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MODELAGEM DAS TE�SÕES VERTICAIS APLICADAS AO SOLO POR UM TRATOR CAFEEIRO PARA PREDIÇÃO DA COMPACTAÇÃO Cezar Francisco Araujo-Junior(1); Moacir de Souza Dias Junior(2) (1) Pesquisador da Área de Solos do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, Rodovia Celso Garcia Cid, k m 375 – Bairro Três Marcos, Caixa Postal 48, CEP 86001–970 Londrina, Paraná. e-mail: cezar_araujo@iapar.br; cfaj@bol.com.br . (2) Professor Associado do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras, Bairro: Campus Universitário da UFLA, Lavras, Minas Gerais, CEP 37200-000, Caixa Postal 3037. Bolsista do CNPq e Pesquisador Mineiro FAPEMIG e-mail: msouzadj@dcs.ufla.br Resumo – O termo tensão deve ser entendido como: 1) qualquer aplicação de pressão abaixo da superfície do solo, 2) a medida da pressão na interface solo-pneu ou solo-esteira ou 3) a força por unidade de área sendo um vetor que age numa determinada direção. Este estudo testou as hipóteses de que a pressão de inflação dos pneus pode ser utilizada como estimativas das pressões de contato média entre o pneu e o solo e que a modelagem das tensões normais aplicadas ao solo pode ser utilizada na predição do risco de compactação de solos agrícolas. O objetivo deste estudo foi modelar as tensões verticais aplicadas ao solo a partir dos parâmetros disponíveis nos pneus de um trator cafeeiro para predizer a compactação do solo. O trator utilizado foi um cafeeiro 68 Valmet® com massa de 3.900 kg e carga nas rodas em condições estáticas de 1.365 kg no eixo dianteiro e 2.535 kg no eixo traseiro. Os parâmetros de forma dos rodados do trator, o comprimento da área de contato, a área de contato e a tensão máxima exercida pelos eixos foram obtidos a partir dos parâmetros disponíveis nos pneus através das equações propostas por Keller (2005). As distribuições das tensões verticais para os rodados 6-16 (dianteiro) e 12.4-R28 (traseiro) foram obtidas utilizando o modelo Soilflex a partir dos parâmetros de entrada: carga da roda, pressões de inflação dos pneus atual e recomendada pelo fabricante em uma determinada carga, larguras e diâmetros dos pneus. Os resultados obtidos sugerem que as tensões verticais médias e máximas exercida pelos pneus 6-16 (dianteiro) foram 116 kPa e 257 kPa e de 78 kPa e 192 kPa para o pneu 12.4-R28 (pneu traseiro), respectivamente. Palavras-Chave: tensão normal; modelo Soilflex; parâmetros dos pneus; compactação do solo. I�TRODUÇÃO O termo tensão deve ser entendido como: 1) qualquer aplicação de pressão abaixo da superfície do solo, 2) a medida da pressão na interface solo-pneu ou solo-esteira (Soane e van Ouwerkerk, 1994) ou 3) a força por unidade de área sendo um vetor que age numa determinada direção (Keller, 2004). A distribuição de tensões em um meio granular é feita através dos pontos de contato entre os grãos individuais (Balastreire, 1990). Devido ao arranjamento ao acaso dos grãos, os pontos de contato estão espalhados, e as tensões se distribuem através de uma rota formada pela localização dos pontos de contato. Esta distribuição natural das tensões em materiais granulares é chamada de arqueamento (Balastreire, 1990). A tensão no solo é função da tensão superficial ou da tensão diretamente abaixo do pneu, a qual depende das características do pneu, pressão de inflação do pneu e carga da roda, bem como das condições do solo (Keller & Arvidsson, 2004). Desta forma, o conhecimento das características e propriedades dos pneus das máquinas agrícolas torna-se essencial para minimizar os efeitos do tráfego das máquinas sobre a estrutura do solo, e consequentemente, na sua compactação, uma vez que, as dimensões dos pneus (largura x diâmetro sem carga), a carga na roda e a pressão de inflação dos pneus são variáveis significativas para avaliação da área de contato pneu-solo (Diserens, 2009; Keller et al., 2007; Lanças et al., 2005) e influenciam a magnitude das tensões exercidas no solo pelas máquinas agroflorestais e sua distribuição no perfil do solo. Os pneus agrícolas são classificados em três tipos conforme a relação altura/largura. Pneus considerados padrão ou diagonal (altura/largura ≥ 0,8); pneus considerados de perfil baixo (0,6 < altura/largura < 0,8) e pneus de baixa pressão e alta flutuação – BPAF (altura/largura ≤ 0,6) (Diserens, 2009). Os pneus BPAF apresentam como características elevada área de contato, menor pressão de inflação o que reduz a pressão de contato média para minimizar os efeitos negativos das cargas externas no contato pneu/solo minimizando o risco de compactação do solo (Lanças et al., 2005). Este estudo testou as hipóteses de que a pressão de inflação dos pneus pode ser utilizada como estimativas das pressões de contato média entre o pneu e o solo e que a modelagem das tensões normais aplicadas ao solo pode ser utilizada na predição do risco de compactação de solos agrícolas. Para isso, este estudo foi realizado com o objetivo de modelar as tensões verticais aplicadas ao solo a partir dos parâmetros prontamente disponíveis nos pneus de um trator cafeeiro para predizer a compactação do solo. MATERIAL E MÉTODOS O trator utilizado foi um cafeeiro 68 Valmet® com carga nas rodas em condições estáticas com massa de 3.900 kg. Assumiu-se que o trator agrícola distribui 65% da carga - XXXIII CO�GRESSO BRASILEIRO DE CIÊ�CIA DO SOLO - - Resumo Expandido - 2 para as rodas traseiras e 35% para as rodas dianteiras. Assim sendo, a carga no eixo dianteiro foi de 1.365 kg e 2.535 kg para o eixo traseiro. Os parâmetros de forma dos rodados do trator, o comprimento da área de contato, a área de contato e a tensão máxima exercida pelos diferentes pneus foram obtidos conforme Keller (2005). O parâmetro de forma da super-elipse (n) é dependente das dimensões do pneu e foi calculado pelas dimensões dos pneus (Eq. 1). ( ) 00,210,2 2 += pneupneu dwn (1) Em que, n é um parâmetro adimensional e wpneu é a largura do pneu e dpneu o diâmetro do pneu (m). Para n = 2, quando wpneu.dpneu= 0, a curva é uma elipse pura (Eq. 1), e um retângulo quando n → ∞. Para o cálculo do comprimento da área de contato (lA) foi assumido que a largura da área de contato (wA) é igual a largura do pneu (wpneu). Assim sendo, lA pode ser calculado pela equação 2. −+= orecomendad pneu pneuA p p dl ln16,011,047,0 2 (2) Em que, lA e dpneu é o comprimento da área de contato e o diâmetro do pneu (m), respectivamente tendo ppneu é a pressão de inflação atual do pneu e precomendada é a pressão de inflação recomendada pelo fabricante em kPa. O comprimento da área de contato é aumentada pelo aumento no dpneu e pelo decréscimo na relação ppneu/precomendada (Keller, 2005). A área de contato foi modelada a partir do modelo denominado super-elipse descrito por Hallonborg (1996) apud Keller (2005), o qual é um sistema de coordenadas ortogonais (Eq. 3). 1=+ n n n n b y a x (3) Em que, “a” e “b” são os parâmetros que representam a metade dos eixos da super elipse e “n” um número positivo real que determina a forma. A área do quadrante é dada pela equação 4. kabdx a x bA na n n quadrant = −= ∫ 1 0 1 (4) Onde, k é uma constante que é função do parâmetro de forma da super-elipse (n). Valores de k para diferentes valores de “n” podem ser encontrados por integração numérica. Nesta equação, isto foi assumido que o eixo longitudinal e transversal do rastro do pneu foram eixos de simetria, e então, estimado pela equação 5. AA AA lkw lw kkabA === 22 44 (5) Em que, A, WA e lA é a área de contato em m 2, a largura em (m) e o comprimentoda área de contato em (m), respectivamente. A área de contato – AC (m2) pode ser estimada alternativamente utilizando a equação 6 (Lanças et al., 2005), a qual considera que modelo da super-elipse pode ser estimado a partir da largura do pneu (WA)e do comprimento da área de contato (lA). AA lwAC ..78,0= (6) A tensão máxima vertical (σmax) foi calculada através de análise de regressão múltipla pelo modelo proposto por Keller (2005) (Eq. 7). −++= arecomendadP pneuP rodaFPpneu ln4,33 72,013,14,34maxσ (7) Onde, σmax é a tensão máxima vertical aplicada numa área radial; Ppneu é a pressão de inflação dos pneus em kPa; Froda é a carga da roda em kN; P recomendada é a pressão de inflação dos pneus recomendada pelo fabricante em kPa. A tensão máxima σmax aumenta com o incremento na Ppneu, aumento Froda e redução da relação Ppneu/Precomendada. As distribuições das tensões verticais para os rodados 6-16 (dianteiro) e 12.4-R28 (traseiro) foram obtidas utilizando o modelo Soilflex (Keller et al., 2007) a partir dos parâmetros de entrada: carga da roda, pressões de inflação dos pneus atual e recomendada pelo fabricante em uma determinada carga e larguras e diâmetro dos pneus. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados observou-se que quanto maior o diâmetro do pneu maior o comprimento da área de contato do rodado com o solo (Tabela 1). Portanto, o pneu traseiro 12.4-R28 apresentou maior comprimento da área de contato, maior largura e maior área de contato quando comparado ao pneu dianteiro 6-16. Esta característica associada à maior largura do pneu 12.4-R28 proporciona maior área do quadrante da super-elipse e consequentemente, maior área de contato do pneu com o solo. Com isso, reduz a tensão vertical média e a tensão máxima vertical aplicada ao solo pelo pneu 12.4-R28 quando comparado com o pneu 6-16 (Tabela 1). As áreas de contato obtidos neste estudo foram semelhantes as obtidas por Lanças et al. (2005) quando estes autores encontraram que as áreas dos pneus traseiros foram superiores aos dianteiros através de métodos de análises de imagem. No entanto, as áreas de contato dos pneus obtidas por estes autores foram superiores aos obtidos neste estudo, pois, os pneus que foram utilizados por Lanças et al. (2005) foram maiores 18.4-34, 18.4-R34, 520/70R34 (Traseiro) e 14.9-24, 14.9R24, 420/70R24 e 500/60-22.5 (dianteiro). A tensão vertical máxima aplicada pelo pneu 6-16 foi de 200–250 kPa e de 180–200 kPa para o pneu 12.4-R28 no centro do pneu e na direção da linha de tráfego do trator (Figura 1). Os valores de tensões verticais médias e máximas obtidas a partir dos parâmetros disponíveis nos pneus (Keller, 2005) e a partir dos parâmetros de entrada para o programa Soilflex (Keller et al., 2007) foram semelhantes aos observados por Araujo-Junior et al. (2011) utilizando o modelo Tyres/Tracks and Soil Compaction - TASC (Diserens, 2005). Estes autores observaram que os valores das tensões máximas aplicadas ao solo pelo pneu 6- 16 variaram de 200 a 220 kPa e para o pneu 12.4-R28 entre 120–140 kPa. Portanto, ambos os modelos podem ser - XXXIII CO�GRESSO BRASILEIRO DE CIÊ�CIA DO SOLO - - Resumo Expandido - 3 utilizados para a predição das tensões verticais médias e máximas. No entanto, ressalta-se que o modelo Soilflex é um modelo bi-dimensional que calcula o estado de tensão, mudanças na densidade do solo e deformações verticais devido ao tráfego de máquinas agrícolas. Por outro lado, o modelo TASC permite uma estimativa da profundidade de ocorrência do risco de compactação severa, além de observações das tensões compressivas num determinado ponto no solo e mudanças na estabilidade da estrutura do solo. CO�CLUSÕES 1. As tensões verticais médias exercidas pelos pneus 6-16 (dianteiro) e 12.4-R28 foram de 116 kPa e 78 kPa. 2. As tensões verticais máximas exercidas pelos pneus 6-16 (dianteiro) e 12.4-R28 foram 257 kPa e 192 kPa. 3. As pressões de inflação atual dos pneus (172 kPa para o pneu dianteiro e 124 kPa para o pneu traseiro) foram intermediárias às tensões verticais médias e tensões verticais máximas determinadas para os pneus 6-16 e 12.4-R28. 4. As equações apresentadas podem ser utilizadas para a predição da tensão máximas verticais exercidas por pneus agrícolas. AGRADECIME�TOS À Diretoria Técnico Científica – DTC do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR pelo apoio. REFERÊ�CIAS ARAUJO-JUNIOR, C. F.; DIAS JUNIOR, M. S. de; GUIMARÃES, P. T. G.; ALCÂNTARA, E. N. Capacidade de suporte de carga e umidade crítica de um Latossolo para o tráfego de um trator. Rev. Bras. Ci. Solo, 35: 115–131, 2011. BALASTREIRE, L. A. Máquinas agrícolas. São Paulo, Editora Manole, 1990. 307 p. DISERENS, E. TASC: tyres/tracks and soil compaction: a pratical tool to prevent soil compaction damage, MS Excel 2000. Zurich: Agroscope FAT Tänikon, 2005. 68 p. Manual. DISERENS, E. Calculating the contact area of trailer tyres in the field. Soil Till. Res., 103: 302–309, 2009. KELLER, T. Soil compaction and soil tillage – Studies in Agricultural Soil Mechanics. Upsala, Sweden, Doctoral thesis presented at Swedish University of Agricultural Sciences, 2004. 75 p. KELLER, T. A model for the prediction of the contact area and the distribution of vertical stress below agricultural tyres from readily available tyre parameters. Bios. Eng., 92: 85– 96. 2005. KELLER, T.; ARVIDSSON, J. Technical solutions to reduce the risk for subsoil compaction: effect of dual wheels, tandem axles and tyre inflation pressure on stress propagation in soil. Soil Till. Res., 79: 191–205, 2004. KELLER, T.; DÉFOSSEZ, P.; WEISSKOPF, P.; ARVIDSSON, J.; RICHARD, G. Soilflex: A model for prediction of soil stresses and soil compaction due to agricultural field traffic including a synthesis of analytical approaches. Soil Till. Res., 93: 391–411, 2007. LANÇAS, K. P. SILVA, R. B. da; GUERRA, S. P. S.; PEREIRA, F. J. de S.; ACOSTA, J. J. B.; JESUÍNO, P. R.; LANÇAS, K. J. G.; PAULA, C. A. de; CAMARGO, B. F.; CAVALHEIRO, B. A. Pneus radiais. Cultivar Máquinas, 48:3–10, 2005. SOANE, B. D. e van OUWERKERK, C. Soil compaction problems in world agriculture. In: SOANE, B. D. e van OUWERKERK, C., Ed. Soil compaction in crop production. Elsevier, Amsterdam, Netherlands, 1994. p. 1–21, 662 p. - XXXIII CO�GRESSO BRASILEIRO DE CIÊ�CIA DO SOLO - - Resumo Expandido - 4 Tabela 1. Parâmetros de forma de rodados de máquinas agrícolas, comprimento da área de contato, área de contato e tensões verticais médias e máximas. Pneus Parâmetros do modelo 6-16 (dianteiro) 12.4-R28 (traseiro) Largura do pneu (m) 0,16 0,32 Diâmetro do pneu (m) 0,41 0,71 Pressão de inflação máxima recomendada (kPa) 350 160 Pressão de inflação atual (kPa) 172 124 Carga nas rodas (kg) 683 1268 Força nas rodas (kN) 6,69 12,43 Forma da super elipse (adimensional) 2,03 2,32 Comprimento da área de contato (m) 0,60 0,68 Área do quadrante da super-elipse (m2) 0,02 0,04 Área de contato (m2) 0,06 0,16 Tensão vertical média (kPa) 116 78 Tensão vertical máxima (kPa) 257 192 Pneu 6-16 Pneu 12.4-R28 Figura 1: Tensões verticais exercidas pelos pneus 6-16 (dianteiro) e 12.4-R28 (traseiro) do trator cafeeiro Valmet 68.
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