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CDC - marcio fernando

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI 8.078/90
19.09.07
	O CDC regulamenta o art. 5°, XXXII, CF e por isso tem natureza de direito fundamental. 
	A defesa do consumidor pressupõe a sua vulnerabilidade. Na relação de consumo, o consumidor é a parte “mais fraca”. Art. 5° XXXII, CF: O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (só precisa de defesa quem é hipossuficiente).
	A defesa do consumidor é também princípio da ordem econômica.� Art. 170, V, CF: a exploração de atividade econômica deve respeitar direitos do consumidor.
	A proteção do consumidor é feito por normas de ordem pública e normas de interesse social. Seja porque transcende a esfera individual, seja porque não admite renúncia pelo titular – são direitos indisponíveis. 
	Qualquer violação do CDC admite reconhecimento de ofício pelo juiz na ação de interesse do consumidor (seja ação coletiva ou individual). 
	
Interpretação: A interpretação do CDC é feita em benefício do consumidor, ou seja, na dúvida reconhece-se o direito à parte presumivelmente mais fraca.
Princípio da vulnerabilidade: todo consumidor é presumivelmente vulnerável. Art. 4°, I, CDC. Trata-se de um princípio geral, que regulará toda matéria. 
Princípio do dirigismo contratual: o CDC consagra também esse princípio, que reduz a autonomia de vontade dos contratantes e estabelece em favor de uma das partes direitos indissociáveis. 
Obs. Exemplos de dirigismo contratual: lei do inquilinato, compromisso de compra e venda residencial, parcelamento do solo para fins de edificação residencial. 
O dirigismo contratual pressupõe ao mesmo tempo a vulnerabilidade de uma das partes e a relevância social do objeto contratado. 
26.09.07
	O CDC só é aplicado para a relação de consumo. Esta é uma espécie de relação jurídica que pressupõe: 
a) 	Elemento subjetivo: de um lado consumidor e de outro fornecedor como contratantes 
b) 	Elemento objetivo: objeto do contrato seja produto ou serviço. 
c) 	Elemento finalístico: o consumidor é destinatário final do produto ou serviço. 
A relação de consumo pode ser efetiva ou potencial e haverá a aplicação do CDC. I) efetiva: A efetiva ocorre com a contratação. 
II) potencial: Potencial com a oferta, publicidade do produto ou serviço. 
Conceitos legais:
Consumidor: art. 2°, parág. único CDC: pode ser qualquer pessoa física ou jurídica que adquire ou se utiliza de produto ou serviço como destinatário final. 
Espécies:
Direto ou efetivo: é aquele que contrata. 
Consumidor eleito para a ação (art. 17): é a vítima do evento danoso. Ex. patrão que compra microondas é consumidor efetivo e consumidor eleito para ação será a empregada que sofre o dano.
Consumidor presumido (art. 29 e parág. único no art. 2°): é a coletividade de pessoas expostas às práticas comerciais. 
Destinatário final: é aquele que se utiliza ou adquire produto ou serviço, para atendimento de suas necessidades, interrompendo a cadeia produtiva ou a circulação do produto ou serviço. É aquele que não explora a atividade econômica, não recoloca o produto no mercado ou não atua como fornecedor para terceiros. 
Teorias:
teoria finalista: só é consumidor aquele que não reintroduz o produto no mercado ou contrata para suprir exclusivamente a sua necessidade. Essa teoria exclui o contratante que atua como fornecedor perante terceiros. 
Teoria maximalista: o conceito de consumidor deve ser amplo para permitir o reconhecimento a qualquer pessoa que atue como destinatário final – ele é destinatário final na relação jurídica e independentemente da finalidade da contratação. 
Exemplo: 
Loja de tintas --------------------------- Pintor -------------------------- Dono da casa 
- Pela teoria finalista, a relação entre o pintor e a loja de tintas não será relação de consumo. Para a teoria maximalista sim (considera a vulnerabilidade). 
Para o STJ o reconhecimento da relação de consumo e do reconhecimento da condição de consumidor é verificada caso a caso, se presente a vulnerabilidade. 
	Ex. produtor rural adquirente de máquina agrícola, insumos, é considerado consumidor. Taxista quando adquire seu veículo é consumidor. 
Fornecedor: é qualquer pessoa física ou jurídica, e mesmo entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, distribuição e comercialização. 
Fornecedor imediato: é o que realiza a comercialização. 
Fornecedor mediato: desenvolve as atividades anteriores.
Fornecedor real: é o produtor, construtor, fabricante (aquele que fez). 
Fornecedor presumido: é o importador de produto industrializado ou aquele que comercializa produto in natura (ex. feirante). 
Fornecedor aparente / quase-fornecedor: é aquele que coloca o seu nome, a sua marca no produto de outrem. Ele se apresenta como fornecedor real. 
A caracterização do fornecedor demanda habitualidade, exercício contínuo, com propósito econômico. 
A comercialização eventual de bens, por si só, não dá ao alienante a condição de fornecedor, salvo se intermediada por terceiros. Ex. vendedor, corretor. 
Produto (art. 3°, §1°): é qualquer bem móvel ou imóvel; material ou imaterial; suscetível de apreciação econômica. Os produtos podem ser duráveis ou não duráveis (o CDC não diz “produtos descatáveis”, eles são espécie de produto não durável). 
Produto durável: é o que possui uma expectativa de durabilidade independentemente do uso. Ex. eletrodoméstico, veículos.
Produto não durável: é o que sofre a extinção a partir do uso. Ex. produto de higiene pessoa. 
3.10.07
	A distinção entre produtos duráveis e não duráveis só determina o prazo para o consumidor reclamar por vícios (art. 26 CDC)
		-> o prazo será de 30 dias para produtos não duráveis
		-> o prazo será de 90 dias para produtos duráveis. 
	Esses prazos decadenciais sofrem interrupção:
pela reclamação do consumidor ao fornecedor (não basta intermediação ou reclamação para terceiros, como o Procon, é a reclamação efetiva ao fornecedor).
Obs. quando o Procon encaminhar a reclamação para o fornecedor que o prazo será interrompido. A comunicação do consumidor ao Procon não interrompe. 
Da instauração do inquérito civil até a sua conclusão (art. 26, §2°, III). O encerramento do inquérito ocorre com a homologação do arquivamento. 
-	A interrupção restitui o prazo restante ao consumidor – reinicia a contagem do prazo. 
Serviço (art. 3°, §2°)
Serviço é qualquer atividade prestada em favor do consumidor mediante remuneração, excluídas as decorrentes da relação de emprego. 
Ex. a relação poderá ser até de atividade espiritual, como contratar um pai de santo. 
O CDC também é aplicado para atividades bancárias, creditícias e serviços públicos. 
A remuneração pode ser indireta ou a gratuidade como prática comercial, que será aplicável o CDC. Ex. estacionamento gratuito para atrair clientes. 
Serviço Publico: o Estado é equiparado a fornecedor (Estado como prestador de serviço) art. 22 CDC. É aplicável o CDC nas relações decorrentes de serviços públicos. 
São direitos dos usuários: 
- recebimento de serviços 
eficientes, 
adequados, 
seguros, 
contínuos, quando essenciais
Serviço público é atividade material prestada pelo Estado ou por concessionários, permissionários para atender às necessidades dos usuários. 
O serviço pode ser:
I) uti universi (gerais): serviços pró-comunidade. Ex. segurança pública, saúde pública. São remunerados por arrecadação tributária (impostos). Na relação do prestador do serviço público NÃO se aplica o CDC!!! O serviço é prestado independente de remuneração. 
II) uti singule (individual): pró-cidadão ou pró-usuário. Ex. telefonia, energia elétrica. O serviço é divisível, paga-se a medida que utilizar. A remuneração é feita de forma direta por tarifa ou preço público. Aplica-se o CDC! Aqui que a relação é de direito privado e por isso o Estado é equiparado a fornecedor. 
	Interrupçãona prestação do serviço público: admite-se a interrupção se o prestador de serviço credor notificar previamente o usuário devedor inadimplente, alertando-o da possibilidade do corte (posição majoritária – STJ e das Agencias Reguladoras). 
	O que se quer evitar é a cobrança abusiva da dívida e a notificação prévia afasta a ameaça ou constrangimento. Art. 42 CDC. 
Usuário hiposuficiente: pobre, idoso, desempregado. Deve estar inscrito em programa especial de atendimento e não deve sofrer a interrupção em razão do não pagamento. 
Usuário administraçaõ pública: não há possibilidade de corte / interrupção por força dos princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e pelo princípio da continuidade do serviço público.
10.10.07
	Direitos básicos do consumidor – art. 6°, CDC. 
proteção à vida, saúde, segurança
a educação 
igualdade nas contratações
liberdade de escolha
informações
proteção contra publicidade enganosa / abusiva
proteção contra práticas abusivas
modificação e revisão de clausulas contratuais 
	
proteção à vida, saúde, segurança
Produtos nocivos à saúde podem ser colocados no mercado, desde que assegurado ao consumidor um conhecimento da periculosidade ou da nocividade. Os riscos podem ser previsíveis ou inerentes ao produto. Previsíveis em razão do uso ou da fruição ou então inerentes, em razão da natureza do produto. 
A periculosidade pode ser:
(i) latente ou inerente e o produto pode ser colocado no mercado, bastará que ao consumidor sejam dadas informações necessárias. 
(ii) adquirida: é a decorrente de um vício apresentado pelo produto. Ex. não funcionamento do freio de um veículo. O produto, em razão de um outro fato passa a representar um risco que não decorre de sua natureza ou da sua utilização normal. O fornecedor poderá ser obrigado a promover o chamamento (recall) para a supressão do vício apresentado pelo produto, sem prejuízo da obrigação civil. 
(iii) periculosidade exagerada: chamado defeito por ficção. Decorre da má concepção do produto ou de emprego de material inadequado. Ex. brinquedo infantil. O produto que apresenta periculosidade exagerada não pode ser colocado no mercado ou deve ser retirado porque vedada a sua comercialização. 
(iv) periculosidade descoberta: A sua descoberta futura é a que decorre do desenvolvimento científico e pode obrigar a retirada do produto do mercado ou a prestação adicional de informações ao consumidor. Ex. medicamento. A recusa na prestação de informações ou na realização do recall pode responsabilizar criminalmente o fornecedor (art. 63/64 CDC). 
	Recall
	O Recall é providencia a ser tomada pelo fornecedor ou subsidiariamente pelo Poder Público e que envolve:
I) publicidade ou a comunicação a todos os consumidores acerca da existência do vício e dos riscos a ele associados. 
		II) comunicar ao Poder Público. 
III) realizar o atendimento do consumidor para a supressão do vício, para a reparação do dano ou para a retirada do produto do mercado.
O não atendimento pelo consumidor não exclui a responsabilidade civil do fornecedor. Não modifica a garantia legal ou contratual conferida ao produto ou serviço. 
A comunicação não pode ser dirigida exclusivamente aos adquirentes ou consumidores diretos, ela é dirigida a toda a coletividade, equiparada ao conceito de consumidor. 
As informações devem ser prestadas de forma clara, objetiva, levando em conta o consumidor médio e dando conta dos vícios previsíveis e inerentes. O óbvio não precisa ser informado – ex. fósforo gera uma chama que queima a pele. 
2) Direito à educação 
O Estado deve promover campanhas de educação informal, difusão dos direitos do consumidor, dos modos de acesso aos órgãos de defesa ou deve atuar para o equilíbrio e pacificação nas relações de consumo (vide art. 4°). 
Há os que sustentam a necessidade de o Estado incluir no ensino fundamental ou na educação formal (cartilhas) noções de direito do consumidor. 
O dever e prestar informações de caráter educacional é também do fornecedor ou daqueles que exploram atividade econômica (art. 170 CF). 
3) Igualdade nas contratações 
17.10.07
	Todos os consumidores recebem a um tratamento / atendimento pelo fornecedor. Decorrência do princípio da isonomia, o CDC proíbe o tratamento imotivadamente desigual.
	Pode a lei estabelecer tratamento desigual em razão de condições pessoais do consumidor ou de circunstancias fáticas (idoso, gestante, etc). 
	O fornecedor pode garantir aos consumidores que já tenham estabelecido relações de consumo tratamento diferenciado ou preferencial. Se já há o consumo de produtos ou se o serviço é durável (relação continuada, como bancos), admite-se tratamento diferenciado. 
	4) Liberdade na contratação
	A escolha ou a vontade do consumidor devem se determinadas pela necessidade, pelo desejo e sobretudo pela possibilidade econômica. O consumidor é livre para a contratação. O mercado também limita a vontade do consumidor pela disponibilidade ou não do produto ou serviço.
	O CDC proíbe qualquer forma de limitação da autonomia de vontade, considerada prática abusiva (Art. 39). Ex. venda casada, recusa no atendimento, o não fornecimento de orçamento prévio, a imposição de limites quantitativos.
	Também não é possível a concessão a apenas uma empresa privada, pois criaria monopólio privado em substituição a monopólio público. Ex. Tim, Claro, Vivo.
	Venda casada: corresponde à imposição de uma obrigação não desejada pelo consumidor. Ex. compelir o consumidor a adquirir o produto que não deseja para que tenha acesso ao que necessita. Ex. banco, speedy e terra, refrigerante só vendido no cinema é admitido na sala de cinema. 
	Discussão: cover artístico, consumação não há venda casada. 
	Mc Donalds – Mc lanche feliz + brinde – para o prof. não é venda casada. Mas parece que o concurso do MP falou que é...
	Imposição de limites quantitativos: pode um fornecedor impor limites máximos de aquisição de produto, não pode impor limite mínimo, salvo em razão da natureza ou da forma de acondicionamento imposta pelo fabricante. 
	Regras impostas ao varejo ou atacado.
	Pode haver limitações mínimas quando estabelecidas em razão de preços promocionais ou condições diferenciadas. 
	Atacadista pode realizar venda casada. A relação não é de consumo, é relação entre fornecedores. 
	Contrato de prestação de serviço: pode haver prazo mínimo de vigência, em troca de condições diferenciadas, mas não pode estabelecer consumo mínimo por mês. Ex. de condição diferenciada: celular gratuito, mas deve permanecer na Vivo por 1 ano.
	Número mínimo de 30 comprimidos em cartela de remédio – o fabricante quem impõe. Não há como não exigir das farmácias que não exista número mínimo. 
	Tratamento experimental – laboratórios. Não é razoável, mas acontece. 
	5) Direito à informação
	Constitui dever do fornecedor a prestação de informações aos consumidores (art. 31 CDC). As informações devem ser prestadas de forma clara, ostensiva, precisaa, em língua portuguesa e abrangentes (ex. preço, prazo, características, etc). 
	O direito à informação é associado à proteção da vida, saúde, segurança e direito a liberdade de escolha. É a espécie de ofertado produto e por isso a informação é comprometida com a realidade. Dever ser isenta. Não é para seduzir o consumidor, diversamente do que ocorre com a publicidade. 
24.10.07
	A falta de informação equivale a vício de qualidade do produto ou do serviço e determina a responsabilidade civil do fornecedor além da responsabilidade penal. Art. 66. 
A informação deve abranger quantidade, qualidade, características, preço, prazo de validade, garantia e origem. 
A falta de indicação da origem do produto (produtor ou importador) permite a responsabilização direta do comerciante. 
O dever de prestar informações é solidário, ou seja, obriga todos os fornecedores. 
A informação vincula o contrato. 
	Proteção contra a propagandaenganosa ou abusiva (art. 6°, IV). 
	Publicidade X Propaganda: propaganda vem de propagar, ela pode ter natureza comercial, mas é adequada para a difusão de idéias, ideologias, para difundir. Publicidade é espécie de prática comercial, de oferta de produto ou serviço, é a tratada pelo CDC. 
	Objetivos da publicidade: divulgar as qualidades do produto ou do serviço e incitar o consumidor a contratação futura. Toda publicidade é parcial, tendenciosa, comprometida com o resultado favorável ao fornecedor, mas não pode ser inverídica. A publicidade não é atividade neutra, como necessariamente deve ser a informação. 
A publicidade vincula o contrato e a execução. 
	Princípios protetivos (art. 35 e ss)
I) identificação da mensagem publicitária / princípio da clareza: 
A mensagem deve ser identificada como tal. Ela não pode ser dissimulada ou realizada de modo a permanecer desconhecida pelo consumidor. Ela precisa ser ostensiva, a sua natureza precisa ser revelada. O Código implicitamente proíbe a chamada “publicidade clandestina”, realizada sem identificação, como também protege da mensagem subliminar, incapaz de ser identificada pelo consumidor. 
A mensagem clandestina é realizada sem identificação, com suposta isenção, mas capaz de ser identificada pelo consumidor diligente. Ela tanto pode ser enganosa, porque omite na sua natureza, como pode ser abusiva. 
Mensagem subliminar é imperceptível, atua no inconsciente e por isso é considerada abusiva. Ela é incapaz de ser identificada. 
O mershandising é prática comercial não regulada pelo CDC; ele decorre da inserção do produto em outro contexto. Ex. entretenimento (novela). Ou seja, o objetivo de divulgar o produto é apenas indireto. A doutrina reconhece que o abuso pode violar o princípio da identificação e constituir “publicidade dissimulada”. 
II)	veracidade
	Toda mensagem publicitária deve conter informação capaz de ser comprovada. Ainda que parcial, a informação tem compromisso com a verdade. O propósito de viabilizar a contratação não pode induzir o consumidor a um comportamento de risco. 
III)	vinculação 
IV)	inversão do ônus da prova
31.10.07
	Do princípio da veracidade decorre a vedação a:
Publicidade enganosa: é a que contém informação total ou parcialmente falsa, acerca da natureza, características do produto ou serviço. 
Publicidade abusiva: é a que contém informação falsa e é capaz de induzir o consumidor a um comportamento danoso, de risco. É também a que explora uma condição pessoal do consumidor, ex. religiosidade; superstição; idade. 
A prática de publicidade enganosa e abusiva induz à responsabilidade civil e à responsabilidade penal (art. 67 e 68 CDC). A administração pode obrigar também o anunciante à contrapropaganda (art. 60), que deve ser realizada pelos mesmos veículos de comunicação. A contrapropaganda é uma sanção administrativa. 
A proteção contra a publicidade constitui espécie de direito difuso e admite ação coletiva e o pedido poderá ser a imposição de fazer ou de não fazer. 
III) Vinculação
A publicidade corresponde a uma espécie de oferta do produto e por isso vincula o contrato e a sua execução. 
Atua o princípio da boa-fé objetiva para a vinculação do fornecedor. 
A mensagem publicitária constitui parte integrante do contrato.
IV) Inversão do ônus da prova
Todo anunciante é obrigado a conservar dados técnicos, que comprovem a veracidade da mensagem publicitária. A inversão é objetiva, independe de qualquer decisão judicial ou administrativa e por isso difere da inversão decretada na ação de interesse do consumidor (art. 6°, VIII).
II) Facilitação dos meios de defesa (inversão do ônus da prova) Art. 6°, VIII
Na ação de interesse do consumidor, seja coletiva ou individual, em qualquer fase o juiz pode decretar a inversão, impondo ao réu o ônus de produzir e arcar com os custos da prova constitutiva do direito do autor. É uma exceção à regra do art. 333 do CPC. 
O juiz decreta a inversão se presentes 2 requisitos: 
1) verossimilhança da alegação do consumidor
2) hiposuficiencia do consumidor
- A doutrina diz que basta um deles. A jurisprudência (STJ) entende que devem ser os dois. O prof. entende mais coerente que sejam os dois. 
Verossimilhança pode corresponder a plausibilidade, direito provável, capaz de ser demonstrado. 
Consumidor hiposuficiente: é o consumidor incapaz de produzir a prova indispensável ao reconhecimento de seu direito. Não é de natureza econômica, é de natureza técnica, é apurado segundo os regras da experiência e conforme a possibilidade ou não da produção da prova.
Ex. consumidor que comprou um ventilador que não faz vento pode levá-lo a um técnico, que produzirá um laudo de que o ventilador não tem a velocidade suficiente para fazer vento – este consumidor não será hiposuficiente. 
Todo consumidor é vulnerável, mas nem sempre o consumidor é hiposuficiente (só é consumidor porque é vulnerável). 
A fase adequada pode ser a do saneamento do processo (depois da resposta do réu), mas há possibilidade de decretação até a fase de decisão final. 
Direito à modificação e revisão contratual (art. 6°, V)
O CDC estabelece regras de proteção contratual. 
O Consumidor tem direito à conservação do contrato, ainda que reconhecida a abusividade de clausula contratual. 
A proteção contratual tem natureza de norma de ordem pública e por isso a abusividade pode ser declarada de ofício pelo juiz da causa. 
7.11.07
	O CDC declara o direito do consumidor exigir a modificação em razão de clausula que estabeleça obrigação desproporcional, abusiva ou não, sem necessariamente comprometer a validade e a eficácia do negócio. 
	O CDC declara também o direito a revisão de clausula contratual em razão de uma mudança fática, que gera o desequilíbrio entre as partes, em razão de um fato superveniente. O negócio é mantido, mas há uma adequação da obrigação, ex. contrato de leasing atrelado a moeda estrangeira. 
	O fato superveniente pode ser previsível, bastando que não tenha sido previsto e ensejará o direito à revisão. 
	Para a revisão basta a onerosidade excessiva em razão do fato superveniente, ainda que seja previsível. 
	Direito a efetiva e integral reparação civil
	A reparação deve ser efetiva e integral e por isso não admite prévio tabelamento, tarifação ou pré-fixação. O consumidor pode exigir o ressarcimento por dano moral e material na mesma ação cumulativamente. Admite-se a tutela coletiva. 
O Tratado Pacto de Varsóvia estabelece limitações por danos havidos nos transportes aéreos. Mas ele não prevalece frente à regra do CDC. O consumidor tem que provar que a lesão patrimonial supera o limite da indenização admitida pelo fornecedor (seguradora que paga). 
A responsabilidade civil pode ser determinada:
1) em razão do “fato do produto ou do serviço”: 
O fato é gerado por defeito, associado a fator externo (ex. uso do produto) e gera o acidente de consumo. O acidente de consumo gera um risco à integridade física e patrimonial do consumidor. A responsabilidade pode ser extracontratual ou contratual = o fornecedor responde a partir da colocação do produto no mercado. 
O fato é extrínseco ao produto ou serviço. Ex. microondas explode, produto elétrico provoca um incêndio. 
O defeito pode ser de criação ou de concepção, quando ele é residente no projeto, na fórmula. 
O defeito pode ser de produção ou fabricação quando ele se verifica na montagem, na construção, na manipulação, no acondicionamento do produto. 
O defeito pode ser de informação: informação insuficiente, informação inadequada. 
Deve responder objetivamente o fabricante, o produtor, o construtor, o importador, ou seja, os fornecedores mediatos. A responsabilidade é objetiva e solidária. Àquele que responder, o CDC assegura o direito de regresso em face dos demais fornecedores. 
A ação de defesa do consumidor não admite a denunciação da lide. 
O comerciante só responderá de forma subsidiária quando não forpossível identificar os fornecedores mediatos. 
O comerciante também responde se o defeito decorrer da má conservação ou da conservação inadequada do produto – a responsabilidade aqui é direta. A responsabilidade do comerciante exclui a responsabilidade dos demais. 
Em razão do fato do produto ou serviço, o consumidor direto, a coletividade de pessoas ou qualquer vítima do evento poderão reclamar. A responsabilidade civil é objetiva, decorre da teoria do risco, mas admite exclusão (o risco não é integral). 
Excluem a responsabilidade (art. 12, §3° CDC): 
1) se o defeito não existir 
2) se o produto não tiver sido colocado no mercado
3) culpa exclusiva da vítima ou de terceiros 
4) caso fortuito e força maior (doutrina)
2) em razão do vício do produto ou do serviço
14.11.07
	Caso fortuito e força maior: excluem a responsabilidade civil dos fornecedores se o defeito decorrente do evento imprevisível se manifestar após a colocação do produto no mercado e desde que ele seja inevitável. Se o defeito tiver sido constatado antes da colocação do produto no mercado não ocorrerá a exclusão da responsabilidade civil – o produto não pode ser colocado no mercado. 
	2) em razão do vício do produto ou do serviço
	O vício pode ser de qualidade, de quantidade ou de serviços. 
	Vício de qualidade
O vício de qualidade, seja aparente ou oculto é o que compromete o rendimento do produto, frustra a expectativa do consumidor. Considera-se o vício de qualidade quando: se o produto tiver sido adulterado, deteriorado, falsificado, com informação insuficiente ou validade vencida. Produto com vício de qualidade pode ser comercializado, desde que: 
(i) o vício não seja capaz de determinar risco à vida ou à saúde do consumidor, 
(ii) o vício seja conhecido; 
(iii) ocorra o abatimento do preço.
	O consumidor poderá exigir a superação do vício de qualidade e se ele for mantido pode exigir a substituição do produto, a restituição da quantia paga ou o abatimento do preço. 
	O fornecedor imediato deve acionar a garantia para o atendimento da reclamação do consumidor e o atendimento pode ocorrer no prazo de até 30 dias. Se vencido o prazo e mantido o vício o consumidor poderá exigir�:
	1) restituição da quantia paga
	2) substituição do produto
	3) abatimento proporcional do preço
	 O prazo máximo para atendimento da reclamação do consumidor pode ser de no mínimo 7 dias ou de no máximo 180 dias, desde que previsto no contrato. Não havendo previsão no contrato, o máximo é de 30 dias. 
	O consumidor pode exigir o atendimento imediato da reclamação quando se tratar de produto essencial ao consumidor ou quando o vício seja essencial ao produto (art. 18, §3°). O atendimento imediato da reclamação do consumidor é apresentado como “antecipação da tutela”. 
	Vício de quantidade
	Pressupõe uma disparidade do conteúdo, do peso, da medida, em relação ao que tenha sido contratado. O consumidor poderá exigir a complementação do peso ou da medida, a restituição da quantia paga, o abatimento proporcional do preço, a substituição do produto por outro. 
	A variação do peso ou da medida decorrente da natureza do produto é tolerada e não caracteriza o vício de quantidade. Ex. em razão de condições climáticas. 
	O fornecedor imediato (comerciante) responderá quando fizer a medição, pesagem ou quando utilizar instrumento não aferido. Nas demais hipóteses respondem os fornecedores mediatos. 
	Vícios por serviços
	O vício pode ser de qualidade, ex. da atividade desempenhada não resulta o atendimento prometido ao consumidor, ou de disparidade, porque há divergência entre o que foi contratado e o executado. 
Ex. contratação de construtora que executa a obra de forma inadequada = vício de qualidade; pacote de turismo ou plano de saúde que não prestam o serviço contratado = vício de quantidade. 
O consumidor poderá exigir:
1) a reexecução do serviço
2) abatimento do preço
3) a restituição do valor pago
	Quando o serviço tiver que ser reexecutado por terceiro, a contratação subseqüente é feita às expensas do fornecedor e não do consumidor. 
Profissional liberal: a responsabilidade do profissional liberal, em regra, é subjetiva porque ele fica obrigado ao emprego da melhor técnica para a obtenção do resultado desejado. O resultado é incerto ou é apenas esperado e o profissional responde no caso de imperícia. 
21.11.07
	Práticas abusivas (art. 39 CDC)
	a) práticas abusivas produtivas
	b) práticas abusivas consensuais
		(i) pré contratuais: ex. publicidade. 
		(ii) contratuais: ex. clausulas abusivas. 
		(iii) pós-contratuais: ex. inexecução do contrato. 
	O rol de condutas é exemplificativo. Qualquer violação de direito do consumidor, restrição à sua autonomia de vontade caracteriza prática abusiva, ex. venda casada; condicionamento; limite quantitativo; colocação no mercado de produto em desacordo com normas técnicas ou de modo a iludir o consumidor.
	Cobrança de dívidas: a cobrança de dívida constitui prática comercial, exercício de direito, que só não pode se revelar abusivo. 
	O CDC protege o consumidor contra a cobrança abusiva de dívida, permitindo a responsabilização civil e criminal do executor. O art. 71 CDC prevê a figura penal. O consumidor poderá reclamar eventuais danos morais, além da repetição do indébito, ou seja, em dobro o valor do que pagou em excesso. 
	O Código proíbe a cobrança exercida com:
	1) ameaça 
	2) coação 
	3) constrangimento físico ou moral
	4) exposição a ridículo
	5) baseada em informações falsas 
	Ver arts. 41 e 72 CDC. 
	A cobrança pode ser feita por terceiros, desde que a ela não seja dada publicidade. 
	O Código não permite que a cobrança interfira no trabalho, no descanso ou no lazer, mas admite quando realizada de forma direta, dirigida ao devedor e discreta ou sem publicidade. 
	Proteção contratual (arts. 46/50)
	O Código tutela o consumidor contra a inserção de qualquer disposição que restrinja os seus direitos, considerando nulas de pleno direito. 
	As clausulas abusivas podem ser declaradas nulas ainda que de ofício pelo juiz da causa. O consumidor tem direito a pleitear a revisão de clausulas ou a modificação, conservando ou não o vinculo contratual. 
	É considerada abusiva a clausula, equiparada à não escrita, qualquer disposição que favoreça unilateralmente o fornecedor. 
	No CDC o silêncio não é manifestação de vontade e por isso não importa na anuência ou concordância, diferentemente do que prevê o Código Civil (art. 111). Nos contratos de adesão aplicam-se as mesmas regras e há necessidade de concordância – manifestação expressa de vontade do consumidor. 
	O consumidor tem direito a conhecer, compreender ou assimilar as condições para a contratação e por isso atuam dois princípios: (i) transparência, (ii) boa-fé objetiva. 
	
	Direito de arrependimento (art. 49 CDC)
	O consumidor poderá manifestar no prazo de 7 dias o direito de não perpetuar a relação contratual sempre que o negócio jurídico tiver sido estabelecido fora do estabelecimento comercial. 
	O prazo é contado da data do negócio ou do recebimento do produto.
O direito de arrependimento tem como fundamento a parcial restrição à autonomia de vontade do consumidor. 
O Código protege o consumidor sobretudo nas contratações feitas pelo telefone ou no seu domicílio. 
O prazo de 7 dias é chamado de “prazo de reflexão”. Ele pode ser ampliado pelo próprio fornecedor. 
O consumidor tem direito de reclamar a restituição de todos os valores pagos, inclusive relativas a postagens. 
Quando o negócio é exercido fora do estabelecimento em razão de sua natureza, como feira pública, em que a rua é considerada estabelecimento, compra de imóvel no cartório, não haverá direito de arrependimento. 
� Princípios da ordem econômica:
livre iniciativa
propriedade privada
livre concorrência 
liberdade de iniciativa
(valores liberais)
defesa do meio ambiente
limitação da propriedaderespeito aos direitos do consumidor
(valores sociais)
� O CDC não assegura, portanto, o troca imediata do produto, mas prevê prazo máximo de 30 dias para o fornecedor atender. A solução do CDC é injusta, na prática, as lojas costumam trocar a mercadoria de imediato – trata-se de liberalidade da loja, porque não era obrigado a fazê-lo. 
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