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1 TERAPIA DO ESQUEMA Prof. Ruy Bueno LIMITAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA NO TRATAMENTO DE PACIENTES DIFÍCEIS Incapacidade do paciente para aderir aos procedimentos cognitivo- comportamentais e para identificar cognições e emoções Ênfase insuficiente na relação terapêutica como veículo de mudança (as questões interpessoais são o foco central para pacientes difíceis) Negligência do trabalho com a emoção, incluindo técnicas experienciais, especialmente diálogos Desvalorização de um modelo desenvolvimental para entendimento dos transtornos de personalidade (discutir as origens infantis do transtorno com os pacientes) Ausência de um entendimento dos estilos de enfrentamento dos pacientes ao longo da vida (especialmente evitação e supercompensação) TERAPIA DO ESQUEMA (YOUNG, 1990, 1999) Elaborada para tratar dificuldades emocionais arraigadas, com origens significativas no desenvolvimento durante a infância e a adolescência Maior abrangência do que a TCC, pela ênfase nos problemas na infância e adolescência, em técnicas emotivas, na relação terapêutica e em estilos mal adaptativos de enfrentamento Trata os aspectos caracterológicos crônicos dos transtornos, em vez dos sintomas agudos Combina modelos cognitivo-comportamentais, de apego, psicodinâmicos e focados na emoção Eficácia comprovada no tratamento da depressão e ansiedade crônicas, transtornos alimentares, problemas conjugais difíceis, transtornos de personalidade, agressores criminosos e abusadores de substâncias (Young et al., 2003) ESQUEMAS Representação abstrata das características distintivas de um evento, um tipo de fotocópia azul de seus elementos mais salientes (desenvolvimento cognitivo) Qualquer princípio amplo de organização para dar sentido à própria experiência de vida... São formados no início da vida, continuam a ser elaborados e depois superimpostos nas experiências posteriores, mesmo quando não são mais aplicáveis, ou são não acurados e distorcidos (contexto da psicologia e da psicoterapia)(Beck, 1967) Um esquema pode ser positivo ou negativo, adaptativo ou desadaptativo. Podem ser formados na infância ou mais tarde na vida (Beck, 1967) ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (EIDS) São padrões cognitivos e emocionais autoderrotistas, que começam cedo em nosso desenvolvimento e se repetem através de nossas vidas. Compreendem memórias, cognições e emoções. Começam no início da infância ou na adolescência, como representações baseadas na realidade do ambiente da criança. Ex., se um paciente diz que seus pais eram frios e não afetivos quando ele era criança, ele está usualmente correto, embora possa não entender por que seus pais agiam assim. Os esquemas se perpetuam ao longo da vida e sua natureza disfuncional torna-se mais evidente na vida adulta, na interação com as outras pessoas. O esquema é sentido como “certo”. É o que o indivíduo sabe. Embora causando sofrimento, é confortável e familiar. Assim, é resistente à mudança. Quanto mais severo o esquema, maior o número de situações que o ativam e mais intenso e duradouro é o afeto negativo quando este é disparado. NECESSIDADES CENTRAIS NA INFÂNCIA Segurança “Base estável”, previsibilidade Amor, carinho e atenção Aceitação e elogio Empatia Limites realistas Validação de sentimentos e necessidades 2 ORIGENS DOS ESQUEMAS Necessidades emocionais centrais não satisfeitas na infância (ex., vínculos seguros, cuidados, autonomia, liberdade de expressão etc.) Experiências precoces de vida (ex., ambiente carente de estabilidade, entendimento, amor; presença de maus tratos, abusos; superproteção; internalização /identificação com outros significantes) Temperamento emocional OBJETIVO AMPLO DA TERAPIA DO ESQUEMA Ajudar os pacientes a obter as suas necessidades centrais atendidas De uma maneira adaptativa Através da mudança de esquemas desadaptativos, estilos de enfrentamentos e modos OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS Domínio I: Desconexão e Rejeição Inabilidade para formar vínculos seguros e satisfatórios com os outros - crença de que as necessidades de estabilidade, segurança, cuidado, amor e pertencimento não serão atendidas. Abandono / Instabilidade – Senso de que as pessoas importantes não irão continuar ali por serem imprevisíveis, erraticamente presentes, irão morrer ou encontrar alguém melhor. A família de origem é instável. Desconfiança / Abuso – Expectativa de que os outros irão magoar, abusar, humilhar, enganar, mentir manipular ou tirar vantagem. A família de origem é abusiva. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO I: DESCONEXÃO E REJEIÇÃO Privação Emocional – Expectativa de que os desejos de apoio emocional não serão atingidos: Privação de cuidado (ausência de atenção, afeto, calor ou companhia) Privação de empatia (ausência de ser entendido, de poder se expressar, de compartilhar sentimentos) Privação de proteção (ausência de força, direção ou orientação) Família de origem: fria. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO I: DESCONEXÃO E REJEIÇÃO Defectividade / Vergonha – Sentimento de ser falho, mau, inferior ou não confiável e de não ser digno de ser amado pelos outros, se exposto. Falhas privadas (egoísmo, impulsos agressivos, desejos sexuais inaceitáveis) Falhas públicas (aparência não atrativa, inadequação social) Família de origem: rejeitadora. Isolamento Social / Alienação – Senso de ser diferente ou de não atingir o mundo social fora do ambiente familiar. Crença de não pertencer a qualquer grupo ou comunidade. Família de origem: isolada do mundo exterior. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS Domínio II: Autonomia e Desempenho Prejudicados Expectativas sobre si e o mundo que interferem com as próprias habilidades percebidas de se separar, sobreviver, funcionar independentemente ou desempenhar com sucesso. Incapacidade de formar a própria identidade e criar a própria vida. Tendência a ser criança na vida adulta. Família de origem: superprotetora, emaranhada, debilitadora da confiança, pouco reforçadora. Dependência / Incompetência – crença de ser incapaz de assumir as próprias responsabilidades diárias de uma maneira competente, sem a ajuda substancial dos outros (ex., cuidar de si mesmo, resolver problemas diários, realizar bons julgamentos, assumir novas tarefas, tomar decisões). Apresenta-se como passividade pervasiva ou desamparo. 3 OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO II: AUTONOMIA E DESEMPENHO PREJUDICADOS Vulnerabilidade a Danos ou Doenças – medo exagerado de que uma catástrofe irá ocorrer a qualquer momento e que a pessoa não será capaz de enfrentar. Catástrofes médicas (ex., ter ataques cardíacos, doenças) Catástrofes emocionais (ex., ficar maluco, perder o controle) Catástrofes externas (ex., acidentes, crime, catástrofes naturais) OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO II: AUTONOMIA E DESEMPENHO PREJUDICADOS Emaranhamento / Self Subdesenvolvido – Superenvolvimento com um ou mais significantes (geralmente os pais) prejudicando a individuação ou o desenvolvimento social normal. Crença de que pelo menos um dos emaranhados não pode sobreviver sem o outro. Inclui sentimentos de ser sufocado ou fundido com os outros ou da perda do senso de identidade e direção. Fracasso – Crença de haver falhado, de que inevitavelmente falhará, ou de ser fundamentalmente inadequado em relação aos pares em áreas de realizações (escola, carreira, esportes etc.). Inclui a crença de ser estúpido, inepto, baixo status etc. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS Domínio III: Limites Prejudicados Deficiêncianos limites internos, responsabilidade com os outros, ou orientação para metas a longo prazo. Dificuldades em lidar com os direitos dos outros, cooperar, cumprir compromissos ou atingir metas pessoais realistas. Família de origem: permissiva, superindulgente, carente de direção, disciplina e limites sobre assumir responsabilidades, cooperar e estabelecer metas. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO III: LIMITES PREJUDICADOS Merecimento / Grandiosidade - Crença de ser superior às outras pessoas, de merecer direitos ou privilégios especiais, ou de não ter que obedecer às regras de reciprocidade que orientam a interação social. Foco exagerado na superioridade (ex., estar entre os mais bem sucedidos, famosos ou ricos) a fim de ter poder ou controle. Excessiva competitividade ou dominação em relação aos outros. Ausência de empatia. Autocontrole / Autodisciplina insuficientes – Dificuldade ou recusa em exercitar autocontrole e tolerância à frustração para atingir as próprias metas. Dificuldade em restringir a expressão excessiva das emoções. Esquiva do desconforto (evitando conflitos e responsabilidades) OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS Domínio IV: Orientação para o Outro Foco excessivo nos desejos, sentimentos e respostas dos outros, à custa das próprias necessidades, a fim de obter amor e aprovação, manter o sentimento de conexão ou evitar retaliação. Família de origem: baseada na aceitação incondicional: as crianças devem restringir aspectos importantes de si mesmas para obter amor e aprovação. Alguns pais valorizam mais as próprias necessidades emocionais ou “aparências sociais” do que as necessidades da criança. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO IV: ORIENTAÇÃO PARA O OUTRO Subjugação – Excessiva submissão ao controle dos outros, para evitar raiva, retaliação ou abandono. Crença de que as necessidades pessoais não são importantes para os outros. Apresenta-se como obediência excessiva e necessidade de agradar, combinadas com hipersensibilidade aos sentimentos de ser controlado. Subjugação das necessidades (supressão de preferências, decisões e desejos pessoais) Subjugação das emoções (supressão da expressão emocional, especialmente a raiva) 4 OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO IV: ORIENTAÇÃO PARA O OUTRO Auto-sacrifício – Foco excessivo na necessidade dos outros, às custas da própria gratificação, para evitar causar dor aos outros, evitar culpa por sentir-se egoísta. Resulta de uma aguda sensibilidade à dor alheia. Envolve o senso de que as próprias necessidades não estão sendo atingidas, gerando ressentimento. Busca de Aprovação / Busca de Reconhecimento – Foco excessivo na aprovação ou reconhecimento dos outros, às custas de desenvolver um senso de “self” valioso e seguro. A ênfase no status, aparência, aceitação social etc. constitui um meio de obter aprovação, em vez de poder ou controle). OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS Domínio V: Supervigilância e Inibição Ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, impulsos, escolhas pessoais, assim como na criação de regras internalizadas rígidas sobre desempenho e comportamento ético. Propensão ao pessimismo e à preocupação de que as coisas não vão dar certo se a pessoa não for vigilante e cuidadosa o tempo todo. Família de origem: severa, exigente, punitiva OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO V: SUPERVIGILÂNCIA E INIBIÇÃO Negativismo / Pessimismo – Foco permanente nos aspectos negativos da vida (dor, morte, perda, desapontamento, conflito, culpa, ressentimento, erros, traições etc.) e minimização dos aspectos positivos. Expectativa exagerada de que as coisas dêem errado ou de que aspectos da vida, que parecem bem, possam piorar. Medo extremo de cometer erros que levem a colapso financeiro, perdas, humilhações etc. Preocupação, vigilância, queixas ou indecisão crônicas. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO V: SUPERVIGILÂNCIA E INIBIÇÃO Inibição Emocional – Inibição da ação, dos sentimentos ou das comunicações espontâneas, para evitar a desaprovação dos outros, os sentimentos de vergonha ou a perda de controle sobre os impulsos. Inibição da raiva e agressão Inibição de impulsos positivos (alegria, afeição, excitação sexual, brincadeiras) Dificuldade de expressar vulnerabilidade ou de comunicar livremente os próprios sentimentos, necessidades etc. Ênfase excessiva na racionalidade, desconsiderando as emoções. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO V: SUPERVIGILÂNCIA E INIBIÇÃO Padrões Inflexíveis / Crítica Exagerada – Auto- imposição de padrões internalizados muito elevados de comportamento e desempenho para evitar críticas Resulta em sentimentos de pressão ou dificuldade para desacelerar, ou numa crítica exagerada em relação a si mesmo e aos outros. Inclui prejuízo significativo nas esferas de prazer, relaxamento, saúde, auto-estima, senso de realização ou relacionamentos satisfatórios. Perfeccionismo – extrema atenção a detalhes ou subestimação do desempenho. Regras rígidas e “deveres”. Preocupação com tempo e eficiência, a fim de realizar mais. OS 5 DOMÍNIOS DO ESQUEMA E OS EIDS DOMÍNIO V: SUPERVIGILÂNCIA E INIBIÇÃO Caráter Punitivo – Crença de que as pessoas devem ser severamente punidas por cometer erros. Tendência a uma atitude zangada, intolerante, punitiva e impaciente com aquelas pessoas (e consigo mesmo) que não estão a altura das expectativas ou dos padrões pessoais. Dificuldade para perdoar erros próprios ou alheios, por uma relutância em considerar circunstâncias atenuantes, imperfeição humana ou empatizar com sentimentos. 5 COMO OS ESQUEMAS INTERFEREM COM A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL TRADICIONAL Pacientes com esquemas no domínio de Desconexão e Rejeição (Abandono, Desconfiança/Abuso, Privação Emocional, Defectividade/Vergonha) – incapacidade para formar vínculo terapêutico positivo em um curto período de tempo. Pacientes com esquemas no domínio de Autonomia e Desempenho Prejudicados (Dependência, Vulnerabilidade, Emaranhamento/Self Subdesenvolvido e Fracasso) – incapacidade para situar metas específicas de tratamento COMO OS ESQUEMAS INTERFEREM COM A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL TRADICIONAL Pacientes com esquemas no domínio de Orientação para o Outro (Subjugação, Auto-Sacrifício, Busca de Aprovação) possuem dificuldades para acessar cognições e emoções e verbalizá-las na terapia porque estão preocupados em atender as expectativas do terapeuta. Pacientes com esquemas no domínio de Limites Prejudicados (Engrandecimento, Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes) podem ser demasiadamente desmotivados ou indisciplinados para aderir aos procedimentos do tratamento (tarefas, registros etc.) ESTILOS DESADAPTATIVOS DE ENFRENTAMENTO Rendição – o indivíduo se rende ao esquema, aceitando-o como verdade. Age de um modo que confirma o esquema. Escolhe pares que se comportam tal como os seus pais se comportavam. Exs.: Esquema de Defectividade (busca amigos e pares críticos) Esquema de Abandono (seleciona pares que não irão se manter na relação) ESTILOS DESADAPTATIVOS DE ENFRENTAMENTO Evitação do esquema – o indivíduo age para evitar a ativação do esquema. Evita pensar sobre o esquema, bloqueando pensamentos e imagens que podem disparar o esquema (ex., usar drogas, limpar compulsivamente, trabalhar compulsivamente, evitar relações íntimas ou desafios no trabalho). Exs: Esquema de defectividade: Evita relações íntimas Esquema de desconfiança/abuso: Evita confiar nas pessoas ESTILOS DESADAPTATIVOS DE ENFRENTAMENTO Supercompensação do esquema – o indivíduo pensa, sente, se comporta e se relaciona de modo oposto ao esquema. Defeituoso quando criança – tentativa de ser perfeito Subjugado na infância – contesta a todos Controlado na infância – controlador ou tenta rejeitar todas as formas de influência Abusado – abusa dos outros Superficialmente são auto-confiantes e seguros, mas no fundo, sentem a pressão do esquema ameaçando entrar em erupção. ESTILOS DE ENFRENTAMENTO DE ESQUEMAS DESADAPTATIVOS Rendição Submissão, dependência: Conta com os outros, se rende, busca afiliação, passivo, dependente, submisso, pegajoso, evita o conflito, quer agradar as pessoas. 6 ESTILOS DE ENFRENTAMENTO DE ESQUEMAS DESADAPTATIVOS Evitação Isolamento social, autonomia excessiva: enfrenta através de isolamento, desconexão e afastamento social; enfoque exagerado na independência em vez de se envolver com os outros; busca de atividades privadas (TV, leitura, computador, trabalho solitário). Busca compulsiva de estimulação: busca agitação fazendo compras compulsivamente, envolvendo-se em atividades sexuais, jogando jogos de azar, assumindo riscos através de atividade física, novidades etc. Vício na auto-tranqüilização: evita através de vícios envolvendo o corpo (bebidas alcoólicas, drogas, comer demais, masturbação excessiva etc.). Afastamento psicológico: enfrenta através de dissociação, entorpecimento, negação, fantasia ou outras formas internas de evitação psicológica. ESTILOS DE ENFRENTAMENTO DE ESQUEMAS DESADAPTATIVOS Compensação (Contra-ataque) Agressão, hostilidade: contra-ataca desafiando, sendo abusivo, culpando, atacando ou criticando os outros. Domínio, auto-afirmação excessiva: controla os outros através de meios diretos para atingir. Busca de reconhecimento / status: supercompensa através do esforço para impressionar, alta conquista, status, busca de atenção etc. Manipulação, exploração: Satisfaz as próprias necessidades através da manipulação, sedução, desonestidade ou enganação dissimulada. Agressão passiva, rebeldia: mostra-se complacente e ao mesmo tempo pune ou se rebela secretamente procrastinando, amuando-se, “dando facada pelas costas”, atrasando-se, queixando-se, rebelando- se, não agindo etc. Ordenação excessiva, obsessão: ordenação rigorosa, forte autocontrole ou previsibilidade, através de organização e planejamento, aderência excessiva à rotina. Gasta tempo encontrando a melhor maneira de realizar tarefas ou evitar resultados negativos. EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ESQUEMA - FASES: 1. Identificação dos padrões de vida disfuncionais 2. Identificação e disparadores dos EIDs 3. Entendimento das origens dos esquemas na infância e na adolescência 4. Identificação dos estilos de enfrentamento e respostas 5. Avaliação do temperamento 6. Juntando tudo: a conceituação de caso CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA A IDENTIFICAÇÃO ACURADA DOS ESQUEMAS E ESTILOS DE ENFRENTAMENTO: Não se basear apenas no DSM-IV. Não se basear apenas em uma análise simplista da experiência de infância do paciente. Ex.: Duas pacientes criadas por pais rejeitadores. 1a. Abandono e Defectividade (Severos) 2a. Abandono (Baixa severidade) Identificar os estilos de enfrentamento (eles cortam o caminho dos esquemas e desviam as emoções geradas por muitos esquemas diferentes). Validar o valor adaptativo inicial do estilo de enfrentamento do paciente (evitação e supercompensação são mais problemáticos para a terapia). AVALIANDO OS PROBLEMAS PRESENTES E AS METAS DA TERAPIA Focalizar os problemas presentes de forma específica. Explorar os esquemas, relacionando-os aos problemas presentes. Ex.: “Estou casada pela segunda vez, há 7anos. Não temos filhos. Meu marido e eu temos carreiras frenéticas, somos duas personalidades do tipo „Você nunca faz bem o suficiente‟. Sinto-me como no primeiro casamento, onde estava sempre brigando. Eu acho que ele é verbalmente e emocionalmente abusivo. Agora eu sinto que não tenho tempo nem paciência, mas eu o amo e quero salvar o nosso casamento”. Paciente esgotou todos os meios para melhorar o casamento. Sente que suas necessidades emocionais não estão sendo atingidas e que seu marido é abusivo. Meta do tratamento: sentir-se satisfeita na relação conjugal, não ser mais tratada de forma humilhante. O terapeuta irá explorar os problemas maritais em termos de seus esquemas e estilos de enfrentamento. AVALIANDO A ADEQUAÇÃO DO PACIENTE À TERAPIA DO ESQUEMA Inadequações: O paciente está em crise em alguma área da vida O paciente é psicótico Transtorno do Eixo I que é agudo, severo, requerendo atenção imediata O paciente está atualmente abusando de álcool ou de outras drogas em um nível de moderado a severo O problema presente é situacional e não parece se relacionar ao padrão de vida do paciente Adequações: Transtornos crônicos do Eixo I Transtornos de personalidade Resistência ao tratamento Recaídas de ansiedade e depressão 7 FOCALIZANDO A HISTÓRIA DE VIDA Os problemas são situacionais ? Refletem um padrão de vida? Focalizar a história de vida para verificação Explorar histórias de relacionamento (dificuldades na escola, no trabalho, períodos de afeto elevado) Ex. da paciente anterior: Relacionamentos anteriores: ambos os homens eram “verbalmente abusadores” e a “abandonavam” (emocionalmente ou dormindo fora de casa) Hipótese: Esquemas no domínio de Desconexão e Rejeição. (talvez Abuso, Privação Emocional ou Abandono) Sobre os caras legais: “Esses não duravam muito. Eram chatos” Estilos de enfrentamento: Submissão ao Esquema (selecionando homens abusadores); Supercompensação (fica com raiva e se torna exigente) MEDIDAS DE AVALIAÇÃO Formulário de Avaliação de História de Vida (Life History Assessment Forms) Listagem das memórias da infância, que são chaves para os EIDs. Questionário de Esquema de Young (Young Schema Questionnaire) Avaliação: Selecionar os escores elevados (5 e 6) e revisar com o paciente (2 itens para cada esquema relevante) “Você poderia me falar mais sobre como essa declaração se relaciona com sua vida?” Mais de 3 itens com escore 5 ou 6: esquema relevante Ensinar sobre os esquemas do paciente e os seus significados MEDIDAS DE AVALIAÇÃO Inventário de Pais de Young (Young Parenting Inventory) (Origens infantis dos esquemas) Inventário de Evitação de young-Rygh (Young- Rygh Avoidance Inventory) Inventário de Compensação de Young (Young Compensation Inventory) TÉCNICAS DE IMAGENS Objetivo: Disparar os esquemas do paciente na sessão terapêutica. Prover uma rationale convincente Pedir que o paciente feche os olhos e deixe uma imagem fluir em sua mente (não forçar a imagem) Pedir que o paciente imagine-se como uma criança, com um de seus pais, em uma situação perturbadora Pedir que o paciente descreva a imagem em voz alta e no tempo presente. Ajudar o paciente a torná-la viva e emocionalmente real Pedir que o paciente crie uma imagem de sua vida atual, onde se sinta da mesma maneira que na infância Começar e terminar a imagem com um lugar seguro AVALIANDO A RELAÇÃO TERAPÊUTICA Ativação dos esquemas do paciente na relação terapêutica Esquema dependente: pedir reasseguramento, ajuda frequente / obediência excessiva etc. Esquema de merecimento: solicitar tratamento especial Esquema de auto-sacrifício: ser solícito e se preocupar com a saúde e humor do terapeuta Esquema de abandono: relutância em confiar no terapeuta com medo de ser abandonado Esquema de desconfiança/abuso: desconfiar das anotações do terapeuta Esquema de emaranhamento:imitar aspectos da aparência ou estilo do terapeuta AVALIANDO O TEMPERAMENTO EMOCIONAL Influência do temperamento nos estilos de enfrentamento Questões: “Como os seus familiares o descrevem quando você era criança?” “Você costuma ser uma pessoa com alta ou baixa energia?” “Qual é a sua perspectiva geral sobre a vida?” “Você costuma ser otimista ou pessimista?” “Como você costuma se sentir quando está sozinho?” “O quão freqüentemente você sai do sério?” 8 REFERÊNCIAS Young, J.E. (2003). Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: Uma abordagem focada no esquema. Porto Alegre: Artmed. Young, J.; Klosko, J.S. & Weishaar, M.E. (2003). Schema Therapy: A practitioner‟s guide. New York: The Guilford Press.
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