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TJDFT - PONTOS RESUMIDOS - PROVA ORAL

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PONTO 16
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA 
- O conceito de Política. Política e Direito. 
Conceito de política
a) Origem do termo política: política deriva do grego, da palavra polis (= cidade), que gerou politikos (= tudo que se refere às coisas da cidade). Entre os gregos, a polis era a cidade estado (ex. Atenas, Esparta, Corinto, Tebas... a Grécia antiga não era um estado unificado).
           A palavra política esta intimamente ligada à idéia de poder. O estudo da política tem a ver com a luta pelo poder dentro da sociedade e dentro do estado. Esta luta acaba desaguando no Direito.
                        “a política é a arte de transformar as tendências sociais em formas jurídicas”  Hermam H______
 
       b) Uso tradicional do termo política:
Importante para compreender o porquê de hoje termos várias ciências diferentes, mas que tratam do mesmo fenômeno: a política.
          A primeira obra filosófica q tratou da política: a Política (Aristóteles), para outros a República de Platão trata de questões políticas.
         A teorização da política foi realizada pela primeira vez entre os Gregos e se referia a tudo q de algum modo se referia as coisas do Estado.
        A teoria política na antiguidade envolvia uma série de aspectos. O uso do termo na modernidade muda. A modernidade é um momento de fragmentação, não só na política, mas nas ciências humanas em geral.
       A modernidade representa um rompimento numa relação harmônica presente na antiguidade e na Idade Média.
     Na modernidade, o termo política se fragmenta. A política vai ser tratada em uma série de ciências (ciência política, teoria geral do estado, filosofia política, ciência do estado, teoria geral da política)
 
                  c) Direito e poder
 
                  d) Política e poder
Max Weber – poder é a capacidade de impor a própria vontade.
Zoon politicon – o homem é um animal político.
Tomáz de Aquino – o homem é um animal social.
 
Excluindo as diferenças terminológicas das palavras utilizadas, a idéia q está por traz destas expressões é a de q o homem tem uma natureza de vida em comunidade e de relações intersociais.
A disputa pelo poder está dentro de todas as relações.
 O que se compreende por política é um poder com certas particularidades.
e) Tipologias das formas de poder:
 
Na modernidade, há formas de poder cujas fontes vêm de formas diferentes e se manifestam em lugares diferentes.
- poder econômico: é o poder q se vale da posse de bens p determinar a conduta das outras pessoas
- poder ideológico: é o poder que se funda na posse (produzir e divulgar) das idéias.
- poder político: é o poder q se funda sobre a posse dos instrumentos através dos quais se exerce a força física. O estado  é o instrumento p exercício do poder político. O poder político é o mais coativo porque tem a posse dos instrumentos p o exercício da força. Poder político não é sinônimo de força, mas de possibilidade de aplicar a força p coagir alguém a cumprir suas determinações.
 
f) Características do poder político:
 
1. Exclusividade – o poder político é dotado de exclusividade, não permite no seu âmbito de domínio, a formação de um poder político paralelo e independente. O poder político tem a pretensão de ser um poder exclusivo dentro de determinado território. Não permite a formação de grupos armados, paramilitares e a ingerência de poderes externos em questões domésticas.
 
A idéia de exclusividade remete a idéia de soberania/poder soberano em determinado território.
Hobbes (contratualista: utiliza a teoria do contrato social para justificar a existência do direito e do estado). o contrato social traz a idéia de que em determinado momento há entre os membros de determinada comunidade para formação de um acordo/contrato para formação do estado.
A maior parte dos contratualistas não acreditavam de fato que o contrato social tenha sido um evento que ocorreu historicamente. O contrato social para eles era uma justificação racional para a existência do estado e do direito.
Da teoria de Hobbes surge a concepção de soberania que estudamos hoje. Ele explica o surgimento do Estado a partir do estado de natureza que era um momento em que as pessoa viviam em luta de todos contra todos.
No estado de natureza “o homem é o lobo do homem”, todos possuem liberdade absoluta e não há nada q limite a liberdade das pessoas. Isto acaba gerando uma situação de enorme insegurança e crueldade. No estado de natureza a vida é curta, dura e incerta. Prevalece a lei do mais forte. A todo momento, qualquer um pode perder o que tem para o mais forte. A violência é cotidiana no estado de natureza.
Num certo momento, as pessoas, cansadas de viver neste  constante estado de insegurança, se reúnem e, entre si, fazem um contrato: o contrato social. O contrato social dá origem a sociedade política e ao estado.
As pessoas se reúnem e chegam a conclusão que é preciso limitar esta liberdade absoluta. Para isso criam um órgão q esteja acima de todas as pessoas: o estado.
Em troca de segurança, as pessoas abrem mão da sua liberdade absoluta.
Esse é o momento da criação do poder soberano: o estado.
Hobbes chama o Estado de Leviatã (Leviatã era um monstro bíblico)
Com exceção do direito à vida, todos os outros direitos podem ser limitados pelo estado.
2. Universalidade – o poder político tem a característica da universalidade porque é capaz de tomar decisão q serão legitimas e detém eficácia e efetividade dentro de determinado território.
3. Inclusividade – o poder político detém a capacidade/potencialidade de intervir de modo coativo nos mais variados aspectos da vida dos indivíduos.
 
O modo como o estado vai busca intervir na liberdade individual de cada um vai variar de acordo com o tipo de estado (mais autoritário, EDD, ...).
O estado totalitário é o que mais chegou perto de anular a liberdade das pessoas. Esparta era uma cidade que possuía elementos que lembravam os estados totalitários do Século XX porque a vida era muito regulada.
Daí a expressão “levar uma vida espartana”.
g) Tipologias do poder político (segundo Max Weber):
 
A explicação de Weber a respeito da política se tornou clássica.
Weber dizia: Porque as pessoas obedecem às regras impostas?
A política está ligada à força (mas são é só força), mas  também está ligada a idéia de legitimidade. Poder político é poder legítimo também. A idéia de legitimidade torna possível explicar a dominação e a obediência. A legitimidade é a explicação p a obediência porque não há obediência fundada na pura força. A pura força se desfaz em determinado momento em que é derrubada.
Na explicação de Weber há três fundamentos da legitimidade q vão gerar três tipos de poder político:
1. A tradição – poder tradicional: se funda na autoridade do passado. O detentor do poder pode ser um patriarca (“pater famile” – no direito romano), um senhor de terras, ...
2. O carisma – poder carismático: é o poder político ou a autoridade q se funda em dons extraordinários de um determinado indivíduo.  Segundo Weber, o poder carismático é típico do político, do profeta, do dirigente de partido político, do ditador,...
3. A razão – poder legal ou racional: é aquele poder que se funda na crença de que há um ordenamento jurídico que detém validade e que deve ser observada /respeitado pelas pessoas. Esse poder tem como representante o agente público (aquele que age em virtude de lei, que o autoriza a agir, daquela maneira).
 
Cada um desses fundamentos vai gerar um tipo particular de poder político.
Raramente essas formas de poder são encontradas em suas formas pura.
 
h) Finalidade (o fim) da política:
 
A política busca obter/realizar o quê?
Weber diz que a finalidade da política é variável, portanto não  há uma só finalidade a ser identificada na política. A política comporta as mais diversas finalidades na história (conforme o momento que se vive).
Em consequência, se o fim da política varia (é relativo) nós só podemos definir a política pelo meio/instrumentoq ela utiliza. O meio da política é a possibilidade de aplicação da força.
Segundo alguns autores (críticos), esta posição levou a um afastamento da política em relação a ética (essa postura de Weber leva a uma remoção do juízo teleológico no estudo a política)
Teleológico vem de telos (= fim, finalidade de algo).
Se a concepção de Weber remove a importância do estudo teleológico da política (deve se preocupar com os meios e não com os fins) então, nesse sentido há um afastamento entre ética e política.
A postura de Weber é chamada de neutralidade valorativa.
Desta forma, nas ciências humanas não deve ser feito juízo de valor.
A postura de Weber influencia Kelsen ( separa direito do valor justiça)
Muitos autores marcam a separação entre ética e política em Maquiavel (sec. XVI).
Maquiavel adotou postura realista nas questões políticas no livro “O Príncipe” e o dedica ao princípio de Florença (Médice).
Diz que o objetivo fundamental da política é a manutenção do poder. Se , p manter o poder, for necessário cometer atos imorais e cruéis, isto esta justificado no campo da política. (decretado o rompimento entre ética e política).
Na concepção clássica (q veio da antiguidade e prevaleceu até a idade media), política e ética estavam conectadas.
Os antigos consideravam q o fim da política devia ser buscado na ética.
Aristóteles dizia que a finalidade da política era produzir a felicidade das pessoas, garantir o bem estar dos cidadãos e da comunidade.
Outros diziam que a política existia p proporcionar a justiça.
Na modernidade (Maquiavel + Weber) há rompimento com o pensamento clássico. A política se torna independente da ética.
É criada a ciência política.
 
i) O político e o social:
 
Na tradição clássica, político = social (o campo de político é igual ao social, o campo da política é igual à sociedade)
Política se referia a tudo q fazia parte da vida da comum na sociedade/cidade e nesse sentido política engloba o social.
Ex.: política e religião estavam misturadas (religiões políticas – o imperador romano era também o sumo sacerdote).
Na era moderna, o político é entendido de modo diferente do social. Há separação entre o campo político e a sociedade. Surge a antítese entre estado e sociedade civil.  O campo de político se refere a atividade coativa.
Cabe ao estado aplicar a coação (característica necessária p definir política). Por outro lado há o campo do social.
Razões da separação:
1. O advento do cristianismo (surgido na antiguidade, mas suas modificações levaram muito tempo para acontecer) – a partir do cristianismo passa a haver uma separação entre a esfera política e a esfera religiosa.  (“a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”).
2. O advento da economia burguesa. O pensamento econômico q decorre disso separa a esfera do estado da esfera econômica. A economia deve ser regulada pelo mercado (liberalismo). As questões econômicas não pertencem à esfera do estado.
                           
Na modernidade, o campo da política na modernidade se refere fundamentalmente as questões do estado.
Weber define estado:
“o estado moderno é um agrupamento de dominação q apresenta caráter institucional e que procurou (com êxito) monopolizar nos limites de um território a violência física legitima como instrumento de domínio”.
As questão políticas na modernidade vão em direção ao Estado. A face da política na modernidade é o estado como instituição (institucionaliza o monopólio da violência física legítima – detém o monopólio da aplicação da força).
Quando o estado se constitui há proibição da vingança privada porque ela é uma ofensa ao estado q detém o monopólio desta aplicação.
No direito internacional  não há um terceiro q se coloca acima das parte. Assim, as sanções são aplicadas de  modo pulverizado.
A aplicação das sanções não é institucionalizada.
6. Política e Direito
O poder tem um papel importante tanto no conceito de política quanto no conceito de direito.
A política tem haver com o exercício do poder de modo legítimo. Dentro do direito o poder tem um papel de relevância, podemos ver o direito como resultado de um ato de poder, de disputa do poder. O direito é o resultado mais visível de determinadas disputas pelo poder, ou seja, quem detém o poder estatal, detém, portanto, a capacidade de impor aos outros a sua vontade, através de seus instrumentos como, por exemplo, atividade legislativa.
Carl Schmitt x Kelsen
Carl Schmitt adota uma concepção realista. Dá prevalência ao poder. Ele vê o direito como resultado de um ato de poder. Para ele, o poder antecede o direito. Por essa concepção, a Constituição é resultado de uma decisão política fundamental. 
Kelsen adota uma concepção juspositivista. Na teoria de Kelsen, a relação de direito e poder está invertida. Para ele, o direito é que antecede o poder. O poder é o resultado daquilo que se encontra estabelecido no ordenamento jurídico. O Estado, que é a face mais visível do poder, nada mais é que o próprio ordenamento jurídico. OBS! Muitos autores dizem que Kelsen teria criado uma teoria do Estado sem Estado, porque ele reduz o Estado ao próprio ordenamento jurídico, é tudo uma coisa só.
Bobbio
O poder sem direito é cego, mas o direito sem poder é vazio. O que isso significa? Na visão dele, não há propriamente uma oposição entre direito e poder, na verdade, há uma relação de co-implicação, ou seja, a existência do poder implica a existência do direito, ao passo que a existência do direito implica a existência do poder. Ele explica isso analisando dois conceitos:
- Norma fundamental: é o ápice de uma pirâmide escalonada de normas.
- Poder soberano: o conceito de poder soberano é construído da mesma forma que é construído o conceito de norma fundamental. E, portanto, poder soberano é o ápice de todo o poder. É o poder dos poderes. O maior dos poderes.
Tanto o conceito de NF como o conceito de PS são pensados para ser o ápice de um determinado sistema. 
A norma fundamental é pensada sob o ponto de vista da ciência do direito. O poder soberano é pensado sob o ponto de vista da ciência política. A primeira é uma análise normativa, a segunda é uma análise política.
Para ele, poder e direito são uma coisa só. No vértice das duas pirâmides, direito e poder se convertem. Direito é uma face da moeda e poder é a outra face.
É um ator que se filiou a uma visão mais positivista do direito. Visão esta que tende a igualar direito ao poder. Sabemos que para o positivismo jurídico direito é igual a lei e, portanto, direito é igual ao poder, porque a lei é fruto de quem detém o poder para editá-las.
Concepção jusnaturalista
Alguns autores relatam que foi na peça de Antígona que surgiram os conflitos entre as concepções de positivismo e de jusnaturalismo. Peça de Antígona: há uma guerra civil na cidade, e esta guerra divide uma família, que é a família de Antígona. Ela tinha um irmão (Sófocles) que lutava contra a própria cidade, acabando por lutar contra o tio e próprio irmão. Por conta dessa guerra, o governante da cidade edita uma lei e diz: que aqueles que lutassem contra o exército do governante teriam como pena o fato de não poderem ser enterrados quando mortos.
Na cultura grega isso tinha um peso muito grande, porque se a pessoa na fosse enterrada ela estaria condenada para o resto da vida. Era a mesma coisa de ir para o inferno. Só que o irmão de Antígona morreu e ela queria enterrar seu irmão. Nasceu aqui o conflito entre a concepção de direito natural (direito dado pelos Deuses de enterrar seus familiares) e o direito positivo (criado pelo Governante).
A crítica jusnaturalista é: se pelo positivismo não há como diferenciar direito de poder, a conclusão que podemos chegar é que não podemos diferenciar direito de força bruta. Na verdade, direito é força e, portanto, prevalece quem tem mais força. Conclusão: não é possível se pensar em conceito verdadeiro de direito se não se incluir nesse conceito o conceito de justiça. Agostinho: não é possível definir o direito sem que em seu conceitocontenha a idéia de justiça.
Por outro lado, nós temos a resposta de Kelsen a essa crítica jusnaturalista: ordem do Estado X ordem do bandido. A ordem do Estado possui caráter objetivo, a ordem do bandido possui caráter subjetivo. Uma ordem emanada por um indivíduo do Estado está fora da sua vontade (Ex: a ordem de um funcionário público é emanada da vontade da Lei e não da sua vontade). Existem algumas normas que regem o funcionamento do grupo de mafiosos, que muitas vezes acabam suplantando as normas do Estado, se tornando o próprio Estado. Para Kelsen, o elemento fundamental para se definir o direito é o que ele chama de eficácia/efetividade, e não a justiça. O direito sem um mínimo de eficácia não é direito, porque para ser direito tem que ter o mínimo de eficácia. Em razão disso, para que uma ordem possa ser chamada de estatal, precisa ter eficácia. 
Perez Luno
A análise que prevaleceu ao longo do séc. XX foi exatamente a análise positivista de Kelsen e Bobbio.
Perez defende: para sair deste ciclo vicioso entre direito e poder, é preciso recorrer à moral. Se não nos recorrermos a moral nãos seremos capazes de diferenciar direito de pura força. Um direito fundado só na força carece de legitimidade. Um direito, fundado na pura força, é obedecido em razão do medo. Trata-se de uma obediência interesseira, que não se sustenta. Um direito pensado como sinônimo de força na possui legitimidade capaz de sustentá-lo. Direito fundando na força pode até existir, como de fato existiu, mas ele não se sustenta, não perdura.
OBS! Pascal: ver citação no material de apoio.
Quais são os elementos que dão ao direito legitimidade? São os elementos da moralidade. Quando nós conseguimos identificar no direito padrões de justiça como, por exemplo, a proibição de matar, de roubar, encontraremos no direito essa legitimidade. A partir disso, podemos diferenciar direito de força.
Teoria de Miguel Reale
Teoria tridimensional do direito: para definir adequadamente o direito precisamos entender que o direito possui 3 dimensões: 
- fática
- normativa
- valorativa
OBS! Ao longo da teoria do direito tivemos análises a respeito do direito que davam ora prevalência ao fato, ora ao valor, ora a norma. Miguel Reale, em sua teoria, quis sintetizar essas 3 noções.
Para Miguel Reale não dá para pensar direito sem poder, porque a existência da norma jurídica depende de uma decisão política, que tem como fundamento o poder. Direito é sim resultado do poder, mas ele não se resume a poder. Para Reale, há uma relação de co-implicação entre direito e poder. O poder é condição necessária para o direito, mas não suficiente.
Nomogênese jurídica: é o estudo da criação (gênese) de uma norma jurídica. Para explicar essa nomogênese, Reale utiliza a teoria tridimensional do direito. A norma jurídica surge da combinação entre fatos, valores e a interferência de uma decisão de poder (política). 
Fato é tudo aquilo que já se tornou momento objetivado na experiência histórica (Ex: criminalidade, pobreza). Tudo aquilo que nossa existência envolve.
Valores são as idéias, os posicionamentos ideológicos, as teorias (Ex: posição liberal, socialista, comunista, social democrata, republicanismo, monarquia)
Dessa interação entre fatos e valores surgem diferentes proposições normativas. A partir dos fatos podem surgir diferentes soluções, a depender dos valores adotados. Em determinado momento, há a incidência do poder, é neste momento que surge a norma jurídica.
No entanto, direito também não se resume a poder, porque ele tem uma dimensão valorativa e, portanto, direito e justiça se relacionam. O poder está dentro do processo que resulta na criação do direito, mas não é só. O poder é limitado pelos fatos, pelos valores e pelo próprio ordenamento.
O poder é fundamental para se pensar em direito. Mas que poder é esse? É um poder legítimo, que detém legitimidade. Encontraremos essa legitimidade dentro da dimensão fática, valorativa e normativa.
Celso Laffer: podemos ver essa questão do poder legítimo através da discussão da agenda legislativa. Em determinadas épocas, temos determinados assuntos mais importantes. Em 62, por exemplo, a agenda legislativa tinha haver com o crescimento da indústria nacional. A agenda legislativa atual envolve outros problemas como, por exemplo, a proteção da mulher; mercado de trabalho da mulher. Essa agenda varia de acordo com os fatos e valores vigentes em determinada época.
- Código de Ética da Magistratura Nacional
O Código de Ética da Magistratura Nacionalfoi aprovado em 6 de agosto de 2008, vinte anos após promulgada a Constituição Federal que explicitou o princípio da moralidade como fundamental à Administração Pública.
Há certa divergência quanto à necessidade de um Código de Ética para o juiz, de forma que, de forma que aqueles que defendem a idéia contrária a sua criação receiam-se que a tipificação das condutas seja incapaz de abarcar todos os comportamentos sancionáveis, face a incapacidade de previsão de todas as condutas que gerem responsabilidade ao Magistrado. Ademais, argumentam que a normatividade ética do magistrados existentes em outros estatutos já seriam suficientes para reger suas condutas.
Contudo, prevalece a posição daqueles (Nalini) que se alinham a favor da edição de uma normatividade ética aos juizes. Apesar da impossibilidade de todos os comportamentos possíveis de infringir a ética, um Código, segundo está doutrina, se preordena a focar balizas para aqueles que exercem a função de julgar e também para os órgãos correcionais.
Princípios norteadores da ética da magistratura:
Art. 1ºO exercício da magistratura exige conduta compatível com os preceitos deste Código e do Estatuto da Magistratura, norteando-se pelos princípios da independência, da imparcialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da transparência, do segredo profissional, da prudência, da diligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade, da honra e do decoro.
Art. 2º Ao magistrado impõe-se primar pelo respeito à Constituição da República e às leis do País, buscando o fortalecimento das instituições e a plena realização dos valores democráticos.
Art. 3º A atividade judicial deve desenvolver-se de modo a garantir e fomentar a dignidade da pessoa humana, objetivando assegurar e promover a solidariedade e a justiça na relação entre as pessoas.
CAPÍTULO II INDEPENDÊNCIA
Art. 4º Exige-se do magistrado que seja eticamente independente e que não interfira, de qualquer modo, na atuação jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas legais.
Art. 5º Impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho de suas atividades sem receber indevidas influências externas e estranhas à justa convicção que deve formar para a solução dos casos que lhe sejam submetidos.
Art. 6º É dever do magistrado denunciar qualquer interferência que vise a limitar sua independência.
Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar de atividade político-partidária.
CAPÍTULO III IMPARCIALIDADE
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.
Art. 9º Ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes igualdade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação.
Parágrafo único. Não se considera tratamento discriminatório injustificado:
I - a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se assegure igual direito à parte contrária, caso seja solicitado;
II - o tratamento diferenciado resultante de lei.
CAPÍTULO IV TRANSPARÊNCIA
Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre que possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplado em lei.Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem o dever de informar ou mandar informar aos interessados acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil, compreensível e clara.
Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios de comunicação social, comportar-se de forma prudente e eqüitativa, e cuidar especialmente:
I - para que não sejam prejudicados direitos e interesses legítimos de partes e seus procuradores;
II - de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do magistério.
Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que impliquem a busca injustificada e desmesurada por reconhecimento social, mormente a autopromoção em publicação de qualquer natureza.
Art. 14.Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de colaboração para com os órgãos de controle e de aferição de seu desempenho profissional.
CAPÍTULO V INTEGRIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL
Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do âmbito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma fundada confiança dos cidadãos na judicatura.
Art. 16. O magistrado deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral.
Art. 17.É dever do magistrado recusar benefícios ou vantagens de ente público, de empresa privada ou de pessoa física que possam comprometer sua independência funcional.
Art. 18. Ao magistrado é vedado usar para fins privados, sem autorização, os bens públicos ou os meios disponibilizados para o exercício de suas funções.
Art. 19. Cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias para evitar que possa surgir qualquer dúvida razoável sobre a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-patrimonial.
CAPÍTULO VI DILIGÊNCIA E DEDICAÇÃO
Art. 20. Cumpre ao magistrado velar para que os atos processuais se celebrem com a máxima pontualidade e para que os processos a seu cargo sejam solucionados em um prazo razoável, reprimindo toda e qualquer iniciativa dilatória ou atentatória à boa-fé processual.
Art. 21. O magistrado não deve assumir encargos ou contrair obrigações que perturbem ou impeçam o cumprimento apropriado de suas funções específicas, ressalvadas as acumulações permitidas constitucionalmente.
§ 1º O magistrado que acumular, de conformidade com a Constituição Federal, o exercício da judicatura com o magistério deve sempre priorizar a atividade judicial, dispensando-lhe efetiva disponibilidade e dedicação.
§ 2º O magistrado, no exercício do magistério, deve observar conduta adequada à sua condição de juiz, tendo em vista que, aos olhos de alunos e da sociedade, o magistério e a magistratura são indissociáveis, e faltas éticas na área do ensino refletirão necessariamente no respeito à função judicial.
CAPÍTULO VII CORTESIA
Art. 22. O magistrado tem o dever de cortesia para com os colegas, os membros do Ministério Público, os advogados, os servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se relacionem com a administração da Justiça.
Parágrafo único.Impõe-se ao magistrado a utilização de linguagem escorreita, polida, respeitosa e compreensível.
Art. 23. A atividade disciplinar, de correição e de fiscalização serão exercidas sem infringência ao devido respeito e consideração pelos correicionados.
CAPÍTULO VIII PRUDÊNCIA
Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar comportamentos e decisões que sejam o resultado de juízo justificado racionalmente, após haver meditado e valorado os argumentos e contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito aplicável.
Art. 25.Especialmente ao proferir decisões, incumbe ao magistrado atuar de forma cautelosa, atento às conseqüências que pode provocar.
Art. 26. O magistrado deve manter atitude aberta e paciente para receber argumentos ou críticas lançados de forma cortês e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anteriormente assumidas nos processos em que atua.
CAPÍTULO IX SIGILO PROFISSIONAL
Art. 27.O magistrado tem o dever de guardar absoluta reserva, na vida pública e privada, sobre dados ou fatos pessoais de que haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade.
Art. 28.Aos juízes integrantes de órgãos colegiados impõe-se preservar o sigilo de votos que ainda não hajam sido proferidos e daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventualmente, antes do julgamento.
CAPÍTULO X conhecimento e capacitação
Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação permanente dos magistrados tem como fundamento o direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um serviço de qualidade na administração de Justiça.
Art. 30. O magistrado bem formado é o que conhece o Direito vigente e desenvolveu as capacidades técnicas e as atitudes éticas adequadas para aplicá-lo corretamente.
Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados estende-se tanto às matérias especificamente jurídicas quanto no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais.
Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados adquirem uma intensidade especial no que se relaciona com as matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima proteção dos direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores constitucionais.
Art. 33. O magistrado deve facilitar e promover, na medida do possível, a formação dos outros membros do órgão judicial.
Art. 34. O magistrado deve manter uma atitude de colaboração ativa em todas as atividades que conduzem à formação judicial.
Art. 35. O magistrado deve esforçar-se para contribuir com os seus conhecimentos teóricos e práticos ao melhor desenvolvimento do Direito e à administração da Justiça.
Art. 36. É dever do magistrado atuar no sentido de que a instituição de que faz parte ofereça os meios para que sua formação seja permanente.
CAPÍTULO XI DIGNIDADE, HONRA E DECORO
Art. 37.Ao magistrado é vedado procedimento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas funções.
Art. 38. O magistrado não deve exercer atividade empresarial, exceto na condição de acionista ou cotista e desde que não exerça o controle ou gerência.
Art. 39. É atentatório à dignidade do cargo qualquer ato ou comportamento do magistrado, no exercício profissional, que implique discriminação injusta ou arbitrária de qualquer pessoa ou instituição.
O Código de Ética determina que a atuação do magistrado deve ser transparente, documentando-se seus atos, sempre que possível, mesmo quando não legalmente previsto, de modo a favorecer sua publicidade, exceto nos casos de sigilo contemplados pela lei.
O Judiciário não pode se descuidar de garantir a liberdade de imprensa e também deve se acautelar para não adotar postura de outros detentores do Poder, para os quais a Imprensa tem finalidade de adular e não criticar.
A clareza na transmissão das informações
As informações prestadas à imprensa devem ser exatas, verificadas, apresentadas de modo objetivo, insuscetível de interpretações ambíguas.
O juiz não pode se recusar a receber profissionais da mídia. O dever de se abster de falar sobre processo em curso, seu ou de outrem, não o inibe de prestar esclarecimentos teóricos sobre o funcionamento da justiça, ainda misterioso para grande parte da população.
Ao tratar do tema, o Código de Ética impõe um comportamento prudente e equitativo. A prudência é a qualidade característica às pessoas equilibradas, discretas, sensatas. Que pensam bastante antes de agir. O tratamento equitativo se traduzirá em igualdade de condições no atendimento às demandas da mídia. Sem favoritismos, sem exclusões.
Quanto à opinião sobre processo pendente de julgamento, ou juízo depreciativo sobre atuação alheia, já era dever contido na LOMAN. Assim como a ressalva para que os autos pudessem acolherdiscreta manifestação (Art. 36 - É vedado ao magistrado: (...) III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em obras técnicas ou no exercício do magistério.), o que é bastante polêmico. O processo é palco da realização do justo, da resolução de problemas. Não deve servir a outros objetivos.
O Código liberou o juiz – nem poderia ser de outra forma, diante do ordenamento fundante – para tecer críticas na doutrina e no magistério. A liberdade de expressão e de manifestação não poderia ser tolhida justamente na falta de um ator que, presumivelmente, sabe o que a dizer e se pronuncia com apurado conhecimento de causa.
Presume-se que o juiz, portador de nível superior e habilitado em severa seleção pública, seja um profissional apto a exercer com desenvoltura a comunicação pela palavra. Nem sempre é assim e o treino é que aprimorará a capacidade comunicacional do magistrado. Antes de se devotar ao contínuo aprendizado de temas técnico-jurídicos, essencial prossiga a estudar o idioma e as técnicas de transmissão essenciais a quem precisa dizer com clareza a justiça e, muita vez, é chamado para esclarecer o que pretendeu afirmar na decisão.
A conduta positiva e de colaboração com os órgãos de controle e aferição do desempenho profissional
O juiz, embora detentor de uma consciência livre e imune a constrangimentos impostos por qualquer hierarquia, está sujeito a ver aferido o seu trabalho. Está sujeito a avaliações e suscetível a correções. Além dos órgãos correcionais clássicos, a Nação acordou em criar um órgão que à época foi designado controle externo da Magistratura. Hoje, o CNJ se encarrega da supervisão de todo o sistema de acompanhamento da atuação judicial. Colaborar com a apuração de responsabilidade funcional é hoje dever ético positivado para o juiz brasileiro.
IX – SIGILO PROFISSIONAL
A confidencialidade é norma praticamente absoluta para o juiz. Não é apenas o dever do silencio, mas também a obrigação da reserva, pois não pode divulgar os casos, prejudicando as partes que costumam abrir todos os dramas. 
Um fenômeno recente é a divulgação do teor do voto do desembargador ou magistrado integrante de órgão colegiado, antes mesmo de proferido. Apesar do aspecto bom de evitar pedido de vista, o que se vê é algumas vezes os interessados tomarem conhecimento do projeto de voto e rebaterem em sustentações orais o argumento do relator, o que mostra a vulnerabilidade do sistema. 
Da Diligência e Dedicação
Juiz diligente e dedicado – como quer o Código – é o que sabe conciliar a sua função com os interesses de sua vida privada, jamais sacrificando o sagrado dever de fidelidade à justiça, diante de quaisquer outros interesses. É o que sabe administrar o seu trabalho diante do volume de serviço e prazos, sem prejuízo da qualidade de suas decisões; é ainda, o que sabe usar de sua autoridade para reprimir manobras atentatórias ao princípio da boa-fé processual, garantindo, às partes, igualdade de tratamento.
A propósito da norma constitucional, ora destacada, que assegurou, no âmbito judicial e administrativo, verbis; “a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
Da Cortesia
Do dever de cortesia, que se recomenda deva o juiz observar, no trato com colegas, membros do Ministério Público, advogados, partes, testemunhas, enfim, em relação a todas as pessoas, com as quais tenha o magistrado de tratar no exercício de suas funções, cuidou o Código, em capítulo próprio, nos artigos 22 e seu parágrafo único e 23, dispositivos nos quais recomendações foram feitas, dando-se realce à necessidade da manutenção de bom relacionamento – que deve sempre haver – entre o magistrado e as demais pessoas envolvidas na administração da justiça, ao mesmo tempo, lembrando-se aos juízes a importância de se utilizarem eles de uma “linguagem escorreita, polida, respeitosa e compreensível”, inclusive quando tiverem de exercitar “atividade disciplinar, de correição ou de fiscalização”.
A independência externa: 
É a independência perante os demais poderes ou diante de todas as exteriorizações da onipresença estatal. Aqui se inclui também o aspecto da independência perante a sociedade.
A independência interna: 
É a independência frente o próprio corpo judicial. O juiz pode se considerar liberado de influências externas, mas subordinado ao jogo de interesses conduzido de forma sub-reptícia ou escancarada no próprio aparado da Justiça.
Vedação à atividade político-partidária 
A vedação posta aos juízes representa tentativa de desvinculação de quem vai julgar de outros interesses que não sejam a realização do justo concreto. O juiz precisa permanecer livro de bandeiras, de objetivos e de tendências que poderiam desviar sua decisão do ideal de justiça pretendido. 
Mas a atividade político-partidária proibida ao juiz não impede que ele tenha preferências. Vota, mas não pode fazer campanha ou perder a serenidade.
VIII – PRUDÊNCIA 
Prudência é a virtude capaz de prever e evitar inconveniências, perigos, conseqüências indesejáveis. Seus sinônimos: acerto, advertência, assento, cautela, comedimento, conduta, discrição, equilíbrio, serenidade. O código prevê um juiz dotado de sapiência prudencial, que não seja impulsivo, que não ceda às paixões. Na visão de Miguel Reale, a justiça é um valor, mas que deve ser medido na experiência social e que, para ser medido, exige um tato especial, um senso particular. Espera-se do juiz uma atuação racional, com sadia apreciação da causa e a prudência, eis que sentenciar é um ato que reclama sentimento. Os argumentos devem ser sopesados à luz do direito e não apenas à luz da lei. Desprovido de certezas absolutas, o juiz precisa recorrer à sua consciência e à prudência. Por isso, é importante ajustar-se à condição humana. 
Uma palavra ainda sobre o consequencialismo 
A função judicial reveste uma responsabilidade enorme, por isso o juiz deve extrair o máximo de sensatez exigível de seu temperamento. Ao analisar o caso, deve fundamentar e sinalizar seu raciocínio. Nem sempre é nítido que dizer o direito não significa fazer justiça que é falível e imperfeita. Meditar sobre o consequencialismo é um chamado posto à consciência das pessoas sensíveis que procuram fazer o melhor mas não desconhecem que a justiça humana pode ser melhor. aperfeiçoá-la é o dever ético do juiz brasileiro.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Acesso amplo ao Poder Judiciário. Direito adquirido. Ato jurídico perfeito. Coisa julgada. Direito à não-extradição. Sistema Tributário Nacional. Tributação e Orçamento. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário: moratória, depósito do seu montante integral, parcelamento especial. Provimentos liminares, reclamações e recursos. Programas de Recuperação Fiscal Federal e do Distrito Federal. Poder Judiciário.
I
(“Inafastabilidade da Jurisdição”). Art. 5º, XXXV, CF.
- O direito de amplo acesso à Justiça foi contemplado pela atual CF-88, abarcando não apenas a via repressiva (nas hipóteses de lesão a direito), mas, também, a via preventiva (em que há simples ameaça a direito).
- De início, deve-se esclarecer que não fere o direito de amplo acesso à Justiça o não-conhecimento de uma ação, por exemplo, por ausentes as condições gerais da ação (legitimidade, interesse e possibilidade jurídica do pedido).[2: “O art. 5º, XXXV, assegura o acesso à jurisdição, mas não o direito à decisão de mérito, que pende - é um truísmo - de presença dos pressupostos do processo e das condições de ação, de regra, disciplinados pelo direito ordinário” (RE 273.791/SP, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, DJ 15-09-2000).]
- O direito de amplo acesso à Justiça impede, por exemplo, exigências legais como o “prévio esgotamento das vias administrativas”. Neste aspecto, advirta-se, há exceções na própria CF-88 (ex.: necessidade de esgotamento das instâncias desportivas para ingressono Poder Judiciário – art. 217, § 1º; assuntos interna corporis etc).[3: “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.][4: “Agravo Regimental em Mandado de Segurança. 2. Oferecimento de denúncia por qualquer cidadão imputando crime de responsabilidade ao Presidente da República (artigo 218 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados). 3. Impossibilidade de interposição de recurso contra decisão que negou seguimento à denúncia. Ausência de previsão legal (Lei 1.079/50). 4. A interpretação e a aplicação do Regimento Interno da Câmara dos Deputados constituem matéria interna corporis, insuscetível de apreciação pelo Poder Judiciário. 5. Agravo regimental improvido” (MS 26.062, Rel. Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, DJe-060 DIVULG 03-04-2008 PUBLIC 04-04-2008).]
- Especificamente quanto ao habeas data, não há falar em violação ao direito de acesso ao Judiciário em razão da exigência de instrução do pedido com a “recusa das informações”. É que, in casu, não se trata de esgotamento da instância administrativa, mas sim de condição da ação. Com efeito, inexistente a recusa, não haveria nem mesmo interesse de agir. [5: “HABEAS DATA - NATUREZA JURÍDICA - REGIME DO PODER VISÍVEL COMO PRESSUPOSTO DA ORDEM DEMOCRÁTICA - A JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES - SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES (SNI) - ACESSO NÃO RECUSADO AOS REGISTROS ESTATAIS - AUSÊNCIA DO INTERESSE DE AGIR - RECURSO IMPROVIDO. - A Carta Federal, ao proclamar os direitos e deveres individuais e coletivos, enunciou preceitos básicos, cuja compreensão é essencial a caracterização da ordem democrática como um regime do poder visível. - O modelo político-jurídico, plasmado na nova ordem constitucional, rejeita o poder que oculta e o poder que se oculta. Com essa vedação, pretendeu o constituinte tornar efetivamente legítima, em face dos destinatários do poder, a prática das instituições do Estado. - O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que se destina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de retificação dos registros e (c) direito de complementação dos registros. - Trata-se de relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, a qual representa, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, quaisquer que sejam as dimensões em que estes se projetem. - O acesso ao habeas data pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. - A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data” (RHD 22/DF, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/ Acórdão Min. CELSO DE MELLO, TRIBUNAL PLENO, DJ 01-09-1995). No mesmo sentido: “Não cabe o habeas data (CF, art. 5., LXXII, letra "a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa” (Súmula nº 02, STJ).]
- Outra questão controvertida diz respeito à arbitragem. Neste aspecto, contudo, não há violação ao direito de acesso ao Judiciário porque as próprias partes assim optaram, de livre e espontânea vontade. Tanto é assim que, no direito do consumidor, especificamente em relação aos contratos de adesão, o STJ já firmou entendimento no sentido de que “é nula a clausula de convenção de arbitragem inserta em contrato de adesão, celebrado na vigência do Código de Defesa do Consumidor” (REsp 819.519/PE, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, DJ 05/11/2007).[6: “1.Sentença estrangeira: laudo arbitral que dirimiu conflito entre duas sociedades comerciais sobre direitos inquestionavelmente disponíveis - a existência e o montante de créditos a título de comissão por representação comercial de empresa brasileira no exterior: compromisso firmado pela requerida que, neste processo, presta anuência ao pedido de homologação: ausência de chancela, na origem, de autoridade judiciária ou órgão público equivalente: homologação negada pelo Presidente do STF, nos termos da jurisprudência da Corte, então dominante: agravo regimental a que se dá provimento,por unanimidade, tendo em vista a edição posterior da L. 9.307, de 23.9.96, que dispõe sobre a arbitragem, para que, homologado o laudo, valha no Brasil como título executivo judicial. 2. Laudo arbitral: homologação: Lei da Arbitragem: controle incidental de constitucionalidade e o papel do STF. A constitucionalidade da primeira das inovações da Lei da Arbitragem - a possibilidade de execução específica de compromisso arbitral - não constitui, na espécie, questão prejudicial da homologação do laudo estrangeiro; a essa interessa apenas, como premissa, a extinção, no direito interno, da homologação judicial do laudo (arts. 18 e 31), e sua conseqüente dispensa, na origem, como requisito de reconhecimento, no Brasil, de sentença arbitral estrangeira (art. 35). A completa assimilação, no direito interno, da decisão arbitral à decisão judicial, pela nova Lei de Arbitragem, já bastaria, a rigor, para autorizar a homologação, no Brasil, do laudo arbitral estrangeiro, independentemente de sua prévia homologação pela Justiça do país de origem. Ainda que não seja essencial à solução do caso concreto, não pode o Tribunal - dado o seu papel de "guarda da Constituição" - se furtar a enfrentar o problema de constitucionalidade suscitado incidentemente (v.g. MS 20.505, Néri). 3. Lei de Arbitragem (L. 9.307/96): constitucionalidade, em tese, do juízo arbitral; discussão incidental da constitucionalidade de vários dos tópicos da nova lei, especialmente acerca da compatibilidade, ou não, entre a execução judicial específica para a solução de futuros conflitos da cláusula compromissória e a garantia constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV). Constitucionalidade declarada pelo plenário, considerando o Tribunal, por maioria de votos, que a manifestação de vontade da parte na cláusula compromissória, quando da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao juiz para que substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso não ofendem o artigo 5º, XXXV, da CF. Votos vencidos, em parte - incluído o do relator - que entendiam inconstitucionais a cláusula compromissória - dada a indeterminação de seu objeto - e a possibilidade de a outra parte, havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, recorrer ao Poder Judiciário para compelir a parte recalcitrante a firmar o compromisso, e, conseqüentemente, declaravam a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 9.307/96 (art. 6º, parág. único; 7º e seus parágrafos e, no art. 41, das novas redações atribuídas ao art. 267, VII e art. 301, inciso IX do C. Pr. Civil; e art. 42), por violação da garantia da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário. Constitucionalidade - aí por decisão unânime, dos dispositivos da Lei de Arbitragem que prescrevem a irrecorribilidade (art. 18) e os efeitos de decisão judiciária da sentença arbitral (art. 31)” (SE 5.206 – ESPANHA, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, DJ 30-04-2004).]
- O STF já reconheceu a infringência ao direito de acesso ao Judiciário em hipótese de verificação sigilosa (ex.: laudo psicotécnico) de candidato a concurso público, pois a ausência de acesso aos fundamentos do laudo impediria, em última análise, a própria pretensão de defesa de seus interesses em Juízo. [7: “I. RE: descabimento (Súm. 281): se houve divergência de votos quanto à existência ou não de prejudicial de inconstitucionalidadede ato normativo e conseqüente aplicabilidade de "reserva de plenário" do art. 97 da Constituição, a questão não pode ser suscitada em recurso extraordinário, antes de ser definitivamente solvida no Tribunal a quo, mediante embargos infringentes. II. Concurso público: exame psicotécnico: inadmissibilidade da oposição do sigilo de seus resultados ao próprio candidato em conseqüência declarado inapto. A oposição ao próprio candidato a concurso público do resultado dos elementos e do resultado do exame psicotécnico em decorrência dos quais foi inabilitado no certame viola, a um só tempo, o "direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular" (CF, art. 5º, XXXIII), como também de submissão ao controle do Judiciário de eventual lesão de direito seu (CF, art. 5º, XXXV): precedente (RE 125556)” (RE 265.261/PR, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, DJ 10-08-2001).]
- Note-se, por fim, que a previsão de assistência judiciária gratuita aos necessitados, por exemplo, tem por objetivo conferir maior efetividade ao próprio direito de amplo acesso ao Judiciário.
II.	Direito adquirido. Ato jurídico perfeito. Coisa julgada. 
- Tais garantias do cidadão então inseridas no “princípio da não-retroatividade das leis” (CF, art. 5º, XXXVI).
- O princípio da irretroatividade realiza também outro princípio, qual seja, o da segurança jurídica.
- Há exceções quanto à irretroatividade das leis: i) matéria penal (lei mais benéfica); e ii) matéria tributária (leis meramente interpretativas e mais benéficas). 
- o STF aceita, contudo, a retroatividade de leis que beneficiem o cidadão. [8: “O princípio insculpido no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição (garantia do direito adquirido) não impede a edição, pelo Estado, de norma retroativa (lei ou decreto) em benefício do particular” (RE 184.099/DF, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira Turma, DJ 18-04-1997).]
II.a ) Direito Adquirido.
- segundo a LICC, “consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem” (art. 6º, § 2º).
- jurisprudência do STF acerca do direito adquirido: i) não há direito adquirido quanto a regime jurídico; ii) a garantia de irredutibilidade de vencimentos é hipótese (qualificada) de direito adquirido; iii) não é invocável a garantia constitucional da irretroatividade da lei pela entidade estatal que a tenha editado (Súmula 654); e iv) a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial (Súmula nº 473).
- especificamente com relação ao direito adquirido em face da própria Constituição, temos que:[9: “Pensão especial cujo valor é estabelecido em número de salários mínimos. Vedação contida na parte final do artigo 7º, IV, da Carta Magna, a qual tem aplicação imediata. - Esta Primeira Turma, ao julgar o RE 140.499, que versava caso análogo ao presente, assim decidiu: "Pensões especiais vinculadas a salário mínimo. Aplicação imediata a elas da vedação da parte final do inciso IV do artigo 7º da Constituição de 1988. - Já se firmou a jurisprudência desta Corte no sentido de que os dispositivos constitucionais têm vigência imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados (retroatividade mínima). Salvo disposição expressa em contrário - e a Constituição pode fazê-lo -, eles não alcançam os fatos consumados no passado nem as prestações anteriormente vencidas e não pagas (retroatividades máxima e média). Recurso extraordinário conhecido e provido" - Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido. - A vedação constante da parte final do artigo 7º, IV, da Constituição, que diz respeito à vinculação do salário mínimo para qualquer fim, visa precipuamente a que ele não seja usado como fator de indexação, para que, com essa utilização, não se crie empecilho ao aumento dele em face da cadeia de aumentos que daí decorrerão se admitida essa vinculação. E é o que ocorre no caso, em que a pensão especial, anteriormente à promulgação da atual Constituição, foi instituída no valor unitário mensal sempre correspondente a seis vezes o salário mínimo, o que implica dizer que o salário mínimo foi utilizado para o aumento automático da pensão em causa sempre que houvesse majoração de seu valor. Isso nada tem que ver com a finalidade do salário mínimo como piso salarial a que qualquer um tem direito e que deve corresponder às necessidades básicas a que alude a Constituição, pois, em casos como o presente, não se está estendendo à pensão a norma constitucional (art. 7º, IV) que diz respeito ao piso salarial - ou seja, que nenhum trabalhador pode perceber menos que o salário mínimo -, o que ocorreria - e aí seria válido o argumento de que a pensão tem por finalidade atender às mesmas garantias que a Constituição concede ao trabalhador - se a pensão em causa fosse estabelecida no valor de um salário mínimo. E não é demais atentar para a circunstância de que, mesmo com relação a salário, a vedação de sua vinculação ao salário mínimo se aplica se, porventura, se estabelecer que o salário de certo trabalhador será o de "valor correspondente a algumas vezes o salário mínimo", pois aqui não se está concedendo a ele a garantia constitucional do artigo 7º, IV, mas, sim, se está utilizando o salário mínimo como indexador para aumento automático de salário de valor acima dele. Recurso extraordinário conhecido e provido” (RE 242.740/GO, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, DJ 18-05-2001).]
•	efeitos futuros de fatos passados: aplica-se a nova Constituição imediatamente (teoria da retroatividade mínima);
•	fatos consumados no passado: é necessária declaração expressa na Constituição no sentido de que estão sendo desconstituídos os direitos adquiridos (teoria da retroatividade máxima);
•	prestações vencidas e ainda não pagas: é necessária declaração expressa na Constituição no sentido de que estão sendo desconstituídos os direitos adquiridos (teoria da retroatividade média).
- especificamente com relação à emendas constitucionais, temos a seguinte jurisprudência: “não há direito adquirido contra texto constitucional, resulte ele do poder constituinte originário, ou do poder constituinte derivado” (RE 94.414/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, DJ 19/04/85).
II.b) Ato jurídico perfeito.
- segundo a LICC, “reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou” (art. 6º, § 1º).
- segundo o STF, a nova lei não pode retroagir para atingir contratos já celebrados, sob pena de ofensa ao ato jurídico perfeito.
- segundo o STJ, impõe-se o respeito ao ato jurídico perfeito, ainda que a norma superveniente seja de ordem pública.[10: “AGRAVO REGIMENTAL – RECURSO ESPECIAL – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – IRRETROATIVIDADE – PRECEDENTES. I - O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável aos contratos celebrados anteriormente a sua vigência. Segundo os precedentes desta Corte, o só fato de se constituir lei de ordem pública é insuficiente para se admitir a retroatividade, em razão da própria suspensividade contida na legislação consumerista, que determinou sua entrada em vigor para cento e oitenta dias após a sua edição. II - A Lei n.º 9.298, de 01/08/96, que alterou o artigo 52, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, não se aplica aos contratos celebrados anteriormente a sua vigência, devendo prevalecer a multa contratada, de 10% (dez por cento), nos limites constantes do próprio Código de Defesa do Consumidor, em sua redação original. Agravo improvido” (AgRg no REsp 489.858/SC, Rel. Min. CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, DJ 17/11/2003).]
II.c) Coisa julgada.
- segundo a LICC, “chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso” (art. 6º, § 3º).
- parteda doutrina classifica a coisa julgada em formal (meramente endoprocessual) e material (tornando imutáveis os efeitos produzidos pela sentença em todo e qualquer processo).
- o STF registra precedente no sentido de que não há falar em coisa julgada administrativa.[11: “A coisa julgada a que se refere o artigo 5º, XXXVI, da Carta Magna é, como conceitua o § 3º do artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil, a decisão judicial de que já não caiba recurso, e não a denominada coisa julgada administrativa” (RE 144.996/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES, Primeira Turma, DJ 12-09-1997).]
- segundo o STF, se uma decisão se mostrar contrária à Constituição, caberia ação rescisória, afastando-se, inclusive, a Súmula nº 343/STF. Trata-se de aplicação do “princípio da máxima efetividade”. A questão é que a ação rescisória está sujeita ao prazo decadencial de 02 anos.
- Afora a possibilidade de ação rescisória, o interessado poderia deduzir sua pretensão de relativização da coisa julgada por meio: i) de “ação anulatória”; ii) alegação incidenter tantum em outro processo; ou iii) simplesmente ajuizar nova ação idêntica à primeira, ignorando a decisão anterior.
III.	Direito à não-extradição. 
- a extradição consiste na entrega de um indivíduo a outro Estado em razão da prática de um delito. 
- difere da “expulsão”, que abrange tão-somente o estrangeiro, que “de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais” (art. 65 da Lei nº 6.815/80), e da “deportação”, que consiste na saída compulsória do estrangeiro “nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território nacional no prazo fixado em Regulamento” (art. 57 da Lei nº 6.815/80).
- as regras constitucionais sobre extradição estão no art. 5º, incisos LI e LII, da CF:
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;”
“não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;” 
- as regras infraconstitucionais sobre extradição estão nos arts. 76 a 94 da Lei nº 6.815/80 - Estatuto do Estrangeiro). Estudar, especialmente, os arts. 76, 77 e 91.[12: Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade. Art. 77. Não se concederá a extradição quando: I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão igual ou inferior a 1 (um) ano; V - o extraditando estiver a responder a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político; e VIII - o extraditando houver de responder, no Estado requerente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. § 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal. § 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Federal, a apreciação do caráter da infração. § 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de considerar crimes políticos os atentados contra Chefes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social. Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso: I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido; II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição; III - de comutar em pena privativa de liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação; IV - de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; eV - de não considerar qualquer motivo político, para agravar a pena.]
- a CF não admite a extradição de brasileiro nato, apenas do naturalizado nas hipóteses do inciso LI. Tal regra não é excepcionalizada nem mesmo na hipótese do indivíduo ter dupla nacionalidade.
- segundo o STF, “não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro” (Súmula nº 421).
- segundo o STF “é vedada a expulsão de estrangeiro casado com brasileira, ou que tenha filho brasileiro, dependente da economia paterna” (Súmula nº 01). 
- pelo princípio do entrelaçamento (ou da contaminação), havendo misto de crime político e comum, a extradição deve ser indeferida.
- a extradição também deve ser indeferida se já houver a extinção da punibilidade do crime (ex.: prescrição), segundo a legislação de qualquer dos Estados envolvidos.
- a extradição também deve ser indeferida se o STF entender que o Estado requerente não tem condições de assegurar a observância às garantias individuais do indivíduo (ex.: contraditório e ampla defesa).
- o deferimento da extradição pressupõe a dupla punibilidade, ou seja, o fato deve ser considerado crime tanto no Brasil como no país requerente.
- a extradição está condicionada ao compromisso de comutação da pena, relativamente àqueles Estados cuja sanção penal seja proibida no Brasil (ex.: morte, perpétua, superior a 30 anos, etc).
IV.	Sistema Tributário Nacional. 
Tributação e Orçamento. 
- Previsão: arts. 145 a 162 da CF (Título VI).
- O Sistema Tributário Nacional pode ser definido como o conjunto de normas jurídicas constitucionais que disciplinam a tributação em caráter nacional. Para alguns, incluem-se as normas jurídicas infraconstitucionais.
- O poder de tributar está associado à competência tributária, que é de titularidade da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. É o poder de criar tributos em abstrato.
- Como esse poder de invasão patrimonial tem índole compulsória, é imprescindível a existência de balizamentos constitucionais, que são as limitações ao poder de tributar, as quais se referem aos princípios constitucionais tributários e às imunidades tributárias:
Princípio da legalidade: a criação e majoração de tributos só pode ser feita por lei. Exceção para a majoração de alíquotas: II, IE, IOF, IPI (alíquotas fixadas por decreto, dentro dos limites fixados em lei), CIDE-combustíveis (o Poder Executivo pode reduzir e restabelecer as alíquotas) e ICMS monofásico sobre combustíveis (alíquotas fixadas por convênio celebrado entre Estados e DF – CONFAZ) Não há mais ressalva para a CPMF, cuja alíquota, fixada diretamente pela CF, podia ser alterada pelo Executivo.
- A EC 32/2001 veio constitucionalizar a medida provisória como meio adequado para criar ou aumentar tributo. No entanto, antes mesmo da EC, a STF entendia ser a MP veículo normativo hábil a criar ou majorar tributos.
- O princípio restringe-se aos elementos do tributo previstos no art. 97 do CTN (fato gerador, base de cálculo, alíquotas, sujeitos penalidades, disciplina relativa ao crédito tributário e à obrigação tributária), salvo exceções constitucionais acima mencionadas.
- Segundo o STF, não estão sujeitas à reserva legal as seguintes matérias: a) obrigações acessórias; b) prazos para pagamento de tributos; c) correção monetária da base de cálculo.
- Alguns tributos devem ser instituídos por lei complementar: imposto sobre grandes fortunas, empréstimoscompulsórios, impostos residuais da União e contribuições sociais residuais da União.
Princípio da isonomia: também conhecido como princípio da igualdade, veda o tratamento tributário diferenciado para pessoas que estão na mesma condição. Não há exceções constitucionais a este princípio. A CF foi explícita, ainda, ao dispor ser vedado aos entes tributantes instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Isso significa que pessoas em condições diferentes podem ter tratamento tributário diferente, senão vejamos:
- Tratamento jurídico diferenciado às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.
- As contribuições sociais previstas no inciso I do caput do art. 195 poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
- É admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País (art. 151, I).
- Vale frisar que o STF tem jurisprudência consagrada segundo a qual não é possível ao Judiciário, por força da isonomia, atuar como legislador positivo para colmatar lacunas que representam inconstitucionalidades decorrentes de exclusão discriminatória de benefício tributário, sob pena de violar o princípio da separação dos poderes.
- São desdobramentos do princípio da isonomia:
Princípio da interpretação objetiva do fato gerador, ou princípio non olet (arts. 118 e 126 do CTN).
Princípio da capacidade contributiva.
Princípio da irretroatividade: a nova lei só alcança fatos geradores futuros. Não alcança fatos geradores totalmente concluídos, mas alcança fatos pendentes (art. 105 do CTN). Exceção: quando a lei tratar de penalidades, extinguindo-as ou reduzindo-as (retroage), ou quando a lei for meramente interpretativa (retroage). O STF vem entendendo que se nós tivermos uma lei no período do ano aumentando IR, ela é aplicável e tem incidência na declaração de renda. Súmula 584: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
Princípio da anterioridade: É vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Diz respeito à publicação, não à vigência da lei. Não se aplica quando benéfica ao contribuinte. Há duas modalidades – anterioridade de exercício e anterioridade nonagesimal (ou mitigada). Na primeira, exige-se que a lei que institua ou aumente o tributo tenha sido publicada no exercício anterior. Na segunda, exige-se uma vacatio legis de 90 dias. Há exceções aos dois prazos:
Anterioridade de exercício: II, IE, IPI, IOF, CIDE-combustíveis (no que tange apenas ao restabelecimento da alíquota), Empréstimo Compulsório para custear guerra ou calamidade, impostos extraordinários de guerra, ICMS (só alíquotas) e contribuições sociais.
Anterioridade nonagesimal: II, IE, IOF, Imposto de Renda, Empréstimo Compulsório para custear guerra ou calamidade, impostos extraordinários de guerra, alterações da base de cálculo do IPVA e IPTU.
Anterioridade e MP: MP que implique instituição ou majoração de impostos, exceto o II, IE, IPI, IPF e o IE de guerra só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Não se aplica tal regra a outros tributos, só impostos.
O prazo de 90 dias da anterioridade nonagesimal, segundo o STF, é contado da data de publicação da MP, não havendo interrupção sempre que ela for convertida sem alteração substancial.
Para o STF, a modificação do prazo para pagamento é exigível de imediato, pois não é aumento.
Para o STF, o princípio em tela é cláusula pétrea.
Não existe mais o princípio da anualidade (CF/46), em que se exige a prévia autorização orçamentária.
Revogação de isenção e anterioridade: segundo o art. 104, III do CTN, lei que extinga ou reduza isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício seguinte. O STF, no entanto, tem precedentes no sentido de que a revogação de isenção não se submete à anterioridade tributária. Revogada a isenção, o tributo pode ser imediatamente exigível. Cabe ressaltar, porém, que esses precedentes versavam, no caso concreto, sobre o antigo ICM (atual ICMS), que é imposto sobre a produção e circulação, enquanto que o CTN trata de imposto sobre patrimônio e renda.
 
Princípio do não-confisco: veda a exigência de tributos que tenham caráter confiscatório, sendo tal termo de difícil definição. Porém, pode-se adotar a definição de confisco como sendo a exigência tributária que inviabiliza a existência ou o desenvolvimento das pessoas jurídicas, ou que priva as pessoas físicas de suas necessidades básicas. Por isso o STF já decidiu que o caráter de confisco deve ser avaliado não apenas em função de um determinado tributo, isoladamente, e sim tendo em conta a totalidade da carga tributária suportada.
Princípio da liberdade de tráfego: o trânsito de pessoas e mercadorias não pode ser restringido por meio da imposição de tributos. Obs.: pedágio pode, pois é previsto constitucionalmente.
Princípio da uniformidade geográfica: a tributação deve ser uniforme em todo o território geográfico do ente da Federação, mas são permitidos os incentivos para desenvolvimento regional.
Princípio da não-discriminação tributária em razão da procedência ou do destino dos bens: não pode haver discriminação só porque o bem vem deste ou daquele lugar. Procura evitar a “guerra fiscal”.
Princípio da capacidade contributiva: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Isso significa que quem pode mais, paga mais. A maioria dos autores entende que esse princípio só se aplica aos impostos ditos “pessoais” (ex.: Imposto de Renda, não o ITR). Tal princípio, na CF/46, aplicava-se aos tributos, de forma genérica, e não apenas aos impostos, como na CF/88. As técnicas mais importantes para sua efetivação são:
- autorização legal para exclusão, da base de cálculo, de gastos essenciais (deduções): procura-se tributar somente a renda disponível.
- progressividade: significa incidência de maiores alíquotas quanto maior for a base de cálculo. Os impostos progressivos, segundo a CF, são: o IR (art. 153, §2º, I); o IPTU: antes da EC 29/00, a progressividade variava apenas com base na função social da propriedade (art. 182, §4º, II). Após, passou a poder variar com base no valor do imóvel, seu uso e localização (art.156, §1º, I e II). Súmula 668, STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana. o ITR: progressividade com o fito de desestimular a manutenção de propriedades improdutivas, trazida pela EC 42/2003 (art. 153, §4º, I). Tem caráter extra-fiscal, para prestigiar a função social da propriedade.
Princípio da vedação às isenções heterônomas: é vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A CF, por óbvio, pode trazer exceções. O STF entende que tratados internacionais podem conceder isenções relativas a tributos da competência dos Estados ou dos Municípios, pois, nesses casos, a União não é mero ente federado da ordem interna, mas a pessoa que representa o Estado brasileiro na ordem externa.
- As imunidades são normas constitucionaisde estrutura que delimitam a competência tributária, impedindo a atuação do legislador.
a)	Imunidade recíproca: é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. A regra é extensiva às autarquias e às fundações, no que se refere ao patrimônio, renda ou serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes. Trata-se de cláusula pétrea, fundada no pacto federativo.
- Imunidade do ente público como contribuinte de fato: A jurisprudência do STF já decidiu nos dois sentidos, que existe a imunidade e que inexiste.(Baleeiro, limitações), O Ministro Bilac Pinto posicionou contrariamente a imunidade como contribuinte de fato, na doutrina Paulo de Barros Carvalho também é contra. A argumento favorável é de que a imunidade é matéria constitucional, não podendo, assim, valer-se de sutilezas o legislador ordinário, instituindo um contribuinte de direito que não seja o que expressou a capacidade econômica, em fraude à disposição constitucional (Aliomar Baleeiro é favorável a imunidade). Ver mais a respeito no ponto 03, na parte relativa ao IPI.
- O STF entendeu que o Estado está amparado pela imunidade recíproca quando faz aplicações no mercado financeiro
b)	Imunidade religiosa: é vedado instituir impostos sobre templos de qualquer culto, regra que abrange apenas o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais das entidades. Fundada na liberdade religiosa. O STF tem uma visão ampla, reconhecendo imunidade de imóveis alugados, desde que o produto seja revertido em prol das atividades essenciais. No caso de ICMS, havia acirrada controvérsia, mas o STF entendeu pela não incidência do imposto nas vendas de mercadorias, desde que o lucro fosse destinado às finalidades do templo.
c)	Imunidade dos partidos políticos e sindicatos dos trabalhadores: é vedado instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as atividades essenciais dos partidos políticos, inclusive suas fundações, e das entidades sindicais dos trabalhadores (não abrange sindicatos patronais). Súmula 724, STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. A idéia tem sido estendida a outras hipóteses de imunidade.
d)	Imunidade das instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos: é vedado instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades, atendidos os requisitos da lei. A doutrina entende que os requisitos devem estar previstos em lei complementar. O art. 14 do CTN delineia o conteúdo da expressão “sem fins lucrativos”. No caso das entidades de assistência social, existe outra regra específica de imunidade, aplicável a todas as contribuições de seguridade social, desde que atendam às exigências legais (art. 195, §7º). Não se aplica às entidades de previdência social privada, quando exista contribuição por parte do futuro beneficiário. Súmula 730, STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
e)	Imunidade cultural: é vedado instituir impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Conforme STF, não alcança o serviço de composição gráfica, nem a renda da entidade. Alcança (imunidade), todavia, os serviços prestados pela empresa jornalística na veiculação de anúncios e propagandas, desde que estejam impressos no corpo do jornal ou do periódico (folheto separado, não). A extensão da imunidade a publicações em meios eletrônicos, a softwares, CD´s, DVD´s ou qualquer outro meio que não seja o papel não é aceita pelo STF. Súmula 657, STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
	ALCANÇA
	NÃO ALCANÇA
	As operações de importação, produção e circulação de bens enunciados como imunes (IPI, II e ICMS)
	Os rendimentos decorrentes das atividades das empresas que produzem ou comercializam os bens imunes
	Papel fotográfico, inclusive para a fotocomposição por laser, e papel para telefoto
	Publicações em meio diferente de papel
	Filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens monocromáticas
	Tinta, solução de base alcalina concentrada e quaisquer máquinas, utilizados na impressão ou fabricação dos bens imunes
	Películas de polímero de propileno utilizadas em capas de livros, integrando-se ao produto final
	Tiras de plástico para amarrar jornais
	Listas telefônicas, ainda que veiculem anúncios e publicidade
	Encartes ou folhetos de propaganda comercial separados do corpo do jornal e distribuídos com ele
	Serviço de veiculação de anúncios e propaganda em jornais e revistas, impressos em seu corpo
	Calendários, manuais ou papéis impressos de propaganda mercantil, industrial ou profissional
	Apostilas didáticas e álbuns de figurinha
	Agenda de anotações
f)	Outras imunidades:
Imunidade das receitas decorrentes de exportação a contribuições sociais e de CIDE. Afasta apenas as contribuições cujo fato gerador seja obtenção de receita (não a CSLL e a CPMF).
Imunidade ao ITR das pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel.
Imunidade do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, que se sujeita apenas ao IOF e à CPMF.
Imunidade ao ICMS de operações que destinem mercadorias para o exterior e sobre serviços prestados a destinatários no exterior.
Imunidade ao ICMS nas prestações de serviços de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita
Imunidade a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
- Repartição de competências
Impostos: a competência é discriminada exaustivamente na Constituição, que faculta apenas à União Federal criar impostos residuais, mas por lei complementar, não-cumulativos e desde que não incidam sobre a mesma base de cálculo ou fato gerador dos demais impostos já discriminados.
Taxas: a competência é concorrente, ou seja, todos os entes podem instituir taxas, bastando que tenham competência para prestar o serviço ou exercer o poder de polícia (ex.: taxa de emissão de passaporte só a União Federal pode criar, pois só ela tem a competência para tanto).
Contribuições de melhoria: competência concorrente. Institui a contribuição de melhoria o ente que realiza a obra pública.
Empréstimos compulsórios: competência exclusiva da União.
Contribuições gerais: a competência é, em regra, da União. Exceção para as contribuições para iluminação pública, de competência dos municípios e do DF, bem como para o custeio da previdência dos servidores.
Impostos:
Federais: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados, IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros e Títulos e Valores Mobiliários), Imposto sobre a Renda, Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, Imposto sobre Grandes Fortunas, impostos residuais, impostos extraordinários.
Estados: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior), Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doações de quaisquer bens e direitos.
Municípios: Imposto sobre Serviços, Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana, Imposto sobre a Transmissão “Inter Vivos” por ato oneroso de bens imóveis e direitos

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