Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 07 Português p/ Senado Federal - Todos os Cargos Professor: Rafaela Freitas Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 105 AULA 07 REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL. USO DA CRASE. A Olá, alunos! Prontos para mais uma aula? Nesta aula vamos falar sobre a forma como os verbos e os nomes relacionam-se com seus complementos. Trata-se da regência verbal e nominal. Logo após, falaremos sobre as regras de uso da crase, assunto recorrente nas provas da FGV! ³6HMD�FRPR�RV�SiVVDURV�TXH��DR�SRXVDUHP�XP�LQVWDQWH�VREUH�UDPRV�PXLWR� leves, sentem-QRV�FHGHU��PDV�FDQWDP��(OHV�VDEHP�TXH�SRVVXHP�DVDV´� Victor Hugo 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 105 REGÊNCIA VERBAL Trata-se da relação de dependência que se estabelece entre os verbos e seus complementos. Exemplo: Eu comprei uma blusa. Termo regente Termo regido É o termo regente que pede o complemento preposicionado ou não, depende de sua transitividade e do sentido que ele tem. Porém, dependendo do sentido do verbo na frase, a sua regência pode variar. Vejamos alguns exemplos em que isso acontece: 1. ASPIRAR: - É Verbo Transitivo Direto (VTD) no sentido de inspirar: Aspiramos o ar da manhã. VTD Objeto Direto (OD) - e�9HUER�7UDQVLWLYR�,QGLUHWR��97,���UHJH�XVR�GD�SUHSRVLomR�³D´��QR�VHQWLGR� de almejar: Aspiro a uma melhor posição. VTI Objeto Indireto (OI) ATENÇÃO ÀS SIGLAS: 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 105 VTD - verbo transitivo direto (aquele que não rege uso de preposição antes do complemento). VTI - verbo transitivo indireto (aquele que rege o uso de preposição antes do complemento ± de, a, para, com, sobre...). VTDI ± verbo transitivo direto e indireto (aquele que pede dois complementos, um direto ± sem preposição ± e outro indireto ± com preposição). VI ± verbo intransitivo (não pede nenhum tipo de complemento). OD ± objeto direto (complemento de VTD). OI ± objeto indireto (complemento de VTI). Isso irá facilitar as explicações! Vejamos outros verbos que alteram o sentido quando a regência também muda: 2) ASSISTIR: - É VTD no sentido de ajudar, de prestar assistência: O médico assiste o doente. VTD OD - É VTI QR�VHQWLGR�GH�YHU��SUHVHQFLDU��UHJH�XVR�GD�SUHSRVLomR�³D´�� Assistiremos ao filme já. TI OI É muito comum usarmos o verbo assistir no sentido de ver com a regência errada, sem a preposição antes do complemento: 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 105 Assisti o jogo de domingo em casa. 1HVWH�FDVR��IDOWRX�D�SUHSRVLomR�³D´�UHJLGD�SHOR�YHUER��&XLGDGR��SRLV��VHP� a preposição, o verbo assistir tem sentido de prestar assistência, ajudar! O correto então é: Assisti ao jogo de domingo em casa. - É VTI também no sentido de caber H�UHJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³D´� Este direito não assiste a você. VTI OI - É intransitivo no sentido de morar, residir, ou seja, não pede complemento: Você assiste em Juiz de Fora. VI Adj. Adv. Lugar ATENÇÃO: Juiz de Fora é Adjunto Adverbial de Lugar, não é complemento do verbo. 3. ATENDER: - É VTD no sentido de acolher, receber, responder, ouvir, conceder: O diretor atendeu os alunos. VTD OD Deus atendeu a súplica de seu servo. VTD OD $7(1d2��R�³D´�p�DUWLJR�IHPLQLQR�VLQJXODU�� 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 105 - É VTI no sentido de dar atenção, considerar, prestar atenção. Rege o uso da pUHSRVLomR�³D´� Atendemos ao apelo da anciã. VTI OI Não atendera aos amigos. VTI OI $7(1d2�� R� ³D´�� QRV� GRLV� FDVRV�� DQWHV� GH� ³R´� H� GH� ³RV´� p� SUHSRVLomR� exigida pela regência do verbo. 4. VISAR: - É VTD no sentido de apontar, mirar: O atirador visou o alvo. VTD OD - É VTD no sentido de dar o visto: O gerente do BB visou o cheque. VTD OD - e�97,�QR�VHQWLGR�GH�WHU�HP�YLVWD��UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´� Eu visava ao seu bem. VTI OI 5. QUERER: - É VTD no sentido de desejar: Eu quero aquele carro. VTD OD 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 105 - É VTI no sentido de estimar��5HJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³D´� Os netos querem ao avô. VTI OI Admite voz passiva = O avô é querido pelos (dos) netos. Sujeito Agente da passiva 6. CUSTAR: - É VTI no sentido de ser difícil: Custou-me acatar tal ideia. VTI OI Sujeito (Acatar tal ideia custa a mim) - É VI também no sentido de ser difícil: Custa muito acatar tal ideia. VI Sujeito (Acatar tal ideia custa) - É VTDI no sentido de acarretar: O ciúme custou-lhe dor. Suj. OI OD (O ciúme custa dor à ele) 7. ESQUECER / LEMBRAR: - É VTD no sentido de sair da memória. Esqueci os fatos passados. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 105 VTD OD - É VTI no sentido de sair da memória, mas quando houver uso de pronome. (pronominal) Esqueci-me dos fatos passados. VTI OI ATENÇÃO: se os verbos esquecer e lembrar forem pronominais, também VHUmR�97,V�H�UHJHP�D�SUHSRVLomR�³GH´� - É VTI = cair no esquecimento, perder importância. Esqueceram-me os fatos passados. VTI OI Sujeito 8. PROCEDER: - É VI no sentido de ter fundamento: Sua atitude não procede. VI - É também VI no sentido de procedência: Nós procedemos de Minas. VI Adj. Adv. Lugar $7(1d2��³GH�0LQDV´�p�DGMXQWR�$GYHUELDO�GHLugar, NÃO é complemento verbal. - É VTI no sentido de dar início ou sequência e rege o uso da preposição ³D´� O juiz procedeu ao julgamento. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 105 VTI OI 9. IMPLICAR: - É VTD no sentido de acarretar: Seu gesto implicará punição. VTD OD Seu gesto implicará EM punição = ERRADO - É VTI no sentido de antipaWL]DU�H�UHJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³FRP´� Ela implicou com o rapaz. VTI OI - É VTI no sentido de comprometer-se e reJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³HP´� Implicou-se em assaltos. VTI OI - É VTDI no sentido de envolver H�UHJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³HP´�QR�2,� Ele implicou o rapaz no crime. VTDI OD OI 10. PRECISAR: - É VTD ou VTI no sentido de ter necessidade: O país precisava de agrônomos. VTI OI x 5HJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³GH´� 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 105 Precisava fazenda macia e pulseiras. VTD OD - É VTD para indicar algo com exatidão: Ele não sabe precisar a quantia. VTD OD 11. CHAMAR: - É VTD no sentido de convocar: O mestre chamou os alunos. VTD OD - É VTD + predicativo quando usado para cognominar: Chamaram Pedro de herói. VTD OD Predicativo do ObjHWR�'LUHWR�³3HGUR´ - É VTI + predicativo também para cognominar: Chamaram a Pedro de herói. VTI 2,�����3UHGLFDWLYR�GR�2EMHWR�,QGLUHWR�³3HGUR´ Fácil até aqui, queridos alunos?? Espero que sim! Agora vejam os casos a seguir: 12. INFORMAR: - É sempre VTDI: Informamos o prefeito do desastre. VTDI OD OI Informamos o desastre ao prefeito. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 105 VTDI OD OI 13. PAGAR / PERDOAR: - É VTD quando refere-se a coisas: Paguei o livro. VTD OD - É VTI quando refere-VH�D�SHVVRDV�H�UHJH�R�XVR�GD�SUHSRVLomR�³D´� Paguei ao vendedor. VTI OI - É VTDI quando refere-se a coisas e a pessoas: Paguei o livro ao vendedor. VTDI OD OI 14. OBEDECER / DESOBEDECER: - É sempre VTI e rege a prepoVLomR�³D´� Os filhos obedecem aos pais. VTI OI Cuidado! É comum o uso equivocado da regência dos verbos obedecer e desobedecer: O jogador desobedeceu o juiz ± ERRADO! O jogador desobedeceu ao juiz ± CORRETO! 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 105 Admite voz passiva = Os pais são obedecidos pelos filhos. Sujeito Agente da Passiva 15. PREFERIR: - É sempre VTDI H�UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´�QR�REMHWR�LQGLUHWR�� Prefiro doce a salgado. VTDI OD OI Prefiro cinema que teatro = ERRADO! Prefiro mais cinema do que teatro = ERRADO! Prefiro cinema a teatro = CORRETO! 16. SIMPATIZAR: - É sempre VTI H�UHJH�D�SUHSRVLomR�³FRP´� Não simpatizo com você. VTI OI ATENÇÃO: o verbo simpatizar NÃO é pronominal! Não ME simpatizo com você. = ERRADO! 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 105 17. CHEGAR: - É sempre VI: Cheguei ao colégio. VI Adj. Adv. Lugar $7(1d2��³DR�FROpJLR´�p�DGMXQWR�$GYHUELDO�GH�/XJDU��QmR�p�FRPplemento verbal. Cheguei no carro da minha irmã. = CERTO Adj. Adv. Lugar Cheguei no colégio. = ERRADO Cheguei ao colégio. = CORRETO 18. NAMORAR: - É sempre VTD: Namorei aquele garoto. VTD OD * Namorei COM aquela garota. = ERRADO O verbo namorar não rege preposição! REGÊNCIA NOMINAL 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 105 Trata-se da relação que se estabelece entre o NOME e o termo (palavra ou expressão) que lhe serve de complemento, pois assim como há verbos com sentido incompleto, alguns nomes (adjetivos, substantivos e alguns advérbios) também precisam de complemento. Estava ansioso por vê-la. T. Regente T. Regido Alguns exemplos: Atenção para o uso da preposição adequada: Esse agasalho me parece adequado ao clima da região. Poucas pessoas têm capacidade de / para argumentar com coerência. Helena, aos dez anos, já é responsável pelos irmãos mais novos. Os nomes podem reger mais de uma preposição, saber qual usá-las vai depender do contexto, da clareza e da eufonia. A lista a seguir apresenta, para consulta, alguns nomes e as preposições que mais comumente eles exigem. A lista não para por aqui, são muitas possiblidades! Acessível a Acostumado a ou com Alheio a Alusão a Ansioso por Atenção a ou para Atento a ou em Benéfico a Compatível com Cuidadoso com Desacostumado a ou com Desatento a Desfavorável a Desrespeito a Estranho a Favorável a Fiel a Grato a 40718706056 Português p/ STJ Analista e Técnico Judiciário Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 06 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 105 Hábil em Habituado a Inacessível a Indeciso em Invasão de Junto a ou de Leal a Maior de Morador em Natural de Necessário a Necessidade de Nocivo a Ódio a ou contra Odioso a ou para Posterior a Preferência a ou por Preferível a Prejudicial a Próprio de ou para Próximo a ou de Querido de ou por Residente em Respeito a ou por Sensível a Simpatia por Simpático a Útil a ou para Versado em CRASE Para início de conversa: crase não é acento, e sim superposição de dois "as". O primeiro é uma preposição, o segundo, pode ser um artigo definido, um pronome demonstrativo a(as) ou aquele(a/s), e aquilo. O acento que marca este fenômeno é o grave (`). O domínio da crase depende de o aluno conhecer a regência de alguns verbos e nomes. Vejamos os casos de uso da crase: 1. Crase da preposição a com o artigo definido a(s): 40718706056 Português p/ Senado FederalAnalista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 105 - Condições necessárias para ocorrer crase: termo regente deve exigir a preposição e o termo regido tem de ser uma palavra feminina que admita artigo. Uma dica é trocar a palavra feminina por uma masculina equivalente, se aparecer ao(s) usa-se crase, caso apareça a ou o(s) não haverá crase. a) Todos iriam à reunião. 6XEVWLWXLQGR� D� SDODYUD� IHPLQLQD� ³UHXQLmR´� SHOD� PDVFXOLQD� ³HQFRQWUR´�� temos: b) Todos iriam ao encontro. A crase é obrigatória: - Em locuções prepositivas, adverbiais ou conjuntivas (femininas). Ex. à queima-roupa, às cegas, às vezes, à beça, à medida que, à proporção que, à procura de, à vontade Em expressões que indicam instrumento, crase é opcional: Ex.: Escrevi a (à) máquina. - Expressão à moda de, mesmo que subentendida. a) Era um penteado à francesa (à moda francesa). b) O jogador fez um gol à Pele (à moda do Pelé). 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 105 - Quando as palavras "rua", "loja", "estação de rádio" estiverem subentendidas. a) Maria dirigiu-se à Globo (dirigiu-se à estação de rádio). - Na expressão devido à (s) + palavra feminina ocorre a crase. a) Devido à descoberta, as alterações serão feitas. 2. Situações em que não existe crase: - antes de palavra masculina e de verbos. a) Vende-se a prazo. b) O texto foi redigido a lápis. c) Ele começou a fazer dietas. - antes de artigo indefinido e numeral cardinal (exceto em horas). a) Refiro-me a uma blusa mais fina. b) O vilarejo fica a duas léguas daqui. - antes dos pronomes pessoais, inclusive as formas de tratamento. a) Enviei uma mensagem a Vossa Majestade. b) Nada direi a ela. Neste caso, os pronomes senhora e senhorita são exceções. - antes de pronomes demonstrativos esta(s) e essa(s). a) Refiro-me a estas flores. b) Não deram valor a esta ideia. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 105 - antes de pronomes indefinidos, com exceção de outra. a) Direi a todas as pessoas. b) Fiz alusão a esta moça e à outra. Entendendo a exceção... A regra é que, antes dos indefinidos NÃO existe crase. Ocorre, porém, que alguns indefinidos, não só o "outra" (tal, mesma, muitas, pouca), podem admitir o artigo "a" antes deles, dando ensejo à crase. Como saber se há o artigo antes do indefinido? Fazendo a substituição do substantivo feminino que os segue por outro masculino correlato, comprovaremos a ocorrência da crase: Exemplo: Assistimos sempre às mesmas cenas (aos mesmos episódios). >> COM CRASE. Exemplo tirado do exercício 14 desta aula: "... passava as tardes perambulando de uma praça a outra" (perambulando de um bosque a outro bosque). >> o indefinido "outra" não está acompanhado de artigo para que a crase seja exigida. Caso fosse formado: de um lugar AO outro... aí sim teria crase. Normalmente, o uso ou não da crase antes dos indefinidos está ligado à regência do verbo da oração: Assistimos a quê? Perambulando de um lugar a outro. Os verbos "assistir" e "perambular" regem o uso da preposição "a". - se antes da preposição a tiver outra preposição. a) Compareceu perante a juíza no dia da audiência. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 105 Com a preposição até o uso é facultativo. Chegou até a (à) escola rapidamente. - no meio de expressões com palavras repetitivas. Ficamos cara a cara. - no a singular seguido de palavra no plural. Pediu apoio a pessoas estranhas. - não haverá crase antes de pronome interrogativo. Referiu-se a quem? - palavra feminina tomada em sentido genérico. A pena pode ir de advertência a multa. Multa = qualquer tipo. Havendo determinação, a crase é indispensável: Ele admite ter cedido à pressão dos superiores (determinação). 3. A crase é facultativa: - antes de nomes próprios femininos (exceto em nomes de personalidade pública - sem artigo): a) Enviei um presente a (à) Maria. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 105 A exceção ocorre quando o nome feminino vier acompanhado de uma expressão que a determine, então a crase será obrigatória: Dedico minha vida à Rosa do Jaboatão (determinação). - antes do pronome adjetivo possessivo feminino singular: a) Pediu informações a minha secretária. b) Pediu informações à minha secretária. c) Pediu informações a minhas secretárias. d) Pediu informações as minhas secretárias. e) Pediu informações às minhas secretárias. Se o pronome possessivo for substantivo e por regência a preposição for exigida, a crase será obrigatória: Foi a [à] sua cidade natal e à minha. A segunda crase do exemplo acima é obrigatória, enquanto a primeira é facultativa. - antes de topônimos, a menos que estejam determinados. a) Iremos a Curitiba. b) Iremos à bela Curitiba. c) Iremos à Bahia. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 105 Lá vai um MACETE! Para saber se antes do topônimo (nome de um lugar) tem crase, basta decorar o versinho: Chego da, crase há! Chego de, crase pra quê? Testando o macete... Cheguei da Bahia = fui à Bahia (com crase) Cheguei de Manaus = fui a Manaus (sem crase) Cheguei da Alemanha = fui à Alemanha (com crase) Cheguei de Ubatuba = fui a Ubatuba (sem crase) Fácil não é?? Teste outros topônimos... 4. Crase da preposição a com pronome demonstrativo e relativo Com os demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo, basta verificar se, por regência, alguma palavra pede a preposição que irá se fundir com o "a" inicial do próprio pronome. O MACETE é trocar aquele(a/s) por este(a/s) e aquilo por isto, se antes aparecer a, há crase. a) Enviei presentes àquela menina (a esta menina). b) A matéria não se relaciona àqueles problemas (a estes problemas). c) Não de ênfase àquilo (a isto). O pronome demonstrativo a(s) aparece antes de que ou de e pode ser trocado por aquela(s). Deve-se fazer o teste da troca por um masculino similar e verificar se aparece ao(s): 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 105 a) Estaestrada é paralela à que corta a cidade (O caminho é paralelo ao que corta a cidade). ATENÇÃO: Antes dos pronomes relativos "que" e "quem" não ocorre crase. Já o pronome qual(s) admite crase. O MACETE é trocar o substantivo feminino anterior ao pronome por um masculino, se aparecer ao(s) há crase. a) A menina à qual me refiro não estudou (O menino ao qual me refiro...). b) A professora à qual me refiro é bonita (O professor ao qual me refiro...). c) A fama à qual almejo não é difícil (O sucesso ao qual almejo...). 5. Casos especiais sobre o uso da crase: - antes da palavra casa: Quando a palavra casa significar lar, domicílio e não vier acompanhada de adjetivo, ou locução adjetiva, não se usará a crase. Iremos a casa assim que chegarmos (Iremos ao lar assim que chegarmos). Quando a palavra casa estiver modificada por adjetivo ou locução adjetiva ocorrerá crase. Iremos à casa de minha mãe. - antes da palavra terra: Oposto de mar, ar e bordo - não há crase 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 105 O Marinheiro forma a terra. Quando terra significar solo, planeta ou lugar - poderá haver crase. a) Voltei à terra natal. b) A espaçonave voltará à Terra em um mês. - antes da palavra distância: Não se usa crase, salvo se vier determinada. a) Via-se o barco à distância de quinhentos metros (determinado). b) Olhava-nos a distância. O STF e a estabilidade das instituições Em 5 de outubro de 1988, com meridiana clareza, ao ser outorgada uma nova carta política à nação, o constituinte determinou que seu guardião seria o Supremo Tribunal Federal (artigo 102, caput). A Constituição, que rege os destinos do Estado democrático de Direito, portanto, sedia no pretório excelso seu elemento de estabilização. Compreende-se, pois, que, entre os constitucionalistas, tenha-se por assentado que, no capítulo destinado ao Poder Judiciário em sua competência de atribuições (artigos 92 a 126), caiba aos juízos monocráticos e aos tribunais de segundo grau a missão de administrar a Justiça e, aos tribunais superiores (STF, STJ, TST, TSE e STM), dar estabilidade às instituições, exercendo o papel mais relevante, entre eles, a Suprema Corte. É exatamente isso o que tem ocorrido, nos últimos tempos, no que diz respeito ao direito de maior importância em uma democracia, que é o direito de defesa, inexistente nos Estados totalitários. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 105 Todos os cidadãos dignos, que constituem a esmagadora maioria da nação, são contra a impunidade, a corrupção, o peculato. Há de convir, todavia, que, na busca dos fins legítimos de combate à impunidade, não se pode admitir a utilização de meios ilegítimos, risco de se nivelarem os bons e os maus no desrespeito à ordem jurídica e à lei suprema. Ora, o simples fato de o país ter percebido, estupefato, que houve 409.000 interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, em 2007, seguido de declarações do ministro da Justiça de que todos devem admitir que podem estar sendo grampeados, ou do ministro chefe do serviço de inteligência de que a melhor forma de não ser grampeado é fechar a boca, está a demonstrar a existência de excessos, com a conseqüente violação desse direito, o que se tornou mais claro na operação da Polícia Federal de maior visibilidade (Satiagraha). Nada mais natural, portanto, que a Suprema Corte, por imposição constitucional, interviesse - como, efetivamente, interveio - para recolocar em seus devidos termos o direito de investigar e acusar, assim como o direito de defesa, cabendo ao Poder Judiciário julgar, sem preferências ou preconceitos, as questões que lhe são submetidas. No instante em que foram diagnosticados abusos reais, a corte máxima, de imediato, deflagrou um saudável processo de conscientização de cidadãos e governantes de que tanto os crimes quanto os abusos devem ser coibidos, dando início a processo que desaguará em adequada legislação, necessária ao equilíbrio do contencioso, além, naturalmente, à busca da verdade, com a intervenção judiciária, isenta e justa, dentro da lei. E, por força dessa tomada de consciência, não só o Conselho Nacional de Justiça impôs regras às autorizações judiciais como o Poder Legislativo examina projeto de lei objetivando evitar tais desvios. Essas medidas permitirão que as águas, que saíram do leito do rio, para ele voltem, com firmeza e serenidade. Há de realçar, todavia, nos episódios que levaram, novamente, o país a conviver com o primado do Direito - especialmente com a valorização do 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 105 direito de defesa, garantidor, numa democracia, da certeza de que o cidadão não sofrerá arbítrios -, a figura do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, hoje, indiscutivelmente, um dos maiores constitucionalistas do país, com merecido reconhecimento internacional (é doutor em direito pela Universidade de Münster, na Alemanha, com tese sobre o controle concentrado de constitucionalidade). Graças à firmeza com que agiu, foi possível não só diagnosticar as violações como deflagrar todo o processo que está levando ao aperfeiçoamento das instituições, em que o combate à corrupção, legítimo, deve, todavia, ser realizado dentro da lei. Conhecendo e admirando o eminente magistrado há quase 30 anos, a firmeza na condução de assuntos polêmicos, na procura das soluções adequadas e jurídicas, seu perfil de admirável jurista e sua preocupação com a "Justiça justa", tenho a certeza de que não poderia ter sido melhor para o país do que vê-lo dirigir o pretório excelso nesta quadra delicada. Prova inequívoca da correção de sua atuação é ter contado com o apoio incondicional dos demais ministros, quanto às medidas que tomou, durante a crise. Parodiando a lenda do moleiro - que não quis ceder suas terras a Frederico da Prússia, dizendo que as defenderia, porque "ainda havia juízes em Berlim" -, posso afirmar: há juízes em Brasília, e dos bons! (Ives Gandra da Silva Martins. Folha de São Paulo, 16 de setembro de 2008.) 01. (SEM ± 2008 ± Consultor de Orçamentos ± FGV) "Graças à firmeza com que agiu, foi possível não só diagnosticar as violações como deflagrar todo o processo que está levando ao aperfeiçoamento das instituições, em que o combate à corrupção, legítimo, deve, todavia, ser realizado dentro da lei." A respeito do trecho acima, analise os itens a seguir: I. Uma das ocorrências da palavra QUE é núcleo de um adjunto adverbial. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 105 II. Um dos casos de ocorrência de crase é facultativo. III. Há somente uma estrutura em voz passiva. Assinale: a) se somente os itens I e II estiverem corretos. b) se somente os itensI e III estiverem corretos. c) se somente os itens II e III estiverem corretos. d) se nenhum item estiver correto. e) se todos os itens estiverem corretos. Comentário: vamos analisar cada alternativa referentes ao texto: "Graças à firmeza com que agiu, foi possível não só diagnosticar as violações como deflagrar todo o processo que está levando ao aperfeiçoamento das instituições, em que o combate à corrupção, legítimo, deve, todavia, ser realizado dentro da lei." I. Uma das ocorrências da palavra QUE é núcleo de um adjunto adverbial. ± CORRETO. O primeiro ³TXH´�p�um pronome relativo com função de núcleo do adjunto adverbial de modo. Como agiu? Com firmeza�� ³)LUPH]D´� p� R� DQWHFHGHQWH� GR� UHODWLYR� ³TXH´�� 2� SURQRPH� UHODWLYR� DVVXPH� D� PHVPD� IXQomR� sintática do seu antecedente, ou seja, neste caso, núcleo adjunto adverbial de MODO UHIHUHQWH�DR�YHUER�³DJLU´. II. Um dos casos de ocorrência de crase é facultativo. ± ERRADO. Os dois casos de uso da crase, que aparecem no trecho, são obrigatórios: graças a + a firmeza = à firmeza e combate a + a corrupção = à corrupção. Ambos os casos seguem a regra geral. III. Há somente uma estrutura em voz passiva. ± CORRETO. A estrutura ³FRPEDWH�j�FRUUXSomR��OHJtWLPR��GHYH��WRGDYLD��VHU�UHDOL]DGR�GHQWUR�GD�OHL��HVWi� na voz passiva analítica (locução verbal formada pelo verbo ser + particípio do YHUER�SULQFLSDO�� �³FRPEDWH�j�FRUUXSomR�������GHYH�������ser realizado dentro GD�OHL´�� GABARITO: B 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 105 Rumo à civilização da re-ligação Analistas, especialmente vindos da biologia, das ciências da Terra e da cosmologia, nos advertem que o tempo atual se assemelha muito às épocas de grande ruptura no processo da evolução, épocas caracterizadas por extinções em massa. Efetivamente, a humanidade se encontra diante de uma situação inaudita. Deve decidir se quer continuar a viver ou se escolhe sua autodestruição. O risco não vem de alguma ameaça cósmica - o choque de algum meteoro ou asteroide rasante - nem de algum cataclismo natural produzido pela própria Terra - um terremoto sem proporções ou algum deslocamento fenomenal de placas tectônicas. Vem da própria atividade humana. O asteroide ameaçador se chama homo sapiens demens, surgido na África há poucos milhões de anos. Pela primeira vez no processo conhecido de hominização, o ser humano se deu os instrumentos de sua autodestruição. Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, que tem sua contrapartida, o princípio de responsabilidade. De agora em diante, a existência da biosfera estará à mercê da decisão humana. Para continuar a viver, o ser humano deverá querê-lo. Terá que garantir as condições de sua sobrevida. Tudo depende de sua própria responsabilidade. O risco pode ser fatal e terminal. Resumidamente, três são os nós problemáticos que, urgentemente, devem ser desatados: o nó da exaustão dos recursos naturais não renováveis, o nó da suportabilidade da Terra (quanto de agressão ela pode suportar?) e o nó da injustiça social mundial. Não pretendemos detalhar tais problemas amplamente conhecidos. Apenas queremos compartilhar e reforçar a convicção de muitos, segundo a qual a solução para os referidos problemas não se encontra nos recursos da civilização vigente. Pois o eixo estruturador desta civilização reside na vontade de poder e de dominação. Assujeitar a Terra, espoliar ao máximo seus recursos, conquistar os povos e apropriar-se de suas riquezas, buscar a 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 105 prosperidade mesmo à custa da exploração da força do trabalho e da dilapidação da natureza: eis o sonho maior que mobilizou e continua mobilizando o mundo moderno. Ora, esta vontade de poder e de dominação está levando a humanidade e a Terra a um impasse fatal. Ou mudamos ou perecemos. Temos que mudar nossa forma de pensar, de sentir, de avaliar e de agir. Somos urgidos a fazer uma revolução civilizacional. Sob outra inspiração e a partir de outros princípios mais benevolentes para com a Terra e seus filhos e filhas. Por ela os seres humanos poderão salvar-se e salvar também o seu belo e radiante planeta Terra. Mais ainda. Esposamos a ideia de que os sofrimentos atuais possuem uma significação que transcende a crise civilizacional. Eles se ordenam a algo maior. Revelam o trabalho de parto em que estamos, sinalizando o nascimento de um novo patamar de hominização. Estão surgindo os primeiros rebentos de um novo pacto social entre os povos e de uma nova aliança de paz e de cooperação com a Terra, nossa casa comum. Recusamo-nos à ideia de que os 4,5 bilhões de anos de formação da Terra tenham servido à sua destruição. As crises e os sofrimentos se ordenam a uma grande aurora. Ninguém poderá detê-la. De uma época de mudança passamos à mudança de época. Estamos deixando para trás um paradigma que plasmou a história nos últimos quinze mil anos. (Adaptação de BOFF, Leonardo. O despertar da águia: O diabólico e o simbólico na construção da realidade. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.) 02. (SEFAZ RJ ± 2009 - Auditor Fiscal da Receita Estadual ± FGV) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, que tem sua contrapartida, o princípio de responsabilidade. Das alterações processadas na frase, assinale aquela cuja forma de estruturação é a única sintaticamente correta e semanticamente compatível com as ideias defendidas no texto: 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 105 a) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, com cujo princípio de responsabilidade antecipou-se à contrapartida. b) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, sem cuja contrapartida o princípio de responsabilidade logrou existir. c) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, e sua contrapartida estrutura ao princípio de responsabilidade. d) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, onde a contrapartida é ao princípio de responsabilidade. e) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, em cuja contrapartida está o princípio de responsabilidade. Comentário: vamos analisar cada alternativa para encontrarmos a correta: a) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, com cujo princípio de responsabilidade antecipou-se à contrapartida. ± ERRADA. O texto original não fala nada sobre a autodestruição antecipar-se à contrapartida. O texto ficou incoerente, principalmente se o compararmos com o original, pois um princípio é a contrapartida do outro. Sem falar que a SUHSRVLomR�³FRP´�QmR�GHYHULD�HVWDU�DOL��XPD�YH]�TXH�R�YHUER�³DQWHFLSDU´�QmR� rege preposição. b) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, sem cuja contrapartida o princípio de responsabilidade logrou existir. ± ERRADA. Lograr significa usufruir, sendo assim, não faz sentido no segmento. Sem falar que, se o princípio da responsabilidade existe para ser a contrapartida do princípio GD�DXWRGHVWUXLomR��D�SUHSRVLomR�³VHP´�QmR�deveriaestar na frase. c) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, e sua contrapartida estrutura ao princípio de responsabilidade. ± ERRADA. O texto original nada fala sobre um princípio ser estrutura do outro. Além disso, a preposição ³D´� QmR� SRGH� HVWDU� OLJDGD� DR� YHUER� ³HVWUXWXUDU´�� SRLV� WUDWD-se de um verbo transitivo direto e não rege preposição. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 105 d) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, onde a contrapartida é ao princípio de responsabilidade. ± ERRADA.O pronome relativo ³RQGH´�Vy�SRGH�WHU�FRPR�DQWHFHGHQWH�XP�OXJDU��HUUR�FRPXP���QR�OXJDU�GHOH�� GHYHULD� WHU� VLGR� XVDGR� ³HP� TXH´�� $� SUHSRVLomR� ³D´� DSyV� ³SULQFtSLR´� HVWi� inadequada e não deveria ter sido usada. e) Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, em cuja contrapartida está o princípio de responsabilidade. ± CORRETA. Observe o uso DGHTXDGR�GD�SUHSRVLomR�³HP´�DQWHV�GR�UHODWLYR�³FXMD´�� GABARITO: E Freud, o peixeiro e os excluídos Há anos compro peixe na mesma feira com o mesmo peixeiro. Disse a ele outro dia: Quando crescer, quero ser peixeiro. Devolveu a provocação: "Boa escolha, professor. É a profissão do id." Fiquei uma semana intrigado. Enfim, um peixeiro freudiano no Rio de Janeiro! Um analista excêntrico que tem por hobby limpar escamas! Na feira seguinte, perguntei: Ok, peixeiro é a profissão do id. Mas como assim? "O professor não conhece a Bíblia? Cristo precisava de apóstolos, chamou os pescadores e disse: Ide e pregai o evangelho a toda criatura!". Um sujeito bem intencionado quer dizer uma coisa, o freguês entende outra. Quando dizemos "direitos humanos", por exemplo, o que entendem os peixeiros, torneiros mecânicos, políticos profissionais, investigadores de polícia, personal trainings e membros de outras profissões? Não sabemos, mas deveríamos. A luta social não acontece só na "política" - partidos, parlamentos, sindicatos etc. Acontece também no interior da linguagem. Os desentendimentos por causa das palavras são, às vezes, desentendimentos sociais. Não se sabe, por exemplo, quem inventou a palavra "excluídos" para designar pobres. Os movimentos sociais incorporaram a palavrinha sem 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 105 refletir. A criança que não tem escola - está "excluída" da escola. O trabalhador que não tem emprego - está "excluído" do emprego. A palavra designa um fato real, mas o que quer dizer? Que a sociedade tem um lado de dentro e outro de fora. Como se fosse um trem correndo pela Baixada Fluminense (digamos): nós que estamos dentro olhamos pela janela e vemos as casas e pessoas que estão de fora. Acontece que a sociedade não é um trem que corre pela Baixada. A sociedade é o trem e as pessoas que vemos pela janela do trem. A sociedade não tem lado de fora. O que está fora da sociedade seria desumano, pois ela nada mais é que a relação entre os humanos. Não formamos sociedade com os cães, os mosquitos, os micos-leões-dourados. A única possibilidade de um ser humano ser excluído dela é deixar de ser humano. Até mesmo a nossa relação com a natureza e os bichos se faz por meio da sociedade. O leitor já viu onde quero chegar. Chamar alguém de "excluído" é lhe retirar a condição de humano. Ora, os movimentos sociais, que lutam para estender os direitos humanos a todas as pessoas, querem precisamente o contrário: querem humanizar ricos e pobres, negros e brancos, homens de bem e criminosos, bonitos e feios. Como é então que usam, e abusam, da palavra "excluídos"? Como é que admitem que a sociedade tem um lado de dentro (onde estão os incluídos) e um lado de fora (onde estão os "excluídos")? Como é que se deixam enredar por esse pântano de palavras, a ponto de negar com a boca o que fazem com o coração? Alguém os enredou. Quem foi? Talvez o Polvo de Vieira. "O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não se distinga as cores". Não é inocente chamar os explorados de nossa sociedade de "excluídos". Primeiro, porque, sutilmente, se está negando aos pobres a humanidade que os outros teriam. Segundo porque se está desvinculando a pobreza ("exclusão") da riqueza ("inclusão"). Por esse modo de pensar, aparentemente inocente, os ricos nada têm a ver com os pobres. Estes são problema do governo, "que devia dar escola, saúde e segurança aos excluídos" e dos políticos "que só sabem roubar". 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 105 Temos até hoje feira de trabalhadores: centenas de homens fortes acocorados esperando o "gato" selecionar os que vão trabalhar. O salário obedece à lei da oferta e procura: sobe se os acocorados forem poucos, desce se forem muitos. Como lidar com o número crescente de pessoas que nascem, vivem e morrem sem trabalho? O Brasil inventou várias "soluções" para esse problema do desenvolvimento. Uma delas foi o padrão popular de acumulação: o Se Virar. Os que se viram não estão excluídos de nada. Pertencem a um padrão de acumulação que compete há cem anos com o padrão capitalista. Na minha feira, há muitos vendedores de limão. Alguns vendem outras coisas. São "excluídos"? Produzem mais valia como qualquer outro proletário. Desejam roupas, tênis, bailes, prestígio, mulheres de revista, adrenalina, alucinação. Têm desejos e compram a sua satisfação possuindo a imagem (ou a simulação) dos objetos do desejo. Se tiverem competência e sorte, se tornarão vendedores de objetos (como limão) ou de sensações (como cocaína). Alguns abraçarão a profissão do Ide. De um jeito ou de outro, todos estão incluídos. (Adaptação do texto de SANTOS, Joel Rufino dos. Jornal do Brasil, domingo, 11/03/2001.) 03. (SEFAZ RJ ± 2009 - Auditor Fiscal da Receita Estadual ± FGV) O leitor já viu onde quero chegar. Assinale a alternativa cuja estrutura seja equivalente semanticamente à apresentada acima, mas que dela se diferencie quanto à adequação da linguagem ao padrão normativo. a) Já observou o leitor onde quero chegar. b) O leitor já viu aonde quero chegar. c) Quero chegar onde o leitor já viu. d) Em que ponto quero chegar o leitor já viu. e) O leitor já viu em cujo local quero chegar. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 105 Comentário: não descuide daquilo que o enunciado pediu: alternativa que tenha o mesmo sentido da oração destacada do texto, mas que esteja diferente com relação à adequação da linguagem ao padrão normativo. 2� WUHFKR� GHVWDFDGR� SRVVXL� XP� HUUR� GH� UHJrQFLD�� ³O leitor já viu onde TXHUR�FKHJDU´��2�YHUER�³FKHJDU´�p�WUDQVLWLYR�LQGLUHWR�H�UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´�� que foi omitida na frase, antes do SURQRPH� ³RQGH´�� A questão quer a alternativa que corrija esta inadequação. Vejamos: a) Já observou o leitor onde quero chegar.± ERRADA. Esta opção omite a SUHSRVLomR�³D´��HVWDQGR�WDPEpP�LQDGHTXDGD�� b) O leitor já viu aonde quero chegar. ± CORRETA. O advéUELR�³DRQGH´�IRL� SHUIHLWDPHQWH�HPSUHJDGR��SRLV�R�³D´�LQLFLDO�p�H[DWDPHQWH�D�SUHSRVLomR�H[LJLGD� SHOR�YHUER�³FKHJDU´�H�LVVR�VHP�DOWHUDU�R�VHQWLGR�RULJLQDO�� c) Quero chegar onde o leitor já viu. ERRADA. Esta opção mantém o erro da oração original. d) Em que ponto quero chegar o leitor já viu. ± (55$'$��2�YHUER�³FKHJDU´� UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´�H�QmR�³HP´�� e) O leitor já viu em cujo local quero chegar. - (55$'$��2�YHUER�³FKHJDU´� UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´�H�QmR�³HP´��$OpP�GLVVR��R�SURQRPH�³FXMR´�GHYH�VHU�XDGR� apenas com ideia de posse. GABARITO: B Justiça de qualidade A instalação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2005 sinalizou profundas mudanças no Judiciário, até então apontado como o mais hermético e resistente a mudanças entre os três poderes. Foram instituídas normas para proibir o nepotismo nos tribunais e regras para a aplicação do teto remuneratório para coibir os supersalários que recorrentemente escandalizavam a opinião pública. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 105 A correção dos desvios refletiu nova atitude dos magistrados, mais aberta ao diálogo com a sociedade e mais propensa a assimilar construtivamente críticas em relação aos serviços judiciais. Pôs-se fim ao clichê do juiz encastelado em torre de marfim, distante da sociedade. Tal atitude implicou a busca de maior transparência. Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia. Nesse contexto, a Corregedoria Nacional de Justiça lançou em 2007 o programa Justiça Aberta, um banco de dados com informações na internet (www.cnj.jus.br) atualizadas continuamente, que permite o monitoramento da produtividade judicial pelo próprio Poder Judiciário e pela sociedade. É a prestação de contas que faltava. Esse autoconhecimento é o ponto de partida para que o Judiciário dê continuidade a mudanças que se reflitam, efetivamente, na qualidade da prestação jurisdicional, que, sabemos, é alvo de insatisfação por parte dos jurisdicionados. A principal das reclamações é a morosidade, muitas vezes associada à impunidade ou não-efetivação da Justiça. Mais de 50% das representações que chegam ao CNJ referem-se a esse problema. É um problema que atinge desde a primeira instância até os tribunais superiores. Nascido na Constituinte que ampliou os direitos e as garantias do cidadão, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) completará 20 anos no dia 7/4 do ano que vem, com aumento de 8.920% no número de processos julgados. No primeiro ano de funcionamento, julgou 3.700 processos. Em 2007, 330 mil processos. A progressão geométrica da demanda compromete não só a celeridade, mas a própria missão constitucional do STJ, que é a de uniformizar a interpretação das leis federais. Chegou-se ao paradoxo em que, por julgar número excessivo de processos, a construção da jurisprudência, que é seu papel maior, ficou em segundo plano. Com uma média anual de 10 mil processos julgados por cada 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 105 ministro, o complexo ato de julgar corre o risco de se transformar em mero ato mecânico. Atacar esse mal implica a adoção de um conjunto de ações e iniciativas. A busca da gestão eficiente, certamente, é uma delas. A emenda constitucional 19, de 1998, forneceu importante meio de a sociedade exigir a qualidade dos serviços prestados pelo Estado, ao introduzir a eficiência como um dos princípios da administração pública. Diagnósticos precisos, planejamento, profissionalismo, soluções criativas, racionalização, enfim, todos os requisitos de uma gestão moderna não são, portanto, apenas desejáveis, mas indispensáveis. Se a Constituinte de 1988 deu ênfase à segurança jurídica, particularmente à garantia do contraditório e da ampla defesa, em detrimento da celeridade processual, o que se observa hoje é o clamor da sociedade por uma Justiça mais rápida. A emenda constitucional 45, da reforma do Judiciário, refletiu esse anseio ao inserir entre os direitos fundamentais a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade da tramitação. É difícil conciliar esses dois princípios antagônicos: celeridade x segurança. A demanda por transparência e por celeridade processual exige uma Justiça de qualidade. Esta deve ser buscada não apenas com uma ou duas ações, mas, sim, com múltiplas iniciativas, que passam pela busca de uma gestão mais eficiente, com o aproveitamento racional dos recursos, a capacitação de magistrados e servidores e a racionalização de procedimentos, por avanços na informatização do processo, de acordo com os procedimentos previstos na Lei 11.419/06, pela reforma processual e por tantas outras medidas. Esse é um desafio a ser enfrentado não apenas pelos dirigentes do Judiciário, mas por todos os partícipes da atividade judicial, sejam eles magistrados, membros do Ministério Público, advogados, servidores, promotores. Somente com a mobilização de todos esses atores é que o Judiciário poderá atender à exigência da sociedade de uma Justiça de qualidade, efetiva e em tempo razoável. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 105 (Cesar Asfor Rocha. Folha de São Paulo, 8 de setembro de 2008.) 04. (SEM ± 2008 ± Advogado ± FGV) "Tal atitude implicou a busca de maior transparência. Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia." A respeito do trecho acima, analise os itens a seguir: I. Seria igualmente correto, na primeira frase, escrever "implicou na busca". II. O sujeito do primeiro verbo do segundo período é oracional. III. Tal e Essas exercem papel anafórico. Assinale: a) se somente os itens I e II estiverem corretos. b) se somente os itens II e III estiverem corretos. c) se nenhum item estiver correto. d) se todos os itens estiverem corretos. e) se somente os itens I e III estiverem corretos. Vamos analisar cada afirmativa: I. Seria igualmente correto, na primeira frase, escrever "implicou na busca". ± (55$'$��2�YHUER�³LPSOLFDU´��QR�VHQWLGR�GH�³DFDUUHWDU´��p�WUDQVLWLYR� GLUHWR� H� QmR� UHJH� SUHSRVLomR�� SRUWDQWR�� D� SUHSRVLomR� ³HP´� �HP� �� D� � QD�� estaria inadequada ligada ao verbo. II. O sujeito do primeiro verbo do segundo período é oracional. ± CORRETA. 2�VXMHLWR�GH�³HUD�SUHFLVR´�p�D�RUDomR�³DVVHJXUDU�DR�FLGDGmR�DPSOR� DFHVVR�D�LQIRUPDo}HV�VREUH�R�GHVHPSHQKR�GD�-XVWLoD´ III. Tal e Essas exercem papel anafórico. ± &255(7$�� ³7DO´�p�XP�WHUPR� DQDIyULFR�� SRLV� UHWRPD� D� LGHLD� GR� SDUiJUDIR� DQWHULRU�� ³(VVDV´� WDPEpP� p� 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitasʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 105 DQDIyULFR�� XPD� YH]� TXH� UHWRPD� R� VHJPHQWR� DQWHULRU�� ³LQIRUPDo}HV� VREUH� R� GHVHPSHQKR�GD�-XVWLoD´�� GABARITO: B Cobrar responsabilidade No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça, mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de segurança do prédio do rapaz, o criminoso foi localizado pela polícia, mas ± apesar de todos os registros que não deixam dúvidas sobre a autoria do assassinato ± não ficará um dia preso. 0HQRU� GH� LGDGH�� IRL� ³DSUHHQGLGR´� H� OHYDGR� D� XP� FHQWUR� GH� UHFROKLPHQWR�� 2� máximo de punição a que está sujeito é submeterǦse, por três anos, à aplicaçãR�GH�PHGLGDV�³VRFLRHGXFDWLYDV´� Não é um caso isolado na crônica de crimes cometidos por menores de idade no país. Mas houve, nesse episódio de São Paulo, uma circunstância que o transformou em mais um exemplo emblemático do equivocado abrigo legal que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere a criminosos que estão longe de poderem justificar suas ações com o argumento da imaturidade: ao disparar friamente contra o estudante paulista, a assaltante estava a três dias de completar 18 anos. Pela selvageria do assassinato, o caso remete à barbárie de que foi vítima, no Rio, o menino João Hélio, em 2007. Também nesse episódio, um dos bandidos que participaram do martírio do garoto estava a pouco tempo de atingir a maioridade. Nos dois casos, convencionouǦse, ao anteparo do ECA, que a diferença de alguns dias ± ou, ainda que o fosse, de alguns meses ± teria modificado os padrões de discernimento dos assassinos. Eles não saberiam o que estavam fazendo. É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como o emprego de menores em ações ± inclusive armadas ± de quadrilhas organizadas, ou serve de salvoǦconduto a jovens criminosos para afrontar a lei. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 105 O raciocínio, nesses casos, é tão cristalino quanto perverso: colocamǦse jovens, muitos dos quais mal entraram na adolescência, na linha de frente de ações criminosas porque, protegidos pelo ECA, e diante da generalizada ruína administrativa dos órgãos encarregados de aplicar as medidas socioeducativas, na prática eles são inimputáveis. TornamǦse, assim, personagens de vestibulares para a entrada em definitivo, sem chances de recuperação, numa vida de crimes. É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de recuperação diante de deslizes sociais. Neste sentido, o ECA mantém dispositivos importantes, que asseguram proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo e o errado à luz das regras sociais. Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra obrigações daqueles a quem pretende proteger. O país precisa rever o ECA, principalmente no que tange ao limite de idade para efeitos de responsabilidade criminal. É uma atitude que implica coragem (de enfrentar tabus que não se sustentam no confronto com a realidade) e o abandono da hipocrisia (que tem cercado esse imprescindível debate). (O Globo, 22/04/2013) 05. (ALEMA - 2013 - Consultor Legislativo Especial ±FGV) Assinale a alternativa em que a preposição sublinhada é fruto da ligação com um termo posterior (e não anterior). a) ³2�Pi[LPR�GH�SXQLomR�a que está sujeito é submeterǦVH���´� b) ³,GHQWLILFDGR�por FkPHUDV�GR�VLVWHPD�GH�VHJXUDQoD���´� c) ³���TXH�QmR�GHL[DP�G~YLGDV�VREUH�D�DXWRULD�do DVVDVVLQDWR���´� d) ³���OHYDGR�a XP�FHQWUR�GH�UHFROKLPHQWR���´� e) ³���DSOLFDomR�de PHGLGDV�µVRFLRHGXFDWLYDV¶´� 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 105 Comentário: vamos analisar cada alternativa: a) ³2�Pi[LPR�GH�SXQLomR�a que está sujeito é submeterǦVH���´� Observe que este período está invertido. Se colocarmos na ordem direta, teremos: Está sujeito à punição. Mas quem? O criminoso. (O criminoso) está sujeito à punição. Nesta ordem fica bem mais fácil perceber a relação GR�³D´�FRP�R�WHUPR�posterior (não anterior). Trata-se da regência nominal da SUHSRVLomR�³D´�FRP�DGMHWLYR�³VXMHLWR´, que está posposto à preposição na frase origi8nal. ALTERNATIVA CORRETA. b) ³,GHQWLILFDGR�por câmHUDV�GR�VLVWHPD�GH�VHJXUDQoD���´� $�SUHSRVLomR�³SRU´�HVWi�UHJLGD�SHOR�DGMHWLYR�³LGHQWLILFDGR´��TXH�HVWi�DQWHV� dela. ALTERNATIVA ERRADA. c) ³���TXH�QmR�GHL[DP�G~YLGDV�VREUH�D�DXWRULD�do DVVDVVLQDWR���´� $�SUHSRVLomR� ³GH´� �GH��� R� � GR�� p� UHJLGD� pelo termo ³DXWRULD´� HVWDQGR� posposto a ele. ALTERNATIVA ERRADA. d) ³���OHYDGR�a XP�FHQWUR�GH�UHFROKLPHQWR���´� 2�YHUER�³OHYDU´�UHJH�D�SUHSRVLomR�³D´��TXH�HVWi�OLJDGD��SRLV��D�XP�WHUPR� anterior. e) ³���DSOLFDomR�de PHGLGDV�µVRFLRHGXFDWLYDV¶´� 2� QRPH� ³DSOLFDomR´� UHJH� D� SUHSRVLomR� ³GH´�� TXH� HVWi� OLJDGD� D� HOH�� ALTERNATIVA ERRADA. GABARITO: A Desenvolvimento Urbano 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 105 As cidades representam o duplo desafio com o qual a União Europeia se depara atualmente: aumentar a competitividade satisfazendo simultaneamente determinados requisitos de ordem social e ambiental. As cidades são os centros da atividade econômica da Europa, assim como da inovação e do emprego. Mas também elas se debatem com uma série de problemas, nomeadamente, a tendência para a sub-urbanização, a concentração da pobreza e do desemprego em zonas urbanas e os problemas resultantes de um crescente congestionamento. Problemas tão complexos como esses requerem imediatamente respostas integradas a nível dos transportes, da habitação, da formação e do emprego, bem como respostas adaptadas às necessidades locais. As políticas regional e de coesão europeias têm como objetivo fazer face a estes desafios. Foram afetados cerca de 21,1 mil milhões de euros ao desenvolvimento urbano para o período entre 2007 e 2013, o que representa 6,1% do orçamento total da política de coesão europeia. Desse montante, 3,4 mil milhões de euros destinamǦse à reabilitação de sítios industriais e terrenos contaminados, 9,8 mil milhões de euros a projetos de regeneração urbana e rural, 7 mil milhões de euros a transportes urbanos limpos e 917 milhões de euros à habitação. Outros investimentos em infraestrutura nos domínios da investigação e da inovação, dos transportes, do ambiente, da educação, da saúde e da cultura têm também um impacto significativo nas cidades. (Comissão Europeia) 06. (TCE-BA ± 2014 ± Agente Público ± FGV) ³$V�FLGDGHV�UHSUHVHQWDP� o dupOR�GHVDILR�FRP�R�TXDO�D�8QLmR�(XURSHLD�VH�GHSDUD�DWXDOPHQWH���´; nesse segmento do texto o pronome relativo qual está precedido de uma preposição ± com o qual ± exigida pelo verbo depararǦse. Assinale a alternativa em que essa mesma estruturação não está feita de forma correta,devido à troca da preposição. a) As cidades em que reside grande população são mais problemáticas. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 105 b) Os meios de transportes de que se serve a população deve ser bem cuidado. c) As dívidas de cujo pagamento esquecem os maus pagadores trazem preocupações. d) Os investimentos a que se referem as autoridades foram realizados no ano passado. e) As cidades de cuja população se cobram impostos também devem ter seus direitos respeitados. &RPHQWiULR�� REVHUYH� TXH� ³GHSDUDU-VH´� p� XP� YHUER� WUDQVLWLYR� LQGLUHWR� H� UHJH�D�SUHSRVLomR�³FRP´��7DO�UHJrQFLD�HVWi�SHUIHLWDPente respeitada no trecho do enunciado. Vamos analisar as alternativas para encontrar aquela que apresenta uma incorreção com relação à regência verbal. a) As cidades em que reside grande população são mais problemáticas. ± &255(7$���2�YHUER�³UHVLGLU´�UHJH�D�SUHSRVLomR�³HP´�� b) Os meios de transportes de que se serve a população deve ser bem cuidado. ± CORRETA. Servir-se de alguma coisa. c) As dívidas de cujo pagamento esquecem os maus pagadores trazem preocupações. ± ERRADA. O verbo esquecer, quando usado como transitivo LQGLUHWR��H[LJLQGR�D�SUHSRVLomR�³GH´��GHYH�VHU�SURQRPLQDO��$V�GtYLGDV�de cujo pagamento esquecem-se os maus pagadores... d) Os investimentos a que se referem as autoridades foram realizados no ano passado. ± &255(7$�� 2� YHUER� ³UHIHULU-VH´� UHJH� REULJDWRULDPHQWH� D� SUHSRVLomR�³D´�� e) As cidades de cuja população se cobram impostos também devem ter seus direitos respeitados. ± CORRETA. Cobra-se algo (impostos) de alguém (população). GABARITO: C 07. (AL/BA ± 2014 - Técnico de Nível Superior FGV) Assinale a opção que apresenta uma transgressão de regência verbal. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 105 a) O sindicato vai recorrer da decisão do governo em criar uma nova fonte de arrecadação semelhante à CPMF, para a Saúde. b) O Ministério da Saúde cientificou o laboratório de que as vacinas contra o câncer de colo do útero atendem às recomendações da OMS. c) O Ministério da Saúde cientificou o laboratório que as vacinas contra o câncer de colo do útero atendem às recomendações da OMS. d) O Itamaraty informou que não dará qualquer resposta ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. e) O Itamaraty informou que não responderá ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. &RPHQWiULR��D�~QLFD�TXHVWmR�TXH�WUD]�LQFRUUHomR�p�D�&��³2�0LQLVWpULR�GD� Saúde cientificou o laboratório que as vacinas contra o câncer de colo do útero DWHQGHP�jV�UHFRPHQGDo}HV�GD�206´�� 2�YHUER�³&LHQWLILFDU´�UHJH�D�SUHSRVLomR�³GH´��FLHQtificar alguém de algo), assim, o correto seria: O Ministério da Saúde cientificou o laboratório de que as vacinas contra... GABARITO: C ÉTICA E TRIBUTO No amplo debate sobre as questões tributárias fala-se com frequência de ética ou moralidade tributária, ainda que não se tenha absoluta clareza quanto à real extensão desse conceito. Nada diferente do que ocorre em relação à acepção da ética em outros domínios da política e da economia. A propósito, Norberto Bobbio, em "Elogio da serenidade e outros escritos morais", já observara que "nenhuma questão moral, proposta em qualquer campo, encontrou até hoje solução definitiva". 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 105 A despeito de sua natureza relativamente controversa, a ética tributária, ao menos conforme admite o senso comum, vincula-se à concepção e à prática de regras justas e razoáveis em matéria tributária. Aponta para questões, não raro conflitantes, que envolvem as limitações do poder de tributar, os direitos dos contribuintes, o dever fundamental de pagar impostos, o equilíbrio concorrencial, a prevenção das guerras fiscais, etc. Encerra, portanto, questões concernentes às relações entre o fisco e o contribuinte, entre os contribuintes e entre os fiscos. No Brasil, o debate sobre ética tributária só recentemente ganhou vulto em decorrência do aumento da carga tributária, da expansão da "indústria de liminares", do visível aperfeiçoamento da administração fiscal, da estabilidade econômica e da crescente inserção do país na economia globalizada. Na maioria dos países desenvolvidos, com cultura tributária mais amadurecida, esse debate é mais limitado, porque praticamente restrito a discussões sobre a pressão fiscal e a competição fiscal nociva (harmfull tax competition). Ainda não se enxerga horizonte visível para fixação de padrões éticos no campo tributário brasileiro, porque essa meta demanda uma ampla reestruturação de relacionamentos entre os fiscos e os contribuintes. O cidadão brasileiro, ao menos no plano cultural, não inclui o pagamento de impostos entre os deveres fundamentais. Não causa estranheza o empresário afirmar, sem nenhum sentimento de culpa, que deixou de pagar os impostos porque a "crise" o obrigou a optar entre o recolhimento de impostos e o pagamento aos fornecedores e empregados. Dito de outra forma, o pagamento de impostos ainda não é um valor definitivamente incorporado à vida nacional. (...) A evasão tributária é explicável por várias razões. A mais conhecida é o propósito ilícito de auferir vantagens em relação aos demais contribuintes. Essa é a razão que socorre o homo oeconomicus, que pensa em sua conveniência econômica e não reconhece nenhum dever moral de conduta. No seu entender, é lícito tudo que o beneficia. Entre outras razões explicativas da 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 105 evasão, destacam-se: a ignorância frente à matéria tributária, muitas vezes reforçada por uma legislação complexa e ambígua; a impunidade que privilegia os que não pagam impostos; a falta de percepção quanto ao uso do dinheiro público ou sua malversação, em prejuízo do exercício pleno da cidadania fiscal; a utilização imprópria de recursos judiciais; a existência de uma relação desequilibrada nas relações entre o fisco e o contribuinte. Estudos da Secretaria da Receita Federal, com base no recolhimento da CPMF, mostram que um terço dos pagamentos realizados por intermédio de instituições financeiras foi tributado apenas por aquela contribuição, o que significa dizer que foram objeto de evasão, elisão ou isenção fiscais. Trata-se de percentual elevado, porém bem inferior a uma muito propalada estimativa de sonegação no Brasil ("para cada real arrecadado corresponde um real sonegado"). O combate à evasão fiscal é um dos pilares básicos sobre os quais se assenta a ética tributária. Nada produz mais distorções concorrenciais ou injustiça na arrecadação de impostos que a evasão fiscal, inclusive quando comparada com outras supostas "imperfeições" do sistema tributário, como a incidência em cascata. Ao fim e ao cabo, não é demais lembrar que inexiste igualdade na ilegalidade.Ao contrário do que alguns propagam, evasão fiscal não é um problema adstrito à administração tributária, a ser debelado pela ação fiscalizadora. A própria concepção dos tributos já traz em si os riscos de sonegação. Tributos muito vulneráveis à evasão, especialmente em países sem forte tradição tributária, são altamente perniciosos, porque sendo a sonegação uma conduta oportunista ela inevitavelmente ocorrerá e, em consequência, acarretará toda sorte de desequilíbrios no mercado e deficiências no erário. (...) No âmbito da administração tributária, o enfrentamento da evasão fiscal exige um contínuo aperfeiçoamento, que passa, entre recursos, pela aplicação de procedimentos de inteligência fiscal e pelo uso intensivo das novas tecnologias de informação e comunicação. Tudo, entretanto, será inócuo se 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 105 resultar em impunidade, o que requer celeridade nas execuções fiscais e nos julgamentos de recursos e impugnações administrativas, extrema parcimônia na concessão de anistias e remissões, e articulação entre órgãos de fiscalização. Ninguém põe dúvida quanto à legalidade da elisão fiscal, entendida como um ato ou negócio jurídico destinado a reduzir ou eliminar o ônus tributário, mediante utilização de "brechas fiscais" (fiscal loopholes), sem ofensa à lei e anteriormente à ocorrência do fato gerador. Não há, portanto, como confundi- la com evasão fiscal, de natureza francamente ilegal. Tampouco pode alguém cogitar de restrições ao legítimo direito de auto-organização do contribuinte. A questão é de outra natureza. Deve a legislação brasileira, à semelhança do que ocorre em vários países desenvolvidos, estabelecer uma norma geral antielisão? A prática do planejamento fiscal não poderá, em certos casos, resultar em ofensa aos princípios constitucionais da igualdade, solidariedade e justiça, favorecendo os que dispõem de mais recursos e mais informações? A elisão fiscal não poderá assumir um caráter de segregação entre os que podem fazer uso dela e os que não podem e, por isso mesmo, acabam, obliquamente, sendo onerados por um inusitado "imposto sobre os tolos"? As respostas a essas questões não são simples, ademais de controversas. A matéria não foi ainda suficientemente pacificada entre os tributaristas. Entretanto, por mais fortes que sejam os argumentos dos que se opõem a uma norma geral antielisão é inequívoco que a prática do planejamento fiscal fixa um divisor entre contribuintes de primeira e segunda classes, em detrimento de um desejado tratamento igualitário. (...) As isenções complementam o quadro dos institutos que comprometem a igualdade tributária. Frequentemente, elas resultam de pressões exercidas por grupos de interesses, alimentadas por financiamentos de campanhas, e têm pouca ou nenhuma fundamentação econômica ou social. No Brasil, não se percebe claramente que a sociedade finda pagando mais impostos justamente para compensar os que não pagam em virtude da fruição de benefícios fiscais. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 105 Esses benefícios, todavia, assim como as despesas, não são órfãos. Removê- los implica uma verdadeira batalha política. É evidente que essa crítica não se aplica a incentivos transitórios e específicos para regiões ou pessoas pobres, nem ao ajustamento dos impostos à capacidade econômica dos contribuintes. (...) A ética tributária guarda relação, também, com a percepção externa das administrações tributárias. É importante que os contribuintes percebam que a política tributária é justa, a administração fiscal é proba, sensível e confiável, e os recursos arrecadados são corretamente aplicados. (...) A confiança do contribuinte na administração fiscal presume, desde logo, a existência de servidores probos - não apenas honestos ou que pareçam honestos, mas sobretudo exemplares. A autoridade que se confere ao servidor fiscal impõe responsabilidade e exemplaridade. A instituição de corregedorias, com autonomia funcional e mandato, é peça indispensável para consecução de padrões de honestidade nas administrações tributárias. (...) A ética tributária, por último, reclama a observância de relações de cooperação entre as administrações tributárias, como a troca de informações e, no plano internacional, as convenções para prevenir a bitributação. Militam em direção oposta a esse entendimento a utilização de instrumentos de "guerra fiscal" e a constituição de paraísos fiscais. Inúmeros estudos mostram que a guerra fiscal, particularmente no caso brasileiro, em nada aproveitou ao desenvolvimento das regiões mais pobres. Quando muito, serviu para acumulação de riquezas de certas elites, não necessariamente residentes nessas regiões. Não nos esqueçamos de que as guerras fiscais são quase tão velhas quanto a pobreza dessas regiões. (...) Robert Wagner, quando prefeito de Nova York, cunhou uma frase que se tornou célebre na literatura tributária: "Os impostos são o preço da civilização; não existem impostos na selva." No Brasil, a consolidação de uma ética 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 105 tributária constitui requisito crítico para o desenvolvimento, para a segurança dos investimentos, para o equilíbrio concorrencial e para a justiça fiscal. (Everardo Maciel. www.braudel.org.br) 08. (SEFAZ/RJ ± 2008 - Auditor Fiscal da Receita Estadual ± FGV) A respeito do trecho "sem ofensa à lei e anteriormente à ocorrência do fato gerador", analise os itens a seguir: I. Os termos "à lei" e "à ocorrência do fato gerador" desempenham funções sintáticas diferentes. II. As duas ocorrências da preposição a, que formam os dois casos de crase, subordinam os termos que introduzem ao mesmo elemento. III. Somente a segunda ocorrência de crase não é obrigatória. Assinale: a) se somente os itens I e II estiverem corretos. b) se nenhum item estiver correto. c) se somente os itens II e III estiverem corretos. d) se somente os itens I e III estiverem corretos. e) se todos os itens estiverem corretos. Comentário: após leitura do texto, vamos analisar as afirmativas: I. Os termos "à lei" e "à ocorrência do fato gerador" desempenham funções sintáticas diferentes. ± (55$'$��1R�WUHFKR�³VHP�RIHQVD�j�OHL´��³j�OHL´� FRPSOHWD�R�VHQWLGR�GR�VXEVWDQWLYR�³RIHQVD´��VHQGR��SRUWDQWR��XP�FRPSOHPHQWR� nominal. $JRUD��DQDOLVDQGR�³j�RFRUUrQFLD�GR�IDWR�JHUDGRU���SHUFHEHPRV�TXH�VH� trata também de complemento nominal, uma vez que se refere ao advérbio ³DQWHULRUPHQWH´�� TXH� SRVVXL� EDVH� QRPLQDO� SRU� GHULYDU� GR� DGMHWLYR� ³DQWHULRU´�� Então, os termos desta afirmativas desempenham a mesma função sintática. II. As duas ocorrências da preposição a, que formam os dois casos de crase, subordinam os termos que introduzem ao mesmo elemento. ± ERRADA. 40718706056 Português p/ Senado Federal Analista e Técnico Legislativo Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas ʹ Aula 07 Profª Rafaela Freitas www.estrategiaconcursos.com.br
Compartilhar