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6 - TEORIA DO FATO JURÍDICO E NEGÓCIO JURÍDICO

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Direito Civil – Teoria do Fato Jurídico e Negócio Jurídico
6 – TEORIA DO FATO JURÍDICO E NEGÓCIO JURÍDICO
Teoria do fato jurídico
Fato jurídico: é todo acontecimento natural ou humano que deflagra efeitos jurídicos. Para ser fato jurídico deve haver importância para o direito, deve ser qualificado pelo direito. Um fato jurídico pode criar, extinguir ou modificar relações jurídicas. É subdividido em:
Fato jurídico em sentido estrito: é o acontecimento natural. Não podem ser analisados sob o prisma da validade. 
Ordinário: quando for comum, previsível. Ex.: nascimento.
Extraordinário: quando for incomum, imprevisível. Ex.: uma nevasca em Salvador.
Ato-fato jurídico: consiste em comportamento que, embora derive da atuação humana, é desprovido de vontade consciente em direção ao resultado que se pretende atingir. Também produz efeitos jurídicos.
Obs.: qual a natureza jurídica da venda de um doce a uma criança de 5 anos de idade? É um contrato de compra e venda, conquanto nulo, é socialmente aceito. Em verdade, Jorge Cesa Ferreira, entende que essa venda enquadra-se melhor como sendo ato-fato jurídico. Sendo um ato-fato, não há que se falar em nulidade.
Ações humanas:
Lícitas: é o que se pode dizer, tecnicamente, de atos jurídicos. Seguindo a doutrina dualista, o Código, diferentemente do Código de 1916 que era unitarista, subdivide os atos jurídicos em:
Atos jurídicos em sentido estrito: também chamado de ato não-negocial, previsto no art.185, traduz um simples comportamento humano voluntário e consciente, cujos efeitos estão predeterminados na lei. Ex.: fixação de domicílio voluntário, pesca, especificação etc. Não há liberdade negocial.
Negócios jurídicos: há liberdade, ainda que condicionada, de fixação dos efeitos do ato jurídico que se realiza. 
Ilícitas: são os atos ilícitos e o abuso de direito. O Código atual não tratou os atos ilícitos como espécie de atos jurídicos, pois são tratados em título próprio. 
Negócio Jurídico
A teoria do negócio jurídico foi desenvolvida no direito alemão. 
O negócio jurídico é mais do que um ato jurídico em sentido estrito, é uma declaração de vontade emitida com base na autonomia privada e por meio da qual o agente autodisciplina os efeitos jurídicos que pretende atingir. Caracteriza-se pela autonomia privada e liberdade negocial.
Georges Ripert em “A regra moral nas obrigações civis”, diz que o contrato de adesão é muito mais fruto de uma autoridade privada do que de uma autonomia privada. Mas mesmo nesses contratos existe alguma liberdade, alguma autonomia, mesmo que seja de aderir ou não. Negócio jurídico sem a mínima autonomia que seja não é negócio jurídico. Não há negócio jurídico sem vontade.
A autonomia privada, núcleo do negócio jurídico, encontra-se hoje condicionada a parâmetros constitucionais de ordem superior, a exemplo dos princípios da função social e da boa fé objetiva. São elementos de contenção dos contratos.
Teorias explicativas da natureza do negócio jurídico
Da vontade interna ou voluntarista: é a mais tradicional. Afirma que a base do negócio jurídico é a intenção. O negócio jurídico explica-se pela vontade interna do agente, art. 112 do CC.
Da vontade externa ou da declaração: afirma que o negócio jurídico se traduz na vontade externa ou declarada. O negócio jurídico se explica pela vontade declarada do agente.
As duas teorias, em verdade, se harmonizam, pois o negócio jurídico é fruto da soma da vontade interna com a vontade que se declara. Tanto que se a vontade interna for diversa da vontade declarada pode haver vício de consentimento.
O que é teoria de pressuposição (Windscheid)? 
É a teoria, segundo a qual, o negócio jurídico somente seria considerado válido e eficaz se a certeza subjetiva do declarante, ao realizar o ato, não se modificasse. Não é aplicada atualmente.
Subdivisão do negócio jurídico em três planos de análise:	
Plano de existência: analisa os elementos constitutivos do negócio jurídico, ou seja, os requisitos de existência do negócio jurídico. São quatro os elementos de existência:
Manifestação de vontade: resulta da vontade interna mais a vontade externa. Ausente esta o negócio é inexistente. Ex.: coação física
No que tange à manifestação de vontade, o silêncio pode como tal ser compreendido? 
Em linha de principio, lembra-nos Caio Mario, o silêncio é a ausência de manifestação de vontade; no entanto, excepcionalmente, nos termos do art. 111 do CC, o silêncio pode traduzir vontade. Ex: art. 539 do CC.
Veremos abaixo que o silêncio pode também significar quebra de boa fé objetiva por dolo negativo (art. 147). 
Agente: o emissor da vontade.
Objeto: sobre o qual recai a vontade. 
Forma: É o meio pelo qual a vontade se exterioriza, ou seja, o revestimento exterior da vontade. Sem uma dada forma o negócio não existe. Pode ser oral, mímica, escrita etc. (Vicente Ráo).
Plano de validade: é um plano qualificativo dos elementos da existência para que possa produzir efeitos. São pressupostos de validade:
Manifestação de vontade livre e de boa fé
Agente capaz e legitimado
Objeto lícito, possível e determinado(vel): em geral, na doutrina civilista licitude significa legalidade e adequação ao padrão médio de moralidade. Com isso, um contrato de prestação de serviços sexuais é inválido.
Forma livre ou prescrita em lei: no direito brasileiro, a regra é a liberdade da forma nos negócios jurídicos (art. 107 do CC). Mas há casos em que a lei exige forma escrita para a validade do negócio jurídico (art. 108 do CC). A promessa de compra e venda pode ser lavrada de forma particular. 
Plano de eficácia: estuda os elementos que interferem nos efeitos jurídicos do negócio. (condição, termo e modo ou encargo)
Defeitos do negócio jurídico
Erro: está disciplinado a partir do art. 138 do CC. Teoricamente existe diferença entre erro (falsa representação positiva da realidade) e a ignorância (estado de espírito negativo, traduzindo desconhecimento).
O erro é causa de anulação do negócio jurídico.
Características do erro: para que se anule um negócio jurídico, o erro deve ser (doutrina tradicional):
Substancial;
Escusável;
A doutrina moderna, à luz do princípio da confiança e considerando a dificuldade na análise da escusabilidade do erro, tem dispensado esse último requisito (ver enunciado 12 da primeira jornada do CJF). 
“Enunciado12 – Art. 138: na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança”.
Seguindo a doutrina de Roberto de Ruggiero, podemos identificar basicamente três espécies de erro: 
Erro sobre o negócio: o erro recai sobre a declaração de vontade emitida. 
Erro sobre o objeto: o erro recai sobre as suas características.
Erro sobre a pessoa: incide no agente que emite a vontade. 
Obs.: A principal aplicação do erro sobre pessoa nós veremos no direito de família, quando estudarmos os art. 1.556 e 1.557 do CC, que cuidam “Da anulação do casamento por erro sobre pessoa”.
O CC adotou o erro de direito?
Clóvis Beviláqua não gostava da expressão “erro de direito”, razão por que o CC/16 não era explícito no tema. Eduardo Espínola, Carvalho Santos e Caio Mário defendiam essa possibilidade. É igual ao erro de tipo (fatos) e o erro de proibição (normas). O erro de direito é como o erro de proibição do direito civil, é o erro que recai sobre a norma. 
O erro de direito é um erro de interpretação da norma. À luz do princípio da boa fé, o novo direito civil (art. 139, III, do CC) passou a admitir explicitamente o erro de direito como aquele que, sem traduzir intencional recusa à aplicação da lei, incide no âmbito de atuação permissiva da norma. 
Qual é a diferença entre erro e vício redibitório?
O erro atua no psiquismo do agente, invalidando o negócio jurídico; já o vício redibitório é defeito da própria coisa, sendo, portanto, exterior ao agente; além disso, o vício redibitório gera responsabilidade civil, mas não invalida o negócio.Dolo: é o artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro, com o propósito de enganar a outra parte do negócio, causando-lhe prejuízo. “Dolo é o erro provocado”.
O dolo gera a anulação do negócio jurídico. 
O dolo, segundo a doutrina clássica, pode ser:
Dolus bônus: não vicia o negócio jurídico e é aceito juridicamente. É muito utilizado como técnica de publicidade. Ex.: as fotos sanduíche nas lanchonetes, o cabelo da mulher na propaganda do shampoo. A linha divisória com o dolus malus é muito tênue.
Dolus malus: vicia o negócio.
Obs.: a mensagem subliminar, aquela que atua inconscientemente em face do consumidor, induzindo-o a determinado comportamento, pode traduzir comportamentos dolosos e prática comercial abusiva, situações juridicamente reprováveis. 
Espécies de dolo:
Principal: apenas este anula o negócio jurídico. Atua na sua causa, na substância do negócio jurídico. Art. 145 do CC.
Acidental: Não anula o negócio, gerando apenas a obrigação de pagar perdas e danos. Art. 146 do CC. 
O que é dolo negativo?
O dolo negativo, previsto no art. 147 do CC, traduz quebra de boa fé objetiva por omissão dolosa da vontade. Pode gerar a anulação do contrato, dependendo do caso concreto. Vide também o dolo do representante, art. 149.
Havendo dolo bilateral, nos termos do art. 150 do CC, “deixa-se como está”, não podendo nenhuma das partes alegar a sua torpeza em juízo. Não é uma compensação de dolo.
Dolo de terceiro: no caso do dolo de terceiro, regulado no art. 148, não posso esquecer que a anulação só ocorrerá se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber do engodo; em caso contrário, o negócio é mantido e apenas o terceiro responde pelas perdas e danos. 
Coação: lembra-nos Francisco Amaral que coação é sinônimo de violência, ou seja, é a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja celebrar.
A coação gera a anulação do negócio.
A coação é apreciada em concreto, art. 152 do CC. Sem essa de “homem médio”!
Não se deve confundir coação com temor reverencial e ameaça do exercício regular de direito. Art. 153. 
Temor reverencial é simples respeito à autoridade, seja familiar, empresarial, militar etc.
Coação de terceiro: Havendo coação de terceiro, o negócio é anulado desde que o beneficiário saiba ou tenha como saber do vício, respondendo solidariamente por perdas e danos. Caso não saiba ou não tenha como saber, o negócio é mantido, respondendo apenas o terceiro por perdas e danos. Art. 154 e 155 do CC.
Lesão: é causa de invalidade do negócio jurídico. Consiste na desproporção existente entre as prestações do negócio jurídico, em face do abuso da necessidade ou inexperiência de uma das partes. 
A primeira lei que cuidou da lesão no Brasil, foi a Lei nº 1.521/51, lei de economia popular, no art. 4º, ou seja, tipificava o crime de usura.
Obs.: antes do CDC e do Novo CC, ausente uma norma de direito privado que cuidasse da lesão, havia entendimento no STJ (Resp 434.687) no sentido de que negócio com lesão seria nulo por ilicitude do objeto. 
O CDC foi a primeira grande lei que combateu a lesão no direito privado, art. 6º, V, 39, V e 51, IV. Neste diploma a lesão é causa de nulidade absoluta no negócio de consumo. Isso porque a lesão nos contratos de consumo fere o princípio constitucional de defesa do consumidor.
No CC a lesão, nas relações civis em geral, é causa de anulação do negócio jurídico. Art. 157 CC.
Requisitos teóricos da lesão: doutrina:
Objetivo: desproporção entre as prestações pactuadas, ou seja, o desequilíbrio prestacional.
Subjetivo: desdobra-se em:
Abuso da necessidade ou inexperiência de uma das partes. Art. 157 do CC.
Dolo de aproveitamento (doutrina clássica): é a intenção de prejudicar, de aproveitar. Todavia, o CC não exige a demonstração do dolo de aproveitamento.
O critério para se aferir a lesão é aberto, ou seja, o juiz deverá analisar no caso concreto. Art. 157, § 1º do CC.
Entretanto, à luz do princípio da conservação, o § 2º do art. 157 do CC, admite que as partes possam reequilibrar o negócio, evitando a sua anulação.
Qual é a diferença entre lesão e teoria da imprevisão? 
A similitude é o desequilíbrio das prestações. Entretanto, a lesão é marcada pelo desequilíbrio que nasce com o contrato, tornando-o passível de invalidação; diferentemente, a teoria da imprevisão pressupõe contrato válido que se desequilibra depois; vale dizer, na imprevisão o desequilíbrio é superveniente. A aplicação da teoria da imprevisão não desemboca na invalidade do contrato, ou o resolve ou o revisa. 
Estado de perigo: trata-se de uma aplicação do estado de necessidade para o direito civil. Configura-se quando o agente, diante de situação de perigo de dano, conhecido pela outra parte, assume prestação excessivamente onerosa.
O dano é à saúde, à vida, sua ou de sua família;
Premido da necessidade de salvar-se;
Assume obrigação desproporcionalmente onerosa.
Causa a anulação do negócio jurídico.
Exemplo é o cheque caução dado para atendimento em hospital. Resp. 918.392 e 796.739. O reconhecimento do estado de perigo e da lesão no Novo CC significa o respeito ao princípio da função social, como forma de coibir o abuso de direito e do poder econômico. MPF. A Agência Nacional de Saúde – ANS -, por meio da resolução 44/03, nos seus termos proíbe a exigência desse tipo de caução, estabelecendo que as denúncias deverão ser remetidas ao MPF. 
Simulação: na simulação, celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que, em verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente deveria produzir. As partes se unem para celebrar um contrato que não produzirá os efeitos próprios do contrato.
Gera nulidade absoluta, nos termos do art. 167 do CC. 
No CC/16 a simulação gerava anulabilidade, aplicando-se essa regra aos contratos celebrados na sua vigência. 
Espécies de simulação: 
Absoluta: é aquela que ocorre quando se celebra um negócio jurídico destinado a não gerar efeito algum.
Relativa: também chamada de dissimulação, as partes celebram um negócio destinado a encobrir outro negócio, cujos efeitos são proibidos por lei. À luz do princípio da conservação, se o juiz puder, aproveitará o negócio dissimulado. 
A pessoa casada, mas separada de fato, pode doar um bem à pessoa com que está convivendo?
Sim, existe união estável nesse caso. É um exemplo de aproveitamento do negócio dissimulado, caso o doador simule uma compra e venda para fazer uma doação.
Como a simulação gera nulidade, considerando-se que o negócio nulo pode ser inclusive reconhecido de ofício pelo juiz, qualquer dos simuladores poderá impugnar o negócio em juízo. (ver enunciado 294 da 4º Jornada do CJF). Isso porque o negócio nulo pode ser alegado por qualquer interessado, mesmo que sejam os simuladores. 
Enunciado 294: “Arts. 167 e 168. Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, pode ser alegada por uma das partes contra a outra”.
O que é contrato de vaca-papel?
Trata-se de um contrato agrário (de parceria pecuária) que, em verdade, mascara (dissimula) um empréstimo a juros extorsivos.
O STJ já se pronunciou dizendo que esse contrato é simulado no Resp 441.903. 
“Civil. Recurso Especial. Contrato simulado de parceria pecuária."Vaca-papel". Mútuo com cobrança de juros usurários. Anulação do negócio jurídico. Pedido de um dos contratantes. Possibilidade. É possível que um dos contratantes, com base na existência de simulação, requeira, em face do outro, a anulação judicial do contrato simulado de parceria pecuária, que encobre mútuo com juros usurários. Recurso Especial parcialmente provido.”
O que é reserva mental?
A reserva mental se configura quanto o agente emite declaração de vontade, resguardando o íntimo propósito de não cumprir o efeito jurídico pretendido. 
Qual é a conseqüência jurídica que decorre da manifestação da reserva, ou seja, o que se dá quando a outra parte toma conhecimento da reserva? Duascorrentes:
1ª Corrente: defendida pelo Ministro Moreira Alves e adotada no art. 110 do CC, sustenta que, tomando ciência da reserva a outra parte, o negócio se torna inexistente. Na primeira fase essa é a melhor, mais legalista.
2ª Corrente: uma segunda corrente doutrinária defendida por Pablo Stolze e Carlos Roberto Gonçalves diz que manifestada a reserva mental e dela tomando conhecimento a outra parte, o negócio torna-se inválido por dolo ou simulação. Na segunda fase de concurso essa é a melhor.
Fraude contra credores: traduz a prática de um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor, prejudicando credor preexistente. A fraude contra credores pressupõe que a insolvência do devedor seja atual ou iminente.
Obs.: existem duas diferenças básicas entre a fraude contra credores e a simulação: na fraude, não há necessário disfarce e, além disso, a sua vítima é específica (o credor preexistente). 
Requisitos: 
Concilium fraudis: é a má fé os contratantes;
Eventus damni: é o prejuízo ao credor.
A doutrina (Maria Helena Diniz e Marcos Bernardes de Melo) costuma afirmar que alguns atos fraudulentos são tão graves que o requisito da má fé é presumido. 
Para se provar fraude no negócio oneroso, além da má fé e do prejuízo (concilium fraudis e eventus damni), deve ficar provado também (art. 159 do CC) ou que a insolvência era notória ou que havia motivo para ser conhecida do outro contratante.
Observações fundamentais:
A fraude contra credores, consoante a Súmula 195 do STJ, não pode ser alegada em embargos de terceiro.
O STJ, recentemente, em julgado de 14 de maio de 2008, firmou a competência da justiça comum para analisar fraude contra credores mesmo que o crédito seja trabalhista.
Não se deve confundir a fraude contra credores com a fraude à execução.
A fraude à execução é instituto processual, podendo o juiz pronunciar a sua nulidade absoluta de ofício (resguardado o direito de defesa) e se configura quando já existe contra o devedor demanda capaz de reconhecer ou reduzi-lo à insolvência; já na fraude contra credores, ainda não existe demanda instaurada contra o devedor (ver Resp 684.925).
“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ALIENAÇÃO JUDICIAL DE BEM NA PENDÊNCIA DE EXECUÇÃO FISCAL. FRAUDE À EXECUÇÃO CONFIGURADA.
1. A fraude à execução consiste na alienação de bens pelo devedor, na pendência de um processo capaz de reduzi-lo à insolvência, sem a reserva - em seu patrimônio - de bens suficientes a garantir o débito objeto de cobrança. Trata-se de instituto de direito processual, regulado no art. 593 do CPC, e que não se confunde com a fraude contra credores prevista na legislação civil. 
2. O escopo da interdição à fraude à execução é preservar o resultado do processo, interditando na pendência do mesmo que o devedor aliene bens, frustrando a execução e impedindo a satisfação do credor mediante a expropriação de bens.
3. A caracterização da fraude à execução prevista no art. 185 do CTN, na redação anterior à conferida pela LC 118/2005, reclama que a alienação do bem ocorra após a citação do devedor. Nesse sentido, (Resp 741.095, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 30/05/2005;Resp 241.041, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ de 06/06/2005) 
4. Consoante consta dos autos, a empresa foi regularmente citada, oferecendo à penhora caixas plásticas de vasilhame padrão Skol e garrafas de vidro do mesmo padrão. O Fisco discordou da nomeação e requereu que a constrição recaísse sobre o imóvel matriculado no Ofício de Registro de Imóveis de Caxias do Sul, o que foi deferido pelo Juízo. Lavrado o Auto de Penhora e Depósito do Imóvel (fl.40), foi expedido o ulterior mandado de Registro de Penhora, o qual foi negado pelo Cartório, sob o fundamento de que o imóvel não mais pertencia à empresa executada.
5. In casu, o fato de a constrição do bem imóvel não ter sido registrada no competente Registro de Imóveis, beneficiaria apenas o terceiro adquirente de boa-fé, posto que a novel exigência do registro da penhora, muito embora não produza efeitos infirmadores da regra prior in tempore prior in jure, exsurgiu com o escopo de conferir à mesma efeitos erga omnes para o fim de caracterizar a fraude à execução. Aquele que não adquire do penhorado não fica sujeito à fraude in re ipsa, senão pelo conhecimento erga omnes produzido pelo registro da penhora.
6. Recurso Especial desprovido”.
A ação para impugnar a fraude contra credores é a ação pauliana ou revocatória que é uma ação pessoal, cujo prazo para sua propositura é de quatro anos.
Legitimidade ativa: credor preexistente, independente de ser credor com ou sem garantia. 
Em geral, é o credor sem garantia (quirografário) que tem interesse e legitimidade na pauliana; sucede que, nos termos do § 1º do art. 158, fica claro que também o credor com garantia pode manejar a pauliana se garantia se tornou insuficiente. 
Legitimidade passiva: o devedor insolvente e a pessoa que com ele celebrou o ato fraudulento. 
Nos termos do art. 161, influenciado pela doutrina de Carvalho de Mendonça, o terceiro (além das partes do primeiro contrato) só deverá integrar a lide no pólo passivo se tiver atuado de má fé. 
Se o terceiro estiver de boa fé, as coisas ficam como estão, e o credor terá que buscar outros bens do devedor em respeito ao princípio da boa fé objetiva.
Natureza jurídica da sentença na ação pauliana ou revocatória
1ª Corrente: a doutrina tradicionalmente (Moreira Alves, Clóvis Beviláqua, Nelson Nery e outros) sustenta, na forma do art. 165, que a sentença na pauliana é desconstitutiva anulatória.
2ª Corrente: defendida por Teori Zavascki, Yussef S. Cahali, Frederico Pinheiro, discordam da teoria anulatória e sustentam que, em verdade, a sentença pauliana é simplesmente declaratória da ineficácia relativa do negócio fraudulento. (Resp 506.312).
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALÍNEA C. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO DISSÍDIO. FRAUDE CONTRA CREDORES. NATUREZA DA SENTENÇA DA AÇÃO PAULIANA. EXECUÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIRO. DESCONSTITUIÇÃO DE PENHORA SOBRE MEAÇÃO DO CÔNJUGE NÃO CITADO NA AÇÃO PAULIANA.
1. O conhecimento de recurso especial fundado na alínea c do permissivo constitucional exige a demonstração analítica da divergência, na forma dos arts. 541 do CPC e 255 do RISTJ.
2. A fraude contra credores não gera a anulabilidade do negócio — já que o retorno, puro e simples, ao status quo ante poderia inclusive beneficiar credores supervenientes à alienação, que não foram vítimas de fraude alguma, e que não poderiam alimentar expectativa legítima de se satisfazerem à custa do bem alienado ou onerado.
3. Portanto, a ação pauliana, que, segundo o próprio Código Civil, só pode ser intentada pelos credores que já o eram ao tempo em que se deu a fraude (art. 158, § 2º; CC/16, art. 106, par. único), não conduz a uma sentença anulatória do negócio, mas sim à de retirada parcial de sua eficácia, em relação a determinados credores, permitindo-lhes excutir os bens que foram maliciosamente alienados, restabelecendo sobre eles, não a propriedade do alienante, mas a responsabilidade por suas dívidas.
4. No caso dos autos, sendo o imóvel objeto da alienação tida por fraudulenta de propriedade do casal, a sentença de ineficácia, para produzir efeitos contra a mulher, teria por pressuposto a citação dela (CPC, art. 10, § 1º, I). Afinal, a sentença, em regra, só produz efeito em relação a quem foi parte, "não beneficiando, nem prejudicando terceiros" (CPC, art. 472).
5. Não tendo havido a citação da mulher na ação pauliana, a ineficácia do negócio jurídico reconhecido nessa ação produziu efeitos apenas em relação ao marido, sendo legítima, na forma do art. 1046, § 3º, do CPC, a pretensão da mulher, que não foi parte, de preservar a sua meação, livrando-a da penhora. 5. Recurso especial provido”.
Invalidade do negócio jurídico 
Pressupostos:
Toda nulidade deve estar previstas em lei.
Para que se possa falar em nulidade deve haver prejuízo.
Espécies:
Nulidade absoluta (nulo):é um vício de maior gravidade, pois viola normas de ordem pública.
Nulidade relativa (anulabilidade)
Nulidade absoluta:
A base jurídica dessa nulidade está nos arts. 166 e 167 do CC. 
Será nulo o negócio jurídico quando:
Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
O motivo determinante (causa), comum a ambas as partes, for ilícito
O inciso III do art. 166 considera nulo um negócio jurídico quando a sua causa for ilícita. Há diferença entre motivo e causa. O que CC chama de motivo, em verdade, é uma causa.
O motivo do negócio jurídico não interessa para o direito. Ele pertence somente ao agente e varia de acordo com a sua vontade.
A causa é a finalidade ou, como dizem os italianos (Ascarelli, Cariota Ferrara), é a função do negócio jurídico, não se confundindo com o motivo psicológico.
Ex.: contrato de aluguel de um imóvel que será utilizado para instalar uma casa de prostituição. Seguro de carro para praticar racha.
Não revestir a forma prescrita em lei.
For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade.
Tiver por objetivo fraudar a lei imperativa.
A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem sanção.
Obs.: o princípio da conservação, muito bem desenvolvido por autores como Marcos Bernarde de Mello, sustenta que o juiz, sempre que possível, deverá conservar ou manter um negócio impugnado por invalidade; é o exemplo da chamada “redução do negócio jurídico” em que o juiz afasta a cláusula de invalidade mantendo o restante da avença.
Características do negócio nulo:
O negócio nulo pode ser pronunciado de ofício pelo juiz ou por provocação de qualquer interessado (art. 168).
Obs.: a lei não estipula legitimados específicos para impugnar o negócio nulo, utilizando a expressão “qualquer interessado”. 
O negócio nulo, por ser grave, não admite confirmação ou ratificação (art. 169, primeira parte).
O negócio nulo é imprescritível, ou seja, não convalesce com o decurso do tempo. Mas os efeitos patrimoniais prescrevem (art. 169, segunda parte). A declaração da nulidade é imprescritível, apenas os efeitos patrimoniais é que prescrevem.
Nos termos do art. 182, aplicável também à espécie, conclui-se que a sentença que declara a nulidade absoluta opera efeitos ex tunc.
Nulidade relativa ou anulabilidade
A base do negócio anulável está no art. 171 do CC.
Casos de anulabilidade, rol exemplificativo:
Incapacidade relativa do agente; 
Vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. 
Características do negócio anulável:
O negócio anulável não pode ser pronunciado de ofício pelo juiz, exigindo ação anulatória pelo legítimo interessado (art. 177).
Obs.: Pontes de Miranda diz que o negócio anulável tem uma eficácia potencialmente temporária ou interimística. Enquanto não proferida uma sentença de anulação o negócio produzirá seus efeitos.
A ação anulatória não é imprescritível, submetendo-se aos prazos decadenciais de lei (art. 178 e 179).
Se a lei disser que o ato é anulável, mas não estabelecer o prazo este será de 2 anos a contar da data do ato. Ex.: a venda de ascendente para descendente, art. 496, é anulável no prazo de 2 anos, estando prejudicada a súmula 494 do STF.
A despeito da polêmica (Maria Helena Diniz), perfilhamos o pensamento de Humberto Teodoro Júnior no sentido de que a sentença anulatória tem eficácia também ex tunc.
Obs.: como a sentença que anula ataca o negócio que foi celebrado no passado, por óbvio produziu efeitos retroativos, já que desconstituiu o contrato, fazendo com que as partes voltem ao estado anterior. (art. 182).
Admite confirmação: esta pode ser expressa ou tácita
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. 
Existe nulidade superveniente?
Há autores como Martinho Garcez Neto que indicam esta possibilidade. Ex.: um bem importado que passa a ser proibido no país, sendo este objeto de um contrato de trato sucessivo.
O que é conversão do negócio jurídico?
Trata-se de uma medida sanatória do negócio inválido, por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais do negócio jurídico, convertendo-o em outra categoria de negócio válido.
A conversão é influenciada pelo princípio da conservação e também é uma forma de aproveitamento do negócio inválido.
Pode ser aplicada tanto para o negócio nulo quanto para o anulável, muito embora pela letra do art. 170 do CC, só se aplica ao negócio nulo.
Requisitos da conversão:
Objetivo: é o aproveitamento material ou fático do negócio inválido.
Subjetivo: é a intenção das partes, ou seja, se tivessem previsto a nulidade, as partes teriam realizado o negócio convertido.
Ex.: contrato de compra e venda de imóvel no valor de R$ 500.000,00, feito em instrumento particular, convertendo-a em promessa de compra e venda que não necessidade da forma pública.
Plano da eficácia do negócio jurídico (elementos acidentais)
Condição: é o acontecimento futuro e incerto que subordina o início ou o fim da eficácia jurídica do negócio.
Características
Futuridade: Spenser Vampré diz que fato passado não caracteriza a condição. 
Incerteza: essa incerteza é quanto à ocorrência do fato.
Obs: a morte é uma condição?
Em regra a morte não é condição, pois a morte é certa. Todavia, a morte pode transformar-se em condição quando a sua ocorrência é limitada no tempo.
A condição somente deriva da vontade da parte.
Classificação da condição 
Quanto ao modo de atuação:
Suspensiva: é aquela que subordina o início da eficácia jurídica do negócio (direito e obrigações);
Obs.: nos termos do art. 125, é importante frisar que, enquanto não implementada a condição suspensiva, o negócio jurídico ainda não terá produzido direitos e obrigações recíprocos. 
Obs.: lembra-nos Caio Mário, à luz da regra do art. 125, que, não implementada a condição suspensiva, em havendo pagamento, é possível o pedido de devolução, uma vez que ainda não há direitos e obrigações recíprocos.
Resolutiva: é aquela que resolve os efeitos jurídicos até então produzidos pelo negócio. Está prevista no art. 127 e 128 do CC.
Quanto à licitude:
Lícitas: nos termos do art. 122 do CC, são lícitas, em geral, toda condição que não contrariar a lei, a ordem pública e os bons costumes.
Ilícita: são ilícitas quando contraria a lei, a ordem pública e os bons costumes. São também consideradas ilícitas as condições:
Perplexas: é aquela contraditória em seus próprios termos, que priva o negócio jurídico de efeitos. Ex.: contrato de locação residencial sob a condição da pessoa não morar no imóvel.
Puramente potestativas: é arbitrária, derivando do capricho ou da vontade exclusiva de uma das partes. Não confundir com a condição simplesmente potestativa que é lícita em que não há o arbítrio, uma vez que a condição referida não deriva da vontade exclusiva da parte, aliando-se a outros fatores circunstanciais.
Obs.: existem situações no direito brasileiro em que aparentemente há condição puramente potestativa (ilícita), mas o próprio sistema positivo admite. Ex.: art. 49 do CDC, prazo de reflexão. 
O que é condição promíscua? 
Trata-se da condição que nasce simplesmente potestativa e se impossibilita depois.
Nos termos do art. 123 c/c com o art. 166, VII, do CC, concluímos que a condição ilícita ou de fazer coisa ilícita invalida todo o negócio. Nulidade absoluta. 
Quanto à origem: o fato que deriva/implementa a condição. 
Causais: quando o acontecimento é um evento da natureza. Ex.: lhe doarei 18 mil se chover no dia. A chuva e causal. 
Mistas: é que deriva da vontade da parte e de um terceiro.
Potestativas: é a que deriva da vontade da parte, podendo ser puramenteou simplesmente. 
Termos: é um acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o fim dos efeitos jurídicos do negócio.
Características:
Futuridade: 
Certeza: quanto à ocorrência do fato. 
Obs.: diferentemente da condição suspensiva, o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito; vale dizer, celebrado o negócio, as partes já têm desde já direitos e obrigações recíprocos, posto a inda não exigíveis. O termo suspende apenas a exigibilidade do negócio e não a aquisição dos direitos.
Classificação:
Convencional: é o estipulado pela vontade das partes.
Legal: é aquele que deriva da própria lei. Ex.: leis tributárias.
De graça: é o termo judicial fixado pelo magistrado na decisão ou na sentença. Ex.: astreites.
Modo ou encargo: é um ônus que se atrela a uma liberalidade. Não se aplica aos negócios jurídicos onerosos.
Obs.: se o encargo for ilícito e se constituir na própria finalidade do negócio, todo este será invalidado (nulo). Vide arts. 136 e 137 do CC.
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