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AULA CRIMINOLOGIA

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AULA 11:
Um olhar sobre o delinquente:
CRIMINOLOGIA 
“O objeto do Direito não é a conduta humana mas a fixação e um padrão de conduta”
 (Menelick de Carvalho Netto)
O Direito existe porque não se pode garantir que a conduta humana seja sempre correta e só a norma jurídica não é basta para inibir os comportamentos indesejáveis.
Desde a Antiguidade busca-se a compreensão do fenômeno delitivo.
(Na Grécia – ser anormal/ no sec. III- intervenção de demônios)
Qual a Motivação para o crime?
Por que o homem furta, agride, mata, viola normas sociais?
CRIMINOLOGIA:
A palavra foi empregada pela primeira vez em 1883;
É uma ciência que estuda:
 o fenômeno criminal,
 a vítima, 
as determinantes endógenas que atuaram sobre o delinquente,
sua conduta;
 os meios para reintegrá-lo ao grupamento social;
Inclui também o processo de fazer leis, infringi-las e reagir às transgressões das mesmas.
HISTÓRICO:
Se originou na 2ª metade do Sec. XIX;
O marco principal é a obra de Cesare Lombroso – “Tratamento Antropológico Experimental do Homem Delinqüente”.
Psiquiatra italiano que dedicou seus estudos às características físicas do criminoso, defendendo a ideia de que o infrator já nascia com traços físicos que podiam identificá-los como tal:
Mais que a média, crânios menores, estupradores teriam feições mais femininas, orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante,  maxilar largo, maçãs do rosto proeminentes, barba rala, cabelos revoltos, caninos bem desenvolvidos , cabelos e olhos escuros. Ladrões teriam olhar esquivo, já os assassinos um olhar firme e vidrado. Seriam ainda especialmente insensíveis à dor.
											
Socialmente, criminosos teriam preferência por tatuagens o que provaria sua insensibilidade à dor. 
Do ponto de vista tipológico, distinguia Lombroso seis tipos de delinquentes: o “nato” (atávico), o louco moral (doente), o epilético, o louco, o ocasional e o passional.
As individualidades seriam: crueldade, leviandade, aversão ao trabalho, vaidade, tendência, superstição, precocidade sexual e sensibilidade dolorosa diminuída.
 O crime era visto como fator individual e não do ponto de vista social.
Fase Científica da Criminologia:
Enrico Ferri – Professor universitário, advogado célebre, político militante e reputado cientista, costuma ser considerado o “pai da moderna Sociologia criminal” (1914);
Deu relevo não só aos fatores biológicos, como também aos mesológicos (meio) ou sociológicos, além dos físicos, na etiologia da delinquência.
O delito, para Ferri, não é produto exclusivo de nenhuma patologia individual mas, como qualquer outro acontecimento natural ou social, resultado da contribuição de diversos fatores: individuais, físicos e sociais.
 Tipologia: 1-O nato; 2-O louco; 3-O ocasional; 4-O habitual e 5- O passional. 
 Garofalo foi o criador do termo Criminologia (1916). Imaginou-a e construiu-a com a tríplice preocupação de torná-la uma pesquisa antropológica, sociológica e jurídica. Segundo ele, a Criminologia é a ciência da criminalidade, do delito e da pena. 
Deve-se a CESARE LOMBROSO – ENRICO FERRI – RAFFAELE GAROFALLO) a sistematização e lançamento das bases científicas da criminologia.
ANOMIA(Durkheim :1858-1917)
Comportamento de desvio;
Conceito criado pelo sociólogo Emile Durkheim no seu livro “O Suicídio” e que designa um estado do indivíduo caracterizado pela falta de objetivos e pela perda de identidade. Segundo Durkheim, este estado é em grande medida originado pelas intensas transformações que ocorrem nas sociedades modernas e que não fornecem novos valores para colocar no lugar daqueles que por elas são demolidos. Em suma, Durkheim, com o conceito de anomia procura sintetizar a idéia de que o progresso constitui uma ameaça às estruturas éticas e sociais.
Robert King Merton (1910-2003):
Em toda sociedade há metas sociais a serem alcançadas, entendendo-se como metas, em uma sociedade capitalista, o sucesso na vida, sendo esta traduzida como fortuna, poder, prestígio, popularidade, etc. 
Para Merton, anomia significa uma incapacidade do indivíduo em atingir os seus fins culturais e ocorre quando, devido à insuficiência dos meios institucionalizados, o insucesso em atingir esses fins gera conduta desviante. É por isso que, segundo Merton, a maioria dos crimes são cometidos por membros das classes menos favorecidas.
CAUSA X FATOR:
É importante distinguir “causa” de “fator”, que são coisas diferentes, mas muito confundidas.  
Por “causa” entende-se aquilo que determina a existência de uma coisa: a circunstância sem a qual o fenômeno não existe, pois o agente é o causador do fenômeno social, sua origem, princípio, motivo ou razão de ser. 
Eliminada a causa, o fenômeno haverá de desaparecer.
Já o “fator”, embora não dê causa ao fenômeno, concorre para a sua maior ou menor incidência. É a circunstância que, de qualquer forma, concorre para o resultado. 
Ex: Pobreza (causa ou fator da criminalidade).
Para Maranhão (1993) , há dois fatores causais que geram o ato criminoso:
Ora tratado como manifestação individual, ora social, ora ambos;
PRIMÁRIOS: Fatores provenientes de diversas naturezas -biológica, psicológica, social, e a que compõe a estrutura da personalidade
SECUNDÁRIOS: aqueles que atuam na estrutura pronta e acabada e levam o indivíduo a agir, são os desencadeantes da ação. (a ocasião faz o ladrão)
O fenômeno delitivo:
Componentes de origem intrapsíquica para o comportamento delitivo:
Valores, crenças e conceitos;
Identificação com modelos (pessoas significativas);
Influência do grupo;
Condicionamento capaz de produzir comportamentos estereotipados;
Emoções extremas que conduzem ao descontrole, com ações fora do domínio consciente embora responsável por elas.
Outros dois importantes fatores:
A vítima: que com seu comportamento promove a motivação ou desencadeia o comportamento.
Os mecanismos de desestímulo e controle: interferem na percepção que o criminoso tem sobre as conseqüências de seus atos.
CAUSAS:
Antes a psicologia via a causa como resultante de processo interno do indivíduo, ou seja, o que ocorria dentro dele era a causa, atualmente não restringe acausa ao seu universo individual mas considera o que está em constante interação com o outro e com o meio social: o comportamento humano.
Hipóteses
1) o crime como resultado de privação
Sabe-se que privação econômica e/ou afetiva pode influenciar negativamente no desenvolvimento humano e por outro lado há pessoas que tem comportamento adaptativo e resiliente que levam a reações sociais satisfatórias:
Deslocamento e sublimação da privação para comportamentos positivos, aquisição de novas habilidades, dedicação a atividades sociais, desenvolvimento cognitivo;
Transtornos mentais e drogadição como resultado da privação ( e não delinqüência). 
2) Crime como produto do meio:
Comportamentos aprendidos com o grupo- ex: meninos de rua (embora passíveis de mudança);
Identificação com modelos: ex.líder do bando (vínculos afetivos, admiração);
Crenças inadequadas, perversas e antissociais: crimes de ódio
CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL:
o Direito Penal é uma ciência normativa, que impõe regras de conduta, eminentemente proibitivas, punindo àqueles que as violam.
O Direito Penal, sendo uma ciência normativa, é a ciência da repressão social ao crime, por meio de regras punitivas que ele mesmo elabora;
 O seu objeto, portanto, é o crime como um ente jurídico e, como tal, passível de suas sanções;
A criminologia ocupa-se de estudar também o crime e o infrator, mas não sob o aspecto normativo interpretativo e sim sob o prisma sociológico, biológico, natural, englobando toda a fenomenologia dos delitos e também das penas. 
O crime é o objeto de estudo de ambas as ciências, porém sob enfoques diversos. Enquanto o Direito Penal, ciência normativa que o é, volta-se ao estudo do crime enquanto ente jurídico, como conduta indesejada, vedando-lhe a prática sob a ameaça da imposição de uma pena, a Criminologia busca dissecar o delito,
enquanto fenômeno humano e social, investigando-lhe as causas e influências, sejam, endógenas (internas ao agente ativo), ou exógenas ( externas – sociais). 
Modalidades de crime:
A conduta humana é tipificada como crime segundo a ilicitude e materialidade do fato;
Tem especial interesse para o Direito a INTENÇÃO que cerca o ato criminoso.
Por essa ótica divide-se em:
DELITO DOLOSO:
EVIDÊNCIA DE VONTADE CONSCIENTE;
Como essa vontade se expressa?
Há um diálogo entre o consciente e o inconsciente (desconhecido pelo sujeito) quanto a vantagem de perpetrar o ato. O inconsciente se utiliza de mecanismos de defesa para justificar o ato.
PROJEÇÃO: culpa o outro pelo ato;
RACIONALIZAÇÃO: inventa-se uma razão para justificar o ato.
O D.D. encontra fácil explicação no desequilíbrio emocional sendo ele a forma que a psiquê encontra de por fim ao conflito interno ou estresse;
Na maioria das vezes, o sujeito já dava indícios do comportamento impulsivo e agressivo.
PROJEÇÃO:
mata o outro porque lhe roubou a mulher e não porque ele não soube manter a mulher;
Racionalização: por exemplo, porque alguém na posição dele não poderia ser “corno”
DELITO CULPOSO:
IMPRUDENCIA;
NEGLIGÊNCIA;
IMPERÍCIA;
Sob a ótica da Psicologia, todas situações apresentam interpretações que roubam a responsabilidade das mãos do acaso, ainda que se reconheça o caráter inconsciente do comportamento delituoso.
DELINQUÊNCIA OCASIONAL:
Delito cometido por agente até então socialmente ajustado socialmente e obediente à lei, que só chegou à ação antissocial respondendo a uma forte solicitação externa. Pode ocorrer como resposta a grande emoção ou em pessoas que já cometem pequenos delitos sem maiores consequências.
DELINQUÊNCIA PSICÓTICA:
Prática criminosa em função de transtorno mental:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Sua doença ou seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado, contudo, devem ser a causa de sua total falta de compreensão da ilicitude dos fatos. A simples existência de doença mental, que, por seus sintomas, não atinge a capacidade de percepção do autor, não serve para o reconhecimento da inimputabilidade. Esta é a característica determinante da Teoria Biopsicológica (só permite a imputabilidade do agente na medida proporcional ao seu desenvolvimento biopsíquico)ou mista , adotada pelo código penal brasileiro.
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984);
O dispositivo em destaque prevê a medida de segurança substitutiva, em que se admite a substituição da pena reduzida do semi-imputável (artigo 26, parágrafo único, do Código Penal) por medida de segurança, quando demonstrada a conveniência de se impor a ele um “especial tratamento curativo”. A medida a ser aplicada pode ser tanto o tratamento ambulatorial como a internação, seguindo-se a regra do artigo 97, caput, do Código Penal.
As consequências jurídicas da psicopatia
Após o cumprimento da pena o criminoso psicopata continua trazendo periculosidade a sociedade, porém o criminoso psicopata é solto mesmo sem condições.
É neste sentido, que muitos doutrinadores e estudiosos da criminologia moderna tem apresentados discussões e estudos que fornece embasamento teórico necessário para que as medidas punitivas sejam reavaliadas e questionadas quanto à ressocialização destas pessoas.Porém, uma legislação antiquada juntamente com o trabalho de um Estado ineficiente para com tais demandas torna os meios para encarceramento de psicopatas e não –psicopatas precário.
O art. 26, parágrafo único do Código Penal ajuda a culpabilizar o psicopata por se tratar de uma agente imputável e responsável pelo delito cometido. Isso ocorre porque a personalidade psicopática não se trata especificamente de uma doença que deixa o indivíduo fora da realidade, pelo contrario ele apresenta consciência do ilícito praticado, embora a culpabilidade seja diminuída por conta de suas condições psicossociais.
Um dos motivos para considerar o atual Código Penal arcaico em relação a questão da psicopatia atribui-se ao fato de não contemplar os novos conceitos e estudos da criminologia moderna sobre personalidades antissociais, posto que, conforme visto anteriormente atualmente houveram bastante avanços sobre o quadro clinico, explicação das causas sobre o comportamento moral e psicológico destes indivíduos, que necessitam ser apropriadas pelo direito.

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