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Samara Pires- MED25 Bioquímica Médica I Vitaminas e minerais Fontes: Harper e Harvey 1. Classificação e conceito São grupos de nutrientes orgânicos necessários em pequenas quantidades no organismo (micronutrientes ). Geralmente, devem ser fornecidas na dieta. Não são relacionados quimicamente. Obs.: os vitágenos são aqueles que têm características funcionais vitamínicas, mas são unidades estruturais e fornecem energia. a) Vitaminas lipossolúveis (4) : compostos hidrofóbicos que são absorvidos quando há absorção normal de gorduras. São transportadas no sangue em lipoproteínas ou fixadas a proteínas de ligação específicas. São elas: vitaminas A (visão e diferenciação celular), D (metabolismo do cálcio e do fosfato, diferenciação celular), E (antioxidante) e K (coagulação sanguínea). A dieta muito pobre em gordura e a esteatorreia podem prejudicar a absorção dessas vitaminas, causando: ● Vitamina A: cegueira noturna e xeroftalmia; ● Vitamina D: raquitismo na infância e osteomalácia (enfraquecimento e desmineralização de ossos maduros) em adultos; Samara Pires- MED25 ● Vitamina E: distúrbios neurológicos e anemia hemolítica em recém-nascidos; ● Vitamina K: doença hemorrágica no recém-nascido. Assim como a falta, o excesso taambém provoca distúrbios. A grande quantidade das vitaminas A e D pode resultar em toxicidade e a das vitaminas A e E e dos carotenos pode resultar em pró-oxidação nociva. b) Vitaminas hidrossolúveis (9) : vitaminas B e C, ácido fólico, biotina e ácido pantotênico. Eles funcionam como cofatores enzimáticos, como o ácido fólico, que carrega unidades de 1 carbono. Veja as deficiências resultantes da falta dessas vitaminas: ● Tiamina: beribéri (lesão dos nervos periféricos); ● Riboflavina (B₂): queilose, glossite e dermatite seborreica; ● Niacina: pelagra (dermatite fotossensível e psicose depressiva); ● Vitamina B₁: anemia megaloblástica, acidúria metilmalônica e anemia perniciosa; ● Ácido fólico: anemia megaloblástica; ● Vitamina C: escorbuto; ● Vitamina H (biotina): comprometimento do metabolismo das gorduras e dos carboidratos e dermatite. c) Elementos minerais orgânicos : devem ser fornecidos pela dieta. Quando ingeridos em excesso, podem ser tóxicos, quando de forma insuficiente, podem surgir sinais de deficiência: ● Ferro: anemia; ● Cretinismo e bócio: iodo. 2. Dose Diária Recomendada (DDR) Nem todos os indivíduos têm as mesmas necessidades de nutrientes, mesmo quando elas são calculadas com base nas dimensões corporais e no gasto energético, porém tem uma faixa de até 25% em torno do valor médio. 3. Vitaminas Lipossolúveis ● Retinoides: retinol, retinaldeído, ácido retinóico → vitamina A pré-formada encontrada em alimentos de origem animal ; ● Carotenoides (origem vegetal): constituídos por carotenos e por compostos relacionados. São encontrados nos vegetais e muitos são precursores da vitamina A. Carotenoides da provitamina A mais importantes em questão de quantidade: os α, β e γ-carotenos e a criptoxantina. A enzima caroteno-oxidase é responsável por clivar o β-caroteno (provitamina) e outros, transformando-o em retinaldeído → retinol → secretado em quilomícrons. ● Vitamina A : é um termo frequentemente utilizado para um conjunto de várias moléculas que são biologicamente ativas, como o retinol, retinal, ácido Samara Pires- MED25 retinoico e o β-caroteno. O retinaldeído é um precursor natural de ácido retinóico, derivado da vitamina A. Ele atua como grupo prostético de proteínas opsinas fotossensíveis, formando a rodopsina (dos bastonetes, que reconhecem luminosidade) e a iodopsina (dos cones, que reconhecem cores). Outras funções da vitamina A: ↪ Controle da diferenciação e da renovação celulares. Como algumas moléculas vitâmeras da vitamina A, isto é, que têm estrutura semelhante e que apresentam atividade vitamínica, se ligam a receptores os quais também estabelecem ligação com a vitamina D e com hormônios tireoidianos, a deficiência ou o excesso da vitamina A prejudicam a função desses dois elementos. ↪ Reprodução: o retinol e o retinal são essenciais para a reprodução normal, mantendo a espermatogênese nos machos e prevenindo a reabsorção fetal nas fêmeas. Como o ácido retinoico é inativo na reprodução e no ciclo visual, os animais que receberam vitamina A somente como ácido retinóico desde o nascimento são cegos e estéreis. Absorção e transporte da vitamina A: os ésteres de retinol presentes na dieta são hidrolisados na mucosa intestinal, liberando retinol e ácidos graxos livres. O primeiro torna a ser esterificado a ácidos graxos e, então, por meio do sistema linfático, são captados pelo fígado e armazenados. Quando necessário, o retinol é liberado do fígado por meio da proteína plasmática ligadora de retinol (PLR), a qual forma um complexo que é reconhecido nas células, permitindo a entrada do retinol, o qual vai até sítios do núcleo, onde funciona analogamente aos hormônios esteroides. No núcleo das células-alvo, o retinol é oxidado a ácido retinóico e este consegue ligar-se com alta afinidade a proteínas receptoras. Lá, ele controla a expressão do gene de queratina na maior parte dos tecidos epiteliais do corpo. ↪ Alimentos que contêm vitamina A : fígado, rim, nata, manteiga e clara de ovos (vitamina A pré-formada). Os vegetais amarelos e verde-escuros e frutas possuem carotenos (precursores de vitamina A). Patologias : ↪ Deficiência da vitamina A: é a causa evitável mais importante de cegueira → perda de sensibilidade à luz verde, comprometimento de adaptação a condições de baixa luminosidade e cegueira noturna. A deficiência mais prolongada gera a xeroftalmia (ressecamento patológico da conjuntiva e da córnea) → queratinização da córnea e cegueira. Casos de acne e de psoríase são tratados com ácido retinoico e seus derivados. Os casos menos graves são tratados com tretinoína, já os mais graves, com isotretinoína por via oral (droga teratogênica e contraindicada para mulheres grávidas). Samara Pires- MED25 ↪ Excesso de vitamina A (hipervitaminose A): acúmulo da vitamina além da capacidade das proteínas de ligação intercelulares (geralmente, acima de 7,5 mg/dia). A vitamina A livre provoca lise da membrana e lesão tecidual. Sintomas de toxicidade: cefaleia, náusea, ataxia (movimentos fora de ordem), hepatomegalia, pele seca e prurítica, hipercalcemia, calcificação dos tecidos moles, alopecia (perda de cabelo) e anorexia. ● Vitamina D : não é exatamente uma vitamina, pois pode ser sintetizada na pele,a qual é a fonte principal na maior parte das vezes, a não ser que a exposição solar seja inadequada. Funções da vitamina D: ↪ Regulação da absorção e da homeostasia do cálcio → ação mediada por receptores nucleares que regulam a expressão gênica. ↪ Regulação da proliferação e da diferenciação celulares. Síntese da vitamina D : ↪ Com a exposição à luz ultravioleta, o 7-desidrocolesterol (precursor endógeno da vitamina D) sofre uma reação enzimática e produz a pré-vitamina D, que se torna colecalciferol e, posteriormente, é absorvido na corrente sanguínea. Este, por sua vez, pode ser ingerido na alimentação ou ser sintetizado na pele → torna-se calcitriol após sofrer duas hidroxilações. No fígado, colecalciferol → calcidiol → liberado na circulação ligado a uma globulina de ligação da vitamina D (principal forma de armazenamento). Nos rins, calcidiol → calcitriol (é o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, o mais potente metabólito da vitamina D). Alguns alimentos enriquecidos contêm ergocalciferol, que se torna ergocalcitriol. ↪ Formas da vitamina D pré-formada: D₂ (ergocalciferol- origem vegetal) e D₃ (colecalciferol- origem animal). Atuação da vitamina D : ↪ O calcitriol regula a quantidade plasmática de cálcio aumentando a absorção intestinal desse mineral, reduzindo a excreção de cálcio (estímulo à absorção nos túbulos renais distais) e mobilizando o mineral ósseo. Ele também está envolvido na secreção de insulina, na síntese e na secreção do paratormônio e dos hormônios tireoidianos, na inibição da síntese de interleucinas pelos linfócitos T ativados e das imunoglobulinas pelos linfócitos B ativados, na diferenciação das células precursoras dos monócitos e na modulação da proliferação celular. Resumindo, muitas vezes atua como hormônio esteroide, pois aumenta a expressão dos genes. ↪ Excesso de vitamina D: há evidências de que um nível maior de vitamina D (acima dos valores recomendados) pode prevenir diversos tipos de câncer, como o de próstata, além de síndrome metabólica e pré-diabetes. Vale lembrar que, embora a exposição à luz solar satisfaça a necessidade normal de vitamina D, o indivíduo pode desenvolver câncer de pele. Samara Pires- MED25 ↪ Alimentos que contêm vitamina D : peixes gordurosos, fígado e gema de ovo. O leite não é uma fonte dessa vitamina. Patologias : ↪ Deficiência de vitamina D: é um problema nas latitudes setentrionais, porque a exposição ao sol é insuficiente. Provoca raquitismo e osteomalácia. No primeiro caso, os ossos das crianças apresentam mineralização deficiente, porque não há absorção de cálcio eficaz. No segundo caso, ocorre desmineralização do osso (principalmente em mulheres após várias gestações). Há poucas evidências de que a vitamina D pode ser usada no tratamento da osteoporose. ↪ Excesso de vitamina D (hipervitaminose): pode levar à calcinose (calcificação dos tecidos moles), náusea, sede, estupor e perda do apetite. Geralmente, ocorre por causa de uma deficiência genética da 24-hidroxilase, que é uma enzima que inativa a vitamina D. A exposição solar longa não leva à intoxicação pela vitamina. ↪ Hipoparatireoidismo: pacientes que não têm o hormônio paratireóideo apresentam hipocalcemia e hiperfosfatemia, o que pode ser resolvido com suplementos de calcitriol e de cálcio. ● Vitamina E : é o descritor genérico para duas famílias de compostos → tocoferóis e tocotrienóis. O mais ativo é o D-α-tocoferol. Funções da vitamina E : ↪ Antioxidante: sequestra radicais livres nas membranas celulares e nas lipoproteínas plasmáticas → reage com radicais resultantes da peroxidação dos ácidos graxos poli-insaturados. Posteriormente, o radical tocoferoxila é novamente reduzido a tocoferol. ↪ Alimentos que contêm vitamina E : óleos vegetais, fígado e ovos têm quantidades moderadas. A DDR de α-tocoferol é de 15 mg para adultos. Patologias : ↪ Deficiência da vitamina E: em laboratório, os animais privados dessa vitamina tornaram-se estéreis → atrofia dos testículos e reabsorção dos fetos. Porém, a deficiência em humanos é desconhecida. Ainda, quando ocorre peroxidação dos lipídios na membrana de hemácias, elas ficam frágeis → anemia hemolítica. ↪ Excesso de vitamina E: é a vitamina menos tóxica, então, mesmo em quantidades acima de 300 mg/dia, não foi observada toxicidade. ● Vitamina K : três compostos apresentam a atividade biológica da vitamina K → a filoquinona (vit. K₁: presente em vegetais folhosos verdes), as menaquinonas (vit. K₂: bactérias da flora intestinal produzem) e a menadiona (sintética, pode ser metabolizada em filoquinona). Samara Pires- MED25 Funções da vitamina K: ↪ Coagulação sanguínea: a vitamina K é necessária para a síntese de proteínas envolvidas na coagulação sanguínea, por meio da formação de um aminoácido incomum.⤵ ↪ A vitamina K é o cofator para a carboxilação dos resíduos de glutamato na modificação pós-sintética das proteínas para formar o aminoácido incomum γ-carboxiglutamato (Gla). Sequência de reações até formar o aminoácido incomum: hidroquinona da vitamina K → oxidada a epóxido → ativa o resíduo de glutamato a formar um carbânion → reage com o CO₂ → forma γ-carboxiglutamato. ↪ Qual é a importância do γ-carboxiglutamato? Esse aminoácido incomum está em proteínas e em fatores de coagulação, como a protrombina, a proteína C e os fatores VII, IX e X. Ao quelar (“aprisionar” por meio de ligações covalentes) os íons cálcio, ele possibilita a aderência de proteínas de coagulação sanguínea às membranas. ↪ Outras proteínas que precisam do γ-carboxiglutamato e que, portanto, dependem da vitamina K → osteocalcina, proteína Gla da matriz do osso e nefrocalcina nos rins. ↪ Alimentos que contêm vitamina K: repolho, couve-flor, espinafre, gema do ovo e fígado. Patologias: ↪ Deficiência de vitamina K: não só a deficiência de vitâmeros da vitamina K, como também a inoculação de seus antagônicos, como o dicumarol (natural das folhas de trevo em deterioração) a varfarina (sintética, utilizada para pacientes com trombose), gera doença hemorrágica. A deficiência de vitamina K por falta de ingestão na dieta é incomum, porque as bactérias da flora intestinal a sintetizam. Obs.: Uma alta dose de vitamina K funciona como antídoto para uma superdosagem de varfarina ↪ Excesso de vitamina K: caso haja menadiona (sintética) em excesso no bebê, ele pode ter icterícia e anemia hemolítica → resultante de efeitos tóxicosna membrana dos eritrócitos. 4. Vitaminas hidrossolúveis ● Vitamina B₁(tiamina): importante no metabolismo dos carboidratos. Funções da tiamina-bifosfato ou pirofosfato de tiamina (TPP): coenzima para três complexos enzimáticos. ↪ Reações de descarboxilação oxidativa: piruvato desidrogenase + carboidratos, α-cetoglutarato desidrogenase no ciclo do ácido cítrico e desidrogenase dos cetoácidos de cadeia ramificada + metabolismo da leucina, isoleucina e valina. ↪ É a coenzima da enzima transcetolase na via das pentoses-fosfato. Samara Pires- MED25 ↪ Ativa um canal de cloreto na membrana das células nervosas → condução nervosa. Patologias : ↪ Deficiência de tiamina: Beribéri (neurite periférica crônica) → pensamento desordenado, irritabilidade (adultos), vômito e convulsões (bebê), pode estar associado ou não à insuficiência cardíaca e ao edema; beribéri pernicioso agudo (fulminante) → predomínio de insuficiência cardíaca e de anormalidades metabólicas; encefalopatia de Wernicke com psicose de Korsakoff → apatia, perda de memória, movimentos rítmicos dos globos oculares; geralmente, decorrente do uso abusivo de álcool e de narcóticos. Nesses problemas, ocorre deficiência na conversão de piruvato em Acetil-CoA e, consequentemente, na produção de ATP. Obs.: pode-se detectar a deficiência de tiamina na dieta pelo aumento da atividade da transcetolase em eritrócitos após a adição de TPP in vitro. ● Vitamina B₂ (riboflavina): fornece as frações reativas das coenzimas FMN (flavina mononucleotídeo) e FAD (flavina adenina dinucleotídeo). Ambas são resultantes da fosforilação em reações acopladas à desfosforilação do ATP. Funções da riboflavina : ↪ São importantes em reações de oxirredução, pois carregam elétrons. Estão presentes na cadeia respiratória, no ciclo do ácido cítrico e em enzimas que oxidam ácidos graxos e aminoácidos. ↪ Alimentos que contêm riboflavina : leite e laticínios. Patologias : ↪ Deficiência de riboflavina: queilose, descamação e inflamação da língua e dermatite seborreica → não é fatal, pois é uma vitamina conservada de forma eficiente nos tecidos. ● Vitamina B₃ (niacina) : não é exatamente uma vitamina, pois pode ser sintetizada no organismo a partir do aminoácido essencial triptofano. O ácido nicotínico e a nicotinamida (derivado do ácido nicotínico que contém uma amida substituindo um grupo carboxila) são vitâmeros da niacina. Sua função metabólica é semelhante ao anel de nicotinamida das coenzimas NAD e NADP nas reações de oxidação/redução. Funções da niacina : ↪ A NAD é a fonte de ADP-ribose para a ribosilação- ADP das proteínas e poli- -ADP-ribosilação das nucleoproteínas envolvidas no meca nismo de reparo do DNA. ↪ Produtos formados a partir da NAD aumentam o cálcio intracelular em resposta a neurotransmissores e hormônios. ↪ Alimentos que contêm niacina : grãos enriquecidos e não refinados, cereais (exceto milho), leite e carnes magras, especialmente fígado. Samara Pires- MED25 Patologias : ↪ Deficiência de niacina: provoca pelagra (3 Ds): dermatite fotossensível → evolui para demência → diarreia. Se não tratada, é fatal. Depende também da deficiência de riboflavina ou de vitamina B₆, pois eles são importantes na produção de nicotinamida a partir de triptofano. ↪ Excesso de niacina: em doses de 100 vezes mais que a DDR, a niacina inibe a lipólise no tecido adiposo, o que inibe a síntese de triacilgliceróis no fígado, pois não há ácidos graxos disponíveis. Por conseguinte, ela diminui os níveis de VLDL e de LDL e aumenta os de HDL. Por isso, a niacina é útil no tratamento da hiperlipoproteinemia (aumento de VLDL e de LDL). ● Vitamina B₆ ou piridoxina : os vitâmeros dessa vitamina são piridoxina, piridoxal, piridoxamina (derivados da piridina) e suas formas fosfatadas. A maior parte dessa vitamina no corpo humano consiste em piridoxal-fosfato nos músculos, que é a coenzima biologicamente ativa. Funções da vitamina B₆ (piridoxal-fosfato) : ↪ O piridoxal-fosfato é uma coenzima envolvida no metabolismo de aminoácidos, principalmente na transaminação e na descarboxilação. Atua também como cofator da enzima glicogênio-fosforilase, onde o grupo fosfato é cataliticamente importante. ↪ Importante na ação dos hormônios esteroides, pois interrompe a ação dos hormônios ao remover o complexo hormônio-receptor de sua ligação ao DNA. Patologias : ↪ Deficiência de vitamina B₆: embora rara, ocorre aumento da sensibilidade às ações de baixas concentrações de estrogênios, de androgênios, de cortisol e de vitamina D. Isso pode ter impacto no desenvolvimento de câncer dependente de hormônio de mama, útero e próstata. ↪ Excesso de vitamina B₆: neuropatia sensorial, lesão neurológica. Única vitamina hidrossolúvel que provoca toxicidade significativa. Obs.: pode-se avaliar o estado dessa vitamina pela ativação da transaminase eritrocitária ao aplicar o piridoxal-fosfato in vitro. ● Vitamina B₁₂ ou cobalamina: é encontrada apenas em alimentos de origem animal, pois é sintetizada exclusivamente por microrganismos. São compostos que contêm cobalto e possuem o anel corrina. Absorção da vitamina B₁₂: ocorre pela ligação ao fator intrínseco, que é uma glicoproteína secretada pelas células parietais da mucosa gástrica. A vitamina B₁₂ é liberada da proteína devido à pepsina e ao ácido gástrico → se liga à cobalofilina (proteína de ligação secretada na saliva) → no duodeno, a cobalofilina é hidrolisada e libera a vitamina para se ligar ao fator intrínseco, o qual se liga apenas aos vitâmeros ativos da vitamina B₁₂ → absorção no terço distal do íleo. Samara Pires- MED25 Funções da vitamina B₁₂: ↪ As enzimas metilmalonil-CoA-mutase e a metionina-sintase são dependentes de vitamina B₁₂. A primeira catalisa a reação de isomerização da metilmalonil-CoA em succinil-CoA. A segunda catalisa a remetilação de um aminoácido em outro → homocisteína em metionina, acoplada à redução irreversível do metileno-tetra-hidrofolato em metiltetra-hidrofolato (metil-H₄ folato). ↪ Alimentos que contêm cobalamina : fígado, leite integral, ovos, ostras, camarões frescos, carne de porco e de galinha. Patologias : ↪ Deficiência de vitamina B₁₂: gera acúmulo de homocisteína e falta das formas de tetra-folato, as quais são fundamentais para a síntese de nucleotídeos e para a replicação do DNA, pois, como, na falta de vitamina B₁₂, a reação com a metionina-sintase não ocorre, o metileno-tetra-hidrofolato não é convertido em metiltetra-folato, o qual é a principalfonte de tetra-folato para os tecidos (esse é o “sequestro do folato”). A deficiência funcional de folato provoca danos na eritropoiese, produzindo hemácias imaturas → anemia megaloblástica ou perniciosa, que é um resultado indireto da insuficiência da vitamina B₁₂ (ocorre não só pela deficiência de vitamina B₁₂, mas principalmente por doenças que impedem a absorção pela ligação do fator intrínseco à vitamina, como as autoimunes e gastrectomia). Portanto, a falta de vitamina B₁₂ provoca uma deficiência secundária de ácido fólico (folato). Outra consequência da anemia perniciosa é a degeneração irreversível da medula espinal, porque não ocorre a metilação de um resíduo de arginina na proteína básica de mielina pela falta de metil no SNC (relacionar com o metiltetra-folato). Além disso, gera o acúmulo de metilmalonil-CoA, pois ele não é convertido em succinil-CoA. Obs.: pode-se medir o estado nutricional da vitamina B₁₂ pela excreção urinária de ácido metilmalônico ou pela sua presença elevada no sangue. Samara Pires- MED25 ● Vitamina H, vitamina B₇ ou B₈ ou biotina : envolve um grupo de estruturas → biotina, biocitina (amplamente distribuída em alimentos) e carboxibiotina (intermediário metabólico ativo). Ela é sintetizada pela microbiota intestinal em quantidades acima das necessárias, por isso sua deficiência não é conhecida, a não ser em pouquíssimos casos de pacientes que ingerem quantidades muito grandes de clara de ovo crua, a qual contém avidina, que se liga à biotina e impede sua absorção. Funções da biotina : ↪ Coenzima das enzimas carboxilases → carreadora do dióxido de carbono ativado. Uma holoenzima com um resíduo de biocitina é formada a partir da transferência da biotina para um resíduo de lisina da apoenzima pela catálise da holocarboxilase-sintase. ↪ Regulação do ciclo celular → biotinilação das proteínas nucleares. Patologias : ↪ Deficiência de biotina: é rara, pois está amplamente distribuída nos alimentos e é suprida pelas bactérias intestinais. Porém, é possível, como no caso da clara do ovo, então provoca glossite, dermatite, perda de apetite e náusea. ● Ácido fólico ou folato ou vitamina B₉: sua forma ativa é o tetra-hidrofolato. Todos os folatos com substituintes de um carbono podem ser encontrados nos alimentos. O 5-formil-tetra-hidrofolato ou ácido folínico, por exemplo, é utilizado em fármacos, pois é mais estável que o folato. Funções do ácido fólico: ↪ Carreador de unidades de um carbono: recebe fragmentos de um carbono de doadores, como a serina, a glicina e a histidina e os transfere para intermediários na síntese de aminoácidos, de purinas e de monofosfato de timidina (TMP), que é um composto essencial na síntese de DNA. Assim, as enzimas que catalisam a metilação em TMP (timidilato-sintase) e as que catalisam a redução do di-hidrofolato (metileno-tetra-hidrofolato após “perder” o metil) a tetra-hidrofolato (di-hidrofolato-redutase) podem ser inibidas por fármacos antineoplásicos e antibacterianos (inibem essas enzimas em bactérias), pois elas estão envolvidas na proliferação celular. Ex.: trimetoprima (antibacteriano), pirimetamina (antimalárico) e metotrexato (inibe a di-hidrofolato-redutase, usado como agente neoplásico para tratamento de psoríase e de artrite reumatoide). Patologias : ↪ Deficiência de folato: afeta as células em rápida divisão, prejudicando a medula óssea e levando à anemia megaloblástica → acúmulo de precursores grandes e imaturos dos eritrócitos, conhecidos como megaloblastos. Essa deficiência é particularmente grave em gestantes, porque gera espinha bífida (defeito na formação do tubo neural) e anencefalia no bebê → importante que haja a ingestão de ácido fólico logo a partir do momento da Samara Pires- MED25 concepção. Vários estudos sugerem que a suplementação com ácido fólico ou o consumo de alimentos podem reduzir o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer. ↪ Excesso de folato: há evidências de que altas doses de ácido fólico (maiores que 0,8 mg/dia) estejam associadas ao risco de desenvolvimento de câncer colorretal entre os portadores de pólipos colorretais pré-neoplásicos. Por isso, a suplementação não é recomendada para a maioria dos adultos de meia idade e para os idosos como o é para as grávidas. ● Vitamina B₅ ou ácido pantotênico : atua como porção funcional de panteteína da coenzima A (CoA), que faz a transferência de grupos acila, ou da proteína carreadora de acil (ACP). A primeira participa das reações do ciclo do ácido cítrico, da oxidação dos ácidos graxos, das acetilações e da síntese do colesterol. Já a ACP participa da síntese dos ácidos graxos. ↪ Alimentos que contêm vitamina B₅: ovos, fígados e leveduras, embora esteja amplamente distribuída. ↪ Patologias : a deficiência do ácido pantotênico não está bem caracterizada em humanos. ● Ácido ascórbico ou vitamina C: é uma vitamina apenas para alguns animais, porque, para outros, serve apenas de intermediário na via do ácido urônico no metabolismo da glicose. O ácido ascórbico (ou ascorbato) e o ácido desidroascórbico são vitâmeros dessa vitamina. Funções da vitamina C: ↪ Coenzima para as hidroxilases que contêm cobre (ex.: dopamina β-hidroxilase) e para as que contêm ferro e que estão ligadas ao α-cetoglutarato, pois, para hidroxilar o substrato, precisam catalisar a descarboxilação oxidativa do α-cetoglutarato, como é o caso da lisina e da prolina hidroxilase, as quais modificam os respectivos aminoácidos na cadeia do colágeno após a sua síntese → transformação do pró-colágeno em colágeno. ↪ Ação como agente redutor e sequestrador de radicais de oxigênio. Patologias : ↪ Deficiência de vitamina C: escorbuto → síntese deficiente de colágeno → alterações cutâneas, fragilidade dos capilares sanguíneos, deterioração das gengivas, queda dos dentes e fraturas ósseas. ↪ Excesso de vitamina C: acima de 100 mg/dia, pode ser benéfico, porque o excesso é eliminado na urina e o ácido ascórbico pode também aumentar a absorção do ferro inorgânico quando está no intestino. Obs.: há poucas evidências de que o excesso de vitamina C possa prevenir o resfriado, mas ela pode reduzir a duração e a gravidade dos sintomas. 5. Sais minerais Samara Pires- MED25 ● As quantidades recomendadas dos minerais essenciais variam de mineral para mineral, pois há alguns que são necessários na ordem de gramas/dia, outros na ordem demiligramas/dia e outros, microgramas/dia (oligoelementos). ● Na maior parte das vezes, os indivíduos consomem quantidades adequadas dos minerais, a não ser em regiões onde o solo é pobre naquele mineral ou em casos específicos, como o do ferro → caso da perda maciça de sangue menstrual ou de parasitos intestinais. Patologias por excesso : ↪ Sobrecarga de ferro: formação de radicais livres. ↪ Altos níveis de selênio no solo: efeitos tóxicos. ↪ Alta ingestão de sódio: gera hipertensão em indivíduos suscetíveis.
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