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Autores: Profa. Luciana Perez Bojikian Prof. Jefferson Rodrigues de Sousa Profa. Sabrina Grego Alves Colaboradoras: Profa. Vanessa Santhiago Profa. Christiane Mazur Doi Voleibol: Aspectos do Esporte Professores conteudistas: Profa. Luciana Perez Bojikian / Prof. Jefferson Rodrigues de Sousa / Profa. Sabrina Grego Alves Luciana Perez Bojikian Natural de São Paulo, foi atleta de voleibol dos 13 aos 20 anos de idade. É formada em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), onde fez pós‑graduação lato sensu em Voleibol. Em 2004, concluiu o mestrado, com apresentação da dissertação intitulada “Características cineantropométricas de jovens atletas de voleibol feminino”. Em 2013, concluiu o doutorado, com apresentação da tese intitulada “Processo de formação de atletas de voleibol feminino”. Jefferson Rodrigues de Sousa Graduado em Educação Física pela Universidade Cruzeiro do Sul (2005). Pós‑graduado em Educação Física Escolar (2007), Metodologia do Treinamento do Voleibol (2020) e Psicologia do Esporte e Atividade Física (2024). Mestre em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012). É professor da Universidade Paulista (UNIP) desde 2013. Sabrina Grego Alves Tem bacharelado e licenciatura plena em Educação Física pela Universidade Cruzeiro do Sul (2001). Também tem licenciatura plena em Ciências Biológicas pela UNIP (2022) e pós‑graduação em Gestão Escolar pela Unifecaf (2023). Mestre em Engenharia Biomédica, área de atuação em Instrumentação Biomédica, pela Universidade de Mogi das Cruzes (2012). Atualmente, é docente e membro do Comitê de Ética para desenvolvimento de pesquisas em seres humanos da UNIP. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. U521.16 – 25 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B685v Bojikian, Luciana Perez. Voleibol: Aspectos do Esportes. / Luciana Perez Bojikian. Jefferson Rodrigues de Sousa. Sabrina Grego Alves. – São Paulo: Editora Sol, 2025. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230. 1. Voleibol. 2. Técnica. 3. Tática. I. Sousa de, Jefferson Rodrigues. II. Alves, Sabrina Grego. III. Título. CDU 796.32 Prof. João Carlos Di Genio Fundador Profa. Sandra Rejane Gomes Miessa Reitora Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração e Finanças Profa. M. Marisa Regina Paixão Vice-Reitora de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento Prof. Marcus Vinícius Mathias Vice-Reitor das Unidades Universitárias Profa. Silvia Renata Gomes Miessa Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal Profa. Laura Ancona Lee Vice-Reitora de Relações Internacionais Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Assuntos da Comunidade Universitária UNIP EaD Profa. Elisabete Brihy Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. M. Deise Alcantara Carreiro Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes Projeto gráfico: Revisão: Prof. Alexandre Ponzetto Vitor Andrade Maria Cecília França Sumário Voleibol: Aspectos do Esporte APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 HISTÓRICO DO VOLEIBOL E SUA CARACTERIZAÇÃO COMO MODALIDADE ESPORTIVA ...................................................................................................................................9 1.1 Como o voleibol foi criado ..................................................................................................................9 1.2 A trajetória de sucesso do voleibol brasileiro ........................................................................... 11 1.3 Características do voleibol e suas regras básicas .................................................................... 13 1.3.1 Caracterização do voleibol como modalidade esportiva ........................................................ 13 1.3.2 Regras básicas do voleibol .................................................................................................................. 14 1.3.3 Regras adaptadas .................................................................................................................................... 20 1.3.4 Voleibol adaptado para pessoas idosas .......................................................................................... 21 1.3.5 Voleibol sentado ...................................................................................................................................... 21 1.3.6 Voleibol de praia ...................................................................................................................................... 22 2 UTILIZAÇÃO DO VOLEIBOL COMO FERRAMENTA PARA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO PARTICIPANTE......................................................................... 22 3 A EXECUÇÃO DAS TÉCNICAS DO VOLEIBOL .......................................................................................... 24 3.1 Posição de expectativa ou posição básica.................................................................................. 24 3.2 Deslocamentos ...................................................................................................................................... 25 3.3 Toque de bola por cima ..................................................................................................................... 26 3.4 Manchete ................................................................................................................................................. 27 3.5 Saque ......................................................................................................................................................... 29 3.5.1 Saque por baixo ....................................................................................................................................... 29 3.5.2 Saque por cima ........................................................................................................................................ 30 3.6 Cortada ..................................................................................................................................................... 32 3.7 Largada ..................................................................................................................................................... 35 3.8 Bloqueio ................................................................................................................................................... 35 3.9 Defesa ....................................................................................................................................................... 38 3.10 Rolamento ............................................................................................................................................ 39 3.11 Mergulhos ............................................................................................................................................. 39 4 IDADE IDEAL PARA O ENSINO DAS TÉCNICAS.....................................................................................o objetivo de devolver a bola atacada para a quadra do oponente, fazendo o ponto de bloqueio. É bom lembrar que a invasão do espaço aéreo da equipe adversária é permitida quando ela estiver atacando, seja no seu primeiro, segundo ou terceiro toque, não sendo autorizado impedir que o adversário execute os três toques interceptando a bola do outro lado da rede. Figura 26 – Bloqueio defensivo Figura 27 – Bloqueio ofensivo Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 104). 38 Unidade I Os bloqueios duplo e triplo só devem ser ensinados aos jogadores que já dominem a execução do bloqueio simples. Caso sejam executados na ponta da rede, a “segunda” mão é que deve marcar a bola. Tanto na execução do bloqueio duplo quanto na execução do bloqueio triplo, as duas mãos de fora, nas extremidades do bloqueio, devem estar com as palmas voltadas para a bola, a fim de impedir a sua passagem. As capacidades motoras mais importantes são: potência de membros inferiores, velocidade de deslocamento, tempo de reação, força da musculatura das mãos e coordenação visomotora. Figura 28 – Bloqueio ofensivo e defensivo Disponível em: https://shre.ink/geLT. Acesso em: 13 nov. 2024. 3.9 Defesa A defesa é o ato de receber o ataque adversário impedindo que a bola atinja o solo e, se possível, armando um contra‑ataque. O ato da chamada “defesa em pé”, que é diferenciado das defesas de chão (rolamentos e mergulhos), é realizado eminentemente de manchete. A posição de mãos e braços é a mesma da manchete, mas como há um impacto maior da bola nos antebraços, o movimento dos braços, em vez de impulsionar a bola, será no sentido inverso, em direção ao corpo, no momento do toque na bola, com o objetivo de absorver um pouco do impacto e fazer com que ela permaneça em seu campo de jogo para organizar um contra‑ataque. A flexão dos membros inferiores também é maior na manchete de defesa do que na manchete normal, pois a bola é direcionada praticamente de cima da rede para o chão. Outra diferença da manchete de defesa é que há menos tempo para os deslocamentos em direção à bola, portanto, eles devem ser mais rápidos. A posição do corpo no momento do toque na bola, de frente para onde ela será enviada, é importante para o correto direcionamento da bola. 39 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE As capacidades motoras mais importantes são: velocidade de deslocamento, tempo de reação, agilidade e coordenação visomotora. 3.10 Rolamento Os rolamentos são recursos defensivos para serem utilizados quando o deslocamento e a manchete não forem suficientes para alcançar a bola. Ao serem realizados, os rolamentos devem ter sempre o objetivo de não deixar que a bola toque o solo. Deve colocá‑la para cima, retomando imediatamente a posição de expectativa para estar pronto para a continuidade da jogada. Existem rolamentos com queda lateral e rolamentos frontais. Eles são realizados com um giro sobre o eixo longitudinal do corpo, com a extensão total do braço para o alcance da bola. Os rolamentos laterais são executados após a corrida em direção à bola, com a prática de um afundo lateral e queda lateral do tronco com extensão do braço no prolongamento do corpo e golpe na bola para que ela suba. Após a queda lateral, se a bola for golpeada com a mão direita, há um giro com o quadril passando sobre o ombro esquerdo, o mais rápido possível, para que o executante assuma na sequência a posição de expectativa. Se a bola for tocada com a mão esquerda, o quadril irá passar por cima do ombro direito. As capacidades motoras mais importantes são: velocidade de deslocamento, tempo de reação, agilidade e coordenação visomotora. 3.11 Mergulhos O mergulho, assim como o rolamento, é uma técnica utilizada para a recuperação de bolas que não podem ser feitas apenas de manchete. Após uma corrida, o executante apoia um dos pés e se lança de frente para o solo em direção à bola, toca nela com uma das mãos golpeando‑a para cima e, em seguida, apoia as duas mãos no solo para suportar o peso do corpo, realizando uma extensão de tronco, com semiflexão dos joelhos e elevação do queixo, para evitar que ele se choque contra o solo. Após as mãos, o peito toca o solo, seguido pelo abdome e pelas coxas. O movimento pode ser executado puxando os braços para trás logo ao tocarem o solo, fazendo o corpo deslizar, o chamado “peixinho”, sem tanto apoio do peito e mais do abdome. O deslocamento realizado sem o deslize exige mais força dos braços, que irão suportar todo o peso do corpo. As capacidades motoras mais importantes são: potência de membros inferiores, força de membros superiores, velocidade de deslocamento, tempo de reação, agilidade e coordenação visomotora. 40 Unidade I Figura 29 – Manchete com mergulho Disponível em: https://shre.ink/gIsz. Acesso em: 17 nov. 2024. 4 IDADE IDEAL PARA O ENSINO DAS TÉCNICAS Conforme visto nas características da modalidade, o voleibol apresenta algumas peculiaridades com relação às demais práticas coletivas com bola: a não retenção da bola é uma delas. Outro aspecto é que ele é composto de técnicas, ou habilidades motoras específicas, totalmente construídas, que exigem grande precisão e controle, ou seja, não são apenas aptidões básicas como receber, lançar ou chutar. De acordo com as teorias do desenvolvimento motor, para que o aluno aprenda com eficiência uma habilidade esportiva específica, é preciso que antes ele tenha desenvolvido as aptidões básicas em um estágio maduro e que tenha tido oportunidade de realizar diversas combinações entre as técnicas básicas, como correr e lançar, correr e saltar, saltar e lançar etc. A partir daí, o aluno terá adquirido um vasto repertório motor, que possibilitará a aprendizagem de capacidades mais complexas e específicas. As habilidades motoras do voleibol são movimentos construídos com o fim específico de se jogar a modalidade. São deslocamentos complicados que exigem muita precisão em sua execução. Veja, por exemplo, o saque por baixo e sua execução correta: a perna contrária à mão que golpeia a bola deve estar à frente, é necessário haver um movimento de pêndulo com o braço estendido antes de golpear a bola. Se você, como professor, for ensinar essa habilidade para um aluno que já passou por todos os estágios de desenvolvimento das habilidades básicas, será bem tranquilo, pois ele já terá o controle motor necessário. No entanto, se você estiver ensinando a habilidade para alguém ainda no estágio inicial ou elementar de “rolar a bola”, será bem mais difícil e demorada a aprendizagem, porque os alunos ainda não trabalham naturalmente com a perna contrária ao braço que faz o lançamento da bola, à frente, por exemplo. 41 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Em teoria, de acordo com Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), as crianças alcançam o estágio maduro de habilidades básicas até os seis anos de idade, e dos sete aos dez anos devem iniciar o processo de experimentar combinações das aptidões, para que depois iniciem a aprendizagem de habilidades esportivas. No entanto, sabemos que são poucas as crianças que alcançam os resultados nessas idades, sobretudo hoje, pois elas estão muito restritas no que diz respeito às oportunidades de movimento. Outra questão que tem relação com o início da aprendizagem correta das técnicas é a maturação biológica. Sabemos que na puberdade acontecem o crescimento em estatura e o aumento de força muscular, ambos importantes para o voleibol. Entretanto, o fato é que essa maturação ocorre em idades cronológicas diferentes de indivíduo para indivíduo, e mais cedo nas meninas do que nos meninos. Mais um fator a ser ponderado é o relacionamento social. A modalidade é essencialmente coletiva, portanto, os alunos devem ser capazes de se relacionar, interagir e dividir responsabilidades. São competências que se desenvolvem a partir da adolescência. A criança, antes dessa fase, tem dificuldades de comunicar‑se e trabalhar em grandes grupos. O tipo de raciocínio que o jogo exige também é uma característicaque estará presente a partir da adolescência. Um pensamento abstrato, um raciocínio hipotético‑dedutivo, para entender o jogo, elaborar uma jogada e responder rapidamente. Por todas as questões levantadas, antes da puberdade, o processo de ensino do voleibol deve se ater apenas a aspectos lúdicos e a trabalhar as habilidades e as capacidades coordenativas, que, no futuro, serão utilizadas para uma aprendizagem mais especializada. A partir da puberdade, o aluno reunirá as principais condições para passar por um processo de aprendizagem das técnicas corretas. Teoricamente, ele já terá um repertório motor razoável, uma boa coordenação motora, a força suficiente e as habilidades sociais desenvolvidas. Saiba mais Recomendamos o artigo a seguir, que discute o que significa especializar o jogador de voleibol precocemente: BOJIKIAN, J. C. M. Vôlei versus vôlei. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 117‑124, 2002. Disponível em: https://tinyurl.com/mt459bhu. Acesso em: 13 nov. 2024. Sabemos que as turmas de alunos serão sempre heterogêneas, complicando bastante o nosso trabalho. No entanto, se você tiver estudantes que estejam em um grupo de aprendizagem do voleibol e não tenham a coordenação motora necessária, invista no desenvolvimento das capacidades coordenativas, mesmo durante o processo de aprendizagem. O aquecimento de sua aula, ou de seu treino, é um bom momento para isso. Se você fizer um aquecimento com seus alunos correndo em 42 Unidade I volta da quadra, eles irão atingir os objetivos de um aquecimento, que são elevação da frequência cardíaca e preparação da musculatura e articulações para o trabalho que se seguirá. No entanto, em termos motores, não houve ganho, o trabalho foi muito “pobre”. Utilize esse tempo de aquecimento para estimular as capacidades coordenativas, pode ser em forma lúdica ou de exercícios. Saiba mais Você vai encontrar esse tipo de atividade no livro Escola da bola: KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. Dessa forma, seu trabalho irá fluir bem melhor. É possível otimizar ainda mais o seu trabalho se você propuser, no aquecimento, movimentos parecidos com a técnica que irá ensinar na parte principal da aula. Por exemplo, se vou ensinar saque por baixo na parte principal de minha aula, no aquecimento posso fazer exercícios ou jogos que imitem o lançamento do boliche, com a perna contrária à frente em relação à mão que arremessa. Com esse procedimento, você utilizará algo que, na teoria da aprendizagem motora, chama‑se “transferência de aprendizagem”, na qual o aluno utilizará movimentos que já realizou durante o estudo das novas técnicas com movimentos similares. Se você estiver trabalhando com um grupo de iniciação que pretende passar para uma categoria de competição, tenha em mente que será necessária, pelo menos, a preparação de um ano antes do começo em competições oficiais. Observação Um bom profissional sempre avalia o desenvolvimento de seus alunos, a fim de adequar os conteúdos aos diferentes estágios de desenvolvimento. 4.1 Toque por cima O toque de bola por cima não é fácil de ser aprendido. Procure motivar seus alunos o máximo que puder. Lembre‑os de que o levantador é um jogador especialista no toque e um dos mais importantes da equipe, já que todas as bolas do jogo passam pelas suas mãos e é ele que decide quem vai atacar e como. O levantador deve ter sempre uma personalidade forte e, muitas vezes, é o capitão da equipe. A forma mais comum do toque por cima no voleibol é o toque de dedos. Os dedos devem estar posicionados em formato de cúpula, como se o praticante estivesse segurando uma bola imaginária. Esse movimento é muito utilizado para recepção, levantamento e em situações de ajuste de bola. A técnica envolve o uso das pontas dos dedos para direcionar a bola, proporcionando controle e precisão e por esse motivo é o fundamento mais utilizado pelo levantador da equipe. Os braços devem 43 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE ser levemente flexionados para amortecer o impacto e, em seguida, estendidos em direção ao alvo, que deverá ser guiado pelos dedos. Os erros mais comuns são os mostrados a seguir. • Posição das mãos com polegares voltados para frente, cotovelos muito afastados, toque da bola abaixo da linha da testa e falta de sincronização entre o movimento de braços e pernas. • Toque muito baixo, à frente do rosto, sem entrar embaixo da bola. • Não se posicionar corretamente embaixo da bola antes de tocá‑la. • Não entrar embaixo da bola. • Não flexionar os joelhos. Para aprendizagem do toque, é necessário desenvolver algumas habilidades motoras, como as explicadas a seguir. • Coordenação: deve haver a coordenação de braços, mãos e pernas, a fim de permitir que o toque seja realizado de forma precisa e bem direcionada. • Equilíbrio: ajuda o jogador a manter uma postura estável ao realizar o fundamento. • Força: deve haver força principalmente nos dedos, mãos, antebraços e braços; o que permite o toque mesmo em situações em que a bola chega de maneira inesperada. • Velocidade de tempo de reação: é necessária para responder rapidamente a uma bola que se aproxima, ajustando o corpo e as mãos em tempo hábil. • Noção de espaço e lateralidade: fundamental para compreender a trajetória da bola, calcular o ponto ideal e garantir que o toque direcione a bola ao local desejado. 4.2 Manchete Esse fundamento é muito utilizado para recepcionar saques, defender e levantar bolas baixas. É realizado com antebraço e é uma das habilidades mais comuns e essenciais para o controle de bola, especialmente em recepções e defesas. As formas mais comuns de manchete são as explicadas a seguir. • Manchete com base baixa: usada quando a bola vem em trajetória mais previsível, com saques lentos. O jogador se posiciona com pernas flexionadas e com os braços estendidos à frente. 44 Unidade I • Manchete em movimento: adotada quando o jogador precisa se mover lateralmente, para frente ou para trás. Esse fundamento exige muita agilidade e alta velocidade de reação. Após o deslocamento, o jogador ajusta o corpo e faz o toque com os antebraços para manter a bola sempre em jogo. • Manchete alta: usada quando a bola precisa ser levantada para possibilitar um ataque, principalmente em situações em que o jogador não estiver na posição ideal para um levantamento com toque. • Manchete de controle: utilizada para a recepção e o amortecimento de bolas com alto impacto, como em saques ou ataques fortes. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • Não coordenar o movimento de membros inferiores e superiores. • Flexionar os cotovelos no momento da manchete. • Não flexionar os membros inferiores. • Não inclinar o tronco o suficiente para bater os antebraços por baixo da bola. • Não posicionar o corpo de forma correta antes de tocar na bola. As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir. • Agilidade: é importante para deslocamentos rápidos, permitindo que o jogador se ajuste à trajetória da bola e execute o fundamento de forma eficiente. • Equilíbrio: permite que o jogador mantenha a estabilidade necessária para ajustes rápidos na posição do corpo, especialmente ao receber saques e ataques com alta potência. • Velocidade de reação: essencial para o jogador reagir rapidamente às bolas rápidas, podendo ajustar os braços a tempo de interceptar e direcionar a bola de forma correta. • Força: ideal para desenvolver o fortalecimento dos músculos, principalmente de membros superiores e inferiores, pois ajuda a absorver o impacto e direcionar a bola. Além disso, músculos fortalecidos podem evitar lesões. • Noção de espaço: é fundamental para avaliar e ter boa percepção sobre a trajetória da bola, ajustando a postura e o movimento para garantir que o contato com a bola seja bem‑sucedido. 45 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE 4.3 Saque por baixo É uma das técnicasbásicas utilizadas no voleibol, principalmente em grupos de iniciação. Esse tipo de saque é caracterizado pelo movimento de golpe na bola a partir da parte inferior, usando a palma da mão ou o punho. As formas mais comuns de saque por baixo são as explicadas a seguir. • Saque por baixo convencional: é o de menor complexidade técnica, em que o jogador segura a bola na frente do corpo e golpeia a parte inferior da bola com a palma da mão. • Saque por baixo com toque de punho: em vez de usar a palma da mão, o jogador utiliza o punho para impactar a bola. Ela é segurada à frente do corpo e, com o punho fechado, o jogador realiza o movimento de golpe, focando na parte inferior da bola. • Saque por baixo com movimento: é realizado enquanto o jogador se move, geralmente ao se deslocar lateralmente ou para frente. O jogador ajusta sua posição rapidamente, levanta a bola e, com um movimento fluido, realiza o saque por baixo, garantindo que o equilíbrio e a coordenação sejam mantidos durante o movimento. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • Não inclinar o tronco à frente, o que causa saques que vão só para cima e não ultrapassam a rede. • Girar o tronco no momento da batida na bola, fazendo com que ela desvie de sua trajetória. As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir. • Força: é necessária força, principalmente nos membros superiores. • Equilíbrio: é importante para manter uma postura estável durante a execução do movimento do saque, principalmente quando está se movendo para ajustar a posição. • Agilidade: deve‑se posicionar de forma rápida antes de executar o saque. Isso auxilia no deslocamento e no ajuste da posição. • Percepção espacial: ajuda o jogador a avaliar e verificar a trajetória da bola e a distância até a rede, permitindo que ele posicione a bola de maneira eficiente na quadra adversária. 46 Unidade I 4.4 Saque por cima É uma técnica de alta complexidade no voleibol e geralmente é utilizada para enviar a bola de forma mais potente e com efeito, o que dificulta a recepção do adversário. É caracterizado por um movimento de arremesso da bola, no qual o jogador a golpeia com a parte superior da mão. As formas mais comuns de saque por cima são as explicadas a seguir. • Saque por cima convencional: esse é o saque por cima considerado mais básico, no qual o jogador arremessa a bola e a golpeia com a parte superior da mão. O jogador levanta a bola com uma mão e, enquanto a bola está no ar, golpeia‑a com a outra mão, buscando uma trajetória reta e potente. • Saque com efeito: é caracterizado por um golpe que faz com que a bola flutue ou oscile no ar, dificultando a recepção do adversário. O jogador golpeia a bola com a parte superior da mão de maneira a gerar um efeito de flutuação. Isso faz com que a bola mude de direção e surpreenda a recepção. • Saque por cima com salto: o jogador salta e golpeia a bola no ponto mais alto, gerando maior potência e dificuldade para a defesa adversária. O jogador faz um salto vertical e, no auge do salto, golpeia a bola com a parte superior da mão. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • Lançamento incorreto da bola, bater na bola com o braço flexionado e não acertar a mão inteira na bola. • Não estender o braço no momento do saque. As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir. • Equilíbrio e noção espacial: são vitais para manter uma postura estável durante a execução do saque, especialmente ao arremessar a bola e ao executar o golpe. A noção espacial é importante para garantir que a bola seja lançada no local planejado. • Agilidade e velocidade de reação: são necessárias para o jogador se posicionar rapidamente antes de executar o saque. São essenciais para responder rapidamente a bolas recebidas e ajustar a técnica conforme necessário. O jogador deve estar preparado para reagir a diferentes situações de jogo. • Flexibilidade: contribui para a amplitude de movimento dos braços e para a execução do golpe. A flexibilidade nos ombros e punhos pode facilitar a realização de diferentes tipos de saques. 47 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE 4.5 Cortada Os jogadores, em geral, são muito motivados para aprender a cortada. Como dito, certifique‑se de que já consigam jogar com três toques e levantamentos. É uma habilidade complexa, que exige certo grau de coordenação motora e determinada vivência de movimentos, caso contrário, a aprendizagem se torna bem difícil. Enfatize para os aprendizes que é importante aprender a técnica correta e que eles não devem se preocupar de início com a potência de ataque. Executando a técnica, a potência virá naturalmente. Quanto às passadas do movimento da cortada, existem alguns tipos, no entanto indicamos iniciar com este a seguir, que é o mais executado por atacantes de velocidade, porque facilita ao estudante frear o movimento e não se lançar de encontro à rede, além de favorecer o domínio do saltar na distância correta da bola. As formas mais comuns de cortada são as explicadas a seguir. • Cortada de frente: considerada a de menor complexidade, é realizada com a abordagem direta em direção à rede. O jogador faz uma corrida para a frente, salta e golpeia a bola com a mão aberta, buscando um contato firme com a parte superior da bola para direcioná‑la ao chão do lado adversário. • Cortada de lado: realizada com uma abordagem lateral, permitindo um ângulo de ataque diferente. O jogador se posiciona de lado em relação à rede e, ao saltar, ataca a bola com um movimento lateral, utilizando o pulso para direcionar a bola e, em muitas vezes, causa um efeito. • Cortada de costas: executada quando um jogador realiza o fundamento de costas. Após receber a bola, o jogador se posiciona de costas, faz a corrida e, ao saltar, gira o corpo rapidamente para golpear a bola. • Cortada em diagonal: o jogador ataca a bola com um ângulo diagonal, dificultando a defesa. Ao saltar, o jogador golpeia a bola em um ângulo, direcionando‑a para um dos cantos do campo adversário, o que pode ser uma boa estratégia de jogo. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • não fazer a posição da chamada; • não coordenar o movimento dos braços; • não encaixar a mão na bola no momento do ataque; • não cair no mesmo lugar do salto. 48 Unidade I As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir. • Força: a força dos membros superiores é fundamental para gerar potência na cortada. Além disso, a força das pernas é necessária para um bom salto e uma abordagem explosiva. • Salto vertical: é importante treinar e desenvolver as habilidades corretas de saltar, pois essa é uma capacidade motora exigida em todos os tipos de cortada. • Coordenação: a coordenação de braços, pernas e salto é o que torna esse fundamento (a cortada) muito complexo. Por isso, é importante trabalhar previamente as habilidades anteriores. • Agilidade: desenvolver a capacidade de se mover rapidamente e mudar de direção é vital para se posicionar corretamente antes de realizar a cortada, especialmente em situações de jogo dinâmicas. • Equilíbrio: um bom equilíbrio é necessário para manter uma postura estável durante a abordagem e ao aterrissar após a cortada. Além disso, o equilíbrio evita quedas e contusões. • Percepção espacial: auxilia o jogador a avaliar a trajetória da bola e o posicionamento da defesa, o que permite um ataque mais eficaz. • Flexibilidade: a flexibilidade nos ombros, nos braços e nas pernas contribui para a maior amplitude de movimento, facilitando a execução de diferentes tipos de cortadas. 4.6 Bloqueio O bloqueio no voleibol é uma técnica que pode ser ofensiva ou defensiva. É realizado por jogadores na frente da rede e pode ser uma das principais estratégias para controlar o jogo e frustrar os ataques do time adversário. As formas mais comuns de bloqueio são as explicadas a seguir. • Bloqueio simples: apenas um jogador tenta bloquear o ataque do adversário. O bloqueador se posiciona próximo à redee salta com as mãos abertas na direção da bola. • Bloqueio duplo: dois jogadores se unem para se posicionar para um bloqueio. Ambos os bloqueadores se posicionam em sintonia, saltando simultaneamente para aumentar a cobertura na rede. • Bloqueio triplo: três jogadores se juntam para bloquear um ataque, normalmente contra um ataque muito ofensivo. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • saltar para frente projetando‑se contra a rede; • mãos muito afastadas uma da outra; 49 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE • não firmar mãos e braços no momento do contato com a bola. As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir. • Força: a força dos membros superiores (braços, ombros e punhos) é essencial para elevar as mãos e suportar o impacto da bola e para um salto explosivo. • Coordenação: a coordenação de membros superiores e inferiores é fundamental para sincronizar o salto e o movimento das mãos durante o bloqueio. • Agilidade: a capacidade de se movimentar e mudar rapidamente de direção é importante para o jogador se posicionar corretamente e realizar o fundamento, sobretudo em situações rápidas de jogo. • Equilíbrio: é necessário para manter uma postura estável durante a abordagem e ao aterrissar após o salto. • Velocidade de reação: a capacidade de reagir rapidamente à ação do atacante é vital. Um bom tempo de reação permite que o bloqueador ajuste sua posição e sua técnica conforme necessário. • Percepção espacial: ajuda a avaliar a trajetória da bola e a posição do atacante. • Flexibilidade: a flexibilidade nos ombros, nos braços e nas pernas contribui para a maior amplitude de movimentos, o que facilita a execução de diferentes tipos de bloqueio, auxiliando na recuperação após o salto. 4.7 Defesa em pé É uma técnica utilizada para defender ataques adversários sem a necessidade de se lançar ao chão. Essa técnica é importante, pois permite que o jogador se mantenha estável e pronto para o próximo movimento. As formas mais comuns de defesa de pé são as explicadas a seguir: • Defesa com antebraços: é a defesa básica em pé, na qual o jogador usa os antebraços para amortecer e direcionar a bola. O jogador mantém os braços estendidos para frente, com os antebraços unidos. Essa técnica é usada para defesas de ataques fortes, permitindo maior controle e precisão ao redirecionar a bola. • Defesa com as mãos: é uma técnica usada para interceptar bolas rápidas ou inesperadas, principalmente quando a bola está à frente do jogador. Ideal para bolas com menos velocidade, permitindo ao jogador redirecioná‑la para cima ou para o outro lado da quadra. 50 Unidade I • Defesa com uma mão: técnica utilizada em emergências, quando o jogador não consegue se posicionar a tempo com ambos os braços. Os erros mais comuns são os elencados a seguir. • rolar sobre o ombro contrário; • flexionar o braço que rebate a bola. As capacidades motoras mais exigidas são as mostradas a seguir: • Agilidade: é essencial para execução desse fundamento (defesa de pé), pois permite ao jogador se mover rapidamente em qualquer direção para interceptar a bola. • Velocidade de reação: esse tipo de defesa exige que o jogador responda de maneira instantânea ao ataque, ajustando‑se a determinada posição de acordo com a trajetória da bola. • Equilíbrio: é necessário para manter a postura e a estabilidade durante o movimento de defesa. 51 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Resumo O voleibol é uma das modalidades esportivas mais praticadas em nosso país e é uma das categorias coletivas que mais trouxe medalhas olímpicas. Daí a necessidade de o profissional de Educação Física conhecer mais a fundo as características da prática, assim como suas regras básicas, pois as oportunidades que o mercado de trabalho oferece são diversas. Portanto, o indivíduo que estiver preparado levará vantagem. É possível trabalhar com voleibol na escola, nas aulas de Educação Física ou em turmas de treinamento e competição, nos clubes, em escolinhas ou em equipes de treinamento e competição de todas as idades, em associações ou institutos que utilizem o esporte como meio de inclusão social ou até mesmo no preparo físico de atletas ou praticantes. Devido à popularidade, os alunos normalmente mostram interesse em aprender um pouco mais sobre a área e querem que o responsável aborde o assunto. Os aspectos físicos e motores serão desenvolvidos com a aprendizagem das técnicas e a aplicação no jogo. Como professor, você terá a oportunidade de desenvolver situações cognitivas, como raciocínio rápido, análise de circunstâncias e tomada de decisão, além de promover o conhecimento sobre as regras e a dinâmica do jogo. Fatores emocionais estarão envolvidos principalmente no que diz respeito à autoestima e à autoconfiança que o aluno adquire quando aprende um novo conteúdo, uma nova modalidade esportiva. O vôlei é extremamente dependente dos relacionamentos interpessoais, pois as ações de cada jogador são interdependentes: com isso, os aspectos psicossociais são também desenvolvidos. Trata‑se de uma prática intermitente como outras, mas, diferentemente das demais modalidades coletivas com bola, pela falta de sua retenção. Há habilidades específicas (ou técnicas), que são movimentos construídos e complexos, e há a exigência de raciocínio rápido para decidir como receber a bola e para onde enviá‑la, antes mesmo de sua chegada, o que dificulta bastante a ação dos jogadores. O esporte foi criado com o objetivo de ser uma opção ao basquetebol, que tinha o contato físico entre os indivíduos, o que nem sempre agradava aos praticantes. Ele chegou ao Brasil entre 1915 e 1916 e teve grande aceitação. Suas regras foram evoluindo (houve diversas mudanças de regras), com o intuito de tornar o jogo mais emocionante para quem assiste e mais vantajoso para patrocinadores, por exemplo. 52 Unidade I Vimos nesta unidade que o Japão foi um grande inspirador do voleibol brasileiro, uma vez que, depois de muitas derrotas para as equipes da URSS, compostas por jogadores altos e fortes, resolveu estudar o esporte e, dessa forma, criou‑se uma forma de jogá‑lo. Por aqui, as coisas começaram a mudar a partir da década de 1970, quando a CBV iniciou um processo de capacitação dos técnicos, promovendo intercâmbios internacionais e cursos de especialização. Até hoje, os treinadores de equipes filiadas às federações estaduais precisam obrigatoriamente passar por tais cursos. Os técnicos brasileiros são muito respeitados pelo mundo afora, com vários deles ocupando posições importantes no cenário internacional. A partir de 1984, com a medalha de prata da equipe masculina nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, vieram tantos outros resultados importantes, que nos colocam entre os principais países do mundo de destaque no esporte. 53 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. Voleibol Figura 30 O vôlei, também chamado de volley ou voleibol, é um esporte de origem norte‑americana do século XIX. Tem popularidade significativa em grande parte do mundo e está presente em muitos torneios e eventos esportivos de âmbito internacional, como os Jogos Olímpicos e os Jogos Panamericanos. Pode ser praticado tanto em quadras abertas quanto em quadras fechadas, bem como é praticado quase que igualmente por homens e por mulheres. A quadra de vôlei é atravessada por uma rede, que a divide em dois campos. Cada campo só pode ser ocupado pela sua respectiva equipe. O objeto usado para a prática de vôlei é uma bola, e o objetivo principal do jogo consiste na marcação de pontos ao mandar a bola para o campo adversário e fazer com que ela toque o chão. A instituição responsável pela organização de eventos e da regulação das regras é a Fédération Internationale de Volleyball (FIVB). Adaptado de: https://shre.ink/gej4. Acesso em: 13 nov. 2024. Em relação à quadra de voleibol, avalie as afirmativas. I – A quadra do voleibol é retangular, simétrica e mede 18 m x 9 m. Elaé circundada pela chamada “zona livre” de, no mínimo, 3 m de largura em todos os lados. II – A superfície da quadra do voleibol deve ser plana e horizontal, podendo ser uniforme ou rugosa. III – Todas as linhas da quadra de voleibol devem ter 5 cm de largura e devem ser feitas em cor clara, diferente da cor do piso da quadra e da cor de quaisquer outras linhas. 54 Unidade I É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I e III, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a quadra do voleibol “é um retângulo medindo 18 metros x 9 metros, circundada por uma zona livre de, no mínimo, 3 metros de largura em todos os lados. O espaço livre de jogo é o espaço sobre a área de jogo desprovido de qualquer obstáculo. O espaço livre de jogo deve medir, no mínimo, 7 metros de altura a partir da superfície da quadra. Para as Competições Mundiais e Oficiais da FIVB, a zona livre deve medir 5 metros a partir das linhas laterais e 6,5 metros a partir das linhas de fundo. O espaço livre de jogo deve medir, no mínimo, 12,5 metros de altura a partir da superfície da quadra” (CBV, 2021, p. 12). II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a superfície da quadra do voleibol “deve ser plana, horizontal e uniforme. Não deve apresentar nenhum perigo de lesão aos jogadores. É proibido jogar sobre uma superfície rugosa ou escorregadia. Para as Competições Mundiais e Oficiais da FIVB, somente superfícies de madeira ou sintéticas são permitidas. Qualquer superfície deverá ser previamente aprovada pela FIVB” (CBV, 2021, p. 12). III – Afirmativa correta. Justificativa: todas as linhas da quadra de voleibol devem ter 5 cm de largura e devem ser feitas em cor clara, diferente da cor do piso da quadra e de quaisquer outras linhas. Temos as linhas demarcatórias (duas linhas laterais e duas linhas de fundo delimitam a quadra e estão inseridas na dimensão da quadra), a linha central (cujo eixo divide a quadra de jogo em duas quadras iguais, medindo 9 m x 9 m cada uma) e as linhas de ataque (em cada quadra, há uma linha de ataque, cuja extremidade posterior é desenhada a 3 m de distância a partir do eixo da linha central, o que marca a zona de frente). 55 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Questão 2. Leia o texto a seguir. Os movimentos do vôlei • Saque: é o movimento que dá início à partida. Para fazê‑lo, um jogador deve se posicionar atrás da linha de fundo de seu campo e deve fazê‑la atravessar a rede. Caso os jogadores não consigam receber a bola e ela toque o chão, é marcado ponto, e a equipe que sacou no primeiro momento tem o direito de saque novamente. • Passe: é o movimento comum de recepção da bola. Pode ser feito em qualquer lugar do campo. Uma das principais formas de passe é a manchete. Nela, o jogador une as mãos e aplica uma pequena força quando a bola chega até ele. O objetivo principal desse fundamento é, além de evitar que a bola toque o chão, entregar a bola em boas condições para o levantador. • Levantamento: é normalmente o segundo contato que um time tem com a bola. Após ser recebida com um passe, um jogador a entrega para outro, sendo esse denominado, naquele momento, levantador. Com as pontas dos dedos, ele empurra a bola para cima. O objetivo principal desse fundamento é manter a bola em uma altura suficiente para que o atacante a mande para o campo adversário com chances de marcar um ponto. • Ataque: é o último contato do time com a bola antes de mandá‑la para o campo adversário. Para fazê‑lo, é recomendável que o jogador esteja o mais próximo possível da rede, dê um salto e projete seu corpo para frente, para que seu peso possa ser “transferido” para a bola. O objetivo desse fundamento é mandar a bola para o campo adversário em uma tentativa de que ela não consiga ser recebida pelo outro time e toque o chão. • Bloqueio: é uma possível forma de defesa, assim como o passe, após um ataque. Nele, um ou mais jogadores saltam ao mesmo tempo que o atacante do time adversário e tentam com as palmas das mãos rebater a bola para que ela volte ao campo adversário. Adaptado de: https://shre.ink/gej4. Acesso em: 13 nov. 2024. Em relação aos movimentos do voleibol, avalie as afirmativas. I – O saque é um dos principais movimentos do voleibol, é feito pelo jogador de trás à direita, posicionado na zona de saque, e consiste em colocar a bola em jogo. II – No voleibol, o bloqueio coletivo é realizado por dois ou três atletas posicionados na zona de ataque e apenas é efetivo quando todos os jogadores envolvidos tocam a bola. III – A manchete e o toque são movimentos equivalentes no voleibol e que somente podem ser realizados com as mãos unidas. 56 Unidade I É correto o que se afirma em: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I e II, apenas. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: o saque é um dos principais fundamentos do voleibol e, como vimos no livro‑texto, é realizado pelo atleta da posição 1, atrás e à direita, posicionado na zona de saque. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: no voleibol, o bloqueio coletivo pode ser executado pelos jogadores das posições 2, 3 ou 4 e pode ser efetivo quando um deles toca na bola. III – Afirmativa incorreta. Justificativa: no voleibol, a manchete e o toque não são movimentos equivalentes. No texto, é dito que, na manchete, “o jogador une as mãos e aplica uma pequena força quando a bola chega até ele”. Já o toque é um movimento em que a bola pode ser tocada com qualquer parte do corpo. O toque pode ser feito com as duas mãos simultaneamente, mas as mãos têm de estar separadas e o contato com a bola deve ser feito apenas com as pontas dos dedos.40 4.1 Toque por cima ...................................................................................................................................... 42 4.2 Manchete ................................................................................................................................................. 43 4.3 Saque por baixo .................................................................................................................................... 45 4.4 Saque por cima ..................................................................................................................................... 46 4.5 Cortada ..................................................................................................................................................... 47 4.6 Bloqueio ................................................................................................................................................... 48 4.7 Defesa em pé .......................................................................................................................................... 49 Unidade II 5 POSIÇÕES NO VOLEIBOL E SUAS CARACTERÍSTICAS ........................................................................ 57 5.1 Levantador: o maestro do time ...................................................................................................... 57 5.2 Ponteiro: o coringa do ataque e da recepção ........................................................................... 57 5.3 Oposto: o atacante principal ........................................................................................................... 58 5.4 Central: o guardião do bloqueio .................................................................................................... 58 5.5 Líbero: o especialista em defesa ..................................................................................................... 58 5.6 Sistema de rotação e posicionamento ........................................................................................ 59 5.7 A importância da integração das posições ................................................................................ 59 6 A TÁTICA NO VOLEIBOL ................................................................................................................................. 59 6.1 Os sistemas de jogo ............................................................................................................................. 61 6.1.1 Sistema 6 x 6 ou 6 x 0 .......................................................................................................................... 61 6.1.2 Sistema 3 x 3: três atacantes e três levantadores ..................................................................... 61 6.1.3 Sistema 4 x 2: quatro atacantes e dois levantadores .............................................................. 62 6.1.4 Sistema 5 x 1: cinco atacantes e um levantador ....................................................................... 66 6.1.5 Sistema 6 x 2: seis atacantes e dois levantadores..................................................................... 68 6.1.6 Qual é o sistema de jogo mais indicado para equipes principiantes?............................... 69 7 FORMAÇÕES TÁTICAS .................................................................................................................................... 70 7.1 Formações ofensivas ........................................................................................................................... 71 7.2 Formações para recepção de saque .............................................................................................. 72 7.2.1 Formação para recepção de saque com cinco jogadores ou formação em W .............. 73 7.2.2 Formação para recepção de saque com quatro jogadores .................................................... 77 7.2.3 Formação para recepção de saque com três jogadores .......................................................... 78 7.2.4 Formação para recepção de saque com dois jogadores ......................................................... 78 7.3 Formações para a proteção ao ataque ........................................................................................ 79 7.4 Formações defensivas ......................................................................................................................... 82 7.5 Método de ensino das formações táticas .................................................................................. 89 7.6 A atuação do professor/técnico em competições ................................................................... 90 8 FORMAÇÕES TÁTICAS .................................................................................................................................... 93 8.1 Princípios básicos para a montagem de equipes de voleibol ............................................. 93 8.1.1 Equipes de nível iniciante .................................................................................................................... 93 8.1.2 Equipes de nível amador ...................................................................................................................... 94 8.1.3 Equipes de nível profissional .............................................................................................................. 94 8.2 Direção de uma equipe durante uma partida: atuação do técnico ................................ 94 8.2.1 Planejamento pré‑jogo ........................................................................................................................ 94 8.2.2 Durante o jogo: a comunicação e os ajustes táticos ............................................................... 95 8.2.3 Substituições e tempo técnico .......................................................................................................... 95 7 APRESENTAÇÃO Olá, estudante! Este livro‑texto trata do estudo das habilidades motoras específicas do voleibol, dos parâmetros importantes para a montagem e a direção de equipes iniciantes e dos processos metodológicos para seu ensino e sua aplicação. Os temas abordados podem ser utilizados pelos futuros professores como instrumento da Educação Física, para a promoção da saúde e da qualidade de vida e para a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e seus deveres. O objetivo geral da disciplina é capacitar o profissional de Educação Física formado pela UNIP a conhecer e utilizar o voleibol como um instrumento, a fim de que possa ensinar a modalidade explorando todas as suas possibilidades educacionais. Os objetivos específicos são os seguintes: • abordar a utilização do voleibol como instrumento educacional; • mostrar os aspectos mais relevantes da história do voleibol e como o Brasil se tornou uma potência mundial no esporte; • explicar as regras básicas do jogo e como atualizar‑se, sempre que necessário; • reconhecer as características do voleibol, sua dinâmica e as habilidades motoras (fundamentos) que o compõem (em suas formas mais simples de aplicação); • explorar os princípios metodológicos básicos para a aprendizagem das habilidades motoras específicas do voleibol; • observar a importância do planejamento a curto, médio e longo prazo para a aprendizagem do esporte; • discorrer sobre como planejar e ministrar aulas de aprendizagem das habilidades do voleibol; • identificar a adequação dos conteúdos relativos à aprendizagem do voleibol aos diferentes estágios do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente, bem como para outros grupos, como veteranos, pessoas idosas etc.; de modo que eles possam ser aplicados em situações de jogo simplificado; • conhecer os diferentes tópicos táticos para a montagem de equipes de estruturação simplificada; • preparar e lecionar uma aula que tenha por objetivo a apresentação de uma estrutura tática e simplificada para uma equipe; • ter noções de arbitragemde um jogo de voleibol; • montar, treinar e dirigir equipes de nível iniciante. Boa leitura! 8 INTRODUÇÃO O voleibol é um dos esportes mais populares do mundo, conhecido por sua dinâmica, sua técnica e pelo trabalho em equipe. Desde a sua criação, foi bem aceito rapidamente, popularizou‑se e evoluiu, tornando‑se uma modalidade olímpica e um símbolo de integração e competitividade. É reconhecido por sua capacidade de promover o desenvolvimento físico e as habilidades como socialização, formação de equipe, disciplina e estratégia. Este livro‑texto tem como objetivo apresentar uma metodologia para a aprendizagem dos fundamentos do voleibol e para a elaboração de aulas e treinos para diferentes faixas etárias. O voleibol vai além de uma simples competição: como dissemos, é uma ferramenta de socialização, inclusão e desenvolvimento pessoal. O voleibol pode ser praticado em vários tipos de ambientes, com variações como o vôlei de praia, o vôlei adaptado para pessoas idosas e o vôlei sentado. As principais características do voleibol incluem seus diferentes fundamentos, como o saque, a manchete, o levantamento e o ataque. Além das técnicas, das táticas e da metodologia de ensino, este livro‑texto enfatiza a importância do trabalho em equipe, da comunicação e do respeito entre os jogadores, que são vitais para o sucesso em quadra. Por meio do conhecimento da história, da evolução e das estratégias de treinamento, buscamos prepará‑lo para atuar com o voleibol em suas diferentes possibilidades. Bom estudo! 9 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Unidade I 1 HISTÓRICO DO VOLEIBOL E SUA CARACTERIZAÇÃO COMO MODALIDADE ESPORTIVA 1.1 Como o voleibol foi criado O esporte foi criado em Holyoke, Massachussets, nos EUA, na ACM (Associação Cristã de Moços), em 1895, pelo professor William Morgan. Figura 1 – Professor William Morgan Disponível em: https://shre.ink/ge9q. Acesso em: 17 nov. 2024. Inspirado no tênis, que separava os competidores por uma rede, ele criou uma modalidade chamada de minonete (ou mintonete), na qual diversos jogadores, em um espaço bem maior que o de hoje, jogavam rebatendo com as mãos uma câmara de bola de basquete, separados por uma rede de tênis erguida a 2 m do chão. Figura 2 – Funcionários da ACM, 1911 Disponível em: https://tinyurl.com/2p8vzhb9. Acesso em: 13 nov. 2024. 10 Unidade I Exemplo de aplicação Tente elaborar um jogo pré‑desportivo, como o minonete. Figura 3 – Soldados norte‑americanos jogando voleibol durante a Primeira Guerra Disponível em: https://tinyurl.com/pcv8fv2m. Acesso em: 13 nov. 2024. A nova modalidade foi difundida pelo mundo tanto pelas ACMs quanto pelos soldados norte‑americanos na Primeira Guerra Mundial. À medida que foi sendo praticada, ocorreram adaptações e as regras foram ajustadas. Em 1918, limitou‑se o número de jogadores em quadra, bastando ter metade de cada lado da rede, ou seja, seis atletas. Em 1922, o limite de toques na bola por equipe passou a ser três. Em 1933, os tchecos (da antiga Tchecoslováquia), pensando em uma maneira de interceptar o ataque e facilitar a defesa, criaram o bloqueio. Durante muitos anos de prática do voleibol, os jogadores só batiam na bola utilizando o toque por cima; não havia manchete, que foi criada em 1958 pelos jogadores tchecos. As dimensões atuais da quadra são 18 m x 9 m, e o nome passou a ser voleibol, devido aos voleios (rebatidas) na bola. À medida que crescia o número de praticantes, foram criadas as entidades que organizavam as competições. Em 1946 foi inaugurada a Confederação Sul‑Americana de Voleibol e, em 1947, a Federação Internacional de Voleibol, que organizou, em 1949, o primeiro Campeonato Mundial masculino, vencido na época pela fortíssima equipe da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). O primeiro Campeonato Mundial feminino aconteceu em 1952, também com vitória da URSS. 11 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Na época, a modalidade era jogada com bolas levantadas altas, que favoreciam atletas mais altos e fortes. O voleibol estreou como esporte olímpico em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, país onde a atividade era muito popular. A partir de 1964, o Japão reuniu professores, técnicos, árbitros e atletas com a intenção de estudar uma forma de vencer o voleibol‑força da URSS, porque, apesar de ter jogadores muito bons tecnicamente e da popularidade, vencer os soviéticos era quase impossível. Essa reunião de profissionais para estudar tal categoria revolucionou a forma como se jogava o esporte até então. Nos Jogos Olímpicos de 1968, no México, o Japão extasiou o resto do mundo com jogadas de ataque de velocidade, levantamentos baixos, fintas e trocas de posição dos jogadores no ataque, que enganavam o bloqueio adversário. Além da inovação no ataque, o treinamento físico e a defesa foram revolucionados. Novos métodos de treinamento tornaram os jogadores mais ágeis e velozes, tanto no ataque quanto na defesa. De 1968 a 1976, os japoneses conquistaram muitos dos principais títulos em Jogos Olímpicos e em Mundiais, no feminino e no masculino. Observação Apenas praticar a modalidade não é suficiente para obter resultados relevantes. O estudo e a aplicabilidade de conceitos científicos no treinamento sempre foram um diferencial no que diz respeito à qualidade. 1.2 A trajetória de sucesso do voleibol brasileiro Você sabia que o voleibol brasileiro é um dos mais vitoriosos do mundo? A Federação Internacional de Voleibol tem um ranking dos países, feito com base em resultados obtidos nas competições mais importantes do mundo, e, nele, o Brasil tem figurado nas primeiras posições, tanto no feminino quanto no masculino. Nem sempre foi assim. O que será que houve para que o nosso voleibol alcançasse tanto sucesso? Vamos voltar à criação do esporte para entender. No Brasil, há relatos divergentes sobre o início da prática do voleibol. Alguns autores afirmam que esse início ocorreu em 1915, no Colégio Marista em Pernambuco; outros, em 1916, na ACM de São Paulo. A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) foi fundada em 1954. Inspirado pelo que aconteceu no Japão, o Brasil, que até então não tinha resultados importantes, começou a mudar sua história a partir da década de 1970, quando a CBV passou a adotar uma administração mais profissional e organizada e decidiu investir na formação dos técnicos, incentivando o intercâmbio com outros países e oferecendo cursos de especialização. Ainda hoje, a CBV promove cursos em cinco níveis e os treinadores de equipes federadas são obrigados a participar de acordo com a categoria que dirigem. Uma das razões para o sucesso competitivo do voleibol brasileiro é que nossos técnicos são muito competentes e respeitados no mundo todo, e alguns dirigem importantes equipes e seleções. 12 Unidade I Outra questão que contribuiu para o crescimento em termos de resultado foi o investimento financeiro, que teve impulso quando o voleibol passou a ser exibido em TV aberta. A transmissão de partidas que chegavam a durar na época até 4 horas fez com que aparecessem empresas patrocinadoras que viam na crescente audiência uma oportunidade de divulgar suas marcas. Elas começaram a patrocinar clubes tradicionais e até mesmo criaram suas próprias equipes. Então, atletas e técnicos que tinham outras funções e dedicavam ao voleibol duas ou três noites por semana passaram a dedicar‑se em tempo integral à modalidade. Os patrocínios tornaram os atletas e os técnicos profissionais e, com o conhecimento que já havia, os benefícios foram constatados. O primeiro grande resultado do Brasil foi nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, com a medalha de prata no masculino. Como consequência, uma grande quantidade de jovens começou a praticar o esporte. Desde a medalha de prata, diversos títulos internacionais importantes foram alcançados. Quadro 1 Masculino Feminino Campeonatos mundiais 1982 – prata 1994 – prata 2002 – ouro 1998 – bronze 2006 – ouro 2006 – prata 2010 – ouro 2010– prata 2014 – prata 2014 – bronze 2022 – bronze Jogos Olímpicos 1984 (Los Angeles) – prata 1996 (Atlanta) – bronze 1992 (Barcelona) – ouro 2000 (Sidney) – bronze 2004 (Atenas) – ouro 2008 (Pequim) – ouro 2008 (Pequim) – prata 2012 (Londres) – ouro 2012 (Londres) – prata 2020 (Tóquio) – prata 2016 (Rio de Janeiro) – ouro 2024 (Paris) – bronze Figura 4 – Brasil: tricampeão olímpico em 2016, no Rio de Janeiro Disponível em: https://shre.ink/geHv. Acesso em: 13 nov. 2024. 13 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Saiba mais Nos sites da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e da CBV, você encontrará todo o histórico de resultados dos Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais, Ligas Mundiais, Grand Prix e Mundiais de clubes, além dos resultados internacionais das seleções de base. Acesse: Disponível em: http://www.fivb.com. Acesso em: 13 nov. 2024. Disponível em: http://2017.cbv.com.br/. Acesso em: 13 nov. 2024. Com todos esses resultados, hoje o voleibol brasileiro é muito popular e um profissional de Educação Física precisa de conhecimento, ainda que básico, da modalidade. Exemplo de aplicação Devido ao êxito internacional do voleibol brasileiro, algumas confederações de outras modalidades estão tentando trilhar o mesmo caminho. Baseado nas informações contidas no texto, você seria capaz de apontar três aspectos preponderantes que colaboraram para o sucesso do voleibol brasileiro? 1.3 Características do voleibol e suas regras básicas 1.3.1 Caracterização do voleibol como modalidade esportiva O voleibol é um esporte jogado por duas equipes em uma quadra dividida por uma rede. Há uma série de versões disponíveis, cada uma delas adaptada a uma circunstância diferente, de forma que o jogo possa se adaptar aos diferentes praticantes. O objetivo é enviar a bola por cima da rede, de forma a fazê‑la tocar a parte do solo que esteja compreendida dentro da quadra adversária e a sua equipe deve impedir o adversário para obter êxito no mesmo intento. Cada equipe poderá usufruir de três toques na bola (além do contato do bloqueio). A bola é colocada em jogo com o saque: tocada pelo sacador sobre a rede para o adversário. O rali continua até que a bola toque o solo na quadra de jogo, vá “fora” ou não seja devolvida corretamente. No voleibol, a equipe que vence o rali marca um ponto (sistema de ponto por rali). Quando a equipe receptora vence o rali, ela ganha um ponto e o direito de sacar, e seus jogadores rodam uma posição no sentido horário. Em todos os aspectos, o voleibol é um dos esportes mais importantes do mundo: tem mais federações afiliadas, maior audiência de TV, maior número de seguidores nas redes sociais, maior número de jogadores inscritos e recreativos do que quase qualquer outro esporte e uma imagem dinâmica, limpa e colorida, combinando esporte altamente competitivo e show de alto nível (CBV, 2021, p. 9). 14 Unidade I Uma característica determinante, que diferencia o voleibol de outras modalidades, é a não retenção da bola. Ela deve sempre ser rebatida e nunca retida. Dessa forma, o jogador tem menos tempo para se posicionar, analisar a situação e decidir como vai receber a bola e para onde irá enviá‑la. Isso implica tempo de reação menor, com raciocínio rápido, que requer um domínio maior das técnicas de recepção. Metabolicamente, o voleibol é uma modalidade classificada como intermitente. Tem intervalos de ação e pausa intercalados, mas o tempo de duração é sempre variado. Os períodos de ação são curtos e o rali (tempo que a bola fica em jogo, desde o saque até o encerramento da jogada) no feminino dura, em média, 6 a 8 segundos; e no masculino dura de 4 a 6 segundos. Isso ocorre porque a altura da rede, embora mais alta no masculino (2,43 m) do que no feminino (2,24 m), favorece o masculino, que tem média de estatura maior que o feminino, além da maior potência de salto e ataque, o que dificulta as ações de defesa. Como há muitas pausas no jogo, o desgaste do esforço em quadra é recuperado durante os intervalos. Algumas ações no jogo são de intensidade média, como deslocamentos, recepção, defesa e cobertura; e outras são de alta intensidade e curtíssima duração, como ataques, bloqueios e saques. Por causa disso, o sistema energético predominante no voleibol é o anaeróbio alático. Como os intervalos são extensos, é possível obter recuperação da energia dispendida, o que acontece em razão do sistema oxidativo. Por fim, o voleibol é um esporte que também pode ser recreativo e, quando esse é o objetivo, as regras podem ser alteradas e adaptadas de acordo com as características dos participantes e com a estrutura e os materiais disponíveis para a prática. 1.3.2 Regras básicas do voleibol Não é permitido que uma equipe atue com menos de seis jogadores. Caso o time esteja apenas com seis jogadores e sem reservas, e um deles se machuque a ponto de não poder mais atuar, ela será considerada derrotada. Uma equipe tem seis jogadores em quadra e seis reservas, sendo um deles o líbero, que não pode ser o capitão da equipe. Em algumas competições de categorias principiantes, pode haver regras adaptadas, inclusive com a proibição do uso do líbero. As regras da modalidade sofrem mudanças constantes, portanto, é importante sempre se atualizar. Em jogos internacionais organizados pela FIVB, até 14 jogadores podem ser relacionados na súmula, sendo dois líberos. Se algum atleta se atrasar para o início do jogo, mas seu nome e seu documento constarem no registro, ele poderá chegar a qualquer momento e atuar na partida. No entanto, se o indivíduo não estiver relacionado, não poderá atuar. A equipe pode dar até três toques na bola antes de enviá‑la para a outra quadra. O mesmo jogador não pode tocar duas vezes seguidas na bola, a menos que a primeira delas tenha sido em seu próprio bloqueio e a bola passe para o seu lado da quadra. 15 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE O toque de bola por cima deve ser executado com as duas mãos, exatamente ao mesmo tempo. Caso uma das mãos toque a bola antes da outra, o árbitro sinalizará uma ação de “dois toques”, indicando o ponto para a equipe adversária. Lembrete As regras da modalidade sofrem mudanças constantes, portanto é importante sempre se atualizar. A quadra se divide em zona de ataque, da rede até a linha dos 3 m, e zona de defesa, da linha dos 3 m até a linha de fundo (figura 5). A Zona livre 24 ‑ 34 m 0,50 m ‑ 1 m 1, 75 m 1, 75 m 3 ‑ 5 m 15 ‑ 1 9 m 3 ‑ 8 m 3 x 3 m 3 x 3 m 1,50 m 1,50 m 3 ‑ 8 m 3 ‑ 5 m 9 m 9 m Zo na d e sa qu e Quadra Quadra Quadra de jogo Zona de trás Zona de trásZona de frente Zona de troca do líbero Área de aquecimento Área de aquecimento Banco de equipe Mesa do apontador Área de penalidade 1 m x 1 m Banco de equipe Zona de troca do líbero Zona de substituição Zona de frente Zo na d e sa qu e Zona livre Zona livre Figura 5 – Quadra e área de jogo Adaptada de: CBV (2013). O primeiro árbitro fica em patamar mais elevado e é soberano na partida; suas decisões prevalecem sobre os demais membros da equipe de arbitragem. Sua cadeira fica de frente para o segundo árbitro, que se posiciona frontalmente à mesa de arbitragem, onde ficam o apontador, que preenche a súmula, 16 Unidade I e o controlador de líbero, se houver (algumas categorias de iniciação têm regras adaptadas e não permitem a utilização do líbero). Nas laterais da mesa ficam os bancos de reserva, com os membros da comissão técnica e os atletas reservas. Cada equipe pode ter até cinco membros na comissão técnica sentados no banco de reservas: o técnico, dois assistentes, um fisioterapeuta e um médico. Se houver juízes de linha na partida (quatro), eles ficarão dispostos cada um em frente a uma das linhas. Os atletas reservas deverão permanecer sentados no banco ou na área de aquecimento, nos cantos da quadra. O saque poderá ser realizado dentro da área delimitada por dois traços marcados no prolongamento das linhaslaterais. A rede é sustentada por dois postes, colocados na distância entre 0,50 m e 1 m da linha lateral. Ela deverá ter de 9,50 m a 10 m de comprimento por 1 m de altura e duas faixas brancas na direção das linhas laterais, marcando o espaço de ação. Sobre as linhas, são posicionadas duas antenas de fibra de vidro, listradas de branco e vermelho. As antenas têm 1,80 m de comprimento, sendo que 1 m fica colado à rede e 0,80 cm acima dela. A função das antenas é auxiliar na delimitação do espaço em que a bola deve cruzar de uma quadra para outra. A bola deverá passar no espaço entre as antenas sem tocá‑las e, caso o faça, será considerada “fora”. 2, 55 m 0,50 m / 1 m Eixo central 9,50 m ‑ 10 m 1 m 0,80 m 9 m 2,43 m2,43 m MasculinoMasculino 2,24 m2,24 m FemininoFeminino 0,05 m 0,07 m Corda Corda Cabo de sustentação Figura 6 – Detalhes de rede e antenas Adaptada de: CBV (2013). 17 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Os jogadores não podem tocar na rede no espaço entre as antenas. A invasão do espaço aéreo adversário por cima da rede é permitida quando o jogador for executar o bloqueio ao ataque adversário, desde que não interfira na jogada adversária, ou seja, se o levantador adversário fizer um levantamento para seu atacante e você interceptá‑lo com um bloqueio, impedindo que o adversário ataque, será considerada uma falta; mas se você tocar na bola bloqueando‑a, após o adversário atacar, isso será permitido. Convém lembrar que a invasão por cima é autorizada sempre que houver ataque adversário, na primeira, na segunda ou na terceira bola. A invasão do espaço aéreo por baixo da rede, ultrapassando a linha central, não é considerada falta, desde que não interfira na jogada. O mesmo se dá quando outras partes do corpo, que não os pés, tocam o solo da quadra adversária. Caso o jogador toque a quadra adversária por baixo da rede, com um ou dois pés, não será considerada invasão se ele mantiver pelo menos uma parte sobre a linha central. Se ele ultrapassar o pé todo para a quadra adversária, será falta. Durante o jogo ficam em quadra três jogadores na zona de ataque e três na zona de defesa (figura 7). Zona de ataque Zona de defesa Figura 7 – Zonas da quadra de voleibol O rodízio de jogadores é obrigatório e acontece no sentido horário toda vez que a equipe recupera o saque. Cada local na quadra é demarcado com a numeração da posição, de 1 a 6. Tal disposição é denominada ordem de saque, pois o jogador da posição 1 é o primeiro jogador a sacar, o da posição 2 é o segundo e assim por diante. A única situação em que o atleta da posição 1 não é o primeiro a sacar é quando no início do set a bola começar com a equipe adversária. Por exemplo, inicia‑se um set e a equipe A começa sacando, com seu indivíduo da posição 1. Quando a equipe B ganhar uma jogada e sacar, ela terá que realizar um rodízio obrigatoriamente, portanto, o primeiro jogador da equipe B a sacar será o jogador da posição 2. Em todo início de set, os professores/técnicos deverão entregar para a arbitragem uma papeleta com sua ordem de saque, que será anotada na súmula. A equipe de arbitragem irá fiscalizar se as equipes estão obedecendo à norma de rodízio e ao posicionamento em quadra. 18 Unidade I 1 6 5 2 3 4 4 3 2 5 6 1 Figura 8 – Ordem de saque e sentido do rodízio Disponível em: https://tinyurl.com/psx5bpbu. Acesso em: 13 nov. 2024. A regra de posicionamento diz que toda vez que alguém sacar, de qualquer uma das equipes, os atletas devem manter suas posições: o jogador da posição 3 deve estar na frente (em relação à rede) daquele da posição 6 e entre as pessoas das posições 2 e 4. O indivíduo da posição 2 deve estar à esquerda do jogador da posição 3, enquanto o jogador da posição 4 deve estar à direita do jogador da posição 3. A pessoa da posição 6 deve estar atrás da posição 3 e entre os jogadores das posições 5 e 1. O jogador da posição 5 deve estar à esquerda do jogador da posição 6, e o jogador da posição 1 à sua direita. As relações a serem respeitadas são verticais e horizontais. Não há obrigatoriedade com respeito aos posicionamentos 4 e 6, por exemplo, que estão na diagonal. 5 4 6 3 1 2 Rede Linha dos 3 m Linhas imaginárias Figura 9 – Regra de posicionamento 19 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE De acordo com a regra, teoricamente é possível posicionar os jogadores em quadra no momento de seu saque ou do saque adversário conforme a figura 10, uma vez que estão respeitadas as relações verticais e horizontais da regra de posicionamento. Obviamente ninguém o faz. 4 3 2 5 6 1 Figura 10 – Formação teoricamente permitida (de acordo com as regras de posicionamento) para sacar ou receber o saque Após a batida na bola do sacador, os jogadores poderão trocar de posição enquanto a bola estiver em jogo. Assim que ela cair, todos assumirão seus lugares novamente. Apenas os jogadores da rede (4, 3 e 2) poderão atacar e bloquear. Os atletas do fundo poderão fazê‑lo apenas se saltarem antes da linha dos 3 m (ataque de fundo). Em função disso, as trocas de posição, quando são realizadas, acontecem entre os indivíduos da rede e aqueles do fundo. Vence uma partida a equipe que ganhar três sets. Eles são disputados em 25 pontos. Caso o jogo empate em dois sets, o quinto será disputado em 15 pontos. Em quaisquer dos sets, a vitória só será alcançada se houver uma diferença de dois pontos. Se o placar empatar em 24 pontos, o set só terminará em 26 a 24, por exemplo, e assim sucessivamente. Um rali se inicia quando o sacador golpeia a bola e é encerrado quando o árbitro apita indicando que a jogada está finalizada. Em cada set, o técnico tem o direito de solicitar dois pedidos de tempo de 30 segundos. Quando isso acontece, os jogadores saem do espaço da quadra e se dirigem para a frente do banco de reservas a fim de conversar. Os atletas apenas poderão voltar à quadra após o apito do segundo árbitro, sinalizando que está encerrado o pedido de tempo. Cada treinador poderá fazer até seis substituições por set. O indivíduo que saiu de quadra substituído pode voltar no mesmo set no lugar do jogador que entrou em seu lugar. Após essas duas trocas, no mesmo set, nem o jogador que saiu pode sair novamente nem o jogador que entrou pode entrar de novo. A entrada do jogador A para a saída do B conta como uma substituição, e a volta do jogador B à quadra para a saída do A será a segunda substituição. Se o técnico assim o desejar, poderá trocar os seis jogadores de uma vez, por jogadores da reserva, no entanto estarão esgotadas as substituições nesse set. Ele poderá também fazer a “ida e volta” de três jogadores ou usar suas seis substituições como desejar. No set seguinte todas as substituições estarão novamente liberadas. 20 Unidade I As trocas do líbero não são computadas entre as substituições regulares. Líbero é a posição do jogador especialista em defesa e recepção. Ele atua no fundo da quadra e não pode sacar, atacar e bloquear. Ainda é vetado ao líbero levantar de toque quando estiver dentro da zona de ataque. Caso isso ocorra, o atacante que receber o levantamento deverá passar a bola sem atacar. As regras das modalidades frequentemente passam por mudanças e o voleibol foi uma das que mais teve as normas alteradas. Muitas das transformações ocorreram por causa das solicitações da televisão, tentando encurtar o tempo total de partida e também dos patrocinadores. De modo geral, as modificações de regras acontecem após um ciclo olímpico (quatro anos), quando sugestões são testadas em campeonatos pelo mundo antes de serem concretizadas. Saiba mais Para visualizar as regras atualizadas da federação de voleibol de seu estado, acesse o site da respectiva federação. O link a seguir é da Federação Paulista. Disponível em: www.fpv.com.br. Acesso em: 13 nov. 2024. 1.3.3 Regras adaptadas As regras adaptadas de voleibol são desenvolvidas para tornar o jogo mais inclusivo e acessível a todos, independentemente de habilidades ou condiçõesfísicas. As principais adaptações são as mostradas a seguir. • Número de jogadores: pode ser ajustado, o que permite times com menos ou mais jogadores. • Tamanho da quadra: as dimensões podem ser reduzidas, principalmente em jogos recreativos ou para iniciantes, facilitando o alcance e a movimentação. • Altura da rede: pode ser ajustada para atender às capacidades dos jogadores, tornando o jogo mais equilibrado e de acordo com as capacidades dos praticantes. • Número de toques: em vez de três toques, as equipes podem ter um número maior ou ilimitado de toques antes de enviar a bola ao lado adversário, tornando o jogo menos complexo. • Saque: pode ser realizado de diferentes maneiras e mais próximo da rede para facilitar o início do set e a recepção e aumentar a participação de todos. • Rotação: pode ser opcional, permitindo que jogadores permaneçam em suas posições de conforto, especialmente em contextos de aprendizado. 21 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE • Uso de equipamentos adaptativos: isso pode ser feito com a utilização de rede mais baixa ou de bola mais leve. • Regras de pontuação: podem ser usadas diferentes regras para pontuação. É importante que o professor identifique as necessidades do grupo no qual está trabalhando para que as adaptações sejam favoráveis ao aprendizado, promovendo a inclusão, por exemplo, por possibilitar que todos joguem no sistema 6 x 0, ou que o saque utilizado nas primeiras categorias seja por baixo, o que facilita o passe para o levantador e permite a organização de ataques. Outra norma que pode ser adaptada para auxiliar a formação mais generalizada dos jogadores é a proibição da largada de segunda pelo jogador da posição 3, obrigando o levantamento. Outra modificação que pode ser utilizada é a exigência de que todos os jogadores inscritos na súmula participem do jogo. Em alguns casos, a regra diz que, no segundo set, três dos jogadores que participaram do primeiro set sejam substituídos por três reservas. No terceiro, isso pode se repetir, fazendo com que todos os atletas participem de um tempo inteiro na partida. Essa regra dá oportunidade a mais indivíduos de jogar e evita o comportamento de certos técnicos de contarem apenas com os seis melhores. 1.3.4 Voleibol adaptado para pessoas idosas O voleibol é uma modalidade de elevada exigência técnica e nem todos estão aptos a praticá‑lo. Por causa disso, surgiu uma versão adaptada a pessoas idosas, que faz muito sucesso. O jogo mantém a maioria das regras do vôlei normal; no entanto, a bola deve ser lançada e segurada. O saque deve ser por baixo e as equipes podem passar a bola até duas vezes entre si antes de enviá‑la para a quadra adversária. A prática dessa modalidade oferece às pessoas idosas melhora das habilidades envolvidas, além do aprimoramento de suas capacidades. Contudo, o maior ganho está na parte psicossocial, em que a alegria e o relacionamento interpessoal são sempre estimulados. Há diversas competições: locais, regionais e nacionais. As adaptações podem facilitar o jogo, tornando‑o mais acessível e seguro. 1.3.5 Voleibol sentado O vôlei sentado é uma modalidade do esporte que foi adaptada para pessoas que têm algum tipo de deficiência física relacionada à locomoção. Todavia, ele também pode ser praticado por todas as pessoas, inclusive com o intuito de estimular a inclusão. Enfim, o voleibol adaptado para pessoas com deficiência é o voleibol sentado. Jogado em uma quadra de 10 m por 6 m, com rede no masculino de 1,15 m e, no feminino, de 1,05. Ele é disputado de acordo com a maioria das regras usuais e o atleta só poderá tocar na bola se estiver sentado. 22 Unidade I Os jogadores poderão apresentar qualquer uma das condições a seguir: amputações, lesões na medula espinhal, paralisia cerebral e lesões cerebrais. Além disso, há as pessoas que já sofreram acidentes vasculares cerebrais e paralisia muscular, classificadas em 14 categorias. 1.3.6 Voleibol de praia A modalidade é jogada em quadra de areia, de 16 m por 8 m, com dois jogadores por equipe. Os sets são disputados em 21 pontos, desde que tenha uma diferença mínima de dois pontos em relação à dupla adversária. Se houver empate em 20 a 20, o set prosseguirá até que uma das duplas consiga abrir uma vantagem de dois pontos. As técnicas utilizadas são as mesmas do vôlei convencional, no entanto há maior dificuldade de deslocamentos em razão das características do piso e do ambiente (sol ou chuva). O voleibol de praia do Brasil é reconhecido como um dos melhores do mundo. No Brasil, a modalidade é praticada desde a década de 1930, de forma amadora, nas praias de Copacabana e Ipanema, no Rio de Janeiro. Desde então, essa variação do voleibol convencional vem ganhando milhares de adeptos e deixou de ser somente uma brincadeira para ser um esporte olímpico com a mesma importância do voleibol de quadra. Nas Olimpíadas de Paris em 2024, o Brasil conquistou medalha de ouro com a dupla Duda e Ana Patrícia. 2 UTILIZAÇÃO DO VOLEIBOL COMO FERRAMENTA PARA CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO PARTICIPANTE Um dos benefícios da prática esportiva é desenvolver o praticante de maneira integral quanto aos aspectos motores, físicos, sociais, afetivos e cognitivos. Vamos analisar conjuntamente se a prática do voleibol pode contribuir para esse desenvolvimento. Em quais situações o professor/técnico poderá aplicar o voleibol como modo de desenvolvimento de seus alunos? Respeitando as características do esporte, nas categorias de base, ele pode ser trabalhado de forma lúdica, com campo e bolas adaptadas, para que o aluno conheça a prática e desenvolva capacidades e habilidades que possibilitem o aprendizado das técnicas específicas. Conforme o crescimento e o desenvolvimento do aluno, será possível o início do uso das técnicas “corretas” e mais específicas. É importante que o técnico dê as mesmas oportunidades a todos os alunos e pratique sempre a inclusão. Certamente, você terá um planejamento com objetivos a curto, médio e longo prazos. Observação A inclusão no voleibol é um tema cada vez mais relevante, especialmente porque o esporte busca ser acessível e acolhedor para pessoas de diferentes idades, habilidades, gêneros e condições físicas. 23 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE As escolinhas de voleibol oferecem uma série de benefícios que contribuem para o desenvolvimento integral dos praticantes, especialmente crianças e adolescentes. Esses benefícios abrangem aspectos físicos, sociais, emocionais e cognitivos. Vejamos. • Desenvolvimento físico: a prática aprimora a coordenação motora, principalmente de movimentos precisos e eficientes. • Agilidade e velocidade: o esporte desenvolve velocidade de reação, movimentos rápidos e mudanças rápidas de direção, o que aprimora a agilidade e o desempenho dos praticantes. • Força muscular: a repetição de saltos e outros movimentos específicos para o aprendizado dos fundamentos fortalece a musculatura, especialmente a dos membros inferiores. • Desenvolvimento social: o trabalho em equipe proporcionado pela prática do voleibol incentiva a cooperação e a comunicação dos jogadores, o que desenvolve a socialização do grupo. • Disciplina: a participação em treinos e competições promove a disciplina, a organização e o cumprimento de regras, bem como a participação assídua a campeonatos e competições internas. • Autoestima e confiança: estabelecer metas e alcançá‑las ajuda a fortalecer a autoestima e a autoconfiança. • Estilo de vida saudável: a prática regular de atividade física combate o sedentarismo, auxilia no controle de peso, além de liberar endorfinas e proporcionar alívio do estresse. Além de todos os benefícios citados, a aprendizagem do voleibol contribui, sem dúvida, para a ampliação do repertório motor do aluno, que vai aprender a executar todas as técnicas específicas da modalidade. Cada uma das técnicas tem uma exigência física em termos de capacidades motoras. Por exemplo, para executar a técnica da cortada,o aluno precisa da potência de membros inferiores para o salto e de equilíbrio dinâmico, o que envolve o desenvolvimento motor e físico. Para jogar voleibol, o aluno precisará não só conhecer as técnicas, mas as regras básicas, além de entender a dinâmica do jogo. Com o tempo de prática, ele irá explorar algumas formações táticas. Quando estiver jogando, precisará saber analisar as jogadas, decidir como irá intervir e para onde direcionará a bola. O raciocínio rápido e a tomada de decisão farão com que possa alcançar sucesso. Tais aspectos estimulam o desenvolvimento cognitivo. A ação de um jogador é altamente dependente de seu companheiro de equipe. Aquele que finaliza o ponto com uma cortada espetacular só pode fazê‑lo se receber um bom levantamento, e o levantador, por sua vez, depende de um bom passe. Essa interdependência desenvolve nos jogadores um espírito de equipe ainda maior, ensinando a lidar com as diferenças e a respeitar os demais. O fator social, portanto, é sempre desenvolvido. 24 Unidade I Para o desenvolvimento dos aspectos afetivos, é preciso um bom trabalho do técnico, no que diz respeito ao ensino das técnicas, para que o indivíduo possa, uma vez dominando‑as, participar de situações em diferentes momentos, por exemplo, um jogo na escola/no clube, ou um jogo de lazer na praia/no campo. O aluno que tem os conhecimentos básicos do voleibol tem sua autoestima mais elevada e pode se relacionar com pessoas distintas em diferentes situações. O técnico que ensina, instrui, corrige e faz cobranças plausíveis, valorizando acima de tudo o esforço, contribui muito para o crescimento da autoestima e da autoconfiança no aluno. É importante buscar sempre o desenvolvimento integral do aluno/atleta na escola, no clube ou em qualquer lugar onde se insere a prática. Trabalhar de forma ética, de maneira que o foco do trabalho seja o bem‑estar do aluno, é nossa obrigação. O técnico deve sempre assumir a postura de educador, ainda que com atletas adultos, pois seu objetivo é educar o atleta nos aspectos físicos, motores, afetivos, sociais e cognitivos. O jogo de voleibol é composto por: • ações de início da jogada, com os diversos tipos de saques de recepções e de defesa da bola, realizados por meio do toque por cima, da manchete, de rolamentos, de mergulhos e bloqueio; • ações de ataque, efetuadas por meio da cortada, da largada e até mesmo do toque ou da manchete. Verificaremos a seguir como são executadas tais técnicas e quais são os fatores necessários para sua execução. Cada técnica (habilidade motora específica), para ser executada, precisa de algumas capacidades motoras. Descreveremos a seguir as mais importantes. Lembrete É importante buscar sempre o desenvolvimento integral do aluno/atleta na escola, no clube ou em qualquer lugar onde se insere a prática. 3 A EXECUÇÃO DAS TÉCNICAS DO VOLEIBOL 3.1 Posição de expectativa ou posição básica A posição de expectativa é fundamental para vários momentos no jogo, como esperar a bola que vem do outro lado da quadra, por meio de um saque, de um toque ou de uma cortada. Ela permite ao executante entrar em ação rapidamente e propicia um passe de melhor qualidade. Os pés deverão estar em afastamento lateral e anteroposterior, com um deles pouco à frente. O tronco precisará estar inclinado à frente e os braços semiflexionados, com as mãos à frente do tronco, a meio caminho entre a posição de toque e manchete (figuras 11 e 12). As capacidades motoras mais importantes são: resistência muscular localizada de membros inferiores e da musculatura dorsal. 25 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Figura 11 – Posição de expectativa vista de frente Figura 12 – Posição de expectativa vista de lado Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 70). 3.2 Deslocamentos Os deslocamentos permitem que o executante se posicione adequadamente antes de receber a bola, fazendo com que o passe seja realizado de modo correto. Aqueles realizados para as laterais e diagonais devem ser executados a partir da posição de expectativa, iniciando com um passo da perna direita, quando o deslocamento é para a direita, ampliando o afastamento, para em seguida fazer uma passada dupla à direita. O mesmo processo se repete para o lado esquerdo. Para deslocar‑se para frente, partindo da posição de expectativa, você deve iniciar ampliando o afastamento anteroposterior, com um passo com a perna que já estiver à frente; depois dê uma passada dupla. A fim de mover‑se para trás, parte‑se da posição de expectativa e dá‑se o primeiro passo com a perna que estiver atrás, ampliando o afastamento para depois executar uma passada dupla. Durante os deslocamentos, tanto para as laterais como para frente e para trás, o executante deve manter os pés afastados um do outro, o que permitirá que ele esteja preparado para receber a bola. Efetuar as movimentações de forma correta facilitará os passes realizados tanto de toque quanto de manchete, pois permitirão ao jogador chegar ao local em que a bola se dirige e se posicionar adequadamente e de frente para onde o passe será realizado. É importante que, na iniciação ao voleibol, o aluno se posicione corretamente para receber a bola. As capacidades motoras mais importantes são: resistência muscular localizada de membros inferiores e da musculatura dorsal e coordenação de membros inferiores. 26 Unidade I Observação Dedicar‑se ao ensino da posição de expectativa e de deslocamentos antes facilita muito a aplicação das demais, principalmente o toque e a manchete. 3.3 Toque de bola por cima O toque de bola por cima é utilizado para se fazer um passe para o colega de equipe, a fim de enviar a bola para a outra quadra e principalmente executar o levantamento para o ataque. Os levantadores mais experientes sempre o utilizam, pois ele permite maior controle e precisão do que a manchete. Existem variações na execução do toque, como toque de costas, toque lateral e toque em suspensão (saltando). No entanto, na iniciação ao voleibol, deve‑se assegurar que o aluno aprenda primeiro o toque de frente. O toque de bola por cima é realizado sempre acima da cabeça, com as mãos abertas em forma de concha, para o encaixe da bola, de maneira que se forme um triângulo entre os dedos polegares e indicadores. O executante deve se posicionar embaixo da bola e com os membros inferiores e superiores semiflexionados (figuras 13 e 14). No instante do toque na bola, deve‑se fazer a extensão de membros superiores e inferiores, impulsionando a bola para cima e para frente. Figura 13 – Posição do toque de bola por cima vista de lado Figura 14 – Posição do toque de bola por cima vista de frente Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 74). 27 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Observação Temos, na história do voleibol em nosso país, grandes levantadores, que foram considerados os melhores do mundo, tanto no masculino, com Maurício e Ricardinho, quanto no feminino, com Fofão e Fernanda Venturini. As capacidades motoras mais importantes são: resistência muscular localizada de membros inferiores e superiores e coordenação de membros inferiores e superiores. Saiba mais Para saber mais a respeito do conhecimento tático dos levantadores brasileiros, leia o artigo: QUEIROGA, M. A. et al. O conhecimento tático‑estratégico dos levantadores integrantes das seleções brasileiras de voleibol. Fitness and Performance Journal, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 78‑92, 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/yc8mswdt. Acesso em: 13 nov. 2024. 3.4 Manchete A manchete é realizada quando se recebe um saque ou um ataque do adversário, quando se faz um passe para o colega de equipe ou para a outra equipe. Pode ser efetuada também para um levantamento, porém não apresenta tanta precisão quanto o toque. Ela pode ser executada de frente, lateralmente ou de costas, e as duas últimas devem ser ensinadas após o domínio da forma mais básica. Partindo da posição de expectativa, o executante deve estender os membros superioresà frente do corpo, com as palmas das mãos para cima e os dedos unidos, apoiando os dedos de uma das mãos sobre os da outra, fechando os polegares, que irão segurar os dedos. Os braços deverão estar estendidos e a bola deverá ser golpeada nos antebraços no instante em que os membros inferiores fizerem uma leve extensão, transferindo o peso do corpo da perna de trás para a da frente. O movimento dos braços na manchete deve ter origem nos ombros. Os braços devem permanecer estendidos até o final do movimento (figuras 15 e 16). As capacidades motoras mais importantes são: resistência muscular localizada de membros inferiores e coordenação de membros inferiores e superiores. 28 Unidade I Figura 15 – Posição de manchete vista de frente Figura 16 – Posição de manchete vista de lado Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 82). Observação Embora pareça ser de simples execução, a manchete exige muita precisão. Veja que a bola toca exatamente nos antebraços, que devem estar totalmente estendidos (figura 17). Qualquer variação mais acima ou mais abaixo, ou mais em um braço que no outro, causa um desvio importante em sua trajetória, muitas vezes inviabilizando o passe. Figura 17 – Posição da manchete Disponível em: https://tinyurl.com/kc5rartj. Acesso em: 13 nov. 2024. 29 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE 3.5 Saque As jogadas, ou ralis, têm início com um saque. Ele será sempre executado pelo jogador que estiver na posição 1. O saque pode ser por baixo ou por cima (tipo tênis). O saque por baixo é muito utilizado em competições escolares e por principiantes (qualquer idade). Há torneios em que algumas regras são adaptadas para as categorias menores e, entre elas, está o uso desse tipo de saque. Essa regra auxilia a aprendizagem porque o saque por baixo é de recepção mais fácil, o que possibilita às equipes a realização dos três toques, o que seria dificultado com a execução do saque por cima, uma vez que na iniciação a capacidade de recepção não é tão desenvolvida. O saque por cima pode ser realizado com ou sem rotação da bola (saque flutuante). Os dois tipos podem ser praticados com ou sem salto. O flutuante tem ainda uma variação, que é o saque asiático ou balanceado, embora esse tipo seja cada vez menos executado. O saque com rotação segue uma trajetória mais bem definida, contudo, há maior potência. Já o saque flutuante não tem tanta potência, mas sua trajetória irregular dificulta a recepção. 3.5.1 Saque por baixo O sacador deverá se posicionar em qualquer ponto da linha de fundo, atrás dela, com o tronco ligeiramente inclinado à frente, com as pernas em afastamento anteroposterior, e com a perna contrária à mão que irá sacar, à frente. O braço que irá sacar faz um movimento de pêndulo ao lado do corpo, transferindo o peso da perna de trás para a da frente. A bola deverá estar na mão contrária àquela que irá sacar e será realizado um pequeno lançamento. No momento do contato da bola com a mão que saca, o cotovelo e o punho deverão estar estendidos. O contato poderá ser efetuado com a mão espalmada ou com o punho fechado. Quanto maior a área de contato com a bola, maior a precisão e maior a chance de acerto (figura 18). Figura 18 – Movimento do saque por baixo Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 85). 30 Unidade I As capacidades motoras mais importantes são: resistência muscular localizada de membros inferiores e superiores e coordenação de membros inferiores e superiores. Observação Em torneios amistosos ou oficiais, de crianças, adolescentes ou adultos principiantes, use como regra adaptada o saque por baixo. Isso permitirá um jogo de maior volume (com mais tempo de bola no ar) e aprendizagem melhor da recepção e do levantamento por causa do ataque. Em equipes principiantes, que ainda não têm a técnica assimilada, um sacador com muita potência no saque por cima pode definir o jogo sem que haja, necessariamente, ganho evolutivo no desempenho geral, que é o que se espera. 3.5.2 Saque por cima É muito mais potente e difícil de receber do que o saque por baixo. São dois os tipos: com rotação e sem rotação da bola. 3.5.2.1 Saque por cima com rotação da bola O sacador deverá se posicionar na área de saque, com os pés em afastamento anteroposterior e perna contrária à do braço de saque à frente. A bola deverá ser lançada com uma ou as duas mãos acima da cabeça. Ao lançar a bola, os braços são elevados para cima, e o braço que vai golpear a bola passa a linha do ombro para trás, com semiflexão do cotovelo, e o outro braço irá manter‑se estendido na direção da bola. Nesse momento há uma hiperextensão do tronco. Quando a bola descer na altura de alcance da mão, ela será golpeada com o braço bem estendido, com uma flexão do tronco e simultânea flexão do punho. Haverá uma transferência do peso do corpo da perna de trás para a da frente. No término do movimento, o braço de ataque à bola continuará sua trajetória, estendendo‑se para baixo, ao lado do tronco. A flexão do punho e a batida na bola nessa posição, acima da cabeça, irão promover a rotação da bola sobre seu eixo. Esse tipo de saque também pode ser realizado com salto. Nesse caso, o sacador tomará uma distância maior atrás da linha de fundo, lançará a bola com uma ou duas mãos para cima e para frente, dará uma ou duas passadas e um salto com um só dos pés e realizará o movimento de braços descrito. Tal movimento é o mesmo da cortada (que será descrito mais à frente) e ele, conhecido como “saque viagem”, pode ser bem potente e de difícil recepção, por causa da força e da velocidade que alcança, embora tenha trajetória definida. 31 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE 3.5.2.2 Saque por cima sem rotação da bola – flutuante Para realizar o saque flutuante, o sacador deve se posicionar atrás da linha de fundo, na área de saque, em afastamento anteroposterior das pernas, com a perna contrária à mão que saca à frente. A bola deve ser sustentada pela mão contrária à que vai bater na bola, à frente do corpo, com o braço estendido. O braço de ataque deve ser previamente preparado com uma semiflexão do cotovelo e máxima extensão da articulação escapuloumeral. Figura 19 – Saque por cima flutuante Disponível em: https://tinyurl.com/48pxdx3z. Acesso em: 13 nov. 2024. A bola deve ser lançada para cima, na altura suficiente para a batida com o braço estendido, e à frente do corpo, de forma que, se ela não for golpeada, deverá cair no solo em frente ao corpo, à frente do pé que está na frente. A batida na bola é realizada acima da cabeça e à frente do corpo, com a mão espalmada e a palma voltada de frente para a rede. Ao bater na bola, o braço freia o movimento e se mantém estendido e à frente do corpo, de forma paralela ao solo. Isso fará com que a bola se desloque sem rotação de seu eixo e oscilando sua trajetória (figura 20). Figura 20 – Saque flutuante sem salto Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 89). 32 Unidade I O saque flutuante e com salto deve ser executado com uma ou duas passadas à frente, salto em uma ou duas pernas, lançamento da bola mais baixo do que no saque com rotação e com o movimento dos braços já descrito. As capacidades motoras mais importantes são: flexibilidade escapuloumeral e potência de membros superiores e inferiores (no caso dos saques com salto). Saiba mais Promover feedback é fundamental para a qualidade da aprendizagem. Saiba mais a respeito lendo a indicação a seguir: TERTULIANO, I. W. et al. Efeitos da frequência de feedback na aprendizagem do saque do voleibol. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 7, n. 3, p. 328‑335, 2007. Disponível em: https://tinyurl.com/5n943e7c. Acesso em: 13 nov. 2023. 3.6 Cortada A cortada é o fundamento do voleibol utilizado para finalizar a jogada de ataque. O jogador procura enviar a bola de forma potente à quadra adversária e tenta fazer com que ela toque o solo ou dificulte ao máximo a defesa. Trata‑se de uma habilidade motora seriada. Sua execução é bastante complexaporque o jogador deve, além de executar o movimento correto, adequá‑lo ao levantamento que receber. Os ajustes precisam ser realizados durante o movimento. Se o levantamento for mais alto, o indivíduo deverá esperar o tempo certo para iniciar o movimento; se for mais baixo, deverá acelerar o movimento. São necessários também ajustes para os levantamentos mais curtos ou mais longos, mais próximos ou mais distantes da rede. Para os jogadores mais experientes, isso varia de acordo com o bloqueio do adversário. Esses acertos dependem muito da capacidade de coordenação visomotora. O movimento deverá ser realizado de forma que o salto seja executado com domínio do equilíbrio dinâmico, para que não haja contato com a rede e para que o contato com a bola seja realizado no ponto mais alto do salto. O movimento da cortada tem cinco etapas: passada ou deslocamento, chamada, salto, fase aérea e queda (figura 21). 33 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Figura 21 – Movimento da cortada Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 94). A passada, ou o deslocamento, pode ser realizada com um, dois, três ou mais passos de corrida em direção à rede. O mais importante é que, no último passo, a perna contrária ao braço que ataca deve estar à frente. Para iniciantes destros, recomenda‑se o início com o pé esquerdo à frente, uma passada com o pé direito e logo em seguida tocar os dois pés, com o esquerdo um pouco à frente. Esse deslocamento deve ser realizado com o tronco inclinado à frente e em velocidade, para tentar transferir a velocidade em potência de salto. A chegada da passada é na posição da “chamada”. A posição da chamada é a preparação para o salto. Ela é realizada com a perna esquerda um pouco à frente da direita em relação à rede (para destros) e com os joelhos semiflexionados. O tronco precisa estar inclinado à frente e os braços deverão ficar estendidos ao lado do corpo e ser lançados para trás no mesmo instante em que os pés tocam o solo. Nesse momento, o jogador deverá estar a uma distância de pelo menos um braço da rede. Essa posição é fundamental para conseguir um ótimo salto. Na fase do salto, os braços, que estavam atrás do corpo na chamada, são lançados estendidos para frente e para cima, auxiliando o salto. É importante fazer que o aluno execute o salto para cima, e não para frente. Ele deve ser executado de forma que o corpo esteja não exatamente embaixo da bola, mas um pouco para trás dela em relação à rede. A posição correta é o aluno, a bola e a rede. Na fase aérea, no ponto mais alto do salto, o braço que vai golpear a bola deve ser flexionado para trás da linha do ombro, aproveitando a máxima amplitude escapuloumeral, com uma hiperextensão do tronco (como no posicionamento do saque por cima), enquanto o outro braço, que tem uma função de equilíbrio, é estendido na direção da bola, à frente do corpo. Partindo dessa posição, tem início o movimento de batida na bola, no qual o braço de ataque irá golpear a bola totalmente estendido, com a mão aberta encaixando acima e com uma flexão do punho; esse braço terá seu movimento continuado 34 Unidade I passando ao lado do corpo. O braço esquerdo, no momento da batida na bola, será flexionado e trazido junto ao corpo, completando uma flexão do tronco no momento da batida na bola. Figura 22 – Ataque Disponível em: https://shre.ink/geAn. Acesso em: 13 nov. 2024. Observe, na figura 22, a jogadora durante a fase aérea da cortada, preparando‑se para atacar. Note que ela está com o corpo atrás da bola (com relação à rede), o braço esquerdo estendido à frente do corpo, o tronco em extensão, o braço de ataque flexionado e o cotovelo atrás e acima da linha dos ombros. A queda no solo se dá com os dois pés, dividindo o peso do corpo e fazendo uma flexão dos joelhos no momento do contato com o chão. Lembrete Só inicie a aprendizagem da cortada quando os alunos tiverem um domínio razoável do toque e da manchete e conseguirem jogar executando os três toques, caso contrário não haverá sentido em ensiná‑la. Jogadores canhotos terão mais facilidade em aprender a cortada na posição 2, ou saída da rede (figura 23), e os destros na posição 4, ou entrada da rede. 35 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE Figura 23 – Fase aérea do movimento da cortada de um jogador canhoto pela saída da rede Disponível em: https://tinyurl.com/d7nnm9v3. Acesso em: 13 nov. 2024. As capacidades motoras mais importantes são: flexibilidade escapuloumeral, potência de membros superiores e inferiores, velocidade de membros superiores, velocidade de aceleração, equilíbrio dinâmico, coordenação de membros superiores e inferiores e coordenação visomotora. 3.7 Largada A largada, ou colocada, é o ato de finalizar um ataque por meio de um leve toque na bola, que tem por objetivo fazer com que ela caia em determinada área da quadra, mais comumente próxima à rede. Para que a largada seja eficaz, o atleta deverá fazer todo o movimento de cortada, levando o adversário a acreditar que a jogada potente vai ser realizada. No último instante, ele toca na bola levemente com as pontas dos dedos, direcionando‑a para o local desejado. Trata‑se de uma técnica que deve ser ensinada somente após o domínio da cortada, para que não seja um movimento que interfira na aprendizagem dessa técnica. 3.8 Bloqueio O bloqueio é a primeira linha de defesa da equipe. É uma técnica que parece ser de simples execução, porém torna‑se extremamente complexa por ter de ser executada o mais próximo possível da rede e sem tocá‑la. Exige ajuste no momento do salto ao levantamento e ao atacante adversário. Ele tem quatro fases: posição inicial, salto, contato com a bola e queda. 36 Unidade I A posição inicial é executada bem junto à rede, com os pés paralelos em pequeno afastamento, braços flexionados com mãos espalmadas e palmas à frente dos ombros e voltadas para a quadra adversária. Os membros inferiores devem estar em semiflexão e prontos para os deslocamentos e saltos necessários. Figura 24 – Posição inicial de bloqueio Disponível em: https://shre.ink/gIWj. Acesso em: 17 nov. 2024. O salto é realizado com extensão total e simultânea de membros superiores e inferiores. As mãos devem estar espalmadas e pouco afastadas uma da outra, de maneira a não permitir a passagem da bola entre elas. Figura 25 – Movimento do bloqueio Fonte: Bojikian e Bojikian (2012, p. 103). 37 VOLEIBOL: ASPECTOS DO ESPORTE O contato com a bola deve ser realizado no ponto mais alto do salto. Para os jogadores mais experientes, nesse momento deve haver um movimento de flexão do punho e direcionamento da bola para o solo adversário. Para os iniciantes, recomenda‑se ensinar apenas o salto com os punhos estendidos. A queda no solo deve ser realizada com ambos os pés e semiflexão dos joelhos. Os deslocamentos para bloquear poderão ser realizados com passadas laterais ou cruzadas. Para a iniciação, é recomendado que se treine o mesmo deslocamento lateral trabalhado na fase da posição de expectativa. Os tipos de bloqueio estão distribuídos em duas classificações: • De acordo com o número de bloqueadores: simples ou individual, duplo ou triplo. • Conforme o alcance: pode ser defensivo (figura 26) ou ofensivo (figura 27). O bloqueio defensivo é realizado por jogadores não tão altos, do lado da rede do bloqueador, com as mãos espalmadas e voltadas para cima, em uma extensão dos punhos. Sua intenção é amortecer o impacto do ataque adversário, impedindo que a bola seja “cravada” em sua quadra, fazendo com que ela bata em suas mãos e suba em direção à sua quadra, facilitando a defesa de sua equipe. O bloqueio defensivo costuma ser utilizado por jogadores de estatura menor, que não conseguem altura para invadir o espaço aéreo da quadra adversária. É executado por aqueles que não conseguem se posicionar a tempo (chegam atrasados em relação ao ataque) de realizar um bloqueio ofensivo. O bloqueio ofensivo é praticado por indivíduos que conseguem invadir o espaço aéreo do adversário com