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Resumo Contratos Civil Contrato de compra e venda, é um acordo formal entre duas partes que envolve a troca de um bem (produto ou serviço) por um preço. Abaixo, estão o s elementos constitutivos desse tipo de contrato: *Coisa deve ser determinada ou determinável, o u seja, deve ser possível identificar qual é o objeto do contrato, seja por meio de suas características físicas, descrições detalhadas ou por uma referência clara. Pode ser um bem móvel (como um carro, uma televisão) ou imóvel (como uma casa, um terreno). Em alguns casos, também pode ser um direito, como o direito de uso sobre algo. Importância: A coisa precisa existir, ser possível de ser transferida e estar em condições de ser entregue ao comprador. *Preço é o valoracordado entre as partes que o compradorse compromete a pagar ao vendedor em troca da coisa adquirida. Importância: O preço é o contraponto da venda. Sem ele, não há a relação de troca caracterizada pela compra e venda. Além disso, deve ser válido e não usurário o u excessivo, de acordo com a legislação aplicável. *Consentimento é a vontade das partes de celebrar o contrato, o u seja, a manifestação de interesse de comprar e vender. Importância: O consentimento válido é essencial para a existência do contrato. Se o consentimento for viciado, o contrato poderá ser anulado. Restrições legais a liberdade de comprar e vender 1. Venda a descendente sem consentimento dos demais herdeiros Art. 496 do Código Civil Exemplo prático: Um pai vende um imóvel para um de seus filhos por valor simbólico, sem consentimento dos demais filhos e do cônjuge. Essa venda pode ser anulada judicialmente. 2. Venda a cônjuge (em certos regimes de bens) Art. 499 do Código Civil: Detalhes: Necessita autorização judicial para evitar fraude contra credores ou manipulação patrimonial. Mesmo com separação convencional, a venda pode ser feita livremente, desde que não haja prejuízo a terceiros. Exemplo prático: Cônjuges casados sob comunhão universal de bens precisam da autorização do juiz para um vender imóvel ao outro. 3. Compra por pessoa encarregada de zelar pelo interesse do vendedor Art. 497 do Código Civil Exemplo prático: Um curador compra um imóvel pertencente ao curatelado, mesmo que a preço de mercado. Essa venda é nula por falta de imparcialidade. Ótimo! No Código Civil brasileiro, a compra e venda pode conter cláusulas especiais que modificam ou qualificam o s efeitos do contrato. Essas cláusulas estão previstas nos arts. 505 a 532 do Código Civil e são importantes porque regulam situações específicas com maior segurança jurídica. Principais cláusulas especiais da compra e venda: 1. Cláusula de retrovenda (art. 505 a 508 CC) Dá ao vendedor o direito de recomprar o bem vendido dentro de um prazo determinado (máximo 3 anos). • Deve constar expressamente no contrato. • O comprador é obrigado a devolver o bem, mediante restituição do preço e das despesas. • Prazo máximo: 3 anos. 2. Cláusula de venda a contento (art. 509 a 511 CC) A eficácia do contrato depende da satisfação do comprador com o bem. • Enquanto não se manifestar, presume-se não concluída a venda. • Pode ser expressa o u presumida da natureza do bem. 3. Cláusula de venda sujeita à prova (art. 509 a 511 CC) A venda só se aperfeiçoa se o comprador, após teste ou verificação, aprovar o objeto. • Muito usada em vendas técnicas o u industriais. • A prova deve ocorrer dentro de um prazo razoável. 4. Cláusula de preempção ou preferência (art. 513 a 520 CC) O vendedor pode reservar para si o direito de preferência na recompra do bem, caso o comprador deseje vendê-lo. • Deve constar no contrato. • O comprador, ao desejar vender, deve notificar o vendedor. • O vendedor tem 180 dias para exercer o direito. 5. Cláusula de venda com reserva de domínio (art. 521 a 528 CC) A propriedade do bem vendido só se transfere ao comprador após o pagamento integral do preço. • Muito usada em vendas a prazo (ex: financiamentos de veículos). • O comprador tem a posse, mas o vendedor mantém a propriedade até o pagamento total. • Deve ser registrada em cartório, no caso de bens móveis sujeitos a registro. 6. Venda ad mensuram e ad corpus (art. 500 a 504 CC) • Ad mensuram: venda com base em metragem exata (ex: terreno com 1.000 m²). • Ad corpus: venda por objeto certo, independentemente da medida (ex: “todo este terreno”). Resumo Tabela: Cláusulas Especiais Cláusula Conceito Base Legal Retrovenda Direito do vendedor de recomprar o bem Art. 505–508 Venda a contento Compra depende da satisfação do comprador Art. 509–511 Venda sujeita à prova Compra depende de teste ou verificação Art. 509–511 Preempção (preferência) Vendedor tem preferência na revenda do bem Art. 513–520 Reserva de domínio Propriedade só se transfere após pagamento total Art. 521–528 Venda ad mensuram/ad corpus Venda por medida exata ou por corpo certo Art. 500–504 Contrato estimatório é aquele em que uma pessoa (consignatário) recebe bens móveis de outra (consignante), com a obrigação de pagar um preço ajustado previamente, caso não o s devolva no prazo estabelecido. Art. 534 do Código Civil Exemplo prático: Uma fábrica de roupas entrega 100 peças a uma loja. A loja pode: Vender as peças e pagar o valor previamente combinado à fábrica. Ou, caso não venda todas, devolver as peças restantes dentro do prazo. Se não devolver, é obrigada a pagar por todas, mesmo que não as tenha vendido. A troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro (ou, pelo menos, não exclusivamente em dinheiro). Art. 533 do Código Civil Se uma das partes entrega um bem de menor valor, pode complementar a diferença com dinheiro, chamada “torna”. Ainda assim, o contrato permanece como troca, e não como compra e venda. Restrições específicas (art. 533 CC) Entre ascendente e descendente, é necessário consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, tal como na venda. Se uma das partes não é proprietária do bem trocado, e não puder transferi-lo, a outra parte não pode ser obrigada a entregar o seu (salvo se quiser). Exemplo prático João troca seu carro por uma moto de Pedro. Ambos entregam o s veículos mutuamente, e se uma das partes não cumprir, o contrato pode ser rescindido judicialmente. Se o carro vale R$ 40.000 e a moto R$ 35.000, João pode pagar uma torna de R$ 5.000, e o contrato continua sendo permuta. O comodato é o empréstimo gratuito de coisa infungível (isto é, que não se consome com o uso e deve ser devolvida exatamente a mesma) para uso por tempo determinado ou não. Art. 579 do Código Civil Elemento Descrição Gratuidade É sempre gratuito – se houver remuneração, trata-se de locação Objeto Apenas bens infungíveis e inconsumíveis (ex: casa, carro, livro) Natureza jurídica Contrato real (só se aperfeiçoa com a entrega do bem) Unilateral Só o comodatário (quem recebe) tem obrigações Prazo Pode ser determinado ou indeterminado Obrigações do comodatário (quem recebe o bem) Art. 582 do Código Civil Conservar e cuidar do bem como se fosse seu. Usar o bem conforme o combinado. Devolver o bem no prazo o u quando for exigido. Responde por perda ou dano, ainda que por caso fortuito, se usou indevidamente ou demorou a devolver. Término do comodato Se o prazo é determinado, o bem deve ser devolvido ao final do período. Se o prazo é indeterminado, o comodante pode pedir a devolução a qualquer tempo (com razoável antecedência). A morte do comodatário não extingue o contrato, mas obriga os herdeiros à devolução (art. 583 CC). Exemplo prático: Um amigo empresta gratuitamente seu notebook para outro usar durante um mês. Trata-se de comodato. O notebook deve ser devolvido no mesmo estado, findo o prazo. O mandato é o contratopelo qual alguém (mandante) confere poderes a outra pessoa (mandatário) para agir em seu nome na prática de atos jurídicos. Arts. 653 a 692 do Código Civil Tipos de mandato Tipo Explicação Mandato geral Abrange todos os negócios do mandante (necessita especificação dos limites) Mandato especial Refere-se a atos específicos (ex: vender um imóvel) Mandato com representação O mandatário age em nome do mandante, com efeitos diretos a este Mandato sem representação O mandatário age em nome próprio, mas os efeitos recaem sobre o mandante Procuração A procuração é o instrumento pelo qual se outorga o mandato, geralmente por escrito. Ex: Procuração pública para venda de imóvel, outorgada por escritura em cartório. Obrigações do mandatário Executar fielmente o mandato. Prestar contas ao mandante. Responder por perdas e danos em caso de dolo o u culpa. Obrigações do mandante Pagar as despesas e reembolsos. Remunerar o mandatário, se for um mandato oneroso. Honrar o s atos praticados nos limites dos poderes conferidos. Extinção do mandato (Art. 682 CC) O mandato extingue-se por: Revogação (pelo mandante). Renúncia (pelo mandatário). Morte ou incapacidade de qualquer das partes. Término do prazo ou cumprimento do objeto. Obs.: Há hipóteses em que o mandato pode continuar mesmo após a morte, como no interesse de herdeiros ou para evitar prejuízo (art. 683). Exemplo prático: Um proprietário de imóvel dá procuração com poderes específicos a um corretor para vender o imóvel em seu nome. Trata-se de mandato com representação, e o corretor será mandatário. A doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por liberalidade, transfere gratuitamente bens o u vantagens de seu patrimônio a outra. Art. 538 do Código Civil: Características da doação Elemento Descrição Gratuidade Não há contraprestação (se houver, é outro tipo de contrato) Liberalidade Parte da vontade livre do doador, sem obrigação Contrato unilateral Apenas o doador tem obrigações Formalidade Deve ser feita por escrito (salvo se for doação de pequeno valor e de entrega imediata) Requisitos para validade: Capacidade do doador: deve ter plena capacidade civil. Capacidade do donatário: pode aceitar por si o u por representante legal. Aceitação: é necessária (pode ser expressa ou tácita). Forma escrita: exigida, salvo exceções (art. 541 CC). ESPÉCIES DE DOAÇÃO: 1. Doação pura. É feita de forma gratuita e imediata. Exemplo: doação de um valor em dinheiro sem exigência alguma. 2. Doação condicional Exemplo: doação de um imóvel sob condição de que o donatário conclua um curso superior. 3. Doação a termo. Tem um termo inicial ou final. Exemplo: doação que só produz efeitos após certa data (termo inicial) ou que se extingue em determinada data (termo final). 4. Doação modal Exemplo: doar dinheiro com a condição de que seja usado para custear uma cirurgia. 5. Doação remuneratória. Recompensa por serviços prestados sem obrigação legal. Exemplo: doação feita a alguém em retribuição por ter cuidado do doador sem exigência contratual. 6. Doação contemplativa ou meritória. Feita por reconhecimento de méritos do donatário. Exemplo: doação a um artista por sua contribuição cultural. 7. Doação ao nascituro Exemplo: doação feita ao filho que ainda está sendo gestado. 8. Doação em forma de subvenção periódica Exemplo: pagamento mensal a uma instituição beneficente. 9. Doação de trato sucessivo. Executada em parcelas sucessivas ao longo do tempo. Exemplo: doação mensal de uma quantia por um período de 5 anos. 10. Doação em contemplação de casamento futuro. Se o casamento não ocorrer, a doação pode ser revogada. 11. Doação entre ascendentes e descendentes. Pode ser considerada adiantamento de herança. 12. Doação entre cônjuges Admitida, exceto se casados sob o regime da comunhão universal ou separação obrigatória de bens. 13. Doação com cláusula de reversão universal. O bem retorna ao doador ou a terceiro se o donatário falecer antes. 14. Doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice. Pode ser anulada, se provar que houve intenção de beneficiar o cúmplice do adultério. 15. Doação a entidade futura. Feita a entidade ainda não constituída. 16. Doação conjuntiva. Feita a várias pessoas ao mesmo tempo. 17. Doação inoficiosa. Ultrapassa a parte disponível do patrimônio, lesando a legítima dos herdeiros necessários. 1. A revogação da doação só é permitida nos casos expressamente previstos em lei, ou seja, taxativos, não se admitindo analogia ou ampliação. As principais hipóteses são: Por ingratidão (art. 557 do CC). Por inexecução do encargo (doações modais – art. 562 do CC). 2. Legitimidade e Ação Revocatória Legitimidade ativa: apenas o doador ou seus herdeiros necessários (em caso de falecimento do doador após o prazo decadencial iniciado). Ação revocatória é de natureza personalíssima, e não se transmite aos herdeiros, salvo se já proposta em vida. Não se admite revogação parcial, exceto na hipótese de encargo parcialmente descumprido. 3. Revogação por Ingratidão: Ocorre quando o donatário comete atos graves contra o doador: Atentado contra a vida; Ofensa física; Injúria grave; Prazo decadencial: 1 ano a contar do fato, ou da ciência dele pelo doador. 4. Revogação por Inexecução do Encargo: Se o donatário não cumpre o encargo estabelecido (modal), a doação pode ser revogada. O juiz pode conceder prazo para cumprimento, antes de revogar. 5. Doação Resolúvel. Exemplo: cláusula de que o bem retorna ao doador se o donatário falecer. 6. Prazo para Propositura da Ação Revocatória Por ingratidão: 1 ano da ciência do fato. Por inexecução do encargo: 10 anos (prazo prescricional geral). 7. Restrições à Liberdade de Doar O doador não pode prejudicar os herdeiros necessários. 8. Cláusulas Restritivas Podem ser impostas à doação: Inalienabilidade, Impenhorabilidade, Incomunicabilidade Essas cláusulas: Devem estar expressas no título. Exigem justa causa, especialmente em testamentos. Visam proteger o bem contra credores ou terceiros. 9. Adiantamento da Legítima: Doações feitas a herdeiros presumidos presumem-se adiantamento da legítima. 10. Parte Disponível do Patrimônio: Corresponde à metade do patrimônio do doador, quando há herdeiros necessários.