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Vitaminas Lipossolúveis Leandro Bernardino Nutricionista, Pós-graduado em Qualidade na produção de Alimentos/UFAL, Gestão Pedagógica em saúde/UFAL e Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/UFS . Email: leandronutricionista@hotmail.com INTRODUÇÃO • Grupo de substâncias constituídas de carbono, oxigênio e hidrogênio, com diferentes estruturas; • Solúveis em solventes orgânicos; • Não tem valor energético; • Não é sintetizada pelo organismo (ou pode ser mas em pequenas quantidades); • Necessárias em quantidade mínima; OS ALIMENTOS SÃO SUAS PRINCIPAIS FONTES INTRODUÇÃO • Absorvidas passivamente junto com as gorduras da dieta, por isso necessitam da bile para digestão e do quilomícron para transporte (via linfática); • Via de eliminação fecal ; • Circulam na corrente sanguínea ligadas à proteínas específicas (A e D) ou ligadas às lipoproteínas (E e K); • Risco de toxicidades quando em altas doses NECESSIDADES DIÁRIAS CATEGORIA IDADE (anos) Vit. A (μg ER) Vit. D (μg ) Vit. E (mg ET) Vit. K (μg ) Lactentes 0,0 – 0,5 0,5 – 1,0 400 500 05 05 04 05 2,0 2,5 Crianças / Adolescentes 1- 3 4 -8 9-13 300 400 600 05 05 05 06 07 11 30 55 60 Adolescentes / adultos Sexo masculino 14-18 19-30 31-50 51-70 +70 900 900 900 900 900 05 05 05 10 15 15 15 15 15 15 75 120 120 120 120 Adolescentes / adultos do sexo feminino 14-18 19-30 31-50 51-70 +70 700 700 700 700 700 05 05 05 10 15 15 15 15 15 15 75 90 90 90 90 Gestantes ≤ 18 19-50 750 770 05 05 15 15 75 90 Lactantes ≤ 18 19-50 1200 1300 05 05 19 19 75 90 Fonte: DRIs, Nacional Academy of Sciences, 2006 Vitamina A • Termo genérico de um grupo de sustâncias retinóicas com atividade de vit. A (naturais e sintéticos). Estável ao calor mas sensível ao O2 e à luz solar. • Funções: – participa do processo visual (regenera rodopsina); – manutenção da pele e das mucosas; – crescimento; – reprodução sexual; – sistema imunológico e expressão genética. • Identificada na década de 1910 (1ª vitamina); • Sua deficiência é problema de saúde pública, devido alta morbidade e mortalidade infantil em países pobres; • Principal causa de cegueira na Ásia e África: – 250.000 casos de cegueira em países em desenvolvimento – ↑ incidência no norte e nordeste brasileiro Fontes alimentares • Frutas amarelo-alaranjados, • hortaliças verde escuras e amarelo-alaranjados, • leite integral e seus derivados, • ovos (gema), vísceras (fígado) • óleo de fígado de bacalhau • óleo dendê e de buriti • margarina (fortificada) • Leite humano : – Vit. A → 40 a 70 μg ER/100 ml – Carotenóides → 20 a 40 μg /100 ml (Roncada, M.J., In: Dutra-de-Oliveira, 2008) Obs. Alimentos pobres mas amplamente consumidos pela população podem contribuir com quantidades importantes de vitamina e devem ser considerados. • Carotenóides pró vitamina A → vegetal – Fonte original de vitamina A • Retinol (vit. A pré formada) → animal – Órgão armazenador Fígado ORIGEM CAROTENÓIDES • Pigmento lipossolúvel polinsaturado de cor amarelo, alaranjado ou vermelho, encontrado em hortaliças e frutas (principais fontes); • Nem todo carotenóide possui função de Vit. A (10 %) → – Licopeno – carotenóide sem função de vitamina A (antioxidante) – β -caroteno – maior precussor de vit. A e possui ainda função antioxidante e efeito imunomodulador (proteção contra cânceres, DCV e até catarata • Termoestáveis e fotolábeis. São facilmente perdidos pelo ar e pelo processo culinário – Recomendações – 4 a 5 porções de frutas/hortaliças amarelas ao dia FORMA Retinol Carotenóides Observações • Apenas metade do β-caroteno ingerido é absorvido; • Carotenóides absorvidos mas não convertidos em vit. A, são armazenados no tecido adiposo (cor amarela das gorduras de depósito); • 40 a 50 % da vit. A absorvida é armazenada no fígado; • 40 % excretado (fezes, urina e expirado como CO2); • Mesmo com ingestão descontínua não há maiores interferências nas concentrações sanguíneas de imediato.. DEFICIÊNCIA • Hipovitaminos A (↓ níveis séricos ou plasmáticos da vitamina) – Xeroftalmia → deficiência crônica • A carência depende não só da deficiência de ingestão da vitamina ou de seus precursores. • Redução de proteína, gordura e de zinco também influenciam – Gordura - veículo de vit. A e de carotenóides – Proteína – responsável pelo transporte do retinol e de enzimas transformadoras de carotenóides em moléculas biodisponíveis – Zinco – mobilização da vit. A hepática, através da síntese de proteínas transportadoras DEFICIÊNCIA • Cegueira noturna (1º sinal) • Hiperceratose folicular (pele) • Xerose conjuntival (deficiência a longo prazo) • Manchas de Bitot (olho) • Xerose corneal (def. crônica, mas ainda reversível com administração da vitamina) • Ceratomalácea (cegueira irreversível – amolecimento da cornea) XEROFTALMIA ATINGE PRINCIPALMENTE CRIANÇAS, ESTANDO ASSOCIADA À DESNUTRIÇÃO PROTEICO-CALÓRICA. EM UM ADULTO BEM NUTRIDO POR LEVAR ATÉ 2 ANOS PARA APRESENTAR ALGUM SINTOMA. PREVENÇÃO • Educação alimentar • Fortificação de alimentos • Adminstração regular (semestral) de megadoses de vit. A em crianças acima de 6 meses OMS e UNICEF – suplementação oral como rotina a crianças com sarampo, nas áreas onde a deficiência dessa vitamina for problema de saúde pública ou quando os índices de mortalidade forem altos. Situações de risco de carência nutricional da vitamina A • < 50% das crianças menores de 6 meses em aleitamento materno exclusivo; • ≥ 30% das crianças de 0 a 3 anos com deficiência de estatura; • ≥ 15% das crianças com baixo peso ao nascer; • > 75% de coeficiente de mortalidade infantil na região; • > 50% para o coeficiente de mortalidade na infância (1-4 anos); • < 50% das crianças com cobertura vacinal completa; • > 1% de letalidade por sarampo; • > 50% de ausência de escolaridade formal feminina (materna); • < 50% de residências com água tratada. Fonte: Diniz et al, 2007 TOXICIDADE • Raros quando ligado à ingestão excessiva de alimentos fontes; • Precaução na ingestão de grandes quantidades de fígado por gestantes; • Prevenir pessoal responsável pela administração das megadoses de vitamina líquida, a fim de evitar contaminação; • Hipervitaminose A pode ser aguda ou crônica. Crianças e idosos são mais sensíveis; • Sinais podem ser idênticos aos sinais de carência (queda de cabelo, secura da pele e mucosas, unhas quebradiças, dores ósseas, anemia, entre outros) até ↑ pressão intracraniana, problemas ósseos e lesões cutâneas. TOXICIDADE • ↑ na ingestão de β-caroteno causa carotenodermia, mas não é tóxico; • Porém, consumo excessivo de β-caroteno proveniente de suplementos como anti- oxidante, pode causar uma inversão, tornando-o um pro-oxidante → destruição da vit. A • Estudos estão avaliando se o uso de vitamina A (ácido retinóico) em dermatologia produz teratogênese • Gestantes devem evitar doses superiores às recomendações dietéticas VITAMINA D • Formas fisiologicamente ativas com atividade antiraquítica • Ergocalciferol: – alimentos de origem vegetal (ergosterol + sol) – é usada na fortificação de alimentos ou como aditivo • Colecalciferol : – existente na pele (raios ultravioleta) D2 - Ergocalciferol D3 - Colecalciferol Síntese e Ativação INTRODUÇÃO • Processo rigorosamente controlado; • Precursor é produzido no fígado a partir do colesterol; • Ativação da vitaminaé um processo também rigorosamente controlado; • Enriquecimento de alimentos é uma realidade em países industrializados; • Síntese cutânea depende: – região geográfica, – época do ano, – poluição, – tempo de exposição, – horário de exposição – cor da pele • Estabilidade térmica e sensibilidade são iguais a vit. A. OBS. O teor de vitamina D nos alimentos bem como suas necessidades diárias são expressos em unidades internacionais (UI) Fórmula Vitamina D = todos os esteróides com atividade biológica de colecalciferol • Estimular a absorção do cálcio e do fósforo pela mucosa intestinal; • Facilita a mineralização óssea, especialmente na fase do crescimento; • Auxilia a reabsorção de cálcio e fósforo dos túbulos renais, evitando a perda urinária de cálcio. OBS.: Evidências de envolvimento na fisiologia da pele, pâncreas e células hematopoiéticas. . FUNÇÕES Fontes alimentares • Leite fortificado • Manteiga • Ovos • Vísceras • Peixes gordos (arenque, cavala) • Óleo de fígado de bacalhau • Margarina fortificada OBS.: A vitamina D é ativada no organismo pela luz solar raios ultravioleta. Vegetarianos e crianças em região de baixa incidência solar devem usar alimentos fortificados. Deficiência RAQUITISMO • A forma mais comum é pela não exposição da criança ao sol • Má absorção dietética esteatorréia ou insuficiência renal cronica OSTEOMALÁCEA • Mineralização defeituosa em qualquer idade devido deficiência de Vit. D ou ↓ absorção de Ca • Mais comum em adultos Dieta equilibrada AVALIAÇÃO • Exames radiológicos: • Exames bioquímicos – fosfatase alcalina, – níveis de 1,25-diidroxicolecalciferol – cromatografia líquida de alta resolução(HPLC) – espectrometria de massas – radioimunoensaio Os níveis podem ser afetados pela sazonalidade (verão) e parece ser mais altos nos homens. TOXICIDADE • Hipercalcemia • Hipercalciúria • Anorexia • Fraqueza; • Letargia; • Náuseas • Vômitos • Constipação intestinal • Dores articulares Sintomatologia ligada a suplemento medicamentoso. Reversível em estágios iniciais de intoxicação. A hipervitaminose pode resultar em calcificação irreversível dos tecidos moles principalmente rins, pulmões e coração. VITAMINA E • Grupo de 8 substâncias, divididas em dois grupos: – Tocoferóis e tocotrienóis; • Alfa tocoferol apresenta maior atividade biológica (ALIMENTOS) ATENÇÃO: O termo tocoferol não é sinônimo de Vit. E FUNÇÃO • Antioxidante biológico; • mantém a integridade das membranas celulares que contém ácidos graxos poliinsaturados, impedindo peroxidação; • protege hemácias de hemólise; • atua na manutenção do tecido epitelial e na síntese de prostaglandinas • Fontes alimentares – abacate, óleos vegetais, sementes oleaginosas, gérmen de trigo, alimentos fortificados – Manteiga, toucinho e ovos em pequena quant. Deficiência e toxicidade • Sinais de deficiência – Disfunções neurológicas; – Miopatias; – Atividade anormal das plaquetas – Doenças cardiovasculares, catarata (?) – Em crianças prematuras ou nascidas com baixo peso causa anemia hemolítica – Pode ocorrer em fumante • Baixa toxicidade VITAMINA • Grupo de substâncias com propriedades anti- hemorrágicas • Resistente ao calor • Funções: – atua em sistemas enzimáticos hepáticos; – responsável pela síntese dos fatores de coagulação. • Deficiência: – Aumento no tempo de coagulação; – Prevenção de deficiência através alimentação balanceada com uso costumeiro de folhas verdes e redução no uso de antibióticos; – No RN, prevenção através dose profilática de vit. K ao nascer. Vitamina K • Fontes alimentares: – vegetais folhosos (verde escuro) – fígado (↓) OBS.: grande parte da vitamina K obtida pelo organismo é proveniente do metabolismo bacteriano intestinal. A toxicidade apesar de não ser comum, pode ser medicamentosa e ocorrer em récem-nascidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • RONCADA, M.J. Vitaminas Lipossolúveis. In: DUTRA- DE-OLIVEIRA, E. et al. Ciências Nutricionais. Sarvier, 2ed.2008. S. Paulo. 209-229. • WHITNEY.E.; ROLFES S. R. Entendendo os Nutrientes. V1.1ª ed. 2008. • DINIZ ,A.;SANTOS, L. Epidemiologia da hipovitaminose A e xeroftalmia.In:KAC, G.(org.). Epidemiologia nutricional. Atheneu. 2007.325-347.
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