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REVISÃO_Febre Origem Indeterminada

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Serviço Público Federal 
Ministério da educação 
Universidade Federal de Sergipe 
Campus Universitário “Professor Antônio Garcia Filho” 
Graduação em Medicina 
 
Sanni Silvino Parente 
 
Revisão: Febre de origem 
indeterminada (FOI) 
 
Febre por mais de 3 semanas, com 
temperaturas maiores de 38,3°, sem 
identificação da causa, após 1 semana de 
internação. 
Propõe-se que considerem 3 dias 
de investigação hospitalar ou 3 consultas 
em ambulatório. 
Esse é o tempo necessário para 
distinguir FOI de doenças autolimitadas ou 
outras causas que seriam consideradas 
com a evolução da doença. 
Estima-se que 8,4% das 
internações em hospitais gerais sejam 
decorrentes dessa entidade. 
 
 CATEGORIAS DE FOI 
Difere-se a FOI clássica de outros grupos 
que guardam características específicas: 
hospitalizados, imunodeficiêntes, aidéticos 
e idosos. 
Nessas categorias, há quatro subgrupos: 
o Infecções; 
o Neoplasias malignas; 
o Autoimunidade; 
o Miscelânea. 
 
 
FOI NOCOSOMIAL 
Curta, 3 dias; como consequências de 
cirurgias, procedimentos cirúrgicos, 
sondagem urinária, intubação 
endotraqueal, cateteres, imobilização que 
se associa à embolia pulmonar de 
repetição, colite por Clostridium difficile e 
medicamentos. 
FOI EM IMUNODEPRIMIDOS E 
NEUTROPÊNICOS 
Curta; potencialmente grave; necessita 
tratamento empírico imediato. 
FOI EM PACIENTES COM HIV 
Pode ser prolongada ou curta; de acordo 
com a contagem de linfócitos, pode haver 
ocorrência de etiologias distintas: 
CD4<50: Mycobacterium avium, 
Histoplasma capsulatum, Coccidiodes 
immitis, asperigilose e CMV; 
CD4<100: Pseudomonas aeruginosa, 
Stafilococos aureus, Toxoplasma gondii, 
sarcoma de Kaposi; 
CD4<200: pneumocistose e Criptococos 
neoformas. 
FEBRE FACTÍCIA 
Indução proposital da febre; rara; 
frequente em profissionais da saúde ou 
seus familiares do sexo feminino. 
HIPERTERMIA HABITUAL 
Mulheres jovens, reação psiconeurótica; 
temperaturas entre 37,2° e 37,8° no 
período da tarde, acompanhada de 
queixas vagas. 
 
 PATOGENIA DA FEBRE 
Fisiologicamente o nosso corpo apresenta 
diferentes temperaturas durante o dia. Às 
6h é de, aproximadamente, 36°C, podendo 
ter aumento de mais de 1°C 12h depois. 
Febre se caracteriza pelo aumento da PG 
E2 devido a alterações no set point 
hipotalâmico. 
Algumas moléculas, 
denominadas pirógenos, 
controlam a produção de PG 
E2. São essas: 
 Pirógenos endógenos: 
IL-1 alfa; IL-B; TNF- 
alfa; TNF- beta; IFN – 
alfa; IL-6. 
 Exógenos: LPS [Gram-
]; ácido lipoproteico, 
peptidioglicanos, exo e 
enterotoxinas (TRL) 
[gram+]. 
Os componentes endócrinos envolvidos 
na gênese da febre são: 
 Liberação maior de CRH, 
ocasionando maior produção de 
glicocorticoides; 
 Liberação aumentada de GH e 
aldosterona; 
 Diminuição da secreção de 
vasopressina; 
Difere de hipertermia, pois essa é a 
manifestação do calor não dissipado ou 
superproduzido. 
O controle da temperatura corpórea é feito 
através de mecanismos nervosos, 
endócrinos e inflamatórios. 
A temperatura de pele e órgãos internos é 
informada no núcleo pré-optico do 
hipotálamo anterior, que envia informação, 
por nervos eferentes (principalmente 
simpáticos) para estruturas superficiais, 
controlando a vasoconstrição, 
vasodilatação, sudorese, pulsação, 
comportamentos, tremores e desvio do 
sangue. 
 ABORDAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A anamnese e o exame físico devem ser 
completos e repetidos periodicamente, 
bem como documentados. Deve-se 
valorizar a relação médico-paciente, visto 
que a demora diagnóstica pode ser causa 
de ansiedade no paciente e familiares, 
gerando cobranças ao médico. 
A anamnese deve ser a mais completa e 
abrangente possível, não se limitando a 
dados orgânicos, mas é importante incluir 
aspectos profissionais, viagens, ambiente 
de moradia e trabalho, contato com 
doentes ou animais, endemias na região, 
história pregressa, etc. 
Os aspectos psíquicos do paciente devem 
ser analisados; pacientes manipuladores 
devem levar nossa suspeita para febre 
factícia. 
Ao exame físico, deve-se ter atenção a 
lesões cutâneas, lesões na orofaringe, 
seios paranasais, dentes, 
visceromegalias, linfoadenomegalias, 
massas abdominais ou pélvidas e sopros 
cardíacos. Realizar exame de fundo de 
olho, boca, orofaringe, dentes, região anal 
e reto. 
Essencial a curva térmica! 
 DIAGNÓSTICO DE FOI 
Recomenda-se realizar primeiramente 
testes não invasivos. 
Colher amostra de sangue que será 
conservada a 4°C. Essa amostra servirá 
para comparação futura dos títulos 
sorológicos, identificando quais anticorpos 
estão alterados. 
OBS: Fosfatase alcalina: elevação aponta 
acometimento hepático. 
EXAMES LABORATORIAIS 
 Hematologia e bioquímica 
o Hemograma e hematoscopia; 
o VHS; 
o Pesquisa em gosta espessa; 
o Transaminases, fosfatase 
alcalina, bilirrubinas; 
o Eletroforese de proteínas; 
o Uréia e creatinina; 
o TSH e T4l; 
o Desidrogenase lática. 
 Culturas 
o Hemoculturas: colher pelo 
menos 3 amostras com intervalo 
de 4h no primeiro dia e uma 
amostra no segundo e terceiro 
dia em locais diferentes – de 
preferência coincidindo com 
picos febris; 
o Cultura de urina e fezes; 
o Cultura de secreções corporais. 
 Urina e fezes 
o Urina rotina: elementos 
anormais, sedimentoscopia; 
o Parasitológico de fezes; 
o Sangue oculto. 
 Sorologia 
o ASLO (febre reumática); 
o FAN; 
o Fator reumatoide; 
o VDRL, FTA-abs; 
o Imunofluorescência e ELISA 
para T. cruzi; 
o Anti-VEB (mononucleose 
infecciosa); 
o Antitoxoplasmas (IgM e IgG); 
o Reações de aglutinação anti-
Brucella e anti0Salmonella typhi; 
o Sorologia para calazar; 
o Anti-CMV; 
o Anti-HIV; 
o Anti-VHB; 
o PCR quantitativa. 
 Testes cutâneos 
o PPD 
 Biópsias 
o Hepática; 
o Medula óssea 
EXAMES DE IMAGEM 
 RX (tumores, sinais de abscessos, ar 
extralumial) 
o Tórax; 
o Abdome; 
o Coluna vertebral; 
o Ossos longos; 
o Crânio; 
 US (massas e coleções líquidas) 
o Cervical; 
o Abdome; 
o Pelve. 
 ECO (endocardite bacteriana) 
 TC (massas e coleções líquidas) 
o Crânio; 
o Tórax; 
o Abdome; 
o Pelve 
 RNM 
 Galium 67 (abscessos e tumores); 
 Medicina nuclear: 
o Pulmão-embolia; 
o Ossos-tumores; 
 
 BIOPSIAS 
Linfonodos, medula óssea (mesmo na 
ausência de alterações no sangue – 
leucemias, tuberculose miliar, brucelose, 
febre tifoide e calazar) e hepática 
(evidências clínicas, laboratoriais oi 
imagens). 
LAPAROTOMIA EXPLORADORA 
Sinais que sugerem: dor abdominal; 
anemia; perda de peso progressiva; 
icterícia; hepato e/ou esplenomegalia; 
massas abdominais e alterações da 
função hepática. 
Em caso de ascite, o líquido deve ser 
colhido para citologia e cultura.

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