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TCC para Transtornos de Personalidade

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Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental
Ipatinga
2020
Terapia Cognitiva-Comportamental para 
Transtornos de Personalidade (TP)
Marco Antônio Silva Alvarenga
alvarenga.mas@gmail.com
Tópicos de Exposição
1. Personalidade e Transtornos da Personalidade (TP)
2. Classificação (categoria e dimensionalidade)
3. Avaliação dos TP
4. Modelo cognitivo e tratamento
5. Conceitualização e formulação: planos para intervir
6. Estudo de caso
7. Considerações
1
Personalidade e 
Transtorno de 
Personalidade 
(TP)
O que é Personalidade?
A personalidade pode ser brevemente definida como um constructo que
reflete a estabilidade das dimensões cognitivas (crenças, valores e self),
afetivas (emoções e motivações) e comportamentais (condutas guiadas).
Estas dimensões formam um conjunto de padrões que tendem a se
manter ao longo do tempo permitindo, portanto, que reconhecemos a
nós mesmos e as outras pessoas.
Em um sentido strict sensu personalidade é...
... um sistema de componentes individuais que pode ser definido e
investigado sob a luz de uma teoria. Este sistema precisa explicitar os
componentes que fazem parte de uma teoria e como eles podem
predizer as tendências individuais em diferentes circunstâncias.
(Costa & McCrae, 1992, 2003, 2013; Costa et al, 2019; Mayer, 1998; Terraciano et al, 2005).
A personalidade como um constructo
• Constituição individual tendências e estratégias
• Contexto aspectos socioculturais e interacionais
• Aspectos biológicos genética e epigênese
(Funder, 2006; Plomin et al, 2013; Robert, Wood & Caspi, 2003; 
Srivastava et al, 2003; Terraciano et al, 2006).
ONTOGÊNESE FILOGÊNESE
MEIO/ CULTURA
Desenvolvimento da personalidade
• Temperamento e fatores ambientais
• Ambiente compartilhado e não compartilhado
• Relação variáveis da infância com o estilo adulto
• Desenvolvimento do self e das relações interpessoais
• Percepção diferenciada do passado, presente e futuro
• Formação de núcleos cognitivos crenças e esquemas
(Beck, Davis & Freeman, 2015; Caspi, 2000; Funder, 2006; Kendler et al, 2019; Robert, 
Wood & Caspi, 2003; Srivastava et al, 2003; Terraciano, Costa & McCrae, 2006).
Teorias sobre a personalidade
• Sistemas Psicodinâmicos
• Sistemas fundamentados na Fenomenologia
• Comportamento Operante e Análise do Comportamento
• Psicologia do Traço e Diferencial
• Teorias clínicas contemporâneas
(Funder, 2001, 2006, 2011).
Psicologia do Traço ou Diferencial
• Pressupõe que os traços psicológicos sejam universais
• Esses traços variam em intensidade e frequência
• Princípio da isonomia e da variabilidade
• Variáveis ambientais e filogenéticas como explicativas
• Princípio organizador de variáveis intrínsecas
(Flores-Mendoza & Colom, 2005).
Modelos que admitem bases biológicas
• Teoria Trifatorial ou Big Three de Hans Eysenck
• Teoria Pentafatorial (CGF) ou Big Five de Costa e McCrae
• Teoria do Novelty Seeking de Cloninger
• Teoria do Sensation Seeking de Zuckerman
(Cloninger et al, 1994; Cloninger & Zwir, 2018; Costa & McCrae, 1978, 1980, 1992, 2003, 
2013; Eysenck, 1975; Goclowska et al, 2018; Miles & Hempel, 2003; Pechorro et al, 2018; 
Steinberg et al, 2018; Tackett & Lahey, 2017; Zuckerman, 1994).
Instrumentos
Teoria Instrumentos
3 Grandes Fatores
Big Three
• Eysenck Personality Questionnaire-Revised (EPQ-R)
• Eysenck Personality Profiler (EPP)
• Eysenck Personality Questionnaire-Children (EPQ-J)
5 Grandes Fatores
Big Five
• Inventário NEO de Personalidade (NEO-PI)
• Inventário NEO Abreviado de Personalidade (NEO-FFI)
• Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)
• Escalas Fatoriais (Neuroticismo, Socialização e Extroversão)
Teoria de Zuckerman • Sensation Seeking Scale (SSS)
Teoria de Cloninger • Inventário de Temperamento e Caráter (TCI)
Processos não normativos
• Transtornos de personalidade
• Processos neurodogenerativos
• Lesões por diversos motivos
• Síndromes por uso de substâncias
PERSONALIDADE (MODELO DE CINCO GRANDES FATORES DE COSTA E McCRAE)
Neuroticismo
N1: ansiedade
N2: raiva/hostilidade
N3: depressão
N4: constrangimento
N5: impulsividade
N6: vulnerabilidade
Extroversão
E1: acolhimento
E2: gregarismo
E3: assertividade
E4: atividade
E5: busca de sensações
E6: emoções positivas
Abertura
O1: fantasia
O2: estética
O3: sentimentos
O4: ações variadas
O5: ideias
O6: valores
Amabilidade
A1: confiança
A2: franqueza
A3: altruísmo
A4: complacência
A5: modéstia
A6: sensibilidade
Conscienciosidade
C1: competência
C2: ordem
C3: senso de dever
C4: esforço por realizações
C5: autodisciplina
C6: ponderação
Processos não normativos
• Transtornos de personalidade
• Processos neurodogenerativos
• Lesões por diversos motivos
• Síndromes por uso de substâncias
PERSONALIDADE (MODELO BIOLÓGICO/TRÊS GRANDES FATORES DE HANS EYSENCK)
Neuroticismo
ansiedade
sentimentos de culpa
depressão
baixa autoestima
tensão
instabilidade
hipocondria
dependência
obsessão
Extroversão
sociável
irresponsável
dominante
pouco reflexivo
busca de sensações
impulsivo
assume riscos
expressivo
ativo
Psicoticismo
agressividade
assertividade
egocentrismo
pouca empático
manipulador
orientado aos objetivos
dogmático
afirmativo
obstinado
G
E
N
S
A
M
B
I
E
N
T
E
Modelos de Zuckerman e Cloninger
• Busca por experiências
• Tendência ao tédio
• Busca por aventuras e emoções
• Desinibição
Zuckerman Cloninger
• Esquiva a danos
• Busca por gratificação
• Busca por novidades
• Obstinação/persistência
Tendências Temperamento
Caráter
• Autodirecionamento
• Cooperação
• Autotranscendência
O que são Transtornos de Personalidade (TPs)?
De modo geral, os TPs são definidos como um conjunto de padrões
estáveis mal adaptados, desenvolvidos ao longo do ciclo vida e que
levam tanto ao sofrimento subjetivo quanto ao de pessoas próximas,
incluindo interferência negativa no meio social de modo mais amplo.
Definição pelos sistemas de classificação
“Esses tipos de condição abrangem padrões de conduta profundamente
arraigados e permanentes, (...) como respostas inflexíveis a uma ampla
série de situações pessoais e sociais. Eles representam desvios extremos
ou significativos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura
(...). Tais padrões tendem a ser estáveis e a abranger múltiplos domínios
de comportamento e funcionamento” (OMS, 1993:196).
Definição pelos sistemas de classificação
“Os traços de personalidade constituem transtornos da personalidade
somente quando são inflexíveis e mal-adaptativos e causam prejuízo
funcional ou sofrimento subjetivo significativos. O aspecto essencial de
um transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência
interna e comportamento que se desvia acentuadamente das
expectativas da cultura do indivíduo.” (APA, 2013:647).
2
Classificação 
(categoria e 
dimensionalidade)
Critérios de identificação de TPs (APA, p.647)
Critério Área comprometida
A Cognição, afetividade, funcionamento interpessoal e/ou controle de impulsos
B Esse padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais
C
Provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo
D
O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início
da fase adulta
E O padrão não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental
F
Não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, exposição a uma
toxina) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico)
Classificação dos transtornos de personalidade
Paranoide
Esquizoide
Esquizotípico
Antissocial
Borderline
Histriônico
Narcisista
Esquiva
Dependente
Anancástico
Grupo A Grupo B Grupo C
excêntricos emotivos/impulsivos/dramáticos evitativos/ansiosos
Classificação pelos sistemas categóricos
Transtorno de Personalidade
Código
CID-10 DSM-5Paranoide F60 301.0
Esquizoide F60.1 301.20
Esquizotípica F21 301.22
Antissocial F60.2 301.7
Borderline F60.3 301.83
Histriônica F60.4 301.50
Narcisista F60.81 301.81
Evitativa F60.6 301.82
Dependente F60.7 301.6
Obsessivo-Compulsiva F60.5 301.4
Quadro clínico Critérios
Paranoide
• desconfiança em relação aos outros
• dúvida sobre a lealdade
• sentimentos de prejuízo e perseguição
• interpretação enviesada até em situações agradáveis
• rancor persistente
• reage enfaticamente a qualquer situação de suspeita
Esquizoide
• distanciamento e frieza socioemocional
• não demonstra motivação social íntima e familiar
• pouco ou nenhum interesse sexual
• atividades preferencialmente solitárias
• indiferença a situações afetivas (elogios ou críticas)
Esquizotípico
• déficits interpessoais e sociais (desconforto agudo)
• pouca ou nenhuma capacidade para relações íntimas
• ansiedade social
• comportamento excêntrico (aparência e atitude)
• discurso e crenças bizarras ou pensamento mágico
• experiências perceptuais incomuns (ilusão)
• pode apresentar ideação paranoide
Quadro clínico Critérios
Antissocial
• desrespeito e violação dos outros e das normas sociais
• manipulação e mentira para ganho próprio
• dificuldade em estabelecer vínculo pessoais e planos
• irresponsabilidade geral
• ausência de remorso, indiferença e frieza emocional
• transtorno de conduta precoce
Borderline
• inconstância das relações (ideal – sem valor)
• instabilidade do humor, da autoimagem e do afeto
• comportamento agressivo e impulsivo acentuado
• medo de abandono real e imaginário
• possibilidade de autoextermínio
• sentimentos recorrentes de vazio e solidão
• manipulação
• sintomas dissociativos
Quadro clínico Critérios
Histriônico
• marcada necessidade de chamar a atenção (ridículo)
• emocionalidade excessiva (teatralidade)
• comportamento inadequado e sexualmente apelativo
• desconforto social e dificuldade de interação
• labilidade emocional
• superficialidade (inclui o discurso)
• sugestionável ou muito maleável
• mentira
• pouco ou excessivo senso de intimidade
Narcisista
• senso de grandiosidade (fantasia ou comportamento)
• ser único e especial
• idealização exagerada de sucesso, poder e amor
• exigência de admiração excessiva
• tratamento especial
• tira vantagem das relações para ganho próprio
• sente inveja ou se sente invejado
• comportamento arrogante
Quadro clínico Critérios
Evitativo
• inibição e sentimentos de inadequação social
• hipersensibilidade avaliação negativa
• evita atividades com contatos sociais (isolamento)
• comprovação da autoestima para envolvimento
• medo de ser ridicularizado e de sentir vergonha
• preocupação com rejeição
• inibição
• inadequação a distintas e novas situações sociais
• reticentes a correr riscos
Dependente
• necessidade excessiva de ser cuidado
• submisso e receoso (temeroso) a separações
• dificuldade em tomar decisões
• delegar responsabilidade a outras pessoas
• falta de autoconfiança e dificuldade de iniciar projetos
• sensação de desconforto e desamparo quando só
• busca constante e urgente de relacionamentos
Quadro clínico Critérios
Obsessivo-Compulsivo
• preocupação excessiva
• organização (perfeccionismo)
• inflexibilidade, rigidez, teimosia e pouca abertura
• controle pessoal e interpessoal
• devoção demasiada ao trabalho e produtividade
• incapacidade de se livrar de coisas sem valor
• relutância em delegar tarefas e trabalhos aos outros
• controle excessivo de gastos
• ansiedade e preeminência de catástrofes futuras
Impasses relacionados ao modelo de diagnóstico categórico
• A dificuldade relativa às diretrizes diagnósticas
• O alto índice de comorbidade entre os quadros
• Subestimar os diagnósticos em diferentes populações
• A relação dos padrões de comportamentos com traços gerais
• A variabilidade de manifestação sintomática intragrupo
• Dimensionalidade ou extensão de cada sintoma que caracteriza os TPs
• A origem e desenvolvimento dos TPs antecedentes na infância
• Principalmente, o estabelecimento de diretrizes de tratamento
(Fruyt & De Clerq, 2014; Lynam & Widiger, 2017; Morey & Hoopwood, 2019; 
Perry, 2016; Reed et al, 2019; Ruben, 2015; Watson et al, 2016; Widiger et al, 2019).
Modelo Alternativo de Transtornos da Personalidade (AMPD)
• Seção III – DSM 5
• ”(...) os TPs são caracterizados por prejuízos no funcionamento da 
personalidade e por traços (...) patológicos. Os diagnósticos 
específicos de TP que podem ser derivados desse modelo incluem os 
TPs antissocial, evitativa, borderline, narcisista, obsessivo-compulsiva e 
esquizotípica. Essa abordagem também inclui um diagnóstico de TP – 
especificado pelo traço (TP-ET), que pode ser feito quando um TP é 
considerado presente, mas os critérios para um transtorno específico 
não são satisfeitos.” (APA, 2013:762).
Condições clínicas reconhecidas por este modelo
Transtorno de Personalidade:
1. Antissocial
2. Evitativa
3. Borderline
4. Narcisista
5. Obsessivo-compulsiva
6. Esquizotípica
Critérios de identificação pelo AMPD (APA, 2013:762)
Critério Área comprometida
A Prejuízo moderado ou grave do funcionamento da personalidade (self/social/interpessoal)
B Um ou mais traços de personalidade patológicos
C
Os prejuízos no funcionamento da personalidade e a expressão dos traços de personalidade do indivíduo são
relativamente inflexíveis e difusos dentro de uma ampla faixa de situações pessoais e sociais
D
São relativamente estáveis ao longo do tempo, podendo seu início remontar no mínimo à adolescência ou ao começo
da idade adulta
E Não são mais bem explicados por outro transtorno mental.
F
Não são unicamente atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica (p. ex.,
traumatismo craniano grave).
G
Não são mais bem entendidos como normais para o estágio do desenvolvimento de um indivíduo ou para seu
ambiente sociocultural.
Critério baseado no nível de funcionamento (A)
Fonte: extraído de DSM-5 (APA, 2013:764).
Elementos funcionais da personalidade
Self
Identidade
Vivência de si como único, com fronteiras claras entre si mesmo e os outros; estabilidade da autoestima e
precisão da autoavaliação; capacidade para, e habilidade de regular, várias experiências emocionais.
Autodirecionamento
Busca de objetivos de curto prazo e de vida coerentes e significativos; utilização de padrões internos de 
comportamento construtivos e pró-sociais; capacidade de autorrefletir produtivamente. 
Interpessoal
Empatia
Compreensão e apreciação das experiências e motivações das outras pessoas; tolerância em relação a
perspectivas divergentes; entendimento dos efeitos do próprio comportamento sobre os outros.
Intimidade
Profundidade e duração do vínculo com outras pessoas; desejo e capacidade de proximidade; respeito
mútuo refletido no comportamento interpessoal.
Critério baseado no nível de funcionamento (A)
Apresenta cinco níveis de funcionamento:
• Nível 0: funcionamento saudável ou nenhum prejuízo
• Nível 1: algum prejuízo
• Nível 2: prejuízo moderado
• Nível 3: prejuízo grave
• Nível 4: prejuízo extremo
(ver tabela da Escala do Nível de Funcionamento da Personalidade 
[PFLS], páginas 777 a 779 da Seção III, DMS-5).
Traços de personalidade patológicos especificado pelo traço
(TP-ET) (B)
• Apresenta cinco domínios amplos:
1. Afetividade negativa
2. Distanciamento
3. Antagonismo
4. Desinibição
5. Psicoticismo
• Subdividem-se em 25 facetas
Traços de Personalidade Patológicos (TP-ET) (B)
Fonte: extraído do DSM-5 (APA, 2013:780-2 ).
Domínios Facetas
Afetividade negativa
• Labilidade emocional
• Ansiedade
• Insegurança de separação
• Submissão
• Hostilidade
• Perseverança
• Tendência à depressão
• Desconfiança
• Afetividade restrita
Distanciamento
• Retraimento
• Evitação da intimidade
• Anedonia
• Tendência à depressão
• Afetividade restrita
• Desconfiança
Antagonismo
• Manipulação
• Desonestidade
• Grandiosidade
• Busca de atenção
• Insensibilidade
• Hostilidade
Desinibição• Irresponsabilidade
• Impulsividade
• Distrabilidade
• Exposição a riscos
• Perfeccionismo rígido
Psicoticismo
• Crenças e experiências incomuns
• Excentricidade
• Desregulação perceptiva e cognitiva
Critérios C e D – difusão e estabilidade – e E, F, G – condições
diferenciais
• Abrange diferentes situações e contextos pessoais e sociais – difusão
• Frequência de manifestação dos traços
• Padrões inflexíveis e causam sofrimento em diferentes esferas
• São relatados mais que os sintomas manifestos
• Aspectos supostamente desadaptativos da personalidade podem ser
mais bem explicados por outras condições desenvolvimento, fatores
culturais, uso de substâncias, outras condições clínicas – avaliar
cautelosamente comorbidade
Nova definição de TP pela OMS (2018), Código 6D10/11
”O ’TP’ é caracterizado por problemas no funcionamento do self ([...]
identidade, autoestima, visão de si mesmo e autodirecionamento) e/ou
disfunção interpessoal ([...]capacidade de desenvolver e manter
relacionamentos próximos e mutuamente satisfatórios, capacidade de
compreender as perspectivas dos outros e de gerir conflitos nos
relacionamentos) que persistiram durante um longo período de tempo
([...] 2 anos ou mais). O distúrbio se manifesta em padrões de cognição,
experiência emocional, expressão emocional e comportamento que são
mal-adaptativos ([...] inflexíveis ou mal regulados) ...
Nova definição de TP pela OMS (2018), Código 6D10/11
... e se manifestam em uma série de situações pessoais e sociais (...). Os
padrões de comportamento que caracterizam o distúrbio não são
apropriados ao desenvolvimento e não podem ser explicados
principalmente por fatores sociais ou culturais, incluindo conflitos
sociopolíticos. O distúrbio está associado a um sofrimento substancial ou
prejuízo significativo em áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais,
ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento.”
Disponível em: https://icd.who.int e
https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http%3a%2f%2fid.who.int%2ficd%2fentity%2f941859884
OMS, 2018).
Projeto de classificação CID-11
Código Gradação/Classificação Descrição
6D10 Transtorno de Personalidade
Aspectos comprometidos
• Funcionamento do self (identidade, valor e autodirecionamento)
• Disfunção interpessoal (proximidade e satisfação)
• Empatia reduzida
• Padrões cognitivos e emocionais disfuncionais
• Inflexibilidade em diversas esferas
• Comportamento desadaptativo
• Comportamentos não apropriados para a fase desenvolvimental
• Causa prejuízo significativo em diferentes áreas
6D10.1 Leve 
• Todos os requisitos gerais de diagnóstico para o TP são atendidos.
• As perturbações afetam algumas áreas do funcionamento da personalidade, mas não outras
• Há problemas em muitos relacionamentos interpessoais e/ou no desempenho dos papeis
ocupacionais e sociais esperados, mas alguns são mantidos e/ou papeis desempenhados.
• São geralmente de leve gravidade.
• Não está associado a danos substanciais a si mesmo ou a outros, mas pode estar associado a
sofrimento substancial ou prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais,
ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento que é limitado a áreas circunscritas
(relacionamentos românticos, emprego) ou presente em mais áreas, mas mais suave.
Projeto de classificação CID-11
Código Gradação/Classificação Descrição
6D10.2 Moderado
• Todos os requisitos gerais de diagnóstico para o Transtorno da Personalidade são atendidos
• As perturbações afetam múltiplas áreas, mas algumas áreas do funcionamento da
personalidade podem ser relativamente menos afetadas
• Existem problemas marcantes na maioria das relações interpessoais e o desempenho dos
papeis sociais e ocupacionais mais esperados é comprometido em algum grau.
• É provável que os relacionamentos sejam caracterizados por conflito, evitação, retraimento ou
extrema dependência
• São geralmente de gravidade moderada.
• Está, às vezes, associado a danos a si mesmo ou a outros, e ao acentuado prejuízo nas áreas
pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais entre outras
6D10.2 Grave/Severo
• Todos os requisitos gerais de diagnóstico para o Transtorno da Personalidade são atendidos
• Existem distúrbios graves no funcionamento do self
• Os problemas no funcionamento interpessoal afetam virtualmente todos os relacionamentos, e
a capacidade e disposição de desempenhar os papeis sociais e ocupacionais esperados está
ausente ou seriamente comprometida
• Manifestações específicas de distúrbios de personalidade são graves e afetam a maioria das
áreas do funcionamento da personalidade, se não todas.
• É frequentemente associado a danos a si mesmo ou a outros, e está associado a graves
deficiências em todas ou quase todas as áreas da vida, incluindo áreas pessoais, familiares,
sociais, educacionais, ocupacionais e outras áreas importantes de funcionamento.
6D10.Z Severidade inespecífica
Projeto de classificação CID-11
Código Tipo Descrição
6D11
Traços ou padrões 
proeminentes de 
personalidade
• Qualificadores para descrever as características da personalidade do indivíduo que são mais
proeminentes e que contribuem para o TP.
• Domínios de traços ou dimensões são contínuos com características de personalidade normais
em indivíduos que não têm TP ou Dificuldade de Personalidade.
• Representam um conjunto de dimensões que correspondem à estrutura subjacente da
personalidade. Indivíduos com distúrbio de personalidade mais grave tendem a ter um maior
número de domínios de características proeminentes.
6D11.0 Afetividade negativa
• Tendência a experimentar uma ampla gama de emoções negativas com uma frequência e
intensidade desproporcionais à situação
• Labilidade e má regulação emocional; atitudes negativistas
• Baixa autoestima, insegurança e desconfiança
6D11.1 Distanciamento
Manifestações comuns do desapego que incluem:
• Tendência a manter a distância interpessoal (evitar interações sociais, falta de amizades e evitar
a intimidade) e emocional (reserva, indiferença e expressão emocional e experiência limitadas)
6D11.2 Dissocialidade
• Desconsideração pelos direitos e sentimentos dos outros (egocentrismo e a falta de empatia)
• Manifestações comuns de dissociabilidade, expectativa de admiração dos outros,
comportamentos de busca de atenção positivos ou negativos, preocupação com as próprias
necessidades, desejos e conforto e não os dos outros)
• Ser enganoso, manipulador e explorador dos outros, mesquinho e fisicamente agressivo,
• Insensibilidade ao sofrimento dos outros e implacabilidade na obtenção dos objetivos
Projeto de classificação CID-11
Código Tipo Descrição
6D11.3 Desinibição
• Tendência a agir precipitadamente com base em estímulos externos ou internos imediatos sem
considerar potenciais consequências negativas
• Impulsividade, distrabilidade, irresponsabilidade e falta de planejamento.
6D11.4
Obsessão e 
Compulsividade ou 
padrão Anancástico
(Anancastia)
• Foco estreito em um padrão rígido de certo e errado
• Controlar o comportamento de pessoas e grupos e situações para garantir a conformidade com
esses padrões.
• Perfeccionismo Restrição emocional e comportamental
6D11.5 Padrão Borderline
• Padrão generalizado de instabilidade de relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos
• Impulsividade acentuada e esforços frenéticos para evitar reais ou abandono imaginado
• Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos
• Distúrbio de identidade, manifestado em autoimagem marcada e persistentemente instável
• Tendência a agir precipitadamente em estados de alto afeto negativo, levando a
comportamentos potencialmente autodestrutivos
• Episódios recorrentes de autoagressão e instabilidade emocional devido à reatividade
acentuada do humor
• Sentimentos crônicos de vazio
• Raiva intensa inadequada ou dificuldade em controlar a raiva
• Sintomas dissociativos transitórios ou características psicóticas em situações de alta estimulação
afetiva.
Projeto de classificaçãoCID-11 – condições associadas
Código Tipo Descrição
6E68 Mudanças secundárias de personalidade
• Síndrome caracterizada por um distúrbio de personalidade persistente que representa
uma mudança em relação ao padrão de personalidade anterior do indivíduo que é
considerado uma consequência fisiopatológica direta de uma condição de saúde não
classificada em Transtornos mentais e comportamentais, baseada em evidências da
história, exame físico, ou achados laboratoriais.
• Os sintomas não são explicados por delírio ou por outro distúrbio mental e
comportamental e não são uma resposta mediada psicologicamente a uma condição
grave
• Esta categoria deve ser usada em adição ao diagnóstico do distúrbio ou doença
subjacente presumida quando os sintomas de personalidade são suficientemente severos
para justificar atenção clínica específica.
QE50.7
Dificuldade da 
personalidade
(questões relativas às 
interações interpessoais)
• A dificuldade de personalidade refere-se a características de personalidade pronunciadas
que podem afetar o tratamento ou os serviços de saúde, mas não atingem o nível de
gravidade para merecer um diagnóstico de transtorno de personalidade.
• É caracterizada por dificuldades de longa duração (pelo menos 2 anos), na maneira de o
indivíduo experimentar e pensar sobre si mesmo, os outros e o mundo.
• Essas dificuldades se manifestam na experiência e expressão cognitiva e emocional
apenas intermitentemente (por exemplo, durante períodos de estresse) ou em baixa
intensidade.
• As dificuldades estão associadas a alguns problemas de funcionamento, mas estas são
insuficientemente severas para causar perturbações notáveis nas relações sociais,
ocupacionais e interpessoais e podem estar limitadas a relações ou situações específicas.
Proposta de Modelo Hierárquico de Psicopatologia
Taxonomia Hierárquica da Psicopatologia (HiTOP)
(Kotov et al, 2017; Widiger et al, 2019).
PSICOPATOLOGIA DA 
PERSONALIDADE
distanciamento
antagonismo externalizado
internalização
alterações do pensamento
desinibição externalizada
Comparação entre sistemas de patologia da personalidade e
personalidade
Fonte: extraído e adaptado de Widiger et al (2019).
MODELOS
HiTOP DSM-5 CID-11 PERSONALIDADE (CGF)
Internalização Afeto negativo Afeto negativo Neuroticismo (emocionalmente instável)
Alteração do pensamento Psicoticismo - Abertura
Desinibição externalizada Desinibição (+) Desinibição( - ) Anancastia
( - ) Conscienciosidade 
( + ) Restrição/Contenção
Antagonismo externatlizado Antagonismo Dissocial Antagonismo
Distanciamento Distanciamento Distanciamento Introversão
3
Avaliação dos 
Transtornos de
Personalidade
Questões relativas à avaliação e diagnóstico dos TPs
• Espectros sintomáticos coincidentes com outros transtornos mentais
• Características pessoais e traços de personalidade não inflexíveis
• Transtornos como sintomas ansiosos e depressivos
• Transtornos com alteração dos sentidos, pensamento, juízo e raciocínio
• Transtornos associados a estresse e traumas (pós-traumático)
• Uso excessivo e condições associadas à adição de substâncias
• Mudanças de personalidade associadas a outras condições médicas
(APA, 2013; Morey & Hoopwood, 2019; Mulder & Tyrer, 2018; 
Reed et al, 2019; Ruben, 2015; Sperry, 2016; Watson et al, 2016; Widiger et al, 2019).
Diagnóstico Diferencial
• Sintoma e sintomas aspectos gerais e qualitativos do sintoma
• Contexto de manifestação
• Nível de interferência e dificuldades
• Tipo de desconforto social ou pessoal
• Tipo de padrão inflexível
• Percepção do problema
• Entendimento do quanto tem influência sobre o problema
Diagnóstico Diferencial
• Sintomas do humor depressivo maior e bipolar
• Transtorno de déficit de Atenção/Hiperatividade
• Uso de substâncias e indução por uso de substâncias
• Transtornos delirantes
• Transtornos ansiosos
• Transtornos alimentares
• Outros transtornos persistentes
• Outras condições desadaptativas da personalidade
(APA, 2013; Hoopwood et al, 2019; Livesley, 2017; OMS, 2018; Widiger et al, 2019).
Sistemas de Avaliação para o TP
Fontes: Adaptado de Bach et al (2018).
Método Características
DSM-5 e CID-10/11
• Definição do número de sintomas
• Presença e ausência
• Classificação nosográfica
• Aspectos dimensionais da avaliação por traço e nível de severidade
Entrevistas, instrumentos e 
escalas
• Aspectos idiográficos e nomotéticos
• Sentido da experiência e possibilidade de comparação
• Traços associados
• Intensidade dos sintomas
• Classificação nosológica e semiológica
Para a Avaliação Clínica de TP
• Foque na construção de uma boa abordagem interpessoal
• A procedência dos métodos depende da sua hipótese inicial
• O design da avaliação dependerá dessas estratégias de levantamento
• A entrevista é sempre a melhor forma de acessar e compreender parte
da história
• O processo de avaliação é contínuo, uma vez que muitas experiências
marcantes são reveladas posteriormente
• Lembre-se: a pessoa é o foco e o diagnóstico um passo!
Métodos de Avaliação Clínica para TBP
• Entrevista clínica e entrevista clínica diferencial
• Análise documental, observação e comparação de fontes colaterais
• Testes psicológicos psicométricos NEO-PI NEO-FFI-R, BFP
• Questionário de Esquemas de Young
• Questionário de Crenças de Transtornos de Personalidade Forma
Reduzida (PBQ-SF)
• Outras técnicas de avaliação de funções executivas e autorregulação
(Gunderson & Hofmann, 2005; Hofmann et al, 2012; Komarraju & Nadler, 2013; 
Leite et al, 2012; Marosanova, 2013; Meyer et al, 2019).
Focos de uma entrevista inicial e de anamnese
• Maneje bem o ambiente conforto físico e subjetivo
• Preencha a ficha de identificação do cliente
• Entrevistas semiestruturadas são bem interessantes em casos clínicos
• Faça a abordagem interpessoal pensando cautelosamente nas
perguntas que irá fazer:
ü seja preciso,
ü objetivo e
ü não induza resposta.
Focos de uma entrevista inicial e de anamnese
• Pense sempre na possibilidade de como as informações se integrarão
• Faça uma descrição física do cliente apresentação e comportamentos
• Inicie pelo motivo da consulta
• Avalie questões estruturais, ambientais, sociais, econômicas e culturais
• Em seguida, explore diferentes campos de desenvolvimento
• Associe as condições desenvolvimentais normativas com aspectos
traumáticos e não normativos
• Observe outros aspectos além de queixas e dificuldades
• Veja potencias e acertos durante o ciclo vital
Áreas de enfoque na entrevista inicial
1. Rotina (atividades ao longo do dia)
2. Humor (evolução de pelo menos três até atualmente)
3. Ansiedade (evolução de pelo menos três até atualmente)
4. Funções cognitivas (atenção, memória e planejamento na execução de tarefas cotidianas e ambientes formais)
5. Desenvolvimento motor e psicomotor
6. Aspectos motivacionais primários (fome, sono, atividade sexual, alimentar etc.)
7. Atividades motivacionais secundárias (interesses, hobbies, trabalhos, projetos e dificuldades)
8. Condições estruturais e desenvolvimento social (casa, acesso à saúde e educação, família e condição familiar)
9. Suporte social secundário
10.Condições clínicas gerais (tratamentos, duração, intervenções e evolução)
11.Aspectos relativos ao futuro (receios e expectativas)
12.Relação com o passado (memórias biográficas e foco) e diferentes relacionamentos 
13.Faça um monitoramento do processo, registre suas impressões, principais sintomas e situações observadas
14.Avalie se algum esquema se manifesta inicialmente durante as respostas e interação com o terapeuta
Focos de uma entrevista diagnóstica diferencial
• Aspectos familiares genes e cultura e socioeconômicos
• Tipos de experiências consideradas importantes
• Relações interpessoais anteriores e atuais
• Tipo de sintomas e formas de manejo controlável ou insuportável
• Duração, intensidade e persistência
• A explicação alternativa ao desenvolvimento da condição atual
• O significado da experiência para a pessoa• Outras fontes de observação e informação
(Bach & Bernstein, 2018; Esmaeilian et al, 2019; Giroux et al, 2018; Kendler et al, 2019).
Observe também em entrevistas e outras fontes
• Motivo e situações
• Relações interpessoais
• Problemas de relacionamento
• Questões diagnósticas anteriores e comorbidade
• Tratamentos e tipos de tratamento
• Psicoterapias
• Frequência e intensidade
• Padrões super ou hiper e subdesenvolvidos
• Formas de compensação explícitas ou hipotetizadas
Inventário de Personalidade NEO, NEO-PI
• Muitos estudos tem mostrado a relação do modelo fatorial com o TPB
• Tanto traços como facetas têm apresentado relações com o diagnóstico
• Os traços explicam a variabilidade e intensidade dos comportamentos
• Big Five apresenta características descritas no antagonismo no TPB
• Já existem modelos que relacionam as propostas dos modelos
dimensionais de personalidade com a seção III do DSM-5 e o CID-11
HiTOP
• Avaliar mais capacidade de adaptação que os traços de TPB
Processos não normativos
• Transtornos de personalidade
• Processos neurodogenerativos
• Lesões por diversos motivos
• Síndromes por uso de substâncias
MODELO DE CINCO GRANDES FATORES E RELAÇÃO ENTRE DIMENSÕES E FACETAS COM OS TP
Neuroticismo
N1: ansiedade
VER TENDÊNCIAS 
GERALMENTE ALTO EM NEUROTICISMO
N2: raiva/hostilidade
N3: depressão
N4: constrangimento
N5: impulsividade
N6: vulnerabilidade
Extroversão
E1: acolhimento
E2: gregarismo
E3: assertividade
E4: atividade
E5: busca de sensações
E6: emoções positivas
Abertura
O1: fantasia
O2: estética
O3: sentimentos
O4: ações variadas
O5: ideias
O6: valores
Amabilidade
A1: confiança
A2: franqueza
A3: altruísmo
A4: complacência
A5: modéstia
A6: sensibilidade
Conscienciosidade
C1: competência
C2: ordem
C3: senso de dever
C4: esforço por realizações
C5: autodisciplina
C6: ponderação
Fonte: adaptado de Meyer et al (2019:240), Lynam e Widiger
(2001), Saulsman e Page (2004) e Samuel e Widiger (2008).
Baterias neuropsicológicas
• Avaliação da atenção difusa e concentrada
• Testes de memória de trabalho, curto e longo prazo
• Trail Making Test
• Resolução de problemas
• Capacidade e fluência verbal
Questionário de Esquemas de Young (YSQ)
• Medida de autorrelato
• Teve sua primeira versão em 1990/2001
• Intenção de avaliar mais precisamente os esquemas
• Versão completa tem 205 itens
• Versão breve tem 90 itens (Cazassa & Oliveira, 2012; Wainer e
colaboradores, 2016)
Questionário de Esquemas de Young (YSQ)
• Identifica-se cada item por meio de uma escala Likert:
1 = INTEIRAMENTE FALSA
2 = EM GRANDE PARTE FALSA
3 = LEVEMENTE MAISVERDADEIRA DO QUE FALSA
4 = MODERADAMENTE VERDADEIRA
5 = EM GRANDE PARTE VERDADEIRA
6 = DESCREVE PERFEITAMENTE
Formas de correção do YSQ
• Os itens estão distribuídos por Esquemas
• Somar o valor dos itens e dividir pelo número deles
• Observar valores superiores a 5 (4,5).
• Análise individual dos itens verificar os de maior valor
• Reconhecer itens com valores superiores a 5 (4,5).
• Associar item a experiências de vida
(Cazassa & Oliveira, 2012; Seixas, 2014; Young, Klosko & Weishaar, 2008).
Formas de correção do YSQ
• Observar as siglas dos Esquemas
sigla esquema sigla esquema
pe Privação emocional vd Vulnerabilidade a danos
ab Abandono em Emaranhamento
da Desconfiança/abuso sb Subjugação
ia Isolamento social/alienação as Autossacrifício
dv Defectividade/vergonha ie Inibição emocional
is Indesejabilidade social* pi Padrões inflexíveis
fr Fracasso me Merecimento
di Dependência/incompetência ai Autocontrole/autodisciplina
ba Busca de aprovação**
* Presente na versão completa ne Negativismo**
** Presentes na versão breve pp Postura punitiva**
Algumas recomendações
• Avaliar aspectos situacionais dos esquemas durante a avaliação
Tomar cuidado com:
• Falsos positivos e negativos
• Modos de funcionamento do cliente
• Clientes muito ou pouco reativos
Sugerir:
• Responder aos poucos dependendo da condição
PBQ-SF (Leite, Lopes & Lopes, 2012)
• Fundamentado pelo DSM-III-R
• Leia cada item e responda o quanto você acredita em cada um deles e
como se sente na maior parte do tempo
• Os valores de cada item variam entre
ü 0 não acredito nisso...
ü 1 ...
ü 2 ...
ü 3 ...
ü 4 acredito totalmente
PBQ-SF (Leite, Lopes & Lopes, 2012)
• Apresenta 9 fatores:
1. o outro é mau
2. eu sou frágil e incapaz
3. eu sou superior
4. eu não posso falhar
5. eu não suporto sentimentos desagradáveis
6. eu preciso encantar e seduzir
7. eu resisto ser controlado por regras
8. eu posso desrespeitar as regras
9. eu prefiro estar sozinho
PBQ-SF (Leite, Lopes & Lopes, 2012)
”(...). O número 65 (e não 70) de itens no instrumento se justifica porque o
transtorno da personalidade Borderline possui apenas duas questões
próprias e cinco questões compartilhadas com outros transtornos
(evitativa, dependente, paranoide), conforme apontou o estudo de Butler
et al. (2002). ” (p:54).
• O escore de cada fator é feita pela soma dos escores brutos de cada
item
• Quanto mais próximo a quatro, mais evidente e prejudicado está
aquela qualidade
PBQ-SF (Leite, Lopes & Lopes, 2012)
Transtorno de Personalidade Itens
Paranoide 3, 13, 14 17, 24, 48, 49
Esquizoide 12, 25, 28, 29, 36, 50, 53
Passivo-Agressiva
não é mais considerado um TP desde DSM-III-R 4, 7, 20, 21, 41, 47, 51
Antissocial 23, 32, 35, 38, 42, 59, 61
Borderline 31, 44, 45, 49, 56, 64, 65
Histriônica 8, 22, 34, 37, 52, 54, 55
Narcisista 10, 16, 26, 27, 46, 58, 60
Evitativa 1, 2, 5, 31, 33, 39, 43
Dependente 15, 18, 44, 45, 56, 62, 63
Obsessivo-Compulsiva 6, 9, 11, 19, 30, 40, 57
4
Modelo 
Cognitivo e 
tratamento
Terapia Cognitiva para TP
• Cognição como processo mediador de experiências
• Acontece a nível dual conduta e processos subjacentes
• Cognições hierarquicamente estruturadas
ü esquemas núcleo organizam as experiências
ü crenças e regras formadas a partir dos esquemas
• Processo generalizado e indiscriminado de respostas
• Percepção do mundo, das pessoas e de si mesmo
(Beck et al, 1976; Knapp & Beck, 2008; Leahy, 2006, 2018).
Terapia Cognitiva para TPs
• Esquemas disfuncionais
• Julgamentos e tendências atribuições
• Estratégias evolutivas e compensatórias desadaptativas
• Déficits interpessoais
• Fenótipos específicos
• Esquemas hipervalentes e hipovalentes
(Beck, Davis & Freeman, 2015).
input
esquemas
crenças
suposições
distorções
output
sistema de conversão de informações 
(atenção+percepção)
representação e organização das 
informações (representações fundamentais)
sistema de representações fundamentais
avaliação e análise de relações 
(hipóteses, regras se... então...)
pensamentos espontâneos, 
de planejamento e tomada de decisão
expressão emocional e comportamental
Representação geral do modelo cognitivo
Fonte: adaptado de Pretzer (2004).
avaliação e 
julgamento
resposta das
outras pessoas
pensamentos
disfuncionais
crenças e 
pressupostos
humor
eventos
externos
comportamento
interpessoal
De modo geral
(Beck et al, 1979; Beck, Davis & Freeman, 2015; Knapp, & Beck, 2008; Leahy, 2010, 2018).
TRÍADE 
COGNITIVA
self
desconfiança e autodepreciação
outros e mundo
desajustamento, inabilidade e fraqueza
expectativas
improbabilidade e inefetividade
Nos transtornos de
personalidade a tríade cognitiva
se transforma em um conjunto
vasto de pensamentos invasivos,
rígidos e persistentes. São tão
fortes que os pensamentos
caracterizam as pessoas em seus
hábitos e características e não
parecem associados a uma
situação em particular ou a uma
condição clínica transitória.
As ideias persistentes em TPs...
ü Nada tem sentido ou dará certo!
ü Sou um completo fracasso!
ü Tenho medo da solidão e não consigo viver sozinho!
ü Preciso do outro para ser feliz!
ü Sou incapaz de resolver os meus próprios problemas!
ü Sou melhor que as outras pessoas
ü Não tenho controle sobre minhas ações!
ü Não vou resistir ou aguentar!
ü Nasci para sofrer, nunca sereifeliz!
ü Preciso parecer divertido e alegre
ü Não sei quem sou e o que quero!
ü Posso fazer o que eu quiser
ü Preciso ser atraente e interessante
• Pensamento dicotômico
• Supergeneralização
• Abstração seletiva
• Desqualificação de coisas positivas
• Leitura mental e predição
• Catastrofização
• Raciocínio emocional
• Deveria
• Rotulação
• Personalização
Cognições mais frequentes para TPs
(Beck et al 2015; Neacsiu et al, 2014; Ruben, 2015).
Modelo Clássico de Terapia Cognitiva para TPs
Preceitos Descrição
conceito percepção generalizada de si, do mundo e futuro
pressuposto nível de dualidade
esquemas processo primitivo
foco crenças e regras atuais
problema percepção distorcida
método avaliação de crenças e regras
desenvolvimento avaliação crítica e racional
resultados depende do grau de comprometimento e fatores associados aos TPs
conclusão redução gradativa
5
Conceitualização 
e formulação: 
planos para 
intervir
Questões para o tratamento de TPs
• Até que ponto há mudança e o que significa mudança?
• O que significa mudança para as pessoas que sofrem?
• O que as que fazem sofrer?
• Como se relacionam e vinculam?
• Conceituação extremamente cautelosa
• Formulação foca na teoria e nas idiossincrasias
• Deve-se compreender os esquemas
• Propiciar reformulações emocionais
Aspectos normativos e profissionais
• Cuidado na aparência e do ambiente
• Comunicação direta, porém cordial
• Apresentação do modelo
• Estabelecimento dos objetivos
• Estabelecimento do contrato terapêutico
• Trabalhar com aspectos realísticos da condição clínica e pessoa
• Tomar cuidado com o andamento do tratamento e ter flexibilidade
• Compreender como esquema afeta a relação entre cliente-terapeuta
• Formular e apresentar aspectos impeditivos da psicoterapia
Conceituação clínica
• Abordagem multiprofissional e sistêmica
• Motivo
• Integrar resultados de avaliações quanti e qualitativas
• Contextos, relações e distorções ativadas
• Estratégias compensatórias
• Estratégias sub e hiperdesenvolvidas
• Consequências e dificuldades de mudança
(Back & Bernstein, 2018; Beck et al, 2015; Pretzer, 2004; Tyrer & Davidson, 2000).
Para iniciar atendimento de TPs
• Aspectos constitucionais e formação de crenças e distorções
• Atividade do cliente/paciente
• Diretividade, cuidado, orientação e estrutura de atendimento
• Entendimento dos mecanismos de perpetuação cognitivos,
experienciais e comportamentais
• Técnicas adequadas para o caso e o processo de transformação
• Relação entre eventos, traumas, figuras de apoio
• Interpessoalidade, reinserção e novos contatos
(Beck, J, 2013; Leahey, 2018; Linehan, 2019; Young et al, 2001).
Formulação para tratamento
• Metas de curto e longo prazo
• Situações de maior constrangimento
• Níveis de resposta emocional para eventos e pensamentos
• Significado e entendimento das necessidades
• Por onde começar a mudança
• Para que e por que mudar
• Manejar mudanças
(Beck e al, 2015; Farell & Shaw, 2018; Roedigir et al, 2018; Tyrer & Davidson, 2000).
Desenvolvendo o trabalho...
1. Os clientes podem acessar seus sentimentos
2. As imagens e pensamentos podem ser acessados
3. Aprender estratégias de autocontrole
4. Desenvolver relacionamento colaborativo aliança
5. Checar níveis e tipos de relações interpessoais
6. Um ponto de cada vez
7. Aprendendo a realizar tarefa e organizar cotidiano
8. Comportamentos e cognições podem ser modificados
(Beck et al, 2015; Koons, 2016; Livesley, 2017).
Desenvolvendo o trabalho
• Examinar evidências empirismo colaborativo
• Testar as evidências
• Revisar evidências em prol ou contra
• Favorecer pensamentos contrapostos aos esquemas
• Evitar ativação de esquemas
• Elaboração sobre determinados ambientes
• Suporte efetivo do início ao final do processo
(Beck et al, 2015; Koons, 2016; Livesley, 2017).
Desenvolvendo a mudança
• Avaliar estratégias sub e hiperdesenvolvidas
• Reorganizar
• Técnicas e procedimentos para a mudança
• Entender as características do quadro, pessoa e situação
• Um passo por vez
(Beck et al, 2015; Koons, 2016; Livesley, 2017).
Para situações de crise em TPs
• Avaliação da situação
• Humor e sentimentos
• Pensamento recorrente
• Acalmar-se e organizar-se
• Intervenção e reformulação
• Síntese, insights e manejos
• Preparar-se para enfrentar
(Wright et al, 2012).
Etapas do tratamento para TPs
• Vínculo e regulação emocional
• Mudança de distorções e respostas comportamentais descontextuais
• Autonomia
• Facilitar o vínculo
• Descrever os objetivos da terapia
• Explorar juntos os elementos da história
• Educação sobre as crenças e comportamentos
• Mudança comportamental possibilita feedback no processamento
Estratégias
subdesenvolvidas Intervenções
Estratégias
hiperdesenvolvidas
Paranoide
• cooperação
• serenidade
• confiança
• aceitação
• forma de tratamento
• cooperação
• avaliar fatos
• checar fatos
• testar coincidências
• testar respostas
• sabotagem
• vigilância
• desconfiança
• suspeita
Esquizoide
• intimidade
• reciprocidade
• forma de tratamento
• demonstrar cooperação
• treino de habilidades sociais
• reforço nas interações
• experimentar respostas
• ansiedade
• estranheza
• isolamento
• distanciamento
Esquizotípico
• aproximação
• intimidade
• sensibilidade empática
• reciprocidade
• forma de tratamento
• aceitação
• treino de habilidades sociais
• contenção de conteúdo
• reforço nas interações e diferenciar padrão de
interação.
• ansiedade
• estranheza
• isolamento
• distanciamento
Estratégias
subdesenvolvidas Intervenções
Estratégias
hiperdesenvolvidas
Antissocial
• empatia
• sensibilidade social
• cuidado
• reciprocidade
• estilo de vida
• diminuir extremos
• impulsividade
• arrogância
• planejamento e metas
• obtenção de reforço em diferentes interações
• combatividade
• exploração
• irresponsabilidade
• predação
Borderline
• empatia
• intimidade
• sensibilidade social
• reciprocidade
• intensidade de resposta
• impulsividade
• planejamento e metas
• empatia e limites alheio ao anseio de abandono
• noção de self
• obtenção e reforço em diferentes interações
• vulnerabilidade
• impulsividade
• agressividade
• medo do abandono
Estratégias
subdesenvolvidas Intervenções
Estratégias
hiperdesenvolvidas
Histriônico
• reflexividade
• controle
• sistematização
• intensidade de respostas exibicionistas
• impulsividade
• verificar consequências
• treino de rejeição
• conscienciosidade
• obtenção de reforço em diferentes aspectos da vida
• exibicionismo
• expressidade
• impressionismo
Narcisista
• identificação com o
grupo
• compartilhamento
• intensidade de respostas de dominação
• impulsividade
• testar consequências
• desenvolvimento da empatia
• conscienciosidade
• treinar diferentes papéis
• obtenção de reforço em diferentes aspectos da vida
• autoengrande-
cimento
• individualismo e
egocentrismo
Estratégias
subdesenvolvidas Intervenções
Estratégias
hiperdesenvolvidas
Evitativo
• autoafirmação
• gregarismo
• exposição
• intensidade das respostas inibitórias
• teste da realidade
• análise de consequências
• treino de exposição
• habilidades sociais
• reforço/ punição social
• fracasso x gratificação.
• vulnerabilidade social
• evitação
• inibição
Dependente
• autossuficiência
• mobilidade
• intensidade de respostas de apego
• comportamento exploratório
• feedback em respostas alternativas
• desenvolvimento da realização
• conscienciosidade, eficácia e desprendimento
• busca de ajuda
• apego excessivo
Obsessivo-Compulsivo
• espontaneidade
• graça
• flexibilidade
• intensidade de respostas de controle
• desenhar passos para realização de tarefas
complexas
• diminuir expectativas sobre si e os outros
• teste de hipóteses, relaxação e
desprendimento
• controle
• responsabilidade
• sistematização
Métodos que melhoram a extensão dos resultados para TPs
• Agenda e programas de atividades
• Treino respiratório e enfrentamento
• Relaxaçãoe melhoria da qualidade do sono
• Estabelecimento colaborativo de metas
• Atendimento virtual e técnicas de apoio
• Cartões de enfrentamento
• Sondagem e exame de evidências
• Exposição e prevenção de respostas
Métodos que melhoram a extensão dos resultados para TPs
• Avaliação das distorções cognitivas
• Evocação e substituição de imagens mentais
• Formas compensatórias positivas
• Motivos para se ter esperança
• Proposta para tarefas graduais
• Prós e contras (vantagens e desvantagens)
• Considerações sobre uso de fármacos
• Mindfulness será descrito no caso apresentado
Métodos que melhoram a extensão dos resultados para TPs
• Orientação nas habilidades sociais
• Ensaio comportamental e dramatização
• Exposição ao vivo
• Distração
• Biblioterapia
• Biofeedback
• Transformação de adversidades
• Posição central (uso do exagero) e graduação
Métodos que melhoram a extensão dos resultados para TPs
• Colaboração amparo
• Avaliação de competências adquiridas
• Explorar significados de eventos
• Reconhecer o estado emocional
• Resolução de problemas
• Enfrentar os problemas ecologia
• Ceder/vencer
• Avaliar o desempenho enfrentamento
Pense também em...
• Filmes
• Livros
• Poemas e poesias
• Romances
• Biografias
• Crônicas
• Vídeos
• Músicas
6
Estudo de caso
Caso ”A um passo do abismo”
Bianca Montecchio Salles (BMS), tinha 31 anos quando o tratamento se iniciou. Estava no seu terceiro
casamento com um médio empresário, João Carlos Batista Mangé (JCBM), 38 anos, divorciado e com dois
filhos, Júnior (7) e Maria Luísa (4). A relação dos dois nunca foi tranquila, mas estavam juntos há dois anos e
casados há um. Os motivos de divórcio era ponto constante de discussão, mas envolto de certo mistério. BMS
fazia parte de uma família considerada tradicional da capital mineira. Era a mais velha de três irmãos, Augusto
(22) e César (20). Formou-se em Administração e Economia, como forma de conduzir os negócios do pai (55),
falecido havia três anos , mas nunca exerceu a profissão. A mãe (55 anos) comandava os negócios da família
com o apoio de um dos irmãos. A relação de BMS com os pais era vista como péssima por ela. Ela era
considerada uma criança de gênio difícil, mal humorada, resistente e mimada, apesar de não afeto dos pais.
Sentiu-se muito chateada, isolando-se, quando o irmão nasceu quase 10 anos depois e acentuando-se
quando veio o caçula. Disse que aos 12 anos de idade, chateada e isolada, experimentou drogas pela
primeira vez com o tio, Guilherme (57 anos no momento da consulta inicial), que viria a trabalhar com a mãe
mais tarde. Este mesmo tio, de acordo com relato de BMS, não só lhe dava drogas como também abusou
sexualmente dela.
Caso ”A um passo do abismo”
As drogas e abusos foram até os 16 anos de BMS sem que ninguém notasse. Ela achava que era algo natural
que homens faziam com meninas, mesmo que ela não gostasse e vomitasse após os atos. Ela era manipulada
pelo tio a não contar e também sofria ameaças físicas e chantagens. Quando o pai morreu e já divorciada do
segundo casamento, ela relatou o caso à mãe quando ela queria convidar o tio para assumir a direção da
empresa. A mãe ignorou o fato e a chamou de mentirosa e manipuladora, no que culminou na quinta tentativa
de autoextermínio – a primeira aconteceu quando ela tinha 13 anos. BMS nunca confrontara o tio, pelo
contrário o evitava em todas as ocasiões. A família achava aquilo normal já que ela era considerada bastante
estranha e volúvel. O até um dos ex-maridos de BMS participava ativamente das reuniões familiares, mas não
se dava conta da situação por causa do gênio difícil da esposa. A busca pela psicoterapia aconteceu a partir
de quatro incidentes, a saber: 1) um mês antes, na festa de aniversário de 55 anos da mãe, o tio lhe ofereceu
droga e fez propostas extremamente obscenas a ela, além de chamá-la de putinha desajustada; 2) o marido
parou de atender suas chamadas insistentes ao telefone; 3) por essa ocasião, ela ter ido ao escritório do então
marido, atacado a secretária, batendo nela e deixando-a nua, e invadindo a reunião em seguida.
Caso ”A um passo do abismo”
Então, começou a gritar que havia uma mulher escondida lá dentro, ofendeu a todos os presentes na reunião
e foi tirada, à força, pelo marido e a polícia que fora acionada pela secretária e, por último 4) ter tentado se
matar depois desse episódio e pedido de divórcio litigioso, tomando 10 comprimidos de Alprazolam (2mg),
liberando o gás da cozinha e desmaiando ao tentar acender um palito de fósforo. Os irmãos estavam em casa
e a mãe estava fora, mas sempre entrava fumando pela cozinha quando chegava em casa...
Formas de avaliação
• Entrevista clínica e de anamnese
• Entrevista colateral e com fontes principais
• Técnicas narrativas e biográficas
• PBQ-SF
• Teste NEO-PI de personalidade
Aspecto Descrição
Informações gerais
• Fornecidas pela própria cliente técnicas de autorrelato e observação
• Fornecidas pelos familiares
• Fornecidas pelo ex-marido
Queixas
• Humor instável
• Irritabilidade
• Comportamento agressivo
Problemas atuais
• Tentativa de autoextermínio
• Solidão
• Sentimentos de rejeição
• Depressão
Memórias e imagens da 
infância e adolescência
• Sentia-se sozinha o tempo todo, sem cuidado e palavras cuidadosas do pai; lembrava do tio pondo-a no
colo e passando a mão nas suas pernas; o abuso no início da adolescência e a relação sexual à força com
o primeiro namorado, aos 16.
Relação com o terapeuta
• A cliente relaciona-se, em primeiro momento, de forma muito frágil e cordial. Com o tempo de
atendimento, fica debochada e autodepreciativa. Acredita no terapeuta, mas não realiza muitos as tarefas
propostas. Muda seu estado emocional algumas vezes durante a sessão, ora parecendo frágil e fracassada
e, em outro momento, decidida e firme. Tentava mudar o horário das sessões a cada semana ou se
ausentava de última hora alegando alguma dificuldade ou compromisso. De algum modo, as sessões nas
quais se toca nos assuntos abuso e negligência são imensamente evitadas. Pontos nos quais o terapeuta
faz a aproximações sem expor o assunto diretamente. A terapia se desenrolou por quase três anos. No
último ano, a presença de BMS foi constante. Mas numa desavença com o namorado da época fez com
que ela evitasse o esquema ficando com vários caras em uma boate, tenho engravidado de um deles.
Este momento culminou no contato com suas dificuldades e na escrita de uma carta intitulada A PUTA
QUE PARIU!
• PBQ-SF
Itens Fator ou dimensão Descrição Atribuição
31
Eu resisto ser controlado por 
regras
Sentimentos desagradáveis poderão aumentar e fugir do meu controle 4
44 Eu sou frágil e incapaz Eu sou carente e frágil 4
45 Eu sou frágil e incapaz Eu sou indefeso quando deixado por minha própria conta 3
49 O outro é mau Eu tenho que estar atento, na defensiva, a todo instante 4
56 Eu sou frágil e incapaz
Eu preciso de alguém ao meu redor disponível a todo o momento para me
ajudar a executar aquilo que eu preciso ou em caso de acontecer alguma
coisa ruim
3
64 O outro é mau Eu não posso confiar nas pessoas 4
65 Eu sou frágil e incapaz Eu não consigo enfrentar as situações como as outras pessoas 4
• NEO-PI
Neuroticismo
N1: ansiedade Muito alto
N2: raiva/hostilidade Muito alto
N3: depressão Alto
N4: constrangimento Alto
N5: impulsividade Muito alto
N6: vulnerabilidade Muito alto
Extroversão
E1: acolhimento Baixo
E2: gregarismo Muito baixo
E3: assertividade Baixo
E4: atividade Médio
E5: busca de sensações Muito alto
E6: emoções positivas Baixo
Abertura
O1: fantasia Alto
O2: estética Baixo
O3: sentimentos Muito baixo
O4: ações variadas Baixo
O5: ideias Médio
O6: valores Muito baixo
Amabilidade
A1: confiança Muito baixo
A2: franqueza Alto
A3: altruísmo Muito baixo
A4: complacência Baixo
A5: modéstia Médio
A6: sensibilidade Baixo
Conscienciosidade
C1: competência Muito baixo
C2: ordem Médio
C3: senso de dever Baixo
C4: esforço por realizações Muito Baixo
C5: autodisciplinaMuito Baixo
C6: ponderação Baixo
Aspectos relevantes da ontogênese
Fatores de risco genético, ausência dos pais, nascimento dos irmãos e abuso pelo tio paterno
Evento estressor e situação atual
Percepção da rejeição do marido, fim do casamento e queixa policial
Emoções
Tristeza, ansiedade, frustração, raiva e rancor
Comportamentos
Número de ligações excessivas ao marido, ida ao escritório do marido e agressividade
Estratégia compensatória
Tentativa de autoextermínio
Estratégias hiperdesenvolvidas
Comportamento agressivo, impulsividade e medo de ser abandonada
Respostas físicas
Dores de cabeça, brancos, tremores, taquicardia, dor no peito, perda do sono e apetite
Pensamentos distorcidos
Nunca serei amada; Não mereço o amor de ninguém; Nunca conseguirei um trabalho, ser alguém na vida, além de uma garota mimada; 
Os homens podem fazer o que quiserem; Preciso do amor de um homem não importa como; Devo agredir quando não sou atendida; É 
melhor desistir porque nada muda
Regras
Sempre fracassarei, não consigo direcionar minha vida, meus atos e escolhas, não posso contar comigo mesma, preciso das pessoas para
ser feliz, não mereço o amor de ninguém, por isso nunca construirei uma boa relação
Crenças
Sou desajustada, sou incapaz, sou solitária, as outras pessoas são seguras e felizes, o futuro é sombrio
Significado dos pensamentos
Sente-se sozinha, desamparada, acredita que só um casamento a fará feliz, preciso de alguém para ser feliz e não consegue contar com 
ela mesma
Intervenções
• Atividades e objetivos em espaços de 10 sessões
• Número total de sessões desenvolvidas 72
• Comprometimento e entendimento do próprio quadro
• Estabelecimento de metas
• Reatribuição e regulação emocional
• Reavaliação de fatos, empatia e insights
• Atividades em módulos, rotulação das distorções
• Treinamento de habilidades interpessoais
• Modelagem e foco na forma de resolver problemas
Mindfulness
1. Piloto automático e recaída
2. Consciência e gatilhos para recaída
3. Prática do dia a dia
4. Situações de alto risco
5. Equilíbrio entre aceitação e mudança
6. Pensamentos não são fatos
7. Equilíbrio entre autocuidado e estilo de vida
8. Construção de rede de suporte
9. Práticas de meditação 
(Koons, 2016; Sn & Janca, 2016).
• PBQ-SF (reavaliação)
Itens Fator ou dimensão Descrição Atribuição
31
Eu resisto ser controlado por 
regras
Sentimentos desagradáveis poderão aumentar e fugir do meu
controle
4 2
44 Eu sou frágil e incapaz Eu sou carente e frágil 4 3
45 Eu sou frágil e incapaz Eu sou indefeso quando deixado por minha própria conta 3 1
49 O outro é mau Eu tenho que estar atento, na defensiva, a todo instante 4 2
56 Eu sou frágil e incapaz
Eu preciso de alguém ao meu redor disponível a todo o
momento para me ajudar a executar aquilo que eu preciso ou
em caso de acontecer alguma coisa ruim
3 2
64 O outro é mau Eu não posso confiar nas pessoas 4 2
65 Eu sou frágil e incapaz Eu não consigo enfrentar as situações como as outras pessoas 4 1
Pós
inter-
venção
• NEO-PI
Neuroticismo
N1: ansiedade Muito alto Alto
N2: raiva/hostilidade Muito alto Médio
N3: depressão Alto Médio
N4: constrangimento Alto Médio
N5: impulsividade Muito alto Médio
N6: vulnerabilidade Muito alto Alto
Extroversão
E1: acolhimento Baixo Médio
E2: gregarismo Muito baixo Baixo
E3: assertividade Baixo Médio
E4: atividade Médio Médio
E5: busca de sensações Muito alto Médio
E6: emoções positivas Baixo Médio
Abertura
O1: fantasia Alto Médio
O2: estética Baixo Baixo
O3: sentimentos Muito baixo Médio
O4: ações variadas Baixo Médio
O5: ideias Médio Médio
O6: valores Muito baixo Baixo
Amabilidade
A1: confiança Muito baixo Baixo
A2: franqueza Alto Alto
A3: altruísmo Muito baixo Baixo
A4: complacência Baixo Baixo
A5: modéstia Médio Baixo
A6: sensibilidade Baixo Médio
Conscienciosidade
C1: competência Muito baixo Baixo
C2: ordem Médio Baixo
C3: senso de dever Baixo Médio
C4: esforço por realizações Muito Baixo Baixo
C5: autodisciplina Muito Baixo Médio
C6: ponderação Baixo Médio
Pós
Intervenção
Resultados qualitativos
• Adesão e autoconhecimento ampliados
• A manipulação reduziu, mas não foi extinta
• A cliente entendeu que usa estratégias pouco eficazes
• Reforço de estratégias sem prejuízo da identidade
• Redução das ameaças de autoextermínio
• Passou a planejar melhor as atividades
• Desenvolveu forma de se redimir dos eventos passados
• Tratamento conjugado com estabilizadores de humor
• Tentativa de novas relações após nascimento do filho
Estratégias
subdesenvolvidas Intervenções
Estratégias
hiperdesenvolvidas
Borderline
• empatia
• intimidade
• sensibilidade social
• reciprocidade
• intensidade de resposta
• impulsividade
• planejamento e metas
• empatia e limites alheio ao anseio de abandono
• noção de self
• obtenção e reforço em diferentes interações
• vulnerabilidade
• impulsividade
• agressividade
• medo do abandono
7
Considerações
Importante pensar sobre
• Eficácia ou sucesso é variado entre 8 a 23% (não há consenso literário)
• Prognóstico reservado a desfavorável
• Grande parte dos transtornos exige participação familiar
• O tempo de terapia é relativo mínimo 12 meses
• Não criar expectativas irreais
• O meio não é suficiente para mudar afeto e conduta
• O terapeuta deve estar preparado para o abandono
• O terapeuta deve se esforçar em manter o cliente em tratamento no
início do processo
Considere
• Os clientes estão fazendo o melhor possível
• A vida está muito difícil, mas motive a mudar
• A aprendizagem é um processo contínuo
• Não existe fracasso
• A ensinar os clientes a alcançarem os próprios objetivos
• Clareza, precisão e compaixão relação genuína
• Terapeutas também precisam de apoio supervisão
• Terapeutas são passíveis de erros
Futuros caminhos
• Terapia comportamental dialética
• Terapia interpessoal
• Terapia de compromisso e aceitação
• Terapia processual
• Terapia dos esquemas

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