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Intoxicações - Amônia, Cobre, Selênio, Zinco e Cloreto de Sódio

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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
1 
INTOXICAÇÕES 
Amônia 
A amônia entra do organismo dos ruminantes através do fornecimento de ureia na dieta, que é 
uma fonte de nitrogênio não proteico. Nos estômagos, os microrganismos produzem urease, 
quebrando a ureia em amônia. A fermentação da amônia produz o amônio, e produz substrato 
para a formação de aminoácidos e proteínas. A urease tem maior ação em pH alcalino, portanto 
dietas com baixo volume de concentrado e muito volumoso tendem a propiciar um maior 
número de casos de intoxicação por amônia. A amônia em grande concentração no organismo 
produz muito amônio, causando hepatopatias. Para um fornecimento ideal de ureia, o animal 
deve ser adaptado, com diminuição da quantidade nos primeiros dias, e essa readaptação 
sempre deve ser feita se o animal ficar 30 dias sem consumo. 
Uma intoxicação pode ter sido causada pela não realização dessa adaptação, fornecimento de 
doses superiores a recomendada, sal mineral de má qualidade (com níveis descontrolados de 
alguns nutrientes), misturados a concentrados altamente palatáveis e administração para 
animais famintos. A intoxicação inibe o ciclo de Krebs e desestabiliza as sinapses (por alterar a 
liberação de neurotransmissores) no SNC, aumenta a produção de ácido lático, por estimular a 
glicólise anaeróbica, e leva a uma acidose metabólica. 
Os sinais clínicos dessa infecção envolvem transtornos nervosos, com presença de fasciculações, 
Incoordenação, hipersensibilidade a estímulos, sialorreia, convulsões e morte. O diagnóstico é 
feito através do conjunto anamnese + sinal clínicos, além do histórico de manejo nutricional, 
juntamente com a aferição de aumento de teor de amônia em líquido ruminal e plasma. Na 
necropsia encontra-se o rúmen com odor de amônia. O tratamento é feito pela administração 
de ácidos fracos por sonda esofágica, ruminotomia, fluidoterapia em alta velocidade e uso de 
diuréticos de alça de Henle. 
Cobre 
O cobre é um microelemento essencial aos mamíferos, que proporciona melhoras zootécnicas 
aos animais, servindo para intensificar os sistemas de criação, fornecendo uma alimentação rica 
em concentrados energéticos. As fontes naturais de cobre são cereais, feno, capins tenros, 
silagens, sal, entre outros, além de possibilidade de administração parenteral. A absorção do 
cobre ocorre no intestino delgado, com depósito no fígado na forma de metalotioneína, sendo 
excretado por via biliar. 
Uma intoxicação aguda é causada por alta ingestão de cobre, que causa erosões e úlceras em 
mucosas de abomaso e intestino, gastroenterite hemorrágica, anorexia, depressão de SN, 
diarréia verde metálica, decúbido esternal, dor à palpação abdominal. Uma intoxicação 
acumulativa ocorre quando a exposição é durante um período maior que 30 dias, que 
geralmente ocorre na administração de concentrados energéticos em manejos intensivo, ao 
através de pastejo em pastagens contaminadas. A primeira fase é pré-hemolítica, em que ocorre 
necrose hepática pelo acúmulo gradativo no fígado, e a segunda é hemolítica, em que o cobre 
reduz 70% das hemácias do organismo, lisando-as. A liberação de bilirrubina das hemácias leva 
a icterícia, e a hemoglobinúia leva a insuficiência renal, porque a hemoglobina é nefrotóxica. 
O diagnóstico da doença é feito pelos históricos e sinais clínicos, sendo que na necropsia 
encontra-se icterícia generalizada, fígado friável e amarelado e rins com aumento de volume, 
Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari 
Alberto Gonçalves Evangelista 
Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 
 
 
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com cortical e medular enegrecidas e cápsula brilhante. O tratamento é feito através de 
tetratiomolibdato, por 4 dias consecutivos. 
Selênio 
O selênio é um oligoelemento essencial na nutrição, com maior susceptibilidade de intoxicação 
em equinos e bovinos, sendo que ovinos, suínos e aves são mais resistentes. Os casos são 
incomuns no Brasil, mas quando ocorrem possuem alta morbidade e mortalidade. As fontes de 
selênio são a água, shampoos medicamentosos, rações, misturas minerais, solos alcalinos com 
poucas chuvas, etc. O mineral é absorvido no intestino delgado, com posterior distribuição para 
rins, fígado e baço, e sua excreção é feita pela urina, fezes, ar expirado, leite e ovos. 
Uma infecção aguda causa dificuldade respiratória, diarreia aquosa, febre, andar cambaleante, 
prostração e morte, sendo que uma infecção crônica causa claudicação, emagrecimento, 
anemia, ascite, laminite e enrijecimento das articulações. Possui, além disso, efeitos 
embriotóxicos. O diagnóstico é feito pelo histórico e sinais clínicos, com achados de necropsia 
contendo conteúdo gástrico com odor aliáceo, órgãos congestos e ulceração de articulações. 
Zinco 
O zinco é um componente essencial, encontrado em unguentos, medicamentos, materiais 
galvanizados e fornecido pela dieta. Sua absorção é feita no intestino delgado, com excreção 
através da secreção pancreática e bile. Os sinais clínicos envolvem anemia hipocrômica 
microcítica, hematêmese, hemoglobinúria, diarréia e icterícia. O diagnóstico é feito por sinais 
clínicos e histórico do animal, sendo que edemas, lesões em cartilagens e mucosa do trato 
gastrointestinal esverdeada são encontrados em necropsia. O tratamento é feito com 
suplementação com cobre, que compete com o zinco, e administração de quelantes. 
Cloreto de Sódio 
O cloreto de sódio é administrado para equilíbrio hídrico, através da mistura do mineral com 
água potável. Pode levar a hipernatremia ou intoxicação por privação de água. Causa aumento 
da concentração de Na na corrente sanguínea, que se difunde pelo líquido cefalo-raquidiano, 
levando a um aumento intraneural de Na, K e Cl. Isso causa uma desidratação celular, pois por 
osmose a água vai para fora da célula. Isso rompe os vasos sanguíneos, levando a hemorragia e 
edema cerebral. Os sinais clínicos envolvem distúrbios neurológicos, como cegueira, surdez, 
andar a esmo, head pressing, convulsões e morte. O diagnóstico é feito através dos históricos e 
sinais clínicos, achando em necropsias edema em musculatura esquelética, edema cerebral, ou 
ausência de lesões. O tratamento envolve administração de água por via oral.

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