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Metapsicologia Freudiana - Unidade 2

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A METAPSICOLOGIA FREUDIANA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEORIA DA PRÁTICA PSICANALÍTICA
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Conteúdo da Unidade.
Objetivo: Compreender os mecanismos de funcionamento do aparelho psíquico e identificar a dimensão psíquica inconsciente na ação humana.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Tema - Os pilares fundamentais da Psicanálise: inconsciente e pulsão. 
Conteúdo - O Inconsciente e suas formações. 
Conteúdo – Sonhos: construção e interpretação. 
Conteúdo - O recalque e as formações do Inconsciente. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Conteúdo – As características do Inconsciente. 
Conteúdo – O conceito de pulsão. Diferenças entre pulsão e instinto. 
Conteúdo: Teorias freudianas sobre a pulsão. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Tema - Aparelho psíquico 
Conteúdo - As duas tópicas freudianas. 
Conteúdo - Estrutura do aparelho psíquico. Primeira tópica. 
Conteúdo - Funcionamento do aparelho psíquico. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Tema – Segunda Tópica 
Conteúdo - O Eu (ego), sua estrutura e funcionamento. 
Conteúdo - O Isso (id) e o circuito pulsional. 
Conteúdo - O Supereu (superego) e a inserção dos humanos na civilização. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Tema - O conceito de sexualidade em Psicanálise Conceito – O Complexo de Édipo 
Conteúdo - O Complexo de Édipo como estrutura que constitui um sujeito. 
Conteúdo - Funções do complexo de Édipo. 
Conteúdo - Estruturação do complexo de Édipo. 
Conteúdo - Dissolução do Complexo de Édipo.
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A ligação entre a teoria e a técnica. Teoria, Técnica e Ética estão entrelaçadas. 
O Método Hipnótico e a Catarse.
As descobertas de Breuer já foram descritas tantas vezes que posso dispensar um exame detalhado das mesmas aqui. O fundamental delas era o fato de que os sintomas de pacientes histéricos baseiam-se em cenas do seu passado que lhes causaram grande impressão mas foram esquecidas (traumas); 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
a terapêutica, nisto apoiada, que consistia em fazê-los lembrar e reproduzir essas experiências num estado de hipnose (catarse); e o fragmento de teoria disto inferido, segundo o qual esses sintomas representavam um emprego anormal de doses de excitação que não haviam sido descarregadas (conversão). 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
O interesse de Freud – estudos com Charcot.
É sabido também que depois de Breuer ter feito sua primeira descoberta do método catártico deixou-o de lado durante anos e só veio a retomá-lo por instigação minha, quando de volta dos meus estudos com Charcot. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
As terapêuticas de então para o tratamento.
Breuer tinha uma grande clientela que exigia muito dele; quanto a mim, apenas assumira a contragosto a profissão médica, mas tinha naquela época um forte motivo para ajudar as pessoas que sofriam de afecções nervosas ou pelo menos para desejar compreender algo sobre o estado delas. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Adotei a fisioterapia, e me senti completamente desanimado com os resultados desapontadores do meu estudo da Elektrotherapie de Erb [1882], que apresentava tantas indicações e recomendações. Se na época não cheguei por conta própria à conclusão que Moebius estabeleceu depois — de que os êxitos do tratamento elétrico em doentes nervosos são efeito de sugestão — 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
foi, sem dúvida alguma, apenas por causa da total ausência desses prometidos êxitos.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
A adoção do método catártico.
 tratamento pela sugestão durante a hipnose profunda, que aprendi através das impressionantes demonstrações de Liébeault e Bernheim, pareciam então oferecer um substituto satisfatório para o malogrado tratamento elétrico. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Mas a prática de investigar pacientes em estado hipnótico, com a qual me familiarizou Breuer — prática que combinava um modo de agir automático com a satisfação da curiosidade científica — era, sem dúvida, incomparavelmente mais atraente do que as proibições monótonas e forçadas usadas no tratamento pela sugestão, proibições que criavam um obstáculo a qualquer pesquisa.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Como era o Método.
Conduzíamos a atenção do paciente diretamente para a cena traumática na qual o sintoma surgira e nos esforçávamos por descobrir o conflito mental envolvido naquela cena, e por liberar a emoção nela reprimida. Ao longo deste trabalho, descobrimos o processo mental, característico das neuroses, que chamei depois de “regressão”. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
As associações do paciente retrocediam, a partir da cena que tentávamos elucidar, até as experiências mais antigas, e compeliam a análise, que tencionava corrigir o presente, a ocupar-se do passado. Esta regressão nos foi conduzindo cada vez mais para trás; a princípio parecia nos levar regularmente até a puberdade; 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Continuando.
em seguida, fracassos e pontos que continuavam inexplicáveis levaram o trabalho analítico ainda mais para trás, até os anos da infância que até então permaneciam inacessíveis a qualquer espécie de exploração. Essa direção regressiva tornou-se uma característica importante da análise. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Era como se a psicanálise não pudesse explicar nenhum aspecto do presente sem se referir a algo do passado; mais ainda, que toda experiência patogênica implicava uma experiência prévia que, embora não patogênica em si, havia, não obstante, dotado esta última de sua qualidade patogênica. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Divergência com Breuer.
Quanto à teoria. Visão de Breuer.
Minha primeira divergência com Breuer surgiu de uma questão relativa ao mecanismo psíquico mais apurado da histeria. Ele dava preferência a uma teoria que, se poderia dizer, ainda era até certo ponto fisiológica; 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
tentava explicar a divisão mental nos pacientes histéricos pela ausência de comunicação entre vários estados mentais (“estados de consciência”, como os chamávamos naquela época), e construiu então a teoria dos “estados hipnóides” cujos produtos se supunham penetrar na “consciência desperta” como corpos estranhos não assimilados
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Posição de Freud. Da teoria Hipnóide à teoria da Defesa.
Eu via a questão de forma menos científica; parecia discernir por toda parte tendências e motivos análogos aos da vida cotidiana, e encarava a própria divisão psíquica como o efeito de um processo de repulsão que naquela época denominei de “defesa”, e depois de “repressão”. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Fiz uma tentativa efêmera de permitir que os dois mecanismos existissem lado a lado separados um do outro, mas como a observação me mostrava sempre uma única e mesma coisa, dentro de pouco tempo minha teoria da “defesa” passou a se opor à teoria “hipnóide” de Breuer.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Outra divergência – a base sexual (sexualidade infantil) do sintoma.
Como se sabe, Breuer disse de sua primeira e famosa paciente que o elemento de sexualidade estava surpreendentemente não desenvolvido nela e que em nada contribuíra para o riquíssimo quadro clínico do caso. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Sempre fiquei a imaginar por que os críticos não citam com mais freqüência esta afirmação de Breuer como argumento contra minha alegação referente à etiologia sexual das neuroses, e até hoje não sei se devo considerar a omissão como prova de tato ou de descuido da parte deles. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
 Divergência quanto ao tratamento (técnica). 
No tratamento desse caso, Breuer usou, para com a paciente, de um rapport sugestivo muito intenso, que nos poderá servir como um perfeito protótipo do que chamamos hoje de “transferência”. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Tenho agora fortes razões para suspeitar que,
depois de ter aliviado todos os sintomas de sua cliente, Breuer deve ter descoberto por outros indícios a motivação sexual dessa transferência, mas que a natureza universal deste fenômeno inesperado lhe escapou, resultando daí que, como se tivesse sido surpreendido por um “fato inconveniente”, ele tenha interrompido qualquer investigação subseqüente.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
A questão da Transferência como fundamental para o estabelecimento da Psicanálise como tratamento das neuroses.
 surgimento da transferência sob forma francamente sexual — seja de afeição ou de hostilidade
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
no tratamento das neuroses, apesar de não ser desejado ou induzido pelo médico nem pelo paciente, sempre me pareceu a prova mais irrefutável de que a origem das forças impulsionadoras da neurose está na vida sexual.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Reafirmando a questão da transferência.
No que me diz respeito, este argumento continua a ser decisivo, mas decisivo mesmo do que qualquer das descobertas mais específicas do trabalho analítico.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Quanto à descoberta da origem sexual na etiologia das neuroses. Três mestres de Freud.
Breuer, Charcot e Chrobak, o ginecologista da universidade, talvez o mais eminente de todos os nossos médicos de Viena. Esses três homens me tinham transmitido um conhecimento que, rigorosamente falando, eles próprios não possuíam. 
Próprio do funcionamento do inconsciente. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
1º Breuer: Um dia, quando eu era ainda um jovem médico residente, passeava com Breuer pela cidade, quando se aproximou de nós um homem que evidentemente desejava falar-lhe com urgência. Deixei-me ficar para trás. Logo que Breuer ficou livre, contou-me com seu jeito amistoso e instrutivo que aquele homem era marido de uma paciente sua e que lhe trouxera algumas notícias a respeito dela. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
A esposa, acrescentou, comportava-se de maneira tão peculiar em sociedade que lhe fora levada para tratamento como um caso de doença nervosa. Concluiu ele: “Estas coisas são sempre “secrets d’alcôve!” Perguntei-lhe assombrado o que queria dizer e respondeu explicando-me o termo alcôve (“leito conjugal”), pois não se deu conta de quão extraordinário o assunto de sua declaração me parecia.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
2º Charcot: lguns anos depois, numa recepção em casa de Charcot, aconteceu-me estar de pé perto do grande mestre no momento em que ele parecia estar contando a Brouardel uma história muito interessante sobre algo que me ocorrera durante o trabalho do dia. Mal ouvi o início, mas pouco a pouco minha atenção foi-se prendendo ao que ele dizia: um jovem casal de um país distante do Oriente — a mulher, um caso de doença grave, o homem impotente ou excessivamente desajeitado. “Tâchez donc”, ouvi Charcot repetindo, “jê vous assure, vous y arriverez”. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Brouardel, que falava mais baixo, deve ter externado o seu espanto de que sintomas como os da esposa pudessem ter sido produzidos por tais circunstâncias, pois Charcot de súbito irrompeu com grande animação: “Mais, dans des cas pareils, c’est toujours la chose génitale, toujours… toujours… toujours”; e cruzou os braços sobre o estômago, abraçando-se a si mesmo e pulando para cima e para baixo na ponta dos pés várias vezes com a animação que lhe era característica.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Reação de Freud: Sei que por um momento fiquei quase paralisado de assombro e disse para mim mesmo: “Mas se ele sabe disso, por que não diz nunca?”. Mas a impressão logo foi esquecida; a anatomia do cérebro e a indução experimental de paralisias histéricas absorviam todo o meu interesse.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
3º Chrobak: Um ano depois, iniciara a minha carreira médica em Viena como professor-adjunto de doenças nervosas, e em relação a tudo o que dizia respeito à etiologia das neuroses ainda era tão ignorante e inocente quanto se poderia esperar de um aluno promissor recém-saído de uma universidade. Certo dia, recebi um recado simpático de Chrobak, pedindo-me que visse uma cliente sua a quem não podia dedicar o tempo necessário, por causa de sua recente nomeação para o cargo de professor universitário. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Cheguei à casa da cliente antes dele e verifiquei que ela sofria de acessos de ansiedade sem sentido, e só conseguia se acalmar com informações precisas de onde se encontrava o seu médico a cada momento do dia. Quando Chrobak chegou, levou-me a um canto e me disse que a ansiedade da paciente era devida ao fato de que, embora estivesse casada há dezoito anos, ainda era virgo intacta.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Continuando: O marido era absolutamente impotente. Nesses casos, disse ele, o médico nada podia fazer a não ser resguardar esta infelicidade doméstica com sua própria reputação, e resignar-se quando as pessoas dessem de ombros e dissessem dele: “Não vale nada se não pode curá-la depois de tantos anos”. A única receita para essa doença acrescentou, nos é bastante familiar, mas não podemos prescrevê-la. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
A única receita para essa doença acrescentou, nos é bastante familiar, mas não podemos prescrevê-la. É a seguinte:
 “R. Penis normalis dosim repetatur!”
Jamais ouvira tal receita, e tive vontade de fazer ver ao meu protetor que eu reprovava o seu cinismo.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Conclusão de Freud: Dou-me conta muito bem de que uma coisa é externar uma idéia uma ou duas vezes sob a forma de um aperçu passageiro, e outra bem diferente é levá-la a sério, tomá-la ao pé da letra e persistir nela, apesar dos detalhes contraditórios, até conquistar-lhe um lugar entre as verdades aceitas.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
É a diferença entre um flerte fortuito e um casamento legal com todos os seus deveres e dificuldades. “Épouser les idées de…” não é uma figura de linguagem pouco comum, pelo menos em francês.
Ou seja, Freud perseverou e, por isso, descobriu, formalizou isso. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Descobertas: Entre os outros novos fatores que foram acrescentados ao processo catártico como resultado de meu trabalho e que o transformou em psicanálise, posso mencionar em particular a teoria da repressão e da resistência, o reconhecimento da sexuaidade infantil e a interpretação e exploração de sonhos como fonte de conhecimento do inconsciente.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Só puderam ser feitas com o abandono da hipnose e a adoção da Técnica da Associação-livre. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Frase lapidar de Freud: A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise. É a parte mais essencial dela e todavia nada mais é senão a formulação teórica de um fenômeno que pode ser observado quantas vezes se desejar se se empreende a análise de um neurótico sem recorrer a hipnose.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Qual era o problema com a técnica hipnótica. (ocultar a resistência ao tratamento).
Em tais casos encontra-se uma resistência que se opõe ao trabalho da análise e, a fim de frustrá-lo, alega falha de memória. O uso da hipnose ocultava essa resistência; por conseguinte, a história da psicanálise propriamente dita só começa com a nova técnica que dispensa a hipnose. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
A consideração teórica, decorrente da coincidência dessa resistência com uma amnésia, conduz inevitavelmente ao princípio da atividade mental inconsciente, peculiar à psicanálise, e que também a distingue muito nitidamente das especulações filosóficas em torno do inconsciente.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Técnica da Psicanálise consiste em: Assim talvez se possa dizer que a teoria da psicanálise é uma tentativa de explicar dois fatos surpreendentes e inesperados que se observam
sempre que se tenta remontar os sintomas de um neurótico a suas fontes no passado: a transferência e a resistência. Qualquer linha de investigação que reconheça esses dois fatos e os tome como ponto de partida de seu trabalho tem o direito de chamar-se psicanálise, mesmo que chegue a resultados diferentes dos meus. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Mas quem quer que aborde outros aspectos do problema, evitando essas duas hipóteses, dificilmente poderá escapar à acusação de apropriação indébita por tentativa de imitação, se insistir em chamar-se a si próprio de psicanalista.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Como Freud chegou à sexualidade infantil: Outro produto dessa espécie foi a hipótese da sexualidade infantil. Isto, porém, foi feito numa data muito ulterior. Nos primeiros dias da investigação experimental pela análise, não se pensou em tal coisa. De início, observou-se apenas que os efeitos das experiências presentes tinham de ser remontados a algo no passado. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
. Mas os investigadores geralmente encontram mais do que procuram. Fomos puxados cada vez mais para o passado; esperávamos poder parar na puberdade, período ao qual se atribui tradicionalmente o despertar dos impulsos sexuais.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Continuando: Mas os investigadores geralmente encontram mais do que procuram. Fomos puxados cada vez mais para o passado; esperávamos poder parar na puberdade, período ao qual se atribui tradicionalmente o despertar dos impulsos sexuais. Mas em vão; as pistas conduziam ainda mais para trás, à infância e aos seus primeiros anos.. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
No caminho, tivemos de superar uma idéia errada que poderia ter sido quase fatal para a nova ciência. Influenciados pelo ponto de vista de Charcot quanto à origem traumática da histeria, estávamos de pronto inclinados a aceitar como verdadeiras e etiologicamente importantes as declarações dos pacientes em que atribuíam seus sintomas a experiências sexuais passivas nos primeiros anos da infância — em outras palavras, à sedução. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Descoberta de Freud: Fantasia Inconsciente que revela um desejo desconhecido pelo paciente.
Quando essa etiologia se desmoronou sob o peso de sua própria improbabilidade e contradição em circunstâncias definitivamente verificáveis, ficamos, de início, desnorteados. A análise nos tinha levado até esses traumas sexuais infantis pelo caminho certo e, no entanto, eles não eram verdadeiros. Deixamos de pisar em terra firme.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Nessa época, estive a ponto de desistir por completo do trabalho, exatamente como meu estimado antecessor, Joseph Breuer, quando fez sua descoberta indesejável. Talvez tenha perseverado apenas porque já não tinha outra escolha e não podia então começar uma outra coisa.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Continuando: Se os pacientes histéricos remontam seus sintomas e traumas que são fictícios, então o fato novo que surge é precisamente que eles criam tais cenas na fantasia, e essa realidade psíquica precisa ser levada em conta ao lado da realidade prática. Essa reflexão foi logo seguida pela descoberta de que essas fantasias destinavam-se a encobrir a atividade auto-erótica dos primeiros anos de infância, embelezá-la e elevá-la a um plano mais alto. E agora, de detrás das fantasias, toda a gama da vida sexual da criança vinha à luz. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Como obter convicção sobre isso: Essa convicção da existência e da importância da sexualidade infantil, entretanto, só pode ser obtida, pelo método da análise, partindo-se dos sintomas e peculiaridades dos neuróticos e acompanhando-os até suas fontes últimas, cuja descoberta então explica o que há nelas de explicável e permite que se modifique o que há de modificável.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
As formações do Inconsciente. Os Sonhos.
Pouco preciso dizer sobre a interpretação de sonhos. Surgiu como os prenúncios da inovação técnica que eu adotara quando, após um vago pressentimento, resolvi substituir a hipnose pela livre associação.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Grande importância para Freud.
A interpretação de sonhos foi para mim um alívio e um apoio naqueles árduos primeiros anos da análise, quando tive de dominar a técnica, os fenômenos clínicos e a terapêutica das neuroses, tudo ao mesmo tempo. Naquele período fiquei completamente isolado e, no emaranhado de problemas e acúmulo de dificuldades, muitas vezes tive medo de me desorientar e de perder a confiança em mim mesmo. 
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Continuando: A comprovação de minha hipótese de que uma neurose tinha de tornar-se inteligível através da análise se arrastava, em muitos pacientes, por um período de tempo desesperador; mas os sonhos desses pacientes, que poderiam ser considerados análogos aos seus sintomas, quase sempre confirmavam a hipótese.
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A PSICANÁLISE COMO CIÊNCIA
Com este relato da história do desenvolvimento da psicanálise creio ter mostrado, melhor do que com uma descrição sistemática, o que ela é
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Principais Conceitos
O Inconsciente é formado por um conjunto de pensamentos (Gedanken), que ocorrem à revelia do ego consciente e que revelam um voto, um desejo.
Não é acessível diretamente mas através de suas manifestações: sonhos, atos falhos, chistes e sintomas. 
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Principais Conceitos
Características dos processos inconscientes:
O núcleo do Ics. consiste em representantes instintuais que procuram descarregar sua catexia; isto é, consiste em impulsos carregados de desejo.
Esses impulsos instintuais são coordenados entre si, existem lado a lado sem se influenciarem mutuamente, e estão isentos de contradição mútua.
 
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Principais Conceitos
Não há nesse sistema lugar para negação, dúvida ou quaisquer graus de certeza: tudo isso só é introduzido pelo trabalho da censura entre o Ics. e o Pcs. A negação é um substituto, em grau mais elevado, da repressão. 
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Principais Conceitos
No Ics. só existem conteúdos catexizados com maior ou menor força.
As intensidades catexiais [no Ics.] são muito mais móveis. Pelo processo de deslocamento uma idéia pode ceder a outra toda a sua quota de catexia; pelo processo de condensação pode apropriar-se de toda a catexia de várias outras idéias.
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Principais Conceitos
Propus que esses dois processos fossem considerados como marcos distintivos do assim denominado processo psíquico primário. No sistema Pcs. o processo secundário é dominante. Quando se permite que um processo primário siga seu curso em conexão com elementos que pertencem ao sistema Pcs., ele parece ‘cômico’ e provoca o riso.
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Principais Conceitos
Os processos do sistema Ics. são intemporais; isto é, não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo; não têm absolutamente qualquer referência ao tempo. A referência ao tempo vincula-se, mais uma vez, ao trabalho do sistema Cs. 
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Principais Conceitos
Do mesmo modo os processos Ics. dispensam pouca atenção à realidade. Estão sujeitos ao princípio do prazer; seu destino depende apenas do grau de sua força e do atendimento às exigências da regulação prazer-desprazer.
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Principais Conceitos
Resumindo: a isenção de contradição mútua, o processo primário (mobilidade das catexias), a intemporalidade e a substituição da realidade externa pela psíquica — tais são as características que podemos esperar encontrar nos processos pertencentes ao sistema Ics.
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Principais Conceitos
Os processos inconscientes se tornam cognoscíveis por nós sob as condições de sonho e neurose — vale dizer, quando os processos do sistema Pcs., mais elevado, são levados de volta a uma fase anterior, a um nível mais baixo (pela regressão).
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Principais Conceitos
Por si sós não são percebidos; na realidade, são até mesmo incapazes de conduzir sua existência,
pois o sistema Ics. se acha muito prematuramente sobrecarregado pelo Pcs. que ganhou acesso à consciência e à motilidade.
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Principais Conceitos
A descarga do sistema Ics. passa a inervação somática, que leva ao desenvolvimento do afeto; mas mesmo esse caminho da descarga é, conforme já vimos contestado pelo Pcs. Por si só, o sistema Ics. não seria capaz, em condições normais, de provocar quaisquer atos musculares adequados, à exceção dos já organizados como reflexos.
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Principais Conceitos
O Conceito de Pulsão. Conceito fundamental.
Um conceito básico convencional dessa espécie, que no momento ainda é algo obscuro, mas que nos é indispensável na psicologia, é o de um ‘instinto’. 
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Principais Conceitos
Tentemos dar-lhe um conteúdo, abordando-o de diferentes ângulos. 
Em primeiro lugar, do ângulo da fisiologia. Isso nos forneceu o conceito de um ‘estímulo’ e o modelo do arco reflexo, segundo o qual um estímulo aplicado ao tecido vivo (substância nervosa) a partir de fora é descarregado por ação para fora. 
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Principais Conceitos
Essa ação é conveniente na medida em que, afastando a substância estimulada da influência do estímulo, remove-a de seu raio de atuação.
Qual a relação do ‘instinto’ com o ‘estímulo’? Nada existe que nos impeça de subordinar o conceito de ‘instinto’ ao de ‘estímulo’ e de afirmar que um instinto é um estímulo aplicado à mente.
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Principais Conceitos
Obtivemos agora o material necessário para traçarmos uma distinção entre os estímulos instintuais e outros estímulos (fisiológicos) que atuam na mente. Em primeiro lugar, um estímulo instintual não surge do mundo exterior, mas de dentro do próprio organismo. Por esse motivo ele atua diferentemente sobre a mente, e diferentes ações se tornam necessárias para removê-lo.
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Principais Conceitos
Além disso, tudo que é essencial num estímulo fica encoberto, se presumimos que ele atua com um impacto único, podendo ser removido por uma única ação conveniente. Um exemplo típico disso é a fuga motora proveniente da fonte de estimulação. Esses impactos podem, como é natural, ser repetidos e acrescidos, mas isso em nada modifica nossa noção a respeito do processo e as condições para a eliminação do estímulo.
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Principais Conceitos
Um instinto, por outro lado, jamais atua como uma força que imprime um impacto momentâneo, mas sempre como um impacto constante. Além disso, visto que ele incide não a partir de fora mas de dentro do organismo, não há como fugir dele. O melhor termo para caracterizar um estímulo instintual seria ‘necessidade’. 
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Principais Conceitos
O que elimina uma necessidade é a ‘satisfação’. Isso pode ser alcançado apenas por uma alteração apropriada (‘adequada’) da fonte interna de estimulação.
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Principais Conceitos
Imaginemo-nos na situação de um organismo vivo quase inteiramente inerme, até então sem orientação no mundo, que esteja recebendo estímulos em sua substância nervosa. Esse organismo muito em breve estará em condições de fazer uma primeira distinção e uma primeira orientação. 
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Principais Conceitos
Por um lado, estará cônscio de estímulos que podem ser evitados pela ação muscular (fuga); estes, ele os atribui a um mundo externo. Por outro, também estará cônscio de estímulos contra os quais tal ação não tem qualquer valia e cujo caráter de constante pressão persiste apesar dela; esses estímulos são os sinais de um mundo interno, a prova de necessidadess instintuais.
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Principais Conceitos
 substância perceptual do organismo vivo terá assim encontrado, na eficácia de sua atividade muscular, uma base para distinguir entre um ‘de fora’ e um ‘de dentro’.
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Principais Conceitos
Chegamos assim à natureza essencial dos instintos, considerando em primeiro lugar suas principais características — sua origem em fontes de estimulação dentro do organismo e seu aparecimento como uma força constante — e disso deduzimos uma de suas outras características, a saber, que nenhuma ação de fuga prevalece contra eles.
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Principais Conceitos
Para nossa orientação, ao lidarmos com o campo de fenômenos psicológicos não nos limitamos a aplicar ao nosso material empírico certas convenções à guisa de conceitos básicos; também empregamos um bom número de postulados complicados. 
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Principais Conceitos
Os estímulos externos impõem uma única tarefa: a de afastamento; isso é realizado por movimentos musculares, um dos quais finalmente atinge esse objetivo e, sendo o movimento conveniente, torna-se a partir daí uma disposição hereditária. Não podemos aplicar esse mecanismo ao estímulos instintuais, que se originam de dentro do organismo. 
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Principais Conceitos
Estes exigem muito mais do sistema nervoso, fazendo com que ele empreenda atividades complexas e interligadas, pelas quais o mundo externo se modifica de forma a proporcionar satisfação à fonte interna de estimulação. 
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Principais Conceitos
Acima de tudo, obrigam o sistema nervoso a renunciar à sua intenção ideal de afastar os estímulos, pois mantêm um fluxo incessante e inevitável de estimulação. Podemos, portanto, concluir que os instintos, e não os estímulos externos, constituem as verdadeiras forças motrizes por detrás dos progressos que conduziram o sistema nervoso, com sua capacidade ilimitada, a seu alto nível de desenvolvimento atual. 
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Principais Conceitos
Se agora nos dedicarmos a considerar a vida mental de um ponto de vista biológico, um ‘instinto’ nos aparecerá como sendo um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como o representante psíquico dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em conseqüência de sua ligação com o corpo.
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Principais Conceitos
Estamos agora em condições de examinar certos termos utilizados com referência ao conceito de instinto — por exemplo, sua ‘pressão’, sua ‘finalidade’, seu ‘objeto’ e sua ‘fonte’.
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Principais Conceitos
Por pressão [Drang] de um instinto compreendemos seu fator motor, a quantidade de força ou a medida da exigência de trabalho que ela representa. A característica de exercer pressão é comum a todos os instintos; é, de fato, sua própria essência. Todo instinto é uma parcela de atividade; se falarmos em termos gerais de instintos passivos, podemos apenas querer dizer instintos cuja finalidade é passiva.
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Principais Conceitos
A finalidade [Ziel] de um instinto é sempre satisfação, que só pode ser obtida eliminando-se o estado de estimulação na fonte do instinto. Mas, embora a finalidade última de cada instinto permaneça imutável, poderá ainda haver diferentes caminhos conducentes à mesma finalidade última, de modo que se pode verificar que um instinto possui várias finalidades mais próximas ou intermediárias, que são combinadas ou intercambiadas umas com as outras. 
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Principais Conceitos
O objeto [Objekt] de um instinto é a coisa em relação à qual ou através da qual o instinto é capaz de atingir sua finalidade. É o que há de mais variável num instinto e, originalmente, não está ligado a ele, só lhe sendo destinado por ser peculiarmente adequado a tornar possível a satisfação. O objeto não é necessariamente algo estranho: poderá igualmente ser uma parte do próprio corpo do indivíduo.
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Principais Conceitos
Pode ser modificado quantas vezes for necessário no decorrer das vicissitudes que o instinto sofre durante sua existência, sendo que esse deslocamento do instinto desempenha papéis altamente importantes. 
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Principais Conceitos
Por fonte [Quelle] de um instinto entendemos o processo somático que ocorre num órgão ou parte do corpo, e cujo estímulo é representado na vida mental por um instinto. Não sabemos se esse processo é invariavelmente de natureza química ou se pode também corresponder à liberação de outras forças, por
exemplo, forças mecânicas. 
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Principais Conceitos
Teorias freudianas sobre a pulsão.
Que instintos devemos supor que existem, e quantos? É óbvio que isso dá ampla margem a escolhas arbitrárias. Não se pode objetar a que qualquer pessoa empregue o conceito de um instinto lúdico ou de destruição ou de estado gregário, quando o assunto o exige e as limitações da análise psicológica o permitem. 
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Principais Conceitos
Propus que se distingam dois grupos de tais instintos primordiais: os instintos do ego, ou autopreservativos, e os instintos sexuais. Mas essa suposição não tem status de postulado necessário, como tem, por exemplo, nossa suposição sobre a finalidade biológica do aparelho mental; ela não passa de uma hipótese de trabalho. 
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Principais Conceitos
No texto Além do Princípio do Prazer, vai propor outra divisão:
As pulsões de vida, englobando as pulsões do ego e as pulsões sexuais (aquela parte da pulsão que consegue se representar psiquicamente).
Pulsão de morte – aquela parte da pulsão que não se representa psiquicamente – aparece como compulsão à repetição.
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Principais Conceitos
Recalque. Ademais, a observação psicanalítica das neuroses de transferência leva-nos a concluir que a repressão não é um mecanismo defensivo que esteja presente desde o início; que ela só pode surgir quando tiver ocorrido uma cisão marcante entre a atividade mental consciente e a inconsciente; e que a essência da repressão consiste simplesmente em afastar determinada coisa do consciente, mantendo-a à distância. 
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Principais Conceitos
Consiste na separação da catexia, isto é: da parte representacional e da carga de afeto. O que fica recalcado é a representação. O destino da carga de afeto vai resultar nos tipos clínicos das neuroses: se inervar uma parte do corpo (conversão) – histeria; se inervar outras representações – neurose obsessivo-compulsiva; se inervar um objeto – fobia; se não se ligar – angústia. 
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Principais Conceitos
Fases do recalcamento: Temos motivos suficientes para supor que existe uma repressão primeva, uma primeira fase de repressão, que consiste em negar entrada no consciente ao representante psíquico (ideacional) do instinto. Com isso, estabelece-se uma fixação; a partir de então, o representante em questão continua inalterado, e o instinto permanece ligado a ele. Isso se deve às propriedades dos processos inconscientes,
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Principais Conceitos
A segunda fase da repressão, a repressão propriamente dita, afeta os derivados mentais do representante reprimido, ou sucessões de pensamento que, originando-se em outra parte, tenham entrado em ligação associativa com ele.
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Principais Conceitos
Terceira fase retorno do recalcado: Ao executarmos a técnica da psicanálise, continuamos exigindo que o paciente produza, de tal forma, derivados do reprimido, que, em conseqüência de sua distância no tempo, ou de sua distorção, eles possam passar pela censura do consciente. 
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Principais Conceitos
Trabalhamos com formações substitutas – sonhos, chistes, atos falhos e sintomas. O mecanismo de uma repressão só nos será acessível se deduzirmos esse mecanismo a partir do resultado da repressão. Limitando nossas observações ao efeito da repressão sobre a parcela ideacional do representante, descobrimos que, via de regra, ele cria uma formação substitutiva.
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Principais Conceitos
Aparelho Psíquico.
Há desde o início temos dito que os seres humanos adoecem de um conflito entre as exigências da vida instintual e a resistência que se ergue dentro deles contra esta; e nem por um momento nos esquecemos dessa instância que resiste, rechaça, reprime, que consideramos aparelhada com suas forças especiais, os instintos do ego, e que coincide com o ego da psicologia popular.
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Principais Conceitos
A divisão do psíquico em o que é consciente e o que é inconsciente constitui a premissa fundamental da psicanálise, e somente ela torna possível a esta compreender os processos patológicos da vida mental, que são tão comuns quanto importantes, e encontrar lugar para eles na estrutura da ciência.
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Principais Conceitos
‘Estar consciente’ é, em primeiro lugar, um termo puramente descritivo, que repousa na percepção do caráter mais imediato e certo. A experiência demonstra que um elemento psíquico (uma idéia, por exemplo) não é, via de regra, consciente por um período de tempo prolongado.
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Principais Conceitos
Pelo contrário, um estado de consciência é, caracteristicamente, muito transitório; uma idéia que é consciente agora não o é mais um momento depois, embora assim possa tornar-se novamente, em certas condições que são facilmente ocasionadas. No intervalo, a idéia foi…
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Principais Conceitos
Podemos dizer que esteve latente, e, por isso, queremos dizer que era capaz de tornar-se consciente a qualquer momento. Ora, se dissermos que era inconsciente, estaremos também dando uma descrição correta dela.
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Principais Conceitos
O reprimido é, para nós, o protótipo do inconsciente. Percebemos, contudo, que temos dois tipos de inconsciente: um que é latente, mas capaz de tornar-se consciente, e outro que é reprimido e não é, em si próprio e sem mais trabalho, capaz de tornar-se consciente. 
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Principais Conceitos
Esta compreensão interna (insight) da dinâmica psíquica não pode deixar de afetar a terminologia e a descrição. Ao latente, que é inconsciente apenas descritivamente, não no sentido dinâmico, chamamos de pré-consciente; restringimos o termo inconsciente ao reprimido dinamicamente inconsciente, de maneira que temos agora três termos, 
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Principais Conceitos
consciente (Cs.), pré-consciente (Pcs.) e inconsciente (Ics.), cujo sentido não é mais puramente descritivo. O Pcs. acha-se provavelmente muito mais próximo do Cs. que o Ics., e desde que chamamos o Ics. de psíquico, chamaremos, ainda com menos hesitação, o Pcs. latente de psíquico. 
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Principais Conceitos
Podemos agora trabalhar comodamente com nossos três termos, Cs., Pcs., e Ics., enquanto não esquecermos que, no sentido descritivo, há dois tipos de inconsciente, mas, no sentido dinâmico, apenas um. Para fins de exposição, esta distinção pode ser ignorada em alguns casos; noutros, porém ela é, naturalmente, indispensável. 
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Principais Conceitos
Segunda tópica: Id, Ego, Superego.
O superego, o ego e o id — estes são, pois, os três reinos, regiões, províncias em que dividimos o aparelho mental de um indivíduo, e é das suas relações mútuas que nos ocuparemos a seguir.
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Principais Conceitos
O superego é para nós o representante de todas as restrições morais, o advogado de um esforço tendente à perfeição — é, em resumo, tudo o que pudemos captar psicologicamente daquilo que é catalogado como o aspecto mais elevado da vida do homem. 
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Principais Conceitos
Superego. Atribuímos-lhe as funções de auto-observação, de consciência e de [manter] o ideal. Daquilo que dissemos sobre sua origem, segue-se que ele pressupõe um fato biológico extremamente importante e um fato psicológico decisivo; ou seja, a prolongada dependência da criança em relação a seus pais e o complexo de Édipo, ambos intimamente inter-relacionados. 
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Principais Conceitos
Os senhores não haverão de esperar que eu tenha muita coisa nova a dizer-lhes acerca do id, exceto o seu nome novo. É a parte obscura, a parte inacessível de nossa personalidade; o pouco que sabemos a seu respeito, aprendemo-lo de nosso estudo da elaboração onírica e da formação dos sintomas neuróticos, 
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Principais Conceitos
Abordamos o id com analogias; denominamo-lo caos, caldeirão cheio de agitação fervilhante. Descrevemo-lo como estando aberto, no seu extremo, a influências somáticas e como contendo dentro de si necessidades instintuais que nele encontram expressão psíquica; não sabemos dizer, contudo, em que substrato. 
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Principais
Conceitos
Está repleto de energias que a ele chegam dos instintos, porém não possui organização, não expressa uma vontade coletiva, mas somente uma luta pela consecução da satisfação das necessidades instintuais, sujeita à observância do princípio de prazer.
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Principais Conceitos
As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao id, e isto é verdadeiro, acima de tudo, quanto à lei da contradição. Impulsos contrários existem lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro: quando muito, podem convergir para formar conciliações, sob a pressão econômica dominante, com vistas à descarga da energia.
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Principais Conceitos
No id não há nada que se possa comparar à negativa e é com surpresa que percebemos uma exceção ao teorema filosófico segundo o qual espaço e tempo são formas necessárias de nossos atos mentais.
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Principais Conceitos
No id, não existe nada que corresponda à idéia de tempo; não há reconhecimento da passagem do tempo, e — coisa muito notável e merecedora de estudo no pensamento filosófico nenhuma alteração em seus processos mentais é produzida pela passagem do tempo. 
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Principais Conceitos
impulsos plenos de desejos, que jamais passaram além do id, e também impressões, que foram mergulhadas no id pelas repressões, são virtualmente imortais; depois de se passarem décadas, comportam-se como se tivessem ocorrido há pouco.
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Principais Conceitos
Naturalmente, o id não conhece nenhum julgamento de valores: não conhece o bem, nem o mal, nem moralidade. Domina todos os seus processos o fator econômico ou, se preferirem, o fator quantitativo, que está intimamente vinculado ao princípio de prazer. Catexias instintuais que procuram a descarga — isto, em nossa opinião, é tudo o que existe no id. 
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Principais Conceitos
Ego: Podemos esclarecer melhor as características do ego real, na medida em que este pode ser diferenciado do id e do superego, examinando sua relação com a parte mais superficial do aparelho mental, que descrevemos como o sistema Pcpt.-Cs. 
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Principais Conceitos
Esse sistema está voltado para o mundo externo, é o meio de percepção daquilo que surge de fora, e durante o seu funcionamento surge nele o fenômeno da consciência. É o órgão sensorial de todo o aparelho; ademais, é receptivo não só às excitações provenientes de fora, mas também àquelas que emergem do interior da mente. 
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Principais Conceitos
Quase não necessitamos procurar uma justificativa para a opinião segundo a qual o ego é aquela parte do id que se modificou pela proximidade e influência do mundo externo, que está adaptada para a recepção de estímulos, e adaptada como escudo protetor contra os estímulos, comparável à camada cortical que circunda uma pequena massa de substância viva. 
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Principais Conceitos
A relação com o mundo externo tornou-se o fator decisivo para o ego; este assumiu a tarefa de representar o mundo externo perante o id — o que é uma sorte para o id, que não poderia escapar à destruição se, em seus cegos intentos que visam à satisfação de seus instintos, não atentasse para esse poder externo supremo. 
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Principais Conceitos
Ao cumprir com essa função, o ego deve observar o mundo externo, deve estabelecer um quadro preciso do mesmo nos traços de memória de suas percepções, e, pelo seu exercício da função de ‘teste de realidade’, deve excluir tudo o que nesse quadro do mundo externo é um acréscimo decorrente de fontes internas de excitação.
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Principais Conceitos
O ego controla os acessos à motilidade, sob as ordens do id; mas, entre uma necessidade e uma ação, interpôs uma protelação sob forma de atividade do pensamento, durante a qual se utiliza dos resíduos mnêmicos da experiência. Dessa maneira, o ego destronou o princípio de prazer, que domina o curso dos eventos no id sem qualquer restrição, e o substituiu pelo princípio de realidade, que promete maior certeza e maior êxito.
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Principais Conceitos
O ego evolui da percepção dos instintos para o controle destes; esse controle, porém, apenas é realizado pelo representante [psíquico] do instinto quando tal representante se situa no lugar que lhe é próprio, num amplo conjunto de elementos, quando tomado em um contexto coerente. Para adotar um modo popular de falar, poderíamos dizer que o ego significa razão e bom senso, ao passo que o id significa as paixões indomadas.
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Principais Conceitos
O ego, afinal, é apenas uma parte do id, uma parte que foi adequadamente modificada pela proximidade com o mundo externo, com sua ameaça de perigo. Do ponto de vista dinâmico, ele é fraco, tomou emprestadas ao id as suas forças, e em parte entendemos os métodos — poderíamos chamá-los subterfúgios — pelos quais extrai do id quantidades adicionais de energia. 
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Principais Conceitos
O ego deve, no geral, executar as intenções do id, e cumpre sua atribuição descobrindo as circunstâncias em que essas intenções possam ser mais bem realizadas. A relação do ego para com o id poderia ser comparada com a de um cavaleiro para com seu cavalo. 
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Principais Conceitos
O cavalo provê a energia de locomoção, enquanto o cavaleiro tem o privilégio de decidir o objetivo e de guiar o movimento do poderoso animal. Mas muito freqüentemente surge entre o ego e o id a situação, não propriamente ideal, de o cavaleiro só poder guiar o cavalo por onde este quer ir.
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Principais Conceitos
Adverte-nos um provérbio de que não sirvamos a dois senhores ao mesmo tempo. O pobre do ego passa por coisas ainda piores: ele serve a três severos senhores e faz o que pode para harmonizar entre si seus reclamos e exigências. 
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Principais Conceitos
Esses reclamos são sempre divergentes e freqüentemente parecem incompatíveis. Não é para admirar se o ego tantas vezes falha em sua tarefa. Seus três tirânicos senhores são o mundo externo, o superego e o id. 
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Principais Conceitos
Sexualidade Infantil.
A premissa universal do falo é, antes de mais nada, uma premissa de para todos, da universalidade ao nível da satisfação pulsional.
Nesse contexto, o encontro da diferença sexual anatômica é traumática para ambos os sexos, embora a questão do falo se coloque de forma diferente para homens e mulheres. 
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Principais Conceitos
Em ambos os casos, porém, a questão do falo – o falo em questão é o falo da mãe (só relembrando – a função materna de ser o complemento de satisfação para a criança) – vai se por quando essa mãe for castrada, ou seja, perder essa toda potência para a criança. 
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Principais Conceitos
Pelo lado da menina, Freud conclui que “o que a mulher inveja é o pênis”, mas ATENÇÃO: “não o pênis do macho, mas o pênis que, na idade do complexo de castração (da mãe), ela quisera receber das mãos da mãe”como um dom. 
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Principais Conceitos
É, portanto, uma inveja que corresponde ao Outro Absoluto, todo potente, sem falta, que tem tudo: é esta mãe de quem a menininha espera o pênis como um dom. Sendo assim, o pênis não vale por si só, vale como um dom da mãe: ela me deu ou ela não me deu, ela me deu ou deu ao meu rival odiado, a tal ponto que Freud traduz essa inveja por “quem é o preferido?” 
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Principais Conceitos
Esse debate, quem não o conhece, seja das crianças, seja da neurose, é registrado por Freud nas intermináveis acusações que as meninas dirigem à mãe: “me deu pouco: leite, amor; me coloca várias proibições, etc.
São acusações próprias da fase fálica, acusações narcísicas que correspondem à constatação de que a mãe falta como garantia de uma satisfação. 
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Principais Conceitos
São acusações que encaminham a separação da mãe e a transferência para o pai, de quem agora espera receber numa equivalência fálica um bebê-falo.
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Principais Conceitos
Pelo lado do menino tudo começa do mesmo modo. A função da mãe promove uma ordem de dependência que instaura no sujeito
uma matriz simbólica: o Outro absoluto. Nesse contexto a criança sabe que é filha e que, portanto, está em dívida com o Outro: “da mãe se tem tudo quanto se é e se é tudo quanto se tem”. 
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Principais Conceitos
O menino deve à mãe tudo quanto se é, inclusive seu corpo. Ocorre que neste corpo há uma parte saliente – o pênis – saliente, porque prazeroso. 
Com o clitóris não é diferente. Interessada nessa parte do corpo, tão excitável e rica em sensações, a menina quer vê-la também em outras pessoas. 
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Principais Conceitos
É uma curiosidade sexual, uma necessidade de investigar (as crianças são grandes cientistas – Freud chama de pulsão epistemofílica) que caracteriza o apogeu da sexualidade fálica e, ao mesmo tempo, a iminência de sua dissolução: é no curso das pesquisas sexuais que a criança encontrará a diferença sexual anatômica como contradição à premissa fálica. 
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Principais Conceitos
O menino descobre o pai e, com ele, o desfrute narcísico da mãe (que marca o início das relações humanas) fica interditado. O menino deve escolher entre a mãe e seu pênis ameaçado pela castração, cujo agente é o pai.
Se escolher a mãe, é ameaçado pelo pai de perder o pênis – ameaça tão fantástica quanto aquelas das meninas, de o terem perdido. 
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Principais Conceitos
Se escolher o pênis, terá agora que saber o que fazer com ele, para além da satisfação masturbatória. Escolher o pênis, mais além de sua significação narcísica. 
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Principais Conceitos
Se o Édipo é a colocação em questão a partir de sua entrada no simbólico, a partir da entrada da função do pai, é preciso lembrar que o falo não é uma fantasia, não é um objeto, não é um órgão anatômico: o falo é um significante, significante de uma falta no nível da satisfação. 
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Principais Conceitos
O falo quer dizer que a satisfação da pusão deve passar necessariamente pela estrutura da linguagem (não temos no humano instinto puro). Isso representa uma perda, documentada por Freud quando diz que a mãe não satisfaz a libido (pulsão sexual) infantil que é insaciável porque carece de objeto (não existe objeto fixo para a satisfação da pulsão). 
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Principais Conceitos
O falo é o significante que representa essa perda da qual o humano padece em sua relação ao simbólico (ao mundo das palavras).
Quer dizer enfim, que o que falta à mãe (a castração materna) simboliza, para ambos os sexos, o que se pode perder, o que pode faltar ao ser no nível de sua satisfação. 
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Principais Conceitos
Simboliza, enfim, que a relação narcísica será inevitavelmente perdida à medida em que aparecem interesses da mãe para além da criança, o que acontece se na mãe está inscrita a castração – a mulher não se reduz à mãe.
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Principais Conceitos
A questão do desejo da mãe (se deseja é porque falta) determina uma resposta que visa conservar essa mãe como absoluta como aquela que poderia dar o que falta ao ser. É o fantasma da mãe fálica - partilhado por todos, meninos e meninas – que tem por função proteger o sujeito da angústia de castração.
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Principais Conceitos
A Castração materna quer dizer que a mãe é desejante para além da criança, ou seja, que ela está em falta e, por isso, deseja.
A mãe desejará o pai ou não o desejará é o que faz do pai (não é o fulano de tal, é a função paterna) o agente dessa operação. 
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Principais Conceitos
Lacan a chamou de metáfora paterna, que barra a toda potência materna. É a inscrição da castração na mãe que permite a ela introduzir a sua criança nessa operação da metáfora paterna.
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Principais Conceitos
Do que vimos até aqui sobre o Édipo, a apreensão pela criança de que a mãe não tem o falo, quer dizer, a castração na mãe é necessariamente experimentada como angústia. A angústia é um afeto que não engana: não engana sobre a falta no Outro.
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