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1 MATERIAL COMPLEMENTAR DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Trata-se de material complementar, sendo obrigatória a leitura da Doutrina e Jurisprudência. Professor: João Ricardo Fevereiro/2015 2 TERCEIRIZAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO No Direito do Trabalho vige o Princípio da Ajenidad, ou seja, o vínculo de emprego será sempre com o seu real empregador, salvo quando o tomador de serviço for a administração pública, a teor do art. 37, II, CR/88. O natural é que o vínculo de emprego se forme diretamente com o tomador de serviços. A terceirização dever ser considerada como exceção, pois a aquisição do trabalho se dá de forma derivada para a empresa que terceiriza mão de obra. Na terceirização o vínculo empregatício se forma com o empregador aparente (prestadora de serviço), desde que regular, isto é, nos casos previstos em lei ou naqueles em que em que os requisitos formadores da relação de emprego entre o tomador e o trabalhador não estiverem presentes. CONCEITO Vólia Bomfim Cassar – “Terceirização é a relação TRIENAL formada entre o trabalhador, intermediador de mão de obra (empregador aparente, formal ou dissimulado) e o tomador de serviços (empregador real ou natural), caracterizada pela não coincidência do empregador real com o formal.” Maurício Godinho – “Terceirização é o fenômeno pelo qual se dissocia a relação econômica de trabalho da relação justrabalhista que lhe seria correspondente. É o mecanismo jurídico que permite a um sujeito de direito tomar serviços no mercado de trabalho sem responder, diretamente, pela relação empregatícia estabelecida com o respectivo trabalhador.” 3 É possível verificar que na terceirização há dois contratos formais distintos, um entre o intermediário de mão de obra e o tomador de serviços, de natureza civil; e o segundo entre o trabalhador terceirizado e o intermediário de mão de obra, de natureza trabalhista, não obstante a relação de trabalho ser entre o empregado e o tomador de serviços, caracterizada como uma relação de fato. Fundamentos Fático-sociais Diante da globalização econômica e a consequente competitividade do mercado interno, com a flagrante exigência de menores custos, a terceirização apresenta-se apenas como uma das formas que os empresários têm buscado para amenizar seus gastos, reinvestindo no negócio ou aumentando seus lucros. Pelo fato da legislação brasileira não possuir regras objetivas sobre a matéria as praticas foram se exteriorizando descontroladamente, em verdadeiro abuso de direito (art. 187, CC). Na tentativa de regular minimamente a matéria, o Ministério do Trabalho editou a Instrução Normativa nº 3/97, na tentativa de orientar a fiscalização do Trabalho: Intermediário de mão de obra (empresa Interposta) Contrato de natureza Civil Tomadora dos Serviços Contrato de natureza trabalhista Trabalhador Terceirizado 4 I – DA EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TERCEIROS Art. 2º - Para os efeitos desta Instrução Normativa, considerando-se empresa de prestação de serviços a terceiros a pessoa jurídica de direito privado, de natureza comercial, legalmente constituída, que se destina a realizar determinado e específico serviço a outra empresa FORA DO ÂMBITO DAS ATIVIDADES-FIM E NORMAIS para que se constitui esta última. § 6º Os empregados da empresa de prestação de serviços a terceiros não estão subordinados ao poder diretivo, técnico e disciplinar da empresa contratante. Art. 3º - Para os efeitos desta Instrução Normativa, considera-se contratante a pessoa física ou jurídica de direito pública ou privado que celebrar contrato com empresas de prestação de serviços a terceiros com a finalidade de contratar serviços. § 1º A contratante e a empresa prestadora de serviços a terceiros devem desenvolver atividades diferentes e ter finalidades distintas. Da mesma forma o Tribunal Superior Trabalho Editou a Súmula 331, cuja redação segue abaixo: SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e 5 nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade- meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. I – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Requisitos exigidos para a regularidade da terceirização de serviços: • Contratação de serviços de vigilância (Lei 7.102/83); • Contratação de serviços de limpeza; • Serviços especializados à atividade-meio do tomador; • Ausência de pessoalidade e subordinação • Terceirização definidas pela Lei. CASOS DE TERCEIRIZAÇÃO 1. Subcontratação de operários pelo empreiteiro principal (Art. 455, CLT). Na hipótese de inadimplemento do subempreiteiro, o empreiteiro principal responde, para alguns, solidária e para outros subsidiariamente (majoritário). 6 O dono da obra não responde juntamente com o empreiteiro principal (OJ 191 da SDI, do TST1), salvo se há fim econômico (incorporadora) são considerados como empreiteiro principal. 2. Contratos Temporários - Lei 6.019/74 • Prazo de vigência – 03 meses, podendo ser renovado com expressa autorização do Ministério do Trabalho por igual período; • Formalidade – Contrato Escrito • A empresa de trabalho é a responsável pelas obrigações trabalhistas. Contudo, na hipótese de falência desta, a tomadora de serviço responderá solidariamente pelo período em que o empregado esteve sob suas ordens. • O empregado pode ser contratado para o exercício da atividade-fim. 3. Serviços de Vigilância – Lei 7.102/83 • Contratação de atividade-fim (Instituições Financeiras, art. 1º, Lei 7.102/83); • Terceirização legal; • Súmula 257, TST (VIGILANTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermédio de empresas especializadas, não é bancário. • Súmula 331, III, TST: “Não forma vínculode emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983)” 4. Serviços ligados à limpeza ou especializado à atividade-meio do tomador – Súmula 331, TST 1 OJ 191 da SDI, do TST: “Dono da obra. Responsabilidade Diante da inexistência de previsão legal, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.” 7 • Em qualquer caso preenchido os requisitos dos arts. 2º e 3º, o vínculo de emprego restará configurado entre o trabalhador e o tomador de serviços. • Terceirização de atividade-meio da administração pública, mediante contrato escrito precedido de licitação regular. RESPONSABILIDADE DO TOMADOR DE MÃO DE OBRA A súmula 331, IV e VI, do TST, prevê a responsabilidade subsidiária dos tomadores de serviços na hipótese de inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte das empresas empregadoras. SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Requisitos: 1) Ter participado da relação processual; 2) Constar no título Executivo; 3) Responsabilidade apenas pelo período em que o empregado aborou. Fundamento Jurídico: O empregador que viola direitos trabalhistas de seu empregado comete ato ilícito, e o tomador dos serviços abusa do direito de Privilegia a Ampla Defesa e o Contraditório 8 terceirizar, pois deveria fiscalizar o cumprimento do contrato e escolher melhor as empresas intermediadoras de mão de obra. Logo, configurado o abuso no direito de contratar, caracteriza-se o ato ilícito previsto pelo arts. 186 e 187, CC, ensejando assim a responsabilidade civil na forma dos arts. 186 e 187 c/c 927 c/c 942 do Código Civil2. Dessa forma, mesmo na hipótese de terceirização regular o tomador de serviço responderá subsidiariamente quando demonstrado o abuso na contratação. Na hipótese de contratação irregular, além da responsabilidade o vínculo trabalhista será atribuído diretamente ao tomador de serviço3. Responsabilidade do Tomador Público 1ª Corrente (adotada pelo TST – Súmula 331, V) – Entende que a administração pública responde subsidiariamente quando comprovada a culpa na fiscalização do cumprimento dos contratos de responsabilidade da empregadora (culpa in vigilando); 2ª Corrente – Entende que o art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 é inconstitucional, com base no art. 37, § 6º, da CRFB. 3ª Corrente – Entende que o art. 71, da Lei 8.666/93 não colide com o art. 37, § 6º, CRFB, não podendo a administração pública responder pelas obrigações contratuais dos empregadores. A discussão quanto à constitucionalidade do art. 71, da Lei 8.666/93 foi superada a partir do julgamento da ADC nº 16, pelo STF, que afastou a 2 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. 3 Súmula 331, I, TST – “A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário” 9 transferência de obrigações trabalhistas, fiscais e comerciais à administração pública4. Responsabilidade do Tomador de Serviço na Terceirização Irregular: O inciso I, da Sumula 331, TST é claro ao preceituar que a contratação de trabalhador por empresa interposta é ilegal e gera vínculo direto com o tomador de serviço. Assim, verificada a ilicitude da terceirização (atividade-fim; existência de subordinação e pessoalidade; ou ofensa às formalidades previstas pela lei de contrato temporário Lei 6019/74), surge ao empregado os seguintes direitos subjetivos: 1) Nulidade do contrato de trabalho com o prestador de serviço. 2) Vínculo direito com o tomador de serviço. 3) Enquadramento ao sindicato da categoria econômica do tomador de serviço. 4) Isonomia salarial e benefícios, considerando o trabalhador contratado diretamente pela tomadora e que exercia a mesma função; não existindo paradigma, o salário fixado pelo sindicado. 5) Solidariedade pelas obrigações trabalhistas entre a tomadora e a prestadora de serviços. Direitos do Trabalhador Terceirizados � A lei não exige isonomia de tratamento entre trabalhadores terceirizados e os empregados da empresa tomadora de serviços, salvo em se tratando de trabalhador temporário, quanto à remuneração. � O trabalhador terceirizado ajustará o seu salário com o seu empregador. 4 Lei 8.666/93: Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. 10 � A categoria sindical do trabalhador terceirizado seguirá a atividade desenvolvida por seu empregador. Assim, os direitos coletivos podem ser diferentes. � Não há que se falar em equiparação salarial. � Comprovada a irregularidade da terceirização, não haverá equiparação, mas o reconhecimento do vínculo com o tomador e todos os direitos inerentes à categoria, recebidas por seus trabalhadores contratados diretamente. O Doutrinador Maurício Godinho, de forma diversa, defende que os direitos garantidos ao trabalhador temporário, regido pela Lei 6.019/74, devem ser estendidos para todo o tipo de trabalhador terceirizado. A tese defendida pelo Ministro vem sendo seguida pela jurisprudência: OJ-SDI1-383 TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRES- TADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974 (mantida) - Res. 175/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974. 11 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Definição: Vólia Bomfim Cassar: “O Direito Coletivo é a parte do Direito do Trabalho que trata coletivamente dos conflitos do trabalho e das formasde solução desses mesmos conflitos. Trata da organização sindical e da forma de representação coletiva dos interesses da classe profissional econômica.” Otávio Bueno Magano: “A parte do Direito do Trabalho que trata da organização sindical, da negociação e da convenção coletiva do trabalho, dos conflitos coletivos do trabalho e dos mecanismos de solução dos mesmos.” Denominação: O Direito Coletivo já foi denominado Direito Corporativo, Direito Normativo, Direito Sindical. Evolução Histórica: O Direito do trabalho em sua perspectiva coletiva apresenta seus pilares a partir da concepção moderna do trabalho, das novas formas de contratação/exploração, quando o contrato é visto como o meio de vincular o trabalhador, antigo artesão proprietário de suas terras e ofício, com o empregador, atual detentor da propriedade, dos meios econômicos e poder. A partir da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, a nova concepção da exploração do trabalho exigiu uma organização dos trabalhadores em associação de socorro mútuos e para a reivindicações 12 conjuntas, embriões dos Sindicatos atuais, na tentativa de uniformizar o modelo de exploração do trabalho e, por conseguinte, afastar, no que couber, as desigualdades e o sentimento de exploração no âmbito laboral. “No curso do século XIX, as lutas travadas por melhores condições de trabalho e as reivindicações coletivas de trabalhadores põem em relevo dimensão coletiva da relação do trabalho, criando condições, a partir do começo do século XX, para a percepção da singularidade deste relação jurídica, abrindo caminho para a incorporação dos direitos sociais nas constituições (primeiro na Constituição da Revolução mexicana depois na Constituição alemã de Weimar em 1919, ingressando no constitucionalismo brasileiro a partir da Constituição de 1934), para o reconhecimento da autonomia do direito individual do trabalho e para o surgimento de meios judiciais e extrajudiciais de solução de conflitos coletivos”.5 Princípios: 1) Princípio da Liberdade Sindical – A liberdade sindical é a base do Direito Coletivo. É um direito Subjetivo público que veda a intervenção do Estado na criação ou funcionamento do Sindicato. Art. 8º, I, Constituição da República: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 5 CASSAR, Vólia Bomfim – Direito do Trabalho – 5ª Edição, pag. 1288. 13 I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; A liberdade sindical possui duas vertentes: a) Coletiva - A lei autoriza ao grupo constituir o sindicato de sua escolha, com a estrutura e funcionamento que desejar, com ampla autonomia. A Constituição define apenas a base territorial, a fim de evitar a constituição de mais de um sindicato representante de categoria, que invariavelmente representaria conflitos de ideias e discussões. (art. 8º, II, CR/88) b) Individual:- (art. 8º, V, CR/88) Positiva: I – O Direito dos trabalhadores e dos empregadores de se reunirem a companheiros de profissão ou a empresas com atividades iguais ou conexas para fundar sindicatos ou outras organizações sindicais; II – o direito de cada trabalhador ou empregador de se filiar a essas organizações e nelas permanecer. Negativa: I – O direito de se retirar de qualquer organização sindical quando quiser; II – O Direito de não filiar-se a sindicato ou outra organização sindical. 2) Princípio da Preponderância do Interesse Coletivo sobre o Individual Art. 619, CLT: 14 “Nenhuma disposição de contrato individual de trabalho que contrarie normas de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na execução do mesmo, sendo considerada nula de pleno direito” Considerando que o Direito Coletivo se preocupa com a melhoria da condição social do trabalhador, seria um contrassenso a hipótese de cláusulas estipuladas em contratos individuais sobreporem-se às normas estipuladas em acordos ou convenções coletivas. Destaca-se que até mesmo na hipótese de determinada empresa não apresentar situação econômica favorável, em nome da manutenção da saúde econômica desta e, por conseguinte, da vigência dos contratos de trabalho, autoriza-se a discussão de normas e procedimentos que evite a rescisão contratual em massa. Não se discute interesses individuais, mas os interesses de uma categoria como um todo. 3) Princípio da Autonomia Coletiva ou Poder de Autorregulamentação Os sindicatos representativos das categorias dos empregados e dos empregadores negociam com a finalidade de criarem, alterarem ou suprimirem direitos trabalhistas, normalmente de caráter privado, que irão vincular as partes atingidas pelo convênio coletivo resultante da negociação coletiva. Art. 611, CLT: “Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo (ABSTRATO, COGENTE NO ÂMBITO DA CATEGORIA), pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho 15 aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho“. “§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho”. 4) Princípio da Busca do Equilíbrio Social ou da Paz Social Por se tratar de lide entre dois agentes sociais com interesses antagônicos, que se chocam (capital X Trabalho), a negociação coletiva tem por finalidade buscar o equilíbrio destes dois lados desiguais, pondo fim ao conflito, pacificando a coletividade e restabelecendo o equilíbrio social. Exemplo de desequilíbrio social: Greve dos policiais na Bahia em 2012. 5) Princípio da Adequação ou da Adaptação A finalidade de negociação coletiva é a de adequar os direitos trabalhistas a cada categoria, de acordo com a região, época, situação econômica, empresa, condições de trabalho, etc. Exemplo: quando uma empresa estiver passando dificuldades financeiras, a finalidade da negociação será reduzir direitos privados antes garantidos à categoria, evitando assim despedidas coletivas. 6) Princípio do Limite da Negociação Coletiva As normas coletivas têm ampla liberdade para conceder benefícios superiores aos previstos na lei, mas têm limitações quando desejarem reduzir ou suprimir direitos previstos em lei. Caberá o empregador 16 comprovar a situação financeira que motivaria a redução de benesses, a ponto de colocar em risco a sua existência. O empregador deverá comprovar na negociação coletiva que a redução de benesses seria a única forma de se evitar demissão coletiva. 7) Princípio da Boa-fé ou da Lealdade entre os Negociantes A boa-fé, princípio geral de direito, e a lealdade contratual, pautam-se na colaboração e transparência nas tratativas. O direito à informação deve ser garantido aos negociantes, para que os trabalhadores tenham a exata noção da contabilidade da empresa e os empregadores dos reais problemas enfrentados pelos empregados. 8) Princípio da Intervenção Obrigatória dos Sindicatos Para a validade da negociação coletiva a lei exige a intervençãoobrigatória dos sindicatos, salvo na ausência de sindicato da categoria ou recusa nas negociações. Constituição da República: Art. 8º - “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:” III – “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. VI – “é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho” CLT Art. 611 – “Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo (ABSTRATO, COGENTE NO ÂMBITO DA CATEGORIA), pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho“. 17 PROCESSO Nº TST-RODC-309/2009-000-15-00.4 – Ministro Relator MAURICIO GODINHO DELGADO RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO. DISPENSAS TRABALHISTAS COLETIVAS. MATÉRIA DE DIREITO COLETIVO. IMPERATIVA INTERVENIÊNCIA SINDICAL. RESTRIÇÕES JURÍDICAS ÀS DISPENSAS COLETIVAS. ORDEM CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICA EXISTENTE DESDE 1988. A sociedade produzida pelo sistema capitalista é, essencialmente, uma sociedade de massas. A lógica de funcionamento do sistema econômico-social induz a concentração e centralização não apenas de riquezas, mas também de comunidades, dinâmicas socioeconômicas e de problemas destas resultantes. A massificação das dinâmicas e dos problemas das pessoas e grupos sociais nas comunidades humanas, hoje, impacta de modo frontal a estrutura e o funcionamento operacional do próprio Direito. Parte significativa dos danos mais relevantes na presente sociedade e das correspondentes pretensões jurídicas têm natureza massiva. O caráter massivo de tais danos e pretensões obriga o Direito a se adequar, deslocando-se da matriz individualista de enfoque, compreensão e enfrentamento dos problemas a que tradicionalmente perfilou-se. A construção de uma matriz jurídica adequada à massividade dos danos e pretensões característicos de uma sociedade contemporânea – sem prejuízo da preservação da matriz individualista, apta a tratar os danos e pretensões de natureza estritamente atomizada – é, talvez, o desafio mais moderno proposto ao universo jurídico, e é sob esse aspecto que a questão aqui proposta será analisada. As dispensas coletivas realizadas de maneira maciça e avassaladora, somente seriam juridicamente possíveis em um campo normativo hiperindividualista, sem qualquer regulamentação social, instigador da existência de mercado hobbesiano na vida econômica, inclusive entre empresas e trabalhadores, tal como, por exemplo, respaldado por Carta Constitucional como a de 1891, já há mais um século superada no país. Na vigência da Constituição de 1988, das convenções internacionais da OIT ratificadas pelo Brasil relativas a direitos humanos e, por conseqüência, direitos trabalhistas, e em face da leitura atualizada da legislação infraconstitucional do país, é inevitável concluir-se pela presença de um Estado Democrático de Direito no Brasil, de um regime de império da norma jurídica (e não do poder incontrastável privado), de uma sociedade civilizada, de uma cultura de bem-estar social e respeito à dignidade dos seres humanos, tudo repelindo, imperativamente, dispensas massivas de pessoas, abalando empresa, cidade e toda uma importante região. Em conseqüência, fica fixada, por interpretação da 18 ordem jurídica, a premissa de que “a negociação coletiva é imprescindível para a dispensa em massa de trabalhadores”. DISPENSAS COLETIVAS TRABALHISTAS. EFEITOS JURÍDICOS. A ordem constitucional e infraconstitucional democrática brasileira, desde a Constituição de 1988 e diplomas internacionais ratificados (Convenções OIT n. 11, 87, 98, 135, 141 e 151, ilustrativamente), não permite o manejo meramente unilateral e potestativista das dispensas trabalhistas coletivas, por de tratar de ato/fato coletivo, inerente ao Direito Coletivo do Trabalho, e não Direito Individual, exigindo, por conseqüência, a participação do(s) respectivo(s) sindicato(s) profissional(is) obreiro(s). Regras e princípios constitucionais que determinam o respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1o, III, CF), a valorização do trabalho e especialmente do emprego (arts. 1o, IV, 6o e 170, VIII, CF), a subordinação da propriedade à sua função socioambiental (arts. 5o, XXIII e 170, III, CF) e a intervenção sindical nas questões coletivas trabalhistas (art. 8o, III e VI, CF), tudo impõe que se reconheça distinção normativa entre as dispensas meramente tópicas e individuais e as dispensas massivas, coletivas, as quais são social, econômica, familiar e comunitariamente impactantes. Nesta linha, seria inválida a dispensa coletiva enquanto não negociada com o sindicato de trabalhadores, espontaneamente ou no plano do processo judicial coletivo. A d. Maioria, contudo, decidiu apenas fixar a premissa, para casos futuros, de que “a negociação coletiva é imprescindível para a dispensa em massa de trabalhadores”, observados os fundamentos supra. Recurso ordinário a que se dá provimento parcial. 9) Princípio da Equivalência Entre os Negociantes Os sindicatos têm a mesma equivalência jurídica e econômica com igualdade para negociarem. 10) Princípio da Atuação de Terceiros Quando as partes não conseguirem, isoladamente, chegar a um consenso, mantendo o impasse nas propostas, os interessados devem ser acompanhados por terceiro para, intermediando a negociação, aproximar os pontos de vista, podendo agir ativa ou passivamente, arbitrando ou não a solução, agindo sempre com imparcialidade. Art.114, §§1° E 2°, CF/88. 19 ENTES COLETIVOS: SINDICATOS – Art. 8º, CF/88. Resumo Cronológico na Legislação Brasileira: • Constituição de 1891 – Limitou-se a assegurar o livre exercício de qualquer profissão, garantindo também a livre associação. • Decreto n° 979/03 – Foi a primeira legislação que regulou a materia em nosso país, tratando das organizações sindicais dos trabalhadores rurais – agricultura, mas era de sindicatos mistos. • Decreto n° 1.637/07 – estendeu o direito à sindicalização a todos os trabalhadores. A partir desta nova legislação houve um grande avanço, sendo promulgado o Decreto n° 19.770/31, dispondo sobre a organização sindical; e a CLT (Decreto-Lei n° 5.452/43), regulando a criação e todo o funcionamento do sindicato. • Constituição de 1934 – Autorizou a pluralidade sindical. • Constituição de 1937 – Impôs a Unicidade Sindical, instituiu o imposto sindical compulsório e considerou a greve e o lockout como recursos nocivos e antissociais. • Constituição de 1946 – Manteve os ditames da Constituição anterior, mas garantiu a liberdade de associação e o direito de greve. • Constituição de 1967 – Previu eleições sindicais obrigatórias e garantiu o direito de greve. • Constituição de 1988: � Proibiu a Interferência do Estado na criação e funcionamento do Sindicato (LIBERDADE SINDICAL); � Manteve a unicidade sindical (art. 8°, II – “é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município”; � Manteve a divisão dos sindicatos por categoria; � A contribuição sindical compulsória; 20 � Sistema federativo; e � Poder normativo da Justiça do Trabalho Conceito Vólia Bomfim Cassar – “Os sindicatos nasceram com a finalidade de obter, por meios conflituosos, a melhoria das condiçõesde trabalho e, por via de consequência, de vida. As conquistas dos trabalhadores são conseguidas através de negociações coletivas intermediadas ou deflagradas pelos respectivos sindicatos.” Mauricio Godinho Delgado – “Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida.” “Sindicato seriam entidades associativas permanentes, que representam, respectivamente, trabalhadores, lato sensu, e empregadores, visando a defesa de seus correspondentes interesses coletivos.” Valetin Carrion – “Sindicato de empregados é o agrupamento estável de membros de uma profissão, destinado a assegurar a defesa e representação da respectiva profissão para melhorar as condições de trabalho (Durand, Gomes-Gottschlk), curso). O sindicato patronal congrega os empregadores com a finalidade de defender seus interesses econômicos.” De acordo com a legislação vigente, Sindicato é uma associação permanente, detentora de personalidade jurídica (art. 44, I, CC – Pessoa Jurídica de Direito Privado), sem ingerência do Estado na sua constituição ou administração, cuja representação dos direitos coletivos ou individuais da categoria (empregadores ou econômica) é obrigatória, nos limites da 21 base territorial definida pelos trabalhadores ou empregadores, não obstante a liberdade de associação. Aquisição da Personalidade Jurídica Sindical: 1) Registro no órgão competente para a constituição da associação (Registro Civil de Pessoa Jurídica – RCPJ) 2) Registro junto ao Ministério do Trabalho (Regulado pela Portaria 186/08) OJ-SDC-TST – 15: “a COMPROVAÇÃO DA LEGITIMIDADE AD PROCESSUM da entidade sindical se faz por seu registro no órgão competente do Ministério do Trabalho, mesmo após a promulgação da Constituição Federal de 1998. Categoria Profissional (art. 511, caput, e § 2°, CLT) – Conjunto de trabalhadores que têm, permanentemente, identidade de interesses em razão de sua atividade laborativa. Categoria Profissional Diferenciada (art. 511, § 3°, CLT) – É que tem regulamentação específica do trabalho diferente da dos demais empregados da mesma empresa, o que lhe faculta convenções ou acordo coletivos próprios, diferentes dos que possam corresponder às atividade preponderante do empregador, que a regra geral. O paralelismo sindical importa na existência de um sindicato representativo da categoria profissional para cada sindicato correspondente à categoria. Tal medida privilegia os princípios da autonomia coletiva e do Equilíbrio Social, pois possibilitará que as discussões levantadas por cada categoria sejam do conhecimento de cada sindicato, corroborando assim para uma decisão mais equânime. 22 Estrutura Sindical Confederação – Art. 535, CLT – As confederações organizar-se-ão com o mínimo de três federações e terão sede na Capital da República. Federação – Art. 534, CLT – “É facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação”. Sindicato - associação permanente, detentora de personalidade jurídica (art. 44, I, CC – Pessoa Jurídica de Direito Privado), sem ingerência do Estado na sua constituição ou administração, cuja representação dos direitos coletivos ou individuais da categoria (empregadores ou econômica) é obrigatória, nos limites da base territorial definida pelos trabalhadores ou empregadores, não obstante a liberdade de associação. Obs: A doutrina não é pacífica quanto à recepção dos arts. 535 e 534 pela Constituição da República de 1988, diante da regra elencada pelo art. 8°, I, CR/88, cuja redação é clara ao afastar a intervenção estatal tanto da constituição sindical quanto da sua administração. a) Entendendo que os artigos não teriam sido recepcionados o Doutrinador Valetin Carrion assim preleciona: “Todas as normas que criem exigência para reconhecimento ou funcionamento de associações ou sindicatos estão revogadas tacitamente.” Confederação (3 Federações) Federação (5 Sindicatos) Sindicatos (Unidade Sindical) 23 b) Entendendo pela recepção dos dispositivos legais, a Doutrinadora Vólia Bomfim, assim se manifestou: “O sistema sindical acima foi recepcionado pela Carta de 1988, na medida em que o inciso II do art. 8°da CF/88, determinou que a organização, em qualquer grau, seja representativa de categoria profissional ou econômica. Quando a CRFB se refere ‘qualquer grau’ se referiu às instâncias sindicais (sindicatos, federações e confederações). Centrais Sindicais: Ponto importante quanto à estrutura sindical é o fato de as Centrais Sindicais não estarem incorporadas ao sistema sindical brasileiro. Ao revés, as Centrais Sindicais são meros órgãos classistas, que representam e coordenam classes trabalhadoras, para ajudar no diálogo político econômico. Como órgão político as Centrais Sindicais orientam mais de um sindicato, usufruindo de parte da contribuição sindical, o que, considerando a estrutura sindical brasileira, fere o princípio da unicidade sindical. 24 Forma de Custeio do Sindicato 1) Contribuição anual compulsória para toda a categoria – arts. 578/580 e 582/587, CLT; 2) Contribuição estatutária – art. 548, “b”, 513, “e”, CLT – geralmente são mensais e atinge somente os associados; 3) Contribuição confederativa – art. 8, IV, CR/88. Só para associados. 4) Contribuição Assistencial ou quota de solidariedade – Previstas nas normas coletivas. Apenas para associados – arts. 513 e 545, CLT. (contraprestação pelos custos em participação em negociação coletiva) OJ-SDC-17: 17. CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. (inserida em 25.05.1998): “As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados.” Imunidade de Impostos A constituição afasta a instituição DE QUALQUER IMPOSTO em face dos sindicatos, na forma do art. 150, VI, “c”, CR/88. ESTABILIDADE SINDICAL: Art. 8º: VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Requisitos para aquisição da Estabilidade: 25 1) Registro da Candidatura 2) Cargo de Direção ou Suplente 3) A aprovação no pleito OJ-SDI-1-365 – A estabilidade sindica não abrange o conselheiro fiscal. Prerrogativas dos Sindicatos: Art. 8, III, CR/88 e art. 513, CLT a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais relativos à atividade ou profissão exercida; b) celebrar contratos coletivos de trabalho; c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; d) colaborarcom o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, na estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; e) impor contribuições a todos àqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas. FORMAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS Os conflitos podem ser individuais e coletivos: a) Conflitos Individuais – Individuais são aqueles que têm por objeto interesses individuais concretos, de pessoas indeterminadas. b) Conflitos Coletivos de Trabalho – Ocorrem quando existir divergência de interesses trabalhistas entre grupo de trabalhadores e seus empregadores, para defesa de algum interesse coletivo do grupo ou dos membros que o compõem. Os conflitos coletivos de trabalhos podem ser divididos em: i) Econômicos ou de Interesses; e ii) Jurídicos ou de Direito. 26 I – Econômicos ou de Interesses – São os conflitos que têm por objetivo a criação ou modificação das condições de trabalho; II - Jurídicos ou de Direito - Têm por finalidade a interpretação e/ou aplicação de normas jurídicas preexistentes, como, por exemplo, a interpretação de cláusula de convenção coletiva ou de regulamento da empresa. Negociação Coletiva “Caracteriza-se como fonte de elaboração de normas positivadas, portanto, como fonte material, as negociações coletivas têm como função a criação, modificação ou supressão de condições de trabalho, isto á, sua função é normativa ou flexibilizadora. Além disso, de destina à composição de conflitos, logo, também tem função pacificadora, servindo de importante instrumento de redução das demandas judiciais e estabilidade social. Acrescentem-se ainda as funções política, econômico e social.” 6 A própria Constituição autoriza a autocomposição nas hipóteses de redução de salário (art. 7º, VI); jornada de trabalho (art. 7º XIII e XIV). Limites aplicados às negociações: parâmetros mínimos e direitos básicos do trabalhador (saúde, alimentação, higiene). Súmula nº 437 do TST INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no 6 CASSAR, Vólia Bomfim – Direito do Trabalho – 5ª Edição, pag. 1315. 27 mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT PRINCÍPIOS: 1) Participação Obrigatória dos Sindicatos a) Convenção: Sindicatos dos Empregados e o Econômico b) Acordo – Sindicato dos Empregados 2) Simetria entre os contratantes (Sindicatos) 3) Lealdade e Transparência A não participação do Sindicato nas negociações não invalida o pactuado, mas afasta a natureza coletiva, passando a ser um simples contrato individual, aplicando-se, na hipótese, a norma mais favorável ao trabalhador (art. 468, CLT) A solução dos conflitos de trabalho pode assumir diversas formas: I) Ajuste Direto – Ocorre quando há entendimento direto entre o patrão e os operários, sem a participação de terceiros: Ex. Acordo Coletivo, art. 611, § 1°, CLT. 28 II) Conciliação – Pressupõem a participação de um terceiro na negociação coletiva, que pode ser um particular ou algum órgão do Estado, na tentativa de aproximar as partes aos pontos principais do conflito. Não adentra ao mérito do conflito. III) Mediação – Intervenção de um terceiro que formula recomendações, conselhos e faz indicações das melhores soluções, sempre na tentativa de ajudar as partes a resolverem, voluntariamente, o conflito. IV) Arbitragem (art. 114, §§ 1º e 2º, CR/88) – As partes convencionam submeter o litígio à solução de um terceiro por elas eleito. Este árbitro formulará laudo que será respeitado pelas partes. A decisão proferida pelo árbitro fará coisa julgada entre as partes. Podendo, apenas, ser anulada pelo Poder Judiciário, na forma do art. 33, da Lei 9.307/96. V) Decisão Judicial ou Jurisdição – É a submissão do litígio à jurisdição estatal que solucionará o conflito através de uma sentença coletiva. Convenção Coletiva A convenção coletiva de trabalho é um negócio jurídico extrajudicial pactuado entre o sindicato dos empregados e o sindicato dos empregadores, com vigência temporária e no âmbito territorial dos sindicatos. Suas cláusulas são comandos abstratos, gerais e impessoais, ou seja, apresenta força de lei. Art. 611, CLT - Convenção Coletiva de Trabalho É O ACORDO DE CARÁTER NORMATIVO, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. 29 Acordo Coletivo O acordo coletivo de trabalho é o negócio jurídico extrajudicial firmado entre sindicato dos empregados e uma ou mais empresas, obrigando-se as partes dentro do período de vigência e na base territorial da categoria. Suas cláusulas são comandos abstratos, gerais e impessoais, ou seja, apresenta força de lei. Art. 611, § 1º, CLT - É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. Pressupostos De acordo com os art.s 613 e 614, CLT para a validade do convênio coletivo necessário que: i) Seja escrito; ii) Conste prazo de vigência (máximo de dois anos – art. 614, § 3°, CLT); iii) A negociação coletiva seja autorizada por assembléia sindical, respeitando o quorum mínimo; iv) Depósito de uma via do instrumento coletivo na DNT ou na MTPS e fixação na empresa de cópias do ajuste normativo, em local visível. v) Negociação coletiva (Vólia Bomfim Cassar) Pontos controvertidos na Doutrina Por entenderem que os art.s 612 a 615, da CLT seria uma afronta a autonomia sindical, prevista no art. 8°, I, da CR/88, alguns doutrinadores 30 (José Augusto Rodrigues Pinto; Arnaldo Sussekind; Délio Maranhão) acolhem a tese de os pressupostos exigidos pela lei infraconstitucional para a realização e formalização dos acordos e convençõescoletivas não teriam sido recepcionados pela Constituição da República de 1988. Contudo, parte da doutrina entende que parte dos dispositivos foram recepcionados pela Carta Maior. Assim, a doutrinadora Vólia Bomfim Cassar entende que “alguns dos requisitos de validade impostos nos art.s 613 e 614 da CLT são regra de proteção à incolumidade de vontade da maioria e à publicidade da norma. Assim, se não for alegado vício de consentimento ou de publicidade a norma será válida, desde que escrita, de vigência temporária e representativa da categoria, mesmo quando não preenchidos tais requisitos consolidados.” Assembleia Sindical para Deliberação sobre a Realização do Acordo ou Convenção Coletiva – Controvérsia Doutrinária: Assim como há controvérsia quanto à receptividade dos arts. 613 e 614 da CLT pela Carta Maior de 1988, a doutrina da mesma forma apresenta discussão quanto à validade do quorum exigido pelo art. 612 da CLT para a realização de assembléia cujo objeto seria a discussão sobre a viabilidade e necessidade do acordo ou convenção a ser negociado. Parte da Doutrina, Arnaldo Sussekind e Amauri Mascaro Nascimento, defendem que o quorum a ser respeitado deve ser aquele estipulado nos estatutos dos respectivos sindicatos que têm liberdade para estipulação. Estando a categoria devidamente representada por seu sindicato, o ajuste coletivo efetuado entre eles deve ter validade independentemente dos requisitos legais. Entendendo de forma diversa, parte da doutrina sustenta que o art. 612 protege a incolumidade da vontade dos interessados, pois impõe que 2/3 dos associados deliberem a respeito do tema.7 O TST vem aplicando a regra do art. 612, conforme ementa abaixo: PROC. Nº TST-RODC-743.300/01.5 7 Vóli Bomfim Cassar e Eduardo Gabriel Saad. 31 DISSÍDIO COLETIVO. QUORUM. ASSEMBLÉIA GERAL. ART. 612 DA CLT. 1. Os membros da diretoria do sindicato profissional presentes à assembléia geral compõem o quorum legal. 2. Verificada a presença de mais de um terço do total de empregados sindicalizados, considera-se atendido o pressuposto processual do art. 612 da CLT.3. Recurso ordinário a que se nega provimento quanto à alegação de ausência de pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo. Prorrogação, Revisão, Denúncia e Revogação – Art. 615, CLT. Em todos os casos há necessidade de autorização previa da assembléia, registro e arquivamento no DRT. Prorrogação – a prorrogação, mesmo que submetida à previa aprovação em assembléia, não poderá ser superior a prazo de vigência legal (art. 614, § 3° - 02 anos). Revisão – Pode ser realizada tanto para acrescentar quanto para reduzir direitos, pois as regras coletivas não geram direitos adquiridos, já que as benesses coletivas não se incorporam de forma definitiva aos contratos individuais de trabalho. Denúncia – Ocorre quando uma das partes notifica a outra de que não vai mais cumprir a norma coletiva. As obrigações somente serão extintas a partir da concordância da outra parte. Caso negativo, seus efeitos serão suspensos para que sejam rediscutidas as cláusulas ou, caso não seja possível, que um terceiro solucione o conflito. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza 32 econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Revogação – Ocorre quando as partes, de comum acordo, decidem desfazer total ou parcialmente o ajustado na norma coletiva. Trata-se de ato bilateral. Obrigatoriedade da participação dos Sindicatos: Os conflitos coletivos de trabalho devem ser intermediados pelos Sindicatos, Federação ou Confederação, na forma do art. 8°, VI, CR/88. Contudo, na ausência destas pessoas, poderá ser criada uma comissão de negociação para deliberar e negociar coletivamente, art. 4°, § 2°, da Lei 7.783/89 e art. 617, § 1°, da CLT. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva. Art. 617 - Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas DARÃO ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas empresas interessadas com relação § 1º Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha se desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar conhecimento do fato à Federarão a que estiver vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à correspondente Confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva até final 33 ao Sindicato da respectiva categoria econômica. Conflito entre Acordo e Convenção Coletiva. Havendo conflito entre acordo coletivo e convenção coletiva deve ser aplicada a norma mais favorável ao trabalhador. Processo: AIRR 40065220105010000 4006-52.2010.5.01.0000 Relator(a): Guilherme Augusto Caputo Bastos Julgamento: 11/05/2011 Órgão Julgador: 2ª Turma Publicação: DEJT 20/05/2011 1. ACORDO E CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. APLICAÇÃO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. ARTIGO 620 DA CLT. NÃO PROVIMENTO. Da exegese do artigo 620, da CLT, tem-se que, no conflito de acordo e de convenção coletiva de trabalho, deve prevalecer a norma mais benéfica ao empregado, entendida essa no seu todo, tendo em vista a teoria do conglobamento, adotada por este colendo Tribunal Superior. Na hipótese, o egrégio Tribunal Regional concluiu que as cláusulas da convenção coletiva, firmada entre os sindicatos representantes das categorias econômica da reclamada e profissional da reclamante, se mostraram mais benéficas do que as do acordo coletivo de trabalho (Súmula nº 126). Nesse contexto, ilesos os artigos 574 da CLT, 5º, II e XXXVI, e 7º, VI e XXVI, da Constituição Federal. Agravo de instrumento a que se nega provimento . 34 Efeitos das Cláusulas Coletivas sobre o Contrato de Trabalho Art. 613 - As Convenções e os Acordos deverão conter obrigatòriamente: IV - Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos. § 3º Não será permitido estipular duração de Convenção ou acordo superior a 2 (dois) anos. � As cláusulas normativas aplicam-se para todos os membros da categoria, associado ou não associado – art. 611, CLT. A doutrina se divergequando a eficácia das normas coletivas nos contratos de trabalho após o termo de sua vigência. 1ª Corrente (majoritária) – As cláusulas normativas das convenções e dos acordos coletivos, assim como as das sentenças normativas, só integram o contrato de trabalho durante a vigência da norma. Extinta a norma, mesmo que outra não seja ajustada, as benesses podem ser suprimidas, salvo quanto ao reajuste salarial (art. 7°, VI CR/88). Este era o entendimento aplicado pelo TST Súmula 277 - SENTENÇA NORMATIVA. CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVOS. VIGÊNCIA. REPERCUSSÃO NOS CONTRATOS DE TRABALHO (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno em 16.11.2009) - Res. 161/2009, DEJT divulgado em 23,24 e 25.11.2009. 35 I - As condições de trabalho alcançadas por força de sentença normativa, convenção ou acordos coletivos vigoram no prazo assinado, não integrando, de forma definitiva, os contratos individuais de trabalho. II - Ressalva-se da regra enunciada no item I o período compreendido entre 23.12.1992 e 28.07.1995, em que vigorou a Lei nº 8.542, revogada pela Medida Provisória nº 1.709, convertida na Lei nº 10.192, de 14.02.2001. 2ª Corrente (Mozart Victor Russomano, Otavio Magano) – O direito criado pela normativa incorpora definitivamente ao contrato do trabalhador. 3ª Corrente (Arnaldo Sussekind, Orlando Gomes, Arion Romita e Valentin Carrion) – Sustentam a ultra-atividade das cláusulas normativas que o direito normativo vigorará para aqueles empregados até que outra norma expressamente o suprima, modifique ou altere. ESTE É O NOVO ENTENDIMENTO APLICADO PELO TST: Súmula nº 277 do TST CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE (redação alterada na s na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificados ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. 4ª Corrente (Renato Rua de Almeida e Amauri Mascaro) – Sustenta que as cláusulas normativas não vigoram após a extinção da norma coletiva, salvo no que se refere às vantagens pessoais adquiridas. Os requisitos para a incorporação seria o trabalhador ter preenchido as condições ainda na vigência da norma coletiva, e que seja benefício continuado e não episódico. 36 Ex.: Estabilidade após dez anos. Obtida a estabilidade na vigência da norma coletiva, incorpora-se o direito ao contrato do trabalhador. DISSÍDIO COLETIVO Trata-se de procedimento processual previsto pelo art. 114, § 2º, da Constituição da República8, quando as partes envolvidas na negociação coletiva (Sindicatos) não chegam a um denominador comum, sendo necessária assim uma resposta do Poder Judiciário. Nenhum processo de dissídio coletivo poderá ser instaurado antes de se esgotarem todos os meios de autocomposição (art. 114, §§1º e 2º, CR/88) Os Dissídios Coletivos subdividem-se em: REGIMENTO INTERNO TSTS: Art. 220. Os dissídios coletivos podem ser: I - de natureza econômica, para a instituição de normas e condições de trabalho; II - de natureza jurídica, para interpretação de cláusulas de sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e de atos normativos; Dissídio Coletivo Jurídico ou de interpretação: 8 Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente 37 Tem o objetivo de possibilitar a aplicação ou mesmo a interpretação de uma norma convencional ou legal a um caso concreto. A sentença tem natureza declaratória. Interpretação de norma genérica: OJC 07. DISSÍDIO COLETIVO. NATUREZA JURÍDICA. INTERPRETAÇÃO DE NORMA DE CARÁTER GENÉRICO. INVIABILIDADE. (inserida em 27.03.1998) Não se presta o dissídio coletivo de natureza jurídica à interpretação de normas de caráter genérico, a teor do disposto no art. 313, II, do RITST. A interpretação se restringe às hipóteses de leis aplicáveis à totalidade dos trabalhadores. Dissídio Coletivo Econômico ou de Interesse Requisitos para a propositura do Dissídio Coletivo Econômico: O Dissídio Coletivo Econômico ou de Interesse detém natureza jurídica de Ação Constitutiva, pois visa criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. 1) Legitimidade: a) entidades sindicais (Sindicatos, Federação e Confederação), art. 857, CLT, condicionado ao quorum previsto pelo art. 859, CLT; b) Empresas (OJC19) _ Doutrinador Henrique Macedo Hiniz c) Presidente do Tribunal – Na hipótese de Greve (art. 856, CLT) d) Ministério Público – na hipótese de Greve de atividade essencial – art. 114, §3º, CR/88 2) Interesse Processual – Frustração das negociações previamente realizadas pelas partes interessadas, art. 114, §§ 1º e 2º, CR/88 e art. 616, CLT; e dissídio proposto de comum acordo (expressa ou tacitamente) 3) Competência: 38 a) Originária – TRT que tiver jurisdição sobre a base territorial das entidades litigantes, art. 678, I, CLT; b) Se a base de uma ou mais entidades estiver sob a jurisdição de mais de um Tribunal Regional, a competência será do TST, art. 702,b, CLT Poder Normativo da Justiça do Trabalho: Poder Constitucionalmente conferido aos tribunais trabalhistas para, executando uma atividade jurisdicional, dirimirem os conflitos laborais mediante o estabelecimento de novas condições de trabalho, respeitando as garantias mínimas já previstas em lei. Sentença Normativa: prolatada nos autos do processo de dissídio coletivo econômico ou de interesses surte os mesmos efeitos que os acordos e as convenções coletivos de trabalho. Vigência da sentença normativa: Art. 867 - Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes, ou seus representantes, em registrado postal, com franquia, fazendo-se, outrossim, a sua publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados. Parágrafo único - A sentença normativa vigorará: a) a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do art. 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em vigor, da data do ajuizamento; b) a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do art. 616, § 3º. Prazo máximo de vigência: 04 anos (art. 868, parágrafo único) Efeitos Recursais: 1) Efeito Devolutivo 39 2) Efeito Suspensivo (fundamentação da necessidade) - Lei 10.192/01 - Art. 14. O recurso interposto de decisão normativa da Justiça do Trabalho terá efeito suspensivo, na medida e extensão conferidas em despacho do Presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Ação de Cumprimento Art. 872 - Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir- se-á o seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título. Parágrafo único - Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados, juntandocertidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na decisão. (Redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.7.1954) GREVE Trata-se da cessação coletiva e voluntária do trabalho, decidida por sindicatos de trabalhadores assalariados de modo e obter ou manter benefícios ou para protestar por eventual descumprimento legal ou contratual. Nicolas Pizzardo Suarez: “Greve é a suspensão temporal do trabalho, resultante de uma coalização operária – acordo de um grupo de trabalhadores para a defesa de interesses comuns – que tem por objetivo obrigar o patrão a aceitar suas exigências e conseguir, assim, um equilíbrio entre os diversos fatores da produção, harmonizando os direitos do trabalho e os de capital.” Finalidade: 40 Pressionar o empregador para ceder em alguns pontos relativos aos direitos da respectiva categoria. Trata-se de um meio legal atribuído à categoria mais vulnerável, a fim de buscar a adequação dos direitos provenientes do exercício da atividade laboral, que apresenta certa resistência por parte da categoria profissional. � Durante o período de greve os contratos de trabalho permanecem suspensos, art. 7º, lei 7783/89; � No período de greve é vedada a dispensa sem justa causa, art. 7º, parágrafo único, lei 7783/89. Requisitos9: 1) Insatisfação da categoria 2) Provocação do sindicato 3) Convocação de Assembleia 4) Deliberação (quorum) 5) Pauta de reivindicações 6) Tentativa de negociação com o patrão 7) Negociação frustrada 8) Nova assembléia 9) Deliberação pela greve 10) Comunicação no prazo legal à entidade patronal, ao patrão e à comunidade 11) Greve ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS DE DIREITO COLETIVO - TST 11. GREVE. IMPRESCINDIBILIDADE DE TENTATIVA DIRETA E PACÍFICA DA SOLUÇÃO DO CONFLITO. ETAPA NEGOCIAL PRÉVIA. (inserida em 9 . Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. 41 27.03.1998) É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto 22. LEGITIMIDADE "AD CAUSAM" DO SINDICATO. CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS ATIVIDADES EXERCIDAS PELOS SETORES PROFISSIONAL E ECONÔMICO ENVOLVIDOS NO CONFLITO. NECESSIDADE. (inserido dispositivo) - DEJT divulgado em 16, 17 e 18.11.2010 É necessária a correspondência entre as atividades exercidas pelos setores profissional e econômico, a fim de legitimar os envolvidos no conflito a ser solucionado pela via do dissídio coletivo. 28. EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA AGT. PUBLICAÇÃO. BASE TERRITORIAL. VALIDADE. (inserida em 19.08.1998) O edital de convocação para a AGT deve ser publicado em jornal que circule em cada um dos municípios componentes da base territorial. 35. EDITAL DE CONVOCAÇÃO DA AGT. DISPOSIÇÃO ESTATUTÁRIA ESPECÍFICA. PRAZO MÍNIMO ENTRE A PUBLICAÇÃO E A REALIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. (inserida em 07.12.1998) Se os estatutos da entidade sindical contam com norma específica que estabeleça prazo mínimo entre a data de publicação do edital convocatório e a realização da assembléia correspondente, então a validade desta última depende da observância desse interregno. Legitimidade: A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, mediante a participação obrigatória dos respectivos sindicatos, art. 8º, VI, CR/88 Todavia, ausente o ente sindical representativo da categoria ou negando estes a discussão do movimento grevista, a lei autoriza a formação de uma comissão de trabalhadores para o prosseguimento do procedimento grevista: art. 4º, lei 7783/89. Limitação do Direito de Greve: O direito constitucional do exercício de greve encontra limitação legal: Constituição da República: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 42 § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Lei 7783/89: Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. 43 Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação. No que tange ao exercício do direito de greve pelos servidores públicos, art. 37, VI e VII, CR/88, a Constituição exige norma regulamentadora. Todavia, a partir do julgamento dos Mandados de Injunção nº 670/ES e 712/PA, reconheceu o exercício do direito de greve pelos servidores públicos, tendo como parâmetro a lei 7783/89, até que o legislador cumpra a determinação constitucional. GREVE ABUSIVA10: 1) Ofensa aos ditames da lei 7783/89 2) Não observância dos setores essenciais 3) Inobservância da etapa negocial; 4) Greve mediante sabotagem, invasão ou violência A simples participação no movimento grevista não enseja aplicação de qualquer penalidade, mesmo quando declarada ilegal ou abusiva. Súmula 316, STF: Adesão à Greve - Constituição de Falta Grave A simples adesão à greve não constitui falta grave. 10 Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. 44 Assim, o excesso constitui-se justa causa: o empregado que participa de piquete obstativo ou que pratica atos previstos no art. 6º da Lei 7783/89, participando de ocupação, que tenta contra o patrimônio do empregador ou atos previstos no art. 482, CLT. Assim, a maioria da doutrina entende que a simples participação do movimentogrevista não seria ilícito capaz de gerar a aplicação da Just causa. Todavia, Amauri Mascaro Nascimento e Eduardo Saad comungam do entendimento de que a greve abusiva gera a presunção de justa causa. Declarada a greve abusiva o Empregador estará autorizado a descontar daqueles que participaram do movimento os dias de paralisação.
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