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1 CIÊNCIAS JURÍDICAS PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO (CCJ 0004) PROFESSOR: ADELMO SENRA GOMES (adelmoprofessor20142@bol.com.br) TÓPICOS A SEREM ABORDADOS EM SALA DE AULA (Obs.: A leitura e os estudos dos textos a seguir deverão ser feitos conjuntamente aos textos das três Apostilas disponibilizadas pela Universidade!) 2014.2 2 Temas a serem abordados Aula 1 – Introdução do Estudo da Psicologia História da psicologia e sua importância para o direito; Psicologia científica X Psicologia do senso comum; Objeto de estudo da psicologia; Fenômenos psicológicos e sua importância. Aula 2 – Desenvolvimento humano: aspectos psicossociais Conceito de desenvolvimento humano; Hereditariedade e meio ambiente; Teoria do desenvolvimento psicossocial. Aula 3 – Personalidade: definições, determinantes e formação Personalidade: definição; Formação e determinantes da personalidade; Estruturas clínicas da personalidade. Aula 4 – Gênero: representações sociais Conceito de gênero; Sexualidade e gênero; Identidade de gênero e orientação sexual; Violência de gênero. Aula 5 – A família: relações afetivas e tipos de famílias na contemporaneidade A formação das relações afetivas; Formação da família; Funções da família; Tipos de família. Aula 6 – Influências sociais, preconceitos, estereótipos e discriminação Construção de estigmas; A Lei Federal nº 10.216 (Lei Paulo Delgado). Aula 7 – Aspectos psicológicos das relações humanas. Comportamento antissocial e violência Lei simbólica e Lei Jurídica; Definição de violência e agressividade; Formas de violência; Comportamentos antissociais; Transtorno de personalidade antissocial: características e consequências. Aula 8 – A psicologia, o judiciário e a busca pelo ideal de Justiça – Justiça Restaurativa. Métodos autocompositivos de resolução de conflitos. Direito e Justiça; Justiça Restaurativa X Justiça Tradicional Mecanismos autocompositivos de resolução de conflitos. Aula 9 – As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área de família O trabalho do psicólogo nas varas de família; A guarda de crianças e adolescentes; O processo de alienação parental e suas consequências legais e psicológicas. Aula 10 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área da infância, juventude e idoso 3 A importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); Tipos de violência contra criança e adolescentes; O processo de adoção e suas etapas; O Estatuto do Idoso e a violência contra o idoso; O trabalho do psicólogo no Juizado da Infância, Juventude e do Idoso. Aula 11 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área da infância e juventude O Código de Menores e o ECA quanto aos adolescentes em conflito com a lei; Medidas socioeducativas; O processo de inclusão social dos adolescentes em conflito com a lei; O trabalho do psicólogo no Juizado da Infância e Juventude. Aula 12 - As práticas “psi” e suas aplicações no contexto jurídico: área criminal e sistema penitenciário O trabalho do psicólogo na área criminal; O Sistema Penitenciário Brasileiro – aspectos sociais; O trabalho do psicólogo no Sistema Penitenciário. Aula 13 – Avaliação psicológica no Judiciário. Documentos elaborados pelo psicólogo. Alguns itens do Código de Ética dos psicólogos. O processo de avaliação psicológica no judiciário: questões fundamentais; Perito psicológico X Assistente técnico; Breve apresentação sobre os documentos elaborados pelo psicólogo no judiciário; Algumas questões éticas ligadas ao psicólogo que presta serviço ou trabalha no judiciário. Aula 14 – Revisão da matéria até a aula 6. Aula 15 – Revisão da matéria da aula 7 em diante. 4 CALENDÁRIO ACADÊMICO 2014.2 (1º PERÍODO) DIAS DA SEMANA 2ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 21 (SJM Fer) 22 25 26 27 28 29 SET 01 02 03 04 05 08 09 10 11 12 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 29 30 OUT 01 02 03 06 07 08 (AV1) 09 (AV1) 10(AV 1) 13(AV1) 14(AV1) 15 (Feriado) 16 17 20 CNA 21 CNA 22 CNA 23 CNA 24 27 28 29 30 31 NOV 03 04 05 06 07 10 11 12 13 14 17 18 19 20 (Feriado) 21 24 25 (AV2) 26 (AV2) 27 (AV2) 28 (AV2) DEZ 01 (AV2) 02 03 04 05 08 (Feriado) 09 (AV3) 10 (AV3) 11 (AV3) 12 (AV3) 15 (AV3) 16 (Fim) Humor... 5 AULA 1 O que é Ciência? “A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada [pesquisa], para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e desenvolvido. Essa característica da produção científica possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo. [...]” (adaptado de BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.20 – os negritos são meus) A Psicologia é uma ciência? SIM, pois os conhecimentos construídos pela pesquisa psicológica possuem todas as características do conhecimento científico. Os conhecimentos da psicologia, p.ex., baseiam-se em FATOS! Quais seriam os fatos estudados pela psicologia? 1º FATO: O comportamento dos seres vivos. Definição de comportamento: O comportamento é um fenômeno objetivo (porque pode ser observado). É definido como “toda forma de “[...] resposta1 ou atividade observável realizada por um ser vivo.” (baseado em WEITEN, 2002, p. 520) Quais seriam os tipos de Comportamentos? 1º) Motores (movimentos e expressões); 2º) Sonoros (ruídos ou discursos – este último, somente nos seres humanos). 2º FATO: Os processos mentais dos seres vivos. Definição de processo mental: São todas as nossas experiências mentais subjetivas (porque não podem ser observadas, somente deduzidas a partir da observação do próprio comportamento e/ou através da análise dos resultados de algum teste). Por exemplo, sensações, percepções, sonhos, memórias, pensamentos, sentimentos, inteligência etc. 1 Se resposta, algo o estimulou: EstímuloResposta Comportamental (a chamada causalidade – Causa Efeito - comportamental). 6 Objetos de estudo e pesquisa da psicologia e seus recursos de pesquisa Quando surgiu a Psicologia? O berço da Psicologia moderna foi a Alemanha do final do século XIX [1879] quando Wundt, Weber e Fechner a fundaram na Universidade de Leipzig. [...] Seu status de ciência foi obtido à medida que se "liberta" da Filosofia, que marcou sua história até aquela data, atraindo novos estudiosos e pesquisadores, que, sob os novos padrões de produção do conhecimento, passaram a: definir seu objeto de estudo (na época, o comportamento, a vida psíquica, a consciência); delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia;formular métodos de estudo desse objeto; formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área. O que seria uma “psicologia do senso comum”? Usamos o termo psicologia no nosso cotidiano com vários sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de “psicologia” para vender seu produto; quando nos referimos à jovem estudante que usa seu poder de sedução para atrair o rapaz, falamos que ela usa de “psicologia”; e quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos problemas, dizemos que ele tem “psicologia” para entender as pessoas. 7 Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, normalmente, têm um domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista psicológico.” [...] (BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.16) O que é Psicologia Jurídica? A psicologia jurídica é uma das especialidades da pesquisa e da prática psicológica. O psicólogo jurídico “atua no âmbito da justiça colaborando no planejamento e execução de políticas de cidadania, direitos humanos, avaliação psicológica (perícia), prevenção e combate da violência” (Adaptado do Conselho Federal de Psicologia). Quais são as principais atribuições do Psicólogo Jurídico no Judiciário? “1- Assessora na formulação, revisão e execução de leis; 2- Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos; 3- Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do Direito; 4- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos; 5- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos; 6- Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz, durante a execução da perícia; 7- Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico (juízes, curadores e advogados); 8- Elabora laudos e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação das personalidades destes e fornecendo subsídios ao processo judicial quando solicitado por uma autoridade competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico; FIXAÇÃO - Texto de Apoio – Caderno de Introdução à Psicologia – p. 7, 23 a 29 8 9- Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de questões; 10- Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares; 11- Participa da elaboração e execução de programas sócio educativos destinados a criança de rua, abandonadas ou infratoras; 12- Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista psicológico, quanto as tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais; 13- Assessora autoridades judiciais no encaminhamento à terapias psicológicas, quando necessário; 14- Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a administração dos estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá-la; 15- Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.” (Fonte: Conselho Federal de Psicologia) ATENÇÃO! Note que dentre as quinze atribuições do Psicólogo Jurídico, acima relacionadas, não se encontra a de “prestar atendimento psicoterápico” às pessoas que buscam o judiciário! Qual a importância da Psicologia para o Direito? Na busca pelo ideal de justiça e por uma melhor compreensão do que é o justo”, por vezes, tanto o Direito quanto as Ciências Jurídicas socorrem-se de várias outras disciplinas científicas. O Direito e as Ciências Jurídicas necessitam, por exemplo, de informações a respeito do comportamento e dos processos mentais (suas causas, consequências para o sujeito e para a sociedade, seus transtornos etc). A ciência, portanto, que poderá fornecer tais informações é a Psicologia. Analise os quadros a seguir: RELAÇÕES INTERDISCIPLINARES (ÂMBITO EPISTEMOLÓGICO - PESQUISA) RELAÇÕES MULTIDISCIPLINARES (ÂMBITO DO JUDICIÁRIO - PROCESSO) CIÊNCIAS JURÍDICAS MEDICINA SOCIOLOGIA PSICOLOGIAFILOSOFIA ETC. JUSTIÇA OPERADORES DO DIREITO PSICÓLOGOS JURÍDICOS MÉDICOS Etc. ASSISTENTES SOCIAIS ENGENHEIROS CONTABILISTAS Objetos de estudo e pesquisa: As normas jurídicas e sociais, as condutas humanas objeto dessas normas e a processualística. 9 AULA 2 Conceito de desenvolvimento humano “O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e das relações sociais. Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Por exemplo, a motivação está sempre presente como desencadeadora da ação, seja por necessidades fisiológicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. Por exemplo, a moral da obediência da criança pequena é substituída pela autonomia moral do adolescente. Outro exemplo: a noção de que um objeto só existe quando a criança o vê (antes dos 2 anos idade) é substituída, posteriormente, pela capacidade de atribuir ao objeto sua conservação, mesmo quando ele não está presente no seu campo visual. [...]”(BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.116 – 7 os negritos são meus) OS FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO HUMANO Vários fatores indissociáveis e em permanente interação afetam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles: * Hereditariedade — a carga genética [ou, genótipo] estabelece os potenciais do indivíduo, que podem ou não desenvolverem-se. Existem pesquisas que comprovam, por exemplo, os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das condições do meio. * Crescimento orgânico — refere-seaos aspectos do desenvolvimento físico [fenótipo]. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo 10 comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando estava no berço com alguns dias de vida. * Maturação neurofisiológica — é o que torna possível determinado padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. * Meio — o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida.” (BOCK; FURTADO, TEIXEIRA, 2008, p.117 – 8 os negritos são meus) PENSE A RESPEITO Wolfgang Amadeus Mozart (1756- 1790), foi um dos mais brilhantes compositores da música clássica. Seu pai, Leopold, era músico. O pequeno Wolfgang, ainda com três anos de idade, assistia as lições de música que seu pai ministrava a sua irmã mais velha, Nannerl. Ao final das aulas, o pequeno Wolfgang ia ao piano para tocar algumas notas e dava risadas de satisfação ao conseguir tirar sons melódicos do instrumento. “Leopold, ao notar a predisposição do filho, começou a lhe ensinar música também e assistia impressionado à facilidade com que ele aprendia e tocava com perfeita nitidez. Não escondia sua progressiva admiração pelo pequeno, que em poucos meses de estudo já podia executar as mesmas obras que sua irmã, cinco anos mais velha. Aos seis anos, Mozart escreveu um minueto para cravo e tirou lágrimas de seu pai, quando este reconheceu como todas as notas tinham colocação exata. A partir daí, Leopold compreendeu que seu filho não era só um menino precoce, ele era um milagre, e que precisava ser mostrado ao mundo. A infância de Mozart foi marcada por inúmeras e longas viagens pela Europa, quando se apresentava em impecáveis performances à realeza em casas aristocráticas e principescas.” (http://psicologado.com) 11 A teoria do desenvolvimento psicossocial, de Erik Erikson (1902-1994) Para Erikson, a personalidade é um conceito dinâmico que vai se modificando, se ajustando ao longo de toda a vida. Indivíduo e sociedade estabelecem uma intensa e contínua interação. Desse processo poderá resultar no EGO 2 a estruturação de uma identidade 3 , de um sentido pessoal de existência naquela sociedade que, se contínuo, ensejaria, progressivamente, o seu próprio amadurecimento (ou seja, do Ego em relação à identidade construída, em cada vez mais ser capaz de “mediar” de forma produtiva e prazerosa as expectativas e demandas sociais – papéis sociais, responsabilidades etc. - com as necessidades e expectativas internas – prazeres, objetivos pessoais etc, bem como de superar eventuais conflitos.) Os ciclos da vida, segundo Erikson A formação da identidade psicossocial 4 - “[...] em termos psicológicos, a formação da identidade emprega um processo de reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do funcionamento mental [ou seja, consciente e inconscientemente] 5 , pelo qual o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como os outros o julgam, em comparação com eles próprios e com uma tipologia que é significativa para eles; enquanto que ele julga a maneira como eles o julgam, à luz do modo como se percebe a si próprio em comparação com os demais e com os tipos que se tornaram importantes para ele. [...] 2 Ego – Conceito que na psicanálise corresponderia, de forma simplificada, à estrutura psíquica responsável por uma necessária “mediação” entre as exigências internas sexuais e morais, com as demandas da realidade. Segundo Erikson, estaria no Ego a possibilidade de constituição de uma Identidade, ou como se referia, de uma “Identidade do Ego”. 3 Identidade – “o senso que um indivíduo tem de si próprio, definido por (a) um grupo de características físicas e psicológicas que não é totalmente compartilhado com outra pessoa e (b) uma gama de afiliações sociais e interpessoais (p.ex., etnicidade) e papéis sociais. A identidade envolve um senso de continuidade: o sentimento de que hoje somos a mesma pessoa que éramos ontem ou no ano passado (a despeito de mudanças físicas ou de outra natureza). [...]” (Dicionário de Psicologia da APA, 2010, p. 494) 4 Identidade Psicossocial – “Erikson proporá que a Identidade se constituiria quando o Ego adolescente, a partir de suas experiências anteriores, quais sejam, as da infância, passa a ser capaz de integrar todas as identificações anteriores, com as vicissitudes da libido, com as aptidões fundadas nos dotes naturais e com as oportunidades oferecidas nas funções sociais. O sentimento de identidade do ego, então, é a segurança acumulada de que a coerência e a continuidade interiores elaboradas no passado equivalem à coerência e à continuidade do próprio significado para os demais, tal como se evidencia na promessa tangível de uma ‘carreira’.” (adaptação de ERIKSON, 1976, p. 241) 5 Chaves inseridas pelo professor da matéria. 12 Além disso, o processo descrito está sempre mudando e evoluindo; na melhor das hipóteses, é um processo de crescente diferenciação e torna-se ainda mais abrangente à medida que o indivíduo vai ganhando cada vez maior consciência de um círculo, em constante ampliação, de outros que são significativos para ele – desde a pessoa materna até a ‘humanidade’.” (ERIKSON, E.H. Identidade: juventude e crise. 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976, p.21.) Erikson identificou oito etapas do desenvolvimento psicossocial que vão desde o nascimento até à morte. Cada uma delas se define mediante uma tarefa de desenvolvimento em que o indivíduo deve enfrentar crises e conflitos específicos. O indivíduo deve chegar a uma solução entre duas demandas opostas, equilibrando-as ou integrando-as. “Cada etapa e crise sucessivas têm uma relação especial com um dos elementos básicos da sociedade, e isso pela simples razão de que o ciclo da vida humana e as instituições do homem têm evoluído juntos.” (ERIKSON, 1976, p.230) Analise o quadro a seguir: DUAS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL IDADE DEMANDAS OPOSTAS DESCRIÇÃO 1ª FASE Do nascimento até 1 anos. CONFIANÇA X DESCONFIANÇA Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela requerendo cuidados quanto a alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo. 5ª FASE Dos 12 aos 18 anos. IDENTIDADE X CONFUSÃO DE PAPÉIS O jovem experimenta uma série de desafios que envolvem suas atitudes para consigo, com seus amigos, com pessoas do sexo oposto, amores e a busca de uma carreira e de profissionalização. Na medida em que as pessoas à sua volta ajudam na resolução dessas questões desenvolverá o sentimento de identidadepessoal, caso não encontre respostas para suas questões pode se desorganizar, perdendo a referência. Esta é fase mais importante do desenvolvimento psicossocial, segundo Erikson. *** 13 AULA 3 Personalidade O vocábulo personalidade tem como principal afixo a expressão “persona”. “Persona, no uso coloquial, é um papel social ou personagem vivido por um ator. É uma palavra italiana derivada do latim para um tipo de máscara feita para ressoar com a voz do ator (per sonare significa "soar através de"), permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores, bem como para dar ao ator a aparência que o papel exigia (Wikipedia). Em Psicologia, no entanto, personalidade é definida como uma “[...] totalidade relativamente estável e previsível dos traços emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na vida cotidiana, sob condições normais.” (KAPLAN; SADOCK, 1993, p. 556). No Direito, personalidade (ou, personalidade jurídica) propõe a aptidão de alguém para exercer direitos e contrair obrigações. Principais características da personalidade CONCEITOS 1º) Estados - “[...] característica momentânea, episódica na personalidade. Um estado está diretamente relacionado com fatores circunstanciais.” O luto e o estresse são exemplos de estados. 2º) Traços - “Os traços de personalidade são padrões persistentes no modo de perceber a realidade, relacionar-se consigo próprio e com os outros e, sobretudo, de pensar.” 3º) Temperamento – (do latim temperare que significa “equilíbrio”) – corresponde aos aspectos (traços) geralmente inconscientes da personalidade relacionados às reações emocionais bem como de sua rapidez e intensidade. O temperamento poderá ser alterado, até certos limites, por influências médicas (medicações, tratamentos etc) FIXAÇÃO Texto de Apoio – Caderno de Psicologia – Personalidade – p.432 a 435. 14 bem como no decurso da aprendizagem e das experiências de vida. A impulsividade, a sensibilidade, a intempestividade (“pavio curto”) etc. são características de temperamento. 4º) Caráter – Conjunto de traços de personalidade e valores éticos, aprendidos e/ou desenvolvidos a partir das experiências e/ou estimulações recebidas ao longo da vida, conscientes, que irão determinar a conduta e a moral de um determinado indivíduo. A empatia, a responsabilidade, o egoísmo, a honestidade etc. são características de caráter. Personalidade e Genética “Até bem pouco tempo, a genética do comportamento se preocupava em compreender até que ponto o material genético, transmitido hereditariamente, poderia explicar suficientemente a enorme diversidade do comportamento humano. Em outras palavras, na tentativa de atribuir valor explicativo ao comportamento, os pesquisadores se perguntavam até que momento poderiam utilizar a informação genética, considerando sua base molecular e bioquímica, sem cair em modelos simplistas ou meramente organicistas de explicação do comportamento humano. Atualmente, reconhece-se que o papel da experiência e da aprendizagem é exatamente o de propiciar a leitura de informações já impressas nos genes, fazendo com que o comportamento seja compreendido como uma atividade codificada a partir de uma sequência de nucleotídios 6 , cuja tradução pode ser deflagrada por diferentes e determinadas condições do ambiente (Lima, 1997; Plomin, 1989; Vogel & Motulsky, 1996).” (apud COSTA Jr., UnB, 2000) REFLEXÃO Pr(XP) = PG + EA + E Perspectiva Multidimensional - Ou seja, a probabilidade (Pr) de uma característica de personalidade qualquer (Xp) corresponderia às possíveis predisposições genéticas (PG) associadas (+) aos estímulos do ambiente (EA) recebidos ao longo da vida bem como às estruturas psicológicas individuais constituídas (E). CURIOSIDADE O CASO DAS MENINAS LOBO DA ÍNDIA 6 Nucleotídeo: Unidade constituinte dos ácidos ribonucleicos (RNA) e desoxirribonucleicos (DNA). 15 Leitura Complementar O CRIME SEGUNDO LOMBROSO (MAURICIO JORGE PEREIRA DA MOTA – UERJ 2007) Cesare Lombroso (1835-1909) foi um homem polifacético; médico, psiquiatra, antropólogo e político, sua extensa obra abarca temas médicos ("Medicina Legal"), psiquiátricos ("Os avanços da Psiquiatria"), psicológicos ("O gênio e a loucura"), demográficos ("Geografia Médica"), criminológicos ("L’Uomo delincuente). Lombroso entende o crime como um fato real, que perpassa todas as épocas históricas, natural e não como uma fictícia abstração jurídica. Como fenômeno natural que é, o crime tem que ser estudado primacialmente em sua etiologia, isto é, a identificação das suas causas como fenômeno, de modo a se poder combatê-lo em sua própria raiz, com eficácia, com programas de prevenção realistas e científicos. Para Lombroso a etiologia do crime é eminentemente individual e deve ser buscada no estudo do delinquente. É dentro da própria natureza humana que se pode descobrir a causa dos delitos. Lombroso parte da ideia da ideia da completa desigualdade fundamental dos homens honestos e criminosos. Preocupado em encontrar no organismo humano traços diferenciais que separassem e singularizassem o criminoso, Lombroso vai extrair da autópsia de delinquentes uma "grande série de anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta occipital média e uma hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano (vermis) análoga a que se encontra nos seres inferiores". Assim, surgiu a hipótese, sujeita a investigações posteriores, de que haveria certas afinidades entre o criminoso, os animais e principalmente o homem primitivo, que ele considerava diferente, psicológica e fisicamente, do homem dos nossos tempos. Lombroso empreende um longo estudo antropológico no seu livro "L’Uomo delincuente" acerca da origem da criminalidade. Professando um particular evolucionismo, Lombroso procura demonstrar que o crime, como realidade ontológica, pode ser considerado uma característica que é comum a todos os degraus da escala da evolução, das plantas aos animais e aos homens; dos povos primitivos aos povos civilizados; da criança ao homem desenvolvido. O "crime" teria como característica ser extremamente frequente, brutal, violento e passional nos níveis inferiores dessas escalas. Assim Lombroso vai teorizar acerca dos equivalentes do crime nas plantas e nos animais ("L’Homme Criminel, chapitre premier), a morte de insetos pelas plantas carnívoras ("homicídio"), a morte para ter o comando da tribo entre os cavalos, cervos e touros ("homicídio por ambição"), a fêmea do crocodilo que mata seus filhotes que ainda não sabem nadar ("infanticídio"), as raposas que se devoram entre si e algumas vezes mesmo devoram suas progenitoras ("canibalismo e parricídio"). Entre os chamados "selvagens" ou "povos primitivos" Lombroso também encontra a incidência generalizada do crime. O incremento excessivo da população, comparativamente aos meios naturais de subsistência explicaria os abortos e os infanticídios. São também comuns e frequentes segundo Lombroso o homicídio dos velhos, das mulheres, dos doentes, os homicídios por cólera, por capricho, de parentes por ocasião do funeral de morto importante, por sacrifícios religiosos, os cometidos por brutalidade ou por motivo fútil, os causados por desejo de glória etc.. São ainda comuns entre os selvagens o canibalismo, o roubo, o rapto, o adultério e os crimes contra a autoridade (chefes, deuses ou a própria tribo). Dentro da ideia evolucionista lombosiana (de passagem [física ou psíquica] do organismo mais simples para o mais complexo) os germes da loucura moral e do crime se encontram de maneira normalna infância. Lombroso advogava a existência na infância de uma predisposição natural para o crime. As analogias entre o imaturo e o criminoso se dariam na fase da vida instintiva, através da qual se observa a precocidade da cólera, que faz com que a criança bata nos circunstantes e tudo quebre, em atitudes comparáveis ao comportamento violento criminoso. O ciúme, a vingança, a mentira, o desejo de destruição, a maldade para com os animais e os seres fracos, a predisposição para a obscenidade, a preguiça completa, exceto para as atividades que produzem prazer, são, entre outros, índices que Lombroso apontou, das tendências criminais na infância. A educação conduziria, porém, a criança para o período de "puberdade ética", submetendo-a a profunda metamorfose. Identificando pois a origem da criminalidade, como ontologia, nessas "fases primitivas" da humanidade, Lombroso entende que o criminoso é uma subespécie ou um subtipo humano (entre os seres vivos superiores, porém sem alcançar o nível superior do homo sapiens) que, por uma regressão atávica a essas 16 fases primitivas, nasceria criminoso, como outros nascem loucos ou doentios. A herança atávica explicaria, a seu ver, a causa dos delitos. O criminoso seria então um delinquente nato (nascido para o crime), um ser degenerado, atávico, marcado pela transmissão hereditária do mal. O atavismo (produto da regressão, não da evolução das espécies) do criminoso seria demonstrado por uma série de "estigmas". De acordo com o seu ponto de vista, o delinquente padece de uma série de estigmas degenerativos, comportamentais, psicológicos e sociais. O criminoso nato seria caracterizado por uma cabeça sui generis, com pronunciada assimetria craniana, fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, zigomas, lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, maxilares proeminentes (prognatismo), face longa e larga, apesar do crânio pequeno, cabelos abundantes, mas barba escassa, rosto pálido. O homem criminoso estaria assinalado por uma particular insensibilidade, não só física como psíquica, com profundo embotamento da receptividade dolorífica (analgesia) e do senso moral. Como anomalias fisiológicas, ainda, o mancinismo (uso preferente da mão esquerda) ou a ambidextria (uso indiferente das duas mãos), além da disvulnerabilidade, ou seja uma extraordinária resistência aos golpes e ferimentos graves ou mortais, de que os delinquentes típicos pronta e facilmente se restabeleceriam. Seriam ainda comuns, entre eles, certos distúrbios dos sentidos e o mau funcionamento dos reflexos vasomotores, acarretando a ausência de enrubescimento da face. Consequência do enfraquecimento da sensibilidade dolorífica no criminoso por herança seria a sua inclinação à tatuagem, acerca da qual Lombroso realizou detidos estudos. Os estigmas psicológicos seriam a atrofia do senso moral, a imprevidência e a vaidade dos grandes criminosos. Assim, os desvios da contextura psíquica e sentimental explicariam no criminoso a ausência do temor da pena, do remorso e mesmo da emoção do homicida perante os despojos da vítima. Absorvidos pelas paixões inferiores, nenhuma relutância eles sentem perante a ideia dominante do crime. As conclusões de Lombroso (L’Homme Criminel) foram construções eminentemente empíricas baseadas em resultados de 386 autópsias de delinquentes e nos estudos feitos em 3939 criminosos vivos por Ferri, Bischoff, Bonn, Corre, Biliakow, Troyski, Lacassagne e pelo próprio Lombroso. Lombroso porém não esgota na teoria da criminalidade nata a sua explicação para a etiologia do delito. A criminalidade nata não dá conta de todas as categorias antropológicas de delinquentes, nem mesmo, numa mesma categoria, de todos os casos habituais. Ele antevê na loucura moral e na epilepsia mais dois fatores capazes de fornecer uma elucidação biológica para o fenômeno delito. O louco moral é aquele indivíduo que tem, aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas sofre de profunda falta de senso moral. É um homem perigoso pelo seu terrível egoísmo. É capaz de praticar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos. Lombroso o diferenciava do alienado definindo-o como um "cretino do senso moral" ou seja, uma pessoa desprovida absolutamente de senso moral. A explicação da criminalidade do louco moral também é dada pela biologia, é congênita, mas pode, de acordo com o meio na qual o indivíduo se desenvolve, aflorar ou não. A epilepsia foi outra explicação aventada por Lombroso como causa da criminalidade. A epilepsia ataca os centros nervosos em que se elaboram os sentimentos e as emoções. Objetaram-lhe porém que se a epilepsia, bem conhecida e perceptível, explica em certos casos o delito, em outros não se observa haver sinal objetivo da doença em face do delito praticado. A essa objeção Lombroso opôs a sua teoria da epilepsia larvada, sem manifestações facilmente visíveis, que poderia explicar a etiologia do delito. Ao passo que a epilepsia declarada se exterioriza em meio a contrações musculares violentíssimas, a epilepsia larvada se denuncia por fugazes estados de inconsciência que nem todos percebem. Lombroso não abandonou uma das explicações da etiologia do delito pelas outras. Procurou coordená-las. Assim, por exemplo, acentuou que a teoria do atavismo se completava e se corrigia com os estudos referentes ao estado epilético. A etiologia do crime para Lombroso inter-relaciona portanto o atavismo, a loucura moral e a epilepsia: o criminoso nato é um ser inferior, atávico, que não evolucionou, igual a uma criança ou a um louco moral, que ainda necessita de uma abertura ao mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre alguma forma de epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais. Lombroso, baseado em suas observações, encarava o seu tipo primordial de criminoso, o criminoso nato, como compondo 40 % do total da população criminosa, restando as demais àquelas outras formas de crime que tinham por fontes a loucura, a ocasião, o alcoolismo e a paixão. Para Lombroso essas formas eram ligadas mais estreitamente a suas causas ocasionais e portanto, não forneceriam uma base possível para uma etiologia desses delitos. *** 17 AULA 4 Gênero: representações sociais CONCEITOS 1º) SEXO - refere-se às características biológicas de homens e mulheres, ou seja, às características específicas dos aparelhos reprodutores femininos e masculinos, ao seu funcionamento e aos caracteres sexuais secundários decorrentes dos hormônios. 2º) GÊNERO - refere-se às relações sociais desiguais de poder, aos diferentes papéis, funções, direitos, obrigações e etc entre homens e mulheres, e que são o resultado de uma construção social da identidade do homem e da mulher a partir das diferenças sexuais. 3º) IDENTIFICAÇÃO SEXUAL – a partir do referencial psicológico tal conceito se refere à constituição do desejo sexual de um indivíduo. Ou seja, ao gênero sexual objeto do gozo sexual. Neste sentido, um indivíduo pode desejar o seu mesmo gênero (homo), o gênero oposto (hetero) ou ambos os gêneros (bi). REFLEXÃO O papel do homem e da mulher é constituído histórica e culturalmente; portanto, muda conforme a sociedade e o tempo. O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DOS PAPÉIS DE GÊNERO Mulheres Desde meninas as mulheres são incentivadas a serem passivas, sensíveis, frágeis, dependentes e todos os brinquedos e jogos infantis reforçam o seu papel de mãe, dona de casa, e consequentemente responsável por todas as tarefas relacionadas ao cuidado dos filhos e da casa. Ou seja, as meninas brincam de boneca, de casinha, de fazer comida, de limpar a casa, tudo isto dentro do lar. Homens Os meninos brincam em espaçosabertos, na rua. Eles jogam bola, brincam de carrinho, de guerra etc. Ou seja, desde pequenos eles se dão conta que pertencem ao grupo que tem poder. Até nos jogos os 18 meninos comandam. Ninguém os manda arrumar a cama, ou lavar a louça, eles são incentivados a serem fortes, independentes, valentes. INFORMAÇÃO As relações de gênero são, portanto, produto de um processo pedagógico que se inicia no nascimento e continua ao longo de toda a vida, reforçando a desigualdade existente entre homens e mulheres, principalmente em torno de quatro eixos: 1º) Sexualidade Mulheres A sexualidade na mulher tem sido relacionada com a reprodução, ou seja, para a mulher o centro da sexualidade é a reprodução e não o prazer. A sexualidade reduzida à genitalidade se apresenta para as mulheres como algo vergonhoso, proibido. De um modo geral podemos dizer que as mulheres desde que nascem são educadas para serem mães, para cuidar dos outros, para “dar prazer ao outro”. A sua sexualidade é negada, reprimida e temida. VOCÊ SABIA? A mutilação sexual consiste na extração do clitóris. É uma prática comum em certas comunidades, geralmente para inibir o prazer sexual. A mutilação pode ser permanente ou temporária. Homens Os homens, ao contrário das mulheres, recebem mensagens e são preparados para viver o prazer da sexualidade através do seu corpo, já que socialmente o exercício da sexualidade no homem é sinal de masculinidade. 2º) Reprodução A mulher pode gerar um filho, e isto que em si é uma fonte de poder tem sido controlado e tem determinado outros papéis diminuindo as possibilidades e limitando a vida das mulheres em outros âmbitos, como por exemplo, no campo do trabalho. 19 3º) Divisão sexual do trabalho Provavelmente pelo fato biológico que a mulher é quem engravida e dá de mamar, tem sido atribuído a ela a totalidade do trabalho reprodutivo. Às mulheres, portanto, se atribui o ficar em casa, cuidar dos filhos e realizar o trabalho doméstico, desvalorizado pela sociedade e que deixava as mulheres “donas de casas” limitadas ao mundo do lar; com menos possibilidade de educação, menos acesso à informação, menos acesso à formação profissional etc. 4º) Espaço público e reconhecimento da cidadania Embora nos dias de hoje, uma grande proporção de mulheres trabalhe e muitas delas sejam a principal fonte para o sustento da família, isto não tem significado um maior desenvolvimento e reconhecimento de sua cidadania. Em todos os países da América Latina, incluindo o Brasil, os dados mostram que existe uma grande diferença entre homens e mulheres e que a falta de equidade prejudica as mulheres. É muito difícil ter mulheres em altos cargos, como diretoras de empresas, de hospitais, reitoras de universidades etc. Em geral, é muito difícil ter mulheres nos lugares de tomada de decisões. Isto se explica pelo processo de socialização que ao determinar o trabalho reprodutivo (casa e filhos) para a mulher, cria condições que a marginalizam do espaço público, e pelo contrário, o homem é quem assume o trabalho produtivo e as decisões da sociedade. REFLEXÃO As várias jornadas de trabalho da mulher 20 OS “NOVOS” MALES DAS MULHERES O tabagismo e drogas O estresse O infarto FATOS E FOTOS “Em muitas regiões muçulmanas, onde prevalece a Sharia (lei islâmica), as mulheres acusadas de adúlteras são apedrejadas até a morte. Um dos exemplos mais comentados em 2002, e que foi motivo de campanhas internacionais, é o caso de Amina Lawal (foto), de 31 anos, que no norte da Nigéria foi condenada à pena máxima porque engravidou de outro homem, após a separação do marido. Em 2003, um tribunal de apelações na mesma região considerou procedente a apelação, considerando que o outro tribunal havia se equivocado. Na realidade, a pressão internacional, que transformou Amina Lawal em um símbolo da luta pelos direitos humanos, com diversos governos se manifestando contra a sua condenação e intercedendo junto ao presidente nigeriano, é que fizeram com que houvesse mudança na sua situação.” (DIAS, 2005, p. 192) Violência contra mulher como uma questão de gênero A Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm Sra. Maria da Penha Maia Ficou paraplégica por causa de um tiro dado pelo seu ex- companheiro, que não satisfeito, ainda tentou matá-la, posteriormente, eletrocutando-a. 21 CRIMES DE ESTUPRO – ESTADO DO RJ De 2007 até setembro de 2013 Fonte: ISP/SESP/RJ 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 *Lei nº 12.015 de 07/08/09 REFLEXÃO Em Dubai, mulher é condenada à prisão após ter ter sido estuprada Quatro meses após ter feito a denúncia de que havia sido estuprada em Dubai, nos Emirados Árabes, a norueguesa Marte Deborah Dalelv foi condenada a 16 meses de prisão pelo fato. De acordo com as leis locais, um estuprador só pode ser condenado se confessar o crime ou se for visto praticando o estupro por quatro testemunhas homens. Como denunciou o abuso, Marte foi condenada por fazer sexo fora do casamento e perjúrio. Ela ainda foi considerada culpada por ter ingerido bebida alcoólica na noite em que sofreu o estupro. Nos Emirados Árabes também é proibido beber. "A sentença em Dubai a uma norueguesa que denunciou um estupro é contrária ao nosso sentido da justiça. Daremos a ela apoio no processo de apelação", disse Espen Barth Eide, o ministro das Relações Exteriores norueguês, em sua conta no Twitter. Segundo informações do site norueguês VG. no, no dia em que fez a denúncia, Marte ainda foi alvo de gozações das autoridades, que teriam perguntado a ela se" estava fazendo a denúncia por não ter gostado do sexo". (http://br.noticias.yahoo.com/em-dubai--mulher-%C3%A9-condenada-%C3%A0-pris%C3%A3o-ap%C3%B3s-ter- ter-sido-estuprada-163822387.html) 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Até set/2013 1376 1461 2338 4529 4871 6029 4518 22 REFLEXÕES Projeto de Lei Complementar nº 122/2006 – “Altera a Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, dá nova redação ao § 3º do art. 140 do Decreto-Lei nº 2,848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, e ao art. 5º da CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e dá outras providências.” Para conhecer esse PLC acesse: (http://www.naohomofobia.com.br/lei/PROJETO%20DE%20LEI%20plc122-06.pdf) PENSE A RESPEITO: Tradicionalmente as relações sociais de gênero eram definidas em função das características biológicas de cada indivíduo (homens e mulheres). Com a integração cada vez maior dos homossexuais em nossa sociedade, e, consequentemente, com o reconhecimento de seus direitos de cidadania, a sociedade estaria modificando-se no sentido de reconhecer outras possibilidades de gênero? Por exemplo, o gênero homossexual? Se sim, e em função disso tudo, o referencial para o estabelecimento dos papéis sociais de gênero poderia estar abrangendo agora não só o dado biológico, como também o psicológico (qual seja, a identidade sexual do indivíduo)? A lei e a questão de gênero Código Civil de 1916, revogado em 2002 Art. 36. Os incapazes têm por domicílio o dos seus representantes. Parágrafo único. A mulher casada tem por domicílio o do marido, salvo se estiver desquitada (art. 315), ou lhe competir a administraçãodo casal (art. 251). Art. 178. Prescreve: § 1º Em 10 (dez) dias, contados do casamento, a ação do marido para anular o matrimônio contraído com a mulher já deflorada (arts. 218, 219, IV, e 220). (Parágrafo alterado pela Lei nº 13, de 29.1.1935 e restabelecido pelo Decreto-lei nº 5.059, de 8.12.1942) Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (arts. 240, 247 e 251). (Redação dada pela Lei nº 4.121, de 27.8.1962) Art. 240. A mulher, com o casamento, assume a condição de companheira, consorte e colaboradora do marido nos encargos de família, cumprindo-lhe velar pela direção material e moral desta. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977) Art. 1.299. A mulher casada não pode aceitar mandato sem autorização do marido. *** 23 AULA 5 A família: relações afetivas e tipos de família na contemporaneidade Família – do latim “famulus”, que significa um conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor. Família = Instituição Social = Funções: 1. proteger as novas gerações; 2. reproduzir os “status quo7” social a partir dos processos de socialização. DÚVIDA! As mudanças internas na constituição das famílias promoveriam mudanças sociais posteriores, ou são as mudanças sociais (valores, costumes etc) que promoveriam mudanças nas famílias? Justifique. e FAMÍLIA A família enquanto núcleo de afeto “A literatura especializada é clara ao mostrar a importância do apego, da formação do vínculo no início da vida da criança como elemento essencial no desenvolvimento psíquico. Convém ressaltar que, independentemente da forma como tem se organizado em diferentes épocas, a família tem como função básica a proteção e o cuidado dos filhos. Soifer (1986), a esse respeito, discute a proteção e o cuidado como preparo 7 “Status quo” – Expressão latina. Significa o estado em que se achava anteriormente certa questão. (AURÉLIO) Família e Sociedade 24 imprescindível para a vida, entendendo que o amor, a solidariedade e a justiça praticados na família são as pedras angulares da convivência humana. Seixas (2002) assinala que a família desenvolve a capacidade de criar novos significados, novas formas de ação social, novas ideias. Esta capacidade de mudar, tanto quanto a de conservar, e a dialética entre esses elementos é que vai possibilitar a sua adaptabilidade às novas situações e fenômenos sociais. Nesse contexto, outro aspecto a ser considerado é a importância da família no desenvolvimento da personalidade da criança. Sisto (2004) define a personalidade em termos de uma síntese da atividade biopsíquica humana, que inclui além de tendências individuais, aspectos fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais, constituindo uma unidade. Dessa forma, além dos elementos orgânicos e herdados, envolveria também elementos socioculturais que seriam produtos de aprendizagem. Já os teóricos psicanalíticos acreditam que a interação entre o ambiente e as características inatas da criança desempenha um papel central na formação das diferenças de personalidade (Bee, 2003). Para estes, o desenvolvimento da personalidade se dá fundamentalmente em estágios e, em cada estágio, a criança requer um tipo específico de ambiente apoiador para suas necessidades. Considerando esses aspectos, o ambiente no qual a criança se desenvolve poderá potencializar suas tendências individuais ou, ao contrário, poderá enfraquecê-las. Assim, uma criança que não encontre o ambiente necessário para seu desenvolvimento terá uma personalidade muito diferente daquela cujo ambiente foi parcial ou inteiramente adequado.” (DOS SANTOS, et al., 2010) 25 Tipos de família na contemporaneidade AS FAMÍLIAS PÓS-MODERNAS As famílias monoparentais. As famílias homoafetivas (ou, homossexuais 8 ) OUTRAS FORMAS DE FAMÍLIA JURIDICAMENTE ACEITAS Famílias Anaparentais: é a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e descendência. É a hipótese de dois irmãos que vivam juntos. Tal família vem disciplinada no artigo 69, caput, do Projeto do Estatuto das Famílias. Famílias Pluriparentais: é a entidade familiar que surge com o desfazimento de anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos. Como exemplo, destacamos a família formada por João, Gabriel e Rafael (filhos oriundos de anterior relacionamento de João), por sua esposa Penélope, Ana Carolina (filha de relacionamento anterior de Penélope), e Victor, filho de João e Penélope). Família Unipessoal: Família unipessoal é a composta por apenas uma pessoa. Recentemente, o STJ lhe conferiu à proteção do bem de família, como se infere da Súmula 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (03/11/2008) 8 Para um maior aprofundamento sobre este tema, sugiro a leitura do seguinte texto: Configurações edípicas da contemporaneidade: reflexões sobre as novas formas de filiação, de Paulo Roberto Ceccarelli. Disponível em < http://www.editoraescuta.com.br/pulsional/161_07.pdf>. 26 INFORMAÇÕES Quinta-feira, 05 de maio de 2011 – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Supremo reconhece união homoafetiva. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. As ações foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O julgamento começou na tarde de ontem (4), quando o relator das ações, ministro Ayres Britto, votou no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para excluir qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV 9 , da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual. “O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica”, observou o ministro, para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da CF. [...] Ações A ADI 4277 foi protocolada na Corte inicialmente como ADPF 178. A ação buscou a declaração de reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Pediu, também, que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis fossem estendidos aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo. Já na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, o governo do Estado do Rio de Janeiro (RJ) alegou que o não reconhecimento da união homoafetiva contraria preceitos fundamentais como igualdade, liberdade (da qual decorre a autonomia da vontade) e o princípio da dignidade da pessoa humana, todos da Constituição Federal. Com esse argumento, pediu que o STF aplicasse o regime jurídico das uniões estáveis, previsto no artigo 1.723 do Código Civil, às uniões homoafetivas de funcionários públicos civis do Rio de Janeiro. (Fonte: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931)Terça-feira, 25 de outubor de 2011 – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DECISÃO Quarta Turma admite casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em decisão inédita, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria, proveu recurso de duas mulheres que pediam para ser habilitadas ao casamento civil. Seguindo o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, a Turma concluiu que a dignidade da pessoa humana, consagrada pela Constituição, não é aumentada nem diminuída em razão do uso da sexualidade, e que a orientação sexual não pode servir de pretexto para excluir famílias da proteção jurídica representada pelo casamento. [...] “Por consequência, o mesmo raciocínio utilizado, tanto pelo STJ quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para conceder aos pares homoafetivos os direitos decorrentes da união estável, deve ser utilizado para lhes franquear a via do casamento civil, mesmo porque 9 Art. 3º (Objetivos fundamentais da República), inciso IV da CF – “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” 27 é a própria Constituição Federal que determina a facilitação da conversão da união estável em casamento”, concluiu Salomão. Em seu voto-vista, o ministro Marco Buzzi destacou que a união homoafetiva é reconhecida como família. Se o fundamento de existência das normas de família consiste precisamente em gerar proteção jurídica ao núcleo familiar, e se o casamento é o principal instrumento para essa opção, seria despropositado concluir que esse elemento não pode alcançar os casais homoafetivos. Segundo ele,intolerância e preconceito não se mostram admissíveis no atual estágio do desenvolvimento humano. [...] O recurso foi interposto por duas cidadãs residentes no Rio Grande do Sul, que já vivem em união estável e tiveram o pedido de habilitação para o casamento negado em primeira e segunda instância. A decisão do tribunal gaúcho afirmou não haver possibilidade jurídica para o pedido, pois só o Poder Legislativo teria competência para insituir o casamento homoafetivo. No recurso especial dirigido ao STJ, elas sustentaram não existir impedimento no ordenamento jurídico para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Afirmaram, também, que deveria ser aplicada ao caso a regra de direito privado segundo a qual é permitido o que não é expressamente proibido. (Fonte: STJ, 25/10/2011) RESOLUÇÃO Nº 175, DE 14 DE MAIO DE 2013, do Conselho Nacional de Justiça Dispõe sobre a habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições constitucionais e regimentais, CONSIDERANDO a decisão do plenário do Conselho Nacional de Justiça, tomada no julgamento do Ato Normativo nº 0002626-65.2013.2.00.0000, na 169ª Sessão Ordinária, realizada em 14 de maio de 2013; CONSIDERANDO que o Supremo Tribunal Federal, nos acórdãos prolatados em julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4277/DF, reconheceu a inconstitucionalidade de distinção de tratamento legal às uniões estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo; CONSIDERANDO que as referidas decisões foram proferidas com eficácia vinculante à administração pública e aos demais órgãos do Poder Judiciário; CONSIDERANDO que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.183.378/RS, decidiu inexistir óbices legais à celebração de casamento entre pessoas de mesmo sexo; CONSIDERANDO a competência do Conselho Nacional de Justiça, prevista no art. 103-B, da Constituição Federal de 1988; RESOLVE: Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo. Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis. Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Ministro Joaquim Barbosa Presidente *** 28 AULA 6 Influências sociais: preconceito, estereótipos e discriminação Crenças e Valores No que pese o processo cognitivo, chama-se crença “qualquer proposição [ideia] simples, consciente ou inconsciente, inferida do que uma pessoa diz ou faz, capaz de ser precedida pela frase: ‘Eu creio que...’. O Conteúdo de uma crença pode descrever o objeto de crença como verdadeiro ou falso, correto ou incorreto; avalia-lo como bom ou ruim; ou advogar um certo curso de ação ou estado de existência como sendo desejável ou indesejável. O primeiro tipo de crença pode ser chamado de crença descritiva ou existencial (eu creio que o sol nasce a leste), o segundo tipo de crença pode ser chamado de crença avaliativa (eu creio que este sorvete é bom); o terceiro tipo pode ser chamado de crença prescritiva ou exortativa (eu creio que é desejável que as crianças obedeçam a seus pais).” (adaptado de ROKEACH, 1981, p.92) “Um valor, por sua vez, “é uma única crença que guia transcendentalmente as ações e julgamentos através de objetos e situações específicas e além de metas imediatas para estados finais mais urgentes da existência. [...] é um imperativo para ação, [...] é um padrão ou uma medida para guiar as ações, atitudes, comparações, avaliações e justificativas do eu e dos outros.” (adaptado ROKEACH, 1981, p. 132-3) O conceito de sistema de valor sugere uma ordenação de valores ao longo de um contínuo de importância; uma organização aprendida de regras para fazer escolhas e resolver conflitos – entre dois ou mais modos de comportamento ou entre dois ou mais estados finais da existência. Os valores podem ser classificados em terminais (p.ex., autorealização, prestígio, salvação, igualdade, fé etc) e instrumentais (honestidade, disciplina, cooperação, humildade, ética, respeito, competência etc. (adaptado de ROKEACH, 1981, p. 132-3). Analise a figura abaixo: PROCESSO COGNITIVO – SISTEMA DE VALORES E CRENÇAS VT – Valores Terminais; VI – Valores Instrumentais; C – Crenças. 29 O QUE SÃO ATITUDES? Uma atitude é “uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social ou situação, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto. Uma distinção importante é a de que “todas as atitudes incorporam crenças, mas que nem todas as crenças fazem parte, necessariamente, das atitudes.” [...] “as crenças têm apenas um componente cognitivo enquanto as atitudes têm tanto o componente cognitivo quanto o afetivo.”. Em termos mais simples, podemos então dizer que quando uma crença polariza sobre si componentes afetivos e ambos, crença e afeto, agem no sentido de influenciar o comportamento, aí, então, temos uma atitude. Analise a figura abaixo: Característica de uma atitude MUITA ATENÇÃO! É importante não confundir atitude com comportamento! Comportamentos são fenômenos objetivos, já as atitudes são subjetivas. A lei, por exemplo, jamais poderá proibir uma atitude. A lei, no entanto, pode proibir um determinado tipo de comportamento ensejado por uma atitude (p.ex., a discriminação). 30 Mudança de atitude Apesar de serem relativamente estáveis, as atitudes são passíveis de mudança. [...] Como vimos anteriormente, os componentes cognitivo, afetivo e comportamental que integram as atitudes influenciam-se mutuamente em direção a um estado de harmonia. Qualquer mudança num destes três componentes é capaz de modificar os outros, de vez que todo o sistemaé acionado quando um de seus componentes é alterado, tal como num campo de forças eletromagnético. Consequentemente, uma informação nova, uma nova experiência ou um novo comportamento emitido em cumprimento as normas sociais, ou outro tipo de agente capaz de prescrever comportamento, pode criar um estado de inconsistência entre os três componentes atitudinais de forma a resultar numa mudança de atitude. Analise o quadro abaixo: 1º Quadro: COGNIÇÕES AFETOS TEND. COMPORTAMENTAIS CONDIÇÃO PRECONCEITO NEGATIVAS NEGATIVOS NEGATIVAS HARMONIA SOLIDARIEDADE POSITIVAS POSITIVAS POSITIVAS HARMONIA 2º Quadro: COGNIÇÕES AFETOS TEND. COMPORTAMENTAIS CONDIÇÃO PRECONCEITO NEGATIVAS POSITIVOS NEGATIVAS DESARMONIA SOLIDARIEDADE POSITIVAS NEGATIVOS POSITIVAS DESARMONIA Atitude negativa: o PRECONCEITO Teoricamente, os preconceitos podem ficar incluídos na classe das atitudes, exibindo, em consequência dessa inserção, os três elementos acima descritos (quais sejam, cognições, afetos e tendências comportamentais); apresentam, porém, em adição e em contraste com elas, duas características que lhes são específicas: a de que se formam sempre em torno de um núcleo afetivamente negativo e a de que são dirigidos contra grupos de pessoas. DISCRIMINAÇÃO Uma ação qualquer ensejada por algum preconceito caracterizaria o que se chama discriminação. Porém, “preconceito e discriminação nem sempre ocorrem juntos. É possível ter preconceito contra um determinado grupo sem se portar abertamente de maneira hostil ou discriminatória em relação a ele. Por exemplo: um lojista racista pode sorrir para um cliente negro para disfarçar opiniões que poderiam prejudicar seu negócio. Do mesmo modo, muitas práticas institucionais podem ser discriminatórias, embora não se baseiem no preconceito. Por exemplo: as normas que estabelecem uma altura mínima para policiais podem discriminar mulheres e 31 determinados grupos étnicos – cuja altura é inferior ao padrão arbitrário -, embora essas normas não se originem em atitudes sexistas ou racistas. INFORMAÇÃO: LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. (Alterada pelas Leis nº 8.081/90 e 9.459 / 97 já incluídas no texto) (http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L7716.htm) A RELAÇÃO ENTRE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO Analise o quadro abaixo e reflita a respeito ESTEREÓTIPOS De fato, um estereótipo não se baseia, necessariamente, numa crença mas num tipo de associação mental simplista que fazemos entre duas coisas que visa facilitar a nossa vida cotidiana. Tais associações podem ser conscientes (explícitas) ou inconscientes (implícitas). “Muitas pessoas vinculam, involuntariamente, deficiência com fraqueza, árabe com terrorismo ou pobre com inferioridade, mesmo que tais estereótipos contrariem a racionalidade e até mesmo valores que lhes são caros, como o de justiça ou igualdade. Estereótipos e preconceitos podem gerar uma percepção seletiva dos outros ou dos fatos: “Por exemplo: uma vez que você classificou alguém como homem ou mulher, talvez conte mais com seu estereótipo daquele gênero que com suas próprias observações sobre as atitudes da pessoa. Pelo fato de as mulheres serem estereotipadas tradicionalmente como mais emotivas e submissas, e os homens como mais racionais e Vide texto “Estereótipos de gênero” –Caderno Introdução à psicologia, p. 19.) 32 assertivos [...] talvez você veja mais esses traços em homens e mulheres do que eles realmente existem.” COMPLETE AS LACUNAS ABAIXO COM EXEMPLOS: ESTEREÓTIPO PRECONCEITO DISCRIMINAÇÃO GÊNERO CLASSE SOCIAL RAÇA IDENTIDADE SEXUAL IDADE Leitura Complementar “Pessoas invisíveis” “Em novembro de 1994, o então estudante do 2º ano de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Braga tornou-se invisível. 'Fiquei atordoado, não conseguia sentir o gosto da comida, perdi meu centro', lembra. Nem loucura nem ficção científica. Braga atingiu a invisibilidade ao vestir um uniforme de gari. Como parte de um estágio solicitado por uma das disciplinas que cursava, ele resolveu acompanhar, de duas a três vezes por semana, a rotina dos garis da Cidade Universitária - pegando no pesado junto com eles. Ao vestir calça, camisa e boné como seus colegas de 'varreção', esperava causar espanto, curiosidade ou até mesmo indignação em seus amigos, professores, companheiros de futebol e conhecidos da USP. No entanto, não conseguiu nem mesmo receber um bom-dia. 'Atravessei o andar térreo da Psicologia de ponta a ponta. Estava atento, buscava a expressão de surpresa em alguém. Mas nada acontecia', conta. 'Deixei de esperar perguntas intrigadas, mas ainda seria capaz de responder a algum cumprimento. Nada.' Os professores com quem havia conversado pela manhã passaram por ele e nem perceberam sua presença. Não é que tenha sido ignorado, menosprezado, rejeitado. Pior: nem foi visto. Era como não estar lá; como 'não ser'. O mal-estar experimentado por Braga jamais o abandonou. Ele passou os nove anos seguintes trabalhando com os garis da USP e transformou em tese de mestrado o indigesto tema da 'invisibilidade pública' - o desaparecimento de um homem no meio de outros homens. Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo. Ironicamente, o psicólogo ganhou visibilidade falando da invisibilidade, que, segundo ele, está relacionada à divisão social do trabalho e afeta até mesmo quem não é totalmente excluído economicamente. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma atividade subalterna, desqualificada, desumanizante e degradante o dia inteiro, às vezes uma vida inteira. É uma situação diferente da contada pelo escritor americano Ralph 33 Ellison, que nos anos 50 lançou seu romance O Homem Invisível. Ellison, negro, contava a história de um descendente de escravos que ao percorrer os Estados Unidos descobriu apenas que, por ser negro, era ignorado - segundo ele, algo muito pior que ser confrontado ou desprezado. Braga mostra que, independentemente do preconceito racial, o preconceito social também é tão incrível que leva a simplesmente apagar pessoas do campo de visão. 'Nem na Suécia uma criança é incentivada pelos pais a ser gari, faxineiro ou coveiro', provoca. 'Não tem a ver com salário, mas com a simbologia.' Todo mundo se sente invisível em algum momento da vida - numa festa de gente de outra tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é sobre uma invisibilidade tão automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo o ser invisível se dá conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.' De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade só é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma máquina que funciona por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o interlocutor - médicos, enfermeiros,policiais. 'Algumas profissões estão num nível de rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis como quem passa por objetos', assinala. Nilce de Paula, mineiro de 61 anos, confirma. Desde que chegou a São Paulo, aos 18 anos, trabalhou em bar, restaurante, fez salgadinhos para vender, foi ascensorista - de terno e gravata, orgulha-se - e carregou contêineres de veneno. Já tinha experimentado o preconceito racial, mas a indiferença mesmo só conheceu quando virou gari. 'Às vezes estou trabalhando na avenida e passa uma pessoa. Mesmo que ela não me cumprimente, eu cumprimento, porque um bom-dia não custa nada', afirma. 'O pior é quando os carros quase passam por cima da gente, sem nem tentar desviar. A gente tem de trabalhar de frente para a avenida e se cuidar.' A invisibilidade pública vem sempre na companhia da humilhação social, o sofrimento pelo rebaixamento político, social e psicológico experimentado continuamente por cidadãos de classes D e E. O conceito é recente e foi cunhado por José Moura Gonçalves Filho, orientador de Braga. Afeta o raciocínio, a visão e o afeto de quem é discriminado. 'O invisível não tem voz, seu discurso não é levado em conta, sua opinião sobre o mundo não importa. Ele aparece apenas como ferramenta', diz o psicólogo. Funcionária de uma empresa terceirizada de limpeza, a baiana Sônia Aragão, de 34 anos, veio para São Paulo em 1996, depois de ter passado pela lavoura, por restaurantes e casas de família. Ter de usar uniforme foi um choque: 'Tem gente que passa reto e faz de conta que não me vê. Eu mesma me sinto estranha com esta roupa, porque parece que não sou eu. Quando não estou de uniforme, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo', diz.”10 *** 10 Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT764232-1664,00.html. Acesso em 03/07/12. 34 AULA 7 Aspectos psicológicos das relações humanas: comportamento antissocial e violência LEI JURÍDICA & LEI SIMBÓLICA “As pessoas estão confundindo desejo com direito!” (M.S.Cortella) Existem regras que servem para regular as relações dos homens entre si. Essas são chamadas de normas sociais ou leis jurídicas. Porém, poderá haver, ou não, no indivíduo uma lei estruturante que funcionará para lhe dar limites ao gozo. De forma simplificada, essa será chamada de Lei simbólica. “A Constituição, carta magna de um Estado, as leis, os estatutos e os regimentos institucionais são modalidades de expressão da Lei simbólica na cultura e visam ao enquadramento e a limitação do gozo de uma relação aos demais.” (QUINET, 2008) Freud (1856-1939), por exemplo, escreve que cada nova criança que chega ao mundo dos humanos está diante do dever de ter que dar conta do Complexo de Édipo 11 . Isso faz com que o complexo de Édipo, com a questão da barreira contra o incesto, se torne, de uma maneira simples, mas na verdade muito complexa, o que a psicanálise chama de Lei. Lei, portanto, que proíbe o incesto e que proíbe o parricídio, ou seja, o assassinato do pai. Assim, porque o ser humano é um ser que se organiza e se desenvolve intelectual e emocionalmente a partir do simbólico 12 , é pelo simbólico que a Lei será transmitida, via cultura. Estruturar emocionalmente o sentido fundamental da Lei (ou seja, o da interdição aos impulsos básicos), ocorrerá, principalmente, na infância mais tenra e dependerá das primeiras relações sociais da criança (ou seja, com a mãe e com o pai). O registro estruturante da Lei é o que possibilitará, futuramente, à adaptação e o desenvolvimento sadio às posteriores relações civilizadas (escola, grupos, sociedade etc.). A AUTORIDADE DOS PAIS “A autoridade não é um atributo individual das figuras paternas. A autoridade dos pais - e da escola, que também anda em apuros [...] - deriva de uma lei simbólica que interdita os excessos de gozo. Uma lei que deve valer para todos. O pai que “tem moral” com seus 11 Para um maior aprofundamento sobre o complexo de Édipo, sugiro a leitura do seguinte texto: Configurações edípicas da contemporaneidade: reflexões sobre as novas formas de filiação, de Paulo Roberto Ceccarelli. Disponível em < http://www.editoraescuta.com.br/pulsional/161_07.pdf>. 12 Simbólico, neste contexto, significa a capacidade humana de representar a realidade por signos linguísticos. 35 filhos é aquele que também se submete à mesma lei, traduzida em regras de civilidade, de respeito e da chamada boa educação.” (KEHL, M.R.) O GOZO PELA VIOLAÇÃO DA LEI: O TRAÇO PERVERSO Para o pensamento psicanalítico, o que se chama “perverso” é, no âmbito dos impulsos sexuais e de suas consequentes fantasias, a tendência a buscar a permanência de um gozo absoluto e ilimitado. De um gozo (primitivo, incestuoso e, portanto, infantil) que irá negar quaisquer restrições ou limites (ou seja, que irá negar a Lei). “O desafio e a transgressão são o exercício de buscar, incessantemente, garantir e esticar o usufruto do gozo, além de todos os limites que a cultura e o pacto civilizatório impõem ao Outro.” Perverso em psicanálise toma o sentido de desvio ou perturbação das formas consideradas “normais” (maduras, adultas, satisfatórias para o sujeito etc.) do gozo sexual. O sentido da negação, neste contexto, significa que o sujeito perverso reconhece a existência da lei, porém, a nega, ou seja, não a aceita, não a estrutura em sua personalidade. Indivíduos com traços perversos de personalidade possuem características antissociais o que comumente os caracteriza, também, como portadores de uma “personalidade antissocial”. Analise a comparação proposta no esquema a seguir: REFLEXÕES “O apelo capitalista ao consumo que sugere, pela mídia, valores e atitudes de não limite ao gozo e ao prazer imediato.” 36 TEXTO COMPLEMENTAR Cariocas gostam de bandalha (ZUENIR VENTURA (O GLOBO, 26/11/08) A pesquisa publicada domingo pelo GLOBO, mostrando que só 9% dos motoristas respeitam sinal de trânsito, confirma o que já se sabia observando o nosso dia a dia e o que Adriana Calcanhotto cantou na sua canção de amor ao Rio e ao seu povo: "Cariocas não gostam de sinal fechado." Gaúcha, ela foi generosa. Ao defeito apontado, contrapôs 15 qualidades positivas que enumera em graciosos versos: "Cariocas são bonitos/Cariocas são bacanas/Cariocas são sacanas/Cariocas são dourados" e por aí vai. Ela os chama ainda de modernos, espertos, diretos, alegres, sexy, que não gostam de dias nublados etc. Talvez por delicadeza de forasteira, ela não quis apontar uma verdade incômoda que explica todo o comportamento transgressor dos cariocas. Eles gostam de bandalha. E não apenas no trânsito, embora nesse quesito eles sejam imbatíveis. Gostam de fechar os cruzamentos, de debruçar sobre a buzina sem necessidade, de estacionar nas calçadas, de parar em lugar proibido, de excesso de velocidade, de falar ao celular enquanto dirigem, de andar na contramão e de xingar quem insiste em se manter dentro da lei (me lembro da senhora ao volante esperando a luz verde, e um sujeito histérico gritando atrás: "Pensa que tá na Suécia, perua?") Assim, além de responsáveis por um dos mais caóticos trânsitos do planeta, os cariocas também são especialistas em delitos menores, para não falar nos grandes, como assaltos e homicídios. Costumam urinar em lugares públicos, desrespeitar filas ("quem gosta de fila é paulista", já ouvi um furão dizer, sem esperar a vez), levar o cachorro para fazer
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