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Vitaminas Hidrossolúveis Leandro Bernardino Nutricionista, Pós-graduado em Qualidade na produção de Alimentos/UFAL, Gestão Pedagógica em saúde/UFAL e Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/UFS . Email: leandronutricionista@hotmail.com INTRODUÇÃO • Compostos orgânicos presentes nos alimentos, solúveis em água, fotossensíveis e termolábeis; • São essenciais para reações metabólicas específicas e para o crescimento normal do organismo; • Atuam como coenzimas ou como grupo prostético de enzimas em reações químicas vitais; • De modo geral, não são armazenadas em quantidades significativas no organismo necessidade de suprimento diário; • Menor risco de toxicidade em relação às lipossolúveis; • Não são fonte de calorias, assim não contribuem para o aumento de peso; • Complexo B (7 vitaminas), Vitamina C e Vitamina H; • Alimentação ainda é a melhor fonte de obtenção dessas vitaminas. INTRODUÇÃO NOMENCLATURA Vitamina B1 Tiamina Vitamina B2 Riboflavina Vitamina B3 (PP) Niacina (ác. nicotínico; nicotinamida) Vitamina B6 Piridoxina Vitamina B12 Cianocobalamina Vitamina Bc ou B9 Ácido fólico ou folacina Vitamina B5 Ácido pantotênico Vitamina H Biotina Vitamina C Ácido ascórbico NECESSIDADES DIÁRIAS CATEGORIA IDADE (anos) Tiamina (B1) mg Riboflavina (B2) mg Niacina (B3) mg Piridoxina (B6) mg Lactentes 0,0 – 0,5 0,5 – 1,0 0,2 0,3 0,3 0,4 2,0 4,0 0,1 0,3 Crianças 1- 3 4-8 9-13 0,5 0,6 0,9 0,5 0,6 0,9 6,0 6,0 6,0 0,5 0,6 1,0 Homens 14-18 19-30 31-50 50 + 1,2 1,2 1,2 1,2 1,3 1,3 1,3 1,3 12 16 16 16 1,3 1,3 1,3 1,7 Mulheres 14-18 19-30 31-50 50 + 1,0 1,1 1,1 1,1 1,0 1,1 1,1 1,1 12 14 14 14 1,2 1,3 1,3 1,5 Gestantes ≤ 18 anos 19-50 1,4 1,4 1,4 1,4 18 18 1,9 1,9 Lactantes ≤ 18 anos 19-50 1,4 1,4 1,6 1,6 17 17 2,0 2,0 Fonte: RDA, Nacional Academy of Sciences, 2006 TIAMINA (VITAMINA B1) • Sinônimo: – Aneurina, vitamina F • Estrutura: – Pirimídica acoplada a um núcleo tiazol através de uma ponte metilênica C12 N18N4OSCl2, PM = 337,3 (forma cloridrato – forma livre). • Perde sua atividade quando submetida a altas temperaturas ou pH alcalino; • Microrganismos no trato gastrintestinal podem sintetizá-la, porém em quantidades muito inferiores às necessidades; • Excreção: – pela urina (reflete o estado de ingestão) – pelas fezes (tiamina ingerida e não absorvida) TIAMINA (VITAMINA B1) • FUNÇÕES – Combinada com o fósforo forma a coenzima tiamina pirofosfato – TPP, necessária para a descarboxilação do piruvato, formando acetato e acetil coenzima A. Importante para dar início ao Ciclo de Krebs; – atua no metabolismo de proteína, gordura e ácidos nucléicos; – e principalmente no de carboidratos, mais especificamente no cérebro; – Vitamina antineurítica; – Pode atenuar efeitos neurológicos pelo uso do álcool. TIAMINA (VITAMINA B1) • FONTES ALIMENTARES – Grãos integrais, – carnes magras, – sementes oleaginosas, – gema de ovo, – leguminosas, – Vísceras (fígado, coração e rins), – levedo de cerveja, – peixes. TIAMINA (VITAMINA B1) Deficiência e Toxicidade • Deficiência acentuada causa Beribéri; • Ocorre em áreas alimentação básica com arroz e farinha refinada. Também com a ingestão de peixe cru (microrganismos que produzem tiaminase); • Sem tiamina o sistema nervoso central tem prejudicada a obtenção de energia (glicose) e ocorre degeneração da bainha de mielina; • Deficiência crônica pode causar depressão, fadiga, anorexia, constipação grave, retardo de crescimento e insuficiência cardíaca; Deficiência e Toxicidade • Grupo de risco: – Alcoólatras por baixa ingestão e/ou má-absorção e/ou fosforilação defeituosa; • Síndrome ou Encefalopatia de Wernicke-Korsakoff – Deficiência aguda de tiamina • Toxicidade: – rara – Sintomas: náuseas, edema pulmonar, colapso cardiovascular (raros). BERIBÉRI – nome indonésio dado à doença que resulta da deficiência de tiamina, com sinais clínicos envolvendo sistema nervoso e cardiovascular (fraqueza generalizada, paralisia parcial de nervos motores oculares, aumento do volume do coração, edema ou não). BERIBERI SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF Lesão no sistema nervoso central caracterizado por confusão mental, perda de memória recente e paralisia do nervo ocular (oftalmoplegia). RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) • Sinônimo: – Vitamina G, lactoflavina, hepatoflavina, ovoflavina • Estrutura: – Condensação de um ciclo de isoaloxazina e de um açúcar, a ribose, C17 H20 N4 O6, PM = 376,4. • Pertence ao grupo de pigmentos fluorescentes amarelos denominados flavinas (torna a urina amarela - suplementos); • Estável ao calor, à oxidação e aos ácidos; • Degradada pela ação da luz, principalmente a ultravioleta; • Solubilidade limitada em água faz com que tenha mais resistência no cozimento e processamento dos alimentos; • Excreção pela urina. Não é armazenada no organismo, deve ser suprida pela alimentação, porém pode ser encontrada em pequenas quantidades no fígado e rins. RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) • FUNÇÕES: – participa no metabolismo de macronutrientes para produção de energia (faz parte da coenzima FAD e FMN – transporte de elétrons na mitocôndria); – converte triptofano em niacina; – ativação da vitamina B6; – essencial para a formação de células vermelhas do sangue, para a gliconeogênese e para a regulação de enzimas tireoideanas. OBS.: Devido a coloração amarelo intensa, é utilizada como corante alimentar. RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) • FONTES ALIMENTARES – Cereais integrais, – vegetais folhosos, – leite e derivados (queijo e requeijão), – sementes oleaginosas, – ovos, – leguminosas, – vísceras (fígado, rins), – levedo de cerveja RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) Amplamente distribuída, mas em pequenas quantidade • DEFICIÊNCIA E TOXICIDADE – Deficiência caracterizada pela queilose (lábios), estomatite (boca e gengiva), glossite (língua) e dermatite seborréica, lesões oculares, anemia normocrômica e normocítica, retardo no crescimento parece reflexo da malformação de colágeno na deficiência de riboflavina; – É essencialmente não tóxica, não se encontrando relatos de toxicidade pela ingestão excessiva em seres humanos. Queilose angular e glossite RIBOFLAVINA (VITAMINA B2) Dermatite seborréica NIACINA (VITAMINA B3) • Sinônimo: – Vitamina PP ou fator antipelagra ou pelagramina • Estrutura: – É um termo genérico agrupando duas formas: o ácido nicotínico (C6H5O2N, PM = 123,11) e seu amido, a nicotinamida (C6N6ON2, PM = 122,13); eles derivam de um núcleo piridínico substituído em 3. • Nome genérico para duas substâncias: nicotinamida e ácido nicotínico (facilmente convertido em nicotinamida); • Solúveis em água e álcool e moderadamente resistente ao calor; • Triptofano (aminoácido) precursor de niacina; 60 mg de triptofano pode ser convertido a 1 mg de niacina; • Uma parte pode ser sintetizada por bactérias intestinais e a outra a partir do triptofano pelo organismo. NIACINA (VITAMINA B3) • FUNÇÕES: – Esses coenzimas quando reduzidas (NADH e NADPH) atuam na redução de enzimas e coenzimas que contem riboflavina; – Estudos mostram efeito benéfico da niacina na redução do colesterol e TG e na manutenção de níveis adequados de glicose no DM. NIACINA (VITAMINA B3) • FONTES ALIMENTARES: – cereais integrais, – carnes magras, – sementes oleaginosas (amendoim), – leguminosas, – vísceras, – levedo de cerveja, –aves e peixes, – proteína rica em triptófano NIACINA (VITAMINA B3) Leite é boa fonte de triptófano, mas não de niacina. • DEFICIÊNCIA E TOXICIDADE: – Sintomas: fraqueza muscular, anorexia, indigestão e erupção cutânea; – Deficiência grave: PELAGRA – Grupos de risco: pacientes alcoólatras e pacientes com síndrome de má absorção; – Dieta de risco: alimentação pobre à base de fubá e milho (maior parte da niacina do milho está ligada, em uma forma não assimilável); – Altas doses de niacina: sensação de formigamento e enrubescimento da pele e latejamento devido à ação vasodilatadora. Uso prolongado pode resultar em insuf. hepática e interferir no metabolismo da metionina. NIACINA (VITAMINA B3) PELAGRA DOENÇA DOS TRÊS D’s: dermatite (em áreas de exposição solar), demência e diarréia. Além disso, podem surgir sintomas como tremores e língua amarga (língua de boi); PIRIDOXINA (VITAMINA B6) • Sinônimo: – Piridoxina, adermina • Estrutura: – Núcleo substituído; na verdade, é um termo genérico que agrupa três formas: a piridoxina C8H11NO3, PM = 169,2; o piridoxal C8H9O3, PM = 167,2 e a piridoxamina C8H12O2N2, PM = 168,2. • Vitamina B6 engloba três compostos de piridinas: piridoxina, piridoxal e piridoxamina; • Forma ativa: coenzima piridoxal -5-fosfato (PLP) e piridoxamina-5-fosfato; • Piridoxal fosfato é importante para formação de compostos porfirínicos, partes essenciais da molécula de hemoglobina; • Solúvel em água e álcool. Estável ao calor. Muito pouco estável à luz; • Excreção pela urina (ácido 4-piridóxico); PIRIDOXINA (VITAMINA B6) • FUNÇÕES: – Metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos (pela ação da coenzima piridoxal fosfato - PLP); – papel primário: metabolismo dos aminoácidos (transaminação, desaminação, dessulfuração e descarboxilação); – mantém a integridade funcional do cérebro (atua na síntese de neurotransmissores como dopamina, norepinefrina, serotonina, histamina); síntese de grupos porfirínicos (hemoglobina); – conversão do triptofano em niacina; – formação de colágeno e elastina; – atua nos processos imunorregulatórios. PIRIDOXINA (VITAMINA B6) • FONTES ALIMENTARES: – cereais integrais, – germe de trigo, – carnes, – sementes oleaginosas, – leguminosas, – vísceras, – levedo de cerveja. Bactérias do colón podem sintetizar piridoxina, mas essa fonte não contribui de modo significativo. PIRIDOXINA (VITAMINA B6) Encontra-se ligada a porção protéica dos alimentos. • DEFICIÊNCIA E TOXICIDADE: – Os efeitos de sua deficiência são parecidos aos da deficiência de Riboflavina e Niacina – Dermatite – Diminuição do crescimento – Esteatose hepática – Anemia – Decréscimo da resposta imune – Anormalidades do sistema nervoso central – Maior excreção urinária de oxalato pode levar à formação de cálculos renais – Deficiência grave: anormalidades do SNC, com redução no número de sinapses. – Megadoses/intoxicação: falta de sono (100mg) , neuropatia (2 a 3 g/dia) PIRIDOXINA (VITAMINA B6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • JORDÃO Jr., A.A et al. Vitaminas Hidrossolúveis. In:DUTRA-DE- OLIVEIRA, E. et al. Ciências Nutricionais. Sarvier, 2ed.2008. S. Paulo. 209-229. • GIBNEY, M.J. et al. Introdução à Nutrição Humana. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 2005. • MAHAN, K. & ESCOTT-STUMP, S. KRAUSE: Alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2010.
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