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O impacto da crise global sobre a evolução da inovação OCDE

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O impacto da crise global sobre a evolução da inovação entre 2009-2011 (OCDE) 
 
No último trimestre de 2008, com a falência do banco Lehman Brothers, a crise financeira internacional, 
iniciada no segmento de hipotecas americanas de alto risco, transforma-se em uma crise sistêmica global, 
encadeando forte desalavancagem das instituições financeiras, elevação da aversão a riscos e a interrupção 
de linhas externas de crédito. Como resultado, verificou-se a desvalorização brusca de moedas de vários 
países, a deflação de ativos reais e financeiros e a queda do dinamismo do comércio internacional e o 
aumento do desemprego, sobretudo nas economias desenvolvidas. 
Entre meados de 2009 e início de 2010, parecia se desenhar uma tendência de recuperação da atividade 
global, refletindo-se na valorização de ativos e em expectativas favoráveis para a evolução do PIB, como 
resposta às políticas macroeconômicas anticíclicas adotadas pelos governos de inúmeros países no período 
anterior. Esse cenário, contudo, não se concretizou. Os efeitos defasados da desaceleração econômica sobre 
as receitas fiscais dos países se fizeram sentir em 2010 e 2011, e somaram-se à ampliação dos gastos 
públicos, decorrente do desemprego e de políticas fiscais anticíclicas, de sorte a gerar dúvidas, e 
consequentemente especulação financeira, sobre a sustentabilidade da dívida pública de vários países da 
OCDE, especialmente europeus. 
O Science, Technology and Industry Outlook 2012 (STI) da OCDE mostra que, na maior parte dos países, a 
crise internacional teve um impacto negativo sobre a evolução dos gastos em Pesquisa e Desenvolvimento 
(P&D) e em inovação, à exceção das economias emergentes, especialmente as asiáticas, tais como Coreia, 
Índia e China, cujas trajetórias foram muito pouco afetadas. A conjuntura recente só não foi ainda mais 
prejudicial à inovação devido ao fato de que o apoio público às atividades de ciência, tecnologia e inovação 
(CT&I) de empresas e instituições públicas de pesquisa integrou o conjunto mais amplo de medidas de 
combate à crise adotadas por inúmeros países. 
Os Canais de Transmissão da Crise Global Sobre a Inovação. Os desdobramentos da crise sobre as 
atividades de inovação deram-se, sobretudo, por meio de dois canais: de um lado, a dificuldade de acesso a 
fontes de financiamento e, de outro, a queda de demanda de produtos das empresas inovadoras e a elevação 
da incerteza sobre a evolução futura de seus mercados. 
Problema de financiamento. Um dos principais fatores que explicam o comportamento procíclico dos 
modelos de investimento em inovação é, de fato, o acesso a mecanismos de financiamento externos às 
empresas. Esse fator é tão mais importante quanto menores são os recursos próprios acumulados para 
autofinanciamento dos investimentos, o que tende a ocorrer em épocas de queda das vendas. A pesar de sua 
importância, é sabido que recurso a financiamentos externos para investimentos em inovação, devido à 
incerteza da obtenção de retornos, mostra-se mais difícil do que para outros tipos de investimento, 
acentuando ainda mais sua sensibilidade à evolução da conjuntura. O quadro abaixo traz os principais canais 
de financiamento da inovação. 
O mercado de capital de risco foi gravemente afetado pela crise financeira. O valor em dólares das 
transações nesse mercado contraiu 34% em 2008 e 70% em 2009. A recuperação no final de 2009 e em 2010 
não foi, contudo, capaz de restabelecer os recursos disponíveis, tanto na Europa como nos EUA, no patamar 
anterior à crise (US$ 62,6 bilhões, em 2010, contra US$ 203,5 bilhões, em 2007). Investidores institucionais 
com perfis menos arriscados, tais como fundos de pensão e fundações universitárias, e fortunas pessoais 
tampouco estiveram, no período, dispostos a financiar projetos de inovação. 
Em relação ao crédito bancário, verificou-se o endurecimento das condições exigidas pelos bancos para a 
contratação de novos financiamentos. Segundo pesquisa do Banco Central Europeu (BCE), os critérios de 
concessão de crédito bancário na União Europeia tornaram-se mais exigentes entre meados de 2007 e início 
de 2009; o movimento de relaxamento de tais critérios a partir de então foi interrompido novamente na 
segunda metade de 2011. Esse comportamento refletiu as estratégias de desalavancagem e a preferência de 
liquidez dos bancos, diante do cenário de fortes incertezas, assim como as novas disposições regulamentares 
dos acordos de Basileia III. 
A queda do índice da bolsa de valores NASDAQ, em 2008 e 2009, sugere ainda uma maior dificuldade de 
financiamento de empresas de alta tecnologia ao longo da crise. Entretanto, a deflação dos ativos cotados 
nessa bolsa foi bem menos expressiva do que no estouro da bolha “ponto com”. É importante ainda notar 
que a recuperação dos mercados acionários a partir de meados de 2009 conferiu maiores altas à NASDAQ 
do que aos índices do mercado geral de ações, indicando que os investidores mantiveram um confiança 
maior em pelos menos algumas das grandes empresas de tecnologia mais dinâmicas. Essa conclusão deve, 
contudo, ser ponderada pelo menor nível de liquidez do mercado e pelo fato de que os índices gerais de 
ações incluem ações de bancos, que sofreram duras perdas ao longo de todo período. 
Enfraquecimento da demanda e elevação da incerteza. Reunidos os resultados de várias entrevistas com 
empresários, realizadas por diferentes instituições, a OCDE conclui que o principal canal de transmissão da 
crise para os gastos com inovação consiste na queda da demanda dos produtos das empresas inovadoras e na 
ausência de perspectiva de rápida reversão dessa tendência. Segundo pesquisa do Banco Mundial com 
empresas da Bulgária, Hungria, Letônia, Lituânia, Romênia e Turquia, 70% delas identificam a queda da 
demanda de seus produtos como seu maior problema. O mesmo aspecto foi apontado pelas jovens empresas 
americanas entre 2008 e 2010 (Robb; Reedy, 2012). Já na Europa, a queda da demanda por empréstimos 
(tanto de curto como de longo prazo) das empresas, entre 2007 e 2009 e novamente em 2011, indica que não 
existe apenas um problema em relação à disposição dos bancos de ofertar crédito, mas que a evolução dos 
negócios empresariais justifica a menor disposição/necessidade de se endividar. 
Evolução da Inovação entre 2009 e 2011. A partir de dados oficiais sobre as despesas domésticas brutas das 
empresas e os recursos orçamentários dos governos em P&D, de entrevistas com empresários e da evolução 
de registros de marcas e patentes junto ao Patent Cooperation Treaty (PCT), a OCDE avaliou a evolução da 
inovação nos países-membros e em alguns países não membros. 
Disposição das empresas em inovar. De maneira geral, a crise internacional reduziu as intenções das 
empresas em efetivar seus projetos ou elevar seus investimentos em inovação. Na Europa, a pesquisa de 
Archibugi e Filippetti (2011) com 4.238 empresas mostrou que 26,7% delas tinham cortado seus gastos em 
inovação (contra 10,8% no período pré-crise) devido ao aprofundamento da crise internacional e mais da 
metade delas, suspenso investimentos adicionais. Esse comportamento também pôde ser verificado em 
países da Europa Oriental (Bulgária, Hungria, Letônia, Lituânia, Romênia e Turquia), segundo pesquisa do 
Banco Mundial. Ainda entre os europeus, Kenerva e Hollanders (2009) constataram que 23% das empresas 
inovadoras entrevistadas em 27 países também reduziram seus investimentos em inovação. Já na América 
Latina, das 1.500 empresas consultadas por Paunov (2012), cerca de 25% delas haviam suspendido seus 
projetos de investimento em inovação. O mesmo comportamento procíclico foi verificado quando analisadas 
apenas os maiores investidores em P&D do mundo: queda dos gastos em P&D de 1,9%, em 2009. Na 
Europa, onde esse tipo de investimento realizado pelas empresas foi mais impactado do que aquele de 
órgãos públicos, a contração foi de 3,1% em 2009 (CE, 2011).É importante ressaltar, todavia, que a crise não teve apenas impactos negativos sobre a inovação; algumas 
empresas encontraram na introdução de inovações de processo meios de racionalizar a produção, reduzindo 
custos e tentando proteger suas margens. Esse foi o caso de algumas empresas latino-americanas, como 
sugere o trabalho de Paunov (2012). 
Registro de patentes. O número de depósito de patentes por meio do PCT caiu cerca de 3% em 2009 frente 
ao período anterior à crise (2007). As maiores quedas, nessa mesma comparação, foram verificadas nos 
EUA (-15,6%), Canadá (-12,2%), Itália (-10%), Reino Unido (-9%) e Alemanha (-5,7%). A evolução nos 
anos seguintes não mostrou uma recuperação em alguns países, como EUA, Reino Unido e Itália, de 
maneira a recompor, em 2011, o nível de depósito de patentes de 2007. Ademais, o desempenho de Holanda 
e Suécia, que pouco tinha sido alterado em 2009, apresentou deterioração em 2010 e 2011. As exceções 
dessa trajetória procíclica cabem aos países asiáticos: Japão e, especialmente, China e Coreia (tabela 
abaixo). 
Registro de marcas. A mesma evolução das patentes foi constatada no registro de marcas, que funciona 
como uma proxy do ritmo de inovação de produto. Segundos dados do U.S. Patent and Trademark Office, o 
número de registro de marcas em 2009 foi 26% menor do que em 2007 para o setor de financeiro, de 
seguros e imobiliário, 13,2% menor para o setor de serviços e 11,2% menor para o setor de bens (gráfico 
abaixo). 
Destruição não criadora. No estágio atual da crise internacional não se pode ainda vislumbrar um processo 
de destruição criadora, segundo o qual empresas menos eficientes e menos inovadoras seriam eliminadas do 
mercado, sendo substituídas por outras empresas em melhor posição de introduzir e lidar com novas 
tecnologias e processos. Dados da OCDE mostram o crescimento do número de falências nas principais 
economias desenvolvidas, especialmente em 2008 e 2009, perdurando nos anos seguintes em alguns casos. 
Chamam atenção, na comparação entre 2009 e 2007, os casos dos Dinamarca (+122%), EUA (+116%), 
Holanda (+75%), Noruega (+75%) e Reino Unido (+36%). O aumento do número de novas empresas, 
entretanto, não veio em contraposição a esse movimento: Dinamarca (-23%), EUA (-4%), Holanda (-20%), 
Noruega (-13%) e Reino Unido (-7%). Espanha (-45%), Itália (-11%) e Finlândia (-11%) também 
apresentaram grave contração da dinâmica de criação de empresas. 
Heterogeneidades das evoluções. Os desdobramentos da crise sobre o desempenho da inovação variaram 
segundo a intensidade do choque e das diferenças existentes entre os sistemas nacionais de inovação. 
Segundo países. De maneira geral, a performance da inovação entre 2009 e 2011 permite a identificação de 
três grupos de países. Aquele onde as atividades de P&D e de inovação foram mais duramente afetadas 
compreende países cujos sistemas de inovação já se mostravam fragilizados mesmo antes da crise 
internacional, tais como alguns países do leste e do sul da Europa. Já o grupo de países cujo desempenho em 
matéria de inovação foi pouco ou nada afetado é composto, sobretudo, por países asiáticos emergentes, tais 
como Coreia, Índia e China. Entre esses dois grupos, encontra-se a maioria dos casos, formando um terceiro 
grupo onde as atividades associadas à inovação resistiram em algum grau os efeitos da crise, mas cuja 
evolução futura continua imersa em incertezas. Levando em conta apenas o desempenho das grandes 
empresas investidoras em P&D, o choque de 2008 parece ter sido mais forte nos EUA do que na Europa, 
ainda que em ambas as áreas as vendas e os gastos em P&D tenham se recuperado em 2010. Com baixas 
taxas de crescimento de P&D no período 2009/2010, o Japão não registrou uma recuperação semelhante. Já 
os países emergentes, inclusive o Brasil, que tinham sido menos afetados em 2008/2009, mantiveram 
trajetória de expansão dos gastos em P&D. 
Segundo setor de atividade. Ainda que a crise não tenha poupado nenhum segmento econômico, a 
indústria de média intensidade tecnológica, que inclui a indústria automobilística, foi a que teve o volume de 
vendas e os gastos em P&D mais duramente atingidos pela crise. Entre as 1.400 principais empresas 
investidoras em P&D, aquelas do segmento de alta tecnologia (aeronáutica, informática, equipamentos 
médicos, etc) e de baixa intensidade tecnológica (que inclui o setor têxtil e agroalimentar) foram menos 
afetadas (gráfico abaixo). 
Segundo o tipo de inovação. Como já foi mostrado anteriormente, o número de registro de marcas 
apresentou contração em 2009, atingindo mais duramente o setor de finanças, seguros e imóveis. 
Considerando o papel das inovações financeiras nos eventos que desencadearam a crise, esse 
comportamento do registo de marcas pode sugerir uma correção do mercado em favor de um tipo de 
inovação diferente no contexto pós-crise. 
Segundo o tamanho das empresas. Como era de se esperar, as grandes empresas conseguiram melhor 
preservar suas atividades de inovação do que as pequenas e médias empresas. Isso porque as grandes contam 
com recursos próprios mais expressivos e maior acesso a fontes externas de financiamento. A preservação 
de seus projetos de inovação tem ainda um caráter estratégico, uma vez que sua suspensão pode acarretar 
custos expressivos no momento de reativação (devido sobretudo à perda de conhecimento proveniente do 
capital humano). Em contrapartida, segundo o BCE (2011), em 2011, as margens de lucro das pequenas e 
médias empresas foram mais fortemente comprimidas do que aquelas da grande empresa, incitando as 
primeiras a um movimento mais amplo de desalavancagem, levando provavelmente a uma redução de sua 
contribuição ao processo de inovação. Ademais, no caso de empresas latino-americanas, Paunov (2012) não 
encontrou uma maior probabilidade de interrupção dos investimentos em inovação para as empresas de 
pequeno porte, estando mais vulneráveis os investimentos de empresas jovens, cujo pequeno histórico de 
crédito resulta em maiores dificuldades para obtenção de financiamentos. 
A Política de Inovação no Contexto de Crise. No atual contexto de crise, as políticas nacionais de 
inovação seguem duas diretrizes: encorajar a tendência positiva de longo prazo para a inovação e evitar, ao 
máximo, impactos negativos da crise sobre os sistemas nacionais de inovação que possam assumir um 
caráter duradouro. 
Atingir esses objetivos não parece, contudo, uma tarefa fácil. Em primeiro lugar, porque a política de 
inovação incide sobre sistemas de inovação muitas vezes já fragilizados, mesmo antes da eclosão da crise 
internacional. Vários indicadores apontam para desafios à inovação de ordem estrutural em vários países: 
para o conjunto dos países da OCDE, a desaceleração da produtividade era um fenômeno anterior à crise, 
assim como a desaceleração da criação de novas empresas nos EUA e o baixo desempenho macroeconômico 
dos países da União Europeia. Em segundo lugar, porque a conjuntura de crise leva à redução das receitas 
fiscais que, associada ao prolongamento de medidas de incentivo ao crescimento econômico – nem sempre 
efetivas para evitar recessão – cria dúvidas sobre a sustentabilidade da dívida pública e restringe a 
capacidade de financiamento dos Estados. 
Apesar disso, a resistência à queda dos gastos públicos com P&D ao longo da crise indica o reconhecimento 
pelos governos da importância estratégica da inovação e das medidas de apoio do Estado à inovação. Em 
relação a 2007, o orçamento público destinado à P&D apresentou uma trajetória de redução sucessiva entre 
2009 e 2011 apenas na Itália e na Romênia e a partir de 2010, na Irlanda e no Reino Unido. Outros países, 
entretanto, desaceleraram o crescimento de suas dotações orçamentárias, mas não apresentaram cortes, 
como, por exemplo, França, Dinamarca, Áustria, Bélgica e Coreia. 
O incentivo à inovação fez parte, assim, do conjunto amplo de medidas contracíclicasadotadas pelos 
governos depois de 2008. Nesse contexto o incentivo à inovação assumiu duas vertentes: por um lado, 
buscaram sustentar as iniciativas em curso, reagindo energicamente aos problemas de financiamento 
provocados pela crise; por outro lado, introduziram reformas de caráter mais estrutural nos sistemas de 
inovação. As experiências nacionais deram, contudo, pesos diferentes para cada uma dessas vertentes 
(Anexo 1). Enquanto Alemanha, Estônia e Suécia são exemplos de casos onde as medidas priorizaram a 
injeção de recursos suplementares em programas de apoio à inovação já existentes, Espanha, Grécia, 
Austrália e Canadá contaram com a criação de novos programas. Em outros casos, como na Argentina, 
Áustria, Bélgica, Chile, Colômbia e Nova Zelândia, não houve nenhuma alteração nas suas políticas de 
inovação, nem recursos adicionais foram alocados, nem novos programas foram criados. 
 
 
A OCDE identifica seis tendências das ações associadas à inovação, tomadas no contexto da crise 
recente. 
1. Priorização do apoio às instituições públicas de pesquisa e a programas de ensino. Entre os países 
que têm insistido nessa via encontram-se Austrália, Canadá, China, EUA, Itália, Portugal, Suíça, 
entre outros. Diante da crescente restrição orçamentária à qual a maioria dos países tem estado 
sujeita, a ação mais direta dos governos sobre as atividades de inovação tem exigido a busca por 
melhoria na coordenação da política de inovação, tanto no que diz respeito à coordenação horizontal, 
isto é, entre os ministérios responsáveis pelo apoio à inovação, como em relação à coordenação 
vertical, ou seja, entre esses ministérios e os organismos de execução da política. Questionados pela 
OCDE sobre quais medidas poderiam ampliar a coordenação da ação estatal no domínio da 
inovação, os países elegeram como as mais importantes a definição de visão e estratégia nacional, a 
criação de organismo/ministério expressamente encarregado da inovação e a prática de avaliação e 
revisão das políticas. 
2. O estabelecimento de conselhos estratégicos também é uma tendência importante da ação pública 
sobre a inovação em busca de maior coordenação. Esses conselhos assumem função distinta em cada 
país. Em países como Irlanda, Holanda, Reino Unido e Suíça, tais conselhos desempenham um papel 
consultivo, segundo o qual os governos são aconselhados a priori ou a posteriori sobre a política de 
pesquisa e inovação, mas suas ações não são limitadas pelos pareceres dos conselhos. Já Finlândia e 
Canadá enfocam o papel de coordenação, cujo princípio é que o conselho estabeleça uma 
coordenação horizontal entre os ministérios responsáveis pela inovação de sorte a harmonizar as 
políticas sem torná-las restritivas. O modelo de planificação conjunta é adotado pelos conselhos da 
Coreia e do Japão, por exemplo, onde os governos utilizam o conselho como um ministério virtual da 
inovação. 
3. Priorização do apoio a empresas com falta de crédito, em particular para projetos mais arriscados. 
Nos EUA, Finlândia, Israel, Holanda, Suécia, Reino Unido, entre outros, a ajuda financeira e a oferta 
de garantias foram ações emergenciais adotadas pelo governo. Frente aos efeitos da crise sobre as 
finanças públicas, novas fontes de financiamento da inovação têm sido buscadas pelos governos, tais 
como as parcerias público-privadas e os fundos soberanos. Outras fontes financiamento também vêm 
ganhando importância, especialmente nos EUA, como o financiamento participativo (crowd funding) 
e o suporte financeiro de grandes corporações a pequenas empresas inovadoras. Ademais, no nível 
institucional, nova legislação favorecendo angel investidors foram adotadas pelo Reino Unido, Israel 
e Portugal. 
4. Ajustamento de certos instrumentos utilizados na política de inovação. Vêm ganhando importância 
as medidas que conferem benefícios fiscais às empresas segundo seus gastos em P&D, somando-se a 
modalidades mais diretas de financiamento público, como os subsídios e os contratos de P&D 
firmados entre o Estado e as empresas. Isenções fiscais foram estabelecidas em 26 das 34 economias 
da OCDE, bem como em muitos outros países não membros. No Canadá, Coreia, Dinamarca e 
Portugal, esse é o principal canal de financiamento público à P&D das empresas (gráfico abaixo). 
Depois de 2005, as isenções foram majoradas na França e em Portugal, enquanto nos EUA e na 
Rússia foram os canais de financiamento direto (subsídios e contratos públicos de P&D) que 
cresceram. Em outros casos, ambos os canais foram priorizados, como na Áustria e na Eslovênia. 
5. Apoio às pequenas e médias empresas. As pequenas e médias empresas estão mais sujeitas a falhas 
do mercado de crédito, devido especialmente às assimetrias de informação, e à ausência de canais 
comunicantes entre elas e investidores, o que justifica a intervenção do poder público. É reconhecido 
que subsídios públicos são eficazes nas primeiras etapas de desenvolvimento das empresas pequenas 
e jovens de tecnologia que apresentam pesados gastos em P&D. Assim, países como Alemanha, 
Canadá, Finlândia, França, Hungria, Itália e Eslovênia têm adotado medidas que facilitam o acesso a 
financiamento a essas empresas, mas também que apoiem seus projetos de P&D e de inovação, como 
a contratação de pessoal qualificado. 
6. Especialização inteligente. Trata-se da estratégia em que o governo foca suas ações em setores 
considerados essenciais à competitividade nacional e, em geral, ao bem estar social. Nesse sentido, 
dois campos de inovação aparecem como prioritários: a área da saúde e as inovações ambientais. 
Entre os países que tem orientado suas ações para essas duas áreas estão Bélgica, China, Canadá, 
EUA, França, Hungria, Japão, Holanda e Portugal. O gráfico abaixo traz algumas áreas de inovação 
tecnológica que são priorizadas diferentemente em cada país. 
 
Inovação em favor da “economia verde”. Evidências do esgotamento de recursos naturais e dos efeitos 
deletérios da emissão de poluentes levaram nos últimos anos à adoção de iniciativas governamentais em 
muitos países da OCDE na direção de estabelecer um padrão de crescimento econômico mais ecológico. 
 
Entre as estratégias adotadas, destacam-se: 
(1) Ajustes das políticas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) de oferta, tais como a recalibragem dos 
instrumentos de financiamento público para incentivar a interdisciplinaridade e as parcerias de diferentes 
grupos de pesquisa que possam estar associados à “inovação verde”; o direcionamento dos institutos 
públicos de pesquisa para esse tipo de inovação, estreitando suas relações com o setor industrial. 
(2) Direcionamento do apoio público à P&D das empresas priorizando a inovação verde. A criação de 
concursos que premiam pesquisas desse tipo de inovação (como por exemplo, H-Prizes dos EUA para 
pesquisas em tecnologia de hidrogênio) é um exemplo de instrumento com esse objetivo. 
(3) Ações do lado da demanda por tecnologia verde, como as compras governamentais e regulamentações, 
mas também a sensibilização dos consumidores ou usuários para que priorizem tecnologias e produtos 
ambientalmente responsáveis. 
Inovação em favor do envelhecimento. A OCDE afirma ser estratégico pôr de forma mais sistemática a 
ciência e a tecnologia para reduzir os efeitos negativos do processo de envelhecimento das sociedades. 
Contribuições especialmente no domínio da saúde e da autonomia das pessoas idosas poderiam melhorar a 
eficiência dos sistemas de saúde e de serviço social ao idoso, ao mesmo tempo em que garantiriam um 
ganho de bem-estar desse segmento da população. Ademais, ao permitir um melhor estado de saúde por 
mais tempo, inovações nesse sentido abririam a possibilidade de um alongamento do período 
economicamente ativo dos indivíduos, contribuindo para um melhor gerenciamento da sustentabilidade dos 
sistemas de previdência e aposentadoria. Da ótica das empresas, por sua vez, as inovações voltadasaos 
idosos teriam a vantagem de criar novos mercados a serem explorados. 
Inovação em favor da inclusão social. A condição de país em desenvolvimento significa a existência de 
importante desigualdade social e econômica, que constitui fonte potencial de conflitos sociais e de pobreza 
extrema. À medida que a política de inovação passa a considerar a economia informal – que abarca grande 
parte dos setores sociais em desvantagem –, potencializa-se o papel da inovação no desenvolvimento e na 
redução das desigualdades. A inovação inclusiva pode ser compreendida a partir de dois ângulos. Em 
primeiro lugar, a inovação do tipo inclusiva consiste em obter versões mais simples e, por isso, mais baratas 
de equipamentos existentes, afim de que possam ser comprados por grupos de baixa renda (também 
chamada de “inovação frugal”). Em segundo lugar, algumas inovações podem facilitar o empreendedorismo, 
viabilizando a integração dos grupos sociais de baixa renda no circuito econômico. A inovação inclusiva 
difere, então, por sua natureza (produtos e processos que se direcionam aos grupos de baixa renda) e por sua 
origem (é gerada pelos grupos de baixa renda). Esse tipo de inovação permitiria, assim, reduzir as diferenças 
referentes à criação e incorporação de novas tecnologias que, estando na base da heterogeneidade dos níveis 
de produtividade, também colaboraria na redução das desigualdades de renda. 
Medidas estruturais. Diversos países adotaram medidas com o objetivo de reduzir as falhas de seus 
sistemas de inovação e de reformar os estabelecimentos públicos de pesquisa (Itália e Grécia), reforçar os 
laços de cooperação entre o setor público e o privado (França), reduzir o peso da burocracia (Espanha) e 
rentabilizar as despesas públicas em P&D e inovação (Reino Unido). 
A inclusão da política de inovação em planos de reativação do dinamismo econômico frente à crise está, 
contudo, sujeita a contradições intrínsecas resultantes do fato de que a política econômica anticíclica tem, 
por definição, o objetivo de ter efeitos no curto prazo, senão imediatamente, enquanto os frutos da política 
de inovação tendem a aparecer, sobretudo, no médio e longo prazo. Os países analisados pela OCDE 
seguiram, então, três estratégias com a intenção de reduzir essas contradições. 
Em primeiro lugar, as medidas emergenciais adotadas priorizaram a manutenção dos canais de 
financiamento às empresas e o investimento público em infraestrutura de pesquisa e em educação. A 
natureza desses gastos permite que haja injeção de estímulos na economia ao mesmo tempo em que garante 
a preservação de uma trajetória de mais longo prazo das atividades de P&D e inovação. 
A segunda estratégia envolve na manutenção de programas de incentivo à inovação já existentes, reforçando 
apenas os recursos neles alocados. Dessa forma evita-se a precipitação de implementação de programas e 
projetos mal elaborados, colocando em risco a obtenção de resultados satisfatórios. 
Por último, ganharam importância as medidas que agem sobre a demanda de inovações. Em muitos países 
da OCDE um esforço importante em P&D foi acompanhado de resultados fracos em termos de inovação 
(paradoxo da inovação), fazendo com que medidas de estímulo à demanda de inovações viessem a integrar a 
política de inovação. Apesar da falta de uma definição consensual, a política de inovação de demanda 
consiste, em geral, em um conjunto de medidas que permitem o crescimento da demanda por inovações, a 
melhora das condições de adoção das inovações ou facilitação de sua difusão. Seu principal objetivo é, 
então, reduzir as barreiras à introdução nos mercados e à difusão das inovações. Tais políticas mobilizam 
diferentes tipos de instrumentos, como os contratos e compras governamentais (mercado público à 
inovação), a regulamentação, que incite a adoção de uma nova tecnologia e coíbe o uso da tecnologia 
precedente, e normas que simplifiquem, por exemplo, a integração entre diferentes vertentes de uma 
tecnologia nascente, aumentando a transparência e reduzindo os riscos para seus demandantes. 
Perspectivas 
A atual crise internacional, cujo desfecho parece, em 2012, ainda não ter sido atingido, pode apresentar 
efeitos duradouros sobre os sistemas nacionais de inovação, comprometendo seu desempenho futuro. Os 
principais canais pelos quais esses efeitos podem se dar foram identificados pela OCDE. 
- Manutenção de taxas elevadas de desemprego. O elevado desemprego, especialmente naqueles países 
em que não poupa os trabalhadores altamente qualificados, pode comprometer a trajetória futura de 
inovação em decorrência de dois fatores. Em primeiro lugar, existe uma perda de capacidades e de 
conhecimentos de ponta por parte desses trabalhadores desempregados; em outros termos, ocorre uma 
degradação do capital humano quando taxas elevadas de desemprego persistem por muito tempo. Em 
segundo lugar, as empresas que decidem reduzir seus quadros de trabalhadores qualificados e suspender 
seus projetos de inovação estão sujeitas a perdas de conhecimento informal que podem prejudicar seu 
potencial inovador. Ademais, as medidas de flexibilização do mercado de trabalho, adotadas em muitos 
países como forma de incentivar a geração de postos de trabalho, não contam, contudo, com evidências de 
que podem contribuir com a inovação. 
-Efeito cumulativo. As empresas que interrompem seus projetos de inovação no presente podem enfrentar 
custos mais elevados para retomá-los no futuro, sendo obrigadas a recompor equipes, recuperar 
conhecimento informal perdido, atualizar-se de novos conhecimentos e tecnologia gerados no período de 
interrupção, etc. Assim, o investimento em inovação não realizado hoje pode prejudicar o investimento em 
inovação de amanhã. 
- Deslocalização. A evolução macroeconômica decepcionante de certos países pode levar as empresas a 
transferir suas atividades de produção e de pesquisa para o estrangeiro, de sorte que nada garante que elas 
retornem aos países de origem mesmo com a melhora de suas condições econômicas. 
Caso a assimetria regional do desempenho em matéria de inovação perdure, os países em desenvolvimento e 
emergentes, como os BRIICS (Brasil, Rússia, Índia, Indonésia, China e África do Sul), e em especial os 
países asiáticos, terão sua participação na introdução de inovações majoradas, compreendendo um 
movimento de convergência na direção dos países desenvolvidos. 
Por final, entre as perspectivas da inovação identificadas pela OCDE destaca-se o elevado nível de incerteza 
dos gastos públicos em P&D e inovação que, apesar de terem resistido até então à crise internacional, podem 
começar a sentir os efeitos da crise fiscal a que muitos países, especialmente os desenvolvidos, com 
destaque para os europeus, tem estado sujeitos. 
 
Referências 
ARCHIBUGI, D.; FILIPPETTI, A. (2011). Innovation in times of crisis: National systems of innovation, 
structure, and demand. Research Policy, v. 40, p. 179-192. 
BCE – BANCO CENTRAL EUROPEU (2011). Enquête sur l’accès des PME au financement dans la zone 
euro, abril a setembro 2011. 
CE – COMISSÃO EUROPEIA (2011). Monitoring industrial research: the 2011 EU industrial R&D 
investment Scoreboard. Comissão Europeia, Luxemburgo. 
KANERVA, M.; HOLLANDERS, H. (2009). The impact of the economic crisis on innovation: analysis 
based on the Innobarometer 2009 survey, Innometrics. 
OCDE (2012). Science, Technology and Industry Outlook 2012. 
PAUNOV, C. (2012). The global crisis and firms’ investments in innovation. Research Policy, v. 41, p. 24-
35. 
ROBB, A.; REEDY, E.J. (2012). An overview of the Kauffman firm survey: results from 2010 business 
activities, maio. 
 
Anexo - Crise Econômica e Ação Pública em Matéria de CT&I: Exemplos Nacionais 
África do Sul - Não houve nenhuma grande alteração em matéria de política de inovação, apenas algumas 
melhoras na política industrial adotada em 2008, priorizando áreas estratégicas comoa segurança alimentar 
e energética e o desenvolvimento industrial. 
Alemanha - A crise não teve nenhuma incidência maior sobre a política de inovação alemã em matéria de 
CT&I. Uma medida de curto termo foi a ajuda suplementar de US$ 1,1 bilhão para os anos de 2010-2011 ao 
programa central de inovação para as pequenas e médias empresas (PME). 
Brasil - Os efeitos da crise sobre as políticas de CT&I não foram relevantes. Em 2009, os créditos para a 
P&D privados concedidos pela FINEP foram duplicados, em parte como reação à crise. 
China - Em resposta à crise, foi lançado um plano de estímulo econômico de US$ 1 trilhão, dos quais US$ 
392,7 bilhões foram direcionados à construção de infraestrutura. Esse pacote colocou em primeiro plano os 
investimentos em infraestrutura e capital humano de dez setores, entre os quais o setor de máquinas e 
equipamentos, de eletrônica e de informação, assim como a indústria leve e o setor petroquímico. Em 
fevereiro de 2009, o Conselho de Estado decidiu apoiar as atividades de CT&I: em 2010 e 2011, US$ 26,6 
bilhões foram investidos pelas autoridades centrais e locais no desenvolvimento de infraestrutura em CT&I, 
com a criação de polos de competitividade para alta tecnologia, o apoio das capacidades de inovação das 
empresas e o estreitamento das relações entre universidades e empresas. O plano de ação à inovação 
científica e tecnológica da Academia Chinesa das Ciências, elaborado em resposta à crise financeira 
mundial, consistia em projetos-piloto (redes wireless de alta velocidade) e a aplicação comercial de grandes 
avanços científicos e tecnológicos (tecnologia de projeção a laser, por exemplo). 
Coreia do Sul - O impacto da crise sobre as políticas de inovação foram menores; o orçamento público para 
as atividades de P&D foi mantido. 
EUA - O American Recovery and Reinvestment Act de 2009 foi criado para fornecer um estímulo 
econômico de curto prazo à pesquisa e à infraestrutura de pesquisa e para reforçar a base de conhecimentos 
em vista ao crescimento econômico futuro nas áreas de energia limpa, ciências biomédicas e de novas 
tecnologias industriais. O ato previa US$ 18 bilhões para as descobertas associadas à energia, ao clima e às 
tecnologias do futuro. No âmbito do ministério da saúde e dos serviços sociais (Department of Health and 
Human Services), os Institutos Nacionais de Saúde (NIH – National Institutes of Health) receberam US$ 10 
bilhões para a pesquisa biomédica e a renovação ou construção de laboratórios. 
Investimentos da ordem de US$ 5,2 bilhões foram efetuados nas principais instituições científicas: US$ 3 
bilhões à National Science Foundation (pesquisa de base, ensino e recursos humanos e infraestrutura), US$ 
1,6 bilhão ao Office of Science of the Department of Energy e US$ 580 milhões ao National Institute of 
Standards and Technology (pesquisa sobre normas, equipamentos de ponta de medidas e à infraestrutura de 
pesquisa). Esses recursos representaram um aumento de 50% da dotação de 2008 desses institutos, além de 
representar parte da estratégia presidencial de dobrar seu financiamento em dez anos. 
A NASA (National Aeronautic and Space Administration) recebeu US$ 1 bilhão para acelerar suas 
pesquisas sobre mudanças climáticas, ciências da Terra e o desenvolvimento da próxima geração do sistema 
de transporte aéreo. A National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), por sua vez, recebeu 
US$ 170 milhões para suas atividades de modelização climática e US$ 660 milhões para a manutenção e 
construção de instalações de pesquisa. Já o US Geological Survey se beneficiou de US$ 140 milhões 
suplementares para a renovação e a construção de instalações e para seus sistemas de avaliação de riscos de 
abalos sísmicos e erupções vulcânicas. 
O mesmo ato de 2009 também permitiu que o poder público oferecesse temporariamente garantias a 
empréstimos em até 90% de seu valor e reduzisse ou eliminasse custos administrativos desses empréstimos. 
Assim, a US Small Business Administration recebeu recursos da ordem de US$ 730 milhões para esses fins 
e, posteriormente, mais US$ 125 milhões para estender essas ações até fevereiro de 2010. 
O Tesouro americano deve ainda estimular os empréstimos às PME por meio do oferecimento de funding a 
baixo custo aos bancos, e o presidente Obama prometeu que US$ 30 bilhões fossem destinados a esse fim. 
Essa medida foi incluída no projeto de lei sobre o emprego em PME, votado em setembro de 2010, que 
concede US$ 12 bilhões em isenções fiscais e estende os empréstimos existentes. 
França - As empresas puderam pedir o reembolso imediato do crédito tributário recebido devido suas 
atividades de pesquisa em 2009 e 2010; a partir de 2011 o benefício foi restrito às PME. 
Foram injetados recursos no OSEO Garantie (instituição pública de apoio à inovação e à PME) para fornecer 
garantias, co-financiamentos e empréstimos. Em 2009 foi ampliado o número de empresas com acesso a 
essa instituição. 
O Programme d’Investissements d’Avenir (PIA) prevê US$ 40 bilhões de apoio à inovação entre 2011 e 
2013. 
Holanda - Um programa de US$ 214 milhões foi criado para apoiar 2 mil pesquisadores do setor privado 
que corriam risco de desemprego. O crédito tributário em favor à P&D foi ampliado em US$ 179 milhões 
em 2009 e 2010. O mecanismo de estímulo ao crescimento propôs aos bancos e aos fundos de capital de 
risco uma garantia de 50% sobre as emissões de ações e foi ampliado durante a crise para permitir a garantia 
de até US$ 29,8 milhões de ações pelas empresas. Ademais, a garantia para os financiamentos das empresas, 
lançada em março de 2009, forneceu aos bancos uma garantia de 50% a seus novos empréstimos de 
montante entre US$ 1,8 milhões e US$ 179 milhões. 
Irlanda - O apoio à inovação foram amplamente mantidos apesar da crise. 
Itália - Em 2009 foi criado um plano de promoção das exportações com orçamento de US$ 237 milhões. 
Adicionalmente, US$ 3,7 bilhões em isenções fiscais para o período 2009-2011 foram concedidos a 
empresas com o objetivo de estimular a produtividade. US$ 2,1 bilhões foram direcionados para o 
refinanciamento do Fundo Central de Garantia às PME. Nenhuma redução foi verificada no gasto público 
em P&D. 
Em 2010 e 2011, o corte de gastos públicos não atingiu as universidades nem as instituições públicas de 
pesquisa, mais foi criada uma regulamentação para a contratação provisória de pesquisadores pelas 
universidades. 
Japão - Do orçamento suplementar de US$ 487,8 bilhões para enfrentar a crise em 2008, cerca de US$ 8,6 
bilhões estavam alocados para a ciência e tecnologia. 
O quarto plano de base para a ciência e tecnologia marca a transição de uma política que privilegiava as 
disciplinas para uma abordagem baseada nos problemas e na recuperação após o tsunami de março de 2011. 
O orçamento de 2011 previa reduções de créditos, exceto nas linhas orçamentárias associadas à ciência e à 
pesquisa. No orçamento global do Ministério da Educação, da Cultura, dos Esportes, das Ciências e da 
Tecnologia, em queda de 0,9%, os créditos alocados às ciências cresceram 3,3%. 
Reino Unido - O programa Enterprise Finance Guarantee Scheme, criado em janeiro de 2009, para reduzir 
as dificuldades de financiamento de PME (receita de até US$ 38,5 milhões), triplicou o número de 
empréstimos garantidos em 2009 frente ao período 2007-2008. 
Em 2010, o orçamento público de US$ 7 bilhões consagrados à pesquisa científica foi mantido e preservado 
até 2014, implicando uma desvalorização real de 10%. O poder público se comprometeu a elevar a 
eficiência do gasto público em ciência, até 2014-2015, em um montante de US$ 491 milhões ao ano, 
devendo ser reinvestidos no mesma área. 
Rússia - A crise teve um impacto negativo de curta duração sobre o orçamento público, mas não houve 
cortes significativos nas políticas de CT&I. Nos últimos anos, os recursos alocados ao setor científico civil 
foram multiplicados por 3,8, o quereduziu o efeito nefasto da crise sobre o setor industrial e compensou a 
redução dos financiamentos advindos de fontes extra orçamentárias. 
Suécia - O orçamento das universidades foi aumentado em 25%, dos quais 1/3 sem condicionamento, 1/3 
destinado a áreas consideradas de interesse do setor industrial e da sociedade e 1/3 alocado às infraestruturas 
de pesquisa. 
Fouriertransform AB, sociedade de capital de risco na indústria automobilística, foi criada no final de 2009 
com capital de US$ 335 milhões com o objetivo de realizar os investimentos em P&D do setor. 
Em 2009, houve injeção de capital nos bancos suecos de desenvolvimento permitindo elevar seus 
empréstimos. Em 2010, o volume de seus empréstimos voltou ao nível normal (65% dos empréstimos de 
2009). 
Turquia - As medidas de precaução tomadas para enfrentar a crise internacional sobre P&D e inovação 
compreenderam especialmente o apoio direto de fundos públicos, com alocação de US$ 217,4 milhões 
suplementares ao Conselho Turco de Pesquisa Científica e Tecnológica.

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