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As coisas no lugar

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As coisas no lugar: da ambiguidade à dualidade na reflexão sociológica sobre a relação cidade-campo
José de Souza Martins
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Surtos de recusa a que se dá o nome impróprio de crítica:
Ignorância da primeira onda de críticas e omissão bibliográfica
Tentativa de apresentar como novidade o que já era conhecido
Crítica vem de longe - necessidade de produzir uma explicação totalizadora e histórica para os descompassos entre a cidade e o campo, na cidade e no campo
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Surtos de recusa a que se dá o nome impróprio de crítica:
Crítica não deve ser produto de genialidade e nem recusa do conhecimento, com a simples objeção aos modelos definidos como insatisfatórios
Procedimento crítico é aquele que incorpora, ultrapassa determinado conhecimento
Devemos nos ocupar com a gênese teórica e compromissos do dualismos para entendermos sua razão 
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Surtos de recusa a que se dá o nome impróprio de crítica:
O dualismo não pode ser ingenuamente reduzido a um engano, a uma imperfeição teórica, a um viés
Em sociologia, só daremos o passo da superação se incluirmos na nossa reflexão uma análise da sociologia rural que de modo segmentar se propõe explicar esse mundo 
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Proposta do autor:
Analisar a constituição da sociologia rural entendendo o próprio termo rural como fruto de determinadas condições e circunstâncias sociais
Entender o rural como parte de uma forma de construção social da realidade no âmbito do conhecimento sociológico
Verificar de que modo as ambiguidades de origem da sociologia (conservadorismo e cientificismo) comportam-se na particularização do conhecimento
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Em que consiste a ambiguidade:
Estudo de Mannheim sobre o pensamento conservador: determinação das condições sociais e históricas de produção do conhecimento (análise de significação)
Estudo de Nisbet sobre a tradição sociológica: determinadas necessidades socialmente fundamentadas de produção do conhecimento / idéias já conceitualizadas e estruturadas num sistema de conhecimento politicamente fundado
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Em que consiste a ambiguidade:
Estudos de Lefebvre sobre sociologia rural: através de uma análise comum aos outros dois autores, sobre a comunidade camponesa, como a sociedade capitalista define e redefine categorias através das quais procura auto-interpretar-se e nas quais busca fundamentos para um programa político de ordenação social e de neutralização de tensões sociais
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
a) Estilo de pensamento
b) Intenções básicas
c) Modo de vida
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
a) Estilo de pensamento
Noção chave
Não se confunde com o pensamento mesmo
Resulta das intenções básicas de uma classe social
Representa a referência imediata para a apreensão das intenções básicas
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
b) Intenções básicas:
Formas socialmente dadas de querer
Intenções fundamentais que exprimem a maneira de ser de uma classe social
São o resultado necessário do modo de vida
Exprime também o modo de pensar de uma classe social
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
b) Modo de vida:
Maneira pela qual o grupo social estabelece relações internas peculiares
Pode-se falar em modo de vida capitalista e modos de vida periféricos ao capitalismo
É um modo de ser coletivo que reflete as concepções, necessidades e possibilidades históricas da classe dominante
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
Problemática da alienação
A vigência de um modo de vida supõe a problemática da dominação, embora oculta sob essa categoria que pretende ao mesmo tempo ser genérica e histórica para a sociedade
Genérica na realização e particular na sua gênese de classe
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
Pensamento
Produto do estilo de pensamento
Traduz uma maneira de ver e de viver, uma forma de querer generalizada sob a ação dos mecanismos de alienação, isto é, de reprodução social
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
Contraposição de dois estilos de pensamento
Conservadorismo
Racionalismo capitalista moderno
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
De que procede o pensamento conservador?
Mannheim estabelece um vínculo entre o conservadorismo e um modo de vida definido como periférico em relação ao capitalismo, que, por sua vez, ampararia as intenções básicas que se expressam no racionalismo, no liberalismo, no contrato etc.
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
De que procede o pensamento conservador?
Mannheim trabalha com análise comparativa, dela dependendo a análise de significações
Na medida em que o racionalismo moderno, o liberalismo, o contrato exprimem intenções básicas inerentes a um modo de vida capitalista a análise parece consistente
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
De que procede o pensamento conservador?
O pensamento conservador vale-se de categorias e um estilo essencialmente o mesmo do racionalismo capitalista
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
De que procede o pensamento conservador?
O pensamento conservador vale-se de categorias e um estilo essencialmente o mesmo do racionalismo capitalista
Diferenciação de estilos não estaria neles próprios mas nos modos de vida aos quais se referem
Inconsistência na noção de estilo de pensamento
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
O modo de vida periférico
Aparentemente, sobrevivências reais do passado pré-capitalista no presente capitalista
Modos de vida coetâneos embora admitidos ao mesmo tempo como relacionando-se numa sequência temporal
Fundamento social ao conservadorismo
Irredutibilidade dos dois modos de vida e dos dois estilos de pensamento
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
O modo de vida periférico
Mannheim mostra como uma ciência apoiada em supostos conservadores só se torna possível com base num estilo de pensamento que é necessariamente, racionalista – reflexão científica dá corpo e estrutura ao conservadorismo
Por meio do racionalismo o conservadorismo configura-se e organiza-se como sistema de pensamento
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
Ambiguidade do conservadorismo
Recupera para análise e constituição e articulação das idéias, concepções inerentes à sobrevivência de modos de vida formalmente periféricos à soc. capitalista
Não exprime, enquanto estilo, intenções básicas de um modo de vida periférico ao capitalismo. Enquanto estilo, exprime um modo de vida que é aquele que grosso modo se define como capitalista
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
Ambiguidade do conservadorismo
Os modos de vida periféricos à sociedade capitalista não se exprimem senão no nível do pensamento pela mediação das categorias intelectuais e dos critérios de raciocínio dessa mesma sociedade
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
O pensamento conservador exprime de fato um modo de vida periférico à sociedade capitalista?
O estilo de pensamento corresponde ao modo de vida?
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Karl Mannheim e o pensamento conservador:
No que diz respeito à relação capitalismo-racionalismo, excluída a hipótese de uma interdependência necessária, o esquema de Mannheim parece articulado de modo consistente. Mas, no caso do modo de vida periférico e conservadorismo, o relacionamento não é direto e existe entre os dois a interposição da razão científica como veículo de elaboração do pensamento conservador
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Nisbet e as modas conceituais:
Retoma por um caminho diferente a mesma problemática
Século XVIII foi o século do racionalismo
Século XIX o século da reação conservadora ao racionalismo
A sociologia teria surgido como modalidade de conhecimento contida no bojo do pensamento conservador
Constituiu-se como forma secularizada de conhecimento, não obstante seu compromisso com o conservadorismo
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Nisbet e as modas conceituais:
A sociologia apresenta-se como forma secularizada de conhecimento na qual o conservadorismo está presente através do que o autor denomina de idéias-elementos da sociologia
Cinco noções fundamentais do pensamento sociológicos que singularizam a sociologia como conhecimento especificamente situado
Contrapartida a idéias-elementos do racionalismo que emergiram a partir das “duas revoluções”
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Nisbet e as modas conceituais:
Constatação dos seguintes pares de idéias-elementos opostas, correspondentes à antítese conservadorismo/racionalismo:
Comunidade/sociedade
Autoridade/poder
Status/classe
Sagrado/profano
Alienação/progresso
Estas idéias não são o estrito produto da sociedade capitalista, mas são idéias retomadas do mundo medieval
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Nisbet e as modas conceituais:
Ambiguidade novamente:
Essas idéias-elementos não podem ressuscitar com a sua conotação original, enquanto componentes de concepções não-científicas e caracteristicamente medievais
Elas devem ressuscitar produzidas e redefinidas pelas necessidades de auto-explicação de uma sociedade que já foi permeada pelo processo de secularização e racionalização
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Nisbet e as modas conceituais:
Duas balizas:
As necessidades de auto-explicação instrumental da sociedade capitalista
As idéias-elementos contidas, como herança, no pensamento moderno
A idéias-elementos são idéias mediadoras na produção da auto-explicação da sociedade capitalista. Elas constituem a ótica através da qual essa sociedade procura ver-se e interpretar-se
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Nisbet e as modas conceituais:
Ambiguidade:
A análise sociológica estaria assim projetando inevitavelmente a sombra do tradicionalismo sobre a sociedade capitalista
As categorias sociológicas relevantes seriam, na verdade, relevantes para o mundo medieval ou relevantes para as categorias sociais produzidas nos interstícios pré-capitalistas da sociedade capitalista
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Nisbet e as modas conceituais:
Ambiguidade:
De que modo a sociedade capitalista propõe sua explicação através de noções que lhes são historicamente estranhas?
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Mannheim e Nisbet e os dois aspectos contraditórios da sociologia
O pensamento conservador adquire estatura intelectual através de um modo de pensar que é inerente à sociedade capitalista
As categorias relevantes da sociedade tradicional estariam projetando a sua relevância na caracterização da sociedade capitalista
- A ótica para a análise das sobrevivências que se exprimiriam no pensamento conservador é a ótica da sociedade capitalista
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Mannheim e Nisbet e os dois aspectos contraditórios da sociologia
A ótica para a análise das sobrevivências que se exprimiriam no pensamento conservador é a ótica da sociedade capitalista
A ótica de análise da sociedade capitalista é a ótica do tradicionalismo medieval secularizada
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Problema central da exposição
De que modo a ambiguidade de origem da sociologia manifesta-se na definição sociológica dos problemas da sociedade agrária, na formulação do objeto dessa sociologia especial e na definição dos seus procedimentos?
Em que medida a existência de uma disciplina especial chamada sociologia rural incorpora essa ambiguidade?
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Solidariedade como noção-chave
Constitui-se como premissa dos dois tipos sociais
Embora variem na forma, a solidariedade das partes com o todo e a solidariedade das normas sociais com o respectivo substrato da vida social constituem pressuposições na existência da vida
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Solidariedade como noção-chave
Funda diretamente o requisito ideológico da funcionalidade de ambos os tipos, de tal maneira que as circunstâncias, ou a quebra da solidariedade, dão lugar à formulação de outras noções, igualmente comprometidas com o privilegiamento epistemológico da solidariedade: normal, patológico, anômico
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Anomia e divisão do trabalho social
O que é a noção de anomia senão aquela mediante a qual se procura explicar as descontinuidades, as rupturas da vida social, como resultado de que seu substrato no âmbito da solidariedade orgânica não produz a contrapartida adequada que é o sistema de normas sociais apropriadas à interdependência nele implícitas?
Problema de articulação funcional do substrato com as normas sociais
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Fato patológico como sobrevivência
Sobrevivência de normas de conduta relativas a um tipo anterior que não são adequadas ao substrato que gera a solidariedade orgânica
A solidariedade mecânica pode sobreviver no que tipo em que domina a solidariedade fundamental
Subsiste nos setores em que a segmentação da sociedade não se faz com base na divisão do trabalho
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Fato patológico como sobrevivência
As incongruências e as tensões como as falências e greves traduzem-se no nível teórico como anomalias
A função da sociologia seria exatamente a de diagnosticar essas anomalias de modo a permitir a sua superação
Prefácio d’As Regras e declaração de intenções no sentido de propor a sociologia como ciência social aplicada (superação da anomia)
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Solidariedade mecânica como pressuposto na construção da sociedade moderna
Durkheim dá curso e consistência teórica a idéias pré-capitalistas, submetidas a uma depuração secularizadora
Uma concepção comunitária conservadora é proposta como a forma adequada de conhecimento para uma sociedade de fato marcada pela individualização e pela estruturação tensa
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Idéia de coisa e sociedade moderna
Encarar o fato social como coisa é premissa que permite integrar essa perspectiva no mundo atual, revestindo-a das condições de objetividade formal que aparentemente dela retiram o caráter pré-capitalista
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Idéia de coisa na discussão de Marx sobre o fetichismo da mercadoria
Quando o indivíduo se relaciona com os outros através da mercadoria, relaciona-se como se fosse destituído de condição humana, como se fosse coisa
A mercadoria é que estabelece relações sociais, como se ela fosse dotada de humanidade
Em decorrência, os homens estabelecem relações que são coisificadas
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Idéia de coisa na discussão de Marx sobre o fetichismo da mercadoria
Relacionam-se determinados por um mundo social objetivado
Os próprios critérios do relacionamento o são, como o são tanto a atividade humana quanto os seus resultados
A perspectiva do homem comum também, pois essa é uma maneira historicamente necessária da sociedade capitalista se ver e se interpretar
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Ambiguidade da sociologia de novo
Noção de coisa como fundamental para entender a convergência da sociologia de Durkheim para as necessidade de auto-explicação da sociedade capitalista
Embora valendo-se da noção de solidariedade, vincula sua utilização ao tratamento do fato social como coisa (essencialmente capitalista)
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Ambiguidade da sociologia de novo
A adoção da perspectiva coisificadora na análise dos fenômenos sociais faz com que a relação entre o sujeito da investigação e o objeto seja realmente estabelecida em termos da relação de exterioridade sujeito/objeto
O tratamento do objeto como coisa redimensiona, reforçando a sua coisificação
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Dois aspectos a ser retidos:
Postulados supra-empíricos, secularizados, que definem a concepção de sociedade em torno da noção de solidariedade
Uma maneira de ver as situações e fenômenos sociais que permite o tratamento da realidade como se ela fosse objetivamente dada, coisificada
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Incorporação paradoxal pela sociedade
As chamadas anomalias da sociedade são tratadas de tal modo que a sociedade formule a sua política social, de modo a atenuar, contornar ou controlar essas anomalias
A perspectiva pré-capitalista é incorporada e redefinida como instrumento de reprodução institucional da sociedade capitalista
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Incorporação paradoxal pela sociedade
Os valores fundantes da sociologia durkheimiana são subvertidos à medida em que o conhecimento sociológico
é objetivamente assimilado pela sociedade, que reconhece nele uma maneira funcional e integrativa de auto-interpretar-se
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O rapto ideológico da noção de comunidade
A concepção sociológica conservadora da comunidade, como a de Töennies não retém os aspectos da existência comunitária que estabelecem um vínculo tenso, uma relação de oposição com a sociedade na qual a comunidade sobrevive ou redefine-se
No nível do pensamento, a significação mesma da noção de comunidade é reinterpretada
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O rapto ideológico da noção de comunidade
Noções reinterpretadas atendem às necessidades ideológicas da sociedade capitalista, sendo que aí essa reinterpretação adquire até mesmo um caráter político
A combinação ambígua entre elementos pré-capitalistas e capitalitas oferece um modelo de sociedade coesa, mediante a caracterização de toda tensão como anomalia
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Sobre a resolução da ambiguidade 
Tende a resolver-se no nível do conhecimento e não somente no nível da sua absorção política pela sociedade capitalista
A sociologia envereda frequentemente pela análise de dicotomias:
tradicional/moderno
Rural/urbano
Tradicional/racional
Pré-capitalista/capitalista
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Sobre a resolução da ambiguidade 
A hipótese consiste basicamente em que a ambiguidade de origem da sociologia desdobra-se nas dicotomias, de tal modo que em cada termo não haja ambiguidade e que na interpretação da vida social o mundo é que pareça ambíguo
A ambiguidade propõe-se como fundamento de diagnóstico das descontinuidades da vida social a partir de uma CS aplicada
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O exemplo da sociologia rural 
Toma o exemplo da SR, de forte caráter instrumental (decorrente da ambiguidade e dicotomização) e procura mostrar como a ambiguidade se propõe
Aldo Solari e sua sistematização das tendências e características da sociologia rural
C. Arnold Anderson oferece um balanço do desenvolvimento da SR nos EUA, características assumidas e do caráter menor a ela atribuído 
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Solari e a idéia de sociologia geral adaptada 
Parte do suposto que a sociologia regional está orientada em duas direções:
Sociologia rural
Sociologia urbana
Manteriam entre si uma relação de necessidade pelas características diferenciais entre cidade e campo
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Solari e a idéia de sociologia geral adaptada 
Cada um dos meios expressa a sua singularidade quando, através da análise comparativa, se torna possível verificar como as características gerais do sistema social particularizam-se neles
Há portanto uma sociologia geral por trás dessa idéia adaptada à configuração específica de cada uma dessas realidades: a rural e a urbana
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Solari e a idéia de sociologia geral adaptada 
Premissa geral das reflexões de Solari é que o desenvolvimento da sociologia está vinculado à mudança social e a uma situação de crise
Concebe que o desenvolvimento da SR também se vincula a uma situação de crise
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Solari e a idéia de sociologia geral adaptada 
Não só existe uma relação causal entre crise e desenvolvimento do conhecimento sociológico como existe uma relação causal entre crise e surgimento das sociologias especiais
Coloca-se a questão de saber em que consiste a crise que fundamenta o aparecimento da sociologia rural
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Solari e a idéia de sociologia geral adaptada 
Não só existe uma relação causal entre crise e desenvolvimento do conhecimento sociológico como existe uma relação causal entre crise e surgimento das sociologias especiais
Coloca-se a questão de saber em que consiste a crise que fundamenta o aparecimento da sociologia rural
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Solari e as dimensões da crise 
De um lado, a migração do campo para a cidade – despovoamento do campo, comparativamente a cifras populacionais do passado
Por outro lado, a invasão do campo pelas cidades – urbanização do meio rural
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Solari e as dimensões da crise 
“a intensidade destes fenômenos varia muitíssimo segundo as diferentes sociedades, mas quando alcança um certo nível provoca uma crise profunda da estrutura social e conjuntamente o desenvolvimento da sociologia rural”
Sociologia rural tem uma origem própria, nasceu e desenvolveu-se aguçada pelas necessidades e pelos problemas propostos pelas transformações sociais
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Solari e as dimensões da crise 
“a intensidade destes fenômenos varia muitíssimo segundo as diferentes sociedades, mas quando alcança um certo nível provoca uma crise profunda da estrutura social e conjuntamente o desenvolvimento da sociologia rural”
Sociologia rural tem uma origem própria, nasceu e desenvolveu-se aguçada pelas necessidades e pelos problemas propostos pelas transformações sociais
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Questões a respeito da colocação
De que modo a crise promove uma sociologia especial e não a sociologia lato senso, especializada para atender particularidades da crise através dos seus ramos especiais
Em que nível se dá a crise: no do sistema social global ou no do sistema social rural
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Questões a respeito da colocação
Sociologia como resposta abrangeria a necessidade de retenção da unidade do sistema em face das mudanças num dos seus segmentos. Sociologia surge como recurso para preservação do equilíbrio do sistema global e é em si mesma expressão da dominação do urbano sobre o rural 
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Questões a respeito da colocação
A crise estaria sendo interpretada a partir da perspectiva da expansão do urbano sobre o rural, na medida em que o conhecimento científico está fundado no mundo urbano e na expansão das cidades. Suscita um mecanismo de diagnóstico que inevitavelmente se compromissa com a dominação urbana
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Questões a respeito da colocação
Esta segunda questão se propõe na medida em que a crise não tem como única forma de resposta o conhecimento científico para dar conta do que ela representa
A crise pode suscitar respostas efetivamente políticas, aspecto muito mais significativo em relação ao meio rural
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Questões a respeito da colocação
Problema importante para Solari, para quem a sociologia não pode ter uma caráter normativo
Contradição formal nas afirmações do autor: quando se pergunta para quem é a crise, a resposta traz a identificação de valores e de interesses que estão por trás dessa modalidade específica de conhecimento como resposta a uma situação de crise social
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O que é o rural?
Ocupação da população rural (fundamental)
Características ambientais
Diferença no volume das comunidades
Homogeneidade/heterogeneidade dos integrantes dos dois meios
Mobilidade horizontal ou vertical (ascendente/descendente)
Herança
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O que é o rural?
“...aquela na qual os indivíduos ativamente ocupados o estão na atividade agrícola, [...], como a exploração e o cultivo das plantas e dos animais”
No campo o trabalhador deve contar com forças que em grande parte escapam ao seu controle. Na cidade a natureza está quase completamente subjugada
Proporção homem/terra é menor no campo e maior na cidade
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O que é o rural?
“...as comunidades rurais tendem a ser mais homogêneas nas suas características psico-sociais do que a população das comunidades urbanas”
“apesar da grande quantidade de pessoas que emigra do campo à cidade, não há nenhuma profissão, segundo os estudos comparados, nas quais maior porcentagem de filhos siga a profissão dos pais do que entre os agricultores”
“...na sociedade rural o lugar que uma pessoa ocupa é determinado essencialmente pelo lugar que seus pais ocupavam”
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O que é o rural?
“...na sociedade rural o lugar que uma pessoa ocupa é determinado essencialmente pelo lugar que seus pais ocupavam”
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O que é o rural?
Sorokin e Zimmermam interpretam rural e urbano como meios de qualidades sociais internamente homogêneas, mas polarizadas e contrapostas entre si
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Em termos de crítica ou entendimento
A diferenciação ocupacional na cidade é observada em termos de profissão ou ocupação
e não se faz a distinção ocupacional existente no interior do meio rural 
Polarização faz o conservadorismo metamorfosear este último numa realidade substantivamente desigual em relação à realidade urbana, de modo que o mesmo processo não possa ser observado sob idênticos critérios nos 2 meios
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Em termos de crítica ou entendimento
A mobilidade espacial campo/cidade é excluída da discussão. Não se considera que muitos praticantes de profissões urbanas ou procedem do meio rural ou são filhos de pais que se dedicam ou dedicaram a ocupações rurais
A migração indica a existência de um elo no mercado de trabalho ou mercado ocupacional que se superpõe à distinção qualitativa
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Em termos de crítica ou entendimento
A migração como forma de mobilidade ocupacional sendo excluída da discussão retira desse conjunto de características um traço fundamental para pensar-se as relações campo-cidade em termos que superem a polarização em tipos
Na medida em que se promove a mútua exclusão é que se estabelece as condições para a construção da tipologia e o estabel. da polarização
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Em termos de crítica ou entendimento
Seg. Solari a polarização sofreu objeções devida a idéia de contínuo rural/urbano, com gradações intermediárias
Mas, isso não suprime a tipologia 
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Contribuição do próprio Solari
Consideração de fenômenos sociais como os que se dão na América Latina – peculiaridade da relação entre a sociedade rural e a sociedade urbana leva à migração de uma a outra e à concentração de maõ-de-obra de baixa qualificação na cidade
Contínuo rural-urbano revestido de características singulares
“É mais correto dizer que existe um contínuo que não impede a existência de descontinuidades consideráveis entre os diferentes grupos, seja dentro da própria sociedade rural, seja dentro da sociedade urbana que se desenha sobre o fundo proporcionado por aqueles”
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Contribuição do próprio Solari
“É mais correto dizer que existe um contínuo que não impede a existência de descontinuidades consideráveis entre os diferentes grupos, seja dentro da própria sociedade rural, seja dentro da sociedade urbana que se desenha sobre o fundo proporcionado por aqueles”
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Três tendências na concepção e fundamentação da sociologia rural
Sorokin e Zimmermam – contraposição rural/urbano
Contínuo rural-urbano – que ainda retém a polarização, os dois meios entendidos como extremos do contínuo
Solari – tenta atravessar verticalmente o contínuo para reter a descontinuidade (nova e complicada polarização na polarização)
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Traço que sobra na caracterização do rural
Não é o da qualidade da ocupação (produto de uma artifício que retira da migração rural/urbana o caráter de fenômeno de mobilidade ocupacional)
É a diferença ambiental – a primazia na polarização rural/urbano cabe à preponderância que a natureza teria na determinação da vida social. Sociedade fundada em um determinismo ecológico
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A natureza e o rural
Não aparece mediatizada pelo conjunto da sociedade 
Não pode ser vista tal qual é, historicamente determinada, de forma que em diferentes momentos históricos relacione-se com a sociedade modo diferente
Não aparece relativizada e redefinida na sua significação em termos sociais e históricos. Ela aparece como entidade reificada, como dimensão causal
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A natureza e o rural
O rural seria um rural natural
De que modo adquire significações na prática da sociologia rural? E de que modo se insere no processo de superação das ambiguidades de origem da sociologia?
A prática da sociologia rural está na ação empírica que, ao mesmo tempo, torna reais e tenta superar as ambiguidades teóricas de origem da sociologia
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A natureza e o rural
A constatação implicitamente contém a idéia de que o mundo está polarizado em rural e urbano, o pólo rural com existência anormal no conjunto da realidade e essa anormalidade advém de que o rural tem o caráter instrumental do que conhecimento que homogeneiza a sociedade, dando dimensão social ao que ainda é natural
Social passa a ser sinônimo de urbano
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Pgs. 29-31
Balanço de Arnold Anderson sobre produção e tendências da sociologia rural:
Trabalhos descritivos e desprovidos de ambição teórica
Ramo mais integrado e burocratizado da sociologia (prática nas escolas de agronomia, departamentos de economia rural e por sociólogos recrutados no próprio meio)
Alvos não estabelecidos diretamente pela sociologia a partir dos esquemas teóricos
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Pgs. 29-31
Balanço de Arnold Anderson sobre produção e tendências da sociologia rural:
Alvos estabelecidos de acordo com os interesses da burocracia empenhada em efetivar os alvos econômicos da produtividade e modernização do campo
Pesquisador como mediador técnico entre o definidor de alvos e a realidade a ser objeto de investigação
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Pgs. 29-31
Balanço de Arnold Anderson sobre produção e tendências da sociologia rural:
Adoção de um compromisso com a teoria sociológica lato senso liberaria esse ramo do seu compromisso com fins e alvos extra-científicos e a sociologia rural se colocaria num rumo teoricamente criador
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Pgs. 29-31
Crítica de Martins a Anderson:
Ambiguidade da sociologia ressurge na sociologia rural
Intervenção da sociologia rural visa a realizar a hegemonia do urbano sobre o rural
O suposto empirismo e compromisso extra-científico da sociologia rural não advêm da falta de fundamentação teórica, mas justamente da fundamentação teórica 
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Pgs. 33-36
Jacques Guigou: público da demanda X público que demanda:
Há um sujeito social por trás da perspectiva que constrói o rural como objeto
A forma de conhecimento “sociologia rural” é expressão da dominação do urbano sobre o rural
Sociologia rural apresenta-se como instrumento de uma prática comprometida com a ideologia da mudança social
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Pgs. 33-36
Jacques Guigou: Público da demanda X público que demanda:
Público da demanda emerge na discussão através da perspectiva do público que demanda o conhecimento
As características dos processos sociais retidos na análise são características decorrentes do modo de ver as coisas de um grupo social determinado
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Pgs. 33-36
Jacques Guigou: campo de intervenção e campo de análise:
Campo de intervenção é o grupo ou instituição que é objeto de estudo
Sociologia circunscrita às proposições do público que demanda apresenta-se como modalidade de conhecimento que se apóia e legitima em necessidades e convenções estranhas ao campo mais amplo de análise
Campo de análise seria o conjunto de fatores que interferem na composição da situação
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Pgs. 33-36
Análise de Martins a respeito:
O campo de análise constitui-se das concepções do público da demanda mas também de características que não são imediatamente visíveis ao próprio público da demanda – alienação da perspectiva desse público à perspectiva do público que demanda
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Pgs. 36-38
Necessidade de pensar uma sociologia rural como reparo legítimo mas de outra maneira
Sociologia crítica superadora das perspectivas de comprometimento com grupos sociais específicos vinculados ao uso técnico da sociologia
Sociologia que procura reter unidade da forma e da substância do social na tensão que as determina
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Perspectivas da sociologia rural
Henri Lefebvre
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Pgs. 163-164
Enquanto não se constitui em problema, o rural não se constituiu em objeto de pensamento
Exemplo da França, Estados Unidos e outros países na página 164
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Pgs. 164-165
Sociologia não se preocupou de início com a realidade rural, ficando a cargo de historiadores e geógrafos, mas é chamada a realizar uma síntese totalizadora das contribuições dessas ciências
Acontecimentos nacionais e mundiais interferem no rural (p. 165)
Aspecto contraditório da agricultura – carrega consigo os restos, resíduos do passado mais longínquo (p. 165)
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Pgs. 165-166
Dupla complexidade da realidade camponesa – 
Horizontal (mecanização e técnica igualmente desenvolvidas e estruturas sociais diferentes) Ex do capitalismo agrário nos EUA e o que ocorre na Rússia
Vertical (coexistência de formações de épocas e datas diferentes)
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Pgs. 166-168
Necessidade de determinar os objetos e os objetivos relevantes da sociologia rural e definir sua relação com as ciência auxiliares
EUA e ausência de referência à história (167)
Exemplos da Europa na página 168 (cultura camponesa) X exemplo dos EUA (religião como fonte de ideologia)
Método descritivo nasce em um país sem história (p. 168)
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Pgs. 168-169
Caso da França e outros países: problema metodológico: sociologia e história
Como utilizar a história sem ser por ela absorvido? Exemplo: Civilização do Norte e Civilização do Midi - Conceito de “gênero de vida” (p. 169)
P. 170 e fuga do conceito de gênero de vida – visão de conjunto sobre os fatos – contribuições várias
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Pgs. 171-173
Meação no sul da França, por quê? Recurso à história
Métodos, técnicas de exploração e procedimentos de pesquisa a serem eliminados:
Etnográfico
Teoria da arqueocivilização (p. 172)
Teoria histórico-cultural
Método monográfico
Método tecnológico
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Pgs. 173
Proposta de método
Descritivo
Analítico-regressivo
Histórico-genético
Exemplo da meação (p. 173)
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Pgs. 174-176
Necessidade de um quadro geral, concepção do processo de conjunto (necessidade de levar em consideração a interação das estruturas, influências das estruturas recentes sobre as antigas) (p.174)
Exemplo da comunidade rural ou de aldeia (p. 174)
Modo de produção escravista ou feudal; diferentes modalidades de feudalismo (p. 175)
Capitalismo
Industrialização da agricultura
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Pgs. 176-177
Visão de conjunto das realidades camponesas – leque que desenvolve e justapõe formas de épocas diferentes
Mostra atraso do desenvolvimento agrícola
Engloba contradições e sobrevivências no domínio ideológico e estrutural (p.176)

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