Prévia do material em texto
CONTRATO DE COMPRA E VENDA CONTRATO MAIS FREQUENTE!!! 1) Conceito: É o contrato em que uma das partes (vendedor) obriga-se a transferir o domínio de uma coisa e a outra (comprador) a pagar-lhe o preço em dinheiro (art. 481, do CC). 2) Classificação: Consensual: se constitui quando vendedor e comprador chegam a um acordo relativamente a preço e coisa Bilateral e oneroso Se tiver por objeto bem imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, classifica-se como contrato formal, por ser a escritura pública indispensável à validade do negócio (art. 108, do CC). 3) Regime jurídico: (qualidade das parte) Compra e venda civil: particular x particular Compra e venda empresarial: empresário x empresário Compra e venda de consumo: Fornecedor x consumidor 4) Elementos do contrato: Podem ser subjetivos e objetivos! Subjetivos: dizem respeito aos sujeitos da relação contratual (vendedor e comprador) Objetivos: dizem respeito ao objeto do contrato (coisa e preço) a) Vendedor: Qualquer sujeito pode, em regra, vender livremente os seus bens, mas quando a Venda de ascendente para descendente: é condição de validade a anuência expressa dos demais descendentes e do cônjuge do alienante, salvo se o regime de casamento é o da separação obrigatória (não concorre com os descendentes à herança; nem como meeiro). *sob pena de ser anulável Compra e venda entre cônjuges: é lícita relativamente aos bens excluídos da comunhão Ex.: marido quer vender à esposa bem de que era proprietário antes do casamento, em regime de comunhão parcial. b) Comprador: tutor, curador, testamenteiro e administrador não podem comprar os bens que administram Leiloeiros e seus prepostos não podem contratar a compra daqueles bens cuja venda se encarregam c) Coisa: Bem de qualquer espécie (corpórea, incorpórea – normas da cessão de direito, móvel, imóvel, certa ou incerta), mas precisa estar determinada ou ser passível de determinação Ex.: bem fungível identificado pelo gênero e quantidade O objeto não precisa ser necessariamente coisa presente (integrante do patrimônio do vendedor no momento da constituição do vínculo contratual), mas ser coisa futura, que o vendedor tem meios de fabricar ou adquirir, mas a execução desse contrato será diferida. Ex.: quem vende carro usado pode contratar a obrigação de equipá-lo com certo acessório a ser adquirido. * NÃO SE ADMITE CONTRATO SOBRE HERANÇA DE PESSOA VIVA (ART. 426): A COISA FUTURA NÃO PODE SER OBJETO DE COMPRA E VENDA SE O TÍTULO DE AQUISIÇÃO PELO VENDEDOR FOR A SUCESSÃO POR MORTE!!! D) Preço: O pagamento deve ser necessariamente em dinheiro. Se for entrega de coisa diversa, desnatura-se a compra e venda e é o caso de troca. O preço será definido em reais (excepcionalmente, em moeda estrangeira, quando permitido em lei) (ex.: quando uma das partes reside no exterior – Decreto Lei 857/69). 5) Obrigações da partes: Vendedor: Transferir o domínio da coisa (móvel: pela tradição; imóvel: pela outorga do instrumento apto ao registro da nova titularidade – em regra, escritura pública) Descumprimento desse dever: dá ao comprador o direito de optar entre a entrega da coisa (execução específica) e a resolução do contrato mais perdas e danos Despesas de tradição, se as partes não convencionarem de modo diverso Débido atinentes à coisa, até a tradição, salvo convenção em contrário Responsabilidade por vícios Responsabilidade por evicção Comprador: Pagar em dinheiro: à vista, salvo convenção em contrário. Não tendo as partes estipulado a venda a crédito, não é exigível a coisa antes da entrega do preço Descumprimento: dá ao vendedor o direito de optar pela resolução do contrato ou pela cobrança judicial mais perdas e danos. - Pagamento das despesas de escritura e registro: salvo se convencionarem a repartição ou assunção pelo vendedor 6) Cláusulas especiais (modalidades): Vendas condicionais: as obrigações das partes ficam sujeitas ao implemento de condição suspensiva ou resolutiva. ex.: c. e v. carro se ingressar no curso de pós-graduação no exterior (condição resolutiva). O contrato constitui-se desde logo, vinculando as partes. Realizada a condição, deve entregar o carro e o outro pagar o preço. Se não passar, desfaz-se o vínculo contratual, liberando-se as partes de suas obrigações. Venda a contento do comprador: a coisa é apreciada subjetivamente. O contrato torna-se exigível quando ela for do agrado do comprador e se desconstitui no caso x. Ex.: c. e v. de tela pintada por artista famoso. Venda sujeita à prova: a avaliação é objetiva. Opera a condição, tornando exigíveis as obrigações sempre que a coisa vendida corresponder ao padrão descrito pelo vendedor. Ex.: vinho no restaurante. b) Retrovenda: trata-se de pacto pertinente à c. e v. de imóvel em virtude do qual é outorgada ao vendedor a opção de recomprar o bem no prazo assinalado em contrato, de no máximo 3 anos, mediante a restituição do preço, reembolso de despesas autorizadas e indenização de benfeitorias necessárias. A cláusula pode ser executada em juízo. c) Preempção: o comprador se obriga a dar preferência ao vendedor na hipótese de revenda do bem adquirido (não pode ultrapassar o prazo de 180 dias, se móvel ou 2 anos, se imóvel), sob pena de p. e d. se não notificar o contratante. d) Reserva de domínio: é cláusula de garantia, em que o vendedor continua a titularizar a propriedade da coisa, enquanto o comprador exerce desde logo a posse. Quando inteiramente adimplida a obrigação de pagar o preço, resolve-se a propriedade do vendedor sobre a coisa vendida, passando a titularizá-la o comprador ou o vendedor adquire a titularidade plena do bem, caso o comprador não cumpra a obrigação. objeto: bem móvel Venda: não à vista Instrumento escrito Registro no domicílio do comprador Para execução: deve o vendedor constituir em mora o comprador mediante interpelação (exceção à regra “dies interpellat pro homine”) 7) Tradição e riscos da coisa: Até a tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor e os do preço por conta do comprador (art. 492, do CC). 8) Venda “ad mensuram” e venda “ad corpus”: Contrato A-------------------------------------------B venda de terras No contrato: Na realidade: Dimensões: 1.000 alqueires 900 B pode reclamar (desde que a venda seja “ad mensuram” – art. 500): Rescisão do negócio (ação redibitória) Abatimento do preço (ação “quanti minoris” ou estimatória) Pode pedir o complemento da área (ação “ex empto” ou “ex vendito”) Venda “ad mensuram”: é aquela que se determina a área do imóvel vendido estipulando-se o preço por medida de extensão. A especificação da área é que determinará o preço. Venda “ad corpus”: alienação do imóvel como corpo certo e determinado. O bem é adquirido pelo conjunto e não em atenção à área declarada (não haverá complemento de área, nem devolução de excesso) Presunção (juris tantum) de venda “ad corpus”: § 1º do art. 500 “Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio” Obrigada! Profa. Renata Munhoz (renatamunhoz@mackenzie.br)