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* Jurisdição voluntária: jurisdição ou administração pública de interesses privados, cometida ao Poder Judiciário?? Procedimentos especiais de jurisdição voluntária artigos 1.103 a 1.112, do CPC * Jurisdição Motivos: 1 – Administração é tutela de interesse público. 2 – Jurisdição voluntária é tutela de interesse privado. 3 – Jurisdição voluntária: situação conflituosa que requer solução. * Exemplos de conflitos: * Alienação judicial de coisa comum: pode não existir consenso entre os condôminos a respeito da extinção do condomínio. * Separação consensual: conflito não é evidente (o casal concorda com a separação). Existe insatisfação comum (conflito) com o estado atual (casamento) e a necessidade de requerer ao Judiciário a alteração deste estado. * A existência de uma situação conflituosa e a necessidade de intervenção do Judiciário é o bastante para caracterizar a JURISDIÇÃO. Artigo 1º, CPC * Para Cândido Dinamarco: “Em todos os casos nos quais o Juiz é chamado a exercer a jurisdição voluntária existe sempre alguma situação conflituosa e em estado de insatisfação que afligem as pessoas e necessita solução. Pode ser um conflito mais ou menos aparente ou intenso, mais explícito ou menos explícito na demanda apresentada ao juiz e que ele resolverá mais diretamente ou menos – mas é sempre a realidade social de um conflito que leva o juiz a exercer a jurisdição voluntária, tanto quanto a contenciosa”. * * Características da Jurisdição Voluntária: Não tem autor/réu. Mas, sim INTERESSADO. Interessados Postura do que tem interesse em solucionar uma situação conflituosa, mas não contraposta. Princípio inquisitivo e não dispositivo (art. 1.107, CPC) * Possibilidade de o Juiz investigar livremente, na busca da verdade real. * O Juiz não precisa se ater ao fatos trazidos pelas partes. * Critério da legalidade estrita (artigo 1.109, CPC) Permite ao órgão jurisdicional a adaptação do procedimento da jurisdição voluntária às peculiaridades do caso concreto. Ex.: a) não-realização de ato que se revela desnecessário interrogatório de interditando em coma. b) guarda compartilhada regulamentada em 2008. Os Juízes sempre a admitiram, mesmo sem texto expresso de lei, na homologação de separações/divórcios consensuais; entendiam ser a solução mais correta para o caso concreto. * PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. PREQUESTIONAMENTO. OMISSÃO. ART. 535 DO CPC. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. ALVARÁ. EXPEDIÇÃO IMEDIATA. POSSIBILIDADE. (...) II – Em se tratando de procedimento de jurisdição voluntária, em que não há necessidade de se observar a legalidade estrita, podendo o juiz decidir por eqüidade (art. 1.109 do CPC), a expedição imediata de alvará, antes do término do prazo para a interposição de recurso, não configura ofensa à lei processual. (...) (REsp 251.693/GO, Rel. Ministro FELIX FISCHER, 5a TURMA, j. 19.02.2002, DJ 18.03.2002 p. 281) * Sentença (artigo 1.110) * Não faz coisa julgada material. * Pode ser modificada se ocorrerem circunstâncias supervenientes ainda que tenha trânsito em julgado. Faz uma petição intermediária nos autos da ação de separação/divórcio informando o restabelecimento conjugal. * O Juiz não pode livremente alterar as sentenças. Ex.: interdição. Não cabe ação rescisória. Cabe ação anulatória (art. 486, CPC) – quase sempre decisão homologatória Misael Montenegro Filho * Regras gerais do procedimento: Legitimidade (artigo 1.104, CPC) Pode ser iniciado de ofício. Ex.: * alienação judicial de bens depositados judicialmente; * execução de testamentos; * arrecadação de herança jacente, bens de ausente, coisas vagas. * Petição Inicial Artigo 282 CPC. - Se houver vício: 10 dias para emendar - Se não houver vício: citação dos interessados. Valor da causa: corresponde ao conteúdo econômico do pedido Competência: regra geral (art. 94, CPC) Citação (artigo 1.105, CPC) “A presença do MP nos procedimentos de jurisdição voluntária somente se dá nas hipóteses explicitadas no respectivo título e no mencionado art. 82” (RSTJ, 8:282) * Resposta (artigo 1.106, CPC) * Prazo: 10 dias. * Não se fala em contestação, mas manifestação. * Pode alegar preliminares do art. 301, CPC (exceção convenção de arbitragem). * Pode discutir o mérito da demanda. * Falta de resposta revelia. Efeitos atenuados: princípio inquisitivo (o juiz pode investigar livremente). * Pode valer-se das exceções. * NÃO cabe RECONVENÇÃO. * Instrução e sentença * Se for o caso o juiz determina a produção das provas necessárias e determina AIJ observar art. 1.107, CPC * Estrutura da sentença: mesma dos demais processos (relatório, motivação e dispositivo). Nos juizados especiais. * Não há necessidade de observar o princípio da legalidade estrita. * Ainda que se tenha trânsito em julgado, a sentença pode ser modificada se ocorrerem circunstâncias supervenientes. * Pedidos que obedecem a Jurisdição Voluntária. (artigo 1.112, CPC) Emancipação a) voluntária: outorgada pelos pais, por escritura pública, ao filho que tenha pelo menos 16 anos; b) judicial: depende de processo judicial, pode ser requerida por menores sob tutela (com 16 anos) c) legal: casamento, exercício de emprego público efetivo, colação de grau em curso de nível superior * Jurisdição voluntária: emancipação judicial. - Autor do pedido: incapaz, não precisa ser assistido - “Réu”: tutor - Juiz pode determinar a produção de provas para verificar se autor tem condições de gerir sua própria vida e bens. - Juiz determina interrogatório do autor (aferir grau de discernimento) Competência: foro do domicílio do requerente. * Sub-rogação - Sub-rogação do vínculo ou do ônus Ex.: bens gravados com cláusula de inalienabilidade. - Artigo 1.911, CC bem pode ser vendido mediante autorização judicial. - Obriga que outros bens adquiridos com o produto da venda devem ter gravada a cláusula de inalienabilidade. * Alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfãos e de interditos - Ainda no CC de 1916 caiu o regime dotal. CC de 2002 não o incluiu nos regimes de casamento. - Bens de menores, órfãos e interditos não podem ser livremente alienados diante das restrições do artigo 1.691, caput, 1.750 e 1.774, CC. - Indispensável autorização judicial para a proteção dos interesses e patrimônio dos incapazes. Atuação do MP. * Alienação, locação e administração da coisa comum - Se bem indivisível forma de extinção do condomínio: alienação judicial de coisa comum. - Deve ficar demonstrada a indivisibilidade. - Autor: condômino que deseja a extinção do condomínio. - Réu: demais condôminos. - Competência: Móvel domicílio réu. Imóvel situação coisa. - Resposta: prazo de 10 dias (observar art. 191 CPC) - Réu pode alegar que a coisa é divisível. - Se juiz julgar procedente a ação: alienação judicial (art. 1.117 e 1.118, CPC) * Alienação judicial de quinhão em coisa comum - Artigo 1.322, CC: direito de preferência aos demais condôminos. - Se não obedecido o direito de preferência: condômino preterido ingressa com ação de preferência, deposita o valor pelo qual o bem foi vendido a estranho e pede adjudicação. - Pode proceder à notificação extrajudicial para o exercício da prelação (art. 516, CC) - Se proceder pela via judicial deve citar os demais condôminos para manifestarem o direito de preferência. * Extinção de usufruto e de fideicomisso¹ - Artigo 1.410, CC: formas de extinção do usufruto - Artigo 1.958, CC: formas de extinção do fideicomisso - Em ambos os casos há os que independem de intervenção judicial e decorrem do fato em si. Ex. usufruto: morte do usufrutuário, termo de duração de usufruto. Ex. fideicomisso: morte do fideicomissário antes do fiduciário (herdeiro ou legatário) ou do testador. ¹ instituto pelo qual um testador deixa herança para certa pessoa e impõe que, após certo tempo, certa condição ou após a morte dessa pessoa, a herança ou legado se transmite para terceiro. Fideicomitente é o testador; fiduciário é o primeiro nomeado; fideicomissário é o substituto. * Pode ser requerida a alienação judicial (art. 1.113 e art. 1.117): a) quando houver bens depositados judicialmente que sejam de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para sua guarda. É realizada de forma incidental, no curso do processo. Ex.: estoque da devedora que dependa de refrigeração. Pode ter início por determinação de ofício do Juiz, por requerimento das partes ou pelo depositário. Das Alienações Judiciais artigos 1.113 a 1.119, do CPC * b) quando o imóvel, indivisível, deixado em herança, não couber no quinhão de um só herdeiro, salvo a hipótese de haver concordância entre eles, para que haja a adjudicação de um só (art. 1.117, I, CPC). Bens móveis também podem ser indivisíveis c) quando houver condomínio em coisa indivisível e for requerida a sua extinção, não havendo acordo entre os condôminos para que ele seja adjudicado a um só. * d) dos bens móveis e imóveis de órfãos (menores sob tutela) nos casos em que a lei o permite e mediante autorização judicial. e) nos casos expressos em lei. Ex.: venda de bens necessários para o pagamento do passivo no inventário. * Procedimento: - Determinada a alienação judicial, o Juiz nomeia perito para avaliar o bem se ainda não tiverem sido ou se houve alteração do valor – art. 1.114, CPC - O Juiz marca uma única hasta. - O bem é vendido pelo maior lanço, ainda que inferior ao valor da avaliação (art. 1.115, CPC). Lei não estabelece preço mínimo. Observar jurisprudência. - A alienação não poderá ser “ruinosa”. - Alienação de bens de incapazes: proibição da alienação por valor inferior a 80% da avaliação (art. 701, CPC) * - Feita a alienação, os valores resultantes ficarão depositados em juízo – art. 1.116, CPC - Bem em condomínio: coproprietários terão direito de preferência a estranhos – art. 1.118, CPC “Devendo a lavratura do auto de arrematação realizar-se 24 horas após a praça, ou leilão, irrecusável se torna o acolhimento do pedido de preferência, exercitado, dentro do mencionado prazo, pelo respectivo condômino” (RF, 258:272) * Se o auto já foi assinado, o condômino a quem foi recusada a preferência pode requerer, antes de assinada a carta, o depósito do preço pelo qual a coisa foi vendida a terceiro, postulando que ela lhe seja adjudicada. Processo autônomo, para qual serão citados o adquirente e os demais condôminos (art. 1.119, CPC) * - Se mais de um condômino demonstrar interesse na coisa será preferido o que tiver feito as benfeitorias mais valiosas. - Se nenhum fez ou as realizadas forem do mesmo valor, prevalecerá o interesse do que tem o maior quinhão. - Se “empatar” (quinhão), juiz procede na forma do artigo 1.322, parágrafo único, do CC. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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