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TTeeoollooggiiaa Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Introdução.....................................................................................................................3 Unidade 1 – Contextualização Histórica........................................................................4 1.1 – História de Israel .............................................................................................5 1.2 – Palestina em tempos de Jesus.......................................................................... 10 1.3 – História da Igreja ............................................................................................ 16 1.4 – História da igreja medieval ............................................................................. 20 1.5 – História da igreja no Brasil ............................................................................. 22 Unidade 2 – Introdução aos Estudos Religiosos .......................................................... 26 2.1 – A igreja contemporânea.................................................................................. 27 2.2 – Introdução à teologia ...................................................................................... 31 2.3 – Teologia nas religiões..................................................................................... 34 2.4 – Bíblia ............................................................................................................. 39 2.5 – Idiomas da bíblia ............................................................................................ 48 2.6 – Antigo testamento........................................................................................... 52 2.7 – Novo testamento............................................................................................. 54 2.8 – Dogmas .......................................................................................................... 58 Conclusão do Módulo I............................................................................................... 61 3 Introdução Olá! Seja bem-vindo(a) ao Curso de Teologia! Neste curso, estudaremos o povo antigo, que justamente através dos registros divinos do Antigo Testamento tratam os israelitas como o povo escolhido de Deus. Veremos brevemente a história de Israel, as contribuições do povo judeu e todos os fatores que precedem o nascimento do culto cristão. Trataremos das complexas relações ocorridas na Palestina nos tempos de Jesus Cristo. Abordaremos as transformações da instituição Igreja, desde a antiguidade, perpassando pela igreja medieval, chegando à igreja contemporânea e seus desdobramentos sociais e culturais, no Brasil. Daremos introdução à disciplina teológica propriamente dita, falando dos estudos teológicos em suas mais diversas religiões e das suas formas de se relacionar com Deus. Em um segundo momento, adentraremos aos ensinamentos bíblicos, onde mostraremos as importantes reflexões e pensamentos que figuram na bíblia, observando isso sob uma perspectiva filosófica, ou seja, sugerindo possíveis interpretações da palavra divina. Posteriormente, estudaremos a língua utilizada na maioria dos rituais cristãos, o latim. Veremos também uma síntese do Antigo Testamento, livro este, base para os mulçumanos. Em seguida, abordaremos importantes episódios do Novo Testamento de Cristo, bem como os impactos de sua filosofia e de sua doutrina na sociedade daquela época, em alguns momentos, até revolucionária, se considerarmos o contexto sócio- histórico em que foram enunciados seus ensinamentos. Os dogmas serão pormenorizadamente estudados, veremos como se criam os dogmas, e como estes controlam o imaginário das sociedades. Bom estudo! 4 Unidade 1 – Contextualização Histórica Olá! Nesta unidade veremos o panorama histórico de Israel, lugar este que é berço da religião monoteísta. Posteriormente analisaremos a história da Palestina em tempos de Jesus. Trataremos da igreja antiga, seus rituais mais significativos e de que forma exercia influência sobre a sociedade daquela época. Também falaremos da história da igreja medieval e seu aspecto dogmatizador, bem como a história da igreja no Brasil. Analisaremos quais os caminhos da igreja contemporânea, igreja está inserida em um contexto sócio-histórico bem distinto de outrora, ou seja, a sociedade mudou e a igreja teve que acompanhar estas transformações. Por fim, veremos as noções básicas de teologia, tanto do cristianismo quanto nas religiões de um modo geral. Bom curso! 5 1.1 – História de Israel A história de Israel remonta aos primórdios das civilizações. A cidade nasceu num ambiente histórico de três mil anos. Neste período, as nações antigas começavam a desenvolver suas culturas e contavam com uma vasta produção literária. Anteriormente a este período histórico, as crenças se baseavam no animismo, isto é, a manifestação das religiões por meio dos elementos inanimados da natureza. A partir daí, começa-se a se desgarrar deste dogma, passando aos sistemas politeístas de religião. Foi neste ambiente politeísta que a religião em Israel teve sua origem. Sob a orientação de Moisés, como o profeta de Yahweh, a fé de Israel rompe definitivamente com a crença politeísta, resultando finalmente no monoteísmo dos profetas. Após diversos estudos e discussões acerca das narrativas bíblicas sobre a libertação dos israelitas da escravidão no Egito, muito se sabe. De um modo geral, os estudiosos e historiadores não têm mais indagações a respeito da veracidade dos fatos narrados. É muito difícil entender o Antigo Testamento, sob o novo conhecimento das ciências bíblicas, sem levar em conta o momento de transformação da religião, ou seja, sem considerar as experiências dos israelitas no processo de libertação do povo no 6 Egito. Essa libertação foi comandada por Moisés, segundo a bíblia, a fé e a confiança no seu povo permitiram ao profeta liderar o povo judeu a caminho da tão sonhada liberdade. Os escritores da bíblia admitiram que a fé de Abraão teve grande representatividade, entretanto, o fato mais relevante ocorre no concerto de Javé com o povo de Israel, evento ocorrido no Monte Sinai. Foi justamente nesta ocasião que o povo de Israel fora escolhido por Deus. Este sentimento peculiar, a fé do povo de Israel, é o que distingue a religião do Antigo Testamento de todas as outras. De acordo com os escritores bíblicos, a religião era algo com que o fiel se relacionaria pelo resto da vida. A libertação dos israelitas do Egito juntamente com a formaçãoda vida nacional deste povo se estabeleceram solidamente sedimentadas em suas tradições religiosas. Neste sentido, a Páscoa fora guardada em suas tradições com o intuito de lembrar a libertação do povo judeu. As doutrinas teológicas dos israelenses nasceram das suas relações com o Deus todo poderoso, e nestas experiências religiosas, Deus era quem tomava a iniciativa, isto é, dava as direções certas. Por trás da história de Moisés, havia a orientação maior do poder do Senhor. A decisão de Deus em tornar Israel o povo santo, foi anunciada por Moisés, o mensageiro de Deus. Resumo da história de Israel Abraão foi chamado de “Ur dos Caldeus”, o primeiro judeu. Deus fez promessas a ele, a respeito da terra de Canaã, e sua semente. Ele morreu sem ter recebido estas promessas. Isaac era filho de Abraão do qual estava preparado para oferecer o seu filho em sacrifício. Abraão era fiel, e Deus confirmou Sua promessa feita a ele por um 7 juramento. A vontade de Isaac de morrer em obediência ao mandamento de seu pai é como se fosse a imitação de Cristo. As promessas foram renovadas a Isaac (Gen.26:3-5) Jacó era filho de Isaac. As promessas foram repetidas para ele também. Ele teve 12 filhos, Rúben era o mais velho, Benjamin o mais novo. Levi foi aquele de quem os sacerdotes descendiam e José era o favorito. José tinha dois irmãos. Eles ficaram com ciúmes e o venderam como escravo para o Egito. Lá ele se tornou um governante e organizou a conservação de milho para ser usado durante sete anos de fome que afligia a região. Durante este tempo, Jacó e seus filhos vieram morar com José no Egito. Eles e seus descendentes viveram em Goshen, no Egito. Um faraó, tempos depois, perseguiu o povo de Israel, tornando-os escravos. Moisés nasceu neste tempo. O bebê estava escondido em juncos, depois encontrado pela filha do faraó e adotado por ela. Quando era jovem, matou um egípcio que estava batendo em um israelita. Moisés fugiu para Midiã, onde trabalhou por 40 anos, como pastor. Deus então apareceu para ele em uma sarça ardente. Foi-lhe dito para ir até o faraó e exigir a libertação de Israel. Ele fez milagres para provar que ele era realmente enviado de Deus. No entanto, o faraó não abriria mão de Israel, portanto, dez pragas foram enviadas sobre o Egito, por exemplo, rãs, escuridão, granizo e, finalmente, matar todos os primogênitos. Os israelitas tiveram que matar um cordeiro e aspergir o sangue na porta de suas casas. Isto apontava para a forma como o sangue de Jesus pode nos salvar da morte. Esta festa se tornou conhecida como a Páscoa. 8 Êxodo Os israelitas foram finalmente autorizados a deixar o Egito. Eles viajaram guiados por um anjo de Deus em uma coluna de nuvem durante o dia, e uma coluna de fogo de noite. O exército do faraó os perseguiu até o Mar Vermelho. As águas se abriram milagrosamente para deixar as pessoas passarem e em seguida as águas voltaram ao normal, afogando os egípcios. O povo de Israel viajou pelo deserto rumo à terra prometida de Canaã. Deus deu-lhes água para beber de uma rocha e pão em forma de maná, e isso, foi fornecido todas as manhãs. Quando eles chegaram ao Monte Sinai, Deus lhes deu os dez mandamentos da Lei de Moisés. Eles foram então denominados Reino de Deus e ordenados a fazer uma tenda especial, chamada de tabernáculo, local em que Deus podia ser adorado. Receberam um sumo sacerdote e sacerdotes que poderiam oferecer seus sacrifícios a Deus. Todos os elementos do tabernáculo e do sacerdócio apontavam para Jesus. A Terra Prometida acabou sendo alcançada. Doze espiões foram enviados, dez dos quais voltaram dizendo que era muito difícil tomar a terra de Canaã. Os outros dois espiões, Josué e Calebe disseram a verdade, a terra poderia ser possuída por eles, se tivessem fé nas promessas de Deus. Pelo fato das pessoas compartilharem da mesma atitude dos dez espiões, Israel teve que vagar pelo deserto por 40 anos, até que todos os que tinham mais de 20 anos quando saíram do Egito, já estivessem mortos. Josué foi o sucessor de Moisés, e levou Israel à terra de Canaã. A primeira cidade a ser tomada foi Jericó, onde viveu Raabe, e depois Ai. Uma vez que eles estavam estabelecidos na terra, foram governados por juízes de forma intermitente, embora Deus fosse seu rei real. Estes incluíam homens como Gideão, Jefté e Sansão. Eles todos haviam libertado Israel de seus inimigos, quando se arrependeram de pecar contra Deus. 9 A história de Israel está repleta de exemplos do povo sendo desobediente a Deus, em seguida sendo punido por invasões de nações vizinhas, arrependendo-se de seus pecados, então Deus os liberta e novamente o povo de Israel volta a pecar. O último juiz foi Samuel. Em seu tempo, o povo de Israel rejeitou a Deus como seu rei, pedindo um rei humano, como nas nações ao redor deles. Reis Seu primeiro rei foi Saul, que apesar de começar bem, acabou por ser um homem mau, ele era desobediente aos mandamentos de Deus, e perseguira David. Depois de sua morte, David tornou-se o próximo rei, e foi um dos melhores de Israel. Deus fez grandes promessas para ele. Depois dele, veio seu filho Salomão, que depois de um bom começo foi afastando-se da verdadeira fé, justamente pelas muitas esposas que ele tinha tomado das nações vizinhas. Após sua morte, o reino dividiu-se em dois, dez tribos formaram o reino de Israel, inicialmente sob Jeroboão; das outras duas tribos, Judá e Benjamin, formou-se o reino de Judá, inicialmente sob o comando de Roboão, filho de Salomão. O Reino de Israel (as dez tribos), não teve bons reis. Eles estavam sempre rebeldes contra Deus que enviou-lhes muitos profetas a rogar em seu favor para se arrependerem, mas os fiéis não cediam ao arrependimento. Portanto, os Assírios os invadiram, e os levaram para o cativeiro. Eles estavam espalhados por todo o mundo. O Reino de Judá (as duas tribos) teve alguns reis bons (por exemplo, Ezequias), mas, também, eram geralmente desobedientes a Deus. Os babilônios foram, portanto, enviados para invadi-las, e os mantiveram em cativeiro na Babilônia, por 70 anos. E eles nunca mais tiveram um rei. 10 Após 70 anos, alguns voltaram para a terra de Israel, sob a liderança de Esdras, Neemias, Josué (o Sumo Sacerdote na época) e Zorobabel, o governador. Eles foram governados primeiro pela Pérsia, depois pela Grécia e, finalmente, por Roma. E estavam sob o comando de Roma quando Jesus nasceu. Como resultado da rejeição dos judeus, Deus enviou os romanos para destruir Jerusalém em 70 d.C. Por fim, todos os judeus foram expulsos da terra de Israel. Nos últimos anos, os judeus começaram a voltar para a terra, em cumprimento parcial das profecias do Antigo Testamento. O renascimento do Estado de Israel é um sinal certo de que em breve Jesus voltará para restabelecer o Reino de Israel, como o Reino de Deus. 1.2 – Palestina em tempos de Jesus A Palestina não era nem um pouco semelhante com o que é hoje, e não era um lugar muito agradável para se viver. A política era muitodiferente, o Mar da Galiléia e o Mar Morto eram maiores – o aquecimento global e o assoreamento do Mar Morto, hoje em dia, têm diminuído essas águas nos últimos anos. 11 O Mar da Galiléia estava propenso a tempestades como ainda hoje, mas muito mais nos tempos em que era maior. O clima é quente durante o dia e frio extremo, em especial nas áreas de deserto, à noite. Chuvas eram raras, mas quando chegavam, eram torrenciais. Politicamente, os judeus tinham o seu próprio “rei” (Herodes), embora ele não fosse mais do que um “fantoche” governante, sob o jugo do Império Romano. O governador da região no tempo de Jesus, especialmente no momento da crucificação, foi Pôncio Pilatos. Pilatos não teria sido particularmente bem respeitado pelo imperador romano caso não tivesse agido daquele jeito. A Palestina, mais especificamente a área da Judeia, foi tida como um ponto problemático por causa da insurgência religiosa e propensa a tumultos. Os judeus se ressentiam com os romanos por terem ocupado e governado seu país, e muitos grupos de insurgentes apareciam para resistir a eles. O ressentimento foi, em parte, devido ao fato de que os romanos adoravam muitos "deuses" e também adoravam o imperador como "divino", para grande desgosto dos judeus que adoravam o único e verdadeiro Deus. Um desses grupos de insurgentes foram os zelotes, um dos quais, Simão, o Zelote, tornou-se um discípulo de Jesus. Foi neste clima que Jesus viveu e realizou sua missão. Quando ele chegou à Jerusalém, montado em um jumento, ele foi aclamado como o "Rei dos Judeus", como uma profecia no Antigo Testamento predisse: “O Messias prometido, cavalgando para Jerusalém e montado em um jumento, em vez de um cavalo guerreiro”. No entanto, pelo fato do paraíso prometido por Jesus estar no céu, seu "reino" não era deste mundo e não seria ele quem libertaria os judeus dos romanos pela força militar, como muitos esperavam que o Messias fosse. 12 Ele era alguém muito mais importante do que isso, um libertador dos nossos próprios pecados para o mundo inteiro, e não apenas para os judeus. Não é de se admirar, que as autoridades judaicas facilmente persuadissem as pessoas crédulas a se voltarem contra ele e a exigirem sua execução logo em seguida. Ambiente cultural / vida diária Jesus passou a maior parte de sua vida em torno da área agrícola de Nazaré. Semelhante a muitas aldeias agrícolas em todo o mundo, a vida foi se transformando após tradições, papéis e rituais transmitidos de muitas gerações passadas. Vejamos: � População: a área da vila de Nazaré foi povoada em sua maioria por judeus, mas também com alguma diversidade de sírios, gregos e romanos. A maior cidade da Palestina foi Jerusalém, que era mais cosmopolita e continha maior diversidade étnica. � Idioma: o idioma comum no Império Romano era o grego. No entanto, no momento em que era comum para os judeus também usarem o hebraico, o aramaico e o latim. O idioma diário usado por Jesus era o aramaico. � Vila: o centro de uma vila era o mercado e as lojas. E para uma aldeia judaica, a sinagoga era um lugar de encontro central e também tinha a sede do governo judaico local. � Habitação: as casas eram muito parecidas e formadas por um ou dois cômodos quadrados, com piso de terra, telhados planos, portas baixas e estreitas, e portas frontais de madeira. Muitas vezes, as pessoas dormiam em telhados planos durante as noites quentes. As casas foram dispostas em torno de um pátio central compartilhado, onde os vizinhos realizavam tarefas diárias, como lavar, cozinhar etc, sempre em conjunto. A água era conseguida a partir de um poço público e armazenada num reservatório localizado no pátio. 13 Vejamos alguns aspectos peculiares daquele período: Iluminação Era fornecida por lâmpadas de barro com óleo. As pessoas dormiam em esteiras e possuíam poucos objetos pessoais. Alimentação O trabalho diário da mulher incluía preparar a comida para sua família, por exemplo, elas moíam os grãos, assavam pães, tiravam o leite dos animais e fabricavam queijo. Normalmente, uma família comia duas refeições: café da manhã (pequena porção de alimentos leves) e jantar (uma refeição grande com queijo, vinho, frutas, legumes e ovos). Quanto à carne, o peixe era mais comum, seguido de frango ou aves. A carne vermelha (carne de cordeiro) era servida apenas em ocasiões especiais, a carne de porco ou os crustáceos eram absolutamente proibidos. A maioria dos alimentos era cozido ou refogado em uma panela grande e temperados com sal, cebola, alho, cominho, coentro, hortelã, endro e mostarda. Alimentos eram adoçados com mel silvestre ou xaropes de uva. Os alimentos eram geralmente servidos em uma tigela comum e comidos com as mãos. Roupas A roupa de baixo era chamada de "túnica". O vestuário exterior era chamado de "manto" do qual consistia em uma roupa longa, solta e com franjas, amarradas por uma fita azul. 14 Os homens usavam um cinto de couro, com aproximadamente 10 centímetros de largura ou um pano amarrado em lugar do cinto. Se alguém estava vestindo apenas a roupa de baixo, então se dizia estar "nu" ou "despido". As pessoas também usavam sandálias em seus pés e um pano branco sobre a cabeça, até a altura dos ombros para que se protegessem contra o sol. Físico A maioria dos judeus era bastante baixa em estatura, de pele clara, mas bronzeada do sol. Uma grande parte da população tinha cabelo preto ou castanho e era bem comprido, e os homens usavam barba. Estrutura familiar O marido era o chefe espiritual e a autoridade da casa. Ele era responsável por alimentar, abrigar e proteger a família. As crianças eram orientadas desde muito cedo a honrar os seus pais. A família judia vivia sob rigorosas regras morais, sociais e religiosas. Pais, filhos solteiros, um filho casado e o/a cônjuge, muitas vezes viviam todos sob o mesmo teto. O papel da mulher No século primeiro, as mulheres israelitas eram consideradas cidadãs de segunda classe, semelhantes aos escravos. O fato de que elas são mencionadas como ávidas seguidoras de Jesus, é incomum, tanto que elas seriam autorizadas a segui-lo com os seus discípulos. Os autores de biografias de Jesus raramente mencionam cenas em que as mulheres pudessem fazer parte. 15 A vida em família José, pai de Jesus, era um carpinteiro, tornando a sua família uma parte da classe média. Maria (mãe de Jesus) era uma adolescente que foi "prometida" por seus pais a se casar com José (no momento em que Jesus foi considerado milagrosamente concebido). Após seu casamento e o nascimento de Jesus, especula-se que Maria e José tiveram outros filhos depois de Jesus. Definição religiosa Líderes judeus lutaram pela pureza de sua crença em um Deus, na face do conflito das religiões estrangeiras. No entanto, ao mesmo tempo, os judeus foram se fragmentando em seitas,divididos por variações da lei judaica. O povo judeu acreditava em um único Deus (monoteísmo), que era invisível e não poderia ser retratado. Em contraste, as culturas circundantes acreditavam em muitos deuses (politeísmo), que podiam ser representados por imagens ou ídolos. A tradição judaica foi centrada no Sabbath, o dia começa na sexta-feira ao pôr do sol e termina no pôr do sol de sábado. O Sabbath é iniciado com uma oração, as velas são acesas pela mulher da casa, seguido de um jantar alegre na sexta-feira. Este dia santo é (e a tradição permanece inalterada) considerado um dia de descanso e adoração, onde tudo o que se fazia era em honra de Deus. O povo judeu estava buscando um "Messias" ou salvador. Eles esperavam o líder que Deus havia prometido que, de acordo com a sua compreensão, lhes traria renovação espiritual e liberdade política de séculos de opressão estrangeira, a partir do Império Romano. 16 A cultura da Israel do primeiro século era muito interessada no sobrenatural, era comum que as pessoas acreditassem em maldições e fossem controladas por superstições. O feriado religioso mais importante durante o ano judaico é a festa da Páscoa, celebrando a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Durante a Páscoa, muitos judeus iam viajar à Jerusalém para celebrar na cidade santa. É por isso que Jesus e seus discípulos viajaram até Jerusalém para sua última ceia juntos, eles estavam celebrando a Páscoa. Esta é também a tradição que fez com que tantos judeus estivessem presentes em Jerusalém no momento da prisão de Jesus, em seu julgamento e sua crucificação. 1.3 – História da Igreja Neste tópico falaremos da complexidade de se estudar fatos relacionados à igreja. Também mencionaremos algumas formas de se obter um estudo mais esclarecido da teologia. 17 Qual é a história da igreja? É o mesmo que perguntar: O que é a Igreja? Foi a igreja que prometeu ser uma unidade externa e visível? Se assim for, é preciso ter a visão católica da história da igreja de alguma forma. Seria a igreja, por outro lado, o nome para a sociedade inteira (invisível) de crentes reais? E as igrejas individuais, como são constituídas? Esta seria a visão mais protestante, e como tal, a história da igreja tende a ser levada para todas essas direções. O ponto de vista sobre esta questão irá impactar diretamente a nossa visão da história da igreja, assim como veremos no contorno dos períodos históricos a seguir. Sob o ponto de vista dos protestantes, há uma tendência de se concentrar mais em reforma e menos sobre o progresso institucional. Como os conservadores protestantes, pode-se colocar menos ênfase, por exemplo, no Movimento Ecumênico. Os protestantes conservadores independentes viam reformas anteriores como sendo incompletas, uma vez que acreditavam que os fiéis mantiveram o princípio da igreja do Estado vivo. Nossa visão neste curso será ampla, ou seja, falaremos sob os dois pontos de vista: o ecumênico e o conservador (ou congregacional), e também das várias formas de protestantismo (ou independentes). Nós certamente teríamos alguns problemas se levássemos este ponto de vista por apenas uma vertente. Por exemplo: Como tratar as outras tradições da igreja? Ou, como explicar e enfrentar o rápido afastamento da “verdade”, em várias áreas de ensino da igreja primitiva? Para que possamos ter um olhar crítico acerca dos estudos teológicos devemos, primeiramente, ter em mente algumas questões que são de suma importância para que aproveitemos nosso curso da melhor maneira: 18 � Por que estudar a igreja?; � O crescimento espiritual; � Compreender as questões do nosso dia; � Buscar conhecimento de como a Escritura veio a ser escrita; � Atentar sempre para as ferramentas teológicas que permitem avaliar e evitar erros; � Ferramentas práticas que você pode não ter ouvido falar antes; � Conhecimento de como a tradição da igreja veio a ser estabelecida; � Humildade, perspectiva e caridade; � Cuidado quando se confrontar com "novas" ideias (para que nunca se faça um julgamento parcial); � Por que o tema “julgamento” não pode nunca ser totalmente esclarecido, uma vez que devemos respeitar todos os pontos de vista? Como a história da igreja pode ser conhecida? Atualmente, em virtude da tecnologia e das facilidades da internet, a história da igreja pode ser pesquisada através de diversas fontes. Contudo, temos alguns materiais que inspiram maior segurança quanto a sua veracidade, vejamos quais são: � Fontes históricas; � Bíblia; � Inscrições; 19 � Documentos; � Obras de Arte; � Livros etc. Formas de interpretar a história Naturalmente que tratando-se de escrita, podemos ter várias interpretações de um único enunciado, justamente porque a linguagem nos permite criar possibilidades de entendimento, acerca de determinado assunto. O fato é que ao longo do tempo, o homem interpretou as escrituras (bíblia) sob os seguintes pontos de vista: Interpretação otimista: o homem veio para melhorar de forma constante. Interpretação pessimista: sem um Deus para organizar a história, não há nada para se fazer, mas apenas "desconstruir" o passado. Possivelmente a história é sem sentido. História nada mais é que uma luta de poder em que as diferentes facções tentam arrancar do passado “provas” para servir a seus propósitos atuais. Leitura católica: Deus supervisionou o desenvolvimento de sua igreja e tem nos dado, até os dias de hoje, os santos e os papas. Leitura protestante: A igreja sempre foi dividida em várias facções. A total unidade da igreja nunca foi realmente alcançada. Sempre houve diferentes doutrinas, tanto do lado católico quanto do lado protestante. Observamos que muitos fatores influenciam no entendimento da história da igreja. Certo é que os estudos teológicos estão em auxílio do homem na compreeensão desses fatos. Como citamos acima, um estudo amplo da igreja necessita de um conjunto de fontes de informações seguras e imparcialidade para interpretar os fatos históricos e bíblicos. 20 1.4 – História da igreja medieval O cristianismo foi um fator unificador importante entre Europa Ocidental e Oriental antes das conquistas árabes, mas a conquista da África do Norte separou as ligações marítimas entre essas áreas. Cada vez mais a Igreja Bizantina, que posteriormente se tornou a Igreja Ortodoxa, difere na linguagem e nas práticas litúrgicas da igreja ocidental, que se tornou a igreja católica. A igreja oriental utilizava o grego em vez do latim ocidental. Diferenças teológicas e políticas também surgiram pelo início a meados do século VIII, questões como iconoclastia, casamento clerical e controle estatal da igreja tinham aumentado o suficiente para que as diferenças culturais e religiosas fossem maiores do que as semelhanças. O rompimento formal veio em 1054,quando o papado e o patriarcado de Constantinopla discordaram sobre a supremacia papal e, então, foram mutuamente excomungados. Este fato levou à divisão do cristianismo em duas igrejas: a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental. A estrutura eclesiástica do Império Romano sobreviveu às invasões bárbaras no oeste, ficando quase intacta, mas o papado foi pouco requisitado. A atenção dos bispos estava voltada para uma posição maior: almejavam a posição de bispos de Roma, obtendo assim grande liderança religiosa ou política. A maioria dos papas anteriores ao ano de 750 estava mais preocupada com os assuntos bizantinos e orientais do que com preocupações teológicas. Alguns documentos e cartas arquivadas do Papa Gregório, o Grande, (papa 590-604) foram pequisadas. Nas mais de 850 cartas, encontrou-se a prova de que a grande maioria dos 21 clérigos (membros do papado) estava preocupada com os assuntos na Itália, ou em Constantinopla. A única parte da Europa ocidental onde o papado teve influência foi na Grã- Bretanha, local em que Gregório tinha enviado a missão gregoriana de 597, para converter os anglo-saxões ao cristianismo. Outros esforços missionários foram levados pelos irlandeses, que entre os séculos V e VII, foram os missionários mais ativos na Europa Ocidental, indo primeiro para a Inglaterra e Escócia, e mais tarde para o continente. O início da Idade Média testemunhou a ascensão do “monaquismo” no Ocidente, que era o modo de vida daquele que deixa os assuntos do mundo e se devota aos assuntos religiosos. A forma do monaquismo europeu foi determinada por tradições e ideias que se originaram nos desertos do Egito e da Síria. O estilo do “monaquismo” que incide sobre a experiência da comunidade da vida espiritual é chamado cenobitismo, iniciado por Pacômio, no século IV. Os ideais monásticos propagaram-se do Egito para a Europa ocidental nos séculos V e VI, através da literatura hagiográfica. Os monges e os mosteiros tiveram um efeito profundo sobre a vida política e religiosa do início da Idade Média, em vários casos, atuando como fiadores de terras para as famílias poderosas, centros de propaganda e apoio real em regiões recém- conquistadas, além de servirem também como bases para as missões. Não obstante, eles foram os principais postos de educação e alfabetização, uma vez que a escrita não era acessível a maioria da população, talvez por isso a igreja concentre um número enorme de documentos e relíquias históricas. Muitos dos manuscritos sobreviventes dos clássicos romanos foram copiados em mosteiros no início da Idade Média. Os monges foram também os autores de obras novas, incluindo tratados de teologia, história e outros assuntos relacionados à igreja. 22 Como podemos notar, a história da igreja possui diversos fatos que ainda são polêmicos se discutidos sob um ponto de vista único. Vale ressaltar mais uma vez, que para se estudar teologia ou qualquer assunto voltado para as religiões, antes de qualquer coisa, é necessário manter uma visão pluralizada, ou seja, capturar informações de diferentes fontes. Lembramos ainda que os estudos teológicos fazem parte da história de cada povo, e que dependemos de documentos históricos para fazermos um levantamento coerente acerca dos estudos voltados à igreja e às religiões. Para tanto, é necessário um olhar mais focalizado nesses detalhes que dão contornos únicos para os estudos teológicos, de acordo com o local e os costumes culturais de cada etnia. 1.5 – História da igreja no Brasil A Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB) é uma igreja independente criada em 1945, pelo brasileiro bispo Dom Carlos Duarte Costa, um ex-bispo católico romano de Botucatu. A ICAB tem 58 dioceses e possui cerca de 7 milhões de membros, em 17 países. Seu principal comandante era o patriarca Dom Luis Fernando Castillo Mendez, membro do Conselho Mundial de Igrejas Católicas Apostólicas, uma comunhão de igrejas espalhadas por 14 países. 23 A ICAB observa sete sacramentos: � batismo; � eucaristia; � confirmação (ou crisma); � penitência; � unção dos enfermos; � ordenação; � matrimônio. A ICAB propõe estas práticas para todos os cristãos que reconhecem a presença real de Cristo na Eucaristia. A igreja reconhece o divórcio como uma realidade da vida e permitido na Sagrada Escritura, e reconhece o casamento com pessoas divorciadas após o processo eclesiástico de Investigação. A igreja católica permite o batismo de filhos de pais divorciados ou solteiros. Também ensina que o controle da natalidade é aceitável em certas circunstâncias (por exemplo, para a prevenção de doenças). Ela se opõe ao aborto, à eutanásia, à pena de morte e qualquer outra forma de se tirar a vida humana. A igreja tem três ramos administrativos, de acordo com a concepção de um Estado: 1. Executivo (Conselho Episcopal); 2. Legislativo (Conselho Nacional); 3. Judicial (Superior Tribunal Eclesiástico). Em 1949, o governo brasileiro, temporariamente, proibiu o funcionamento público da ICAB, afirmando que a semelhança de sua liturgia e vestimentas com os da Igreja Católica Romana, resultaria em confusão e traria decepção do público. 24 No entanto, alguns meses depois, as igrejas foram autorizados a reabrir, desde que a sua liturgia não duplicasse a liturgia católica romana e seu clero deveria usar traje clerical cinza, em contraste com a roupa preta usada pelo clero católico. Dom Carlos Duarte Costa começou a implementar uma série de reformas na ICAB que ele via como problemas na Igreja Católica Romana, como por exemplo, a abolição do celibato clerical. Algumas regras para a reconciliação dos divorciados e recasados foram implementadas. A liturgia foi traduzida para o vernáculo, o clero deveria viver e trabalhar entre o povo, e sustentar a si e seus ministérios, mantendo o emprego secular, ou seja, próximo ao povo. Logo após a fundação da igreja, Dom Carlos Duarte Costa ordenou a mais dois bispos, Salomão Barbosa Ferraz (1945), e o venezuelano Luis Fernando Castillo Mendez (1948), que fortalecessem os laços da comunidade com a igreja. Dom Salamão Ferraz atuou como co-consagrador para Dom Castillo Mendez. Estes três bispos passaram a estabelecer igrejas autônomas semelhantes a Católica Apostólica Brasileira, em vários outros países da América Latina. Duarte Costa, pessoalmente, serviu como consagrador ou co-consagrador de 11 bispos adicionais, cada um dos quais tiveram um papel de liderança em outras igrejas do Brasil. Em 1958, o bispo Ferraz deixa a ICAB e volta para a Igreja Católica Romana onde sua consagração episcopal foi aceita como válida. Pouco tempo depois, em 1961, Dom Carlos Duarte Costa falece e o ICAB sofre vários anos de tumulto como a falta de entendimento, as cismas e os múltiplos pretendentes para o trono patriarcal deixaram a igreja em desordem. Após este curto período, a Igreja encontrou estabilidade e crescimento sob o falecido Patriarca Castillo Mendez. Algumas fontes indicam que o bispo Luis Castillo Méndez assumiua liderança da ICAB após a morte de Duarte Costa. Em 1982, Castillo Méndez foi eleito presidente do Conselho Episcopal. Ele foi designado Patriarca de ICAB em 1988, e Patriarca de ICAN (a comunhão internacional), em 1990. 25 Após este período, o Conselho de Bispos havia votado contra reunir a Igreja Católica Romana. Os bispos afirmaram que muito sofrimento e tortura haviam sido infligidos em grande parte, a pedido da Igreja Católica Romana. A sucessão apostólica é um fator defendido pela ICAB. A igreja cita o caso de Salomão Barbosa Ferraz, como prova de que sua sucessão apostólica é válida, mesmo para os padrões católicos. Pouco mais de um mês após a fundação da igreja, em 15 de agosto de 1945, Dom Duarte Costa presidiu como o celebrante principal na consagração episcopal de Salomão Barbosa Ferraz. Treze anos mais tarde (em 1958, sob o comando do Papa João XXIII), Ferraz reconciliado com a Igreja Católica Romana, foi integralmente reconhecido como bispo, mesmo já sendo casado na época. Ferraz não foi ordenado novamente, no entanto, ele não foi nomeado para uma diocese imediatamente. No final do século XX, um movimento da igreja (teologia da libertação), que incide sobre os pobres como os principais destinatários da mensagem de Cristo, primou pela busca de justiça social. A igreja passou a se organizar em Comunidades Eclesiais de Base em todo o país, para trabalhar nas causas sociais e em nível local. Os católicos, em seguida, viram a ascensão do movimento de Renovação Carismática, como forma de compensar o rápido crescimento do protestantismo pentecostal no país. Um conselho mundial da comunhão foi realizado no Brasil, em 2005. Houve ainda outro conselho nos Estado Unidos, em junho de 2009, em Fort Worth, no estado do Texas. A intenção desses conselhos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos da América, além de promover a unificação da igreja por todo o mundo, também tem a intenção de trazer todos os membros da igreja para uma mesma linha de foco: o social, que parece ser a nova e universal preocupação dos religiosos, de qualquer doutrina religiosa. 26 Unidade 2 – Introdução aos estudos religiosos Olá! Nesta unidade, trataremos da história da igreja contemporânea, isto é, a igreja enquanto instituição. Posteriormente abordaremos os princípios básicos que nos introduzirão aos primeiros estudos teológicos. Trataremos da Teologia das religiões, fazendo uma leitura panorâmica acerca dessa prática social ancestral. Também analisaremos, pormenorizadamente, algumas passagens da bíblia, fazendo uma leitura imparcial acerca dos fatos históricos, ressaltando suas metáforas e linguagem. Estudaremos de maneira superficial a língua do latim, idioma este que serviu de base para boa parte dos textos litúrgicos daquele período. Veremos o antigo e o novo testamento, levando em conta o contexto sócio-histórico dos quais os textos foram produzidos. Por fim, analisaremos os dogmas, bem como eles surgem e influenciam comportamentos e práticas sociais. Em outras palavras, mostraremos como os aspectos socialmente convencionais afetam o “modus vivendi” do homem moderno. Bom curso! 27 2.1 – A igreja contemporânea Neste tópico, falaremos sobre alguns aspectos gerais do culto cristão contemporâneo em congregações ocidentais. O culto contemporâneo é uma forma de adoração cristã que surgiu, inicialmente, no protestantismo ocidental evangélico no século XX. Ele foi originalmente confinado ao movimento carismático, mas agora é encontrado em graus diferentes em uma ampla gama de igrejas, incluindo muitas que não se subscrevem sob uma teologia carismática. A igreja contemporânea conhecida em alguns países como templos de “adoração contemporânea”, geralmente tem os cultos caracterizados pelo uso de música de adoração contemporânea em um ambiente informal. O culto contemporâneo é praticado em igrejas com uma tradição litúrgica. Os termos de culto, adoração ou culto litúrgico são, por vezes, usados para descrever as formas de adoração convencionais e distingui-los de adoração contemporânea. Cobriremos alguns aspectos sobre como surgiu a igreja contemporânea e algumas controvérsias que apareceram (e que ainda aparecem) sobre a nova roupagem deste tipo de culto, que atrai principalmente o público mais jovem. 28 História Historicamente, o fenômeno de adoração contemporânea surgiu a partir do Movimento de Jesus na América do Norte, na década de 1960, e do "movimento de renovação carismática" na Austrália e na Nova Zelândia, durante os anos 1970 e 1980. A função da música nos cultos, o estilo, o seu desempenho, a teologia explícita das letras e da teologia implícita nestes aspectos distinguem a "adoração contemporânea" do culto tradicional na prática. As músicas de adoração contemporânea são parte significativa do serviço da igreja. Repetições de frases reforçam o conteúdo teológico deste serviço litúrgico. O impacto é intensificado e as orações formais são raramente usadas. Teologicamente, música de adoração contemporânea são influenciadas por teologias pentecostais e evangélicas. No entanto, o fenômeno tem influenciado todas as principais denominações em algum grau. Há uma grande variedade, na prática, entre as igrejas. Adoração contemporânea é intrínsecamente relacionada com a indústria da música cristã contemporânea. Controvérsia A mudança para o culto contemporâneo tem sido uma fonte de controvérsia significativa, às vezes chamado de "guerras de adoração", em muitas igrejas. Apesar de algumas divergências que resultaram, principalmente, de uma resistência às mudanças no estilo de adoração ao qual estavam acostumados. O estilo musical de adoração contemporânea é muito influenciado pela música popular e o uso de instrumentos modernos é comum. Aqueles que criticam o aparecimento deste novo tipo de adoração, dizem que este estilo de música é 'mundano' e associado a um estilo de vida imoral. Um pequeno 29 número de teólogos se opõe aos cultos contemporâneos e principalmente ao uso da música no estilo jovem. As principais controvérsias a partir do conteúdo lírico da música de adoração contemporânea, vão de encontro aos hinos tradicionais e que muitas vezes refletem uma teologia carismática. A crescente influência da música é vista, pelos mais conservadores, como a introdução de ensinamentos carismáticos pela porta dos fundos. Além disso, a crítica tem sido feito acerca da formulação de muitas canções de adoração contemporânea, que segundo estes críticos religiosos mais ortodoxos, são produções “banais” e sem profundidade. Finalmente, os críticos têm argumentado que os cultos contemporâneos são, na verdade, “entretenimento”, alegando que os valores mais elevados deste tipo de música (muitas vezes tocada por uma banda) e a falta de intercessão, criam uma atmosfera artificial. Opositoresao culto contemporâneo, isto é, o culto carismático, têm feito profundas ressalvas à ala mais conservadora da igreja evangélica, esta por sua vez, também se opõe ao movimento carismático. Fato é que esta forma de culto vem crescendo cada dia mais. Não obstante é possível observar o gênero musical gospel, produto este, criado em razão da alta aceitação do culto carismático. Para melhor entendermos o sucesso deste novo culto religioso é preciso analisar aspectos secundários como: Bloco de adoração A adoração contemporânea normalmente inclui um número de canções cantadas em sequência. Nas formas mais tradicionais de culto, seria normal que hinos fossem intercalados com orações, leituras, ítens litúrgicos etc. A prática tradicional é muitas vezes referida como "louvor e adoração". 30 Líder de adoração Uma característica notável do culto contemporâneo é o líder de adoração. Um líder de adoração normalmente é um músico (muitas vezes um guitarrista ou pianista), com capacidade de cantar bem, cujo papel é o de conduzir o canto congregacional. Muitos compositores de canções de adoração contemporâneos são também líderes. O líder de adoração tem um papel de destaque nos cultos contemporâneos e é responsável por grande parte da direção espiritual da reunião. Muitas vezes é ele quem vai escolher as músicas que serão cantadas. Isto pode ser contrastado com as igrejas tradicionais, onde todo serviço é normalmente liderado por um membro do clero, isto é, um padre ou diácono. Além disso, em muitos casos o líder de adoração é responsável pelo recrutamento de outros músicos para compor uma banda de culto. A maioria das igrejas que está adotando a adoração contemporânea, tem uma banda de culto e louvor tocando músicas durante o rito. Em outros termos, como equipe de louvor, grupo de louvor ou grupo de música também são utilizados. Bandas de culto são mais comuns em denominações evangélicas, mas também podem ser encontradas entre outras denominações cristãs. A maioria das bandas de culto é baseada na doutrina da própria igreja. No entanto, algumas bandas de música cristã contemporânea também atuam como bandas de culto para eventos. Esses conjuntos musicais têm diferentes composições e usam uma variedade de instrumentos não-tradicionais da igreja, como guitarra elétrica, bateria, cavaquinho, tambores etc. Hoje em dia, a influência do gênero musical rock nas igrejas é generalizada e o uso de instrumentos elétricos aumentou. Uma banda de culto pode criar um som contemporâneo para a adoração que os fiéis mais jovens podem se identificar. Bandas 31 de culto também podem ser utilizadas com agentes captadores de fiéis, sobretudo os jovens, uma vez que constituem uma forma de entretenimento. O movimento carismático também resultou em um grande número de canções sendo escritas. Desta forma, tornou-se impraticável para igrejas usar hino ou livros de música, já que neles figuravam apenas os velhos sermões e não as novas canções religiosas contemporâneas. A adoração contemporânea, muitas vezes, inclui outros elementos não encontrados em formas convencionais de adoração. Cada dia mais vemos novas igrejas aumentando seu patrimônio maior, isto é, seus fiéis. 2.2 – Introdução à teologia O primeiro estudioso acerca dos estudos teológicos foi Agostinho de Hipona (354-430), teólogo Latino. Suas escritas sobre o livre-arbítrio e o pecado original permanecem incrivelmente influentes na cristandade ocidental. Ele definiu o equivalente latino, teologia, como um "raciocínio ou discussão a respeito da Divindade". Outro grande personagem foi Alberto Magno (1193/1206-1280), padroeiro dos teólogos católicos romanos. Já neste período, começa-se a explorar outros campos do conhecimento, interseccionando saberes filosóficos, etnográficos, históricos, espirituais etc, para ajudar a compreender, explicar, defender ou promover qualquer miríade de temas religiosos. O termo “teologia” vem de “Θεός” palavra grega que significa "Deus", e “λόγος”, isto é, logia, que significa "estudo de”, portanto, é o estudo sistemático e 32 racional da religião e suas influências, bem como o estudo da natureza das verdades religiosas. Entre os objetivos dos estudos teologicos destacam-se: A palavra grega theologia (θεολογια) foi usada com o significado de "discurso sobre Deus", no século IV a.C., por Platão na República Ch, Livro II, 18 anos. Aristóteles dividiu a filosofia teórica em três partes: mathematike, physike e theologike. Este último aproxima-se muito à metafísica, que, para Aristóteles, incluía discurso sobre a natureza do divino. Com base em fontes gregas, o escritor latino Varrão distingue três formas de discurso como: � Míticos: quanto aos mitos dos deuses gregos; � Racionais: análise filosófica dos deuses e da cosmologia; � Civis: sobre os ritos, deveres de público e observância religiosa. Estudiosos, estreitamente relacionados com teologia, aparecem em alguns manuscritos bíblicos, como por exemplo, no título do livro de Apocalipse: apokalypsis ioannoy theologoy, "a revelação de João Theologos”. Alguns autores latino-cristãos, como Tertuliano e Agostinho, este último veremos com frequência no decorrer deste curso, estão entre os outros que já percebiam a necessidade de se criar uma ciência religiosa. Criou-se um consenso geral sobre o raciocínio ou discussão a respeito da divindade. Em outra instância, teologia poderia referir-se estritamente ao conhecimento devoto e inspirado de ensinar sobre a natureza essencial de Deus. Em algumas fontes medievais gregas e latinas, a teologia poderia simplesmente referir-se ao estudo da Bíblia. O autor Latino Boécio, ao escrever no início do século VI, usava a teologia para denotar uma subdivisão da filosofia como um objeto de estudo acadêmico, que lida com 33 a realidade, imóvel e incorpórea (ao contrário da física, que trata de realidades corporais e do movimento). Nas escolas latinas, o termo passou a designar o estudo racional das doutrinas da religião cristã, ou, mais precisamente, a disciplina acadêmica que investigou a coerência, as implicações da linguagem, as reivindicações da Bíblia e da tradição teológica (este último muitas vezes representada nas sentenças de Pedro Lombardo, um livro de extratos dos Pais da Igreja). Somente a partir do século XVII, tornou-se também possível a utilização do termo "teologia" para se referir ao estudo das ideias religiosas e ensinamentos que não são especificamente cristãos. O termo "teologia" pode agora também ser usado em um sentido derivado para significar “um sistema de princípios teóricos”. Uma ideologia, impraticável ou rígida, dos estudos religiosos. Em círculos acadêmicos teológicos há debates discutindo se a teologia é uma atividade peculiar à religião cristã, de tal forma que a palavra "teologia" deve ser reservada para a teologia cristã, bem como as palavras utilizadas para nomear discursos análogos dentro de outras tradições religiosas. Issoé visto por alguns críticos como um único termo apropriado para o estudo das religiões que adoram uma divindade (theos), e pressupõe a crença na capacidade de falar e raciocinar sobre esta divindade (logia). Desta forma, sendo menos apropriada em contextos religiosos que são organizados de forma diferente, bem como as religiões sem uma divindade ou que negam que tais assuntos possam ser estudadas logicamente. 34 Neste sentido, a palavra "Hagiografia" tem sido proposta como um termo substituto e mais genérico para designar a mesma ciência que a teologia, contudo sob um prisma mais abrangente. Algumas investigações acadêmicas dentro do Budismo, dedicados à investigação racional de um entendimento budista do mundo, preferem a designação de filosofia budista à teologia budista, já que o budismo não tem a mesma concepção de um theos. Neste sentido, o budismo é ateológico, rejeitando a noção de Deus. Entretanto, se observarmos por outra perspectiva, notaremos que a filosofia budista, está presente nos mesmos pressupostos que há nas igrejas convencionais. O fato é que Deus está presente em todas as religiões e correntes filosóficas, mesmo que estas não admitam a existência de uma consciência onipresente, geradora do cosmos. 2.3 - Teologia nas religiões 35 Como observamos, a teologia consiste num vasto campo de estudo, que não se limita apenas a uma religião. Pelo contrário, os estudos religiosos e teológicos são aplicáveis em qualquer corrente religiosa. Na filosofia hindu, por exemplo, há uma tradição sólida e antiga de especulação filosófica sobre a natureza do universo de Deus (chamado de "Brahman" em algumas escolas de pensamento hindu) e do “Atman” (alma). A palavra sânscrita para as várias escolas de filosofia hindu é Darshana (que significa"vista" ou "ponto de vista"). A teologia vaishnava tem sido um tema de estudo para muitos devotos, filósofos e estudiosos na Índia durante séculos, e nas últimas décadas também foi tomada por um número de instituições acadêmicas com forte influência na Europa. A discussão teológica islâmica, que se assemelha à discussão teológica cristã é chamada de "Kalam", termo derivado da frase Kalam Allah, em árabe: "palavra de Deus", que se refere ao Alcorão. No judaísmo, a ausência histórica da autoridade política fez com que a reflexão teológica acontecesse dentro do contexto da comunidade judaica, em vez de dentro das instituições acadêmicas especializadas. No entanto, a teologia judaica, historicamente, tem sido altamente significativa para a teologia cristã e islâmica, trazendo profundas colaborações no que se refere à interpretação das escrituras sagradas. A teologia no universo acadêmico A história do estudo da teologia em instituições de ensino superior é tão antiga quanto a história de tais instituições. Naturalmente que desde o início, a ciência teológica cristã foi um componente central nestas instituições, como também foi no estudo da igreja ou no direito canônico. 36 As universidades desempenharam um papel importante na formação de pessoas para cargos eclesiásticos. Elas ajudaram a igreja na busca do esclarecimento em defesa do seu ensino, no apoio jurídico à igreja contra os governos e nos sistemas econômicos seculares. Durante a alta idade média, a teologia era, portanto, o tema final em universidades, sendo nomeado "A Rainha das Ciências" e servindo como ponto crucial para os jovens estudarem. Isso significava que as outras disciplinas, incluindo psicologia e filosofia, existiam principalmente para ajudar o pensamento teológico. Com seu lugar de destaque, a teologia cristã começou a ser contestada durante o Iluminismo europeu, especialmente na Alemanha. Desde o início do século XIX, várias abordagens diferentes surgiram no Ocidente propondo a teologia como disciplina acadêmica. Muito da teologia foi posto em debate em universidades e centros de ensino superior. Em alguns contextos, a teologia foi taxada como uma disciplina acadêmica sem filiação formal a qualquer igreja em particular, embora os membros individuais da equipe pudessem muito bem ter filiação a igrejas diferentes. Nesta época, os estudos religiosos eram normalmente vistos como a exigência da verdade ou a constatação de falsidade das tradições religiosas estudadas. Os estudos religiosos que envolvem pesquisas e práticas históricas ou contemporâneas, bem como as ideias dessas tradições usando ferramentas intelectuais não ligadas a nenhuma tradição religiosa, logo são entendidos como uma leitura neutra ou laica. A amplitude da teologia acaba por aumentar seu campo de atuação, onde destacam-se: � Antropologia da religião; 37 � Religião comparada; � História das religiões; � Filosofia da religião; � Psicologia da religião; � Sociologia da religião. Perspectivas teológicas Como é observável, a teologia das religiões se refere ao ramo da teologia cristã que tenta teologicamente e biblicamente avaliar os fenômenos das religiões. Três escolas importantes neste campo são: O pluralismo Trata-se, basicamente, da crença de que as religiões do mundo são verdadeiras e igualmente válidas em sua comunicação da verdade sobre Deus, o mundo e a salvação. Esta é a visão popular de que todas as religiões levam ao mesmo Deus, e todos os caminhos levam para o céu. Neste sentido, o cristianismo não é o único caminho da salvação, mas um entre vários. O inclusivismo O inclusivismo é a crença de que Deus está presente em religiões não-cristãs para salvar adeptos através de Cristo. A visão inclusivista deu origem ao conceito do cristão anônimo, que é compreendido como um adepto de uma religião, em particular a quem Deus salva 38 através de Cristo, mas que pessoalmente não conhece o Cristo da Bíblia, nem se converteu ao cristianismo bíblico. Esta posição foi popularizada no início do século XX. Sob esta perspectiva, uma religião não-cristã é uma religião lícita. Além disso, a religião está incluída no plano de Deus. A corrente teologica inclusivista tem um grande apelo nas pessoas por causa da sua abordagem simpática à religião. O exclusivismo Exclusivismo é a posição teológica que sustenta a finalidade da fé cristã em Cristo. A finalidade de Cristo significa que não há salvação em religiões não-cristãs. Baseado no conceito aristotélico da verdade, muitos exclusivistas consideram todas as outras reivindicações religiosas como falsas e inválidas, exceto se a revelação cristã for por elas aceita como verdade. Os exclusivistas acreditam que a salvação é pelo Cristo. É através de uma experiência pessoal de compromisso com Cristo que se recebe a garantia de salvação. Os não-crentes não podem receber tal garantia, uma vez que não são nem conscientes da singularidade de Cristo, e também não reconhecem seu senhorio. O exclusivista apoia-se à bíblia, como a fonte de todo o conhecimentosobre a espiritualidade e salvação. A bíblia é o critério de toda a verdade religiosa, ela relata a história de redenção, dá uma base para a fé pessoal, sendo um guia da comunidade cristã, e fala sobre o futuro do mundo que liga toda a história, vida e serviço com significado e propósito. O exclusivismo, assim, estabelece a singularidade e identidade do cristianismo entre as religiões do mundo. Exclusivismo pode assumir tanto uma perspectiva extremista quanto um ponto de vista moderado: – A visão extremista concebe todas as religiões não-cristãs como demoníacas e inimigas do verdadeiro cristianismo. – A visão moderada vê algumas religiões não-cristãs como aceitáveis. 39 A visão exclusivista vê a exclusividade da bíblia em seu anúncio de Cristo como o único caminho da salvação. A bíblia também fala de Deus envolvido na história das nações e dos povos antigos. Estas correntes integram, de certa forma, outras tradições religiosas ligadas ao cristianismo e tentam responder questões sobre a natureza de Deus e da salvação. O fato é que enquanto ciência, a teologia tem se mostrado eficiente e esclarecedora acerca das relações humanas com a Divindade. Muito ainda deve ser estudado, mas o caminho da compreensão está sendo trilhado a cada dia, por todos nós. 2.4 – Bíblia A Bíblia (do grego koiné τὰ βιβλία, lê-se /ta bíblia/, designa "os livros") é uma coleção de textos considerados canônicos. É um livro sagrado no judaísmo ou no cristianismo. A Bíblia Hebraica, ou Tanakh, contém 24 livros divididos em três partes: os cinco livros do Torá ("ensino" ou "lei"), o Nevi'im ("profetas"), e os Ketuvim ("escritos"). A primeira parte da bíblia cristã é o Antigo Testamento, que contém os 24 livros da bíblia hebraica, divididos em 39 livros. Estes livros são ordenados de forma diferente na bíblia hebraica. A igreja católica e as igrejas cristãs orientais também possuem certos livros deuterocanônicos, isto é, livros e partes de livros bíblicos do Antigo Testamento e do 40 Novo Testamento que foram utilizados por um grande número de cristãos ao longo da história do cristianismo, sendo considerados apócrifos no judaísmo e pelos sucessores da reforma durante o século XX, iniciada por Lutero e Calvino no século XVI. A segunda parte é o Novo Testamento, que contém 27 livros, os quatro evangelhos canônicos, Atos dos Apóstolos, 21 epístolas, ou cartas, e o livro do Apocalipse. Por volta do século II a.C., grupos de judeus haviam chamado o conjunto de livros da bíblia de livros santos. Hoje em dia, os cristãos chamam os livros do Antigo e do Novo Testamento da bíblia cristã de "Bíblia sagrada", (τὰ βιβλία τὰ ἅγια) ou "Sagradas Escrituras" (Αγία Γραφή). Muitos cristãos acreditam que todo o texto canônico da bíblia foi divinamente inspirado e escrito por pura iluminação de Deus. A bíblia foi dividida em capítulos no século XIII, por Stephen Langton, e posteriormente em versos no século XVI, pelo francês Robert Estienne. A bíblia tem vendas anuais que ultrapassam 25 milhões de cópias, e tem sido uma grande influência sobre a literatura e a história, especialmente no Ocidente, onde foi primeiramente impressa. Etimologia A palavra Bíblia vem do Latim e do grego koiné τὰ βιβλία, ta biblia "os livros" (biblion βιβλίον singular). O substantivo “bíblia” gradualmente passou a ser considerado como um substantivo feminino singular (biblia, gen. bibliae) em latim, no período medieval, e assim a palavra foi emprestada para as línguas vernáculas da Europa Ocidental e para as línguas derivadas do latim. A palavra βιβλίον tinha o significado literal de "papel" ou "pergaminho" e passou a ser usada como a palavra comum para "livro". É o 41 diminutivo de βύβλος, lê-se /bublos/ e significa “papiro egípcio”. Possivelmente chamada por conta do nome dos fenícios de Byblos, referindo-se ao mar do porto (também conhecido como Gebal) de onde o papiro egípcio foi exportado para a Grécia. O termo grego “ta bíblia” (pequenos livros de papiro) foi uma expressão judia usada para descrever os livros sagrados (Septuaginta). Estudos bíblicos observam que Crisóstomo, parece ser o primeiro escritor (em suas Homilias sobre Mateus) a usar a frase grega ta bíblia (os livros) para descrever tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos juntos. Bíblia cristã A bíblia cristã é um conjunto de livros que uma denominação cristã considera como divinamente inspiradas e constituindo, assim, as sagradas escrituras, estas por sua vez, são as próprias vontades de Deus. Embora a igreja primitiva usasse a Septuaginta ou os Targuns aramaico entre os falantes de idiomas diversos, os apóstolos não deixaram um conjunto definido de novas escrituras, em vez disso o cânon do Novo Testamento, desenvolvido ao longo do tempo, foi sua maior herança. Grupos dentro do cristianismo incluem livros diferentes como parte das escrituras sagradas mais proeminentes. Entre os quais estão os apócrifos bíblicos ou livros deuterocanônicos, como já mencionados antes. Abaixo temos um interessante texto, reproduzido da internet, a respeito das escrituras sagradas. Nele têm-se curiosidades sobre alguns fatos descritos na bíblia. Trata-se de uma leitura bem humorada, contudo, bem verdadeira dos episódios bíblicos, observe: 42 Top – 5 pragas: I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou dez pragas contra os opressores do povo escolhido. A primeira delas foi transformar toda a água do país em sangue. (Êxodo 7:21) II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou: matou, numa só noite, todos os primogênitos do Egito. “E houve grande clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um morto”. (Êxodo 12:30) III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus destruiu as duas cidades com uma chuvarada de fogo e enxofre. (Gênesis 19:24) IV. Para punir as desobediências do rei Davi, o Senhor enviou uma doença não identificada, que matou 70 mil homens e 200 mil mulheres e crianças. (2 Samuel, 24: 1-13) V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde estavam guardados os dez mandamentos, o Senhor os castigou com um surto de hemorróidas letais. “Os intestinos lhes saíam para fora e apodreciam”. (1 Samuel 5:9) 43 Os possíveis autores: 1200 a.C. – Moisés Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia) teria sido escrita por ele. Mas há controvérsias, pois existe um trecho da Torá que diz: “Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor próximo a Fegor”. Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a própria morte? 1000 a.C. – Javista Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um aristocrata. Ou, quem sabe, uma aristocrata: para o crítico Harold Bloom, Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da Bíblia (Eva e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.Século IV a.C. – Esdras Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Vários trechos bíblicos editados por ele pregam a violência: “Derrubareis todos os altares dos povos que ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes desses lugares”. Século I – Paulo Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou e fundou igrejas pelo Oriente 44 Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível aventura de um tal Jesus – que foi crucificado e ressuscitou. Século I - Maria Madalena Estava entre os discípulos favoritos de Jesus e, diferentemente do que o Vaticano sustentou durante séculos, nunca foi prostituta. Pelo contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com Jesus e divulga os ensinamentos dele. Século I – João Escreveu o 4º evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele, Jesus não é apenas um messias, é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa interpretação mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã. Século V – Jerônimo Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a Jerusalém com uma missão importantíssima: traduzir a Bíblia do grego para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa “raio de luz”). Século XVI - William Tyndale Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o latim era crime. O professor Tyndale não quis nem saber, traduziu tudo para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente 45 influente: é a base da chamada “Bíblia do Rei James”, até hoje a tradução mais lida nos países de língua inglesa. Top – 5 satanagens: I. Após a destruição de Sodoma, os únicos sobreviventes eram Ló e suas duas filhas. As filhas de Ló embebedaram o pai e tiveram com ele a noite mais incestuosa da Bíblia. (Gênesis 19:31). II. O Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, é altamente erótico. Um dos trechos: “Teu corpo é como a palmeira, e teus seios, como cachos de uvas”. (Cânticos 7:7) III. Os anjos do Senhor tiveram chamegos ilícitos com mulheres mortais. “Vendo os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram-nas como mulheres tantas quanto desejaram”. (Gênesis 6:2). IV. A Bíblia diz que os antigos egípcios eram muito bem-dotados. Após a fuga para Canaã, a judia Ooliba tem saudades dos tempos em que se prostituía no Egito. Tudo porque “seus amantes (...) ejaculavam como cavalos”. (Ezequiel 23:20). V. O hebreu Onã casou com a viúva de seu irmão, mas não conseguia fazer sexo com ela – preferia o prazer solitário. Do nome dele vem o termo “onanismo”, que significa masturbação. (Gênesis 38:9) 46 As história da história: Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos tempos. Tanach – Século V a.C. É a Bíblia judaica, e tem três livros: Torá (palavra hebraica que significa “lei”), Nebiim (“profetas”) e Ketuvim (“escritos”). É parecida com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de violência. A primeira das bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos, algumas passagens dão a entender que Javé não é o único deus do Universo. Septuaginta – Século III a.C. O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de cultura grega, como Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a lenda que Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus para traduzir a Tanach , e fizeram tudo em 72 dias. Por isso, o resultado é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da Tanach. Novo Testamento – Século I A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo Testamento foi escrito num dialeto grego chamado coiné. Contêm os relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus, os evangelhos. Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por exemplo, do Evangelho de João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na qual os judeus não acreditavam). 47 Católica – Século IV Seus autores decidiram incluir sete livros que os judeus não reconheciam. São os chamados Deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a palavra hebraica Elohim, usada na Tanach para designar a divindade, é o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e virou “Senhor”. Ortodoxa – Por volta do século IV É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros considerados apócrifos por católicos e protestantes: Esdras 1, Macabeus 3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés nunca teve chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina), e os escritos não são levados ao pé da letra: para os ortodoxos, o que conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo dos séculos. Protestante – Século XVI Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os livros Deuterocanônicos e mudou algumas coisas. Um exemplo é a palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa “fazer penitência”, uma referência à confissão dos pecados, um dos sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como “reviravolta”. Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a vida pela fé. 48 Top – 5 milagres I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do mundo, pelo poder da palavra. “E Deus disse: que haja luz. E houve luz”. (Gênesis 1:3) II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a um campo cheio de esqueletos, e os traz de volta à vida. “O vento do Senhor soprou neles, e viveram”. (Ezequiel, 37; 1-28) III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos homens. Certa vez, foi atacado por um leão. “O espírito do Senhor deu- lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se matasse um cabrito”. (Juízes 14:6) IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava se pondo. Como não queria lutar no escuro, o hebreu pediu ajuda divina, e o Sol ficou no céu. (Josué 10:13) V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar Vermelho. E não tinham navios. Moisés ergueu seu bastão e as águas do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou que as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó. (Êxodo 14; 21- 30) Fonte: http://super.abril.com.br/religiao/quem-escreveu-biblia-447888.shtml