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01 - UNIDADE I - DEPÓSITO

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ESUP ESCOLA SUPERIOR DE GOIÂNIA – CURSO DE DIREITO
Disciplina: Contratos II – Período: 5º
UNIDADE I – CONTRATO DE DEPÓSITO
DO DEPÓSITO
1.1. CONCEITO
A guarda ou custódia de coisas constitui uma das obrigações daquele que as recebe, assume finalidade primordial, exclusiva, no contrato de depósito, assenta-se na confiança, já que não se entregam as próprias coisas a outrem, sem que nele se confie plenamente.
Depósito: é o contrato em que uma das partes, nomeada depositário, recebe da outra, denominada depositante, uma coisa móvel, para guardá-la, com a obrigação de restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada (Depositum est, quod custodiendum alicui datum est).
Dispõe o art. 627 do Código Civil que “pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame ”. 
A sua principal finalidade é, portanto, a guarda de coisa alheia. 
O termo depósito é empregado em duplo sentido: ora refere-se à relação contratual ou contrato propriamente dito, ora ao seu objeto ou coisa depositada. O art. 644 do aludido diploma, por exemplo, declara que “o depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida...”.
1.2. CARACTERÍSTICAS
1.2.1 - A GUARDA DE COISA ALHEIA. 
É o traço que o distingue do comodato, pois o comodatário recebe a coisa para seu uso. No depósito, todavia, não pode o depositário dela se servir “sem licença expressa do depositante” (CC, art. 640). 
Se “o depositário, devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste” (parágrafo único).
Em vários outros contratos um dos contraentes assume também a obrigação de guardar a coisa recebida, como ocorre:
na locação (CC, art. 569, I), 
no comodato já citado (art. 582), 
no mandato outorgado para recebimento e guarda do bem. 
Nesses contratos tal obrigação se mostra, porém, secundária, mera consequência de um contrato que se aperfeiçoa por força de outros elementos que lhe são essenciais. 
No depósito, no entanto, a obrigação de guardar a coisa constitui o elemento fundamental e exclusivo.
O contrato não fica, todavia, desnaturado, se o depositário realizar algum serviço na coisa depositada, como ocorre frequentemente em garages e estacionamentos, onde se procede à lavagem e lubrificação do veículo entregue para ser guardado. 
Do mesmo modo se vier a usá-la, desde que tal uso não se constitua no fim precípuo do contrato. Se tal ocorrer, transformar-se-á em comodato ou em locação, conforme seja gratuito ou oneroso, ou mesmo em alguma outra modalidade atípica.
É mister, portanto, que a guarda da coisa constitua a função primordial, e não subsidiária, do contrato, como simples consequência de outra convenção. 
Nessa consonância, não há depósito, mas contrato de transporte, se a coisa é entregue para ser transportada, como sucede com as mercadorias que são encaminhadas a empresas de transporte e permanecem sob sua responsabilidade e guarda por algum período.
Se a coisa é entregue não para ser guardada, mas para ser administrada, haverá contrato de mandato. 
O depositário pode ser, simultaneamente, mandatário. É o que acontece, por exemplo, com os bancos que se encarregam da custódia de ações, com a obrigação de receberem, também, as bonificações e dividendos. 
Tratando-se de coisa entregue para vender em exposição pública e confiada à pessoa que a recebe, o contrato é de depósito.
Mas, se emprestada aos expositores, para exibição, será comodato.
1.2.2 - ENTREGA DA COISA PELO DEPOSITANTE AO DEPOSITÁRIO. Tal requisito demonstra a natureza real do aludido contrato, que só se aperfeiçoa com a entrega da coisa, não bastando o acordo de vontades. 
A entrega, segundo anota Washington de Barros Monteiro, “não precisa ser efetiva; ela é dispensada quando a coisa, por qualquer motivo, esteja em poder do depositário; nesse caso, em verdade, não falta a tradição; esta já se verificou anteriormente (traditio brevi manu)”. 
Trata-se de tradição ficta, que configura o constituto possessório. Ocorre este, por exemplo, quando o proprietário vende o bem ao depositante, mas conserva a posse, a título de depositário e não mais de dono.
1.2.3 - A NATUREZA MÓVEL DA COISA DEPOSITADA: O art. 627 do Código Civil diz expressamente que, pelo contrato de depósito, recebe o depositário “um objeto móvel”, para guardar, até que o depositante o reclame.
O direito romano e a maioria dos códigos (francês, holandês, suíço das obrigações, italiano etc.) restringem o objeto do contrato às coisas móveis. 
A exclusão dos imóveis não é, todavia, universal, pois alguns códigos os incluem no elenco dos bens suscetíveis de depósito. (ex.: Argentina, Uruguai, México, Portugal) 
	OBSERVAÇÃO: Lembra Cunha Gonçalves que “pode também depositar-se um imóvel, pelo menos no depósito forense, quer civil, quer processual”. Nas execuções, os imóveis penhorados ou arrestados são entregues a um depositário. Em muitos litígios, determina-se que a coisa litigiosa seja colocada em depósito, até a solução final da lide. 
Apesar de o retromencionado art. 627 do Código Civil aludir apenas a “objeto móvel”, a doutrina moderna e a jurisprudência não excluem a possibilidade de se pôr em depósito um bem imóvel.
1.2.4 - OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR é, também, da essência do contrato de depósito, acarretando a sua temporariedade, pois o depositário recebe o objeto móvel, para guardar, “até que o depositante o reclame” (CC, art. 627). 
Ainda que as partes tenham fixado prazo à restituição, o depositante pode pedir a coisa mesmo antes de seu término, devendo o depositário entregá-la “logo que se lhe exija”, salvo em algumas hipóteses específicas mencionadas no art. 633 do Código Civil, pois se presume que o depósito regular é feito em benefício do depositante.
1.2.5 – GRATUIDADE: É peculiar ao depósito a gratuidade, exceto se houver “convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão” (CC, art. 628). 
Nestas hipóteses, se a retribuição do depositário “não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento” (parágrafo único).
Quando remunerado, o depósito é contrato bilateral; sendo gratuito, é unilateral, aperfeiçoa-se com a entrega da coisa, após a qual restarão obrigações só para o depositário.
►A presunção de gratuidade do contrato de depósito, que preponderava no direito romano e é estabelecida no aludido art. 628 do novo Código Civil, não encontra ressonância nos fatos diários da vida moderna.
Há inúmeras modalidades de depósitos remunerados (guarda de automóveis em garages, de vestuários em teatros, de joias e valores em cofres de aluguel, de móveis em guarda-móveis etc.), demonstrando a prevalência das exceções nele mencionadas. 
	OBSERVAÇÃO: O contrato de depósito, quando onerosa, pode configurar relação de consumo e, por conseguinte, colocar-se sob a égide do Código de Defesa do Consumidor. 
1.3. ESPÉCIES DE DEPÓSITO
O Código Civil regula as principais modalidades de depósito: o voluntário e o necessário(o depósito necessário subdivide-se em legal e miserável).
A doutrina enumera ainda outras espécies de depósito:
regular e irregular, 
simples e empresarial, 
contratual e judicial. 
	OBSERVAÇÃO: Não se faz mais a distinção entre depósito civil e mercantil. Em virtude da unificação do direito das obrigações promovida pelo novo Código Civil, essa diferenciação deixou de existir pois todos agora são depósitos civis.
Depósito empresarial é aquele feito por causa econômica, em poder de empresário.
Depósito simples . são os demais diverso do depósito empresarial
Depósito contratual: se confunde com o voluntário e é o mais comum. Resulta de acordo de vontades, com livre escolha do depositário pelo depositante. 
Depósito judicial: é determinado por mandado do juiz, entregando a alguém coisa móvelou imóvel, que é objeto de um processo, com finalidade de preservá-la até que se decida o seu destino. 
1.4. DEPÓSITO VOLUNTÁRIO
1.4.1. CONCEITO E REQUISITOS
O depósito voluntário: resulta de acordo de vontades (CC, arts. 627 a 646). É livremente ajustado pelas partes, segundo o princípio da autonomia da vontade. 
Caracteriza-se, portanto, pelo consenso espontâneo. 
O depósito pode ser feito pelo proprietário da coisa ou com o seu consentimento expresso ou tácito. 
Não é indispensável ser dono para depositar: basta a capacidade de administrar, “pois quem deposita conserva e não aliena”. 
►Para alguém ser depositário é necessário ter a capacidade de se obrigar. Por essa razão, o menor e o interdito não podem receber depósitos. 
Dispõe o art. 641 do Código Civil que, se, na pendência do contrato, “o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada e, não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao Depositário Público ou promoverá nomeação de outro depositário”.
Quanto aos requisitos formais, a lei exige a forma escrita para a prova do depósito.
Dispõe expressamente o art. 646 do Código Civil que “o depósito voluntário provar-se-á por escrito”. 
Embora o depósito se aperfeiçoe independentemente de qualquer documento, mister se faz, para provar-se, um começo de prova escrita”. Esta pode consistir em recibos ou tíquetes de entrega da coisa, ou ainda documentos equivalentes.
►O depósito voluntário não exige, para a sua celebração, forma especial. Somente para a prova de sua existência faz-se mister o instrumento escrito, que assume, assim, a característica de formalidade ad probationem tantum. 
►O depósito necessário pode ser demonstrado por qualquer meio de prova, não se exigindo que seja escrita.
1.4.2. NATUREZA JURÍDICA
O contrato de depósito é não solene, porque a lei não exige nenhuma formalidade para que se aperfeiçoe. A forma escrita é apenas ad probationem tantum.
O aludido contrato é real, uma vez que se perfaz com a efetiva entrega da coisa.
Como podem surgir obrigações para o depositante, como a de pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa (CC, art. 643), alguns autores o consideram contrato bilateral imperfeito, situando-o numa categoria intermediária (v. n. 2, retro).
O art. 282 do Código Comercial presumia oneroso o contrato de depósito, diversamente do que dispunha o estatuto civil de 1916. 
Com a absorção da maior parte do Código Comercial pelo Código Civil de 2002 todas as espécies de depósito passaram a ser regidas pelas disposições do Código Civil.
Originariamente, o contrato de depósito era intuitu personae, baseado na confiança do depositante no depositário, da mesma forma como era em regra gratuito. 
1.5. OBRIGAÇÕES DO DEPOSITANTE
Pagar ao depositário, quando oneroso e, portanto, bilateral, constitui obrigação do depositante pagar ao depositário a remuneração convencionada.
Quando o contrato é gratuito, aperfeiçoa-se com a entrega da coisa, após a qual só o depositário terá obrigações. Neste caso, é unilateral. Por conseguinte, as eventuais obrigações do depositante decorrerão de fatos posteriores à sua formação.
Obrigações decorrentes de fato eventual resumem-se a duas: 
a) A de reembolsar as despesas feitas pelo depositário com o depósito, respondendo ex lege pelas despesas necessárias (os gastos com a alimentação do animal depositado, p. ex.) e contratualmente, pelas úteis ou necessárias que houver autorizado.
 b) A de indenizar o depositário pelos prejuízos que lhe advierem do depósito, como, por exemplo, os decorrentes de vício ou defeito da coisa que se tenham estendido a bens do depositário. Pode ser mencionada, ilustrativamente, a hipótese de o animal deixado em depósito ser portador de doença contagiosa e ter contaminado os pertencentes ao depositário. 
O art. 644 do Código Civil assegura ao depositário o direito de retenção, como meio direto de defesa para forçar o devedor a efetuar o pagamento da retribuição devida e das despesas e indenizações mencionadas, concedendo-lhe ainda a faculdade de exigir “caução idônea”, ou, na sua falta, “a remoção da coisa para o Depósito Público, até que se liquidem” (parágrafo único).
1.6. OBRIGAÇÕES DO DEPOSITÁRIO
As obrigações fundamentais do depositário consistem em GUARDAR a coisa, em CONSERVÁ-LA e em RESTITUÍ-LA. 
As duas primeiras encontram-se discriminadas no art. 629 do Código Civil, segundo o qual o depositário “é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence...”. Assim, vejamos:
a) A guarda de coisa alheia é a principal finalidade do contrato de depósito. O depositário deve cuidar dela como se fosse sua (diligentiam suam quam suis), não o exonerando a falta de diligência habitual. 
O art. 640 do Código Civil prescreve que, “sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem”. 
Acrescenta o parágrafo único que, se o depositário, “devidamente autorizado, confiar a coisa em depósito a terceiro, será responsável se agiu com culpa na escolha deste”. 
O dever de guarda é inerente ao depósito, constituindo obrigação típica desse contrato, que a distingue de outros em que também se transfere a coisa a outrem, como a locação e o comodato. Nestes, todavia, a traditio é feita para uso do locatário e do comodatário. No depósito não pode o depositário servir-se da coisa depositada (depositum consistit ex custodia, non ex usu), salvo se o depositante o autorizar expressamente, como consta do art. 640 supratranscrito.
A obrigação de guardar a coisa pode cessar antes do término do contrato, havendo motivo justificável. 
O art. 635 do Código Civil concede ao depositário a faculdade de resilir o contrato unilateralmente havendo “motivo plausível” que o impeça de cumpri-lo integralmente, podendo requerer o depósito judicial da coisa se o depositante não quiser recebê-la. 
Somente se justifica a exoneração nos depósitos onerosos, se o fato novo tornar impossível ou penosa a guarda da coisa. 
Nos gratuitos deve haver mais tolerância, pois “não se pode exigir que o favor prestado ao amigo vá a ponto de causar prejuízo maior a quem o preste”.
b) A segunda obrigação, a de CONSERVAR a coisa alheia deixada em depósito, é conexa às de guardar e de restituir. Com efeito, a lei impõe ao depositário o dever de zelar pela coisa depositada, para poder restituí-la no estado em que a recebeu.
O depositário responde por culpa ou dolo, se a coisa perecer ou deteriorar-se, seja o depósito gratuito ou remunerado.
No dever de conservar a coisa insere-se o dever de não devassá-la, se estiver fechada e não houver expresso consentimento do depositante. 
Proclama, com efeito, o art. 630 do Código Civil: “Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá”. 
c) Em terceiro lugar figura a obrigação do depositário DE RESTITUIR A COISA, “com os seus frutos e acrescidos, quando o exija o depositante” (CC, art. 629, segunda parte). 
Aduz a primeira parte do art. 633 do Código Civil que o depositário entregará o depósito “logo que se lhe exija”, ainda que o contrato “fixe prazo à restituição”. Não estará obrigado a fazê-lo se: 
I - se tiver o “direito de retenção” pelo valor da retribuição, das despesas e dos prejuízos que do depósito provierem; 
II - “se o objeto for judicialmente embargado”; 
III - “se sobre ele pender execução, notificada ao depositário”; 
IV- “se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida” (por furto ou roubo, v.g.), caso em que, “expondo o fundamento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao Depósito Público” (CC, art. 634).
Salvo as hipóteses mencionadas, não poderá o depositário furtar-se à restituição, “alegando não pertencer acoisa ao depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar” (CC, art. 638). 
Sendo dois ou mais depositantes, “e divisível a coisa, a cada um só entregará o depositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles solidariedade” (art. 639).
Obrigado à restituição é o depositário; se morrer será sucedido pelos herdeiros. Se estes, de boa-fé, venderem a coisa depositada, serão obrigados “a assistir o depositante” na ação reivindicatória contra o terceiro-adquirente, “e a restituir ao comprador o preço recebido” (CC, art. 637). 
Se os herdeiros agirem de má-fé, responderão pelos prejuízos causados, incluindo-se no quantum a valorização que a coisa eventualmente tenha sofrido, além de também serem obrigados a assistir o depositante na ação reivindicatória. 
Se o depositário se tornar incapaz, “a pessoa que lhe assumir a administração dos bens diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada e, não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao Depósito Público ou promoverá nomeação de outro depositário” (CC, art. 641).
O local da restituição pode ser ajustado pelas partes. No silêncio do contrato, far-se-á no local do depósito, ou seja, “no lugar em que tiver de ser guardada” (CC, art. 631).
Acrescenta o aludido dispositivo que “as despesas de restituição correm por conta do depositante”. 
A prescrição se mostra correta, pois o negócio é feito no interesse exclusivo deste, sendo razoável, pois, que arque com as despesas provenientes da restituição da coisa, e não o depositário. 
Nada obsta que as partes convencionem de forma diversa, especialmente quando o depósito é remunerado. 
O art. 632 do Código Civil prevê a devolução condicionada, nos casos em que o depósito é feito no interesse de terceiros. Neste caso, “se o depositário tiver sido cientificado deste fato pelo depositante, não poderá ele exonerar-se restituindo a coisa a este, sem consentimento daquele”.
Se, por força maior, o depositário perder a coisa e receber outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante. Se, no lugar desta, recebeu indenização correspondente ao seu valor (se a coisa, p. ex., estava no seguro), é obrigado a entregar ao depositante o montante recebido. 
Se, porém, nada recebeu, ou se a indenização recebida está incompleta, cederá a este as ações que no caso tiver contra o terceiro, a fim de que se satisfaça integralmente o dano (CC, art. 636).
1.7. DEPÓSITO NECESSÁRIO
Depósito necessário é aquele que o depositante, por imposição legal ou premido por circunstâncias imperiosas, realiza com pessoa não escolhida livremente. 
Essas circunstâncias impõem não só a realização do depósito, como também a designação do depositário. Não se trata, pois, de negócio intuitu personae, fundado na confiança, sendo também denominado depósito obrigatório.
Dispõe o art. 647 do Código Civil:
“É depósito necessário:
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque”.
O art. 649 do mesmo diploma, por sua vez, proclama que ao depósito necessário “é equiparado o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem”.
Pode-se dizer, pois, que três são as espécies de depósito necessário: 
o depósito legal, 
o depósito miserável 
e o depósito do hospedeiro ou hoteleiro.
Esclarece Serpa Lopes que, embora premido por circunstâncias irremovíveis, o depositante pratica um ato voluntário. 
Não se trata de ato praticado sob coação, pois a vontade é externada livremente, havendo consentimento de ambas as partes. 
O que há de peculiar é a relativa falta de liberdade do depositante, que efetua o depósito compelido pelas circunstâncias, não tendo condições de escolher o depositário, em face da urgência imposta pelos acontecimentos. No depósito necessário, conclui, “o consentimento é um produto de um acontecimento imprevisto: voluntas coacta est semper voluntas”.
1.7.1. Depósito legal
Depósito legal é o que decorre do desempenho de obrigação imposta pela lei.
Washington de Barros Monteiro elenca as seguintes hipóteses dessa modalidade de depósito: 
“a) aquele que é obrigado a fazer o inventor da coisa perdida (CC/2002, art. 1.233, parágrafo único); 
b) o de dívida vencida, pendente a lide, quando vários credores lhe disputarem o montante, uns excluindo outros (art. 345); 
c) o que deve ser feito pelo administrador dos bens do depositário que se tenha tornado incapaz (art. 641); 
d) o do lote compromissado, no caso de recusa de recebimento da escritura definitiva (Dec.-lei n. 58, de 10-12-1937, art. 17, parágrafo único, e Dec. n. 3.079, de 15-9-1938, art. 17, parágrafo único)”.
Silvio Rodrigues observa que, exceção feita à legislação espanhola, os códigos contemporâneos não incluem entre os casos de depósito necessário o chamado depósito legal. 
1.7.2. DEPÓSITO MISERÁVEL
A segunda espécie de depósito necessário (CC, art. 647, II) é denominada depósito miserável, por se realizar em ocasião de calamidades. 
O Código Civil enumera exemplificativamente as calamidades, podendo ser acrescentadas outras análogas, como terremoto, guerra, furacão etc. 
A premente necessidade que tem o depositante de evitar o perecimento de seus bens, nessa situação de emergência, o impele a deixá-los com a primeira pessoa que aceite guardá-los. 
O depositário se dispõe a prestar um serviço ao depositante necessitado e, por essa razão, “o depósito necessário não se presume gratuito”.
Na hipótese do art. 649, a remuneração pelo depósito está incluída no preço da hospedagem” (CC, art. 651).
No caso de desempenho de obrigação legal, o depósito se rege pelas disposições que o houverem criado, e, no “silêncio ou deficiência” da lei, pelas próprias disposições concernentes ao “depósito voluntário”, as quais também se aplicam aos depósitos necessários, “podendo estes certificarem-se por qualquer meio de prova” (CC, art. 648 e parágrafo único).
Verifica-se, assim, que as disposições relativas ao depósito voluntário aplicam-se subsidiariamente ao necessário, sendo omissa ou deficiente a respectiva lei. 
O depósito miserável pode ser provado por qualquer meio de prova, inclusive a testemunhal, ainda que seu valor seja superior à taxa legal, visto que a necessidade e a urgência de sua realização impedem, muitas vezes, a observância das formalidades legais. Inclui-se a hipótese na ressalva constante do art. 227 do Código Civil (Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados).
1.7.3. DEPÓSITO DO HOSPEDEIRO
A terceira hipótese de depósito necessário é o realizado por hoteleiros ou hospedeiros, também denominado necessário por assimilação, que se equipara ao depósito legal, como enuncia o art. 649 do Código Civil, e tem por objeto “as bagagens dos viajantes ou hóspedes”. 
O dispositivo se aplica ao contrato de hospedagem, estendendo-se aos internatos, colégios, hospitais e outros locais que forneçam leito e não apenas comida e bebida.
Os hospedeiros respondem pelas bagagens como depositários. 
Proclama, com efeito, o parágrafo único do mencionado art. 649 do Código Civil: “Os hospedeiros responderão como depositários, assim como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas empregadas ou admitidas nos seus estabelecimentos”.
A responsabilidade decorre tanto de atos de terceiros, como de empregados ou pessoas admitidas nas hospedarias. 
Cessa, porém, provado “que os fatos prejudiciais aos hóspedes não podiam ser evitados” (CC, art. 650), como nas hipóteses de culpa destes, por deixarem aberta a porta do quarto, por exemplo, e de caso fortuito ou força maior (art. 642), como nas ocorrências de roubo à mão armada ou violências semelhantes. Mas permanece, se se tratar de furto simples, com emprego de chavesfalsas, ou sem violência.
O roubo à mão armada costuma ser considerado caso de força maior, excludente da responsabilidade dos depositários em geral, desde que tenha sido executado em circunstâncias que excluam toda a culpa daquele que o invoca. 
Diante da manifesta negligência do depositário, não se configura a força maior. Assim, no caso de depósito voluntário (joias guardadas no cofre do hotel), pode o hoteleiro invocar a excludente da força maior, em caso de roubo à mão armada, provada a inexistência de negligência de sua parte e que o fato não pôde ser afastado ou evitado.
A obrigação de ressarcir o prejuízo não pode ser excluída nem mediante cláusula de não indenizar pactuada com o hóspede, pois o hoteleiro é um prestador de serviços, sujeitando-se ao Código de Defesa do Consumidor, no que este não contrariar o Código Civil (CC, art.593). 
E o art. 51, I e IV, do diploma consumerista considera nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que atenuem, por qualquer forma, a responsabilidade do fornecedor de produtos e prestador de serviços. 
Na relação entre hóspede e hospedeiro, que não envolva a responsabilidade indireta deste, mas constitua relação de consumo, continua aplicável o Código de Defesa do Consumidor.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu ser ineficaz aviso afixado nos quartos dos hotéis, no sentido de que o estabelecimento não se responsabiliza pelo furto de objetos deixados nos apartamentos. Simples aviso não tem o condão de postergar a regra legal.
A responsabilidade do hospedeiro é de natureza contratual. 
O depósito por ele realizado equipara-se ao depósito necessário, por força do disposto no art. 649 do Código Civil.
Cumpre-lhe, em consequência, “assegurar a incolumidade pessoal do hóspede no local, bem como a de seus bens que se achem em poder dele, sendo irrelevante o fato de os bens desaparecidos não serem de uso próprio, eis que caracterizados como bagagem”.
	OBSERVAÇÃO: A obrigação legal dos hoteleiros restringe-se aos bens que, habitualmente, costumam levar consigo os que viajam, como roupas e coisas de uso pessoal, não alcançando quantias vultosas ou joias, exceto se proceder culposamente ou se o hóspede fizer depósito voluntário com a administração da hospedaria. 
►O fundamento da indigitada responsabilidade encontra-se no fato de os hospedeiros se oferecerem à confiança da população, bem como na circunstância de não terem as pessoas, em regra, a possibilidade de se certificar da idoneidade dos estabelecimentos em oferta pública. 
O hospedeiro tem o dever de manter a bagagem no estado em que a recebeu em seu estabelecimento; se esta se perder ou se deteriorar, há presunção júris tantum de sua culpabilidade.
1.8. DEPÓSITO IRREGULAR
O depósito diz-se irregular, segundo Cunha Gonçalves, “quando o depositário pode utilizar e dispor da coisa depositada e restituir outra da mesma qualidade e quantidade”.
Em outras palavras, é o depósito de coisas fungíveis espécie de depósito voluntário. 
O depositário pode devolver ao depositante coisas da mesma espécie, quantidade e qualidade (tantundem eiusdem generis et qualitatis) e não exatamente a que lhe foi confiada.
O depósito de dinheiro nos bancos é irregular. 
Como assinala Silvio Rodrigues, “esse negócio tem seu habitat predileto no comércio bancário, pois para os bancos converge, em forma de depósito irregular, a maior parte do dinheiro em circulação no mundo inteiro”.
Se a coisa fungível é dinheiro, é praticamente certo tratar-se de mútuo e não de depósito, ainda que no contrato conste esta designação. 
Não há, entretanto, a rigor, perfeita identificação entre depósito irregular e o mútuo, pois diverso o fim econômico. O depósito é realizado no interesse do depositante e, no mútuo, o é no interesse do mutuário. 
►Em contrapartida, o depósito regular ou ordinário é caracterizado pela infungibilidade da coisa depositada. 
Se o depósito bancário de dinheiro, à ordem ou a prazo, é irregular, o do cofre de aluguel com joias e valores ou títulos de crédito é depósito regular.
1.9. AÇÃO DE DEPÓSITO
Só há interesse para a propositura da ação de depósito quando se tratar de depósito contratual e o depositário não restituir a coisa que recebeu para guardar. 
Quando a hipótese é de depósito judicial, a ação não se faz necessária, uma vez que o depositário é mero detentor, podendo o juiz, nos próprios autos em que se constituiu o encargo, determinar, por simples mandado, a busca e apreensão da coisa, restituindo-a a quem de direito. 
É no campo do depósito contratual que haverá interesse para o ajuizamento da ação de depósito. Além das situações típicas previstas no Código Civil, há outras que o legislador equipara ao depósito, com todas as consequências daí decorrentes. 
É o que sucede nos contratos de alienação fiduciária em garantia, quando o bem alienado fiduciariamente não é encontrado ou não se encontra na posse do devedor, caso em que o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão em ação de depósito, nos mesmos autos (Dec.-Lei n. 911/69, art. 4º). 
Também é considerada depositária, nos termos da Lei n. 8.866/94, a pessoa a quem a legislação tributária ou previdenciária imponha obrigação de reter ou receber de terceiro, e recolher aos cofres públicos impostos, taxas e contribuições, inclusive à Seguridade Social.
Todas as modalidades de depósito contratual (convencional ou obrigatório, legal ou miserável) permitem o ajuizamento da ação de depósito, sempre com a finalidade de compelir o depositário a restituir a coisa.
A ação de depósito tem natureza cognitiva e obedece a procedimento especial. 
É considerada ação executiva lato sensu. São assim designadas as ações que têm pedido condenatório, mas que dispensam posterior execução autônoma, pois a sentença é executada automaticamente, como sucede nas ações de despejo e nas ações possessórias.
Dispõe o art. 904 do Código de Processo Civil que, julgada procedente a ação, o juiz determinará a expedição de mandado para a entrega da coisa ou do equivalente em dinheiro, no prazo de vinte e quatro horas, sem que haja necessidade de promover-se uma execução, com citação do devedor. 
O art. 906 do aludido diploma faculta ao credor requerer a execução por quantia certa nos próprios autos, quando a coisa ou o equivalente em dinheiro não forem entregues.
►São legitimados ativos a ingressar com essa ação o próprio depositante, bem como seu sucessor, ainda que não sejam os proprietários da coisa, visto que não é necessário, para a celebração do contrato, que a pessoa que a entregue seja o seu dono. 
►O legitimado passivo é o depositário que se recusa a devolver a coisa, sendo substituído, em caso de falecimento, por seus herdeiros e sucessores.
A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 282 do Código de Processo Civil.
Além deles, há outros, específicos, exigidos pelo art. 902, caput: a inicial tem de ser instruída com prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato. 
Tem-se decidido, todavia, que, “ainda que o Código de Processo Civil fale em ‘prova literal do depósito’, entende-se que o escrito não é da substância do ato.
Consequentemente, à vista do que dispõe o art. 221, parágrafo único, do CC/2002), o instrumento do depósito poderá ser suprido por outras provas”. A citação será para o réu, no prazo de cinco dias, entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro; ou contestar a ação (art. 902).
Contestada a ação, observar-se-á o procedimento ordinário (art. 903).
Julgado procedente o pedido, a sentença determinará a expedição de mandado para entrega da coisa, em vinte e quatro horas, ou o equivalente em dinheiro. 
Preceitua o art. 905 que, sem prejuízo do depósito, o autor pode promover a busca e apreensão da coisa.
Encontrada ou entregue esta voluntariamente, será devolvido o equivalente em dinheiro.
Quando não receber a coisa ou o equivalenteem dinheiro, poderá o autor prosseguir nos próprios autos para haver o que lhe for reconhecido na sentença, observando-se o procedimento da execução por quantia certa (art. 906).
A ação não é cabível em se tratando de depósito tipicamente irregular. 
Desse modo, em se tratando de depósito em dinheiro, ou qualquer outro bem fungível e consumível, a ação adequada será a de cobrança e não a de DEPÓSITO. 
1.10. PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL
A Constituição Federal proíbe a prisão por dívida civil, mas ressalva a do devedor de pensão alimentícia e a do depositário infiel. 
Dispõe, com efeito, o art. 5º, LXVII, da Carta Magna que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.
Por sua vez, o art. 652 do novo Código Civil, preceitua que, “seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos”. 
O Código de Processo Civil, ao tratar da ação de depósito, regula essa prisão no § 1º do art. 902, verbis: “No pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena de prisão até 1 (um) ano, que o juiz decretará na forma do art. 904, parágrafo único”.
A sanção atuava como meio de coerção e não propriamente como pena, pois a lei não estabeleceu um prazo mínimo para sua duração, estando ele na própria vontade do depositário, que pode dela liberar-se desde o momento em que cumpra a obrigação de restituir. 
Resultando esta de contrato, a prisão só seria decretada em ação de depósito (CPC, art. 901). E só seria determinada se houvesse pedido do autor, após o decreto de procedência do pedido e o não atendimento do mandado para entrega do bem dado em depósito. 
Mas a prisão do depositário judicial, podia ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, como proclamava a Súmula 619 do Supremo Tribunal Federal, verbis: “A prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de ação de depósito”.
Decidiu o Supremo Tribunal Federal, numa primeira fase, que a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de 1969 e ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992, conhecida como Pacto de São José da Costa Rica. 
No dia 3 de dezembro de 2008, o STF, por maioria do Plenário, negou provimento ao RE 466.343-SP, oriundo de uma ação concernente a um contrato de alienação fiduciária. 
A referida decisão pôs fim à prisão civil do depositário infiel, tanto nas hipóteses de contratos, como os de depósito, de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil ou leasing.
A tese majoritária atribuiu status supralegal, acima da legislação ordinária, aos tratados sobre Direitos Humanos, embora situados em nível abaixo da Constituição. 
Por força da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi acrescentado ao art. 5º da Constituição Federal um novo parágrafo (§ 3º), que confere valor de emenda constitucional ao tratado que for aprovado com quorum qualificado de três quintos dos votos de cada Casa Legislativa, em duas votações — o que ainda não veio a ocorrer com nenhum tratado internacional.
Prevaleceu, no aludido julgamento da nossa Suprema Corte, o entendimento de que o direito à liberdade é um dos direitos humanos fundamentais priorizados pela Constituição Federal, somente podendo ocorrer a sua privação em casos excepcionalíssimos, como no da prisão por dívida alimentar. 
O Pacto de São José da Costa Rica proíbe, em seu art. 7º, n. 7, a prisão civil por dívida, excetuando apenas o devedor voluntário de pensão alimentícia. 
O mesmo ocorre com outros tratados sobre direitos humanos aos quais o Brasil aderiu, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966, patrocinado pela ONU, e a Declaração Americana dos Direitos da Pessoa Humana, firmada em Bogotá em 1948.
 Em consequência, a aludida Corte editou a Súmula Vinculante 25, do seguinte teor: “É ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
O STJ, por sua vez, adequou o seu posicionamento à referida decisão do STF. Assim, “por ter havido adesão ao Pacto de São José da Costa Rica, que permite a prisão civil por dívida apenas na hipótese de descumprimento inescusável de prestação alimentícia, não é cabível a prisão civil do depositário, qualquer que seja a natureza do depósito”. 
Proclama, por seu turno, a Súmula 419 da aludida Corte: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel”.
Se a coisa depositada foi furtada, por falta de cuidado do depositário, este não se exime de ter de pagar o equivalente a ela em dinheiro, pois sua situação se equipara à do depositário infiel.
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