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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFG PSICOLOGIA ANA PAULA PEREIRA DE SOUZA FERNANDES ANÁZIA DE JESUS SOUZA MATOS CASSIELE SANTOS DE OLIVEIRA FLÁVIA PAULA COTRIM SANTOS GREICIELLY FERREIRA SANTOS MATHEUS DIAS DA SILVA MIRIAN DOS SANTOS NASCIMENTO CARDOSO SINARA CRUZ SOUZA VIVIANE WANESSA REIS ROCHA SILVA APLICAÇÃO DA TEORIA DE WALLON NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPERIÊNCIA NA CRECHE MUNICIPAL ADÍLIA CARDOSO DE MORAES GUANAMBI - BA 2025 ANA PAULA PEREIRA DE SOUZA FERNANDES ANÁZIA DE JESUS SOUZA MATOS CASSIELE SANTOS DE OLIVEIRA FLÁVIA PAULA COTRIM SANTOS GREICIELLY FERREIRA SANTOS MATHEUS DIAS DA SILVA MIRIAN DOS SANTOS NASCIMENTO CARDOSO SINARA CRUZ SOUZA VIVIANE WANESSA REIS ROCHA SILVA APLICAÇÃO DA TEORIA DE WALLON NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPERIÊNCIA NA CRECHE MUNICIPAL ADÍLIA CARDOSO DE MORAES Planejamento apresentado ao curso de Psicologia como requisito referente a Atividade Avaliativa - A3 da Unidade Curricular Desenvolvimento Humano. Docentes: Jussara Aguiar Coelho e Georgia Neves. GUANAMBI – BA 2025 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................................... 4 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 5 3.1 Objetivo Geral: ................................................................................................................. 5 3.2 Objetivos Específicos: ...................................................................................................... 5 PÚBLICO-ALVO ....................................................................................................................... 6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................. 6 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 7 RECURSOS NECESSÁRIOS .................................................................................................... 9 RESULTADOS ESPERADOS .................................................................................................. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 11 1. INTRODUÇÃO O início da vida representa uma fase decisiva para o desenvolvimento integral da criança, sendo marcado por experiências que influenciam diretamente suas habilidades cognitivas, emocionais e sociais. O espaço da creche, nesse contexto, configura-se como um ambiente fundamental para a mediação dessas experiências, oferecendo oportunidades valiosas de convivência, aprendizagem e expressão afetiva. Autores como Papalia e Feldman (2013) destacam que os primeiros anos de vida são moldados por uma complexa interação entre fatores biológicos, ambientais e relacionais. Já Henri Wallon (2007), ao integrar corpo, emoção e cognição em sua teoria do desenvolvimento, propõe uma leitura mais sensível da infância; para ele, o desenvolvimento ocorre em estágios que se sobrepõem e se inter-relacionam, com a afetividade exercendo um papel estruturante. A partir dessa perspectiva, o movimento e o afeto não são apenas manifestações da infância, mas vias essenciais para o surgimento do pensamento e da linguagem. A vivência do corpo em movimento, a ludicidade e a expressão emocional são, portanto, elementos centrais no cotidiano da criança e devem ser valorizados nas práticas pedagógicas. Assim sendo, a partir das observações realizadas na creche Municipal Adília Cardoso de Morais, observou-se que muitas crianças apresentam dificuldades em especial no desenvolvimento da linguagem, da atenção e da socialização, o que reforça a importância de propostas interventivas que aliem o brincar ao desenvolvimento afetivo e social. Nesse sentido, inspirando-se na teoria walloniana e nos relatos dos educadores das turmas atendidas, este projeto de intervenção visa promover o fortalecimento da afetividade por meio das atividades lúdicas, cooperativas e inclusivas. A proposta busca potencializar o vínculo entre as crianças, estimular a expressão emocional e favorecer a construção de uma base afetiva segura, essencial para o desenvolvimento global. 2. JUSTIFICATIVA O desenvolvimento da afetividade durante a segunda infância constitui um dos pilares da formação da personalidade e da construção das relações sociais. Nessa etapa, a criança começa a consolidar vínculos mais duradouros com os colegas e adultos, ao mesmo tempo em que desenvolve maior consciência de si e do outro. No entanto, quando esse processo ocorre em contextos de vulnerabilidade social ou em meio a dificuldades específicas de desenvolvimento, como atrasos na fala, baixa atenção e transtornos do neurodesenvolvimento, torna-se fundamental a implementação de estratégias que estimulem e fortaleçam essas habilidades. As observações realizadas na Creche Municipal Adília Cardoso de Moraes revelaram que muitas crianças apresentam dificuldades em interações sociais, atenção compartilhada, regulação emocional e desenvolvimento da linguagem. Situações como a presença de crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), em avaliação para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e com atrasos no desenvolvimento sem acompanhamento especializado apontam para um cenário que demanda ações interventivas acessíveis, lúdicas e afetivamente significativas. Diante disso, este projeto justifica-se pela necessidade de promover experiências que valorizem o corpo, o afeto e a ludicidade como caminhos para o fortalecimento da convivência e da aprendizagem. Fundamentado na teoria de Henri Wallon, que enfatiza a importância da motricidade e da afetividade no desenvolvimento infantil, propõe-se um circuito de atividades cooperativas e simbólicas que contribua para o amadurecimento emocional, motor e social das crianças. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral: Observar e estimular o desenvolvimento global de crianças de 3 a 4 anos no contexto da Creche Municipal Adília Cardoso de Moraes. 3.2 Objetivos Específicos: • Estimular o reconhecimento e a expressão de emoções básicas nas crianças, utilizando jogos simbólicos e recursos visuais; • Fortalecer vínculos afetivos entre as crianças por meio de atividades em duplas e em grupo que favoreçam a cooperação e o respeito mútuo; • Promover o desenvolvimento da atenção, do equilíbrio e da coordenação motora por meio de circuitos motores adaptados à faixa etária; • Favorecer a inclusão de crianças com necessidades específicas, como aquelas com TEA ou em avaliação para TDAH, por meio de estratégias pedagógicas acessíveis e integradoras; • Observar e refletir, em parceria com os educadores,os efeitos das atividades lúdicas no comportamento socioemocional, na atenção compartilhada e na socialização das crianças, promovendo um olhar mais sensível para os processos de desenvolvimento; • Desenvolver a autonomia e a tomada de decisão, incentivando as crianças a fazerem escolhas durante o circuito e a resolverem pequenos desafios em cooperação com seus pares. 4. PÚBLICO-ALVO O público-alvo deste projeto de intervenção são crianças com idades entre 3 e 4 anos, regularmente matriculadas nas turmas 3ºB, 3ºC e 3ºD da Creche Municipal Adília Cardoso de Moraes. O grupo contempla crianças com desenvolvimento típico, bem como crianças com necessidades específicas, incluindo aquelas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), em processo de avaliação para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e/ou com atrasos no desenvolvimento da linguagem e da socialização. O projeto também envolve os educadores responsáveis pelas turmas, que participarão das atividades e observações ao longo do processo interventivo. 5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O desenvolvimento humano na primeira infância é um processo complexo e multifacetado, no qual aspectos biológicos, cognitivos, afetivos e sociais se entrelaçam influenciando o desenvolvimento da criança. De acordo com Papalia e Feldman (2013), o desenvolvimento infantil é influenciado por fatores genéticos, ambientais e relacionais, sendo as experiências iniciais decisivas para o estabelecimento de habilidades cognitivas e socioemocionais que perduram ao longo da vida. Nesse sentido, o ambiente escolar, especialmente nas creches e instituições de educação infantil, exerce papel central na estimulação adequada de tais competências. A teoria de Henri Wallon (2007) oferece uma compreensão integrada do desenvolvimento, propondo que a criança se constitui por meio da interação entre o biológico, o afetivo, o cognitivo e o social. Wallon defende que o desenvolvimento não ocorre de forma linear, mas sim em estágios que se interpenetram e se complementam. Esses estágios são marcados por crises e avanços, em que o corpo e a emoção desempenham papel primordial. Assim, o movimento e a afetividade são vistos como fundamentos do pensamento e da aprendizagem, sendo a motricidade a via inicial de expressão da criança. A proposta de Wallon valoriza a corporeidade como linguagem primária da infância. Para ele, a aprendizagem começa com o corpo em ação no mundo, sendo o jogo simbólico, a imitação, o gesto e a emoção instrumentos fundamentais na construção da subjetividade infantil (WALLON, 2007). Isso dialoga diretamente com as observações realizadas na Creche Municipal Adília Cardoso de Moraes, onde se verificaram dificuldades no desenvolvimento da linguagem, da atenção e da socialização em diversas turmas. Segundo Dalbosco e Barroso (2010), a teoria walloniana contribui significativamente para a prática pedagógica ao enfatizar a necessidade de intervenções que promovam o equilíbrio entre emoção e cognição. Os autores destacam a importância de práticas educativas que respeitem o ritmo da criança, estimulem a cooperação e fortaleçam vínculos afetivos, especialmente em contextos marcados por vulnerabilidade social. Assim, valorização de atividades que envolvam o corpo em movimento, como circuitos motores e jogos cooperativos, torna-se, portanto, uma estratégia pedagógica essencial para a promoção do desenvolvimento integral. 6. METODOLOGIA O foco da intervenção é a promoção do desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social das crianças atendidas na Creche Municipal Adília Cardoso de Moraes. A intervenção será baseada em atividades lúdicas e cooperativas, que estimularão a interação entre as crianças e contribuirão para o desenvolvimento de habilidades fundamentais. A intervenção será aplicada nas turmas do 3ºB, 3ºC e 3ºD. Durante a fase de observação e levantamento das necessidades das turmas participantes da intervenção foram identificadas diversas demandas, sendo coletadas através do relato das professoras. Na turma do 3ºD, foi citada a presença de um aluno com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outro em processo de avaliação para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), além de seis crianças com atraso significativo na fala. Já na turma do 3ºC, há um aluno também com diagnóstico de TEA. Na turma do 3ºB, há quatro crianças que apresentam atraso no desenvolvimento, ainda que sem diagnóstico formal até o momento. Em todos os casos, as educadoras relataram obstáculos relacionados ao encaminhamento para serviços especializados, em especial devido à condição de vulnerabilidade social das famílias, o que acaba dificultando o acompanhamento terapêutico adequado. Além disso, durante as atividades diárias, foram notadas dificuldades comuns entre os grupos, como baixa capacidade de atenção, resistência em respeitar turnos nas dinâmicas de grupo e dificuldade em manter o foco durante as tarefas propostas. Esses fatores evidenciam a necessidade de estratégias pedagógicas mais inclusivas e estimulantes, capazes de favorecer o desenvolvimento integral das crianças. A intervenção será estruturada por meio de um circuito de atividades lúdicas, o circuito será composto por diferentes etapas, cada uma com um objetivo específico para o desenvolvimento das habilidades motoras, sociais, cognitivas e emocionais das crianças. CIRCUITO DESCOBRINDO CAMINHOS Passo 01 • Formação de duplas por sorteio: Cada criança sorteará uma figura de animal (gato, leão, elefante, etc.), formando uma dupla com outra criança que tenha o mesmo animal. • Pulseira da Amizade: A dupla recebe uma pulseira simbólica, representando a união e a cooperação durante o circuito, eles terão que percorrer o circuito unidos. • Ao sinal do sino ou apito, o circuito começará. Passo 02 As duplas devem percorrer os seguintes desafios em ordem: 1. Saltar os Cones (coordenação motora e atenção) 2. Amarelinha Adaptada (equilíbrio e ritmo) 3. Dado das Emoções (reconhecimento emocional) 4. Pular Bambolês (agilidade e controle motor) 5. Passar por Baixo da Corda (noção corporal e flexibilidade) 6. Caminhar em Linha Reta sobre um Obstáculo (foco e equilíbrio) 7. Caixa do Pareamento (memória, planejamento e cooperação) Passo 03 Ao final do circuito, a dupla bate na campainha e recebe uma medalha simbólica. A avaliação da intervenção será feita de forma contínua, por meio de observações durante a execução das atividades e com base no feedback das educadoras e dos participantes. Será analisada a participação das crianças nas atividades, o desenvolvimento de habilidades motoras, sociais e cognitivas. 7. RECURSOS NECESSÁRIOS Para a realização do circuito “Descobrindo Caminhos”, serão utilizados recursos materiais apropriados para a faixa etária das crianças. Os recursos necessários são: • Cones plásticos (para salto e marcação de percurso); • Bambolês; • Corda de sisal ou náilon (para passagem por baixo); • Fita adesiva colorida (para marcação da linha reta); • Tapetes emborrachados ou colchonetes (para segurança nas quedas); • Caixa de papelão decorada (para a atividade de pareamento;) • Dados grandes e coloridos (incluindo o “Dado das Emoções” com carinhas e expressões); • Figuras plastificadas de animais (para formaçãodas duplas); • Pulseiras de tecido ou EVA (representando a “Pulseira da Amizade”); • Sinos ou apitos (para sinalizar início e fim do circuito;) • Medalhas simbólicas (em EVA, papel laminado ou reciclado, como forma de valorização); • Cartazes de orientação e estímulo com imagens e cores atrativas; • Caderno de registros para observação e avaliação. Equipe necessária: • Professores e auxiliares das turmas envolvidas • Trio de estudantes de psicologia em cada turma. 8. RESULTADOS ESPERADOS A atividade tem como objetivo principal incentivar a coordenação motora, a atenção e a cooperação entre as crianças, por meio de brincadeiras simples e divertidas. Também se busca favorecer interações verbais, promovendo momentos de socialização e reconhecimento de emoções de forma leve e espontânea. Ainda que nem todos os aspectos do desenvolvimento possam ser trabalhados em profundidade com uma única intervenção, acredita-se que ações como esta já contribuem para despertar o interesse das crianças, fortalecer vínculos e promover um ambiente mais participativo. Com base na teoria de Wallon, reforça-se a importância da escola como um espaço que considera todas as dimensões da criança – corpo, emoção, pensamento e relação social – favorecendo seu crescimento de maneira integral. Além disso, o circuito será disponibilizado às professoras para que possa ser reaplicado ao longo do tempo, adaptado às necessidades das turmas e integrado à rotina pedagógica. Dessa forma, a proposta ultrapassa o caráter pontual da intervenção inicial e se torna uma ferramenta de apoio contínuo ao trabalho docente, fortalecendo o papel da escola como agente ativo no desenvolvimento infantil. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. DALBOSCO, Cláudio Almir; BARROSO, Marcelo Sampaio de Souza. A teoria de Henri Wallon e sua contribuição para a educação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 45, p. 506–521, set./dez. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/. Acesso em: 23 abr. 2025. ZANELLA, Ana Vitória; FERNANDES, Isabel Cristina; MARTINS, Sônia Maria. O corpo e a emoção na teoria de Wallon: contribuições para a educação infantil. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 2, p. 91–108, mai./ago. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/. Acesso em: 23 abr. 2025.