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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DA SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL LEVANTAMENTO DE CASOS DE DERMATOFITOSE PROCESSADOS NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DA UFRA Lucas Almeida Rosa Orientador: Prof. Dr. Alexandre do Rosário Casseb BELÉM Novembro/2022 LUCAS ALMEIDA ROSA LEVANTAMENTO DE CASOS DE DERMATOFITOSE PROCESSADOS NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA DA UFRA Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária apresentado junto à Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Orientador: Prof. Dr. Alexandre do Rosário Casseb BELÉM Novembro/2022 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) R788l Rosa, Lucas Almeida Rosa Levantamento de Casos de Dermatofitose Processados no Laboratório de Microbiologia da UFRA / Lucas Almeida Rosa. - 2022. 10 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Campus Universitário de Belém, Universidade Federal Rural Da Amazônia, Belém, 2022. Orientador: Prof. Dr. Alexandre do Rosário Casseb 1. Dermatofitose. 2. Gato. I. Casseb, Alexandre do Rosário Casseb, orient. II. Título CDD 616.9690098115 FOLHA DE APROVAÇÃO Nome de Aprovação: Lucas Almeida Rosa Título: Levantamento de Casos de Dermatofitose Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária apresentado junto à Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Aprovado em 18/11/2022 Banca Examinadora Prof. Dr. Alexandre do Rosário Casseb Instituição: UFRA Assinatura: ____________________ Prof. Dr. Leonildo Bento Galiza da Silva Instituição: UFRA Assinatura: ____________________ Profa. Dra. Conceição de Maria Almeida Vieira Instituição: UFRA Assinatura: ____________________ RESUMO Os fungos dermatófitos são fungos capazes de parasitar a pele dos animais, se instalando majoritariamente nos pelos. Estes fungos têm elevada importância na clínica veterinária devido a sua presença em doenças de pele. Este trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre estes fungos e um levantamento dos casos diagnosticados no laboratório de microbiologia da Universidade Federal Rural da Amazônia. Palavras-chave: Dermatofitose, gato, epidemiologia. ABSTRACT Dermatophytes are fungi capable of infecting the skin of animals, most often settling on the animals’ fur. These fungi are highly important for veterinary clinicians due to their high prevalence in the skin infections of cats and dogs. This article will present a short overview on the development of dermatophyte infections and an analysis of the dermatophytosis reports at UFRA’s microbiology laboratory. Keywords: Dermatophytosis, cat, epidemiology. SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO 2.REVISÃO DE LITERATURA ………………………………….. 1 2.1.ETIOLOGIA …………………………………………………… 1 2.2.TRANSMISSÃO ……………………………………………… 1 2.3.SINAIS CLÍNICOS …………………………………………… 2 2.4.DIAGNOSTICO ………………………………………………. 2 2.5.TRATAMENTO ………………………………………………. 4 2.6.PREVALÊNCIA ………………………………………………. 4 3.OBJETIVOS …………………………………………………….. 5 4.MATERIAL E MÉTODOS ……………………………………. 5 5.RESULTADOS E DISCUSSÃO ………………………………. 5 5.1.CASO DE DERMATOFITOSE EM FELINO ………………. 6 5.2.LEVANTAMENTO DE CASOS DE DERMATOFITOSE .... 7 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………… 10 REFERÊNCIAS 1. INTRODUÇÃO Os fungos dermatófitos constituem um conjunto de fungos capazes de invadir estruturas queratinizadas (como pele, pelos e unhas), usando a queratina como nutriente. O conjunto consiste em três gêneros de fungos filamentosos da família Arthrodermataceae: Microsporum spp., Trichophyton spp. e Epidermophyton spp. (ANDRADE e ROSSI, 2019). Há mais de 30 espécies de fungos dermatófitos conhecidos, tendo como hospedeiro cães, gatos, gado, porquinhos-da-índia, ouriços, roedores, primatas, suínos, cavalos e galinhas (MORIELLO et al., 2017). A dermatofitose é uma doença zoonótica que atinge o homem e os animais domésticos, como os cães e os gatos. Trata-se de uma enfermidade contagiosa e muito comum, estando presente em todo o mundo, principalmente em regiões de clima tropical e subtropical (LANA et al., 2016). 1 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ETIOLOGIA A dermatofitose é causada por fungos filamentosos, hialinos e septados dos gêneros Microsporum spp., Trichophyton spp. e Epidermophyton spp. Quando classificados de acordo com seu habitat estes fungos podem ser geofílicos, zoofílicos ou antropofílicos, ou seja, encontrados primariamente no solo, nos animais ou no ser humano respectivamente (SOUZA et al., 2022). Em cães e gatos, as dermatofitoses são causadas por fungos dos gêneros Microsporum spp. e Trichophyton spp. As espécies mais comuns em cães e gatos são: M. canis, M. gypseum e T. mentagrophytes. O M. gypseum é considerado um dermatófito geofílico, pois pode viver livremente no solo. O M. canis e o T. mentagrophytes são considerados dermatófitos zoofílicos, pois são adaptados aos pelos e pele de cães e gatos, mas também podem ser ocasionalmente transmitidos ao ser humano (ANDRADE e ROSSI, 2019). Em relação aos dermatófitos antropofílicos, a espécie com maior prevalência nos seres humanos é o T. rumbrum, sendo responsável por cerca de 70% das infecções em humanos, especialmente onicomicoses. Esta altíssima prevalência está associada a sua adaptação ao ser humano. No Brasil, o T. mentagrophytes é também altamente prevalente em casos humanos, sendo os dois responsáveis pela grande maioria das dermatofitoses em seres humanos. A prevalência pode se alterar dependendo da região no Brasil, como por exemplo, com a alta prevalência de M. canis no Sul do Brasil, onde corresponde a 60% dos casos (LANA et al., 2016). 2.2. TRANSMISSÃO Esta enfermidade é transmitida através do contato com os esporos do fungo, seja por contato físico com o doente ou pela descamação de pele, pelos infectados e fômites contendo os esporos (ex.: pentes, escovas, camas) (SOUZA et al., 2022). O fungo libera artrósporos, que são fragmentos de suas hifas, no ambiente. Fatores que causam microtraumas na pele, como prurido, feridas, ectoparasitas e 2 também alta umidade são fundamentais para aumentar a chance de infecção (MORIELLO et al., 2017). 2.3. SINAIS CLÍNICOS As lesões mais comuns são circunscritas e alopécicas, denominadas tinhas, e podem gerar hipersensibilidade (principalmente quando o enfermo é atingido por uma espécie saprófita ou não adaptada para sua espécie), o que pode gerar lesões supurativas conhecidas como kerion celsi (quérion) (SOUZA et al., 2022). O fungo não se limita apenas aos pelos, podendo haver outra combinação de alopecia, pápulas, crostas, eritema, hiperpigmentação e mudanças no crescimento das unhas. Prurido é variável, podendo ser mínima ou ausente, e podendo causar lesões purulentas com o tempo. Em gatos, as lesões ocorrem primeiro na face e orelhas, depois passando para o resto do corpo. Onicogrifose pode ser observada em um ou mais dígitos. Lesões nodulares podem ocorrer em ambos cães e gatos, e também lesões supurativas, como os quérions, micetomas e pseudomicetomas, caracterizados pelas lesões purulentas e granulomatosas, que fistulam e geram úlceras (MORIELLO et al., 2017). 2.4 DIAGNÓSTICO Os principais métodos de diagnóstico para dermatofitose incluem: microscopia direta do material coletado, cultura fúngica e lâmpada de Wood. Para fazer uma microscopia direta, deve-se coletar uma amostra de pelos do animal, sendo aconselhado puxar alguns pelos para permitir a observação de hifas na raiz do pelo. O raspado de pele é indicado para exclusão de dermatites parasitárias (PASCOLI et al., 2014). A técnica com pente, também chamada de técnica de “Mackenzie” consiste na utilização de um pente ou escova para pentear o pelo do animal em torno de20 vezes ou por 2 a 3 minutos. É considerada técnica padrão para amostras de pelos, sendo fácil, rápida e atraumática, bastante comum em estudos sobre dermatófitos. Apesar disso, alguns estudos destacam a importância de se ter amostras de tecido, e não apenas dos pelos, para melhor sensibilidade na cultura fúngica (MORIELLO et al., 2017). É indicado fazer a coleta 3 nos bordos das lesões, sendo onde o fungo se encontra em crescimento ativo (CRUZ, 1985). Na microscopia direta, é indicado utilizar uma substância clarificante (ex.: lactofenol, hidróxido de potássio, etc.) para melhor visualização das estruturas fúngicas. A presença de hifas por si só não confirmam infecção ativa, porém a presença de artrosporos nos pelos implica parasitação in vivo (CRUZ, 1985). Os fungos dermatófitos podem ter três apresentações ao parasitar os pelos: ectotrix, endotrix e fávico, sendo respectivamente caracterizados por artroconídios na superfície do pelo, por artroconídios no interior do pelo e por colônias e espaços de ar no interior da haste capilar (BAHRI, 2013) (LANA et al., 2016). Se não for possível identificar a partir de um exame direto, deve-se usar a amostra para fazer uma cultura fúngica em ágar Mycosel ou em ágar Dextrose Sabouraud (sendo o último menos seletivo), o que permite uma melhor identificação do fungo. Outro meio que pode ser usado para cultura é o Dermatophite Test Medium (PASCOLI et al., 2014). A lâmpada de Wood é um instrumento que permite que certas colônias de dermatófitos sejam visualizadas pelas suas propriedades fluorescentes. Apesar do que se pensava, este método é capaz de identificar a maioria das dermatofitoses de M. canis, sendo mais facilmente visto em animais não ainda tratados e útil para monitoração da infecção no curso da doença. Falsos positivos e falsos negativos são atribuídos geralmente a equipamentos inadequados, má técnica ou falta de treinamento (MORIELLO et al., 2017). Detecção de DNA de dermatófitos com PCR (Polymerase Chain Reaction) também é um teste útil, mas um sinal positivo neste teste não comprova infecção, pois pode provir de resquícios de uma infecção já curada ou apenas resquícios carreados de fômites. Este teste pode ser usado para comprovar cura. A cura também é confirmada a partir de cultura fúngica de resultado negativa e um teste de lâmpada de Wood de resultado negativo. (MORIELLO et al., 2017) 4 2.5. TRATAMENTO Uma terapia sistêmica é geralmente utilizada, como uso de xampu com Miconazol, Clorexidine, Enilconazol ou ainda calda sulfocálcica (lime sulfur) de uma a duas vezes por semana, caso as lesões estejam limitadas em número e extensão. Em casos de lesões bem delimitadas, uma substância tópica como pomadas, cremes ou géis a base de derivados de Azolados podem ser usados. Fármacos também podem ser empregados, como Griseofulvina, Cetoconazol, Fluconazol e Itraconazol. Também recomenda-se fazer uma descontaminação do ambiente onde o animal habita, preferencialmente usando soluções de Hipoclorito, Formol ou Enilconazol. (PASCOLI et al., 2014) (MORIELLO et al., 2017) 2.6. PREVALÊNCIA Considerando estudos feitos nas últimas duas décadas, a prevalência das dermatofitoses entre as lesões cutâneas em humanos varia de 18 a 23% no Brasil (LANA et al., 2016). Estima-se que 4% a 15% dos cães e mais de 20% dos gatos na clínica de pequenos animais sejam afetados mundialmente, além de portadores assintomáticos, que podem chegar de 4% a 9% em cães e 17% a 80% em gatos (ANDRADE e ROSSI, 2019). Estudos nos Estados Unidos e Reino Unido reportam que dermatofitoses são doenças de pele relativamente raras, o que implica a importância do clima tropical para esta doença, sendo mais comum em países como Índia, China, Brasil e Itália e no sul dos Estados Unidos. Embora dermatofitoses sejam reportadas como doenças que ocorrem junto a outras doenças em cães (leishmaniose, erliquiose e diabetes), estudos em gatos mostraram que não há relação entre doenças imunossupressoras (FeLV e FIV) e dermatofitoses, sendo malassezioses achados mais comuns nesses casos. Estudos em raças de cães e gatos observaram maior representatividade de gatos persas e cães de raça Yorkshire em casos de dermatofitose. Em relação ao estilo de vida, animais que vivem em grupo e estão em contato com o solo são mais predispostos (MORIELLO et al., 2017). 5 Em humanos, estima-se que 10% a 15% da população mundial será infectada por esse fungo pelo menos uma vez na vida. Também é evidenciada alta taxa de transmissão entre os cães e gatos com os humanos, tendo uma probabilidade de aproximadamente 50% para uma pessoa se infectar ao entrar em contato com um animal infectado (ANDRADE e ROSSI, 2019). 3. OBJETIVOS Descrever caso de dermatofitose em um felino atendido no HOVET na UFRA, com o exame para dermatofitose confirmado no laboratório de microbiologia da UFRA. 4. MATERIAL E MÉTODOS No laboratório de microbiologia da UFRA, recebem-se requisições para pesquisa de fungos dermatófitos, principalmente requisições provindas do hospital veterinário Mario Dias Teixeira (HOVET) da UFRA. A partir dessas amostras, é feita uma cultura fúngica do material, utilizando o ágar Mycosel. Para a encubação das culturas, elas são guardadas em estufas de 25ºC para permitir o crescimento dos fungos. A partir de 21 dias, o resultado da cultura fúngica pode ser lançado no banco de dados do HOVET para uso dos clínicos. O fungo é identificado a partir da observação da(s) colônia(s) suspeita(s), sendo preparada uma lâmina para microscopia usando-se a técnica de fita adesiva, com coração por azul de metileno. A cultura de dermatófito usada neste trabalho foi conservada e depois foi reinoculada em ágar Mycosel em 10 de agosto de 2022, onde cresceu por 31 dias para ser fotografada. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Será relatado um dos casos de felino acometido com dermatofitose, diagnosticado pelo laboratório de microbiologia, detalhando o processamento do caso na UFRA. Também serão reunidos os casos de dermatofitose diagnosticados pelo laboratório durante o ano de 2021 e 2022. 6 5.1 CASO DE DERMATOFITOSE EM FELINO No dia 10 de No dia 10 de maio de 2021, um felino deu entrada no HOVET/UFRA apresentando prurido no corpo todo e queda de pelos. A anamnese revelou que o animal tinha acesso contante à rua e não recebia banhos de sua tutora. O animal havia tido uma infestação de piolhos anteriormente, o que requeriu o uso de um medicamento para ectoparasitas (FRONTLINE ® Plus). No exame geral, observou-se alopecia com hipotricose e lesões por briga. Não havia outras alterações. Foi indicado o uso de Polaramine ® (2 mg), Prediderm ® (5mg), medicamento para ectoparasitas e ração hipoalergênica. Foram feitos dois exames complementares: tricograma e cultura fúngica a partir dos pelos. No tricograma, foi observado ausência de ácaros e presença de pelos tonsurados. Na cultura fúngica, foi comprovada a existência de dermatófitos no pelo. Não houve registro de retorno para este animal. Observando as colônias de dermatófitos conservadas do caso clínico, observa-se colônias convexas, filamentosas e de coloração amarelada a branca, como visto na figura 1. Microscopicamente, o fungo é septado e hialino, e observa- se macroconídios característicos de M. canis, na figura 2. Figura 1 – Aparência macroscópica da colônia de M. canis. Fonte: Arquivo Pessoal. 7 Figura 2 – Aparência microscópica da lâmina de M. canis. Na imagem à esquerda, observa-se o macroconídio no centro do campo. Na imagem à direita, observa-se as hifas septadas. Fonte: Arquivo Pessoal. No caso deste felino, observa-se o curso da doença, que surge quando o animal interage com animais carreadores do fungo. O felino provavelmenteadquiriu a doença a partir de briga com outro felino, como relatado pelo clínico. A dermatofitose pode ser confundida com outras enfermidades, como alergias e ectoparasitoses, necessitando dos exames complementares mencionados anteriormente para chegar-se a um diagnostico definitivo. 5.2 LEVANTAMENTO DE CASOS DE DERMATOFITOSE Culturas fúngicas a partir de amostras de pelos são muito comuns na rotina do laboratório de Microbiologia. Entretanto, as dermatofitoses são achados relativamente modestos, visto que no ano de 2021, apenas 8 casos de dermatofitose foram confirmados de um total de 869 fichas avaliadas no laboratório naquele ano. No quadro 1 podem ser vistos os casos de dermatofitose recebidos no laboratório de Microbiologia da UFRA, durante o ano de 2021. DATA ESPÉCIE ANIMAL ESPÉCIE FUNGO PROCEDÊNCIA Registro 01/03/21 CÃO M. canis EXTERNO 45/21 02/03/21 CÃO M. canis HOVET 46/21 8 08/03/21 GATO M. canis CCZ 54/21 15/06/21 GATO M. canis HOVET/UFRA 367/21 06/07/21 CÃO M. canis HOVET/UFRA 435/21 06/09/21 GATO M. gypseum HOVET/UFRA 623/21 15/10/21 CÃO Microsporum spp. HOVET/UFRA 725/21 19/10/21 GATO M. canis CCZ 737/21 Quadro 1 - Casos de dermatofitose recebidas no laboratório de Microbiologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, durante o ano de 2021, de acordo com espécie animal e espécie de fungo identificada. Fonte: Laboratório de microbiologia/UFRA. Legenda: HOVET/UFRA – Hospital veterinário/Universidade Federal Rural da Amazõnia. CCZ - Centro de Controle de Zoonoses Observa-se que a grande maioria dos fungos isolados são reconhecidos como M. canis. As amostras provêm do HOVET, do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) e Externo (Paragominas). Há distribuição igual entre cães e gatos. No quadro 2, observa-se os casos de dermatofitose ocorridos em 2022 até o período de finalização deste trabalho, em 16 de novembro de 2022. DATA ESPÉCIE ANIMAL ESPÉCIE FUNGO PROCEDÊNCIA FICHA 10/02/22 GATO M. canis CCZ 49/22 10/02/22 GATO M. canis CCZ 51/22 10/03/22 GATO M. canis HOVET/UFRA 97/22 19/04/22 BOI NÃO ESPECIFICADO EXTERNO (PARAGOMINAS) 164/22 04/07/22 GATO M. canis HOVET/UFRA 306/22 06/10/22 GATO M. canis HOVET/UFRA 478/22 Quadro 2 – Casos de dermatofitose de janeiro de 2022 até novembro de 2022. 9 Fonte: Laboratório de microbiologia/UFRA. Legenda: HOVET/UFRA – Hospital veterinário/Universidade Federal Rural da Amazõnia. CCZ - Centro de Controle de Zoonoses Em 2022, até o momento deste trabalho, foi observado que no ano de 2022 houve maior prevalência de dermatofitose em felinos. A abundância de M. canis ainda permanece. Os casos de dermatofitose diagnosticados no laboratório de microbiologia estão em acordo com o observado na revisão de literatura, no que refere a prevalência ser maior em felinos, e o processo de infecção ser baseado no contato com animais expostos ao meio ambiente. A ectoparasitose presente no caso de dermatofitose também participou como fator predisponente no caso deste felino, visto que causa microlesões na pele, o que facilitaria a infecção por dermatófito. 10 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O caso de dermatofitose relatado anteriormente confirma a necessidade de proteger os animais de doenças fúngicas, visto que elas podem ser altamente contagiosas, com algumas espécies sendo possivelmente zoonóticas, como o M. canis. Os principais fatores contribuintes para as dermatofitoses são a falta de higiene e a falta de controle do tutor para com o seu animal, pois essas infecções fúngicas geralmente dependem de microlesões causadas por ectoparasitas, prurido ou até brigas entre animais. Observou-se uma maior ocorrrência do Mcrosporum canis nos anos de 2021 e 2022. Finalmente, a prevalência a partir dos dados da UFRA indica certa tendência de casos de dermatofitose para felinos, mas a dermatofitose permanece como uma ocorrência relativamente baixa nos materiais processados pelo laboratório de microbiologia da UFRA. REFERÊNCIAS ANDRADE, V.; ROSSI, G. A. M. Dermatofitose em Animais de Companhia e sua Importância para a Saúde Pública – Revisão de Literatura. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.13, n.1) p. 142-155. 2019. BAHRI, J. DERMATOFITOSES: CAUSAS E TRATAMENTO. Centro Universitário CESMAC. Curitiba. 2013. CRUZ, L. C. H. Micologia Veterinária. Imprensa Universitária. Itaguaí, RJ. 1985. LANA, D. F. D; BATISTA, B. G.; ALVES, S. H. FUENTEFRIA, A. M. Dermatofitoses: agentes etiológicos, formas clínicas, terapêutica e novas perspectivas de tratamento. Clin Biomed Res. (v.36, n.4) p. 230-241. 2016. MORIELLO, K. A.; COYNER, K; PATERSON, S.; MIGNON, B. Diagnosis and treatment of dermatophytosis in dogs and cats. Vet Dermatol, 28: 266-e68. 2017. PASCOLI, A. L. et al. Dermatofitose por Microsporum canis e Microsporum gypseum: revisão de literatura. Medvep Dermato - Revista de Educação Continuada em Dermatologia e Alergologia Veterinária. (vol.3, n.9) p. 206-211. 2014. SOUZA, C. C. N. et al. Dermatofitose em cães e gatos: uma revisão e ocorrência no hospital veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia. Sci. Elec. Arch. (vol.15, n.8) 2022.