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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
1
 
TEORIAS ORGANIZACIONAIS E A NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL: 
UMA DISCUSSÃO ACERCA DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS 
ORGANIZAÇÕES 
semprequeu@yahoo.com.br 
 
Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio 
RAQUEL BREITENBACH; JANAÍNA BALK BRANDÃO; RENATO SANTOS DE 
SOUZA. 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA, SANTA MARIA - RS - BRASIL. 
 
Teorias Organizacionais e a Nova Economia Institucional: uma discussão 
acerca dos elementos constitutivos das organizações 
 
Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão no Agronegócio. 
 
Resumo 
Além da complexidade em torno da definição de organizações, também se estabeleceu, ao 
longo da história, diferentes perspectivas e paradigmas em teorias organizacionais, os quais 
se somam num processo de construção histórica. Este artigo buscou resgatar parte dessa 
história, destacando algumas das principais transformações e, posteriormente, focar na 
perspectiva organizacional contemporânea denominada Nova Economia Institucional. 
Também foram identificadas as principais limitações da NEI e da Economia dos Custos de 
Transação e, a partir delas, buscou-se demais elementos constitutivos das organizações que 
complementassem a teoria em questão. Os principais elementos discutidos foram a cultura, 
o poder e o capital social. Estes se relacionam diretamente com o comportamento e a 
subjetividade humana, permitindo considerar as organizações como processos sociais e/ou 
socialmente construídas. 
Palavras-chave: teorias organizacionais, pressupostos comportamentais, economia dos 
custos de transação. 
 
Organizational Theories and the New Institutional Economy: a discussion 
about the constituents of the organizations 
 
Abstract 
Besides the complexity around the definition of organizations, also established, throughout 
history, different perspectives and paradigms in organizational theories, which are added in 
a historic building process. This article sought to redeem part of that history, highlighting 
some of the major transformations and, subsequently, focused on contemporary 
organizational perspective called New Institutional Economics. Also were identified the 
main limitations of the NIS and of the Economy of Transaction Costs, and from them, it 
were searched other components of organizations that complement the theory in question. 
The main points discussed were the culture, the power and the social capital. Those are 
relates directly to the behavior and human subjectivity, enabling organizations to consider 
the social processes and / or socially constructed. 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
2
Keywords: organizational theories, behavioral assumptions, economy of transaction costs. 
 
1- Introdução 
O termo organizações apresenta-se como de difícil definição, recebendo, ao longo 
da história, olhares e preocupações diferenciadas. Além disso, destaca-se a existência de 
variados tipos de organizações, podendo ser sem fins lucrativos, públicas, privadas, 
filantrópicas, ONG’s (organizações não-governamentais). Os tipos de organizações 
diferenciam-se um dos outros, bem como se diferenciam as organizações pertencentes a 
uma mesma categoria, visto que cada uma delas possui características específicas. 
Clegg e Hardy (1999) chamam a atenção para a complexidade que envolve a 
definição de organizações. São consideradas, por estes autores, objetos empíricos e que, ao 
serem observadas, permitem que cada observador possa ver nelas algo diferente, ou seja, se 
reconhece o individuo com suas subjetividades e não como um observador neutro. Nesse 
caso, as organizações são vistas como processos sociais e como construídas socialmente, 
suas características estão enraizadas na maneira de ser e de se organizar dos indivíduos que 
as compõe. 
Dentre as transformações históricas ocorridas nos estudos organizacionais, 
destacam-se as mudanças nas delimitações das organizações. Estas ocorrem à medida que 
as entidades se fundem, se descaracterizam, ocorrendo a formação de cadeias, redes, 
conglomerados e alianças estratégicas, na busca de colaboração entre organizações para 
resolver problemas empresariais. Essas mudanças abrem espaço para a necessidade de uma 
mudança de foco (nível) das análises organizacionais (ex: agronegócio, cadeias produtivas, 
cadeias de suprimentos). 
No que se refere à teoria das organizações, constata-se que tem evoluído 
consideravelmente desde os primeiros estudiosos de análise organizacional. De um modo 
geral, a mudança mais significativa envolve a passagem do uso de métodos da ciência 
normal (preocupada unicamente com a estrutura das organizações e utilizando métodos 
comparados aos utilizados para estudar a natureza) para análises que consideram também 
as variáveis humanas, traços de personalidade e comportamento, bem como consideram 
questões culturais e de poder dentro das organizações. 
Porém, esse período de transformação das teorias envolveu diferentes perspectivas1 
e diversos paradigmas2. Também ocasionou uma aproximação de diferentes áreas para o 
estudo organizacional, tais como a economia, administração, psicologia e demais ciências 
sociais. 
Dessa forma, percebe-se que as dicotomias entre diferentes áreas de estudo e 
diferentes teorias vem sendo eliminadas aos poucos, principalmente ao observarmos a 
associação destas na busca de entender as organizações e o porquê de serem de uma ou de 
outra forma. Porém, esse processo de integração teórica aponta a necessidade de avanços, 
seja a partir de construções teóricas e/ou aplicações em estudos empíricos. 
A Nova Economia Institucional apresenta-se como uma perspectiva teórica 
contemporânea em análise organizacional e tenta construir, internamente à teoria, uma 
ponte entre as perspectivas econômicas e sociológicas. Afirma-se isso visto que ela 
 
1
 Perspectivas são aqui entendidas como a forma de enxergar as coisas. 
2
 Paradigma estabelece limites, tem um modo próprio de teorizar e é dependente de um grupo de perspectivas 
comuns. 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
3
considera, a partir de sua principal teoria (a Economia dos Custos de Transação - ECT), o 
ambiente institucional como importante fator de contingência das organizações. Esse 
ambiente institucional seria composto por regras informais como sanções, tabus, costumes, 
tradições e códigos de conduta, e pelas regras formais, tendo como principais as 
constituições, as leis e os direitos de propriedade. 
Todavia, os estudos empíricos que visam a aplicação dessa teoria, especialmente 
ligados ao agronegócio, cadeias produtivas, cadeias de suprimento3, apresentam algumas 
limitações nas análises organizacionais, principalmente por não considerar fatores 
importantes relacionados ao comportamento humano. Apesar de constarem no arcabouço 
teórico, estas análises acabam limitando-se a racionalidade limitada e ao oportunismo 
(pressupostos comportamentais da ECT) e não exploram outros elementos constitutivos e 
condicionantes das organizações, como é o caso dos aspectos culturais e das questões de 
poder. 
O que este artigo se propõe é buscar estabelecer uma relação entre a Economia dos 
Custos de Transação e demais condicionantes organizacionais relacionados ao 
comportamento humano, especificamente as questões culturais, de poder e capital social, 
indo além do oportunismo e da racionalidade limitada tratados pela ECT. Estes são 
considerados como importantes fatores que interferem nas formas organizacionais, na 
escolha de uma ou de outra organização ou governança. 
O artigoorganiza-se da seguinte forma: inicialmente descreve-se algumas questões 
consideradas essenciais para o entendimento da evolução das teorias organizacionais, 
tendo como base os trabalhos de Marsden e Townley (2001), Hatch e Cunliffe (2006), 
Reed (1999) e Burrel e Morgan (2005); posteriormente, descreve-se os principais alicerces 
da Nova Economia Institucional e da Economia dos Custos de Transação, bem como seus 
objetivos e objetos de estudo. Nesse caso, os estudiosos de base e que deram forma à teoria 
são Coase (1937) e Williamson (1975, 1981 e 1985). Por fim, a partir das principais 
críticas à ECT, busca-se desenvolver uma discussão acerca de poder, cultura e capital 
social, considerando esses fatores (além dos já trabalhados pela ECT), como elementos 
constitutivos e condicionantes das organizações. Nesse caso, estes condicionantes são 
apontados como fatores importantes a serem considerados pelos estudos empíricos que 
utilizam como base de análise a ECT. 
 
2 - Teorias Organizacionais (TO) 
A evolução a seguir apresentada, busca demonstrar que as perspectivas atuais de 
análises organizacionais são fruto de um processo de construção histórico e, por mais que 
busquem novas formas de estudos empíricos, não se desprendem totalmente de 
características de outras teorias (como características da ciência normal, por exemplo). 
Muitas vezes têm nomes e caras novas, mas a essência permanece a mesma, reproduzindo 
antigos modelos que não levam em conta, ou não de forma satisfatória, a subjetividade 
humana, presente e condicionante das organizações. 
A diferença básica entre a teoria do senso comum e a teoria dos estudiosos 
organizacionais é que a este se adiciona a tarefa de especificar as suas práticas, corrigir os 
seus erros e partilhar as suas teorias com os outros, contribuindo assim para os esforços de 
construção de conhecimento sistemático. Hatch e Cunliffe (2006) entendem a teoria como 
 
3
 Pode-se perceber essas limitações em Breitenbach (2008). 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
4
uma explicação enraizada na especificação dos relacionamentos entre um conjunto de 
conceitos. A partir disso, os autores fazem o alerta de que a teoria deve ser usada como 
uma ferramenta para ajudar a razão através de situações complexas, mas não como uma 
garantia de sucesso. 
A Teoria das Organizações (TO) contribui para a análise de situações complexas 
nas organizações, descobre ou inventa meios eficazes e criativos para lidar com elas, além 
de abrir a mente para aspectos da vida, dentro e fora das organizações. Quando Hatch e 
Cunliffe (2006a) se referem à teoria das organizações, destacam que esta sempre irá 
abraçar múltiplas perspectivas, porque dá inspiração a uma ampla variedade de outras 
áreas de estudo, e porque organizações sempre permanecerão complexas e flexíveis, 
dificultando que sejam resumidas por uma única teoria. 
Uma expressiva parte da riqueza dos estudos organizacionais é apresentada nos 
trabalhos de Clegg e Hardy (1999), Marsden e Townley (2001), Hatch e Cunliffe (2006), 
Reed (1999), Burrel e Morgan (2005), considerados, aqui, como importantes referenciais 
teóricos. Clegg e Hardy (1999) relatam o predomínio das abordagens da ciência normal por 
um grande período nos estudos organizacionais. Marsden e Townley (2001) desenvolvem 
um debate acerca de diferentes abordagens das teorias das organizações. Destacam que 
muitas das discussões existentes nesse meio foram baseadas na questão da possibilidade ou 
não das organizações serem estudadas da mesma forma que a natureza. Já para Hatch e 
Cunliffe (2006), a teoria organizacional tem sua evolução em quatro grandes perspectivas: 
clássica, moderna, simbólica interpretativa e pós-moderna. Reed (1999) concentra suas 
discussões em temas como racionalidade, integração, mercado, poder, conhecimento e 
justiça. Por fim, Burrel e Morgan (2005) entendem a análise organizacional por meio de 
quatro paradigmas: funcionalista, interpretativo, humanismo radical e estruturalismo 
radical. 
Na evolução histórica da Teoria Organizacional, as abordagens da ciência normal 
predominaram por um longo período. Clegg e Hardy (1999) usam o termo protecionismo 
e/ou isolacionismo para denominar as estratégias utilizadas pela maioria dos adeptos das 
abordagens da “ciência normal”, na busca da “defesa das fronteiras” dos seus 
conhecimentos. Nesse caso, os autores fazem analogia com os termos utilizados na 
economia, como é o caso do protecionismo em oposição ao livre comércio. O 
protecionismo ocorre a partir do momento que autores consagrados da área acabam criando 
barreiras a entrada de novas idéias e/ou novos conhecimentos na “sua” comunidade 
científica. Assim, nega-se a realidade e a legitimidade das aspirações dos demais 
pesquisadores que são por eles considerados entrusos. 
Para Marsden e Townley (2001) a ciência organizacional normal desenvolveu-se 
na crença de que as organizações são coisas duras, empíricas e capazes de serem estudadas 
usando-se técnicas científicas. Justificaria-se isso por uma história teológica e, 
conjuntamente a ela, a noção de que as coisas simplesmente não poderiam ser diferentes. 
Daí decorre a idéia de racionalização e a crença que a burocracia formal é um dos meios 
mais eficazes de atingir os objetivos organizacionais. Por esse motivo, os métodos de 
pesquisa semelhantes aos utilizados nas ciências naturais foram por muito tempo 
empregados na teoria organizacional. O modelo da ciência natural era considerado como 
exemplo de boa pesquisa. 
 Acerca do conceito positivista de ciência, institucionalizado pela Escola de Aston, 
os autores destacam que acaba por cortar a conexão entre teoria e prática organizacional. 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
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5
Os motivos apontados por Marsden e Townley (2001) para que isso ocorra são: a ênfase 
nos testes; leis gerais são deduzidas da manipulação estatística; os cientistas 
organizacionais estão tão envolvidos na ciência de testes e hipóteses que, muitas vezes, 
perdem de vista a utilidade prática da teorização. 
Já a ciência organizacional contra-normal, desenvolvida durante a década de 70, 
reduziu as forças da concepção positivista prevalecente na prática da ciência. A tentativa 
era restabelecer o que a racionalização tentou remover de forma prática e o que a ciência 
normal tenta obscurecer de forma teórica, que são as características humanas da 
organização que escapam aos cálculos; ou seja, a afetividade humana. A abordagem da 
ciência organizacional contra-normal está baseada na convicção de que as organizações 
são distintas dos fenômenos naturais, são socialmente construídas e devem ser explicadas 
pelo conhecimento das intenções que fazem as pessoas agirem. Para isso, é necessário um 
conjunto de técnicas completamente diferentes das utilizadas pelos pesquisadores 
organizacionais positivistas. 
Marsden e Townley (2001), ao se referirem ao pós-modernismo, destacam que ele 
questionou a validade da ciência moderna e a noção de conhecimento objetivo ou verdade. 
Surgiu do reconhecimento da impossibilidade de uma observação teoricamente neutra, e 
passou a enfatizar as diferenças, ambivalências, contradições internas e dependência 
mútua. 
A contribuição de Hatch e Cunliffe (2006) reside nas suas reflexões acerca do 
conhecimento geral e do conhecimento em teorias organizacionais. Para os autores, o 
conhecimento se baseia em diferentes paradigmas, cada um com seus próprios 
pressupostos sobre a palavra. Paradigmas incentivam os pesquisadores a estudarem os 
fenômenos em diferentes viézes. É com base nessa idéia, que os autores descrevem as três 
perspectivas (moderno, simbólico-interpretativoe pós-moderno), baseadas em diferentes 
pressupostos sobre o mundo organizacional. 
Para os autores, a perspectiva modernista considera como conhecimento o que você 
pode saber através de seus cinco sentidos; a perspectiva simbólica-interpretativa se dispõe 
a alargar a definição da realidade empírica para incluir formas de experiências que estão 
fora do alcance dos cinco sentidos, tal como acontece com as emoções e intuição. Já os 
pós-modernistas parecem variar entre posições filosóficas. Muitas vezes recusam-se a 
tomar uma posição porque acreditam que ao fazê-lo privilegiam algumas formas de 
conhecimento em detrimento de outras. Cada conjunto de pressupostos ontológicos e 
epistemológicos exercerá uma influência diferente sobre a maneira de conceber e gerir a 
organização. Os autores destacam que seria um erro pensar que novas perspectivas têm 
substituído as mais antigas. Nesse caso, as perspectivas acumulam-se na teoria da 
organização ao longo do tempo e influenciam-se mutuamente. 
Hatch e Cunliffe (2006) definem duas fontes principais de pensamento que deram 
forma à pré-história da teoria da organização, uma sociológica e outra administrativa. A 
fonte sociológica é representada por Emile Durkheim, Weber e Karl Marx, focada nas 
formas, nos papéis e mudanças das organizações formais dentro da sociedade e nas 
influências da industrialização na natureza do trabalho e dos seus trabalhadores. A teoria 
da gerência clássica tomou forma com Frederick Taylor, Mary Parker Follett, Henri Fayol, 
Luther Gulick, Chester Barnard, e por outros executivos/conselheiros em administração, 
centrados sobre problemas práticos enfrentados por gerentes de organizações do setor 
público e privado. 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 
 
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Adam Smith foi o primeiro a articular uma teoria para explicar a produção eficiente 
em práticas sistematicamente organizadas do trabalho. Muitos teóricos da organização dão 
ao político-economista escocês Adam Smith o lugar de honra em suas histórias 
intelectuais. Já a teoria de Karl Marx dizia que o trabalho vem ser definido como um 
produto a ser comprado e vendido em um mercado de troca. Este conceito do trabalho dá 
aos seres humanos um relacionamento puramente instrumental uns com os outros, baseado 
no valor econômico de seu potencial de fazer o trabalho. Durkheim defendia a idéia que a 
distinção entre a organização formal e informal expõe uma tensão entre o humanismo e os 
aspetos econômicos da organização, sendo que estes desafiam gerentes. Durkheim ajudou 
fundações metodológicas positivistas. 
 Weber propôs que a burocracia poderia racionalizar a ordem social numa maneira 
similar à influência de racionalização da tecnologia na ordem econômica. Tais sentimentos 
posicionam Weber perto daqueles que criticam a teoria da organização modernista e 
tentam livrar a humanidade das práticas freqüentemente restritivas da gerência. Taylor é 
considerado o fundador da ciência da gerência administrativa. Integrou elementos nos 
sistemas de gestão com a filosofia de que, ao aplicar métodos científicos para trabalhar, 
maximizaria os benefícios da fábrica à sociedade e conseguiria altos níveis de cooperação 
entre a gerência e o trabalho. Lenin, Stalin, e Henry Ford executaram as idéias de Taylor, 
cada um de sua própria maneira. A gerência científica foi considerada por muitos 
trabalhadores e proprietários empresariais como perigosa e subversiva, gerando resistência. 
Aqueles que resistem a gerência científica, consideram que o trabalho estrito aliena a 
maioria dos trabalhadores, que perdem o controle sobre suas práticas. 
Seguindo com o resgate histórico dos principais teóricos organizacionais, realizado 
por Hatch e Cunliffe (2006), temos Mary Parker Follet. Follet desenvolveu a idéia de que 
os mesmos princípios que contribuem para a fortificação de comunidades sociais poderiam 
ser aplicados para a criação de organizações bem sucedidas. Já Fayol, após a sua 
aposentadoria, estabeleceu um centro para o estudo de administração, em um esforço para 
codificar e transmitir a sabedoria que ele tinha ganho. Os princípios que ele próprio 
desenvolveu envolvem questões tais como: o número máximo de subordinados que podem 
ser supervisionados por um gestor; exceções à rotina (subordinados devem lidar com 
questões rotineiras, deixando livres gestores para lidar com exceções às regras e 
procedimentos operacionais padrão); departamentalização (departamentos formados ao 
redor do agrupamento de atividades similares); unidade de comando (cada relatório deve 
estar subordinado a apenas um patrão), e hierarquia. Argumentou que sentimento de 
unidade e harmonia contribui para o bom funcionamento de uma organização. Fayol 
também especificou as responsabilidades do gerente como: planejamento, organização, 
comando, coordenação e controle. 
Luther Gulick considerava os técnicos especializados como cruciais para o bom 
funcionamento do governo, e a eficiência como algo positivo para os homens, além de 
tornar a vida mais rica e mais segura. Gulick concebeu a definição do trabalho do Chefe do 
Executivo: Planejamento, Organização, Efetivos, Diretor , Coordenador, Relato, 
Orçamentação. Por fim, Chester Barnard enfatizou as formas como os executivos podem 
desenvolver as suas organizações cooperativas em sistemas sociais, incidindo sobre a 
integração do trabalho através de esforços de comunicação e metas, a atenção para 
trabalhar a motivação. 
 
 
 
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As contribuições de Reed (1999) podem ser consideradas importantes no contexto 
desse trabalho. Apesar de destacar algumas teorias e evoluções teóricas acerca das 
organizações, o autor chama a atenção para a importância da rejeição a extremismos 
teóricos, especialmente quando debate temas opostos como: atuação e estrutura; 
construtivista e positivista; local e global; individualista e coletivista. O autor faz ainda 
importante contribuição ao apontar temas que deveriam constar nas agendas das análises 
organizacionais: a questão de gênero (reconhecimento que os processos organizacionais 
são permeados por relações e práticas de poder baseadas no gênero); de raça e etnicidade 
(conjunto de práticas e identidades, resultantes de interações entre geografia, história e 
poder – não simplesmente terminologias biológicas); da tecnociência (interação entre 
cultura e tecnologia, entre natural e artificial, ex: cibercultura citada no trabalho de 
Escobar, 1994); e desenvolvimento global e subdesenvolvimento (práticas culturais e 
formas políticas condicionadas pelo relacionamento de exploração e dependência entre 
países). 
Burrel e Morgan (2005) também contribuem para a delimitação de teorias 
organizacionais. Apresentam o que consideram ser os quatro paradigmas na teoria social: 
o Paradigma Funcionalista, o Interpretativo, o Humanista Radical e o Paradigma 
Estruturalista Radical. 
Partindo desse resgate dos paradigmas, destacam-se como perspectivas teóricas 
contemporâneas em análise organizacional a Dependência de Recursos, Ecologia 
populacional, Contingência Estrutural, Nova Economia Institucional e Novo 
Institucionalismo. 
Essas perspectivas utilizam diferentes variáveis, conforme seus respectivos 
pressupostos e tradições metodológicas. A Dependência de Recursos trabalha no nível das 
interações ambientais e dos controles interorganizacionais; a Ecologia das Populações foca 
a população de organizações e os nichos ecológicos; a Contingência Estrutural dedica-se 
aos fatores ambientais que condicionam a forma organizacional; a Nova Economia 
Institucional salienta os custos de transação e as formas de governança; e o Novo 
Institucionalismo trata de como as organizações surgem, tornam-seestáveis e como são 
transformadas (Sacomano Neto e Truzzi, 2002). 
Como o objetivo central desse trabalho é o foco na NEI, nas suas limitações e nas 
supostas formas de superá-las, a seguir serão descritas as características e os objetivos da 
Nova Economia Institucional e da Economia dos Custos de Transação. Também serão 
apresentadas algumas de suas limitações e as possibilidades de superá-las, supostamente a 
partir da consideração de outras variáveis contingenciais das organizações, como é o caso 
da cultura, do poder e do capital social. 
 
3 - A Nova Economia Institucional (NEI) e a Economia dos Custos de Transação 
(ECT) 
A Nova Economia Institucional teve as primeiras contribuições em The Nature of 
the Firm de Coase (1937), e desenvolveu-se a partir de duas ciências complementares, a 
sociologia econômica e a teoria econômica. A primeira aborda questões como contratos, 
leis, normas, costumes, convenções, etc (denominado de ambiente institucional), enquanto 
que a segunda trata dos mecanismos de governança (Willianson, 1995). Essa abordagem 
vem sendo utilizada para explicar as organizações e as formas organizacionais. 
 
 
 
Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, 
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A consideração e preocupação com o ambiente institucional são um diferencial da 
NEI e da ECT. O ambiente institucional é o conjunto dos direitos políticos, sociais e 
jurídicos, e das regras que estabelecem a base para a produção, troca e distribuição (Davis 
e North, 1971, apud Willianson, 1995). As instituições são constituídas das regras 
informais (sanções, tabus, costumes, tradições e códigos de conduta) e das regras formais 
(constituições, a lei, o direito de propriedade) (North, 1991 apud Willianson, 1995). São 
compostas por um conjunto de restrições sobre o comportamento, na forma de regras e 
regulamentos; um conjunto de questões para detectar desvios em relação às regras e 
regulamentos; e, finalmente, um conjunto de moral, ética comportamental e normas que 
definem os contornos e que condicionam a forma como as regras e regulamentos são 
especificados e executados (North 1984 apud Willianson, 1995). 
A Teoria dos Custos de Transação, a principal teoria da NEI, foi desenvolvida por 
Williamson (1975, 1981 e 1985) a partir do trabalho pioneiro de Coase (1937). Essa 
abordagem sugere que os formatos organizacionais ou estruturas de governança (firma, 
mercado ou redes, por exemplo) são resultado da busca de minimização dos custos de 
transação por parte dos agentes econômicos. 
A teoria dos custos de transação tem como pressupostos comportamentais básicos a 
racionalidade limitada e o oportunismo (busca do interesse próprio com malícia), ambos 
presentes nas ações dos agentes econômicos. São estes pressupostos a respeito da 
competência cognitiva dos agentes e das suas motivações que provocam o surgimento de 
custos de transações. É devido à limitação de racionalidade que os agentes econômicos são 
incapazes de prever de forma antecipada e estabelecer medidas corretivas para qualquer 
evento que possa ocorrer acerca da futura realização da transação. Portanto, as partes 
envolvidas devem levar em conta as dificuldades derivadas da compatibilização das suas 
condutas futuras e de garantir que os compromissos sejam honrados dentro da continuidade 
da sua interação. 
Quando há presença de assimetria de informações - caracterizada por um agente 
deter um conhecimento a respeito de informações não disponíveis para os outros 
participantes da transação - surge a possibilidade de que não existam incentivos suficientes 
para que a parte detentora da informação privilegiada se comporte de modo eficiente. 
O oportunismo pré-contratual é outro problema associado à presença de assimetria 
de informações. Surge como conseqüência do fato de alguns agentes econômicos deterem 
informação privada antes de se decidirem pela realização de um contrato com um outro 
agente, sendo que tal informação é do interesse desse agente. Neste contexto, a presença de 
oportunismo e de racionalidade limitada pode gerar custos de transação. A ausência do 
oportunismo determinaria que as condutas dos agentes fossem consideradas confiáveis a 
partir da simples promessa de que a distribuição de ganhos prevista nos contratos seria 
mantida no futuro diante do eventual surgimento de eventos inesperados. 
Já a existência da racionalidade limitada provoca, conseqüentemente, a 
incapacidade de coletar e processar todas as informações necessárias à elaboração de 
contratos completos. Se os agentes tivessem a capacidade de prever os eventos futuros, os 
contratos seriam desenvolvidos sempre perfeitamente. Isso demonstra que essas duas 
implicações (oportunismo e racionalidade limitada) são condições necessárias para o 
surgimento de custos de transação. 
Nas transações, se um dos agentes possui um conhecimento a respeito de 
informações que não estão disponíveis para os outros agentes participantes da transação, 
 
 
 
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pode não existir incentivos suficientes para que a parte detentora da informação 
privilegiada se comporte de modo eficiente. Essa ausência de incentivos dá origem ao 
chamado moral hazard (risco moral). 
O risco moral é observado nas situações em que um participante do mercado não 
pode observar as ações do outro, de modo que esse último pode tentar maximizar sua 
utilidade valendo-se de falhas ou omissões contratuais. Com a presença do risco moral, 
uma das partes da transação pode adotar atitudes que afetam a avaliação do valor do 
negócio por parte dos outros agentes envolvidos (Possas, Fagundes e Pondé, 1998). 
Três atributos básicos, relatados por Azevedo (2000), definem a transação: a) 
freqüência; b) incerteza; e c) especificidade dos ativos envolvidos, sendo este último o 
principal elemento, na visão de Williamson, responsável pela determinação do tipo de 
coordenação (mercado, firma, etc.) a ser realizada no ambiente econômico. Neste caso, 
quanto maior for a especificidades do ativo mais provável será a opção de internalização da 
transação dentro da firma, através da coordenação via hierarquia ou através de redes 
(formas híbridas via contratos de longo prazo), ao invés do emprego do mercado como 
meio de coordenação. 
A teoria desenvolvida por Williamsom (1885) traz quatro fatores como 
determinantes do surgimento de ativos específicos: a) especificidade de natureza 
locacional; b) especificidades derivadas da presença de ativos dedicados; c) especificidades 
de natureza física; d) e especificidades do capital humano. 
A freqüência de ocorrência de um certo tipo de transação deve ser analisada, pois 
pode determinar surgimento de instituições especificamente desenhadas para sua 
coordenação e a sua gestão. Quanto maior for a freqüência de realização da transação, 
maiores serão os incentivos para o desenvolvimento de instituições estruturadas com o 
intuito de geri-las de modo eficaz. 
A incerteza é uma propriedade das transações que exerce influência sobre as 
características das organizações. Para Kupfer (1992), a incerteza, na economia neoclássica, 
é considerada como informação incompleta ou imperfeita, o que faz com que os agentes se 
comportem de forma racional. Na incerteza não existem bases válidas que permitam 
calculá-la ou antecipá-la, pois não existem regras que façam o passado se repetir no futuro. 
Esta questão dificulta agir com racionalidade frente ao futuro, pois os agentes econômicos 
formam expectativas de longo prazo subordinados à vigência de um estado de confiança 
que é subjetivo e volátil. 
Além disso, Buckley e Chapman (1997) complementam que os custos de transação 
são compostos de elementos difíceis de “colocar em figuras”, ou seja, geralmentedescarta-
se a possibilidade de quantificá-los, pois muitas vezes estão entrelaçados com custos 
normais, enumerados como custos de produção. 
Quanto menor a especificidade dos ativos, menor a incerteza e menor a freqüência 
das transações, menores serão os custos associados à utilização do mercado como forma 
organizacional que coordene as interações mercantis entre os agentes econômicos. Nestes 
casos, a transação se refere à simples transferência da propriedade de um bem ou serviço 
em troca de uma determinada quantia de moeda, acompanhada de uma negociação prévia 
do preço e das condições de pagamento. 
A questão, portanto, está na busca de formas de minimizar os custos de transação, 
através da procura de mecanismos contratuais - formais ou não - que desestimulem 
conflitos e, caso estes surjam, os resolvam rapidamente. Uma das alternativas é evitar a 
 
 
 
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dependência de fontes externas de fornecimento do insumo ou serviço em questão, 
realizando, por exemplo, movimentos de integração vertical (Loader, 1992). 
Em outras palavras, para diminuir os custos de transação, busca- se criar "estruturas 
de gestão" (governance structures) apropriadas, entendidas como estruturas contratuais - 
explícitas ou implícitas - dentro das quais a transação é realizada: relações de compra e 
venda simples (mercado), organizações internas às firmas ("hierarquias") e formas mistas 
constituem exemplos de estruturas de gestão distintas. 
As estruturas de governança e as formas organizacionais, segundo a ECT, são 
condicionadas pelo ambiente institucional vigente, especificamente no que se refere às 
regras formais e informais às quais estão sujeitos os agentes envolvidos em uma transação. 
Estas regras influenciam na formação das estruturas de governança na medida em que 
regulam e regem a interação entre os agentes, por meio de leis, regulamentações, regras de 
conduta, hábitos culturais, entre outros. Com isso, busca-se a redução de incerteza entre os 
agentes e, também, a limitação dos termos da negociação, tais como quantidade, preço e 
forma de entrega do produto. Além disso, a confiança estabelecida entre as partes bem 
como a assimetria de poder na relação, são importantes determinantes das estruturas de 
governança (Zylbersztajn, 2005). 
 
3.1 - Críticas e limitações da Economia dos Custos de Transação para Análise 
Organizacional 
A ECT é considerada como uma importante ferramenta para análise organizacional 
e para explicar as formas organizacionais ou, como destacado por Barney e Hesterly 
(2004), para responder a questão de “por que as organizações existem?”. A resposta para 
essa questão estaria, segundo os autores, no trabalho de Coase (1937) “The Nature of the 
Firm”, e é exposta a seguir: “...a razão de as organizações existirem é que, às vezes, o custo 
de gerenciar transações econômicas por meio de mercado é maior do que o custo de 
gerenciar as transações econômicas dentro dos limites de uma organização” (Barney e 
Hesterly, 2004, p. 132). 
Williamson (1989), o principal artífice da ECT, em um dos seus trabalhos (As 
instituições econômicas do capitalismo), compara essa teoria com outros enfoques de 
estudo organizacional e destaca que a ECT é mais microanalítica, está mais consciente de 
seus supostos de conduta, introduz e desenvolve a importância econômica dos ativos 
específicos, recorre mais a análises institucionais comparadas, considera a empresa como 
uma estrutura de governança antes que uma função de produção e atribui um peso maior 
para as instituições contratuais ex post, especialmente no ordenamento privado (em 
oposição ao ordenamento judicial). 
Porém, a ECT aplicada à análise organizacional possui algumas limitações, como 
as destacadas por Reed (1999), Hall (1990), Barney e Hesterly (2004) e por Garcia e 
Bronzo (2008), e descritas a seguir. 
Para Reed (1999) a teoria dos custos de transação se preocupa com ajustes 
adaptativos que as organizações realizam para enfrentar as pressões de maximização da 
eficiência em suas transações (internas e externas). O autor critica essa abordagem 
afirmando que trata a organização como constituída de uma “ordem social e moral na qual 
os interesses e valores individuais e grupais são simplesmente derivados de uma estrutura 
de ‘interesses e valores do sistema’, que não se contaminam por conflitos setoriais e lutas 
de poder” (p. 74). Hall (1984) complementa essa crítica ao dizer que a perspectiva dos 
 
 
 
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custos de transação não tem condições de dar respostas completas a todas as análises 
organizacionais. 
Já Barney e Hesterly (2004) desenvolvem de forma mais intensa as críticas a essa 
abordagem. Segundo os autores as críticas são muitas, porém três são mais importantes: o 
foco na minimização de custos; atenua os custos de organização; negligencia o papel das 
relações sociais nas transações econômicas. Ao focar na minimização de custos como algo 
imprescindível para as organizações, a ECT acaba considerando as estratégias como algo 
secundário. Ao subestimar os custos de organizar as transações dentro da firma, 
desconsidera, muitas vezes, longas e custosas negociações que tendem a ser mais difíceis 
dentro da firma do que entre as firmas. Por fim, ao subestimar o papel das forças sociais e 
culturais na atividade econômica, não as considera como fortes elementos condicionantes e 
contingenciais das organizações. 
Garcia e Bronzo (2008), após descrever os principais objetivos e métodos da ECT, 
também apontam algumas limitações desta teoria quando utilizada isoladamente para 
análise de organizações. Para esses autores, a decisão da firma em produzir ou mandar 
fazer - o dilema mercado/hierarquia - depende não só da preocupação com os custos de 
transação. A escolha por internalizar a produção, por exemplo, pode ser devida a 
estratégias que buscam o aproveitamento de competências distintivas. “Fica claro, 
portanto, que investigar o problema de coordenação das atividades econômicas tomando 
como unidade básica de análise os custos de transação significa limitar a compreensão das 
firmas à análise de suas transações, em uma perspectiva fundamentalmente de eficiência 
estática” (Garcia e Bronzo, 2008, p. 13). 
Diante dessas limitações, claramente apontadas pelos autores e aqui resgatadas, fica 
evidente a necessidade de conversações teóricas entre a ECT e outras teorias econômicas 
e/ou sociais, na busca de maior eficiência e eficácia nas análises organizacionais. Entende-
se que a Teoria dos Custos de Transação, que tem sua origem na Nova Economia 
Institucional, leva em consideração o ambiente institucional e as questões subjetivas 
relacionadas ao comportamento humano. Porém, a sua utilização para estudos empíricos 
tem limitado sua análise para fatores de incerteza comportamental, mais especificamente o 
oportunismo e racionalidade limitada dos agentes envolvidos na transação. Para uma maior 
exploração das questões institucionais como condicionantes das organizações, buscou-se 
elementos do Novo Institucionalismo, bem como o desenvolvimento de fatores 
considerados contigenciais das organizações, como é o caso do poder, do capital social e 
dos fatores culturais. 
 
4 – Para além do oportunismo e da racionalidade limitada: poder, cultura e capital 
social como elementos constitutivos da organização. 
Os pressupostos comportamentais da Economia dos Custos de Transação 
(racionalidade limitada e oportunismo) são, segundo Williamson (1995), os mais óbvios 
exemplos de como a ECT foi moldada pela teoria das organizações. Porém, essa teoria 
pode ser enriquecida se tiver uma maior interação com as teorias organizacionais. A seguir,são desenvolvidos elementos considerados importantes para a análise organizacional e que 
podem ser utilizados em concomitância com a ECT, na busca de torná-la mais eficaz para 
estudos empíricos, aumentando sua capacidade analítica. 
 
4.1 - O Novo Institucionalismo 
 
 
 
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O Novo Institucionalismo (NI) tenta esclarecer por que as organizações surgem, 
tornam-se estáveis ou são transformadas, além de discutir as formas como a ação e a 
cultura são estruturadas nas organizações. Ou seja, o NI parte do princípio de que as 
instituições interferem no comportamento dos atores sociais. Embora o Novo 
Institucionalismo tenha influenciado a ECT, esta não utilizou-se de muitos de seus 
pressupostos potencialmente contribuintes para análises organizacionais. 
Cabe ressaltar que o Novo Institucionalismo é composto por diferentes perspectivas 
analíticas, sendo elas o institucionalismo histórico, o institucionalismo da escolha racional 
e o institucionalismo sociológico. Os institucionalistas históricos não consideram as 
instituições como o único fator de influência, já que estas fazem parte de uma cadeia de 
causas e efeitos, porém levam em consideração outros fatores, como a difusão de idéias e o 
desenvolvimento sócio-econômico. Já os seguidores do institucionalismo da escolha 
racional, da qual faz parte a ECT, advertem para a importância dos direitos de propriedade 
e dos custos de transação para o desenvolvimento econômico, tendo como pressuposto que 
os indivíduos se comportam de modo objetivo na maximização de suas preferências. Nesse 
caso, as instituições servem para redução das incertezas, estabelecendo uma estrutura 
estável para a interação dos agentes que, consequentemente, reduz os custos de transação, 
influenciando o desempenho econômico. No que se refere aos institucionalistas 
sociológicos, estes definem as instituições de maneira ampla, incluindo as regras, 
procedimentos e normas, os símbolos, esquemas cognitivos e modelos morais que guiam a 
ação humana. Dessa forma estabelecem uma relação sistêmica entre indivíduos e 
instituições (Hall e Taylor, 1996 apud Sacomano Neto e Truzzi, 2002). 
O argumento utilizado por Meyer e Rowan (1991) é que as regras institucionais 
podem ter efeitos nas estruturas organizacionais. Sua implementação efetiva em trabalhos 
técnicos pode ser muito diferente dos efeitos gerados pelas redes de relações sociais e do 
comportamento que compõem uma determinada organização. 
As estruturas organizacionais formais surgem em contextos altamente 
institucionalizados. Produtos, serviços, técnicas, políticas e programas institucionalizados, 
funcionam como poderosos mitos e muitas organizações os adotam de forma 
“cerimoniosa”. Para tanto, as estruturas formais de muitas organizações na sociedade pós-
industrial, refletem dramaticamente os mitos dos seus ambientes institucionais, em vez de 
refletir as demandas das suas atividades (Meyer e Rowan, 1991). 
Combinando as idéias acima com a teoria das organizações, fica evidente que as 
sociedades modernas estão compostas por burocracias racionalizadas. Isso ocorre pela 
complexidade das redes relacionais, as quais aumentam com a modernização, bem como 
pelo fato de que as sociedades modernas estão cheias de regras institucionais que 
funcionam como mitos, representando várias estruturas formais racionais como meio para 
a consecução dos fins desejáveis. Uma vez institucionalizada, a racionalidade torna-se um 
mito com alto potencial para “organizar” (Meyer e Rowan, 1991). 
Instituição representa um padrão de ordem social ou que tenha atingido um 
determinado estado ou propriedade; designa o processo de institucionalização dessa 
realização. Uma instituição é, portanto, um modelo social que revela um determinado 
processo de reprodução. Já o padrão institucionalizado se dá quando os desvios padrões 
(socialmente construídos), por serem repetitivos, são regulamentados em uma moda e são 
controlados por algum conjunto de sanções e recompensas. Ou seja, as instituições sociais 
são os padrões que, quando cronicamente reproduzidas, devem a sua sobrevivência 
 
 
 
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relativamente aos processos socialmente desenvolvidos (ativados). Todas as instituições 
são programas ou quadros de identidades e de atividades que estabelecem regras para estes 
(Jepperson, 1991). 
Nesse sentido, as instituições utilizam-se de “ações programáticas” (Berger e 
Luckmann 1967 apud Jepperson, 1991) ou de respostas para situações comuns. As pessoas 
podem não compreender bem uma instituição, mas normalmente têm acesso fácil a algum 
processo histórico que justifica a razão pela qual a prática existe. 
Há uma série de tipos distintos e de processos de mudança institucional, sendo que 
as instituições podem desenvolver contradições com o ambiente (como ilustrado no 
pensamento ecológico), com outras instituições (como imaginado por Marx), ou com o 
comportamento social elementar. Essas contradições ou “choques exógenos ambientais” 
podem forçar a mudança institucional, bloqueando a ativação de processos reprodutivos ou 
travando a conclusão bem sucedida destes, assim, pode modificar ou destruir a instituição. 
Os autores Meyer e Rowan (1991) acrescentam a isso a idéia de que as 
organizações estão estruturadas por fenômenos em seus ambientes e tendem a tornarem-se 
isomórficas com eles. Assim, ao contrário do que advoga a ECT, que foca na busca de 
eficiência organizacional (minimização de custos), independente de sua eficiência 
produtiva, as organizações que existem em ambientes institucionais altamente elaborados 
podem ser bem sucedidas ao se tornarem isomórficas, visto que com estes ambientes 
ganham legitimidade e os recursos necessários para sobreviver. 
Estes autores, assim como os demais pertencentes ao Novo Institucionalismo 
Organizacional, entendem que as organizações moldam suas estruturas não apenas em 
razão da eficiência, mas também da legitimidade. As organizações, desta forma, ao 
buscarem conformidade com o ambiente institucional (isomorfismo), o fazem para obter 
legitimidade e não eficiência. Assim, pode-se inferir que nem sempre a estrutura de 
suprimento ou comercialização adotada por uma organização (coordenação a montante e a 
jusante) deve-se à busca de eficiência (redução de custos de transação), pois pode sim 
representar uma estratégia de legitimação, ou pode combinar as duas (como ocorre no setor 
florestal brasileiro). 
As mudanças estruturais nas organizações parecem cada vez menos impulsionadas 
pela concorrência ou pela necessidade de eficiência. Ao invés disso, supõe-se que a 
burocratização e outras formas de mudança organizacional ocorrem como resultado de 
processos que tornam as organizações mais similares, sem necessariamente torná-las mais 
eficientes (Dimaggio e Powell, 1991). 
Campos organizacionais altamente estruturados proporcionam um contexto no qual 
os esforços individuais, para lidar com a racionalidade e com a incerteza, muitas vezes 
conduzem à homogeneidade na estrutura, cultura e resultados. Com isso, Dimaggio e 
Powell (1991) afirmam que há uma homogeneidade de formas e práticas organizacionais. 
Nas fases iniciais do seu ciclo de vida, os campos organizacionais exibem uma diversidade 
considerável na abordagem e na forma. Depois que um campo torna-se bem estabelecido, 
há um inexorável impulso à homogeneização. 
Depois que organizações díspares, na mesma linha de negócios, são estruturadas 
em um campo real (pela competição, o Estado, ou as profissões liberais), emergem forças 
poderosas que as levam a se tornarem mais semelhantes umas às outras. As organizações 
podem mudar suas metas ou desenvolver novaspráticas, além de novas organizações 
entrarem no campo. Mas, a longo prazo, atores organizacionais tomam decisões racionais 
 
 
 
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em torno de um ambiente que limita a sua capacidade de alterar novamente nos anos 
posteriores. 
 
4.2 - Cultura 
A cultura organizacional, além de envolver elementos complexos, recebeu e recebe 
um amplo número de definições. Consideram-se aqui como essenciais para análise da 
cultura organizacional os componentes culturais formais: missão, visão, políticas, regras e 
normas e os componentes informais, que são manifestações tangíveis ou intangíveis de 
valores compartilhados pelos membros da organização, como é o caso dos artefatos, 
símbolos, cerimônias, histórias e mitos (Seldin; Rainho e Caulliraux, 2003). 
Uma visão mais veemente da cultura nas organizações foi articulada pelo 
antropólogo cultural americano Clifford Geertz, constatada no seu livro influente A 
interpretação das Culturas, publicado em 1973. Geertz trouxe idéias acerca do contexto 
das organizações e fez descrições, dedicadas a teóricos das organizações, de como aplicar 
métodos de interpretação etnográfica nas organizações. Por fim, criticou aos gestores e 
investigadores com o argumento de que eles agiram como colonizadores dentro de suas 
próprias organizações (Hatch e Cunliffe, 2006). 
Hatch e Cunliffe (2006) argumentam que em meio à euforia em torno da crise da 
representação, a cultura passou a ser um tema de interesse quase universal. Em teoria das 
organizações este debate abriu o caminho para estudar as culturas organizacionais, as teias 
de significado socialmente construído pelos seus membros. Bryman (2004), ao descrever e 
mapear a evolução dos estudos acerca de liderança nas organizações, chama atenção para 
trabalhos que, na década de 1990, passaram a considerar os membros das organizações não 
como meros receptáculos passivos, mas como consumidores imaginativos da visão e da 
manipulação dos artefatos culturais por parte dos líderes. A visão dos líderes como 
construtores de culturas e como impactantes no pensamento e no comportamento dos 
membros da organização foi repensada. 
Morgan (1996) destaca que a organização é, em si mesma, um fenômeno cultural e 
varia de acordo com o estágio de desenvolvimento da sociedade. Porém, a cultura muda de 
uma sociedade para outra, e isso ajuda a compreender determinadas variações nas 
organizações. Nesse caso, a cultura se desenvolve durante o curso da interação social e não 
se trata de algo imposto. Pode estar representada por diferentes formas, seja o significado, 
compreensão e sentidos compartilhados. Ou seja, é o processo de construção da realidade 
que permite às pessoas ver e compreender eventos, ações, objetos, expressões e situações 
particulares de maneiras distintas. Para o autor, devemos tentar compreender a cultura 
como um processo contínuo e proativo da construção da realidade. Nesse caso, a cultura se 
torna mais do que uma simples variável que as sociedades ou as organizações possuem, 
passa a ser compreendida como um fenômeno ativo, vivo, através do qual as pessoas criam 
e recriam os mundos dentro dos quais vivem. 
Um fenômeno relacionado a isso é quando o aumento da produtividade não está 
relacionado unicamente aos incentivos salariais, mas à satisfação das necessidades de 
interação, de companheirismo, de participação e contribuição para a finalidade coletiva, ou 
seja, as necessidades de sociabilidade dos seres humanos. Barbosa, ao fazer uma relação 
entre modernidade, globalização e cultura, afirma que os efeitos específicos das forças 
materiais da modernização e da globalização, dependerão da cultura analisada, ou seja, não 
é um processo demográfico, social, econômico e político unilateral que conduz todas as 
 
 
 
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nações a uma determinada direção. Nesse caso, esses processos afetarão as organizações de 
formas distintas. A suposição inicial seria que estes conduziriam a uma cultura global, 
porém, as tradições locais se mesclam à fluxos globais e estes se anulam mediante 
metabolismos locais (Mayo apud Barbosa, 1999). 
Martin e Frost (2001) abordam as pesquisas sobre cultura organizacional como 
sendo uma luta pelo poder. Comparam a inserção do conceito de cultura nos estudos 
organizacionais, a evolução desse conceito e suas disputas com o jogo “Rei da Montanha”. 
Os autores ainda conceituam cultura organizacional em termos de: integração (conjunto de 
elementos compartilhados pela totalidade da organização); diferenciação (conjunto de 
elementos compartilhados por grupos que configuram subculturas organizacionais); e 
fragmentação (conjunto de elementos transitoriamente compartilhados por indivíduos). 
DiMaggio (2003), ao alertar para a ausência de questões acerca da cultura na teoria 
econômica, reconhece que ela influencia a economia a nível organizacional e também a 
nível de ação individual. Nesse sentido, destaca que muitos dos comportamentos das 
empresas são irracionais por não responder aos incentivos dos mercados, mas aos 
caprichos de executivos ou à moda organizacional. Além disso, os gostos das pessoas por 
bens e serviços particulares são moldados por qualidades extrínsecas aos bens. Esses 
gostos refletem relacionamentos entre pessoas e atributos simbólicos de objetos concretos, 
sem uma relação necessária com as características técnicas dos próprios objetos. 
A cultura organizacional interfere também na identidade da organização, que é 
responsável por dar o eixo necessário à união dos membros dessa sociedade em torno de 
objetivos, ações e comportamentos. Cada agrupamento social, inclusive aqueles presentes 
nas organizações, tendem a superestimar seus padrões de comportamento e desprezar 
outros, o que pode ser um elemento dificultador ou facilitador dos processos de mudança, 
quando estes são vistos como ameaças ou como oportunidades respectivamente (Srour, 
1998 apud Farias 2008). 
Esta etapa do trabalho busca ressaltar que a consideração da cultura nas análises 
organizacionais (regras e normais informais, artefatos, símbolos, cerimônias), como um 
dos pressupostos comportamentis, pode promover uma melhor compreensão do que está 
por trás do comportamento dos indivíduos. Nesse caso, considera-se que as organizações 
também são condicionadas por aspectos culturais. Com isso, atenta-se ao fato que as 
pessoas não agem apenas de forma racional, na busca de maximização de resultados e/ou 
lucros, mas também por questões subjetivas e intrínsecas no seu íntimo, as quais os fazem 
buscar outras satisfações. Julgam o certo e o errado das suas ações com base num conjunto 
de valores e crenças, os quais são construídos historicamente e se diferenciam de uma 
organização para outra, de um indivíduo a outro. Analisar organizações sem considerar a 
cultura, ou as culturas envolvidas no processo, pode gerar conclusões parciais ou errôneas. 
 
4.3 - Poder 
O significado de poder pode ser: ter a faculdade de; ter a possibilidade de, dispor de 
força, autoridade moral ou física, ter influência, valimento (Ferreira, 1986). Para 
Blackbrum (1997), o poder é entendido como um instrumento social, em que o poder de 
um indivíduo ou instituição se reflete na capacidade deste conseguir algo, o que pode ser 
por direito, por controle ou por influência. O poder também se refere à capacidade de se 
mobilizar forças econômicas, sociais ou políticas para obter um determinado resultado, 
 
 
 
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pode ser mensurado pela probabilidade desse resultado ser obtido em face de diversos tipos 
de obstáculosou oposição enfrentada. 
Foucault (2003) alerta que não é essencial à definição de poder que o resultado seja 
conscientemente procurado pelo agente. Desse modo, o poder pode ser exercido na 
ignorância de sua existência ou efeitos, embora seja constantemente exercido de forma 
deliberada. Neste sentido, conclui que as relações sociais são sistemas de poder. 
Ao abordar as organizações como sistemas políticos, Morgan (1996) atenta para a 
importância de reconhecê-las como tal. Dessa forma facilitaria a criação de ordem e 
direção entre as pessoas, as quais têm interesses potencialmente diversos e conflitantes, 
facilitaria o aprendizado acerca dos problemas e da legitimidade da administração como 
um processo de governo, bem como o aprendizado sobre a relação entre organização e 
sociedade. A partir do contexto de diversidade de interesses é possível buscar o 
entendimento de como essa diversidade origina manobras e negociações diversas, além de 
condicionar a vida organizacional. 
A política de uma organização se manifesta nos conflitos e jogos de poder e nas 
intrigas interpessoais, as quais modificam as atividades organizacionais. Geralmente essa 
política só é visível àqueles que estão diretamente envolvidos nos processos. Na busca de 
sistematizar a política das organizações, Morgan (1996) destaca as relações entre conflito, 
interesse e poder e, com isso, demonstra que ninguém é neutro na administração das 
organizações, as quais são formadas por redes de pessoas independentes. 
É nesse contexto que Reed (1999) insere a perspectiva do poder nas análises 
organizacionais, considerando a organização como palco de interesses e valores 
conflitantes e marcada pela luta de poder. O poder, quando tratado no seu sentido amplo, 
também engloba o conhecimento como um de seus instrumentos. Ou seja, a produção, 
codificação e uso dos conhecimentos relevantes para a regulação do comportamento social 
tornam-se uma estratégia de poder. 
Quando se começa a aceitar a asserção de que o poder está envolvido na criação de 
conhecimentos, se começa a compreender e a preocupar-se com os usos do poder, por 
exemplo, o poder do silêncio ou de eliminar um membro a partir do conhecimento de uma 
comunidade (Hatch e Cunliffe, 2006). Foucault (2003) acredita que as ciências humanas 
forjaram um elo entre poder e conhecimento. Por outro lado, o conhecimento oriundo de 
disciplinas acadêmicas é usado para classificar, controlar e, em alguns casos, encarcerar os 
membros menos poderosos da sociedade. Aqueles que exercem o poder permitem que 
algumas coisas possam ser ditas, por escrito ou pensadas, mas não outras. 
Hardy e Clegg (2001), ao fazer um mapeamento de importantes estudos que 
abordam o tema poder, chamam a atenção para o poder que é exercido fora das estruturas 
hierárquicas formais e dos canais que são ratificados por essas estruturas, chamado de 
poder ilegítimo. Atentam que este não se limita a episódios sociais observáveis em suas 
causas, mas se manifesta nas formas pelas quais, tanto indivíduos quanto grupos 
coletivamente organizados, tornam-se socialmente inscritos e normalizados, por meio das 
práticas de rotina das organizações. Dessa forma, o poder está presente nas bases da vida 
cotidiana. 
Ao serem consideradas as relações de poder nas análises organizacionais, poderiam 
ser alcançadas importantes revelações e/ou explicações acerca do comportamento dos 
indivíduos que as compõe. Nesse caso, o diferencial seria a identificação de como se 
estabelecem os jogos de poder, se existe coação e como isso interfere nas organizações. 
 
 
 
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Além disso, a análise das relações de poder não deveria se limitar a apreciação interna das 
mesmas, visto que estas interagem com o meio, com a sociedade, podendo agir de forma a 
exercer poder ou reagir a imposição de poder externo. 
A complexidade desse tipo de análise fica evidente, especialmente quando 
reconhecido que o poder pode ser exercido de forma consciente ou não. Intrigas 
interpessoais podem ser difíceis de identificar, porém não se pode negar a importância que 
estas têm para os arranjos, visto o reconhecimento da inexistência de neutralidade pessoal. 
O fato do poder estar presente no cotidiano, faz com que seja indispensável o seu 
reconhecimento e a sua análise, além da busca de codificação e identificação das principais 
formas com que age. Assim como a cultura, o poder é um pressuposto comportamental que 
pode justificar comportamentos organizacionais, bem como a constituição ou não de certas 
organizações. 
 
4.4 - Capital Social 
O termo capital social vem sendo frequentemente utilizado em trabalhos 
relacionados ao meio rural como um dos fatores que, quando presente ou não, condiciona 
as formas organizacionais dos agricultores (por exemplo, a opção de formar cooperativas 
por produto na busca de maior poder de barganha ou a individualidade sem cooperação). 
Abramovay (2003, p.86) cita Coleman (1990) e Putnam (1993/1996), que 
conceituam o termo capital social como “características de organização social, como 
confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, 
facilitando as ações coordenadas”. Para Abramovay (2003, p.86), as estruturas sociais 
devem ser consideradas como recursos, “como um ativo de capital que os indivíduos 
devem dispor”. Portanto, a noção de capital social relaciona-se ao fato de que os indivíduos 
não agem independentemente e seus objetivos não se formam isoladamente, surgindo 
como instrumento para a solução de dilemas de ação coletiva. O autor acrescenta que a 
acumulação de capital social é um processo de aquisição de poder (empoderamento) e 
também de mudança na correlação de forças no plano local. 
Para Bourdieu (apud Milani, 2008), o capital social é o conjunto de relações e redes 
de ajuda mútua que podem ser mobilizadas efetivamente para beneficiar o indivíduo ou sua 
classe social. Portanto, é propriedade do indivíduo e de um grupo, é simultaneamente 
estoque e base de um processo de acumulação que permite às pessoas, inicialmente bem 
dotadas e situadas, terem mais êxito na competição social. A idéia de capital social remete 
aos recursos resultantes da participação em redes de relações mais ou menos 
institucionalizadas, porém é considerada uma quase-propriedade do indivíduo, 
principalmente por permitir benefícios de ordem privada e individual (Bourdieu apud 
Milani, 2008). 
Bordieu considera o capital social como um instrumento estratégico de classe, 
utilizado por atores racionais com vistas a manter ou reforçar seu estatuto e seu poder na 
sociedade. Putnam salienta que onde existe forte capital social, redes sociais de 
compromisso cívico incitam a prática geral da reciprocidade e facilitam o surgimento da 
confiança mútua (Putnam apud Milani, 2008). Capital social é capital porque ele se 
acumula, pode produzir benefícios, tem estoques e uma série de valores. Além disso, é um 
recurso que pode ser aglomerado, utilizado e/ou mantido para uso futuro. 
Identificar a existência ou não de capital social, sua intensidade e, principalmente, 
de que forma ele condiciona uma organização, é apontado aqui como uma etapa 
 
 
 
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indispensável nos estudos empíricos organizacionais. Esse pressuposto comportamental 
pode explicar, em parte, o sucesso ou fracasso de muitas organizações, especialmente por 
condicionar os laços interpessoais e a intensidade destes. A falta de uma boa relação entre 
os indivíduos, ou a indisponibilidade destes em formar arranjos organizacionais, pode estar 
relacionado diretamente a inexistência ou escassez de capital social. 
Destaca-se uma significativarelação entre os três fatores descritos (cultura, poder e 
capital social), considerando que a busca da inserção desses pressupostos comportamentais 
nas análises organizacionais que utilizam a ECT, objetiva, especialmente, explicar 
comportamentos organizacionais e individuais, estruturas de governança e a própria 
organização. Justifica-se isto visto que os pressupostos comportamentais utilizados pela 
ECT (oportunismo e racionalidade limitada) não explicam muitas situações, como é o caso, 
por exemplo, das ações organizacionais em busca de legitimação. Nesse caso, incluir 
poder, cultura e capital social como condicionantes organizacionais, pode contribuir para a 
compreensão de comportamentos que fogem a uma das leis da ECT que afirma que a busca 
da eficiência e da redução de custos de transação guiam as ações organizacionais. 
 
5 – Considerações Finais 
A teoria das organizações passou por um processo de construção histórica, em que 
novos elementos enriquecedores foram sendo adicionados à mesma. Nesse mesmo 
processo, diferentes áreas da ciência foram sendo utilizadas para as análises 
organizacionais, como sociologia, psicologia, economia e administração. Nesse caso, 
consideram-se esses diferentes elementos e suas fusões como algo positivo, num processo 
de construção e não substituição de teorias. 
Dentre o processo de evolução da teoria das organizações, têm-se como marco 
algumas perspectivas e paradigmas que estabeleceram lutas de poder dentro e entre os 
estudiosos organizacionais. A Nova Economia Institucional com a Economia dos Custos 
de Transação é o que se pode chamar de uma perspectiva contemporânea em estudos 
organizacionais. Porém, utilizá-la isoladamente nas análises organizacionais não tem sido 
suficiente para explicar certas formas e tipos de organizações. 
Nesse sentido, optou-se nesse artigo por fazer uma aproximação da NEI com o 
Novo Institucionalismo (também uma perspectiva contemporâneo) e demais elementos 
considerados constitutivos das organizações, e não destacados pela NEI, como a cultura, o 
poder e o capital social. 
A ECT tem como nível de análise a transação, foco nos custos desta transação e nas 
formas de governança. O Novo Institucionalismo trata de como as organizações surgem, 
tornam-se estáveis e como são transformadas. As questões que envolvem a cultura, jogos 
de poder e o capital social, contribuíram no sentido de acrescentar fatores que interferem 
nas formas organizacionais e que deveriam ser considerados para análise das mesmas. 
Destaca-se que os elementos aqui trabalhados não esgotam os fatores constitutivos das 
organizações; outros poderiam ser acrescentados, bem como poderia existir uma maior 
conversação entre diferentes teorias na busca de mais subsídios para o estudo 
organizacional. 
 
6 - Bibliografias 
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