da educação fundamental como principal entrave para a “construção da nação”. Diz também que o Brasil não tem condições de enfrentar a competição internacional graças a inadequação de seu sistema produtivo. Esse problema poderia ser superado através de uma mudança na política educacional.
	Percebe-se através desses documentos que, a partir da década de 90, foram criadas diversas medidas com foco na produtividade que reformaram profundamente o sistema educacional. No Brasil, essas medidas puderam ser vistas a partir do governo Collor, que patrocinou o fórum capital-trabalho. Fernando Henrique Cardoso deu continuidade à esse modelo de educação voltado para a sustentação da base neoliberal, através da parceria entre setor privado e governo. Em 1995, o governo FHC patrocinou um encontro entre representante de vários ministérios e segmentos da sociedade civil, coordenado pelo Ministério do Trabalho, em que foram discutidasestratégias para a educação. As conclusões foram publicadas no mesmo ano, no documento de título Questões críticas da educação brasileira. Esse documento deixa claro que sua intenção é a adequação dos objetivos educacionais à exigências do mercado e a consolidação do cidadão produtivo.
	Entre os educadores, os arautos das reformas foram responsáveis por promover o discurso de justificação das reformas educacionais com base na produtividade. Entre eles, pode-se citar Guiomar Namo de Mello, que publicou, no início da década de 90, o livro Social-democracia e Educação: teses para discussão, em que defendia a tese do “público não-estatal”. Criticava a concentração de poder nos orgãos centrais, a falta de autonomia das escolas, e propunha a revisão dos cursos de professores a criação de um exame para obtenção do título de professor. Em 1993, A mesma autora publicou o livro Cidadania e Competitividade: desafios educacionais do terceiro milênio, contribuindo para a disseminação das propostas da CEPAL para a educação.
	Em 1995, o MEC, com apoio da UNESCO, promoveu um seminário internacional intitulado Professores: formação e profissão. Nesse evento, merece destaque as intervenções da então secretária de Política Educacional do MEC, Eunice Durham. Esta afirmou existir um círculo vicioso envolvendo o decréscimo da remuneração docente, a deteriorização na carreira do magistério, a má qualidade na formação inicial do mestre e a degradação da qualidade do ensino. Durham afirmava ainda que as licenciaturas no Brasil estavam falidas, deixando uma lacuna na formação para o magistério. Mais tarde, a LDBEN aprovada em 1996 iria contemplar essas posições.
	Por fim, Shiroma conclui, fazendo uma análise global das questões levantadas, que a educação continua sendo assunto de Estado. Não só do MEC, mas também de outros ministérios e segmentos sociais relacionados com a economia do país, como a federação de empresários e as centrais sindicais.

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