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Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 1 Classe Nematoda Superfamília Dictophymatoidea Espécie: Dioctophyma renale Parasita grande e espesso sendo o macho com 20 a 60 cm e a fêmea com 60 a 100 cm. São avermelhados com estrias laterais. A bolsa copuladora é em forme de sino. As fêmeas são ovíparas e os ovos possuem casca rugosa, bastante espessa e com depressões. HD normal: carnívoros selvagens. HD acidental: carnívoros domésticos principalmente. HI: oligoquetas aquáticos – parasitas de peixes. HP: sapos e peixes. A localização habitual é o rim direito, já a localização errática pode ser: rim esquerdo, fígado, útero, região inguinal, cavidade abdominal, bexiga e testículos. Nos cães, pode-se encontrar o parasita nos dois rins. Ciclo Biológico: Ciclo indireto – HI (anelídeos e oligoquetas) Ovos são eliminados com a urina do HD. HI ingere os ovos no meio. Mecanismo de infecção do HD: ingestão de HI + L3 ou ingestão de HP + L3. Liberação de L3 pelo processo de digestão. L3 migra do intestino diretamente para o rim; PPP até 2 anos. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 2 Patogenia e sinais clínicos: Geralmente infecção por 3 a 4 parasitas. São histiófagos e hematófagos, se alimentando do parênquima renal. Promovem a destruição completa do parênquima renal, ficando envoltos apenas pela cápsula. Causam hematúria, especialmente no final da micção.. Quando estão em localização errática, os sinais são mais severos e dependem do órgão lesado. Diagnóstico: Pesquisa de ovos na urina, palpação renal, radiografia/ultrassonografia renal, cirurgia, necropsia. Epidemiologia: Ciclo normal selvagem – animais domésticos são hospedeiros acidentais. A infecção depende da ingestão dos anelídeos, peixes ou anfíbios infectados, ou de sua carne crua ou mal cozida. Controle: Não fornecer vísceras ou carne crua de pescados a animais domésticos . Educação de pescadores para que não deixem vísceras de pescados para apodrecerem no meio ambiente. Superfamília Filaroidea Espécies de importância: Onchocerca gutturosa – ligamento cervical de bovinos Onchocerca cervicalis – ligamento cervical e tendões de equinos e asininos Dipetalanema reconditum – caninos Dirofilaria immitis – caninos, felinos, carnívoros silvestres, equinos, primatas e ocasionalmente o homem. Onchocerca sp. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 3 Machos com 2 a 6 cm, fêmeas com 6 a 12 cm. São brancos e as fêmeas são vivíparas e as larvas são denominadas Filárias. HI: Simulium spp., Culicoides spp. Ficam enovelados nos ligamentos ou tendões causando reação inflamatória como desmites e tendinites. Formam nódulos que fistulam, permitindo a invasão bacteriana secundária com presença de exsudato seroso. Ciclo biológico: HI suga o sangue com microfilárias e então há o desenvovlimento de L1-L2-L3 no vetor o que dura cerca de 10 a 30 dias. Transmissão da L3 para o HD pela picada de inseto. Evolução para L4 e L5 na circulação ou subcutâneo. Diferenciação para macho e fêmea no órgão-alvo. PPP varia conforme a espécie. Patogenia: Assintomático ou tumefação difusa e indolor que depois regride chegando à calcificação . nódulos necróticos em ligamentos e tendões. Fistulas na região cervical por invasão bacteriana = cernelha fistulosa. Diagnóstico: Pesquisa de microfilárias no sangue, biópsia das lesões, achados de abate. Epidemiologia: Equinos relatados no RJ e MT Bovinos: 10 a 20% em áreas endêmicas. Tratamento : ivermectina, cirurgia e controle de insetos. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 4 Dipetalonema reconditum Parasita de tecido subcutâneo e perianal de cães e, ocasionalmente, gatos. Machos medem de 9 a 17 mm e fêmeas de 20 a 32 mm. As microfilárias tem cauda curta e gancho oral. HI: pulgas e carrapatos. Geralmente são apatogênicos. Mas a reação local pode formar nódulos. Sua importância está relacionada ao diagnóstico diferencial da Dirofilaria immitis . Dirofilaria immitis São parasitas de artéria pulmonar e coração direito de cães e gatos, ocasionalmente o homem. É conhecido como verme do coração. Os adultos medem de 20 a 30 cm, já as microfilárias têm de 301 a 332 micra, com extremidade anterior afilada e cauda reta. HD habitual: cães domésticos, lobos, raposas, coiotes, ferrets. HD alternativo: carcaju, leões marinhos, felídeos domésticos e selvagens. Hospedeiros erráticos: ursos, mustelídeos, homem. HI: mosquitos, principalmente o Culex. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 5 Patogenia: Infecções leves são bem toleradas, já infecções maciças geram distúrbios circulatórios. Presença de parasitas vivos: liberação de exotoxinas causando endocardite e endartite. Parasitas mortos: formam êmbolos, que podem levar à embolia pulmonar. Em infecções crônicas: glomerulonefrites auto-imunes. Sinais clínicos: Infecções leves: intolerância ao exercício físico. Infecções maciças: animais cansados e apáticos, com intolerância ao exercício físico. Tosse seca, dispneia, cirrose hepática, ascite. Diagnóstico: Exame parasitológico de sangue periférico (distensão sanguínea, método de Knott modificado). Importante: diagnóstico diferencial de D. repens e D. reconditum Radiografia, ultrassonografia, pesquisa de anticorpos. Controle e tratamento: Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 6 Prevenção (áreas endêmicas): administração de macrolídeos a cada 6 meses. Ivermectina oral, controle de mosquitos. Tratamento: arsenamida, diidrocloridato de melarsomina. Superfamília Spiruroidea Boca com dois lábios, esôfago dividido em duas porções: anterior e posterior. Machos: cauda espiralada, dois espículos desiguais. Fêmeas: ovovivíparas, com ovos pequenos, elípticos e larvados. Heteroxenos. São parasitas da primeira porção do sistema digestório. Spirocerca lupi – cães Habronema muscae – equinos e asininos Draschia megastoma – equinos e asininos Spirocerca lupi Avermelhados, alimentam-se de muco e sangue. Machos: asa caudal, 3 a 4 cm. Fêmeas: vulva no terço terminal do esôfago, 6 a 7 cm. Habitat: formam nódulos de 3 a 4 parasitas entre mucosa e serosa do esôfago e estômago de canídeos. HD: canídeos domésticos e selvagens, felídeos ocasionalmente. Hospedeiros acidentais: ruminantes, equinos e homem. HI: besouros coprófagos HP: répteis, aves e roedores. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 7 Patogenia: No PPP: inflamação das paredes das artérias – estenose, hemorragia. No esôfago: granulomas com 5 a 6 cm. Estenose do esôfago. Granulomas podem evoluir para osteossarcomas. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 8 Quadro clínico: Disfagia, regurgitação, tosse seca. Diagnóstico: Pesquisa de ovos nas fezes, palpação dos nódulos, endoscopia, ultrassom e raio-X, necropsia. Habronema Parasitos brancos e pequenos (1 a 2,5 cm) Histiófagos. Presentes no estômago ou na pele. Espécies: Habronema muscae, Habronema microstoma, Habronema(Draschia) megastoma. HD:equídeos HI: Musca domestica, Stomoxys calcitrans, Haematobia irritans. Ciclo biológico: Exógeno – indireto: HI (10 a 20 dias). Endógeno – direto, PPP = 2 meses. Mecanismo de infecção do HD: 1- As moscas liberam L3 pelos poros da probóscide ao entrar em contato com os equinos. L3 é deglutida quando liberada próximo à boca do animal. 2- Equino ingere a mosca infectada com L3 (única via possível quando o HI é Stomoxys ou Haematobia). Deglutição da L3 pelo HD – L3 chega no estômago, muda pra L4, L5 e diferenciam em machos e fêmeas. A ação patogênica depende da espécie do Habronema, mas normamente são bem tolerados. H. muscae – parasitas adultos soltos na luz estomacal, próximos às glândulas gástricas: aumento da produção de substâncias irritantes e muco -> gastrite catarral -> cólica. Resumo de Parasitologia Veterinária – Superfamília Diversas Francimery Fachini 9 H. microstoma – parasitas adultos formam escarificação na mucosa, onde se fixam – ulceras gástricas de pequena extensão - > sangramento -> cólica. Draschia megastoma – parasitas adultos produzem reação inflamatória intensa – formação de granulomas eosinofílicos com 2 a 8 cm de diâmetro -> interferência mecânica na digestão -> pode evoluir para tumores. Ciclo errático do Habronema: Ocorre quando a L3 é depositada na superfície do animal e não é ingerida. Como não chegam ao estômago não evoluem. O organismo reconhece a L3 como estranha e tenta encapsulá-las, formando granulomas eosinofílicos. 1. Habronemose pulmonar: ocorre quando as L3 são depositadas próximas às narinas. Rara. Sinais: muco nasal, tosse. 2. Habronemose palpebral: ocorre quando L3 são depositadas no canto mediano do olho. Irritação – lesão – infecção bacteriana secundária -> conjuntivite persistente. Sinais: secreção, fotofobia. 3. Habronemose cutânea: ocorre quando L3 são depositadas em feridas, soluções de continuidade da pele ou prepúcio. Forma mais comum da Habronemose. Localizações mais comuns das feridas: regiões de arreios. L3 morre e calcifica, forma-se granuloma. Inicialmente há intenso prurido: animal se auto inflinge, aumentando a ferida. O aumento da ferida com exudação atrai mais moscas, que depositam mais L3. Depois de um tempo, a ferida seca. Não sangra, dificilmente cicatriza. Forma-se uma pseudo membrana que envolve a lesão. Diagnóstico: Habronemose gástrica: pesquisa de ovos e L1 nas fezes, xenodiagnóstico, endoscopia. Habronemose cutânea: clinico – ferida de difícil cicatrização, elevadas em relação à pele, que dificilmente sangra. Biopsia. Controle: Controle das moscas, fermentação das fezes em esterqueiras. Combate à habronemose gástrica: anti-helmíntico