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Saúde Ambiental, Biossegurança e Vigilância Sanitária Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Mariluci Alves Ferreira Botto Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Saúde Ambiental Saúde Ambiental • Conhecer os principais fatores ambientais de agravos à saúde e doenças; • Conhecer os principais aspectos da legislação ambiental brasileira e sua aplicação. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • O que é Saúde Ambiental? • Meio Ambiente, Trabalho e Saúde; • Saneamento Básico; • Breve História da Saúde Ambiental; • Vigilância Ambiental em Saúde. UNIDADE Saúde Ambiental O que é Saúde Ambiental? O problema ambiental tem sido uma das preocupações desde os primórdios da Saúde Pública, apesar de, só na segunda metade do século XX ter se estruturado uma área específica para tratar dessas questões. A Saúde Ambiental é uma área que trata da interrelação entre saúde e meio ambiente. De acordo com a definição da OMS: “Saúde Ambiental é o campo de atuação da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das condições em torno do ser humano, que podem exercer alguma influência sobre a sua saúde e o seu bem-estar” (BRASIL, 1999, p. 18). A Saúde Ambiental é um amplo campo de estudo, onde os profissionais de di- versas formações acadêmicas e técnicas estão envolvidos, tanto das áreas biológicas quanto das ciências da natureza e das ciências exatas. Em 1993, a definição de Saúde Ambiental, que insere também os aspectos de atuação prática, foi apresentada na Carta de Sofia, produzida no encontro da Orga- nização Mundial de Saúde, realizado na cidade de Sofia: Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e futuras. (OMS, 1989 apud U.S. Department of Health and Human Services, 1998, p. 80) A definição de meio ambiente, segundo Silva (2003, p. 19), é: “Interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida humana.” De acordo com Netto (2009), a natureza é classificada em três meios, destacando-se: o na- tural, o artificial e o cultural. I. meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano construído no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto); II. meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueoló- gico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou; III. meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora, enfim, pela integração dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o meio ambiente físico que ocupam. (NETTO, 2009, p. 118) 8 9 Meio Ambiente, Trabalho e Saúde O trabalhador sofre intensamente as consequências negativas da deterioração do meio ambiente, sofrendo tripla agressão: como trabalhador, como cidadão e/ou como consumidor. Importante! O Polo Petroquímico de Camaçari na Bahia, foi construído sobre importante manancial de água mineral e os seus dejetos já comprometem o rio Capivara Pequeno e o estuário de Jacuí- pe, chegando até o mar e comprometendo os mananciais de água que abastecem a cidade de Salvador e os trabalhadores apresentaram casos de: leucopenia, surdez, doenças respiratórias. Outros fatos preocupantes são: • As chaminés das fábricas que despejam diariamente toneladas de gazes, vapores e partículas no ar; • Os efluentes líquidos com toneladas de metais pesados que são despejadas em rios e mananciais onde se capta água para consumo doméstico; • A invasão da dinâmica da produção no espaço e vida das pessoas; • O parque industrial de São Paulo produz anualmente 2,5 milhões de toneladas de resíduos prejudiciais à saúde; • Dentre os principais setores industriais brasileiros, com forte presença no mer- cado internacional, quatro são altamente nocivos ao meio ambiente: papel e celulose, alumínio e petroquímica; • Efeito estufa, na qual parte da radiação solar incide sobre a terra é absorvida e o restante é refletido para o espaço. Isso tem proporcionado uma temperatura estável que garante vida no planeta. Porém, com o aumento da concentração de alguns gases resultados da ação humana, mais calor vem sendo retido na superfí- cie da terra, provocando um aquecimento global do planeta. Essas chuvas trazem grandes problemas para a saúde, os peixes e água contaminada e qualidade do ar favorável para problemas respiratórios; • Os agrotóxicos, agroquímicos e os biocidas são produtos carcinogênicos muta- gênicos e teratogênicos. Nas décadas de 1960 e 70, foi a fase áurea dos agro- tóxicos no Brasil. O mercado do veneno cresceu 421% e o aumento médio da produtividade das 154 principais culturas brasileiras não ultrapassou a 5%. Saneamento Básico É constituído por quatro serviços que são: drenagem urbana (galeria de água fluvial); recolhimento e destinação de resíduos sólidos; tratamento de água; coleta e tratamento de esgoto sanitário. 9 UNIDADE Saúde Ambiental O serviço de saneamento básico é de fundamental importância para a saúde das populações. Sua inexistência provoca contaminação do solo, da água e do ar, proli- feração de vetores e a consequente disseminação das doenças. Nos países subdesenvolvidos, 80% dos leitos hospitalares vêm sendo ocupados por pacientes com doenças causadas direta ou indiretamente pela água de má quali- dade ou pela falta de saneamento. Dez mil pessoas/dia falecem devido a consequências de acidente e doenças cau- sadas por falta de habitação adequada e de serviços essenciais de água potável e esgoto sanitário. No Brasil, diariamente, são produzidos 125.281 toneladas de lixo no Brasil; 68,5% dos re- síduos gerados nas grandes cidades brasileiras são jogados nos lixões e alagados; existem pelo menos 24.340 catadores de lixo nos lixões brasileiros; dos catadores registradores pela pesquisa, 22% têm menos de 14 anos; pelo menos 7.264 pessoas residem nos lixões espa- lhados pelo Brasil; apenas 451 municípios têm coleta seletiva de lixo; dos 3.466 que coletam lixo hospitalar, 1.193 não fazem nenhum tipo de tratamento, como incineração; o brasileiro recebe em média 260 litros de água por dia; o volume de água distribuída sem tratamento aumentou de 3,9% para 7,2% de 1989 para 2000; 38% da água distribuída na região Norte não recebe nenhum tipo de tratamento. Estudos da OMS confirmam que aproximadamente um quarto do total de incidência de do- enças (diarreia, infecções respiratórias, malária, dengue e câncer) e um terço de incidência entre crianças se deve a modificações ambientais. Estão associadas à poluição da água, do ar, de alimentos e de outros componentes do ambiente. Água A água está disponível no planeta sendo 97% salgada, 2% geleiras, 1% aprovei- tada para consumo humano e ameaçada por esgoto, lixo, agrotóxicos, efluentes industriais, desmatamento e queimadas. A água é indispensável ao ser humano e responsável pela renovação de células, oxigenação do sangue, eliminação de resíduos provenientes do metabolismo e fun- cionamento da maioria dos órgãos vitais. A má qualidade da água gera altos índices de doenças, como esquistossomose, dengue, febre amarela e malária, doenças de pele e doenças diarreicas, cólera, febre tifoide, amebíase, ascaridíase, giardíase, hepatite, leptospirose, gastroenterites etc. e sua falta pode causar desidratação e até a morte. Poluição É a degradação da qualidade ambiental resultante da atividade que, direta ou in- diretamente:• prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 10 11 • afetem desfavoravelmente a biota; • afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; • lançam matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Os tipos de poluição são: visual, da água, do solo, radioativa, sonora e do ar. A exposição à poluição apresenta muitas possibilidades de interferência com a saúde humana. Desenvolvimento sustentável É aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilida- de das gerações futuras satisfazerem as suas, baseia-se em dois conceitos-chaves: a prioridade na satisfação das necessidades das camadas mais pobres da população, e as limitações que o estado atual da tecnologia e da organização social impôs sobre o meio ambiente (Comissão Brundtland). Entre as atitudes do desenvolvimento sustentável, está: • a satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer etc.); • a solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); • a participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da neces- sidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal; • a preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, entre outros); • a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e res- peito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, como, por exemplo, os índios); e • a efetivação dos programas educativos. Breve História da Saúde Ambiental No começo do século XXI, tiveram início discussões de temas ambientais de inte- resse nacional e internacional que resultaram em ações concretas dentro do Brasil e nos primeiros acordos entre países. Entre os eventos enfatizados aqui no Brasil, podemos citar o I Congresso Inter- nacional para a Proteção da Natureza, realizado em Paris em 1923, e como acordo internacional o Tratado Antártico, de 1959. Outras conferências ocorreram e, em 1968, surgiu a necessidade de promover um encontro entre países para obter for- mas de controle da poluição do ar e da chuva ácida, dois problemas ambientais que estavam inquietando as populações dos países centrais da Europa. 11 UNIDADE Saúde Ambiental A questão ambiental, então já agendada como um dos grandes temas internacionais, e a decisão pelo encontro entre países resultaram na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Importante! Cabe ressaltar que outros eventos influenciaram o corpo desta Conferência. Entre eles, a Mesa-Redonda de Especialistas em Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada em Founex, na Suíça, em 1971, onde foram lançadas as bases para o conceito de Desenvol- vimento Sustentável e a divulgação do Relatório do Clube de Roma. No campo do setor Saúde, pode-se destacar uma grande mudança de ótica pro- veniente dos resultados obtidos em estudos realizados na região dos Grandes Lagos, situados na divisa entre Canadá e EUA, que culminou com a publicação do Relatório Lalonde, em 1974, que aponta a importância do viés ecossistêmico para a avaliação e a criação de ambientes saudáveis. A partir de então, iniciou-se a formação, entre os profissionais de saúde, de uma nova mentalidade, integrando uma abordagem mais holística e a consciência ecológica no trato das questões afeitas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde da população. Você Sabia? A Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde, de 1978, realçou esse novo pensamento de caracterização do processo saúde-doença, incorporando as dimen- sões sociais, políticas, culturais, ambientais e econômicas como componentes indispen- sáveis às ações e aos serviços de saúde. Neste compasso, a I, a II e a III Conferências Inter- nacionais de Promoção da Saúde, realizadas em 1986, 1988 e 1991, em Ottawa, Adelaide e Sundsvall, respectivamente, representaram um grande avanço na sedimentação das novas propostas e em sua disseminação global. As cartas da promoção da saúde. Disponível em: https://bit.ly/34CKb9H No Brasil, o movimento pela Reforma Sanitária revelou-se um grande marco de mudanças paradigmáticas das práticas de saúde. A VIII Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em 1986, inspirou os constituintes de 1988, estimulando as altera- ções da estrutura jurídico-institucional e a ampliação do conceito de saúde vigentes, considerando-a resultante das condições de vida e do meio ambiente dos povos. Outro destaque, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), instituída em 1983, teve os objetivos de reavaliar o tema de forma inter- -relacionada com o desenvolvimento e de formular estratégias de ação com vistas a uma Agenda Global para mudança de paradigma. Em 1987, essa Comissão apresentou seu relatório final, intitulado Nosso Futuro Comum, que passou a se constituir como referência no âmbito internacional para a 12 13 organização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvol- vimento (CNUMAD), que foi realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. Essa Conferência, maior encontro de representações de Estado até então, propiciou o comprometimento dos países com uma série de acordos coletivos firmados entre as representações governamentais e não governamentais, dos quais se destacam: a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21. Outros acordos e convenções interna- cionais foram negociados na oportunidade, como a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Na Agenda 21, além do capítulo 6, que trata do tema Proteção e Promoção das Condições da Saúde Humana, diversos outros capítulos abordam os vínculos existentes entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento. Considerada como ins- trumento orientador, propõe ações também para o setor Saúde, em conjunto com outras medidas destinadas a promover o desenvolvimento sustentável sob a ótica do desenvolvimento social e econômico estável, a fim de garantir qualidade de vida e preservação dos ecossistemas às gerações presentes e futuras. A interrelação entre saúde e ambiente também pautou a reunião dos Chefes de Estado do Continente Ibero-Americano, em 1993, e a Cúpula das Américas, FGBVEM 1994, realizadas, respectivamente, em Salvador e em Miami. Importante! No Brasil, as iniciativas para a elaboração da Política Nacional de Saúde Ambiental se ini- ciaram em 1994, com o processo preparatório para a Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Humano Sustentável (Copasad). Nesse contexto, por meio de portaria, foi criada uma Comissão Intraministerial para subsidiar o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) na elaboração do primeiro documento oficial interre- lacionando as áreas de saúde e ambiente: o Plano Nacional de Saúde e Ambiente. Esse processo contou com ampla participação de especialistas, gestores e representantes de usuários, culminando com a produção de dois textos pelo Ministério da Saúde, em 1995 e 1999, que são considerados os principais marcos referenciais para a elaboração da pre- sente proposta. Os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente são: a preservação, a melhoria e a re- cuperação da qualidade ambiental propícia à vida, a fim de assegurar a proteção da digni- dade da vida humana. Subsídios para Construção da Política Nacional de Saúde Ambiental. Disponível em: https://bit.ly/3lrwtNW Em 1995, em Washington, os Ministros da Saúde e do Meio Ambiente, repre- sentando o Brasil, aderiram à Carta Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Humano Sustentável. Tal documento define os princípios políticos e estratégicos comuns que devem ser adotados pelos paísesdas Américas. Como 13 UNIDADE Saúde Ambiental decorrência, o Ministério da Saúde vem participando do processo da Reunião de Mi- nistros de Saúde e Meio Ambiente das Américas, que ocorreu em 2002, em Ottawa, Canadá, e em 2005, na Cidade de Mar Del Plata, Argentina. Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://bit.ly/36J6CNb Durante a Cúpula Extraordinária das Américas (em Monterrey, México), em janeiro de 2004, foi divulgada a Declaração de Novo Leon, que afirma: Cremos que assegurar a saúde ambiental das nossas populações consti- tui um investimento para o bem-estar e a prosperidade de longo prazo. Sentimo-nos estimulados pela nova parceria entre os Ministros da Saúde e do Meio Ambiente das Américas e recomendamos que elaborem uma agenda de cooperação para prevenir e minimizar os impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana. (CÚPULA EXTRAORDINÁRIA DAS AMÉRICAS, 2004, p. 9) Base legal relativa à saúde ambiental no Brasil A referência normativa relativa à saúde ambiental no Brasil encontra-se expressa na Constituição Federal de 1988, mediante os seguintes artigos: • Art. 23, incisos II, VI, VII e IX, que estabelece a competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios de cuidar da saúde, proteger o meio ambiente, promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico, além de combater a polui- ção em qualquer de suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora; • Art. 196, que define a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garanti- do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de do- ença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988, art. 196); • Art. 200, incisos II e VIII, que fixa, como atribuições do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outras, a execução de “ações de vigilância sanitária e epidemioló- gica, bem como as de saúde do trabalhador” e “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988); • Art. 225, no qual está assegurado que: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º. Disponível em: https://bit.ly/3lc6w4G 14 15 A Lei nº 8.080/90, que institui o Sistema Único de Saúde (SUS), destaca como fatores determinantes e condicionantes da saúde, entre outros, “a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”. Além disso, salienta que “os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País” (BRASIL, 1990, art. 3.º). Acrescenta, ainda, que dizem respeito também à saúde as ações que se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social (BRASIL, 1990, art. 3.º, parágrafo único). Ao definir, no art. 6º, o campo de atuação do SUS, inclui as ações inerentes à vigi- lância sanitária; à vigilância epidemiológica; a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o trabalho; o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos, entre outros. Em 1997, o Ministério da Saúde formulou o projeto VIGISUS com o objetivo, entre outros, de estruturar o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental de acordo com as diretrizes do SUS, definindo com maior clareza o papel da vigilância em saúde ambiental no que toca aos fatores que podem acarretar riscos à saúde humana. A estruturação da Vigilância em Saúde Ambiental no Brasil começa a ins- titucionalizar-se a partir do Decreto n.º 3.450, de 9 de maio de 2000, que assegura a sua implantação em todo o território nacional. A Lei n.º 10.683/03, que dispõe sobre a organização da Presidência da Repúbli- ca e dos Ministérios, atribui como uma das competências do Ministério da Saúde a “saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e índios”. De acordo com o Decreto n.º 4.726/2003, que trata da Estrutura Regimental do Mi- nistério da Saúde, compete à Secretaria de Vigilância em Saúde coordenar a gestão do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde, incluindo o ambiente de trabalho. A Instrução Normativa SVS/MS n.º 1, de 7 de março de 2005, estabeleceu o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA) e definiu os níveis de competência das três esferas de governo na área de vigilância em saúde ambiental, o que vem sendo estruturado de forma gradativa no País. Tal normatização define o ambiente de trabalho como objeto de vigilância, de forma complementar à Instrução Normativa de Vigilância à Saúde do Trabalhador, aprovada pela Portaria n.º 3.120, de 1.º de julho de 1998. Esta tem como objetivo instrumentalizar minimamente os setores responsáveis pela vigilância, nas secretarias estaduais e municipais, de forma que in- corporem, em suas práticas, mecanismos de análise e intervenções sobre os processos e os ambientes de trabalho. Também a Portaria n.º 777, de 28 de abril de 2004, é um importante instrumento para a vigilância ambiental, ao definir os agravos relacionados à saúde do trabalhador como de notificação compulsória em rede sentinela de serviços de saúde. As intoxi- cações exógenas por substâncias químicas (que abrangem os agrotóxicos, os gases tóxicos e os metais pesados) estão incluídas na lista. 15 UNIDADE Saúde Ambiental Vale ressaltar, ainda, a Portaria n.º 3.908/98 – Norma Operacional de Saúde do Trabalhador, que trata das responsabilidades do SUS, nos três níveis de gestão, no campo da Saúde do Trabalhador. Vale ressaltar, ainda, a importância da Lei n.º 8.142/90, que trata da participação e do controle social por meio das conferências e dos conselhos de saúde; do Estatuto da Cidade (Lei n.º 10.257/01), que estabelece as diretrizes gerais da política urba- na; da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), do art. 5.º da Constituição Federal, que reza sobre os direitos individuais e coletivos; da Medida Provisória n.º 261/05, que abre crédito extraordinário em favor do Ministério da Previdência Social e do Ministério da Saúde, e, por fim, das políticas nacionais de saneamento, educação ambiental, recursos hídricos, resíduos sólidos e outras que perpassam a temática da saúde ambiental. Lei nº 6.938, de 31 de Agosto DE 1981. Disponível em: https://bit.ly/3luNDKB O interesse do legislador em proteger o meio ambiente liga-se intrinsecamente à necessidade de garantir a vida e a sua qualidade, prevenindo riscos de toda sorte, uma vez que a desordem do meio ambiente, em algum grau, gerará uma desordem na saúde individual e coletiva, com demarcação difícil de prever. Vigilância Ambiental em Saúde A Vigilância Ambiental em Saúde (VSA) consiste em um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalida- de de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. É também atribuição da VSA os procedimentos de vigilância epidemiológica das doenças e agravos à saúde humana, associados a contaminantes ambientais, espe- cialmente os relacionados com a exposição a agrotóxicos, amianto, mercúrio, ben- zeno echumbo. Dentro da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – Cgvam, as áreas de atuação são: • Vigilância da qualidade da água para consumo humano – Vigiagua; • Vigilância em saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos – Vigiar; • Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes químicos – Vigipeq; • Vigilância em saúde ambiental relacionada aos riscos decorrentes de de- sastres – Vigidesastres; e • Vigilância em saúde ambiental relacionada aos fatores físicos – Vigifis. 16 17 Quais os objetivos da Vigilância Ambiental em Saúde? Destacam-se os seguintes objetivos da Vigilância Ambiental em Saúde: • Produzir, integrar, processar e interpretar informações, visando a disponibilizar ao SUS instrumentos para o planejamento e execução de ações relativas às atividades de promoção da saúde e de prevenção e controle de doenças relacio- nadas ao meio ambiente; • Estabelecer os principais parâmetros, atribuições, procedimentos e ações relacio- nadas à vigilância ambiental em saúde nas diversas instâncias de competência; • identificar os riscos e divulgar as informações referentes aos fatores ambientais condicionantes e determinantes das doenças e outros agravos à saúde; • Intervir com ações diretas de responsabilidade do setor ou demandando para outros setores, com vistas a eliminar os principais fatores ambientais de riscos à saúde humana; • Promover, junto aos órgãos afins ações de proteção da saúde humana relaciona- das ao controle e recuperação do meio ambiente; e • Conhecer e estimular a interação entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento, visando ao fortalecimento da participação da população na promoção da saúde e qualidade de vida. Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde A Instrução Normativa 01/SVS, de 7 de março de 2005 define as competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de vigilância em saúde ambiental. O Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental – Sinvsa – tem a fina- lidade de recomendar e adotar medidas de promoção da saúde ambiental, prevenção e controle dos fatores de riscos relacionados às doenças e outros agravos à saúde, em especial: • Água para consumo humano; • Ar; • Solo; • Contaminantes ambientais e substâncias químicas; • Desastres naturais; • Acidentes com produtos perigosos; • Fatores físicos; e • Ambiente de trabalho”. O Decreto n. 7.797, de 30 de agosto de 2012 Art. 43. Ao Departamento de Vigi- lância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador compete: I – gerir o Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental, in- cluindo ambiente de trabalho; 17 UNIDADE Saúde Ambiental II – coordenar a implementação da política e o acompanhamento das ações de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador; III – propor e desenvolver metodologias e instrumentos de análise e co- municação de risco em vigilância ambiental; IV – planejar, coordenar e avaliar o processo de acompanhamento e supervisão das ações de vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Tra- balhador; e V – gerenciar o Sistema de Informação da Vigilância Ambiental em Saúde. CGVAM VIGIPEQ VIGIAGUA VIGIDESASTRES (Daniela Buosi) Solo Ar Quim Desastres de origem natural Mudanças Climáticas Vigi�s Vigiapp Figura 1 – Organograma CGVAM A divisão operacional entre fatores de riscos biológicos e não biológicos não im- plica dissociação entre tais áreas. A necessidade de integração é imprescindível tam- bém, com a vigilância epidemiológica, com o sistema nacional de laboratórios de saúde pública, com o sistema de informação em saúde, com a engenharia de saúde pública e saneamento, com a assistência integral à saúde indígena e com a vigilância sanitária, entre outros. Coordenação de Vigilância e Controle dos Fatores de Risco Biológicos (Cofab) A vigilância ambiental dos fatores de riscos biológicos fica desmembrada em três áreas de concentração: vetores; hospedeiros e reservatórios e animais peçonhentos, de acordo com a descrição a seguir: • Vetores: A vigilância de fatores de riscos biológicos relacionados aos vetores (Anopheles, Aedes aegypti, Culex, Flebótomos e Triatomíneos) transmissores de doenças (Malária, Febre Amarela, Dengue, Leishmaniose, entre outras) tem como finalidade o mapeamento de áreas de risco em determinados territórios utilizando a vigilância entomológica (características, presença, índices de infes- tação, avaliação da eficácia dos métodos de controle), e as suas relações com a vigilância epidemiológica quanto à incidência e prevalência dessas doenças e do 18 19 impacto das ações de controle, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública e a interrelação com as ações de saneamento, visando ao controle ou à eliminação dos riscos; • Hospedeiros e Reservatórios: A vigilância de fatores de riscos biológicos relacionados aos hospedeiros e reservatórios (caramujos, cães, gatos, morcegos, roedores, saguis, raposas, suínos, bovinos e aves) de doenças (raiva, leishmanioses, equinococose, leptospirose, peste, doença de Chagas, sarna, toxoplasmose e mais recentemente hantavírus) tem como finalidade o mapeamento de áreas de risco em determinados territórios utilizando a vigilância ambiental e as suas relações com a vigilância epidemiológica quanto à incidência e prevalência destas doenças e do impacto das ações de controle, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública e a interrelação com as ações de saneamento, visando ao controle ou à eliminação dos riscos; • Animais Peçonhentos: A vigilância de fatores de riscos biológicos relacionados a animais peçonhentos (serpentes, escorpiões, aranhas, himenópteras e lepidópte- ros), que podem resultar em acidentes de interesse para a saúde pública, tem como finalidade o mapeamento de áreas de risco em determinados territórios, suas rela- ções com a vigilância epidemiológica para avaliação dos acidentes e das medidas de controle utilizadas, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública. Coordenação de Vigilância e Controle dos Fatores de Risco Não Biológicos (Conab) A vigilância ambiental dos fatores de riscos não biológicos fica desmembrada em cinco áreas de agregação: Contaminantes ambientais Seu objetivo é desenvolver ações de vigilância em saúde, visando adotar medidas de prevenção, promoção e atenção integral à saúde de populações expostas a con- taminantes químicos, através de seus componentes: • Exposição humana em áreas contaminadas por contaminantes químicos – Vigisolo; • Exposição humana a substâncias químicas prioritárias – Vigiquim; • Exposição humana a poluentes atmosféricos – Vigipeq. Propõe-se, nesta área, o mapeamento de áreas de risco em determinado território, mantendo a constante vigilância dos contaminantes, de forma a minimizar os riscos de doenças decorrentes da exposição aos mesmos, quer seja na atmosfera, coleções hídricas ou no solo. A vigilância dos fatores de risco relacionados aos contaminantes ambientais ca- racteriza-se por uma série de ações, compreendendo a identificação de fontes de contaminação e modificações no meio ambiente que se traduza em risco à saúde. O levantamento desses dados e a sua análise, incluindo a coleta de amostras para exames laboratoriais e o cruzamento dessas informações com outras variáveis 19 UNIDADE Saúde Ambiental epidemiológicas e ambientais, fornecerão subsídios para o planejamento de progra- mas e ações de prevenção e de controle do risco de contaminação. Em situações detectadas como de risco à saúde decorrente de contaminações am- bientais, faz-se importante estudar as suas relações com a vigilância epidemiológica quanto à incidência e prevalência das doenças e do impacto das ações utilizadas, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública e a interrelação com as ações de saneamento, visando ao controle ou à eliminação dos riscos. Algumas ações de controle poderão ser realizadas pelo setor de saúde que, nes- ses casos, poderádemandar ações corretivas aos responsáveis pelas contaminações ambientais e aos órgãos de controle e fiscalização ambiental. A área de contaminantes ambientais também tem como atribuição identificar e catalogar o perfil toxicológico dos fatores ambientais físicos e químicos de interesse à saúde pública. Considerando o grande volume de novos produtos que são disponibilizados para o consumo e para a economia, essa área deverá atualizar permanentemente o co- nhecimento dos potenciais efeitos à saúde humana decorrentes da exposição huma- na a esses fatores. Como atividade processual, deverá também desenvolver e disseminar metodologias de gerenciamento e avaliação de risco ambiental e de gerenciamento e avaliação de ris- co à saúde humana decorrente de contaminação ambiental química e física. Servirá de âncora técnica para o desenvolvimento de legislação ambiental, especialmente no que se refere à definição de limites máximos de exposição humana a esses fatores ambientais. Deverá considerar as demandas já existentes, apoiando o desenvolvimento do sistema de informação para vigilância em saúde de análise de risco de exposição humana ao benzeno, ao amianto, ao chumbo e ao mercúrio entre outros, bem como auxiliar no aprimoramento de sistemas já existentes, como é o caso do monitora- mento de agrotóxicos desenvolvido pela Anvisa. A vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos reflete o compromisso com o desenvolvimento e acompanhamento de ações de vigilância em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo ações de proteção e promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, análise de situação e o monitoramento da saúde das populações expostas, ou potencialmente expostas a agrotóxicos. Inclui também a qualificação da agenda de educação e pesquisa voltada para a temática dos agrotóxicos e seus impactos na saúde humana. A Portaria nº 2.938, de 20 de dezembro de 2012, autoriza o repasse do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais de Saúde e do Distrito Federal, para o fortalecimento da Vigilância em Saúde de populações Expostas a Agrotóxicos, des- tinado aos Estados e Distrito Federal. Os critérios para priorização dos estados são: • Consumo de Agrotóxicos (Agrofit/Mapa); • Produção Agrícola (Sidra/IBGE); 20 21 • Tamanho da população potencialmente exposta (somatória das populações dos municípios com produção agrícola) (Sidra/IBGE); • Taxa de incidência de intoxicação por agrotóxicos (notificação no Sinan/MS); • Registro no Sisagua de análise de agrotóxicos em água de consumo de agrotóxicos; O monitoramento é realizado através: • Diagnóstico do consumo de agrotóxicos; • Análise da situação de saúde da população; • Proposta de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos pactuada na CIB; • Ações incorporadas no Plano de Saúde e na Programação Anual de Saúde; • Boletins contendo os resultados das ações; • Relatório das ações executadas e resultados alcançados; • Cooperação técnica com a Agência Japonesa de Cooperação Internacional – JICA; • Protocolos de Atenção Integral à Saúde de Populações Expostas a Contaminan- tes Químicos; • Agenda Internacional: Perfil de Mercúrio no Brasil, Mercosul, Comitê Intergo- vernamental de Negociação-INC/PNUMA. Portaria Nº 2.938, de 20 de Dezembro de 2012. Disponível em: https://bit.ly/3lpJ3gv As Portarias 1644/2009 e 2669/2010 – Veda ao Ministério da Saúde e órgãos vinculados utilização e aquisição de produtos e subprodutos com amianto, incluindo suas fibras; determina que sejam estabelecidos mecanismos de cooperação para o monitoramento da norma. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) atua para impedir a reclassi- ficação de resíduos da construção civil com amianto na Câmara Técnica de Saúde, Saneamento e Gestão de Resíduos (CTSSAGR) do Conama. Portaria nº 1.644, de 20 de Julho de 2009. Disponível em: https://bit.ly/36XlYxZ Portaria nº 2.669, de 3 de Setembro de 2010. Disponível em: https://bit.ly/36Xm1Kb Qualidade da água para consumo humano A vigilância da qualidade da água de consumo humano tem como finalidade o mapeamento de áreas de risco em determinado território, utilizando a vigilância da qualidade da água consumida pela população, quer seja aquela distribuída por sistemas de abastecimento de água e aquelas provenientes de soluções alternativas (coletados diretamente em mananciais superficiais, poços ou caminhões pipa), para 21 UNIDADE Saúde Ambiental avaliação das características de potabilidade, ou seja, da qualidade e quantidade con- sumida, com vistas a assegurar a qualidade da água e evitar que as pessoas adoeçam pela presença de patógenos ou contaminantes presentes nas coleções hídricas. Em situações detectadas como de risco à saúde, decorrente da má qualidade da água consumida, são importantes as relações com a vigilância epidemiológica quanto à inci- dência e prevalência das doenças e do impacto das medidas de monitoramento e con- trole utilizadas, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública e a inter- relação com as ações de saneamento, visando ao controle ou à eliminação dos riscos. Algumas ações de controle poderão ser realizadas pelo setor saúde e/ou também demandando ações corretivas aos responsáveis pela prestação de serviços de forne- cimento e tratamento da água, quando for o caso (BRASIL, 1990). A Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. O Padrão de Potabilidade Brasileiro segue os seguintes itens: • Padrão Microbiológico: bactérias, enterovírus, protozoários, giárdia, cianobactérias e cianotoxinas; • Padrão Físico/Químico: turbidez, substâncias orgânicas, substâncias inorgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção e radioatividade; • Padrão Organoléptico: cor, odor, gosto e outros. Portaria nº 2.914, de 12 de Dezembro de 2011. Disponível em: https://bit.ly/34wNTlm O Plano de Segurança da Água (PSA) é um instrumento de boas práticas com enfo- que preventivo para melhorar a segurança da água, desde o manancial até o consumo. As etapas do PSA são: • Avaliação sistemática e detalhada de riscos; • Monitoramento operacional das barreiras ou medidas de controle; • Promoção de um sistema estruturado e organizado visando minimizar as chances de falhas; • Produção de planos de contingência para responder a falhas no sistema ou even- tos de risco imprevistos. Plano de segurança de água – garantindo a qualidade e promovendo a saúde. Disponível em: https://bit.ly/30NJFER Qualidade do ar Na área de vigilância da qualidade do ar, é de interesse o mapeamento e o cadastra- mento das principais áreas de risco de poluição do ar, em particular nas áreas metropo- litanas, identificando a existência e a necessidade de sistemas de monitoramento da qua- lidade do ar. O monitoramento deverá dar prioridade àquelas substâncias químicas e a agentes físicos de comprovado ou suspeito efeito deletério à qualidade da saúde humana. 22 23 Qualidade do solo, incluindo os resíduos tóxicos e perigosos Na área de vigilância da qualidade do solo, o objetivo maior é o mapeamento e o cadastramento das áreas de contaminação ambiental da superfície e do subsolo terrestre que tenham potencial risco à saúde humana, especialmente as áreas de re- síduos (passivos) perigosos e tóxicos. Além disso, pretende-se identificar sistema de monitoramento dessas áreas visando identificar, caracterizar, quantificar, cadastrar e monitorar substâncias, especialmente àquelas de interesse à saúde humana. Desastres naturais e acidentes com produtos perigosos Na vigilância e prevenção de desastres naturais, são enfatizados os riscos e efeitos à saúde decorrentes de eventos relacionados a inundações, secas, desmoronamentos e incêndios em vegetações. O seu objetivo é desenvolver um conjunto de ações a serem adotadas continua- mente pelas autoridades de saúde públicapara: • Reduzir a exposição da população e dos profissionais de saúde aos riscos de desastres; • Reduzir doenças e agravos decorrentes dos desastres; • Reduzir os danos à infraestrutura sanitária de saúde. É imprescindível integrar com as instituições que atuam em situações de emergência visando ao levantamento e análise das informações referentes às situações de risco e os efeitos dos desastres naturais sobre a população e as repercussões nos serviços de saúde. Acidentes com produtos perigosos são eventos ou situações perigosas provocadas por descargas acidentais de substâncias que envolvam riscos para a saúde humana ou para o meio ambiente. As atividades de vigilância e prevenção são articuladas com as instituições que atuam com a prevenção, preparação para emergências e respostas aos acidentes químicos, além da interação com a rede de laboratórios de saúde pública e a interrelação com as ações de saneamento em situações de emer- gência, visando ao controle ou a eliminação dos riscos. Identificação das áreas de risco, identificação das atividades de alerta, definição de normas de limites de tolerância, e a capacitação de pessoal do setor saúde são atribui- ções inerentes à área de vigilância e prevenção de desastres naturais e tecnológicos. O Decreto n° 7.616, de 17 de novembro de 2011, dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional – ESPIN e institui a Força Nacional do Sistema Único de Saúde – FN/SUS. • Decreto nº 7.616, de 17 de Novembro de 2011. Disponível em: https://bit.ly/3nwo25x A Portaria n° 2.952, de 14 de dezembro de 2011, regulamenta no âmbito do SUS o Decreto n°7.616, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a declaração de Emergência em Saú- de Pública de Importância Nacional (ESPIN) e institui a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN/SUS). • Portaria nº 2.952, de 14 de Dezembro de 2011. Disponível em: https://bit.ly/30LiVow 23 UNIDADE Saúde Ambiental Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Saúde Pública e Meio Ambiente: Evolução do Conhecimento e da Prática, alguns Aspectos Éticos https://bit.ly/3lxatkR Fundação Nacional de Saúde https://bit.ly/2IbKkcP Política Nacional de Saúde Ambiental: Avanços e Desafios para sua Implementação https://bit.ly/36Y2ysP Educação Ambiental e Enfermagem: uma Integração Necessária https://bit.ly/3nuMh46 Crise Ambiental, Educação Ambiental e Saúde: Desafios no Processo Formativo em Enfermagem https://bit.ly/36OUTN9 A temática Saúde e Ambiente no Processo de Desenvolvimento do Campo da Saúde Coletiva: Aspectos Históricos, Conceituais e Metodológicos https://bit.ly/3np2jMW Saúde Ambiental https://bit.ly/36JYD2p 24 25 Referências BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona- mento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 de setembro de 1990. ________. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância ambiental em saúde. Brasília: Funasa, 2002. ________. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para cons- trução da Política Nacional de Saúde Ambiental. Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007. ________. Ministério da Saúde. Política nacional de saúde ambiental para o setor saúde. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde, 1999. CÚPULA EXTRAORDINÁRIA DAS AMÉRICAS. Declaração de Novo Leon – as- sinada por 34 chefes de estado e governo na Cúpula Extraordinária das Américas, em 13.01.2004. Monterrey: [s.n.], 2004. NETTO, D. A. Direito Ambiental. São Paulo: Anhanguera, 2009. SILVA, J. A. da. Direito Ambiental Constitucional. 4. edição. São Paulo: Malheiros Editores, 2003. Sites Visitados WORLD HEALTH ORGANIZATION. Definition of Environmental Health devel- oped at WHO consultation in Sofia, Bulgaria. 1993. Disponível em: . Acesso em: 01/2020. U.S. DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. An ensemble of definitions of environmental health. 20 nov. 1998. Disponível em: . 25