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Resumo Obrigações e Responsabilidade Civil esquema

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OBRIGAÇÕES – O direito das obrigações consiste num complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro. 
Assim, o direito obrigacional ou de crédito trata dos vínculos entre credor e devedor, contemplando relações de caráter pessoal, excluindo de sua órbita relações entre pessoas e coisas (direito real).
Conceito de Sílvio Rodrigues:
Obrigação é o vínculo de direito pelo qual alguém (sujeito passivo) se propõe a 
Dar, fazer ou não fazer (estas são as prestações!) 
Qualquer coisa (objeto), em favor de outrem (sujeito ativo). 
Conceito de Clóvis Beviláqua:
	“Relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós esta ação ou omissão”.
Direitos pessoais e direitos reais – 
Primeira diferença entre ambos: nos direitos pessoais há dois sujeitos (ativo e passivo – credor e devedor); nos direitos reais há um só sujeito, pois disciplinam a relação entre o homem e a coisa, contendo apenas três elementos (sujeito ativo, a coisa e a inflexão imediata do sujeito sobre a coisa).
Segunda diferença: Quando violados, os direitos pessoais atribuem a seu titular a ação pessoal, que se dirige apenas contra o indivíduo que figura na relação jurídica como sujeito passivo, ao passo que os direitos reais conferem ao titular uma ação real contra quem indistintamente detiver a coisa. Ou seja, quando violados os direitos pessoais atribuem a seu titular uma ação pessoal contra o devedor, nos direitos reais há uma ação real contra quem indistintamente detiver a coisa (é oponível erga omnes)
Terceira diferença: O objeto do direito pessoal é sempre uma prestação do devedor (obrigação de dar, de fazer e de não fazer, enquanto que o direito real pode ser coisa corpórea ou incorpórea.
Quarta diferença: O direito pessoal é ilimitado, sensível à autonomia da vontade, permitindo a criação de figura contratual nova, mesmo não prevista na legislação (contratos inominados). O direito real, por sua vez, não pode ser objeto de livre convenção, estando limitado pela norma jurídica, havendo um numerus clausus. 
Quinta diferença: O direito pessoal exige sempre um intermediário, ou seja, uma pessoa que está obrigada à prestação (é a figura do devedor), enquanto que o direito real supõe o exercício direto, pelo titular, do direito sobre a coisa. 
Obs: No direito real existe o direito de seqüela, ou seja, a prerrogativa concedida ao seu titular de pôr em movimento o exercício de seu direito sobre a coisa a ele vinculada, contra todo aquele que a possua injustamente, ou seja, seu detentor. 
Ex: Se alguém invade um imóvel seu, você pode ajuizar uma ação para reaver essa posse (Ação de Reintegração de posse). Somente no direito real podemos falar em abandono, posse, usucapião, direito de preferência, etc. 
OBRIGAÇÕES NATURAIS – A obrigação natural é aquela em que há um vínculo sem possibilidade de executar forçosamente o seu cumprimento. 
Se distingue da obrigação moral por ser o adimplemento desta mera liberalidade, enquanto que na obrigação natural o seu adimplemento constitui meio de pagamento, não havendo a possibilidade de pleitear a repetição do indébito (repetitio indebiti). 
Assim, mesmo não havendo a possibilidade do credor exigir o pagamento, caso o devedor o faça, o credor possuirá a soluti retentio. Perceba que na obrigação civil existe o debitum (débito) e caso o devedor não cumpra espontaneamente a sua obrigação, existe a obligatio (responsabilidade), ou seja, a capacidade de execução forçada de seus bens para o cumprimento da obrigação. Na obrigação natural somente existe o debitum. Assim, o credor retém para si o pagamento (soluti retentio) não a título de liberalidade, mas como certa prestação que o credor não a podia exigir judicialmente.
Ter-se-á a obrigação natural sempre que se possa afirmar que uma pessoa deve a outra determinada prestação por um dever de justiça, devido à existência anterior de um débito inexigível e não por um dever de consciência. 
Assim, podemos conceituar obrigação natural como sendo aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora, em caso de seu adimplemento espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento e não de liberalidade.
Exemplos: 
Art. 882, CC, que diz “não se pode repetir (ajuizar ação de repetição de indébito) o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível...... 
Art. 814, CC - Dívidas de jogo.
Segundo Maria Helena Diniz são obrigações naturais: o ato de dar gorjetas em restaurantes e hotéis e as comissões amigáveis a intermediários ocasionais em negócios imobiliários.
OBRIGAÇÕES PROPTER REM – é uma obrigação híbrida, em que o devedor, por ser titular de um direito sobre uma coisa (Direito Real), fica obrigado a determinada prestação (Direito Pessoal) que, por conseguinte, não derivou da manifestação expressa ou tácita de sua vontade. 
Características: 
•	Vinculação a um direito real.
•	Possibilidade de exoneração do devedor.
•	Transmissibilidade por meio de atos jurídicos, caso em que a obrigação recairá sobre o adquirente.
Natureza jurídica: são figuras transacionais entre o direito real e o direito pessoal, de fisionomia autônoma, constituindo obrigações acessórias mistas, por serem uma relação jurídica na qual a prestação está vinculada a um direito real.
Assim, o que o faz devedor é a condição de ser titular do direito real sobre o bem. Só libera-se da obrigação se renunciar a esse direito.
Exemplos: art. 1297, CC (direito de vizinhança); art. 1315, CC (condômino); art. 1280, CC (caução de dano infecto).	
Propter rem - estudo de caso
1. A obrigação do atual proprietário pela reparação dos danos ambientais, ainda que não tenha sido ele o responsável pelo desmatamento, é propter rem, ou seja, decorrente da relação existente entre o devedor e a coisa, independente das alterações subjetivas. Dessa forma, é transferida do alienante ao novo proprietário a obrigação de demarcar e averbar no registro de imóvel a reserva legal instituída no artigo 16 do Código Florestal, não resultando disso violação qualquer do artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. 
Obs: Se não há direito real, não há Propter Rem. 
2. EXECUÇÃO DE DÍVIDA CONDOMINIAL. PENHORA ON LINE.
Na execução de dívida relativa a taxas condominiais, ainda que se trate de obrigação propter rem, a penhora não deve necessariamente recair sobre o imóvel que deu ensejo à cobrança, na hipótese em que se afigura viável a penhora on line. (Em função do caráter solidário da taxa de condomínio, a execução desse valor pode recair sobre o próprio imóvel, sendo possível o afastamento da proteção dada ao bem de família). 
Se for possível satisfazer o crédito encontrando saldo suficiente para o pagamento da dívida em conta corrente do executado, é cabível a penhora on line, sem que isso importe em violação ao princípio da menor onerosidade para o executado.
Pelo contrário, a determinação de penhora on line representa observância ao princípio da primazia da tutela específica, segundo o qual a obrigação deve, sempre que possível, ser prestada como se tivesse havido adimplemento espontâneo.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES – 
Elemento Subjetivo – de caráter duplo é representado pelas partes envolvidas na relação obrigacional.
Sujeito ativo (credor) é o beneficiário da obrigação, podendo ser pessoa natural, jurídica ou mesmo um ente despersonalizado.
Sujeito passivo (devedor) é o que assume um dever de cumprir a obrigação. Se não cumprir, responde com seu patrimônio (responsabilidade civil).
Obs: na atualidade são muito comuns situações em que as partes são ao mesmo tempo credoras e devedoras, principalmente em contratos de compra e venda. Esse tipo de relação jurídica complexa, marcada pela proporcionalidadede prestações é chamada Sinalagma obrigacional.
Elemento Objetivo – é representado pelas prestações (elemento imediato) e pelo bem jurídico (elemento mediato).
Ou seja, Prestações são ações do devedor que consistem em dar, fazer ou não fazer. A prestação tem sempre um conteúdo patrimonial, pois caso contrário, seria impossível repara perdas e danos em caso de descumprimento.
Ex: na obrigação de dar, o devedor entrega determinado produto. A obrigação de dar é o elemento imediato e o produto é o elemento mediato. Em um serviço de pintura há a obrigação de fazer , no caso pintar (elemento imediato) e a tarefa em si da pintura (elemento mediato). Num contrato entre vizinhos de não se construir um muro, há a obrigação de não fazer há a abstenção em si.
Elemento Imaterial vínculo jurídico, as partes e prestação.
	Vínculo jurídico – o vínculo jurídico consiste na possibilidade de o credor, por meio da execução patrimonial do devedor, obter a satisfação de seu crédito, através do Poder Judiciário. (Ver Sílvio Rodrigues, p. 4, nas notas de rodapé, acerca da possibilidade de escravidão e até mesmo de morte do devedor inadimplente)
	Assim, hoje em dia, o devedor que descumpre a obrigação sujeita-se a ressarcir o dano causado (art. 389, CC). Responsabilidade contratual
	A obrigação civil reúne o debitum (a dívida) e obligatio (a responsabilidade), diferentemente da obrigação natural.
Fontes das obrigações
Lei – 
MHD defende que se trata de fonte primaria de obrigações, Ex. Prestação de Alimentos; 
Orlando Gomes defende que Lei sozinha não é fonte, mas somente quando acompanhada de um Fato jurídico; 
Fernando Noronha diz que a lei é fonte se aliada à autonomia privada, que é a manifestação de vontades.
Contratos – negócio jurídico (criação modificação, extinção de direitos e deveres (conteúdo patrimonial).
Atos ilícitos e Abuso de Direito
Ato ilícito - Art. 186 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
Abuso de direito (ou Ato Ilícito EQUIPARADO) Art. 187. A par da definição legal, a melhor definição doutrinária do abuso de direito é: ato jurídico de objeto lícito, mas cujo exercício, por ser irregularidade, acarreta um resultado que se considera ilícito.
A principal diferença entre ambos é que o abuso de direito possui um objeto lícito, mas que por abuso ou por exercício irregular, acaba tendo um resultado ilícito. Já o ato ilícito tem o seu objeto ilícito e o resultado ilícito.
Atos unilaterais – são declarações unilaterais de vontade
Promessa de recompensa (arts. 854 a 860) – 
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
Art. 855. Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada. 
Art. 856. Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta. Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá direito a reembolso. 
Art. 857. Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o que primeiro o executou.
Art. 858. Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa; se esta não for divisível, conferir-se-á por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu quinhão
Requisitos:
I) a capacidade da pessoa que emite a declaração; 
II) A licitude e possibilidade; 
III) o ato de publicidade
Revogação – antes de prestado o serviço e feita com a mesma publicidade da declaração
Boa-fé: que fez gastos para alcançar a promessa tem direito a reembolso.
Mais de um indivíduo executando: ou quem fez primeiro ou, se simultâneo, dividido. Se a coisa não for divisível, sorteia-se e quem obteve ressarce o valor dos outros.
Gestão de negócios (Arts. 861 a 875) – Trata-se do gestor que age sem mandato é responsável perante clientes e terceiros.
O gestor terá direito a reembolso pelas despesas feitas em prestação de contas por erro a outra pessoa ou nos negócios em que agiu bem. (arts. 869 e 870)
Se o gestor prestar alimentos ou pagar os custos de enterro poderá reaver o valor de volta do devedor – princípio da Boa fé objetiva e da dignidade humana (Arts. 871 e 872)
Pagamento indevido (art. 876 a 883) – obrigação de restituir ou de pedir restituição pelo erro no pagamento
Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.
Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso.
Art. 879. Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé, por título oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além do valor do imóvel, responde por perdas e danos. Parágrafo único. Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou se, alienado por título oneroso, o terceiro adquirente agiu de má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reivindicação.
Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
Duas modalidades: 
Pagamento objetivamente indevido: quando o debito é inexistente ou o valor é errado.
Pagamento subjetivamente indevido: feito a pessoa errada.
A ação de Repetição de indébito é a regra para pleitear a restituição e cabe a quem pagou indevidamente provar o erro que cometeu...
1ªExceção: Súmula 322 (STJ) “Para a repetição de indébito, nos contratos de abertura de crédito em conta-corrente, não se exige a prova do erro”. A Súmula fala da boa-fé objetiva do consumidor. 
Obs. Art. 1° e 4° do CDC - princípios do protecionismo e inversão do ônus da prova.
2ª Exceção (art. 882) Obrigações incompletas – quando há obrigação natural (moral) solver dívida prescrita ou pagar dívida inexigível (de jogo, p.ex).
Obs: Relações de consumo pleiteia-se o dobro!
3ª Exceção - Imóvel – aqui o instrumento adequado é a ação reivindicatória (se agiu de boa-fé entrega o valor, se agiu de má-fe , além do valor, perdas e danos)
Enriquecimento sem causa (884 a 886)
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mastambém se esta deixou de existir.
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.
≠ enriquecimento ilícito – ex. contrato desproporcional não é ilícito mas provoca enriquecimento sem justa causa
Pressupostos: 
Enriquecimento do Accipiens
Empobrecimento do solvens (requisito que a doutrina vem gradualmente afastando)
Nexo causalidade
Art. 885 – Ex: Uma lei revogada torna possível pleitear a reposição.
Art. 886 – Caráter subsidiário – Ex. cabendo a responsabilidade civil 
Títulos de crédito (arts 887 a 926) (direito empresarial)
Atenção para esse dois princípios do Direito obrigacional:
a) Princ Boa-fé objetiva:
A boa-fé pode ser compreendida sob dois enfoques: o subjetivo e o objetivo.
A boa-fé subjetiva consiste no estado de espírito do agente, sendo caracterizada pela análise das intenções da pessoa cujo comportamento se queira qualificar. Traduz-se na sinceridade, veracidade ou franqueza com que a parte se relaciona, não se utilizando de mentira, hipocrisia ou duplicidade, enfim, não se utilizando de má-fé.
Boa-fé objetiva é princípio informador da validade e eficácia das obrigações, princípio integrante da concepção social do direito contratual, que representa uma cláusula geral de lealdade e colaboração para o alcance dos fins contratuais. 
A boa-fé objetiva consiste num dever geral de conduta, que atribui às partes o dever de agir no sentido da recíproca cooperação, confiança, lealdade, correção e lisura, a fim de se garantir a segurança e manutenção das relações jurídicas.
Boa-fé objetiva significa uma atuação “refletida”, uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.
b) Princ Autonomia da Vontade: O princípio da autonomia da vontade significa que a obrigação contratual tem por fonte única a vontade das partes, que podem convencionar o que desejarem, na forma que quiserem, dentro dos limites de ordem pública.
Cabe a lei apenas assegurar o respeito ao que foi livremente estipulado e fornecer elementos interpretativos ou supletivos da vontade das partes.
A autonomia da vontade pauta-se na existência da faculdade de escolha entre contratar ou não contratar, de escolha do outro contratante, além da escolha do conteúdo e da forma do contrato. 
Assim, tem como alicerce: 
a) ampla liberdade contratual,
 b) o poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
II – MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES
1. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA (DETERMINADA) (OBLIGATIO DANDI)
	É a obrigação de entregar a coisa ou de restituir (em caso de empréstimo).
	Base legal: arts. 233 a 242, do Código Civil de 2002.
Conceito:
É aquela em que o seu objeto é determinado, individualizado no ato do negócio jurídico, isto é, no momento em que a obrigação é contraída.
É a obrigação em que o devedor se obriga a dar coisa individualizada, que se distingue por características próprias, seja bem móvel ou imóvel. Confere ao credor simples direito pessoal. 
Em outros termos, a obrigação de dar coisa certa é aquela em virtude da qual o devedor fica constrangido a promover, em benefício do credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel), com o fim de outorgar um novo direito (compra e venda), ou com o de restituir devidamente a coisa ao seu dono (empréstimo).
Tal obrigação abrange os acessórios da coisa, salvo convenção em contrário (art. 233, CC/2002). 
A prestação consiste na entrega ou restituição de uma coisa determinada que, até a tradição, pertence ao devedor (art. 237, CC).
Subdivisões:
entregar = a coisa será entregue pela primeira vez ao credor;
restituir = o devedor devolve ao credor a coisa que dele recebera.
Princípio da Identidade:
	O credor não é obrigado a aceitar coisa diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa, nem é o devedor obrigado a dar coisa diferente da ajustada. Como depreende da leitura do 
art. 313, do Código Civil, “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. 
Transferência do domínio
É a denominada tradição ou entrega da coisa, sendo que, antes da entrega a coisa pertence ao devedor, conforme determina o art. 237, do Código Civil, in verbis: 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Desta forma, cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega (por ex. no contrato de compra e venda) ou restituição (por ex. no comodato).
Esses dois atos podem ser representados com o termo tradição. Conforme já assinalamos, enquanto esta não ocorrer, a coisa continuará pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos” (art. 237, CC).
Bens móveis:
	A simples entrega encerra a obrigação. Conforme determina o art. 1.267, do Código Civil:
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único: Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
Bens imóveis:
	A tradição é solene. Tem que haver registro formal. Vide art. 108 e art. 1.245, do Código Civil:
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do Imóvel.
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Acessórios do objeto
	Trata-se dos melhoramentos e acréscimos. Com relação aos acessórios:
a) Na obrigação de dar, ou seja, de entregar:
Pertencem ao devedor benfeitorias e os frutos percebidos.
Pertencem ao credor os frutos pendentes. Ver art. 237, CC/2002.
b) Na obrigação de restituir. Neste caso, se o devedor tiver gastos, será restituído. Se não, o credor fica com a vantagem. Ver arts. 241 e 242, do CC/2002.
Pertencem ao credor os que não tiverem sobrevindo a coisa por despesa ou trabalho do devedor.
Situação do devedor de boa fé:
Benfeitorias necessárias e úteis direito à indenização e direito de retenção.
Benfeitorias voluptuárias se autorizadas, geram direito à indenização. Se não, podem ser retiradas.
Faz jus aos frutos percebidos, devendo os colhidos por antecipação e os pendentes ser entregues ao credor.
Situação do devedor de má fé:
Benfeitorias necessárias direito à indenização.
Benfeitorias úteis e voluptuárias nenhum direito.
Frutos deve ressarcir os percebidos e os que, por culpa sua, deixou de perceber.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (DETERMINÁVEL)
A coisa tem que ser determinável e deverá ser indicado pelo menos o gênero e a quantidade. A previsão legal encontra-se nos arts. 243 a 246, do CC/2002.
A prestação consiste em entregar um bem determinado pelo gênero, qualidade e quantidade, mas que não foi individuado.
O direito de escolha cabe ao devedor, mas pode constar no contrato outra modalidade. O devedor não pode alegar perda antes da escolha.
Escolha:
Utiliza-se também o termo concentração como sinônimo de escolha.
Individualização da coisa. Transforma a obrigação de dar coisa incerta em obrigação de dar coisa certa. No ato da escolha a coisa tem que se tornar certa, isto é, determinada.
Na falta de ajuste, caberá ao devedor, que não poderá entregarcoisa pior, mas não será obrigado a dar coisa melhor.
Execução judicial:
De obrigação de dar constante em título executivo extrajudicial:
A) coisa certa (arts. 621 a 628, do CPC); Procedimentos:
1) citação para entregar ou depositar em 10 dias;
2) possibilidade de fixação de multa, pelo juiz, por dia de atraso;
3) embargos à execução, no prazo de 10 dias, a contar do depósito;
Obs. Parte da doutrina e da jurisprudência, com base na leitura do art. 738 do CPC, entende que o prazo é de 15 dias.
4) se não entregar, nem depositar imissão ou busca e apreensão;
5) o credor tem direito ao recebimento do valor da coisa, além de perdas e danos, se a coisa não lhe for entregue.
B) coisa certa (arts. 629 a 631, do CPC): Procede-se à escolha, que poderá ser impugnada no prazo de 48 horas. Após, a execução passa a ser para entrega de coisa certa.
Da obrigação de dar constante em título executivo judicial:
A) não haverá execução, mas efetivação no próprio processo de conhecimento (arts. 461-A c/c 461, do CPC);
B) concessão de tutela especifica e fixação de prazo para cumprimento da obrigação.
3. OBRIGAÇÕES DE FAZER (OBLIGATIO FACIENDI)
3.1.Conceito, objeto e base legal:
As obrigações de fazer estão previstas nos arts. 247 a 249, do CC/2002.
	Obrigações de fazer são aquelas obrigações cuja prestação se consubstancia em um fazer a ser realizado pelo devedor.
	Em outros termos, é o compromisso do devedor junto ao credor de prestar ato ou fato seu ou de terceiro (contratos de prestação de serviço).
	A conduta objeto da obrigação de fazer pode ser a prestação de serviços ou a prática de ato ou negócio jurídico.
Prestação de serviço: o sujeito passivo obriga-se a disponibilizar uma utilidade ou comodidade ao ativo.
Exemplos: 
as obrigações assumidas pelos profissionais liberais, tais como, advogado, médico, dentista, arquiteto, engenheiro etc.
pelas empresas prestadoras de serviço, por exemplo, hospital, seguradoras, bancos, hotel, empresários do entretenimento etc.
por alguns trabalhadores autônomos: empreiteiro, pintor, eletricista, encanador, técnico em eletrodomésticos etc.
Nas obrigações de fazer mediante a prática de ato ou negócio jurídico, a conduta a que se obriga o sujeito é, em geral, concentrada, exaure-se numa ação somente e produz resultado imediato.
Exemplos:
o ato de declarar uma vontade, como no caso do acionista que se compromete a votar numa determinada pessoa para presidente da companhia; 
o comparecer a um local e agir duma certa maneira, no caso do cantor que se obriga a realizar um espetáculo; 
e o executar de uma obra única, tais como, o pintor que se obriga a retratar o contratante.
3.2. Diferenças entre as obrigações de dar e de fazer
	
	As obrigações de fazer diferem das obrigações de dar, porquanto a prestação é um fato comissivo qualquer diverso de entrega ou atividade, e o objeto desse fato é a própria atividade.
Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. Neste caso, o objeto da prestação caracteriza-se por um comportamento do sujeito passivo, e não por uma coisa.
	Observe-se que as obrigações de fazer também se diferenciam das obrigações não negociais. São obrigações não negociais, por exemplo, a responsabilidade civil, prestação de alimentos, obrigações tributárias etc.
	Quanto à caracterização da obrigação de fazer, a ênfase repousa sobre a conduta do sujeito passivo, enquanto a obrigação de dar recai sobre a própria coisa.
	Há obrigações cuja caracterização é sempre difícil de ser definida, se são obrigações de fazer ou de dar, por exemplo: 
as atividades do estacionamento;
do transportador de carga;
do vendedor. Define a lei que ele é obrigado a transferir o domínio da coisa vendida ao comprador (CC,art. 481). Esta obrigação pode ser descrita tanto pelo ângulo das obrigações de dar como pelo das de fazer. Veja-se o que diz Fábio Ulhoa Coelho:
Quando a coisa objeto de compra e venda é um imóvel, a transferência do domínio se faz, em regra, mediante a outorga de escritura pública, que é o título hábil ao registro da alteração da propriedade no Cartório de Imóveis. Esta outorga é uma declaração de vontade do vendedor expressa perante o Tabelião. Ir ao cartório e assinar a escritura são ações do sujeito passivo e podem, por isso, ser referidas como obrigação da fazer. Por outro lado, é por essas ações que o vendedor dá ao comprador a coisa objeto do contrato. Mesmo se o objeto da compra e venda é bem móvel, a ação do vendedor de entregá-la ao comprador pode ser descrita tanto como uma obrigação de fazer como de dar (2012,p. 75).
Algumas obrigações de fazer são interdependentes com algumas de dar, por exemplo, na cirurgia de implantação de marca-passo, não há como dissociar uma obrigação da outra. 
3.3. Espécies de obrigações de fazer
	As obrigações de fazer se subdividem em dois tipos de prestações, quais sejam:
a) Obrigações de fazer personalíssimas, infungíveis ou “intuitu personae”
Ocorre nos contratos intuitu personae. Não pode ser realizada senão pelo devedor. São as obrigações de fazer que apenas o devedor está em condições de prestar. Pode-se dizer que é o fazer espiritual, que leva em conta as aptidões do devedor e retrata, portanto, imaterialidade. Neste caso, o sujeito passivo é insubstituível.
b) Obrigações de fazer material, fungível ou impessoal
	
É realizada nos contratos em que é possível a execução por pessoa diversa da do devedor. 
	Significa o fazer físico, que pode ser materializado. É o fazer alguma coisa que pode ser feito por outra pessoa diversa da do próprio devedor.
	Em outros termos, é aquela em que a prestação pode ser cumprida por terceiro, uma vez que a sua execução não depende de qualidades pessoais do devedor. 
Tais obrigações divergem, portanto, das personalíssimas, que exigem para o seu cumprimento que sejam realizadas pelo próprio devedor, pois a sua execução depende de qualidades próprias do devedor.
c) Consistente em emitir declaração de vontade (pacto de contrahendo), como, p. ex., endossar certificado de propriedade do veículo alienado (CPC, art. 466-B).
3.4. Inadimplemento das obrigações da fazer
	A não realização de uma obrigação de fazer pelo devedor, que se torna, portanto inadimplente, importará nas seguintes hipóteses:
a) Devido à impossibilidade da prestação, isto é, por impossibilidade superveniente:
Sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação e restitui-se o preço (art. 248, 1ª parte, CC/2002).
Com culpa do devedor – restituição do preço e responde este por perdas e danos (art. 248, 2ª parte, CC/2002).
b) Devido à recusa do devedor, isto é, recusa de cumprimento da obrigação:
Na obrigação de fazer personalíssima, ou infungível: 
Não sendo possível a execução judicial do débito, a obrigação se resolve em perdas e danos.
	A previsão legal para estes casos está definida nos arts. 247 e 248, do CC/2002.
Na obrigação de fazer material, ou fungível:
	Será livre ao credor mandar executar o fato (prestação) por terceiro, à custa do devedor, sendo, ainda, cabível a indenização pelos prejuízos (art. 249, CC/2002).
Observação:	
Sobre a execução da obrigação de fazer, ver arts. 632 e segs., do CPC.
4. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (OBLIGATIO NON FACIENDI) (ARTS. 250 E 251, CC/2002)
4.1. Conceito 
	
Donizetti&Quintella, prelecionam que as obrigações de não fazer “são aquelas obrigações cuja prestação se consubstancia em um fato omissivo do devedor, ou seja, uma abstenção. São sempre contínuas” (2012,p. 296).
Sendo negativa, não passa de uma abstenção. Trata-se de obrigação que impõe ao devedor um dever de abstenção, isto é, o de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado.
	Aquele que se obriga, por ato de vontade, a não fazer, deve omitir-se nesse sentido, sob pena de inadimplemento obrigacional.
4.2. Inadimplemento da obrigação de não fazer:
a) Com culpa do devedor: Art. 251, parágrafo único, CC. Desfazimento do ato às custas do devedor e pagamento de perdas e danos.
b) Antea impossibilidade de abstenção. Sem culpa do devedor, ou seja, por impossibilidade superveniente, volta ao status quo anterior. Resolução da obrigação (art. 250, CC).

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