Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Profº Douglas Cobo Micheli- 2014 Disciplina de Farmacologia Farmacologia do Trato Gastrintestinal Universidade Federal do Triângulo Mineiro Dispepsia Sintomas Clínicos: Pirose (queimação, dor abdominal); Sensação de plenitude gástrica; Saciedade precoce; Distensão abdominal; Náuseas. Dispepsia Sendo de extrema importância na avaliação de um paciente com Dispepsia definir se o quadro é causado por uma patologia orgânica ou um distúrbio funcional o que repercute decisivamente na conduta diagnóstica e terapêutica a ser adotada. Diversos fatores podem causar a Dispepsia Alimentos – Medicações - Distúrbios Gastrointestinais e Sistêmicos >50% dos casos a causa não é identificada “Dispepsia Funcional” Farmacologia do Trato Gastrintestinal Principais funções do TGI Secreção Gástrica; Náuseas (vômito); Motilidade do intestino e expulsão das fezes. Controle Neural da Função GI Função: controlar os movimentos e a secreção gástrica SNE: Plexo Mioentérico Plexo Submucoso Secreção Gástrica Origem Substância Secretada Estímulo para liberação Função Célula Mucosa do colo Muco Secreção Tônica; aumenta com a irritação da mucosa Barreira física entre o lúmem e o epitélio Bicarbonato Secretado com o muco Tampona o ácido gástrico para prevenir dano ao epitélio Células Parietais Ácido Gástrico (HCl) Acetilcolina, gastrina, histamina Ativa pepsina; mata bactérias Células Semelhantes Enterocromafins Histamina Acetilcolina, gastrina Estimula a secreção de ácido gástrico Abertura da Glândula Gástrica Lúmen do Estômago Fisiologia da Secreção Gástrica M3 CCK2 + + H2 + Via dependente de cAMP + EP3 - Célula Parietal [K⁺] Célula Epitelial Superficial EP3 + Muco HCO ˉ 3 H ⁺ K ⁺ ATPase K ⁺ H ⁺ ACh SNS +MACh SNP pH 7,0 pH 2,0 Camada da Mucosa Lúmen Gástrico K ⁺ ClˉClˉ Cél. Enterocromafins Semelhantes PGE 3 PGE 2 Ácidos Graxos Gastrina HIST HIST CCK2 Colecistocinina HCl Distúrbios Gástricos Desequilíbrio Fisiológico Gastrointestinal Distúrbios Gástricos Gastrites; Úlcera Gástrica; Refluxo Esofágico. Distúrbios Gástricos – Gastrites Gastrite por stress (nervosa); Gastrite Alimentar; Gastrite Medicamentosa. Gastrite inflamação do revestimento da mucosa gástrica. Dor Abdominal Distúrbios Gástricos - Úlcera Gastroduodenal É uma doença de acometimento crônico, onde ocorre uma perda do revestimento interno do estômago ou duodeno, ocasionando assim "feridas" que entram em contato com a secreção ácida produzida pelo estômago. O sintoma principal é a dor na região abdominal, que pode ser em queimação, em pontadas ou em cólicas. Distúrbios Gástricos - Úlcera Gastroduodenal Fatores Ambientais; Fatores de Proteção; Fatores “Agressivos“. Alguns fatores podem levara a pré-disposição: Distúrbios Gástricos - Úlcera Gastroduodenal Fatores pré dispostos: Fatores Ambientais; fumo, stress e ingestão de estimulantes de secreção ácida (alimentos condimentados, café, álcool, etc. ). Fatores de Proteção; redução na produção da camada mucosa (citoproteção) que forma uma espécie de “gel”. Distúrbios Gástricos - Úlcera Gastroduodenal Fatores pré dispostos: Fatore "agressivo"; A bactéria H. pylori, uso de anti- inflamatórios não hormonais e aumento da produção de ácido pelo estômago. Distúrbios Gástricos - Úlcera Gastroduodenal Helicobacter Pylori: É um bacilo gram-negativo sendo associado à gastrite bem como o desenvolvimento de úlceras gástricas e duodenais, adenocarcinoma gástrico e linfoma gástrico de células B. Úlcera Gastroduodenal Distúrbios Gástricos - Esofagite de Refluxo Principal causa são os defeitos no mecanismo valvar da transição esôfago-gástrico. Sintomas: Dor, Azia e Regurgitação. Abordagem Terapêutica Medidas terapêuticas nas doenças gástricas, ressaltam-se: Reduzir o desconforto e a dor, promovendo cicatrização da mucosa e evitando complicações, como sangramento, perfurações e recorrência; Abordagem Terapêutica Detectar e erradicar H. pylori; Evitar o uso de drogas ulcerogênicas; Orientar o paciente MEV diminuir o stress; Reduzir a secreção ácida (antagonista H2 e inibidores da bomba de prótons) Neutralizar a secreção ácida (antiácidos) Proteger a mucosa (sucralfato e misoprosol) Tratamento Farmacológico Objetivos: Controle dos sintomas epigástricos; Impedir a progressão do quadro e o surgimento de complicações; Prevenir recidivas. Tratamento Farmacológico Um vasto arsenal farmacológico esta disponível para permitir que esses objetivos sejam alcançados. As drogas utilizadas neste contexto podem ser categorizadas de acordo com seu mecanismo de ação: Inibidores da Bomba de Prótons Antiácidos Anti-histaminicos H2 Protetores da Mucosa Antagonistas Muscarínicos Mecanismos Farmacológico dos Antiulcerogênicos Inibidor da Bomba de Prótons Inibidores da Bomba de Prótons - IBP (inibição de H+/K+-ATPase) Inibidores da Bomba de Prótons - IBP (inibição de H+/K+-ATPase) Mecanismo de Ação dos IBP: Inativa de forma irreversível a molécula da bomba de prótons, inibindo a secreção de HCL até que novas moléculas da bomba sejam sintetizadas e inseridas na membrana luminal. Suspensão prolongada de até 24 a 48h da secreção ácida. Reduzindo em ate 70% da secreção ácida total. M3 CCK2 + + H2 + Via dependente de cAMP + EP3 - Célula Parietal [K⁺] Célula Epitelial Superficial EP3 + Muco HCO ˉ 3 H ⁺ K ⁺ ATPase K ⁺ H ⁺ ACh SNS +MACh SNP pH 7,0 pH 2,0 Camada da Mucosa Lúmen Gástrico K ⁺ ClˉClˉ Cél. Enterocromafins Semelhantes PGE 3 PGE 2 Ácidos Graxos Gastrina HIST HIST CCK2 Colecistocinina HCl Inibidores da Bomba de Prótons (inibição de H+/K+-ATPase) X X X X Inibidores da Bomba de Prótons (inibição de H+/K+-ATPase) Omeprazol: Losec, Neoprazol, Peprazol, Loprazol, Gasec, Uniprazol, Prilosec, Gastrozol, Lomepral; Lansoprazol: Lanz, Lanzol, Prazol, Lanogastro, Prevacid Pantoprazol: Pantozol, Zurcal, Pantocal Rabeprazol: Pariet Esomeprazol: Nexium Indicação clínica: Refluxo esofágico, esofagite grave, úlcera gástrica e duodenal, hipersecreção, H. pylori Efeitos adversos: Diarréia, Cefaléia, dor muscular, Fadiga, Prurido Anti – Histamínicos H2 Anti – Histamínicos H2 Mecanismo de Ação: Inibem a produção de ácido clorídrico por competir reversivelmente com a histamina pela ligação com os receptores H2 na membrana basolateral das células parietais. São menos protetores que os IBP, mas ainda assim suprimem cerca de 70% da secreção ácida gástrica por 24h Anti – Histamínicos H2 Mecanismo de Ação: Inibem predominantemente a secreção basal, que responde por sua eficácia na suspensão da secreção ácida noturna, de importância clínica no tratamento da úlcera duodenal (nível de acidez noturna aumentado). M3 CCK2 + + H2 + Via dependente de cAMP + EP3 - Célula Parietal [K⁺] Célula Epitelial Superficial EP3 + Muco HCO ˉ 3 H ⁺ K ⁺ ATPase K ⁺ H ⁺ ACh SNS +MACh SNP pH 7,0 pH 2,0 Camada da Mucosa Lúmen Gástrico K ⁺ ClˉClˉ Cél. Enterocromafins Semelhantes PGE 3 PGE 2 Ácidos Graxos Gastrina HIST HIST CCK2 Colecistocinina HCl X Anti – Histamínicos H2 Indicação Clínica: Refluxo esofágico, úlcera gástrica e duodenal, úlcerasde estresse e hipersecreção ácida. Efeitos Adversos: Diarréia, cefaléia, sonolência, dor muscular. SNC alucinações, confusão, delírio, cefaléia. Anti – Histamínicos H2 Cimetidina: Tagamet, Cimetil, Stomakon, Peptol; Ranitidina: Antak, Label, Antagon, Neozac; Famotidina: Famoset, Famox, Pepcid, Famoxil; Nizatidina: Axid. Antiácidos Antiácidos São utilizados há séculos no tratamento dos pacientes com dispepsia e doenças acidopépticas. Mecanismo de Ação: Reduzem a acidez intragástrica, sendo bases fracas que reagem como o ácido clorídrico formando sal e água. Antiácidos Hidróxido de Mg: leite de Magnésia Phillips; Hidróxido de Al: Pepsamar, Gastrox, Peptgel, Aziram, Fluagel, Gastromax; Bicarbonato de sódio (8,4 a 10%) Bisuisan, Eno. Efeitos Adversos: Náuseas, distensão abdominal e flatulência. Reduz a absorção drogas (tetraciclinas, intraconazol, ferro, etc) Agentes Protetores da Mucosa Agentes Protetores da Mucosa A mucosa gastroduodenal desenvolveu vários mecanismos de defesa para se proteger contra os efeitos nocivos dos ácidos, mediados pelas Prostaglandinas onde a secreção epitelial de bicarbonato estabelece um gradiente de pH 7,0 dentro da camada mucosa e pH de 1 a 2 no lúmen gástrico. Existem diversos agentes farmacológicos que potencializam esses mecanismos de defesa da mucosa para a prevenção e tratamento dos distúrbios acidopépticos. Agentes Protetores da Mucosa Misoprostol (Cytotec) – análogo de PGE1 Sucralfato (Sucrafilm): formação de gel com muco reduzindo sua degradação e protegendo a mucosa (facilita cicatrização), inibição da pepsina, produção de PGE a secreção de bicarbonato e muco. Quelatos de bismuto (Peptulan, Pepto-bismol): adsorção da pepsina, aumento da produção de PG, estimulando a solução de bicarbonato e inibição da aderência na mucosa e enzimática do H. pylori. Helicobacter Pylori Helicobacter Pylori Associações: Omeprazol + claritromicina + amoxicilina: (Erradic) Lanzoprazol + claritromicina + amoxicilina: (Pyloripac) Omeprazol + amoxicilina + metronidazol Anti-H2 + tetraciclina + metronidazol + subsalicilato de bismuto Anti-Eméticos Êmese Náuseas e vômito são frequente em todas as faixas etárias. Náuseas traduzem uma sensação desagradável, geralmente precedendo o vômito, podem ser antecedidas por sudorese, palidez, taquicardia, aumento da salivação e o ritmo respiratório. Êmese Os vômitos representam o reflexo da expulsão do conteúdo gástrico, através do esôfago e da boca, e, na maioria das vezes, acompanham-se de náuseas e ânsias de vômito. A ânsia de vômito é um esforço involuntário e sem sucesso que geralmente envolve a musculatura respiratória do abdome, do diafragma e acompanha-se de bradicardia. Drogas Antieméticas Antagonistas H1; Antagonistas Muscarínicos; Antagonistas Dopaminérgicos; Antagonistas Serotoninérgicos; Fenotiazinas. Antagonistas de H1 e Muscarínicos Cinarizina - Cinazon, Stugeron, Labigerol, Vessel Meclizina - Meclin Dimenidrato - Dramin, Emebrid Prometazina - Fenergan, Pamergan, Prometazol; Lisador Indicação Clínica; são empregados na cinetose e para o tratamento de náuseas e vômitos associados a gravidez. Efeitos Adversos: Boca seca, tontura ou turvação de visão. Escopolamina: hioscina (Antagonistas muscarínicos ) Antagonistas Dopaminérgicos Metoclopramida : Plasil, Neolasil, Plagex, Metoclosan; Bromoprida : Plamet, Bromopan, Digesan, Digesprid, Digestina, Pridecil Domperidona : Domperol, Peridona, Motilium, Peridal Mecanismo de Ação: atuam antagonizando o receptor dopamínico D2 no quimioreceptor de zona de gatilho. Efeitos Adversos: Distonia, Parkinsionismo e dicinesia (fibras dopaminérgicas no sistema extrapiramidal) Antagonistas Serotoninérgicos Ondansetron: Zofran, Nausedron Dolasetron: Anzamet Tropisetron: Navoban Granisetron: Neosetron, Kytril Mecanismo de Ação: antagoniza o receptor serotonina 5-HT3, são drogas de grande efeito no tto vômito, associado com quimioterápicos de câncer e terapia da radiação. Efeitos Adversos: Cefaléia Fenotiazinas Clorpromazina: Amplictil, Longactil, Clorpromaz Trifluoperazina: Stelazine Tietilperazina Indicação Clínica: são empregadas n tto de náusea e vômito que ocorrem nos períodos pós-anestésicos e pós-cirurgicos na radioterapia e quimioterapia. Efeitos Adversos: hipotensão hortostática e sedação. Motilidade do Trato Digestório Diarréia e Obstipação São extremamente comuns na população geral em todas as idades, embora, na maioria das vezes, representem quadros benignos e transitórios, sem necessidade de utilizar agentes terapêuticos, esses sintomas pode ser debilitantes, crônicos e representar doenças graves. Todas as drogas antidiarreicas ou laxantes agem exclusivamente sobre os sintomas, sendo empregados em casos específicos, basicamente como medida de conforto. Conceito de Diarréia Diarréia: este termo é dependente da dieta e da idade do paciente, sendo sempre relevante identificar a mudança do aspecto das fezes e o número de evacuações. Conceito de Obstipação Obstipação: pode se definir como evacuação dolorosa e insatisfatória, muitas vezes sem depender da frequência normal da evacuação. Diarréia e Obstipação Frequência normal de evacuação: é extremamente variável entre indivíduos de acordo com a idade, dieta e outros fatores (variando de 3 evacuações por dia a 3 por semana) sendo o mais significativo o relato na mudança dos hábitos evacuatórios. Motilidade do Trato Digestório Prugativos que aceleram a passagem do alimento através do intestino Aumentam a motilidade do músculo liso Laxante Formadores de Massa Mecanismo de Ação: são colóides hidrofílicos não-digeríveis que absorvem água, formando um gel emoliente e volumoso, o qual provoca a distensão do cólon e promove o peristaltismo. Laxante Formadores de Massa Metilcelulose: Kolantyl Ágar – àgar : Agarol (assoc com óleo mineral) Fibras de Psyllium (Plantago ovata): Metamucil Farelo: polímeros de polissacarídeos Efeitos Adversos: Distensão e flatulência Laxante Osmóticos Mecanismo de Ação: retenção de água no lúmen do intestino delgado provocando a chegada de um grande volume fecal no cólon distal. Efeitos Adversos: distensão intestinal e diarréia (1h) Lactulose: Farlac, Lactolosum Soluções salinas: Hidroxido e Citrato de Magnésio Laxante estimulantes Mecanismo de Ação: aumento da motilidade por estimulação dos nervos entéricos e secreção de H2O e eletrólitos pela mucosa. Laxante estimulantes Efeitos Adversos: Cólica Abdominal, má absorção Contra Indicação: Gestante contrações uterinas Bisacodil: Dulcolax, Lacto purga Picossulfato de sódio: Guttalax, Picolax, Rapilax Preparados de Cáscara sagrada e Senna alexandrina (sene): Naturetti, Tamarine, Tamaril, Agiolax, Laxtan Óleo de rícino (Ricinus communis) Profº Douglas Cobo Micheli- 2014 Disciplina de Farmacologia Farmacologia do Trato Gastrintestinal Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Compartilhar