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Aula 6 - Recuperação Judicial

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RECUPERAÇÃO JUDICIAL 
Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
Arts. 47 a 72, LFR
A Recuperação Judicial (arts. 47 e ss, LFR) é uma ação que tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira da empresa.
Pretende-se, com a preservação da empresa, a manutenção:
Da fonte pagadora;
Do emprego de trabalhadores;
De recolhimento de impostos;
O desenvolvimento empresarial da região.
O devedor terá um prazo de 60 dias, contatos da publicação da decisão judicial que deferir o pedido de Recuperação Judicial, para apresentar plano de recuperação.
Somente após esse tempo sua Falência deverá ser decretada, art. 53, LFR.
Apesar da regra geral, a lei trouxe disposições comuns à Recuperação Judicial e à Falência, que vão do art. 5° ao art. 46, LFR.
Nesse âmbito, matérias relacionadas à atuação do Administrador Judicial, ao Comitê de Credores, à Assembléia Geral de Credores, dentre outras, são tratadas de maneira conjunta.
Já as contidas no capítulo III (arts. 47 a 74, LFR) dizem respeito exclusivamente à Recuperação Judicial.
Não existe recuperação suspensiva (falência), mas só a preventiva.
Requisitos para se ter acesso à Recuperação Judicial
Poderá requerer Recuperação Judicial o devedor empresário que atenda os seguintes requisitos, art. 48, LFR:
 
no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 anos; 
não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, art. 158, LFR, as responsabilidades daí decorrentes; 
não ter, há menos de 5 anos,
	obtido concessão de recuperação judicial; 
não ter, há menos de 8 anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de recuperação judicial para microempresas e empresas de pequeno porte;
 
não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei;
Créditos sujeitos à Recuperação Judicial 
Todos os créditos que se tenha contra o devedor recuperando na data do pedido de recuperação, ainda que não vencidos, art. 49, LFR.
Portanto, os credores que vierem a se constituir depois do pedido de recuperação não serão incluídos.
Cabe ressaltar, entretanto, que esta regra possui exceções, visto não estarem sujeitos à recuperação judicial os seguintes créditos:
no qual o credor tenha a posição de credor fiduciário de bens móveis ou imóveis. É o caso, por exemplo, da alienação fiduciária em garantia, art. 49, § 3º, LFR;
 
relativos a arrendamento mercantil (Ieasing), art. 49, § 3º, LFR; 
no qual o credor seja proprietário ou
	promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, art. 49, § 3º, LFR;
 
cujo credor seja proprietário de bem objeto de venda com reserva de domínio;
 
decorrentes de adiantamento de contrato de câmbio (ACC) para exportação onde o recuperando seja devedor, art. 86, LFR;
 
os créditos fiscais, art. 191-A do CTN. 
Meios de Recuperação da Empresa
O art. 50, LFR enumera os meios de Recuperação Judicial da empresa.
Trata-se, na verdade, de rol exemplificativo.
Outras hipóteses podem ser aventadas pelo devedor como forma de reerguer sua empresa, desde que demonstre capacidade para honrar seus compromissos e solucione seu passivo. 
As hipóteses descritas podem ser utilizadas isolada ou cumulativamente umas com as outras, observando-se, ainda, o seguinte:
 
na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial.
Concessão da Recuperação Judicial
Quando a recuperação é concedida ocorre a suspensão de:
 
prazos prescricionais;
ações em andamento.
 
No prazo de 180 dias do deferimento da Recuperação Judicial (art. 6º, LFR). Também, para o exercício dos créditos do art. 49, § 3º, LFR – proprietários de bens.
 
Só não ocorre a suspensão para as execuções tributárias e para as reclamações trabalhistas, art. 6º, §§ 2º e 7º, LFR.
Caracterização da Recuperação Judicial
 
A instalação do processo, na conformidade do que dispôs a LFR para caracterização da Recuperação Judicial, faz-se necessária a combinação dos seguintes requisitos:
DEVEDOR EMPRESÁRIO
 
Assim como na Falência, o acesso à Recuperação Judicial é facultado aos devedores empresários regularmente constituídos há mais de dois anos, com as mesmas exclusões do art. 2º, LFR.
PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
 
A iniciativa do pedido pertence ao empresário devedor, nunca aos seus credores.
O parágrafo único art. 48, LFR estende a iniciativa ao cônjuge sobrevivente do empresário devedor, aos seus herdeiros, inventariante ou sócio remanescente.
A petição inicial deverá vir instruída com os documentos previstos no art. 51, LFR.
Não são exigíveis do devedor, na Recuperação Judicial ou na Falência:
 
as obrigações a título gratuito;
as despesas que os credores fizerem para tomar parte na Recuperação Judicial ou na Falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
Não pode propor quando houver:
 
atraso de mais de 30 dias para os créditos trabalhistas de até 5 salários mínimos.
atraso de mais de 1 ano para créditos trabalhistas acima de 5 salários mínimos.
A SENTENÇA DE DEFERIMENTO 
 
Estando o pedido devidamente instituído, nos termos do art. 51, o Juiz deferirá o processamento da Recuperação Judicial do devedor, abrindo prazo de 60 dias para que ele apresente o Plano de Recuperação, sob pena de convolação em Falência, art. 53. LFR.
Sujeitos Passivos da Recuperação Judicial
 
Só empresários regularmente constituídos há mais de 2 anos podem obter o deferimento do processo de Recuperação Judicial, art. 48, caput, LFR.
 
 
Sujeito Ativo da Recuperação Judicial
 
Será sempre o devedor empresário. 
Órgãos da Recuperação Judicial
 
Conta com a intervenção dos mesmos órgãos da Falência, ainda que as atribuições contenham diferenças:
O Juiz 
 
É a autoridade judiciária designada para presidir o processo, responsabilizando-se por atos a ele relacionados, tais como: 
 
nomeação e destituição do administrador judicial, assim como a fixação de sua remuneração e de seus auxiliares, conforme arts. 22, incisos III, § 1º, 24, caput, e 31, caput, LFR;
deferimento do Processo de Recuperação Judicial, além de ordenar a publicação de edital em órgão oficial com resumo do pedido, art. 52, caput, e § 1º, LFR;
decretação da falência do devedor, em caso de rejeição ao plano de recuperação por parte da Assembléia Geral de Credores (art. 56, § 4º, LFR), dentre outros.
O Ministério Público
A sentença que deferir a Recuperação Judicial ordenará a intimação do Ministério Público, que terá atuação obrigatória no processo, conforme a combinação dos arts. 4º e 52, V, LFR.
Detém atribuição para oferecimento de denúncia por crime falimentar, na forma prevista nos arts. 183 a 188, LFR, realçando que a omissão do órgão na promoção da denúncia gera direito a qualquer credor habilitado ou ao próprio administrador judicial para a iniciativa da ação penal privada, que será subsidiária da pública.
Também, a possibilidade de apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores a que se refere o art. 7º, § 2º, LFR, fraude, simulação, erro essencial ou, mesmo, documentos antes ignorados, conforme a disposição do art. 19, caput, LFR.
O Administrador Judicial
Compete-lhe a administração do processo, sob a imediata direção e superintendência do Juiz.
Assembléia Geral de Credores
É órgão deliberativo de decisão colegiada, responsável por tomar decisões que influenciam diretamente o interesse dos credores,
a exemplo da aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação apresentado pelo devedor, ou a indicação dos nomes que irão compor o Comitê de Credores.
Tem as seguintes funções:
 
Aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;
A constituição do comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
O pedido de desistência do devedor, nos termos no § 4º do art. 52, LFR;
O nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
Comitê Geral dos Credores
Órgão de existência facultativa, tanto na Falência como na Recuperação Judicial.
Possui atribuições eminentemente fiscalizadoras das atividades do Administrador Judicial e do devedor.
Seu papel principal é zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei, comunicando ao juiz violações dos direitos ou ocorrências de prejuízo aos credores, art. 26, § 1º, LFR.
O Juízo da Recuperação Judicial
 
O juiz competente para deferir o processamento da Recuperação Judicial é o do local do principal estabelecimento do devedor, assim entendido como o de maior volume da atividade econômica.
Em se tratando de uma filial que tenha sede fora do Brasil, será o juiz do local onde ela se situe, art. 3º, LFR.
Verificação e Habilitação dos Créditos
 
Quando o Juiz defere o processo da Recuperação Judicial, ele já deve nomear o Administrador Judicial.
E, dentre as atribuições de tal profissional está realizar a verificação de créditos; procedimento este que se inicia com a habilitação dos credores. 
Habilitação dos Credores
 
Após publicado o edital que comunica o deferimento do processamento da Recuperação Judicial, os credores terão o prazo de 15 dias para apresentar ao Administrador Judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados no referido edital. 
Publicação da Segunda Relação
de Credores 
 
Quando o devedor ingressa com o pedido de Recuperação Judicial já apresenta ao juiz uma relação de credores, que é publicada através de edital logo após o deferimento do processamento.
Depois disso, é aberto prazo para os credores se habilitarem. 
Impugnação Contra a Relação de
Credores - art. 8º, LFR
 
No prazo de 10 dias, contados da publicação referida anteriormente, o Comitê (se houver), qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao Juiz impugnação contra a relação de credores elaborada pelo Administrador Judicial, onde apontarão a ausência de qualquer crédito ou manifestação contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. 
Demais manifestações após a Impugnação - arts. 11 e 12, LFR 
 
Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação no prazo de 5 dias, devendo, por ocasião da defesa, juntar os documentos que julguem necessários e indicando outras provas que pretendem produzir, art. 11, LFR. 
Consolidação do Quadro-Geral
de Credores - art.18, LFR
 
Decididas as impugnações, caberá ao Administrador consolidar o Quadro Geral de Credores, a ser homologado pelo Juiz.
O quadro será consolidado com base na relação de credores antes elaborada por tal Administrador e, ainda, levando em consideração as decisões das impugnações.
Habilitações Retardatárias e Quadro-Geral de Credores - art. 10, §§ 5º e 6º, LFR
 
A homologação do Quadro Geral de Credores é um marco divisório no tocante ao procedimento que deve ser adotado para habilitar créditos retardatários.
Efeitos Jurídicos da Recuperação Judicial
 
Os efeitos advindos do processamento da Recuperação Judicial são sentidos basicamente pelos titulares de créditos inseridos no Quadro Geral de Credores.
Quanto ao negócio do devedor
 
O deferimento do processo de Recuperação Judicial não traz solução de continuidade ao negócio.
Pelo contrário, a empresa deve permanecer com sua atividade produtiva dentro da normalidade com o devedor e seus administradores mantidos na condução da atividade empresarial, mas sob a fiscalização do Comitê de Credores, se houver, e o do Administrador Judicial.
O art. 64, LFR, prevê hipótese de afastamento tanto do devedor como de seus administradores, situação em que seria escolhido um gestor, indicado pela Assembléia Geral e nomeado pelo Juiz.
Quanto aos bens do devedor 
 
O devedor não perde a disponibilidade de seus bens, mas, a partir da distribuição do pedido, ele não poderá alienar bens de seu ativo permanente, salvo evidente utilidade reconhecida pelo juiz, depois de ouvido o Comitê Credores.
Contudo, estando a venda do bem prevista no Plano de Recuperação aprovado em juízo, conforme o permissivo do art. 50, XI, LFR não há qualquer necessidade de prévia autorização, art. 66, LFR. 
 
Em se tratando da alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, mesmo estando prevista no plano, cabe ao Juiz ordenar a realização em uma das modalidades previstas no art. 142, LFR quais sejam: leilão por lances orais, propostas fechadas ou pregão.
Quanto aos direitos dos credores
 
Instalado o processo, ficam suspensas todas as ações propostas contra o devedor, uma vez que as reclamações de créditos deverão correr perante a autoridade judiciária que proferir a sentença, art. 6º, LFR.
Entretanto, da mesma forma como ocorre na Falência, as questões que envolvam créditos de origem trabalhista e fiscal, devem seguir a tramitação normal de cada uma (observar os créditos que não podem participar do plano, conforme os §§ 3° e 4° do art. 49, LFR).
 
O Plano de Recuperação implica, ainda, novação dos créditos anteriores ao pedido, mas com a manutenção das garantias porventura existentes, salvo se houver aprovação expressa do credor titular da garantia (art. 59 caput, combinado com o art. 50, § 1°, LFR).
Quanto aos Contratos celebrados pelo Devedor
 
O deferimento da Recuperação Judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário, pelo prazo máximo de 180 dias, art. 6º, LFR.
Salvo ação que demandar quantia ilíquida de natureza fiscal e ações trabalhistas.
O Processo de Recuperação Judicial
 
Divide-se em 3 fases:
 
postulatória: requerimento do benefício;
deliberativa: ocorre após a verificação dos créditos;
execução: fiscalização do cumprimento do plano de recuperação.
É preciso respeitar a exegese do art. 54, LFR, que estipula prazo máximo de 1 ano para o pagamento dos créditos derivados da legislação de trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido.
Em se tratando de dívidas por salários atrasados referentes aos 3 meses anteriores ao pedido, o plano deve contemplar o pagamento num prazo máximo de 30 dias, limitado a 5 salários mínimos por trabalhador.
A decisão da Assembléia pode ser: 
pela aprovação do plano;
pela sua alteração (desde que não diminua direitos de credores ausentes), hipótese na qual se faz necessária a expressa concordância do devedor; 
pela rejeição, quando o juiz decretará obrigatoriamente a Falência do devedor, arts. 55 e 56, LFR.
Para aprovação da Assembléia, faz-se necessária a
obediência aos requisitos impostos pelo art. 45, LFR, sendo vejamos:
 
voto favorável dos credores representativos de mais da metade dos créditos com garantia real, quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral e subordinados, considerados separadamente por cada uma dessas classes, restringindo-se aos que estiverem presentes na assembléia, cumulativamente com aprovação da maioria simples dos presentes.
quanto aos titulares de créditos decorrentes da legislação do trabalho ou por acidente de trabalho, a lei exige aprovação pela maioria simples dos presentes, independentemente do valor de cada crédito, como acontece com os demais;
não terá direito a voto o titular de crédito que não tenho sofrido qualquer alteração do valor ou nas condições de pagamento.
De outra forma ainda que o plano ainda não tenha sido
aprovado pela Assembléia, a menos nos termos do
art. 45, LFR, pode o juiz conceder-lhe a aprovação, desde que não haja tratamento diferenciado entre os credores da classe que o houver rejeitado, e mais, tenha obtido de forma acumulativa os seguintes votos, art. 58, LFR:
 
independentemente das classes (quirografários, trabalhistas, etc), voto favorável de credores que representam mais da metade da soma de todos os créditos presentes na assembléia, independentemente de suas classes;
aprovação de apenas duas das classes de credores na forma do art. 45, LFR, ou, caso haja somente duas classes com credores votantes, aprovação de pelo menos uma delas. Significa, por exemplo, pela classe dos quirografários e dos detentores de garantia real apenas, desde que obedecidos o quorum referido no artigo;
na classe que houver rejeitado, voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores.
Aprovado o plano, a decisão constituirá título executivo judicial (art. 59, § 1º, LFR) e o devedor permanecerá em Recuperação Judicial pelo prazo máximo de 2 anos.
Caso suas obrigações sejam cumpridas em um lapso de tempo inferior, aquele período será menor, art. 61, LFR.
Contemplando o plano de obrigações com prazo superiores àqueles, o devedor sairá do processo de recuperação (via sentença do Juiz), mas continuará com o plano. 
Plano de Recuperação Judicial
 
Deverá conter, art. 53, LFR:
 
discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados;
demonstração de sua viabilidade econômica;
laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor.
Deferido o processamento da Recuperação Judicial, credores que representem, no mínimo, 25% do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão, a qualquer tempo, solicitar a convocação de Assembléia Geral para a constituição do Comitê de Credores ou substituição de seus membros.
Apresentação de Objeções ao Plano
de Recuperação Judicial
 
O Juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do Plano de Recuperação.
Qualquer credor poderá manifestar ao Juiz sua objeção ao Plano de Recuperação no prazo de 30 dias, contados do edital contendo a relação de credores feita pelo administrador judicial, art. 7º, § 2º, LFR.
Caso nesta data não tenha sido, publicado o aviso judicial, os 30 dias contar-se-ão deste.
Após a juntada ao processo do Plano da Recuperação aprovado pela Assembléia ou decorrido o prazo para objeções, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários.
Assim, se apresentadas as certidões, o Juiz concederá o benefício; caso contrário, indeferirá o pedido, uma vez que o Código Tributário Nacional – CTN exige prova de quitação para a concessão da recuperação judicial, art. 68, LFR.
Efeitos da concessão da Recuperação Judicial
 
O Plano de Recuperação Judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias.
 
O recurso cabível da decisão que concede a Recuperação Judicial é o agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.
Encerramento da Recuperação Judicial 
 
Caso o devedor, durante 2 anos que esteja em Recuperação Judicial, cumpra, nesse ínterim, todas as obrigações que o plano de reorganização lhe impõe, cabe ao Juiz decretar, por sentença, o encerramento da Recuperação; ocasião em que determinará as providências necessárias para a extinção do processo, art. 63, LFR.
Convolação da Recuperação Judicial em Falência 
 
Durante a Recuperação Judicial fica o devedor sempre sob a ameaça de ser decretada a qualquer momento a sua Falência.
Por isso, deve ser ponderado que o benefício da Recuperação Judicial não é para ser perseguido por aquele empresário que está enfrentando moderadas dificuldades momentâneas, mas sim para aquele que não tem outra alternativa para salvar seu empreendimento que não seja ao benefício outorgado pela LFR.
Art. 73, LFR. 
Recursos na Recuperação Judicial 
 
O Processo de Recuperação não diverge da premissa talhada nas linhas imediatamente pretéritas; sendo possível neste os seguintes recursos expressamente previstos na LFR: 
 
Agravo da decisão sobre impugnação de créditos (art. 17, LFR) - pode qualquer credor, o Comitê, o devedor ou seus sócios, e, ainda, o representante do Ministério Público, apresentar impugnação de créditos. Ante essa provocação, cabe ao juiz instaurar o procedimento devido, e ao final, prolatar decisão. Nesse caso, prevê a LFR que este decisum é atacável por agravo (art. 522 do CPC). 
Agravo da decisão que conceder a recuperação (art. 59, § 2º, LFR) - na apreciação do mérito do pedido de recuperação pode o juiz, obedecidas as condições legais, conceder o benefício requerido. Ante tal provimento jurisdicional, igualmente cabe agravo.
Ante o rol declinado, são os recursos
expressamente previstos na LFR no tocante à Recuperação Judicial. Porquanto, deve-se alertar que não são somente estes os recursos manejáveis em tal processo. 
 
Então, por aplicação subsidiária do CPC à LFR ex vi art. 189, LFR, o sistema recursal previsto naquele (agravo, apelação, embargos de declaração etc.) é perfeitamente cabível no processo de recuperação judicial em não havendo incompatibilidade. 
 
Pertinentemente à matéria recursal, importante frisar, também, que o despacho que defere o processamento da Recuperação Judicial é irrecorrível. 
OBRIGADO !
	PERGUNTAS ?
		
Prof. Dr. Silvio Aparecido Crepaldi
www.professorcrepaldi.pro.br
professorcrepaldi@uai.com.br

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