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DIREITO NO BRASIL

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DIREITO NO BRASIL: da Colônia à República Velha
As leis portuguesas :
as origens
Quando os Romanos ocuparam a Península Ibérica encontraram lá um povo chamado Lusitanos (séc. II a.C); fundaram a colônia denominada LUSITÂNIA; a legislação usada era a do Direito Romano;
A partir do séc. V d.C a Península foi ocupada pelos Visigodos; a legislação usada era o Direito Visigótico;
No séc. VIII são os muçulmanos (mouros) que invadem a Península Ibérica, onde permanecem até o séc. XV.
Nos séculos IX e X somente o norte da Península Ibérica escapava do domínio árabe, a partir do século XI com a formação dos reinos cristãos de Castela, Aragão, Navarra e Leão a luta pela expulsão dos muçulmanos inicia-se efetivamente.
As leis portuguesas :
as origens
No ano de 1096, após as vitórias na Guerra da Reconquista, D. Afonso VI, rei de Castela, entregou o Condado Portucalense a D. Henrique, conde de Borgonha, e a D. Raimundo, rei da Galícia;
A Guerra da Reconquista prosseguiu e em 1139 D. Afonso Henriques, filho de D. Henrique de Borgonha, tendo vencido os mouros na Batalha de Ourique, declarou-se REI DOS PORTUCALENSES e nesse mesmo ano declarou a independência do Condado. 
Somente em 1143, através do Tratado de Zamorra, D. Afonso VII, rei de Castela, reconheceu a independência do Condado Portucalense e estabeleceu a paz definitiva com Portugal.
As leis portuguesas :
as origens
No mesmo período vigoravam em Portugal o Direito Canônico (que orientava os demais reinos na Europa), o Direito Romano e o Direito Visigótico, sendo que todos esses colaboraram para a formação do Direito Português, que mais tarde foi aplicado no Brasil.
No reinado de D. Diniz (1279-1325) ainda valia em Portugal um documento legal que já vigorava na Espanha: a Lei das Sete Partidas, que era uma enciclopédia jurídica, inspirada no Direito Romano e no Direito Canônico.
O início da história codificada do Direito Português é o início da luta contra o direito privado que existia em detrimento do direito público.
Foi ainda no reinado de D. Diniz que o serviço judiciário foi reestruturado com a criação do cargo de juiz, bem como introduziu o cargo de Procurador do Concelho que tinha a atribuição de cuidar dos interesses públicos (alguns estudiosos o consideram o gérmen do Ministério Público) e diminuiu o poder dos senhores de terra , eliminando a possibilidade desses julgarem , essas decisões passaram a ser examinadas pelas Corte.
As leis portuguesas :
as Ordenações Afonsinas
As leis portuguesas :
as Ordenações Afonsinas
Com a ascensão, em 1385, de D. João I, Mestre de Avis, fazia-se necessário organizar o reino, e no campo jurídico ele mandou reunir toda a legislação produzida em Portugal até então e organizá-la em livros, por títulos e temas, mas o texto não ficou pronto durante o governo dele.
Após a morte de D. João I, em 1423, os trabalhos continuaram pelo reinado de D. Duarte (1423-1438), sendo concluídos por D. Afonso V, em 1446, com o nome de ORDENAÇÕES AFONSINAS.
As Ordenações tratavam de assuntos de diversos setores da vida econômica, social e política de Portugal, mas ainda havia forte influência do Direito Canônico.
Cabe destacar o Livro II que referia-se à Igreja Católica Apostólica Romana, à jurisdição das pessoas e dos bens eclesiásticos; incluía, ainda, a definição dos direitos régios, a jurisdição dos donatários, o estatuto dos fidalgos e o estatuto dos judeus e dos mouros.
Esse estatuto dos judeus e dos mouros apesar de ter sido criado sob o pretexto de proteger os interesses dos judeus e dos mouros o documento lhes cerceava a liberdade e incentivava a oposição entre judeus e cristãos e entre mouros e cristãos.
Acrescente-se ainda que as questões relativas aos judeus e aos mouros deviam ser julgadas por autoridade competente, o Juiz dos Judeus e dos Mouros; a legislação também estabelecia tabelionatos para o registro de contratos de judeus e mouros e as condições em que tais contratos deviam ser firmados
As leis portuguesas :
as Ordenações Afonsinas
Segundo o que constava no Título LXXXVI das Ordenações Afonsinas, os judeus deveriam viver nas JUDIARIAS e trazer nas suas roupas, no peito, acima do estômago, uma estrela de Davi vermelha; não podiam entrar nas casas dos cristãos e vice-versa, mas a legislação conservou a prática romana de permitir que os judeus guardassem o sábado;
O tratamento dado aos mouros não era diferente, também deveriam viver nas MOURARIAS, trajar capuzes e escapulários e portar a autorização para poderem circular, também não lhes era permitido circular pela mesma calçada que os cristãos e ao divisarem um cristão deveriam sair do caminho (Título CIII das Ordenações Afonsinas).
O Livro V das Ordenações Afonsinas tratava dos crimes e as penas e incluía a investigação dos crimes, a prisão dos delinquentes ou acusados e o emprego da tortura nos processos.
Já na abertura deste livro pode-se observar a forte ligação entre o Estado e a Igreja se refletindo na legislação, pois após o IV Concílio de Latrão (1213-1215) foram incorporadas à legislação secular a investigação anual (inquisitio) ordenada aos bispos para o combate aos hereges e também às autoridades que não agissem contra eles; com isso não se estranha que o Livro V se preocupasse com a questão das heresias. 
Outros crimes também definidos e punidos pelas Ordenações Afonsinas: a alcovitagem, o adultério, a feitiçaria; enfim, os crimes incluíam ações da vida religiosa e civil. As penas podiam ir da multa ao degredo, chegando à forca, à morte pela espada ou na fogueira.
As leis portuguesas :
as Ordenações Afonsinas
A Estrutura Judiciária contava com Magistrados Singulares e Tribunais Colegiados de segundo e terceiros graus de jurisdição, além de magistrados com funções específicas postos acima dos Tribunais Colegiados.
Os Magistrados Singulares eram: Juízes Ordinários, Juízes de Fora, Juízes de Órfãos, Juízes de Vintena, Almotacéis, Juízes de Sesmarias e Juízes de Alvazis dos Avençais e dos Judeus.
Os Tribunais Colegiados (Segundo Grau) eram compostos por: Desembargo do Paço, Conselho da Fazenda e Mesa da Consciência e Ordem.
O Tribunal Colegiado (Terceiro Grau) era a Casa da Suplicação.
Era do rei o mais alto cargo da Justiça, ele era o Governador da Casa da Justiça na corte, seu papel era a distribuição dos Desembargadores, definição dos dias de trabalho destes e do Juiz dos feitos, do Procurador, do Corregedor da Corte e dos Ouvidores.
Essa legislação não trabalha com uma proporcionalidade entre crime e pena, para os legisladores da época, a lei servia para incutir o medo, conforme o grau de temor gerado pela pena.
Nas Ordenações Afonsinas também se vê que, no tocante às penas, sempre fidalgos e pessoas comuns são diferenciadas, por exemplo, se o homem adúltero fosse cavaleiro ou fidalgo ele não poderia ser morto pelo marido traído, se fosse um homem do povo, a morte era certa.
As leis portuguesas :
as Ordenações Manoelinas
As leis portuguesas :
as Ordenações Manuelinas
Considerando o fato de as Ordenações Afonsinas terem sido pouco divulgadas, D. Manuel, o Venturoso (1495-1521), ao ascender ao trono português, mandou reescrevê-las.
Em 1521, pouco antes de sua morte, o texto reescrito sob a forma de decretos e foi publicado com o nome de Ordenações Manuelinas.
O novo texto trazia algumas alterações, entre elas o desaparecimento do estatuto dos judeus e dos mouros, como também trouxe como novidade uma atenção especial à questão do comércio e da expansão marítima.
Foram as Ordenações Manuelinas que chegaram ao Brasil com os navegadores portugueses a partir de 1530, quando foi implantado o Sistema das Capitanias Hereditárias.
Eram compostas por cinco livros: Livro I (direito administrativo e organização judiciária), Livro II ( direitos eclesiástico, do rei, da nobreza e dos estrangeiros), Livro III (regras do Processo Civil), Livro IV (direito civil e direito marítimo/comercial) e Livro V (direito penal e processual penal).
As leis portuguesas :
as Ordenações Manoelinas
Como no período de D. Manuel Portugal estava em plena expansão marítima,
a Ordenação Manuelina trata de questões do Direito Marítimo, de contratos e de mercadores, chegando inclusive a legislar acerca dos mercadores estrangeiros.
Nas questões penais pouco mudou, os fidalgos continuavam a ter vantagens em detrimento dos plebeus, o crime de Lesa Majestade continuava sendo considerado o pior dos delitos, a pena de morte continuava sendo largamente aplicada, bem como as torturas como meio de obter confissões e como pena.
A partir dessas Ordenações passou-se a exigir com maior ímpeto a formação acadêmica de direito para aqueles que trabalhavam com a Justiça.
As Ordenações Manuelinas legislam acerca de advogados e Procuradores que advogam “para ambas as partes” (Livro V título 55) e tentam evitar o suborno daqueles que aplicam o direito.
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
Com a morte de D. Manuel I, ascendeu ao trono D. João III (1521-1557) e com a morte deste, subiu ao trono D. Sebastião I (1557-1579);
D. Sebastião desaparece na Batalha de Alcacer Quibir, enquanto combatia os mouros; o trono português fica vago, pois ele não deixou descendentes e o herdeiro mais próximo era D. Filipe II, rei da Espanha, sobrinho-neto de D. Manuel I.
Ao tornar-se rei de Portugal em 1580, D. Filipe I, inicia o período conhecido por UNIÃO IBÉRICA, quando Portugal e Espanha estavam sendo governados pelo mesmo monarca.
A Dinastia Filipina perdurou até 1640, um período muito conturbado, marcado por invasões estrangeiras no território brasileiro: franceses, ingleses e holandeses, todos inimigos da Espanha e agora também de Portugal.
Franceses instalando-se no Rio de Janeiro e no Maranhão; corsários ingleses atacando em Santos, Vitória e Recife, além dos holandeses, que com Maurício de Nassau, se estabeleceram por anos em Olinda e Recife, em Pernambuco. 
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
As Ordenações Filipinas foram promulgadas em 1630, tornando-se o mais duradouro documento jurídico tanto na história de Portugal quanto do Brasil.
Também era uma compilação que revisava um pouco das normas contidas nas Ordenações Manuelinas, as inovações foram poucas, o caráter português da legislação foi preservado. Embora seja uma reforma da anterior, acompanha a composição e assuntos dos livros das ordenações anteriores.
Com relação a estrutura judiciária, houve um acréscimo no número de juízes singulares e os Tribunais Colegiados de segundo e terceiro graus de jurisdição seguiram o mesmo caminho.
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
Surgem os Juízes das Casas das Índias, Mina, Guiné, Brasil e Armazéns, o Ouvidor da Alfândega de Lisboa, o Chanceler das Sentenças, o Corregedor da Comarca, o Ouvidor da Comarca e o Inquiridor.
No segundo grau a responsabilidade era da Casa da Suplicação e do Tribunal da Relação, sendo que a primeira era composta pelos Desembargadores do Paço, Conselho da Coroa e Fazenda, Mesa da Consciência e Ordem e pelo Chanceler da Suplicação; os corregedores e ouvidores também exerciam funções nos tribunais de segundo grau.
No terceiro grau estava a Casa da Suplicação, presidida pelo Regedor e composta pelo Chanceler Mor e pelos Desembargadores da Casa da Suplicação.
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
O julgamento, pela Ordenação Filipina, deve ser mais célere possível, devendo evitar a anulação ou qualquer meio que prejudique a sentença se a verdade for sabida.
O resultado final do julgamento poderia ser feito à custa de provas mais seguras do cometimento do crime, predominando a ideia de que o tribunal devia procurar a “verdade dos fatos” através da inquirição direta ou da audiência de testemunhas.
Não podiam ser testemunhas: pais, mães, avós, avôs, filhos, netos, bisnetos, irmãos, escravos, judeus, mouros.
O falso testemunho, nos casos que envolvessem pena de morte, era punido com a morte e todos os bens do que desse falso testemunho iriam para a Coroa, o mesmo se aplicaria àqueles que induzissem ou corrompessem alguma testemunha.
Se não envolvesse pena de morte, o destino do mentiroso era o Brasil. O degredo e açoites eram aplicados para crimes considerados mais leves.
As leis portuguesas :
as Ordenações Filipinas
A pena de morte poderia ser executada de 4 formas: vivicombúrio (queimado vivo), atroz (acrescentava outra pena, como confisco de bens, queima do cadáver, esquartejamento do mesmo ou proscrição de sua memória), natural( por degolação ou enforcamento, esse caso era aplicado às pessoas de mais baixa camada social) e o último tipo de morte era a “morte civil”, quando o indivíduo mesmo vivo, não tem direito algum, vive como se não mais vivesse. 
Em alguns casos de “morte civil”, o culpado do delito era morto (morte cruel) e seus filhos teriam como herança a morte civil.
Mantém-se a diferenciação de penas se aplicadas a pessoas de origens diferentes, mas alguns tipos de crimes, tidos como muito graves, não haveria diferença de pessoas, como os de Lesa Majestade, falso testemunho, feitiçaria, sodomia, furto, alcovitaria.
Os menores também eram protegidos, variando as penas de acordo com a faixa etária (menor de 17 anos não eram condenados a morte, por exemplo).
BRASIL COLÔNIA
BRASIL COLÔNIA
Com foi citado anteriormente, durante o período Colonial, vigoraram as Ordenações Manuelinas e Filipinas;
Os principais documentos usados oficialmente eram CARTA DE DOAÇÃO (transferia aos capitães dos navios portugueses as terras ao longo da costa brasileira, por 10 léguas, sem cobranças de impostos) e CARTA DE FORAL (usado pelo Imperador português no qual eram determinados direitos e deveres dos capitães dos navios à Coroa).
BRASIL REINO
BRASIL REINO
Com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, o primeiro ato jurídico é a assinatura do documento denominado de Abertura dos Portos às Nações Amigas.
O Brasil passou a ser a sede do Império Português, o centro político e administrativo, assim, foi revogado o Alvará de 1785 que proibia a existência de manufaturas no Brasil.
A partir de 11 de março de 1808 iniciou-se a montagem do Estado português no Brasil, transplantando-se todos os órgãos do Estado Português: Ministérios, o Real Erário, os Conselhos de Estado, Desembargo do Paço, Mesa da Consciência e Ordens, Conselho Supremo Militar.
Era um governo totalmente fora da realidade social do Brasil, já que o modelo transposto era baseado no espírito tradicional do Antigo Regime, deixando de fora os senhores rurais.
O luxo da Corte precisava ser mantido com o aumento da arrecadação dos impostos. Só que a partir de então os impostos não precisavam mais viajar pelo Atlântico.
Em 10 de maio de 1808 foi criado o cargo de Intendente Geral de Polícia com jurisdição sobre juízes criminais que poderiam recorrer a ele porque detinha o poder de prender e soltar presos para investigações.
O Brasil foi elevado a reino em 1815 como forma de colocá-lo em situação de igualdade com Portugal.
BRASIL IMPÉRIO
BRASIL IMPÉRIO
Durante o Império (1822/1889) destacam-se as Ordenações Filipinas e o Código Criminal de 1830 (inspirado no projeto de Código Penal do Estado da Louisiana, nos EUA);
Há também a promulgação da Constituição Outorgada de 1824 por D. Pedro I, que incluiu o Quarto Poder ( Poder Moderador)e durou por 69 anos.
O Código Criminal do Império baseou-se nas ideias de Beccaria no tocante às penas e deixou cristalino o Princípio da Anterioridade ao prever que “ não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Merece também destaque o Código de Processo Criminal de 1832, inspirado nas ideias inglesas e francesas e, em sua reforma de 1871, criou o inquérito policial, que ainda vigora.
Em 1850, foi promulgado por D. Pedro II o Código Comercial .
Em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea que libertou os escravos.
BRASIL REPÚBLICA: de Deodoro a Wenceslau Brás
BRASIL REPÚBLICA
1889 a 1930
Foi promulgada a Constituição de 1891, cujo texto final foi elaborado pelo jurista Rui Barbosa, quando voltaram a ser só três os Poderes, excluindo-se o Poder Moderador.
Foram abolidas as penas
de galés e o banimento judicial; quanto ao voto, não podiam votar os mendigos, os analfabetos, os religiosos de ordens monásticas e os militares de baixa patente.
O Código Civil de 1916 veio substituir as Ordenações Filipinas.
BRASIL REPÚBLICA
Pelo Decreto 774, de setembro de 1890, foram abolidas as penas de galés e reduzidas para 30 anos as penas perpétuas. No mês seguinte foi implementado o novo Código Penal.
O Código previa a Progressão da Pena e o livramento condicional, dependendo do comportamento do preso.
Entre os crimes arrolados estão aqueles que impediriam o livre culto de religiões que foi garantido pela Constituição de 1891.
O crime de estupro era diferenciado para “mulheres honestas” e prostitutas, se a vítima fosse uma mulher pública a pena era menor do que se a vítima fosse considerada “honesta”.
O adultério tem o mesmo tratamento que no Código Criminal do Império, se o delito for cometido pela mulher casada basta que ela se deite com outro homem, se for o marido , o crime só se caracteriza se ele estiver mantendo a outra mulher.
BRASIL REPÚBLICA
O Governo Provisório instalado após a Revolução de 1930 fez algumas mudanças significativas na área jurídica.
Pelo Decreto 19408, organizou a corte de apelações do Distrito Federal e no mesmo decreto criou-se a Ordem dos Advogados Brasileiros, com o objetivo principal de disciplinar e selecionar os advogados.

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