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TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 1 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA Profª: Paula Correia Toxicologia está presente na humanidade desde sempre. Hipócrates postulou princípios de toxicologia clínica. E Teofrasto deu inicio a escritura de textos sobre toxicologia. Paracelso formulou muitos pontos de vista revolucionários que permanecem integrais na atual estrutura da toxicologia, farmacologia e terapêutica: Paracelso: o fodão! → “Todas as substancias são veneno; não há nenhuma que não seja um veneno. A dose correta distingue o veneno do remédio.”. Depois do Iluminismo, houve crescente desenvolvimento no estudo da toxicologia. Toxicocinética: forma de absorção do tóxico. Toxicodinâmica: mecanismo que o tóxico utiliza para agir no organismo (onde, qual receptor...). Toxicologia moderna: se desenvolveu por meio da efetiva transdisciplinaridade, não apresentando objetivo único. Toxicologia: ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substancias tóxicas com o organismo. Tóxico: substancia química isolada ou a mistura de substancias ou produto que tem propriedade de causar doença ou morte em seres vivos, ou seja, propriedade de causar intoxicação por conta do seu potencial tóxico. Objetivos: prevenir desenvolvimento das lesões toxicas ou de doença profissional; garantir o conhecimento sobre os agentes ocupacionais potencialmente tóxicos; especialmente informações sobre a toxicidade das substancias e relação dose resposta; definir critérios de segurança para cada substancia; adotar medidas de prevenção. Ramos: experimental, alimentar, ambiental, clinica, forense, social. CONCEITOS Agente tóxico ou toxicante: entidade química capaz de causar dano a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o a morte, sob certa condição de exposição. Veneno: agente tóxico que altera ou destrói as funções vitais. E é termo para designar substancias provenientes de animais com função de autodefesa ou predação. Toxicidade: capacidade inerente e potencial do agente toxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. Efeito toxico é geralmente proporcional a concentração do agente toxico a nível do sitio de ação (tecido alvo). Ação toxica: maneira pela qual um agente toxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais. DL 50: dose letal 50% ou dose letal média de uma substancia, expressa o grau de toxicidade aguda de substancias químicas. Correspondem as doses que provavelmente matam 50% dos animais de um lote utilizado para experiencia. Valores calculados estatisticamente a partir de dados obtidos experimentalmente. Com base nas DL 50 de varias substancias são estabelecidas classes toxicológicas de produtos químicos e farmacológicos. Para dizer se a substancia é tóxica ou inócua para o ser humano: se uma substancia oferece risco ou perigo para um determinado sistema biológico; se a substancia oferece risco ou perigo para determinado indivíduo para a saúde pública. Antídoto: agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substancias. Intoxicação: processo patológico causado por substancias endógenas ou exógenas, alterações bioquímicas no organismo que causam desequilíbrio fisiológico. Processo é evidenciado por sinais e sintomas ou mediante dados laboratoriais. Intoxicação aguda: decorre de um único contato (dose única - potência da droga) ou múltiplos contatos (efeitos cumulativos) com o agente toxico, num período de tempo de 24 horas. Efeitos surgem de imediato ou no máximo de alguns dias, no máximo 2 semanas. Estuda relação dose-resposta que conduz ao cálculo da DL 50. Sub-aguda/ sub-crônica: exposições repetidas a substancias químicas – caracteriza estudos de dose- resposta após administrações repetidas. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 2 Crônica: resulta efeito toxico após exposição prolongada a doses cumulativas do toxicante num período prolongado, geralmente maior de 3 meses a anos. Fases da intoxicação: dividido em 4 Fase de exposição: superfícies externa ou interna do organismo entra em contato com o toxicante. Importante considerar: frequência e duração da exposição, propriedades físico-químicas, dose ou [] do xenobiótico, susceptibilidade individual. Fase de toxicocinética: inclui todos os processos envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a [] do fármaco nos diferentes tecidos do organismo. Intervém nesta fase: absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção das substancias químicas. Propriedades físico-químicas dos toxicantes determinam o grau de acesso aos órgãos alvos, assim como a velocidade de sua eliminação no organismo. Fase da toxicodinâmica: compreende interação entre as moléculas do toxicante e os sítios de ação, específicos ou não, dos órgãos e, consequentemente, o aparecimento de desequilíbrio homeostático. : fase em que há evidencias – sinais e sintomas, alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnosticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela interação do toxicante com o organismo. Interações entre as substancias: exposição simultânea a várias substancias pode alterar uma série de fatores: absorção, ligação proteica, metabolização e excreção. Esses fatores influem na toxicidade de cada uma delas em separado. Resposta final a tóxicos combinantes pode ser maior ou menor que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter efeitos aditivo, sinérgico e antagonista. Efeito aditivo: efeito final igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes envolvidos. Efeito sinérgico: efeito maior que a soma dos efeitos de cada agente em separado. Potencialização. Efeito antagonismo: efeito de um agente é diminuído, inativado ou eliminado quando se combina com outro agente. Livro: manual de toxicologia veterinária Exposição Toxicocinética Toxicodinâmica Clínica TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 3 TOXICOCINÉTICA E TOXICODINÂMICA Para ocorrer intoxicação, é necessário que haja contato do elemento toxico com o organismo. Sempre que falamos em toxicologia de qualquer elemento químico, levamos em consideração que nem toda substancia tem a capacidade de ser absorvida pelas vias oral, cutânea e pulmonar e iniciar de fato o que se chama de toxicocinética. Sem ela, principalmente na absorção, não teremos a toxicodinâmica. Sendo assim, uma fase anterior a toxicocinética é a exposição. Exposição de um composto químico: Penetração → efeito local Absorção → efeito sistêmico INTOXICAÇÃO FASE I - EXPOSIÇÃO A exposição pode ser aguda ou crônica: Exposição aguda Geralmente a exposição é única Rápido aparecimento dos efeitos (± 24h) Grande intensidade Exposição crônica Exposição múltipla e continua Costumam aparecer após semanas ou meses Efeitos menos intensos FASE II – TOXICOCINÉTICA Toxicocinética: movimento do elemento toxico dentro do organismo. É a segunda fase da intoxicação. Começa na exposição até o tóxico chegar no sítio de ação: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. 1. Absorção Refere-se a entrada de uma substancia em um organismo até sua chegada na corrente sanguínea. É um fator limitante a toxicocinética e a toxicodinâmica, pois sem ela não existe tóxico para fazer a distribuição, metabolização e excreção e, muito menos, para a fase da toxicodinâmica. ❖ Fatores que influenciam: • Características e constituição dos diversos tipos de membranas biológicas o Diferentes pH do meio o Diferentes constantes de ionização (pK) • Tamanho da molécula, pois moléculas grandes também são impedidas ou tem dificuldade em serem absorvidas. I EXPOSIÇÃO II TOXICOCINÉTICA III TOXICODINÂMICA IV TOXICODINÂMICA CLÍNICA Vias de introdução Absorção Distribuição Metabolização Excreção Natureza da ação Efeito nocivo TOXICANTE DISPONIBILIDADE QUIMICA TOXICIDADEINTOXICAÇÃO BIODISPONIBILIDADE SINAIS E SINTOMAS TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 4 ❖ Exemplos de vias de absorção: • Absorção dérmica o Absorção local: ácidos e bases o Absorção e ação sistêmicas: substancias lipossolúveis • Absorção via respiratória o Substancias <1µm: liquidas, gasosas, sólidas e aerossóis o Depende da solubilidade de toxicantes: lipossolúveis • Absorção via gastrintestinal o Ingestão acidental: através de água contaminada, alimentos tóxicos e/ou contaminados. o Depende da característica físico-química do toxicante o pH do local de absorção (estômago/ intestino) ❖ A absorção se dá por meio de transporte através de membranas biológicas: o Transporte passivo ou difusão simples Ocorre a passagem de moléculas das diversas substancias químicas por difusão simples dos meios de: Maior [] para menor []; Maior pressão para menor pressão; Maior potencial elétrico para menor potencial elétrico. Moléculas apolares: peso molecular compatível com a dupla camada lipídica a ser atravessado. Não há gasto de energia. o Transporte ativo mediado por carreador Alto grau de especificidade estrutural e estereoquimica. No qual o transporte de uma substancia ocorre contra o gradiente de concentração. De um local de baixo potencial eletroquímico para um de alto, por meio de carreadores e com gasto de energia. o Difusão facilitada Ocorre transporte sem gasto de energia, por um carreador pelo qual a substancia toxica se move a favor do gradiente de concentração, em velocidade maior quando comparada a difusão simples. o Fagocitose Processo de invaginação da membrana celular com gasto de energia. Sobre várias pequenas moléculas sólidas ou única macromolécula sólida, formando vesículas que se destacam da membrana. o Pinocitose Processo de invaginação da membrana celular com gasto de energia. Sobre várias pequenas moléculas liquidas ou única macromolécula liquida, formando vesículas que se destacam da membrana. 2. Distribuição Caracterizado pelo processo em que a substancia toxica absorvida se desloca do local da absorção para outras áreas do organismo. Uma vez na corrente sanguínea, o agente toxico estará disponível para ser transportado pelo organismo para diferentes destinos. Inicialmente, [] maior em órgão mais perfundido e, posteriormente, o equilíbrio entre todos os compartimentos orgânicos: O local de ação, onde provocará efeito tóxico; Ou os locais de armazenamento como fígado, rim, cérebro, ossos e afins; Ou órgãos que vão promover a sua metabolização ou biotransformação. O equilíbrio da distribuição entre os vários compartimentos depende: o Capacidade de uma substancia atravessar as barreiras teciduais de cada compartimento. o Ligação as proteínas teciduais e plasmáticas da substancia TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 5 o Ionização o Lipo ou hidrossolubilidade das moléculas dessa substancia *Albumina: proteína plasmática mais importante envolvida na ligação com fármacos e agentes tóxicos. Quando uma substancia se liga a proteínas (ligação reversível) somente a fração livre tem a capacidade de deixar o plasma para exercer sua ação. A quantidade de albumina altera a biodisponibilidade do toxicante. O estado geral do paciente intoxicado (hipoproteinêmico) e a competição entre dois agentes tóxicos pela ligação a proteína podem resultar em maior quantidade de substancia toxica na forma livre e portanto, no aparecimento dos efeitos tóxicos e seus sinais. 3. Biotransformação/ metabolização Consiste na transformação de substancias absorvidas em metabolitos mais polares e menos lipossolúveis, favorecendo a sua eliminação. (pré fármaco= pré tóxicos). ˪ Fígado é o principal órgão responsável (possui muitas enzimas biometabolizadoras) ˪ Os metabolitos podem possuir propriedades farmacológicas/ toxicas: maiores ou iguais a substancia original; menor atividade ou ser inativada em relação a substancia original. Pode sofrer influência de diversos fatores internos (espécie, fatores genéticos, sexo, idade, peso e estado geral) e externos (meio ambiente, temperatura, dieta). No processo de biotransformação ocorrem reações de fase I e II: 3.1. Reações de fase I Convertem os agentes tóxicos originais em metabólitos mais polares por oxidação, redução ou hidrólise. Acontecem no sistema microssomal hepático (P450) 3.2. Reações de fase II Denominadas reações sintéticas, ou de conjugação, envolvem o acoplamento entre: agentes tóxicos, metabólitos dos agentes tóxicos e substratos endógenos (ácido glicurônico, acetatos, radicais sulfatos, aminoácidos). ˪ Produtos originados na fase I geralmente sofrem reações mais profundas na fase II. Inativando os fármacos ou tóxicos que ainda possuem alguma atividade. Aumenta a hidrossolubilidade das substancias supracitadas para favorecer a excreção. ˪ Estas reações são catalisadas por enzimas citoplasmáticas e citocrômicas. Elas agem separadamente ou em combinação: o A mais importante é a conjugação com ácido glicuronico e UDPGA. o Outro tipo de conjugação é com a glutationa (importante na proteção dos hepatócitos e de outras células). o Outra reação de conjugação significantes e que acontecem somente no citoplasma: sulfato, radicais acetato, glicina ou glutamina. 4. Excreção Após a biotransformação e a formação do metabólito, a substancia química é eliminada por diferentes vias de excreção: excreção renal, clearance renal, excreção biliar, excreção leite. a. Excreção renal: é o principal processo de eliminação de substancias polares ou pouco lipossolúveis em pH fisiológico. Entretanto, algumas situações podem afeta-lo: alta ligação as proteínas plasmáticas (mais de 80%), reabsorção em nível de porção distal do néfron, pH do meio. Mudanças no pH urinário interferem a excreção de toxicantes: o Alcalinização da urina: aumenta a excreção de ácidos orgânicos fracos; o Acidificação da urina: favorece a excreção de substancia de caráter básico. P450 é muito variável nos indivíduos → intoxicação diferente! TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 6 b. Clearance renal: processo pelo qual o toxicante é removido permanentemente da circulação. De forma que é o volume de plasma depurado do toxicante por unidade de tempo (ml/ min/ kg) Depuração plasmática total refere-se ao somatório de todos os processos de eliminação (clearance renal e hepático). O clearance renal é resultado dos processos de filtração glomerular, secreção ativa nos túbulos proximais e reabsorção passiva da urina para o sangue ao longo de todo o túbulo renal. c. Excreção biliar: é a excreção da substancia tóxica pela via hepática por intermédio da bile. Por essa via geralmente são eliminadas substancias polares e com peso molecular elevado. Quando o toxicante chega ao intestino ele pode passar pelo processo de reabsorção chamado ciclo enterro- hepático (dependerá da sua lipossolubilidade ou da sua conjugação com glicorunídeos), este processo pode causar uma demora na excreção do toxicante podendo ser encontrado muitos dias após a última exposição. d. Excreção pelo leite: é a passagem por difusão de uma substancia (tóxica) com a qual a lactante entrou em contato, do sangue para o leite e, em consequência, esta substancia acaba sendo absorvida pela prole ou quem consumir do leite. A excreção de toxicantes se dá principalmente pela característica do pH do leite (6,5) em relação ao pH sanguíneo, o que favorece a eliminação de substancias básicas. FASE III – TOXICODINÂMICA Estudo da natureza da ação toxica exercida sobre o sistema biológico, sob o ponto de vista bioquímico e molecular. ➔ Como o agente toxico vai agir no organismo. Ação do tóxico no organismo. Toxicante → alcance do órgão(s)-alvo → interação com a molécula alvo/ alteração do ambiente biológico → disfunção celular – injúria → toxicidade→ dano. O conhecimento dos mecanismos de ação permite: o Prevenir a intoxicação o Facilitar o diagnostico o Tratar o paciente intoxicado Assim como na farmacologia, os mecanismos podem ser classificados em específicos e inespecíficos. ❖ Mecanismos específicos: o São aqueles cuja ação decorre de sua estrutura química o Há ligação do agente toxico com um receptor o Forma um complexo que acarreta na alteração da função celular o Atuando de forma seletiva em uma estrutura orgânica o Se conseguir diagnosticar, mais fácil de bloquear “x” receptor ❖ Mecanismos inespecíficos: o São aqueles que não atuam em um determinado receptor (ponto negativo pois é mais complicado ter um antídoto → não se sabe qual receptor bloquear) o Provocam alterações nas propriedades físico-químicas o Mudam importantes mecanismos na função celular o Desorganizam vários processos metabólicos o Lesões geralmente surgem de forma rápida e sem período de e latência o Alvo para a ação dos agentes tóxicos no organismo do animal são: reação de hipersensibilidade, enzimas, moléculas transportadoras, adenosina trifosfato (ATP) e formação de metabólitos muito ativos. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 7 1. Reação de hipersensibilidade (mais comum tipo I): alergia química. Agente toxico se liga com a proteína formando o antígeno (hapteno: agentes tóxicos que se ligam em proteína/ células → célula vai ser lisada), desta forma desenvolve anticorpo (complexo antígeno-anticorpo) → complexo se liga as células teciduais ou basófilos circulantes, sensibilizando-as, ou seja desenvolvendo grânulos internos, contendo histamina, bradicinina (pró- inflamatórios → hipersensibilidade). Órgãos mais afetados são pulmões e pele. 2. Enzimas como alvos de agentes tóxicos: muitos agentes tóxicos exercem ação toxica interagindo com enzimas e, na maioria das vezes, promovem sua inibição. Ex.: carbamatos e organofosforados inibindo a acetilcolinesterase. Animal intoxicado apresenta: espasmos, sialorreia (secreção traqueobronquica), tetania, diminuição de movimentos respiratórios, bronquioconstrição...). 3. Moléculas transportadoras como alvo de agentes tóxicos: os agentes tóxicos atuam nas moléculas transportadoras. Responsáveis por carrear várias substancias para o interior das células. Ex.: cocaína inibindo a recaptação de catecolaminas pelos terminais sinápticos; cocaína estimula SNC através do bloqueio da recaptação da dopamina, serotonina e noradrenalina nas sinapses. Os neurotransmissores, então estimulam seus receptores pós-sinápticos de modo mais intenso e prolongado. Através das vias dopaminérgicas e noradrenérgicas, estimula o sistema nervoso simpático, a ação β-adrenérgica resulta em taquicardia, hiperperfusão e arritmia. 4. Receptores como alvo de agentes tóxicos: alguns agentes tóxicos podem estimular ou bloquear receptores responsáveis pela transmissão neuronal ou diretamente no órgão efetor. Ex.: toxina botulínica (C. botulinum) – bloqueia a liberação de Ach, promove a paralisia flácida; bloqueia fusão da vesícula com a membrana: bloqueio da exocitose. Toxina botulínica → endocitose pelo terminal simpático → degradação das SNAREs → bloqueio da fusão da vesícula com a membrana – bloqueio da exocitose → baixos níveis de acetilcolina → paralisia flácida. 5. Adenosina trifosfato como alvo de agentes tóxicos: alguns agentes tóxicos podem atuar inibindo, bloqueando ou diminuindo a formação de adenosina trifosfato. Há diminuição de energia, acarretando perda das funções celulares. Ex.: Fluoracetato de sódio (1080-raticida): bloqueia ciclo de Krebs→ inibe a resposta celular e produção de ATP. 6. Formação de metabólitos muitos ativos como alvo de agentes tóxicos: após processo de biotransformação, muitas drogas podem, depois de ação enzimática, gerar metabolitos altamente reativos. Esse processo pode desenvolver: alteração na integridade das membranas celulares, acumulo anormal de lipídeos e mucopolissacarídeos, alteração de síntese proteica, lesão no DNA. Ex.: Aflatoxina B – após a biotransformação, dá origem ao metabólito 2,3-epóxido, resultando em lesão hepática. FASE IV – INTOXICAÇÃO Toxicodinâmica clínica Caracterizada pelas manifestações clinicas e laboratoriais resultantes da ação toxica. DIFERENÇA ENTRE TOXICOCINÉTICA E TOXICODINÂMICA Dose do agente químico administrada (cinética) → agente químico no local de ação → resposta toxica (dinâmica) Toxicocinética Depende da dose do agente e qual o químico administrado. Relaciona a dose externa com a quantidade enviada ao órgão alvo, a biodisponibilidade, depuração, meia-vida e acumulo. Toxicodinâmica Resposta tóxica. Relaciona a dose interna com a resposta do órgão- alvo. Ativação, destoxificação, citoproteção e homeostase. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 8 PLANTAS TÓXICAS O que são plantas tóxicas? São plantas que pela inalação, ingestão ou contato levam a lesões (mínimas ou graves), distúrbios ou morte. ASPECTOS GERAIS ˪ Plantas tóxicas contem, frequentemente, uma associação de produtos nocivos. ˪ Às vezes, uma parte da planta não é tóxica e outra é tóxica, animal pode encostar em determinada parte e não acontecer nada. ❖ A proximidade entre os efeitos medicinais e tóxicos é uma constante entre as plantas. Ex.: Dedaleira é digitálica e pode ser tóxica. ❖ O profissional da saúde não conhece botânica. ❖ Nomes populares sofrem variações regionais. GRUPOS E PRINCÍPIOS TÓXICOS GRUPOS PRINCIPIOS ATIVOS Alcalóides Beladonados, pirrozidínicos, solanínicos Látex irritante Fitotoxina Toxalbumina Cursina, ricina Glicosídeos Cardiogênicos, saponínicos, cianogênicos Oxalato de Cálcio Cristais de oxalato de cálcio Triterpenóide Lantanina Abortivos Rutina, furocumarinas Alucinógenos Canabinol e correlatos Ação mecânica Acetilcolina, histamina e 5-hidroxiptamina Variações de concentração do princípio ativo ❖ Condições especiais: Clima Tipos de solo Época de colheita Tipo e qualidade do adubo ❖ Parte ou toda a planta: Raiz, caule, folhas ou flores Todas as partes da planta Aspectos da toxicologia 1. Intoxicação aguda: ingestão quase sempre é acidental Principalmente filhotes (curiosidade). 2. Intoxicação crônica: ingestão continuada, acidental ou intencional Ex.: cirrose hepática, por ingestão de vegetais Crotalaria; Distúrbios hepáticos e circulatórios: mastigação de sementes ou ingestão de alimentos com trigo contaminado com sementes de Senecio (populações orientais). ❖ Exposição crônica: contato sistemático em atividades industriais e agrícolas. ❖ Uso continuado de certas espécies vegetais visando: Efeitos alucinógenos ou entorpecentes; Hábitos, crendices populares ou epidemias, câncer, emagrecimento, problemas de pele e unhas, distúrbios urinários. Regras básicas de segurança − Manter as plantas fora do alcance de crianças e animais − Conhecer as plantas de casa e da região pelo nome e características − Ensinar as crianças e adultos a apreciarem as plantas sem toca-las − Não preparar, nem tomar remédios ou chás caseiros feitos com plantas, sem orientação médica − Identificar a planta antes de comer e ou alimentar com os seus frutos os animais TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 9 − Orientar os tutorem que, em caso de acidente, procurar orientação médica veterinária e guardar a planta para possibilitar sua identificação (ou fotografá-la) − Em caso de dúvida, ligar para o CIAT local − Não há regras seguras para distinguir plantar comestíveis ou venenosas − Nem sempre o cozimento elimina a toxicidade Evitar Animais comerem plantas Cuidar quais plantas plantar na casa – não ter plantas tóxicas ao alcance ou se tiver animais. Tipos de classificação - de acordo com: ❖ Manifestações clinicas ou efeito tóxico: ˪ Sensibilização ˪ Lesão cutâneo-mucosa˪ Alterações gastrintestinais ˪ Alterações neurológicas ˪ Alterações respiratórias ˪ Alterações cardíacas ❖ Princípio ativo: ˪ Alucinógeno ˪ Látex irritante ˪ Glicosídeos ˪ Alcalóides ˪ Toxoalbuminas ˪ Abortivo TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 10 PLANTAS QUE CAUSAM LESÃO EM MUCOSA Oxalato de cálcio ➔ Comigo ninguém pode, copo de leite, cheflera, monster, taioba, tinhorão. São a maioria absoluta dos acidentes. Mecanismo de ação: causam a intoxicação através de ráfides ou cristais de oxalato de cálcio – microagulhas distribuídas por todo o vegetal. Tem ação mecânica – liberação dos cristais causam irritação mecânica ao penetrar nos tecidos. Irritação é agravada pela entrada simultânea de enzimas proteolíticas e ácido oxálico. Manifestações clinicas – agudo: ❖ Ingestão Sialorreia Dor em queimação Edema de cavidade oral Disfagia Náusea e vômitos ❖ Cutâneo Dermatite de contato ❖ Ocular (pode ocorrer quando animal ingerir) Ceratoconjuntivite Edema Fotofobia Lacrimejamento Látex ➔ Coroa de cristo, chapéu de napoleão, bico de papagaio, espirradeira, avelós, urtiga. Mecanismo de ação: ação direta de substancias químicas da planta ainda não são bem identificadas; no entanto, histamina, serotonina e acetilcolina estão presentes. Manifestações clinicas – agudo: Início dos sintomas logo após o contato com a planta! ❖ Ingestão Sialorreia Disfagia Queimação de mucosas oral, língua e lábios Edema de cavidade oral, faringe e glote ❖ Cutâneo Dermatite de contato ❖ Ocular Ceratoconjuntivite Irritação com congestão Edema Fotofobia Lacrimejamento Ulceração de córnea – porque o animal vai coçar e pode se machucar Tratamento - oxalato de cálcio e látex ❖ Ingestão: Esvaziamento gástrico não recomendado (êmese e lavagem gástrica) – exceções (ingestão de quantidades pequenas e imediatas) Oferecer líquidos frios ou gelados em pequenas doses Usar demulcente ❖ Cutâneo: Lavar com água corrente, sem sabão e sem esfregar. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 11 ❖ Ocular: Lavar com água corrente Encaminhar ao oftalmologista se necessário ❖ Sintomático: Analgésico¹ e corticoide ¹tramadol e morfina deve ser usado com muita cautela. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 12 PLANTAS QUE CAUSAM IRRITAÇÃO CUTÂNEA ➔ Coroa de cristo, cactos, mamona, caju. Irritação química primária ➔ Coroa de cristo Trauma mecânico ➔ Cactos Espinhos, espiculas, pêlos, ráfides de oxalato de cálcio ❖ Sinais Clínicos: Escoriações, hiperemia, prurido ❖ Tratamento: Retirar fragmentos, limpeza local, compressas frias Corticoide se necessário Sensibilização alérgica ➔ Mamona Envolve sensibilização do sistema imunológico Período de latência ❖ Sinais clínicos: Dermatite alérgica, prurido, eritema, edema, vesículas e bolhas ❖ Tratamento: Anti-histamínicos e corticoides Fitofotodermatose ➔ Caju Contato com plantas produtoras de furocumarínicos (psoralens) ❖ Sinais clínicos: Maior susceptibilidade aos raios solares, dor, eritema, edema Vesículas (horas após exposição solar, com pico entre 12-36h) ❖ Tratamento: Descontaminação, antialérgicos e analgésicos. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 13 PLANTAS QUE CUSAM DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS ➔ Mamona, jequiriti, pinhão paraguaio, pinhão roxo, joá Toxoalbuminas Vegetais que contem: toxoalbuminas (proteínas tóxicas) Ricina – mamona Curcina – pinhão paraguaio pinhão roxo Abrina – jequiriti Glicoalcalóides (solaninas) Glicosídeos (saponinas) ❖ Manifestações clinicas: Náuseas Vômitos sanguinolentos Cólicas abdominais Irritação de orofaringe, esôfago, estomago Diarreia mucossanguinolenta Hipotensão, taquicardia, choque, CIVD Vertigem, sonolência, torpor, prostração, coma, convulsões Distúrbios hidroeletrolíticos e acidobásico graves (pior em diabéticos, que já tem esses distúrbios por causa da diabetes) ❖ Tratamento: Descontaminação DI – oferecer bastante líquidos (vômitos) Lavagem GI (se não ocorrerem vômitos ou a quantidade eliminada pequena) Suporte – correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-básicos Sintomáticos – antiespasmódicos¹ (dor ou cólicas intensas); Antieméticos² (vômitos incoercíveis) Ex.: buscofin¹, ondansetrona², enterex **Kit Pet: antiemético, antipirético (dipirona) e carvão ativado (enterex). TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 14 PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS ➔ Estramônio, dama da noite e saia branca Alcaloides beladonados Principio ativo: alcaloides beladonados Presentes em toda a planta, mas tem maior concentração nas sementes ❖ Mecanismo de ação: inibem a ação da acetilcolina nos receptores do sistema nervoso autônomo Efeitos similares a intoxicação colinérgica. ??? Tudo que tem relação com aumento de acetilcolina: salivação, broncoconstrição, aumento da produção de secreção (cianose), convulsão, tremores musculares. ??? ❖ Manifestações clinicas: Hipomotilidade do TGI, boca seca, náuseas e vomito Pele quente, seca, rubor e hipertermia Taquicardia sinusal, hipo ou hipertensão Agitação, convulsões, coma, midríase, confusão, delírios e alucinações Disúria, oligúria, retenção urinária (porque atinge os nervos que inervam o trato urinário, por causa da hiper ou hipotensão), pode acontecer bexiga neurogênica. ❖ Tratamento: Descontaminação gástrica (lavagem GI através de sonda nasogástrica + carvão ativado¹ + catárticos²: lactopurga) *Sucralfato só depois de 2-3h do carvão ativado (senão eles se inibem) Suporte + sintomático Hipertermia: medidas físicas (bolsas de gelo, banho, ar condicionado) Arritmia: propranolol para taquicardia. Benzodiazepínicos para ação psicomotora e convulsões (cuidado com efeito contrário) ¹Ideal até máx. 3horas mas, mal não faz. ²Que acelera a defecação ( laxante que facilita – amolecendo – a defecação). TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 15 PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS CARDÍACOS ➔ Dedal de dama, dedaleira, azaleia, chapéu de napoleão, espirradeira. Glicosídeos cardioativos Presente mais comumente em plantas ornamentais Qualquer parte da planta é toxica, desde as flores até a raiz. ❖ Mecanismo de ação: Inibição da bomba de sódio/ potássio ATPase, desta forma, aumenta o cálcio intracelular (bomba cálcio e sódio desregula também) aumentando assim o inotropismo cardíaco (aumento da força de contração). ❖ Manifestações clinicas: Náuseas, vomito, cólicas abdominais intensas, diarreia mucossanguinolenta e hipercalemia (animais que já tiverem problemas de hipercalemia tão muito fodidos se intoxicarem-se) Confusão mental, fadiga, mal estar, cefaleia, tontura, sonolência, torpor, midríase, convulsões e coma Bradicardia, hipotensão, arritmias (FA e FV), bloqueios e assistolia Óbitos: arritmias, hipotensão e bradicardia ❖ Tratamento: Descontaminação gástrica (lavagem GI através de sonda nasogástrica + carvão ativado + catárticos) Sintomáticos e de suporte: Corrigir hipercalemia (monitoração cardíaca) Bradicardia: atropina Convulsões: benzodiazepínicos ou fenobarbital TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 16 PLANTAS QUE CAUSAM DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS ➔ Mandioca brava, rabo de gato, sorgo, semente de maçã. Glicosídeos cianogênicos Tipos: Amigdalina: sementes de maçã e de pêssego, amêndoa amarga Durrina: sorgo e gramíneas Linamarina: aipim, algumas espécies de feijão ❖ Mecanismo de ação: Glicosídeos cianogênicos causam hidrólise → ácido cianídrico → HCN liga-se ao Fe da citocromo oxidase → formando a cianeto citocromoxidase → prejudicando o metabolismo celular.❖ Manifestações clinicas: Início dos sintomas: 30 minutos a 2 horas após ingestão TGI: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, acidose metabólica, hálito de amêndoas SNC: sonolência, letargia, trismo, midríase, opistotono, torpor, convulsões e coma Respiratórios: dispneia, apneia, face asfixica, cianose Cardiovascular: hipotensão, choque, arritmias, sangue vermelho rutilante. Distúrbios ácido-basicos: respiração de Kussmaul (ativação de bulbo: para de respirar → ativa bulbo → ativa SN autônomo simpático → volta a respirar) ❖ Tratamento: Descontaminação gástrica (lavagem GI através de sonda nasogástrica + carvão ativado + catárticos). Antídotos: Nitrito de sódio 3% (oxida Hb em metemoglobina que é ávida por CN e o tira da circulação). Hipossulfito de sódio 25% (sob a ação da rodanase se liga ao CN formando tiocianato, eliminado pelos rins). Azul de metileno 1% (se cianose importante ou metemoglobinemia → início dos sintomas 30-120 minutos após a ingestão). Tratamento sintomático do TGI. PROVA 1 TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 17 INTOXICAÇÃO POR RODENTICIDAS OU RATICIDAS Profª Raqueli Animais intoxicados apresentam sangramento pois esses elementos tem anticoagulante. Iscas são atrativas e palatáveis Não possuem antídoto Via oral é a forma mais usual de intoxicação: ingestão direta, lambedura dos pelos que entraram em contato com isca Doses altas pra intoxicar Embalagens devem conter: grupo químico, ação tóxica, tratamento adequado ou antidoto. ++cumarínicos ou dicumarinicos MECANISMO DE AÇÃO Inibem enzima k1 epóxido redutase. Essa enzima faz a vit k inativada se ativar. ➔ Paciente não tem deficiência de vit K. ela só não ta sendo ativada Vitamina k: age na coagulação sanguínea na cascata de coagulação (fatores vitamina k dependentes: na via intrínseca e extrínseca e comum → Fatores 2, 7, 9 e 10). Plaquetas estarão normais Pode estar anêmico, exame TP (tempo de protrombina – extrinseca) e TTPa (tempo de tromboplastina ativada - intrinseca) avaliam fatores de coagulação – em caso de intoxicação estarão prologados. *TP e TTPa: coletar com citrato (tampa azul) – exame mistura plasma com um pozinho, mexe e ve quanto demora pra coagular (certo é TP <10s, TTPa 15-20s). SINAIS CLÍNICOS Surgem de 2-5 dias após a ingestão do tóxico. Fator de coagulação → hematomas Sangramento nasal, ocular. ACHADOS DE NECROPSIA Sangue digerido ou não Hemotórax/ sangue nas cavidades. DIAGNÓSTICO Histórico (origem do animal, contato com raticidas?) Sinais clínicos de hemorragia (sangramentos espontâneos sem causa explicável, hematomas) Provas de hemostasia (TP, TPPa) Plaquetas (geralmente, normais. Só se animal ta muito tempo sangrando pode ta baixas) Hemograma (pode ter anemia ou não) Radiografia (liquido livre)/ US Analise toxicológica por cromatografia em camada delgada: Sangue, urina, conteúdo estomacal, iscas e fígado em caso de óbito. TRATAMENTO Animais assintomáticos com ingestão recente (2-4h): Indução de vomito (agua oxigenada, agua morna com sal, xilazina) Lavagem gástrica com salina e carvão ativado Catárticos osmóticos nos casos recentes Administrar vit K, mesmo em casos em que o animal ainda não manifestou quadros hemorrágicos Utilização da vit K: Animais com vomito ou hemorragia GI não usar VO TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 18 Vit K forma ativa Utilizar durante 10-30 dias - Transfusão de sangue total fresco (pra repor fator de coagulação) - Plasma fresco congelado - Vitamina k1 (oral ou parenteral) Efeito 8-12h após adm Não NUNCA IV (nem se animal estiver morrendo) IM forma hematoma Monitorar TP (fator 7 meia vida curta) INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA Intoxicação medicamentosa, maior casos de registros tanto em humanos quanto animais (++ gato e cao) Por comprar qualquer fármaco e adm Não querer levar em vet Medicamentos é o que mais causa intoxicação Fatores que favorecem as intoxicações: Automedicação sem consulta com vet Venda sem prescrição Falta de fiscalização de estabelecimentos Pacientes mais predispostos: Filhotes (sistema enzimático – P450- ainda não está bem desenvolvido) e idosos Gatos (diferença na metabolização hepática, estrutura da hemoglobina é diferente) PARTICULARIDADES DOS GATOS Metabolismo: Gatos possuem deficiência de conjugação com o acido glicuronico (gatos podem ter meia vida prolongada) Nem todos que são conjugados são tóxicos Susceptibilidade dos eritrócitos felinos a oxidação: Formação de metemoglobina Hg apresenta de 8-20 grupos sulfidril reativos (torna a hemácia mais suscetível a oxidar → perde capacidade de carregar O2) Glutatiaon redutase Metemoglobina se forma quando o Fe é oxidado – ferroso passa pra férrico (forma que não carrega O2) Susceptibilidade dos eritrócitos a oxidação – formação de metemoglobina e corpúsculos de Heinz TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 19 AINES Acido acetilsalicílico: deficiência de metabolização hepática Diclofenaco: gastroenterite hemorrágica grave (ñ pode cães) Paracetamol: metemoglobina e formação de corpúsculos de Heinz Seletividade COX Meia vida de eliminação Tempo de tratamento (gato – máximo 3 dias) Estado geral do animal Interação dos AINES com outros fármacos (NUNCA associar AINES com AIES – predispõem sinais GI) SINAIS CLÍNICOS Digestivos (gastrites, ulceras – vomito, diarreia com sangue) Renal (diminui fluxo sanguíneo renal – lesão renal aguda) Alterações hematológicas (prolongamento do sangramento) Lesão da cartilagem articular (tornaria mais rígida, mas acontece menos) Ácido acetilsalicílico Gato é o mais acometido Problema é que a dosagem utilizada é a dose pra humano Incapazes de metabolizar salicilatos rapidamente → deficiência enzimática glicoroniltransferase Meia vida 44,5h em felinos SINAIS CLÍNICOS Vômitos com ou sem sangue, anorexia, febre. Hipertermia, GI hemorrágica grave, acidose metabólica, fraqueza mm. TRATAMENTO Uso de eméticos (se recente), lavagem gástrica com carvão ativado e catárticos osmóticos Tratamento suporte: fluidoterapia, transfusão de sangue, bloqueadores H2 (ranitidina), sucralfato (cuidar que altera absorção de outros fármaco), banhos frios (se hipertermico) Diclofenaco Cão é mais sensível Pode causar gastrenterite hemorrágica fatal SINAIS CLÍNICOS Vômitos e diarreias com sangue devido as ulceras hemorrágicas no estomago e duodeno, também pode ocorrer lesão renal aguda TRATAMENTO Suporte e sintomático (=aas) Paracetamol Sinais de intoxicação com dosagens de 50-60 mg/ kg/ VO Deficiência na via de glicuronidação – gatinhos SINAIS CLÍNICOS Anemia, hematúria, ptialismo, letargia e depressão, cianose (ñ consegue carregar O2), edema de face e membros e hiperpneia (vai tentar ventilar mas não adianta) TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 20 Hemograma: anemia hemolítica, reticulocitose, corpúsculos de Heinz (narizinho de palhaço na hemácia por causa do agrupamento de fibrinas a mais) Bioquímico: ALT, AST (indica lesão de hepatócito, anemia → menos sangue → lesão hepatica) Urinálise: bilirrubinúria, hemoglobinúria, proteinúria (devido a lesão renal) TRATAMENTO Lavagem gástrica com carvão ativado (só se recente) Oxigenioterapia em animais cianóticos N-acetilcisteína (metabolito ativos produzido – N se liga pra excretar) Ácido ascórbico (antioxidante) Aceturato de Diminazeno Vários relatos de intoxicação em cães *aceturato de diminazeno é usado pra babesiose – *imidazol pode se usar 24-48 horas depois da utilização do medicamento SINAIS CLÍNICOS Principalmente neurológicos (estupor, sonolência, tetraparesia, rigidez extensora, crises convulsivas,opistotono, delírio e vocalização, tremores musculares) TRATAMENTO Não tem, senta e choraa Penicilina Pode causar reação anafilática em bovinos Após 1min da aplicação TRATAMENTO Corticoide¹, fluidoterapia, adrenalina, oxigenioterapia ¹Ação: estabilidade de membrana celular, principalmente mastócito. Carrapaticida mata bovinos O que pode causar intoxicação: dose exagerada e exposição ao sol logo após aplicação. Leva algumas horas TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 21 INTOXICAÇÃO NITRATOS E NITRITOS EPIDEMIOLOGIA Fonte de intoxicação mais comum são plantas (++ gramíneas) e água. Princípios tóxicos existentes nas plantas: nitrato absorvido pela raiz, planta x nitrato Espécies suscetíveis: bovinos e ovinos, caprinos Altas concentrações de nitratos nas plantas podem ocorrer no final de uma seca prolongada (estiagem), após as primeiras chuvas. Adubos nitrogenados ou matéria orgânica de origem animal. Na planta tem nitrato → animal ingere → nitrato se transforma em nitrito → proteína microbiana é convertido em amonia → eliminada ou utilizada → acumulo de nitrito que será absorvido pelos capilares ruminais → forma meta-hemoglobina – se liga na mioglobina e hemoglobina (igual paracetamol em gatos) → hipóxia SINAIS CLÍNICOS Após a ingestão, inicio dos sinais clínicos é rápido Hipóxia e anóxia Mucosas cianóticas Morte súbita Sialorreia Ranger dos dentes Taquipneia ou dispneia progressiva Tremores musculares Andar cambaleante Sonolência Crise convulsiva Olhar assustado Aborto em fêmeas prenhes que não morrem ¬ 30-40% de meta-hemoglobina no organismo são suficientes para que o animal expresse os sinais clínicos. DIAGNÓSTICO Prova de difenilamina: se positivo, fica azul, azul esverdeado Pode ser feita a campo. Dissolver 0,5g de difenilamina em 20 mL de agua destilada e adicionar cuidadosamente 80mL de ácido sulfúrico concentrado para completar 100ml. Em uma lâmina mantida sobre fundo branco, coloca-se uma gota do liquido a ser examinado (soro, urina, líquido ruminal filtrado, extrato de alimento) e três gotas de reagente, na presença de nitrato ou de nitrito a mistura fica de cor azul ou esverdeada. A reação é considerada positiva, quando aparece em menos de 10 segundos coloração azul intensa. Lesões macroscópicas NECROPSIA Muda a coloração do musculo cardíaco (ppl VE) e esquelético. Sangue muito escuro e dificuldade de coagulação Ausência de alteração microscópica TRATAMENTO Administração de azul de metileno a 4% lentamente IV, utilizando agua ou solução de glicose a 5%. Azul de metileno atua sobre a metahemoglobina redutase e transforma meta-hemoglobina em hemoglobina. Melhora poucos minutos após aplicação PREVENÇÃO Restringir acesso a pastagens vedadas após primeiras chuvas depois de longo período seco. • Rápido crescimento das plantas • Absorção de níveis tóxicos de nitratos • Adubação com quantidades adequadas de fertilizantes • Forragens com concentrações altas de nitrato o Armazenamento como silagem: redução em até 50% dos teores de nitrato TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 22 INTOXICAÇÃO POR UREIA Artigo Intoxicação se dá por amônia (e não pela ureia em si) Ureia (subproduto do petróleo) é utilizada como suplementação pois é uma fonte proteica de baixo custo. Ureia é degradada no rúmen muito mais rápido que fontes proteicas. Intoxica devido à alta quantidade fornecida aos animais. Quadros clínicos drásticos, rápido (até 30 minutos) e na maioria das vezes devastador. Pode levar os bovinos a morte. Amônia → corrente sanguínea → fígado → ciclo da ureia. Quando em excesso, a amônia bloqueia o Ciclo de Krebs → não tem energia. ➢ Níveis seguros de utilização: 1% da MS total ou 3% do total da dieta! TRATAMENTO Esvaziamento gástrico – não é viável Quando o animal já se apresentar em decúbito: ruminotomia com esvaziamento ruminal ➢ Ácido acético (diminuir o pH ruminal) 0,5-1L pra ovinos, 4L pra bovinos ➢ Glicose 50% ou 500 mL glicose e 20% sais de Mg e Ca SINAIS CLÍNICOS [NH3] no sangue >0,7-0,8 mg/100mL Dor abdominal intensa Tremores musculares e da pele Incoordenação Fraqueza Dispneia Mugidos intensos Endurecimento das patas Salvação excessiva DIAGNÓSTICO pH ruminal – liquido ruminal PREVENÇÃO Administrar ureia gradualmente na dieta, no decorrer de 3 semanas aumentando 1/3 da dose global em cada uma delas até atingir a dose final, principalmente pra animais que tinham dita com baixo teor de proteína (normalmente, é feita a adaptação em 6-7 dias). INTOXICAÇÃO POR SAL Ingestão de sal com redução do consumo de agua: Agua de beber com sal Agua acumulada em cocho com sal durante período de seca Animais que estão recebendo sal poderão consumir em grandes quantidades Animais estabulados que recebem ração que contem muito sal Dose causadora de intoxicação aguda: 2,2 kg PV bovino 6kg PV para ovino TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 23 SINAIS CLÍNICOS Regurgitação Diarreia com muco Dor abdominal Anorexia Opistotono Nistagmo Tremor Cegueira Poliuria Estaqueado Decúbito e morte em 24 horas DIAGNOSTICO Níveis de Na e Análise do alimento e da água Achados de necropsia: Congestão de mucosa no omaso e abomaso Fezes liquidas e escuras Hidropericárdio Edema em musculatura esquelética Sangue líquido Histopatológico: Expansão dos espaços perivasculares do cérebro (edema agudo) TRATAMENTO Não existe tratamento especifico Remoção do alimento ou agua com sal Tratamento de suporte INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS Não fui essa aula ORGANOFOSFORADOS e CARBAMATOS CLASSIFICAÇÃO E USO CLÍNICO São agentes anticolinesterásicos; Baixos índices terapêuticos; Inseticidas domésticos, agrícolas e veterinário; Organofosforados e carbamatos estão entre as principais causas de intoxicação aguda. São lipossolúveis. • Organofosforados o Tiocompostos o Oxicompostos • Carbamatos o Metilcarbamatos o Carbamatos fenil o Carbamatos cíclicos FONTES DE INTOXICAÇÃO Água; Pastejo em áreas recentemente pulverizadas, arredores de pomares; Desvio dos inseticidas pelo vento; Uso de feno feito de plantas que foram pulverizadas; TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 24 Uso de latas de inseticidas vazias como bebedouros; Concentrações excessivas na pulverização de animais e uso em animais de produtos originalmente formulados para instalações. TOXICOCINÉTICA Pele, trato respiratório ou TGI → distribuição ampla por todos os tecidos. Podem atravessar as barreiras hematohencefalicas e placentária →sofrem biotransformação hepática e são eliminados pelos rins, fezes e leite MECANISMO DE AÇÃO Organofosforados: inibição irreversivel da acetilcolinsterase (AChE) Carbamatos: inibição reversivel da acetilcolinsteras (AChE) SINAIS CLÍNICOS Intoxicação aguda • Efeitos muscarínicos: Náuseas, vômitos, bradicardia, dispneia, dor abdominal, hipermotilidade GI, sudorese, miose e lacrimejamento. • Efeitos nicotínicos: Contrações musculares, espasmos, tremores, hipertonicidade que causa marcha e postura rígidas. • Efeitos SNC: Estimulação seguida de depressão. Intoxicação crônica Desmielinização Morte Broncoconstrição e aumento da produção de muco; Depressão dos centros respiratórios no cérebro. DIAGNÓSTICO Histórico Sinais clínicos Alteração post mortem: congestão de órgãos, edema pulmonar e hemorragia. TRATAMENTO Desintoxicação dérmica Banho com agua e sabão Orientar o tutor a usar luvas Tosa em cães com pelo longo Ingestão Lavagem gástrica e eméticos Carvão ativado O2 Fluidoterapia Diazepam Específico Sulfato de atropina 0,2-0,5 mg/kg (1/4 da dose IV e restante IM/ SC) PREVENÇÃOUsar os produtos onde não existe animais; Manter as embalagens em locais que animais não tem acesso; Caso haja exposição no ambiente este deve ser lavado; Leite de animais intoxicados deve ser descartado; Carência de 4 a 6 semanas. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 25 AVERMECTINAS Usadas para o tratamento de nematódeos e artrópodes: • Ivermectina • Abamectina • Doramectina INTOXICAÇÃO Altas doses Reação idiossincrasia Atravessam a barreira hematoencefálica atuam nos canais GABA; Aumentam a permeabilidade da barreira para íons; Idiossincrasia Collie Pastor australiano Old English Sheepdog Pastor de Shetland SINAIS CLÍNICOS Ataxia Tremores Midríase transitória Salivação Vômito Diarreia Bradpneia Hipotensão Depressão Convulsão Coma e morte DIAGNÓSTICO Histórico Sinais clínicos TRATAMENTO Não possui antídoto específico Suporte PRAGUICIDAS: ORGANOCLORADOS E PIRETROIDES Organoclorados: ação sobre pragas e insetos. Baixa degradabilidade e alta lipossolubilidade (alta toxicidade, se mantem muito tempo no ambiente, agua, e se tornam moléculas mais estáveis quando no ambiente) Piretroides: vieram no lugar dos organofosforados. Facilmente degradados no ambiente (luz e calor) Mecanismo de ação semelhante aos organoclorados: despolarização de membrana ORGANOCLORADOS Diclorodieniltricloroetano (DDT): praguicida ideal por muito tempo. No brasil foram proibidos em 1989, mas ainda são utilizados. Estrutura química: Derivados clorados do etano ou compostos difenil alifáticos Ciclodienos Cicloexanos CARACTERÍSTICAS Alta estabilidade, baixa hidrossolubilidade, alta lipossolubilidade, sob ação do sol formam compostos com estabilidade similar ou maior que o composto original. Pouco biodegradável, deposição no tecido adiposo (se deposita em adipócitos, rins... quando animal passa fome, usa lipídeos e vai degradando o toxico) FONTES DE EXPOSIÇÃO Indireta: contaminação do ambiente e de alimentos TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 26 Direta: manipulação em atividades ocupacionais, ingestão acidental, utilização incorreta, uso com finalidade suicida. ABSORÇÃO, BIOTRANSFORMAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAMENTO Absorção: oral, respiratória e dérmica → depositando-se no tecido adiposo Biotransformação lenta. Podem ser armazenados em órgãos que contenham alto teor de gordura: rins, fígado, tecido nervoso, tecido adiposo (carência nutricional) Excreção pela via biliar MECANISMO DE AÇÃO TOXICA São considerados estimulantes gerais do SNC Alteração da cinética dos canais de Na nas membranas neuronais Inibição da ligação do GABA Aumento da liberação de neurotransmissores Redução da taxa de repolarização, facilitam a despolarização. Sinais clínicos são associados com descarga neuronais repetitivas. Iniciados por estímulos táteis ou sonoros. SINAIS CLÍNICOS Derivados clorados ou compostos difenil alifático (DDT) Parestesia da língua, lábios e da face Aumento da suscetibilidade a estímulos externos (qualquer barulhinho super estimula) Irritabilidade, ataxia, andar anormal, tremores e convulsão Intoxicação crônica: Perda de peso, anorexia, anemia, tremores, fraqueza muscular Hipertrofia de hepatócitos e aumento de tumores hepáticos (hum.: + tumores hj em dia) Interferem na reprodução Ciclodienos e cicloexanos Convulsão mesmo após exposição a baixas doses, vomito, Hiperexcitabilidade, Hiperreflexia. Tremores. Interferem na reprodução. Mudanças degenerativas no fígado e nos rins. DIAGNÓSTICO Anamnese Exame clinico (parestesia da língua) Determinação do praguicida Sangue com heparina Gordura 5-10g (congelar) – cromatografia gasosa TRATAMENTO Não existe antidoto específico Sintomático e de suporte ➢ Conduta emergencial de descontaminação: Banho, tosa, indução de vomito? Via dérmica: banho com agua corrente e sabão abundante, tosa também pode ser realizada. Olhos: agua limpa corrente Ingestão: lavagem gástrica, carvão ativado, óleo mineral, diurético, bicarbonato de sódio 3%, Diazepam (ou fenobarbital – em casos de convulsão) TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 27 ➢ Nesse caso, leite é muito contraindicado, porque acelera/ potencializa a absorção, por maior liberação de lipases. PIRETROIDES Tipo I (não contem alfa-cyano): permetrina Tipo II (contem): cialotrina, deltamentrina, fencalerato, cipermetrina Usados na veterinária para combater ácaros, carrapatos, moscas, pulgas e piolhos. Casos de intoxicação: contaminação do ambiente e dos alimentos, ingestão acidental, utilização incorreta do produto ou de maneira criminosa. ABSORÇÃO, BIOTRANSFORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Absorção: Oral, dérmica e respiratória. Biotransformação: Rápida no TGI, toxicidade oral baixa. (Rapidamente degradado pela VO) Excreção: Urina MECANISMO DE INTOXICAÇÃO Atuam sobre a permeabilidade iônica (canais de sódio) Prolongam o tempo de abertura dos canais de sódio. Atuam sobre fibras motoras e sensoriais. SINAIS DE INTOXICAÇÃO – cães, gatos e animais de grande porte Salivação Vômito Hiperexcitabilidade Tremores Convulsão Dispneia Fraqueza Prostração Morte DIAGNÓSTICO Anamnese Analise de tecido hepático ou cerebral (difícil detecção) Parâmetros hematológicos são normais TRATAMENTO Igual a organoclorados TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 28 TERAPÊUTICA DAS INTOXICAÇÕES EMERGÊNCIAS TOXICOLÓGICAS • Reestabelecimento das funções vitais • Assegurar o bem-estar • Geralmente se desconhece, no momento do atendimento, a causa das intoxicações. • Quadros de intoxicação são geralmente não patognomônico • Histórico de outros animais da casa • Aliviar o desconforto apresentado pelo animal IDENTIFICAÇÃO DA VIA DE INTOXICAÇÃO Oral, cutânea ou respiratória Respiratória: remover do ambiente e fornecer O2 Tópica: lavagem – banho (não esfregar muito¹, utilizar agua morna², sabão neutro) ¹ não esfregar muito que pode irritar e aumentar a penetração, faz vasodilatação ² agua quente favorece a abertura de poros, então não Oral: vomito³ (se for caustico não) no máximo até 2h pós ingestão; carvão ativado e lavagem. ³ não se: substancia caustica, não se sabe qual substancia foi. Hipertermia: controle de temperatura externa, soro fisiológico geladinho/ ambiente, lavagem com solução fria, banho frio. Algodão com álcool nos coxins e abdômen • Terapia de emergência para manutenção da vida • Determinar o diagnóstico clinico para que se possa realizar uma terapia racional • Emprego de antídotos quando houver • Determinar a fonte de exposição ao agente toxico para a determinação de medidas preventivas. Diagnóstico → desafio para o clinico! ATENDIMENTO POR TELEFONE 1. Presenciou o animal entrando em contato com o agente toxico? 2. Qual o produto? Formula?? 3. Qual a via de exposição? 4. Qual a quantidade aproximada do agente toxico? 5. Qual a sintomatologia que o animal apresenta? 6. Há quanto tempo ele apresenta? 7. Há outros animais apresentando o mesmo quadro? INSTRUÇÕES INICIAIS AO TUTOR 1. Exposição tópica: a. Lavar o animal com água (fria ou morna, nunca quente) corrente em abundancia b. Se o tóxico for lipossolúvel: utilizar sabão neutro c. Não massagear ou esfregar a área contaminada d. Tutor também deve se proteger (uso de luvas) Indução do vomito (depende) Administração de medicamentos pela VO? Se estiver vomitando não né Água a vontade Clara de ovo (protetor de mucosa) ESTABILIZAÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS: ABCD Airways: verificar se as vias aéreas estão desobstruídas – entubação com sonda traqueal ou traqueotomia (anestesiar o animal); Oxigenação: mascara de O2 ou ventilação com umbu. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 29Breathing: verificar se o animal está respirando. Broncodilatadores (aminofilina), estimulantes respiratórios (doxapram). Circulation: verificar se há pulso e se o coração está batendo. Reanimação cardíaca, antiarrítmicos (propanolol, amildarona, veparamil) Disabity: verificar se ele está lucido e se tem suas funções sensoriais preservadas. Estimulação (++), depressão (+), convulsões ou cromatoso (levam a hipertermia). Excitação é muito mais frequente que depressão. Tremores e convulsão (Diazepam, associação com barbitúricos – fenobarbital¹) ¹cuidado que causa alterações hepáticas *se animal tiver rabdomiólise: fluidoterapia Controle da temperatura corporal: ❖ Hipertermia: Banho com água fria corrente Pano úmidos Bolsa de gelo Álcool nos coxins e abdômen ❖ Hipotermia Fonte de calor Aquecer o fluido aplicado Colchão térmico Equipamentos e materiais necessários: Sondas gástricas Sondas endotraqueais Peras de borracha ou seringas grandes Instrumental cirúrgico Cateteres intravenosos Cateteres uretrais Seringas com agulhas Termômetro Estetoscópio Respirador mecânico (umbu) 1. Exposição cutânea Banho com água morna por pelo menos 15 minutos Substancias oleosas (usar sabão neutro) Secar o animal (não usar secador no quente) 2. Exposição ocular Lavagem do olho por, pelo menos, 20-30 minutos Sentido médio lateral (pra não passar pro outro olho) Cabeça lateralizada 3. Exposição inalatória Retirar do local Oferecer oxigênio Suporte ventilatório Tratar o edema pulmonar CONTRA INDICAÇÃO PARA INDUÇÃO DA ÊMESE Ingestão há mais de 60-120 minutos Substancia caustica Animal inconsciente ou severamente deprimido (risco de falsa via – pneumonia por aspiração) Agente toxico de origem desconhecida Eliminação dos tóxicos não absorvidos: Indução da êmese – indutores: Solução hipersaturada Peroxido de hidrogênio 3% Sabonetes líquidos Xarope de Ipeca Medicamentosa: Apomorfina, Morfina, Xilazina TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 30 Lavagem gástrica (máximo 1-2 horas após ingestão) Vantagens: diluição de substancias ingeridas, remoção do conteúdo gástrico Desvantagens: anestesia, intubação orotraqueal Calibre da sonda deve ser grande o suficiente para passagem do material estomacal: Inflar o cuff da sonda endotraqueal Comprimento: nariz até a cartilagem xifoide Manter o animal em decúbito lateral ou dorsal (20 a 30º). Cabeça mais baixa que o nível do estômago. Procedimento de lavagem gástrica: Água ou solução salina morna (5-10ml/ kg) O liquido deve ser colocado com pressão Retirada por gravidade (cabeça mais pra baixo) Repetir de 15-40 vezes (até ver que não sai mais toxico) Carvão ativado antes ou após a lavagem ¬ Carvão ativado: 2-5g/kg VO na [] 1g de carvão ativado em 5mL de agua. Repetir de 4-6h, máximo 48h. bloqueia a absorção do toxico e interrompe absorção. Hidratar o animal durante a administração. ¬ Catárticos salinos: Sulfato de sódio Sulfato de magnésio Hidróxido de magnésio ¬ Catárticos a base de açúcar: Lactulose ELIMINAÇÃO DOS TÓXICOS JÁ ABSORVIDOS Uso de diuréticos (furosemida ou manitol): finalidade de induzir a diurese forçada Alteração do pH urinário: Alcalinizar: ácidos fracos (ringer com lactato) Acidificar: bases fracas (cloreto de amônio, ácido ascórbico) Cuidar a hidratação para que esse não sofra hipovolemia e LRA AVALIAÇÃO DO PACIENTE Hemograma Hemogasometria Eletrólitos Glicose Determinação sérica de ureia e creatinina – lesão renal Avaliação hepática – AST (agudo), ALT (crônico) Urinálise Provas de coagulação Radiografia TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 31 REVIEW RATICIDAS E ANTICOAGULANTES Mecanismo: inibe epoxido redutase que ativa a vit K Tratamento: vitamina k ativa Não pode IV pq pode dar choque anafilático Fatores vit k dependentes: II, VII, IX, X Testes: TTPa (ix) e TP (XII )→ X via comum II XII- monitorando – pq tem meia vida mais curta Sinais clínicos: hemorragia, hematomas Transfusão – sangue total (pq é o mais comum), plasma total fresco ou congelado (é o melhor) MEDICAMENTOS AINES: inibição cox 1 e 2 Paracetamol: cianótico, anemia, hematúria. Mecanismo: formação de metemoglobina e formação de corpúsculos de heinz Tratamento: n acetil, acido ascórbico (anti oxidante). Aceturato de dimiazeno: malacia hemorrágica. *Imidocarb + sulfato de atropina Penicilina: + em grandes. Trata com corticoide e fluido. Carrapaticidas: uso pour on em dose exagerada + horário inadequado. NITRATO E NITRITOS Gramíneas: aplicação de adubo orgânico Excesso de nitritos → absorvido pela parede ruminal → corrente sanguina → formação de metemoglobina Diagnostico: histórico (período de chuvas depois de estiagem, uso de adubos orgânicos). Prova: difenilaminina (pode usar qualquer coisa - gramínea, liquido ruminal, sangue- pra diagnosticar) – ficar azul é positivo. Tratamento: azul de metileno (via parenteral - ORGANOFOSFORADOS Vias: oral, cutâneo e respiratório Mecanismo de ação: inibição de acetilcolinesterase (fica sempre estimulando a fenda pós sináptica – não quebra Acetilcolina, fica despolarizando). Sinais clínicos: quadro de excitação seguido por depressão. Morte ocorre por insuficiência respiratória. Tratamento: antidoto sulfato de atropina Se estiver convulsivo: diazepam ORGANOCLORADOS Mesma via de absorção dos organofosforados Mecanismo de ação: aumenta liberação de nt, inibição da ligação de GABA (libração de Cl). Terá maior despolarização. Sinais: inespecificos. Parestesia de língua. Tratamento: não tem antidoto. Sintomático. NÃO PODE LEITE: maior liberação de lipazes → aumenta degradação do organoclorados. PIRETROIDES Usado pra controle de pulgas, moscas. Mesmas vias de absorção acima. Mecanismo: prolonga abertura dos canais de Na Sinais clínicos: salivação excessiva, convulsão Tratamento. Não tem antidoto. Tratamento sintomático, pode fazer bicarbonato. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 32 IVERMECTINAS Não pode dar pra raças de focinho comprido (collie, Sheepdog) Ocorre por usar nessas raças ou superdosagem Tratamento: não tem antidoto. Sintomático. UREIA Excesso de consumo ou falta de mistura da ração. Mecanismo: Bloqueio do ciclo de Krebs → e isso leva a morte (falta de energia) Tratamento: acido acético e glicose, Ca. TRATAMENTO ABCD Tutor telefone: o que intoxicou. Êmese (até 2 horas, e se não for corrosivo) Lavagem gástrica (intubar pra não dar falsa via) Carvão ativado – logo na primeira lavagem, pq já vai adsorvendo, e na ultima colocar carvão ativado deixar agindo. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 33 INTOXICAÇÃO EM AVES E RÉPTEIS INTOXICAÇÃO EM PASSERIFORMES EXPOSIÇÃO AO MONÓXIDO DE CARBONO Pode ser fatal. Suscetíveis a toxinas inalantes. Na necropsia pode haver poucas alterações. Pode ocorrerem caixas de transporte superlotadas e pouco ventiladas. INTOXICAÇÃO POR PTFE (TEFLON) Teflon – politetrafluoretileno. Aquecimento gera um vapor letal Outros tipos de fumaça podem causar o mesmo efeito Aves podem morrer em 30 minutos. Pneumonia aguda. Necropsia: pulmão (edema, hemorragia e necrose grave), histopatologia (deposição de material particulado nos tecidos). − Sinais clínicos: Prognostico reservado Aves menores são mais sensíveis Dispneia, incoordenação, fraqueza, coma e morte − Tratamento: Oxigenioterapia, broncodilatadores, AI, diuréticos, atb, analgésicos NICOTINA Exposição crônica. Animais em casa de fumantes. − Sinais clínicos: Conjuntivite Rinite Dermatite Excitabilidade Gastrointestinais TOXICIDADE DE METAIS PESADOS Metais que não ocorrem no corpo ++ chumbo e zinco. Mercúrio e cádmio Tela, comedouros, soldas Zinco Ingestãode itens contaminados Revestimento de gaiolas Brinquedos Pratos de comida Ingestão de moedas − SC: Letargia, fraqueza, polidipsia, poliúria, diarreia, regurgitação, hemoglobinúria e diminuição na fertilidade. − Diagnostico: Radiografia (encontrar ce) Dosagem serica de zinco Pós morte: níveis de zinco no tecido Histopatológico inespecífico Chumbo Aves: aquáticas, rapina e psitacídeos Contaminação: vitrais, solda de chumbo, pesos de cortina, pesos de chumbada de pesca TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 34 − Sinais clínicos Hemoglobinúria grave Poliúria Polidipsia Depressão Anorexia Sinais neurológicos Anemia severa Heterofilia AST, CK e ácido úrico (função renal) Dosagem serica de chumbo (heparina) − Tratamento zinco e chumbo Quelantes (se ligam com Zn e Chumbo pra facilitar excreção) Ca EDTA (25-40mg/kg q 8-12h por 5 dias IM diluida) ou Acido dimercaptossuccínico (10 mg/kg VO) • Partículas grandes no TGI: Lavagem gástrica Remoção endoscópica Recuperação com piça de biopsia ou imã Remoção cirúrgica • Partículas pequenas: Lactulose ALIMENTO HUMANO Chocolate Letargia e fezes com muco antes da morte Congestão renal e pulmonar Abacate Todas as partes da planta Letargia e aumento do esforço respiratório Derrame pericárdico, subcutâneo, edema e congestão generalizada de órgãos, incluindo pulmões e fígado − Tratamento (chocolate e abacate) Oxigênio, fluidoterapia, lavagem e carvão ativado Alho Letargia, fraqueza, taquicardia, mucosas pálidas, colapso e morte Anemia regenerativa − Tratamento Oxigenação, lavagem e carvão ativado, transfusão sanguínea, vitamina E, ácido ascórbico (inibir oxidação) MICOTOXINAS Grãos de cereais, milho, amendoim que foram expostos ou mantido em condições úmidas Aspergillus flavus aflatoxina Fusarium fusariotoxinas Aumento do conteúdo hepático glicogênio − Sinais clínicos Letargia, perda de peso, anorexia, regurgitação e polidipsia. − Tratamento Preventivo: selênio orgânico TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 35 PESTICIDAS Organofosforados e carbamatos – inalação ou ingestão − Sinais clínicos: Fraqueza Letargia Ataxia Tremores Convulsões Parada respiratória − Tratamento: Sulfato de atropina 0,01 a 0,1 mg/kg SC, IM, IV. RODENTICIDAS Altera função da vitamina K Testes de diagnostico espécie-especifico − Sinais clínicos: Animal pode começar a ter hemorragias − Tratamento: Similar aos mamíferos, período de 14-28 dias VITAMINA A Problemas reprodutivos Osteodistrofia Quando necessária, a suplementação deve ser na forma de beta-caroteno. Alterar a dieta em caso de intoxicação FERRO Doença do armazenamento de ferro Aves da familia Ramphastida (tucano) Causas de intoxicação: aumento da absorção de Fe, dietas com maior teor de Fe do que o encontrado na natureza, tanino de plantas (menos absorção de Fe). − Sinais clínicos: Plumagem, anorexia, letargia, perda de peso, ascite, dispneia e morte − Alterações laboratoriais: Elevação das enzimas hepáticas e ácidos biliares Elevação do HT − Diagnostico: Biopsia hepática e acumulo de ferro − Tratamento: Eliminação do Fe da dieta Retirar sangue do animal (quantidade ñ pra matar né) TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 36 INTOXICAÇÕES EM REPTEIS VITAMINA A Hipovitaminose de vit A é comum em repteis. Essencial pra saúde normal da pele e região periocular. Suplementação vit a 2000 UI/kg a cada 7 dias. − Sinais clínicos: Inapetência, pele de espessura aumentada, descamação, infecção bacteriana secundária, descoloração da pele, extrema letargia. − Tratamento: Parar a administração de vitamina urgente Fluidoterapia Atb (se detectar que animal está com infecção) MEDICAMENTOS Gentamicina e amicacina Causam nefrotoxicidade, ototoxicidade Gentamicina: 1,5 a 2,5 mg/kg por, no máximo, 3 dias. Amicacina: 2,25 a 5 mg/kg por, no máximo, 3 dias. Cloranfenicol Toxicidade hematológica 50 mg/kg uma vez ao dia em dias alternados Enrofloxacina Danos na cartilagem 2,5 a 5 mg/kg Metronidazol Ataxia, incapacidade de andar, nistagmo, opistotono, tremores dos músculos lombares e membros posteriores, convulsão e morte − Tratamento: Sintomático Ivermectina Tartarugas e quelônios é totalmente contra-indicado − Sinais clínicos: Depressão, paralisia, coma e morte em quelônios Mutação da glicoproteína-p nas membranas do SNC (tipo sensibilidade dos Collies) − Tratamento: Descontaminação tópica Fluidoterapia Suporte nutricional Recuperação pode levar semanas (metabolismo de repteis é muito lento) PROVA 2 TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 37 Profª Paula Baixar arquivo toxico praticas Seminário (10 minutos): principais espécimes do filo → toxina, mecanismo de ação e quem afeta SEMINÁRIOS 11/11/2019 Aline e Italo: Filo Porífera Caroline e Amanda: Filo Cnidária 18/11/2019 Carolina M. e Carolina C.: Filo Molusca Emanuelle e Thaíssa: Filo Poliqueta 25/11/2019 Pedro e Marcio: Filo Artrópoda – Ordem Lepidóptera Letícia e Mariana: F. Artrópoda – Ordem Himenóptera Maurício e Gustavo: F. Artrópoda – Classe Aracnida TOXINOLOGIA Estuda as toxinas. Animais venenosos (sapo Cururu) x peçonhentos (algumas serpentes) Sapo produz veneno, mas não injeta o veneno, pro indivíduo se intoxicar, precisa pegar e apertar os sapos (muito), para que as glândulas dele liberem as toxinas. Há muitas toxinas, e tem diferentes mecanismos de ação. Ou ingerir o animal venenoso (comer peixe baiacu). Serpente mais perigosa do mundo é uma marinha. Animais peçonhentos inserem/ inoculam o veneno. Veneno toxina: toxina é uma fração do veneno, porque o veneno tem várias toxinas. ex.: sapos: toxinas cardíacas e anestésicas. INTOXICAÇÃO POR ANIMAIS PEÇONHENTOS E VENENOSOS Animais venenosos: são aqueles que possuem veneno, mas são desprovidos de aparelho inoculador. Ex.: sapos e borboletas. Animais peçonhentos: são animais que inoculam na vitima o veneno (peçonha produzida por glândulas especiais) por meio de dentes ocos, ferrões. Ex.: serpentes e escorpiões. SAPOS Os sapos produzem veneno de alta toxicidade que fica armazenado nas glândulas parotideas. Hibernam nos meses frios e a maioria das exposições ocorrem: primavera, verão, períodos de alta umidade e durante a noite De um modo geral, 1mg/kg de secreção é suficiente para induzir toxicose. Os acidentes em cães acontecem: abocanham ou mordem. As glândulas são comprimidas e ocorre liberação do veneno. Veneno penetra através da boca, mucosas do TGI, solução de continuidade e conjuntiva. COMPOSIÇÃO QUÍMICA Epinefrina, noraepinefrina, dopamina, serotonina, bifogeninas, bufotoxinas, bufotenina (a quantidade de cada toxico varia de animal para animal) MECANISMO DE AÇÃO (bufotoxinas) Semelhante aos digitálicos – age bloqueando a bomba de Na e K, aumenta influxo de cálcio (reduz frequência cardíaca, aumenta inotropismo cardíaco). Bufotoxina tem mais afinidade pelas isoformas da bomba Na/K cardíacas e renais. Logo, nefropatas e cardiopatas sofrem mais. * em normo ou hipercalemicos: excesso de K no meio extracelular causa hiperpolarização que leva a bradicardia¹ ¹diabéticos são hipercaelemicos *em animais hipocalemicos (IRC), hiperpolarização muito mais rápida e taquicardia TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 38 SINAIS CLÍNICOS Bradicardia Entorpecencia Cianose Intolerante ao exercício Convulsão Aumento da diurese Desidratação Sialorreia Leve: irritação da mucosa oral, sialorreia. Moderado: irritação da mucosa, sialorreia, vômitos, depressão, fraqueza, ataxia com andar em círculos, sinais cardiovasculares, defecação e micção. Severo: os sinais anteriores,decúbito esternal, pupilas não responsivas, convulsão, sinais cardíacos, edema pulmonar (cianose). *o que determina se o animal vai ter bradi ou taquicardia são os níveis de potássio. Quem determina os níveis são os rins. ELETROCARDIOGRAMA Bloqueio atrioventricular (onda P duplica) Complexo ventricular prematuro TERAPÊUTICA Não existe antidoto Lavagem da cavidade oral Uso de carvão ativado (sonda nasogástrica) Tratamento sintomático e de suporte: soroterapia, fenobarbital, furosemida, propranolol (só se taquiarritmias), atropina (só se bradicárdico). ESCORPIÕES Escorpiões são artrópodes quelicerados da ordem Scorpiones Família Buthidae é a de maior importância. Estão distribuídos em todos os continentes, exceto antartida, Br – gênero Tityus – T.serrulatus, T. stigmurus. No RS + T. bahiensis COMPOSIÇÃO QUÍMICA Mistura de proteínas, aminoácidos e sais. Possui uma neurotoxina. MECANISMO DE AÇÃO A toxina ativa os canais de Na¹ e, por conseguinte, promove a despolarização de membranas nas terminações nervosas periféricas. Estimula SN simpático e parassimpático (dependendo do organismo, um pode ser mais ativado que outro) ¹ causa muita dor – substancia álgicas. SINAIS CLÍNICOS Dependem de qual sistema foi mais ativado. Dependendo do nt liberados e da fibra nervosa, os efeitos podem ser adrenérgicos ou colinérgicos. *hipotireoidismo: provavelmente colinérgico mais ativado. ➢ A adrenalina e noradrenalina são responsáveis por: Aumento da PA, arritmias cardíacas (taquicardia), vasoconstrição periférica, eventualmente IC, edema pulmonar agudo e choque cardiogênico (devido a parada) ou anafilático. ➢ A acetilcolina promove aumento: das secreções lacrimal, nasal, salivar, brônquica, sudorípara e gástrica, tremores, espasmos musculares, mioses e redução da FC. TERAPÊUTICA Não há soro antiscorpiônico no Brasil para a veterinária. Anestésico local (lidocaína) e ou analgésico local Tratamento suporte e sintomático: relaxante muscular, fenilefrina (se hipotenso). TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 39 SERPENTES CARACTERÍSTICAS Corpo alongado coberto por escamas Ausência de membros locomotores Ausência de ouvido (sentido basicamente olfatório) Língua bífida que capta substâncias suspensas no ar e encaminha ao órgão de Jacobson (detecção do quee tem no ambiente) Olhos sem pálpebras Ectotérmicos Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas: Jararacas, cascavel e a sururucu, possuem em comum, a fosseta loreal, um orifício localizado entre a narina e o olho, em cada lado da cabeça. Somente as serpentes peçonhentas possuem este órgão. Vale a pena ressaltar que existem serpentes venenosas que não possuem fosseta loreal, como é o caso das corais verdadeiras. A fosseta loreal tem como função a captação de calor, que permite as serpentes perceberem as diferenças de temperatura do ambiente. *não conseguem se adaptar em temperaturas que o organismo não funciona. Serpentes peçonhentas apresentam o corpo coberto por escamas em forma de quilha Peçonhentas: cabeça com escamas pequenas. *geralmente a cabeça é triangular Não peçonhentas: apresentam, em geral, escamas maiores na cabeça Peçonhentas: possuem pupila em fenda Não peçonhentas: apresentam pupila circular Gêneros de serpentes peçonhentos no Brasil: 1. Fosseta loreal presente Chocalho presente → Crotalus 2. Chocalho ausente Ponta da cauda com 4 series de escamas eriçadas → Lachesis Ponta da cauda normal → Bothrops 3. Fosseta loreal ausente Sem presas anteriores → serpente não peçonhenta Com presas anteriores → Micrurus (coral) Tipos de dentição: 1. Dentição áglifa: não existem dentes inoculadores nem glândulas secretoras de veneno. Está presente em jibóia, sucuri, boipeva. 2. Dentição opistóglifa: dentes inoculadores fixos, contendo um sulco por onde escorre a substância secretada pelas glândulas do veneno. Estão localizados na região posterior da boca, um de cada lado da cabeça. Exemplo: falsas-corais, muçuranas e cobras cipós. 3. Dentição proteróglifa: dentes inoculadores fixos, localizados na região anterior da boca. Esta dentição é característica das corais verdadeiras. 4. Dentição solenóglifa: dentes inoculadores de veneno estão presentes e localizam-se na região anterior da boca. Estes dentes são moveis e grandes, com um canal por onde o veneno penetra no local atingido pela mordida do animal. GÊNERO BOTHROPS Possuem fosseta loreal. São solenóglifas e possuem o final da cauda lisa. 32 variedades encontradas em todo o território nacional. Responsável por mais de 90% dos acidentes. O veneno de efeito coagulante e necrosante (jararaca, jararacu, urutu, caiçara e outros) A grande incidência de ataques deve-se a grande variedade de habitats: margem de rios, periferia de cidades e locais ricos em roedores. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 40 Além de sua agressividade! A maioria dos acidentes ocorre entre os meses de janeiro a março. Nos cães, membros anteriores e focinho são mais acometidos. COMPOSIÇÃO QUÍMICA 90% do peso seco é composto por proteínas, enzimas, toxinas não enzimáticas e proteínas não toxicas. Também é composto por carboidratos, lipídios, aminas biogênicas e pelas metaloproteinas (contem Ca e Z) Hialuronidase – dispersão da toxina Hemotoxina e citolisina – reações inflamatórias (vasodilatação) Fosfolipase¹ A2 – alterações de permeabilidade e liberação de aminas vasoativas ¹quebra de fosfolipídeos das membranas celulares → formação de varias substancias inflamatórias MECANISMO DE AÇÃO Atua principalmente interferindo na hemostasia, devido ao aumento do consumo do fator de coagulação tipo I. Grave quadro hemorrágico SINAIS CLÍNICOS Edema, equimose, hemorragia, gengivorragia, epistaxe, hemoptise, choque hipovolêmico. Insuficiência respiratória, abcesso, necrose, IRA (microcoágulos na microcirculação renal) TERAPÊUTICA Soro antibotrópico Tratamento sintomático e de suporte Soroterapia Antihemorragico Transfusão sanguínea *Não utilizar anticoagulante GÊNERO CROTALUS Possuem fosseta loreal, dentição solenóglifa e um chocalho ou guizo na extremidade da cauda. São encontradas em campos abertos (áreas secas, arenosas e pedregosas), encostas de morros e cerrados, mas pouco frequentes em matas úmidas e faixas litorâneas. Os acidentes crotálicos geralmente ocorrem nas primeiras horas da noite, pois estas serpentes saem para caçar neste período. Por esse motivo, é frequente que o acidente seja identificado apenas no dia seguinte. COMPOSIÇÃO QUÍMICA É uma mistura complexa de enzimas e proteínas. Crotoxina (fosfolipase A2 e crotoxina A) Crotamina Giroxina Convulxina MECANISMO DE AÇÃO A ação neurotóxica é promovida principalmente por uma substancia denominada crotoxina, uma neurotoxina pré-sináptica. A crotoxina atua nas terminações nervosas motoras, de modo a inibir a liberação de acetilcolina pelos impulsos nervosos, provavelmente por interferência em canais iônicos. Assim, há bloqueio neuromuscular, resultando em paralisias motoras e respiratórios. TOXICOLOGIA VETERINÁRIA – UFPel Aline Bervian 41 Outras neurotoxinas isoladas do veneno crotálico são a crotamina, a girotoxina e a convulxina, que apresentam efeitos neurotóxicos em modelos experimentais não observados em casos clínicos. *O veneno da serpente vai depender da sua alimentação, ambiente... por isso, a ação do veneno depende. A ação coagulante ocorre por ação de alguns compostos com atividade similar a trombina, com transformação de fibrinogênio sérico em fibrina, principalmente a giroxina prolongando o tempo de coagulação ou mesmo tornando o sangue incoagulável. A convulxina aumenta a agregação plaquetária. A ação miotóxica deve ser produzida pelas toxinas crototoxina e crotamina, produzindo ruptura de organelas.
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