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IGUALDADE E LIBERDADE - UMA ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA DA CONSOLIDAÇÃO DESSES DIREITOS ESTABELECIDOS NA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E NA CARTA MAGNA NACIONAL.

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - ICJ
DIREITOS HUMANOS
 	IGUALDADE E LIBERDADE - UMA ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA DA CONSOLIDAÇÃO DESSES DIREITOS ESTABELECIDOS NA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E NA CARTA MAGNA NACIONAL.
ICJ-UNAMA/BELÉM
2013
DANIEL V CORREA E MARCELO FÁBIO SALDANHA 
	
	
	IGUALDADE E LIBERDADE - UMA ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA DA CONSOLIDAÇÃO DESSES DIREITOS ESTABELECIDOS NA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E NA CARTA MAGNA NACIONAL.
Atividade avaliativa referente à disciplina Direitos Humanos, ministrada pelo MD. prof. José Claudio Monteiro de Brito Filho, nesta turma 4DIN2.
1. INTRODUÇÃO
	Discorrer sobre liberdade e igualdade é enveredar por caminhos antigos, largos, de ricos pensadores, de apuradas ideologias e concepções de cunhos jurídicos, filosóficos, espirituais, metafísicos,enfim, o que se encontra nessas leituras é um apurado desejo de alcance desses dois conceitos, nem sempre conquistados em sua plenitude. O que se percebe , é bem verdade, é que essas concepções foram fundamentais para a consecução dos Direitos Humanos como encontramos hoje, sonho que persegue a humanidade desde a Idade Média.
	No trabalho, a seguir, abordaremos a importância desses dois direitos humanos basilares na criação da democracia e suas aparições na Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (1969) e seus reflexos ampliados na Constituição Cidadã de 1988.
	IGUALDADE E LIBERDADE - UMA ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA DA CONSOLIDAÇÃO DESSES DIREITOS ESTABELECIDOS NA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E NA CARTA MAGNA NACIONAL.
"Sê uma pessoa e respeita os demais como pessoas"
Kant.
2. IGUALDADE E LIBERDADE NA DEMOCRACIA
	Liberté, Egalité, Fraternité. O lema da tão lembrada Revolução Francesa (1789) ecoa até os dias atuais, seja na luta por sua afirmação, consolidação, seja na ratificação em constituições nacionais mundo afora, isto porque Liberdade e Igualdade, sobretudo, formam os dois princípios racionais para existência de uma democracia. Impossível imaginar um regime democrático sem esses dois postulados básicos. Entretanto, esses conceitos, liberdade e igualdade, parecem estar em oposição com a ideia de democracia. Ora, se somos iguais e livres, posso deduzir que ninguém deve mandar em ninguém, entretanto, submeto-me a um regime, às Leis, à Constituição. Kelsen ( 2000, p.27) preleciona que a ideologia política não renuncia unir Liberdade e Igualdade, "pois a experiência ensina que, se quisermos realmente ser todos iguais, devemos deixar-nos comandar". Daí, o significado de liberdade e igualdade deixa o seu viés natural, do Estado de natureza de Hobbes e passa a uma liberdade e igualdade de cunho social e político. Kelsen (2000, p.28) afirma que: "se deve haver sociedade e, mais ainda, Estado, deve haver um regulamento obrigatório das relações dos homens entre si, deve haver um poder. Mas, se devemos ser comandados, queremos sê-lo por nós mesmos. É politicamente livre aquele que está submetido, sim, mas à vontade própria e não alheia".
	Democracia é exatamente isso, os homens comandam a si próprios e democraticamente elegem a vontade do Estado por meio da autodeterminação política, participação, escolha, representatividade. A liberdade e igualdade social é um invólucro diferenciador da liberdade e igualdade naturais, primitivas, individuais. Desvencilhar-se desse" livre-arbítrio" é o que Kelsen denomina de "libertação da legalidade natural". Sem dúvida, essa desnaturação sufoca nosso instinto originário de liberdade e nos condiciona à vontade da maioria, que segundo Kelsen:
 a democracia, em favor de uma ordem ulterior, renuncia à unanimidade" daí o paradoxo em se falar em liberdade se cada um está submisso à lei da maioria. Daí também não há que se falar em igualdade,já que esse princípio pressupõe que a vontade dos indivíduos sejam iguais, o que não ocorre. A minoria vencida representa admitir que há uma maioria mais forte, mais poderosa, o que torna esse princípio da igualdade, no mínimo, mecânico. (KELSEN, 2000, p.30)
	Entretanto,
A transformação do conceito de liberdade, que, da ideia de liberdade do individuo em relação ao domínio do Estado, passa a ser participação do individuo no poder do Estado, assinala atualmente a separação entre democracia e liberalismo. O ideal democrático, se é considerado satisfeito na medida em que os indivíduos submetidos à ordem do Estado participam da criação dessa mesma ordem, é independente do grau em que essa ordem do Estado abrange os indivíduos que a criam, o que equivale a dizer independente do grau ao qual reduz a 'liberdade' deles. Mesmo que o alcance do poder do Estado sobre o indivíduo fosse ilimitado, caso em que, portanto, a 'liberdade' individual seria completamente aniquilada e o ideal liberal negado, ainda assim seria possível a democracia, contanto que tal poder estatal fosse criado pelos indivíduos a ele submetidos. ((KELSEN, 2000,p.32)
	Rosseau, em sua obra "Do Contrato Social e Discurso sobre a Economia" penetra nesse embate entre liberdade e igualdade versus democracia ao lembrar da dificuldade em “‘encontrar uma forma de associação que defenda e proteja qualquer membro a ela pertencente e na qual o indivíduo, mesmo se unindo a todos os outros, obedeça apenas a si mesmo e permaneça livre como antes". (ROSSEAU,1981, p. 27). A solução para isso é, sem dúvida, o cerne do contrato social de Rosseau, que também se realiza no regime democrático,todavia, como dito anteriormente, essa ideia de liberdade e igualdade acaba se revelando apenas como uma determinada posição do individuo na sociedade, sem uma equivalência prática ético-política e juridico-estatal. Daí emerge a importancia da positivação de direitos humanos, entre eles, liberdade e igualdade, que embora inatos a todos, diante da opressão, omissão e da tirania dos Estados, as pessoas possam se valer da Lei e não da rebelião desmedida. CANÇADO (1997, p.20) reitera dizendo que "trata-se essencialmente de um direito de proteção, marcado por uma lógica própria e voltado à salvaguarda dos direitos dos seres humanos e não dos Estados".
3. AFINAL, O QUE SÃO OS DIREITOS HUMANOS?
FILHO (2008, p.4) responde magistralmente a esse questionamento ao sintetizar que "Direitos humanos podem ser entendidos como o conjunto de direitos necessários à garantia da dignidade da pessoa humana". E ao falar em "dignidade", FILHO (2008) relacionou esse conceito sob o enfoque da perspectiva Kantiana, sendo "dignidade" como principio basilar para a formação de todos os outros direitos, pois é o invólucro de tudo que não tem preço, de tudo que não pode ser substituído. Sendo, portanto, uma qualidade natural, intrínseca de todos os seres humanos, que carregam, em si, personalidades distintas, únicas e insubstituíveis, dotadas de autonomia e razão prática. Assim, encerra FILHO(2008), "sempre que um determinado direito for entendido como essencial para o respeito à dignidade da pessoa humana ele deve passar a ser considerado como integrante dos direitos humanos".
Pode parecer estranho que algo tão nodal, como uma vida digna, careça de um conjunto positivado de direitos, entretanto, é mais surreal ainda que sociedades erguidas na base da tirania, do totalitarismo, desconheçam esse conceito de dignidade humana. Estados totalitários eliminam os direitos e impõem deveres. Essa imposição de deveres para com a coletividade e o Estado extinguem "as personalidades distintas, dotadas de razão e autonomia", o indivíduo passa a ser encarado com um meio e, consequentemente, perde a sua razão e liberdade. Assim, forjada no conceito de que liberdade é algo inerente ao ser humano, na medida em que são dotados de personalidade, funde-se todo o sistema de proteção aos direitos humanos, na tentativa de restauração do significado jurídico do termo "dignidade" que foi, durante séculos, renegado pelo totalitarismo.
Os regimes totalitários foram, em grande parte, decisivos para a implementação do sistema universalde proteção dos direitos humanos, haja vista que a Segunda Guerra Mundial teve os meandros do totalitarismo imbuídos em todo o seu nascimento. Era preciso dá uma resposta ao mundo, de cunho protetivo, no pós-guerra e, assim, foi criada a Organizaçao das Nações Unidas (ONU) que, por sua vez, em 1948 ,em assembleia, proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, numa tentativa eficaz de consolidação de direitos que remontam aos idos dos anos de 1215, mas que somente no século passado universalizaram-se, conjugaram-se com regras constitucionais e legais e alavancaram mudanças no Direito e na realidade social. A validade desses direitos ultrapassou as fronteiras nacionais, interferindo, assim, nas relações jurídicas de direito interno.
	É o que veremos, a seguir, com a análise da Convenção Americana dos Direitos Humanos (1969, Pacto de San José da Costa Rica) especialmente na análise de dois direitos de liberdade e dois direitos de igualdade, com avaliação crítica a respeito desses dispositivos e a devida comparação com o texto constitucional brasileiro.
4. CONVENÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS HUMANOS
	
	Embora o seu título remonte aos direitos humanos de forma geral, o seu conteúdo enfatiza, principalmente, os direitos civis e políticos: personalidade jurídica, vida, integridade pessoal, liberdade pessoal, garantias judiciais, privacidade, nacionalidade, igualdade perante a lei, entre outros.
	Para WEIS (2011, p.140) "a Convenção indica a necessidade da adoção de medidas concretas pelo Estado a fim de garantir o pleno exercício daqueles direitos (civis e políticos), proposição que colide com a teoria clássica dos direitos humanos, para a qual os direitos civis e políticos têm seu traço distintivo justamente por demandarem uma abstenção estatal.
	No Brasil, com a Emenda Constitucional 45/2004, todos os tratados relacionados a direitos humanos possuem força equiparada às normas constitucionais e vigoram de imediato. A aprovação deve ser em dois turnos, com três quintos dos votos da Câmara e do Senado Federal.
4.1. Liberdade de consciência e de religião
Artigo 12, inciso I - Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. (Convenção Americana dos Direitos Humanos, 1969)
	A Constituição brasileira de 1988, bem mais recente que a Convenção Americana de Direitos Humanos (1969) incorporou, praticamente, todos dispositivos desse Pacto, embora o tenha ratificado apenas em 1992. No que tange à liberdade religiosa a nossa Carta é uma das mais flexíveis, fazendo desse dispositivo no Pacto de San José, um tímido arremedo de liberdade religiosa. Logo em seu artigo 5º, inciso VI dispõe que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, proteção aos locais de culto e a suas liturgias."
	Para se ter uma noção do alargamento da liberdade de consciência e de crença na CF/88, basta informarmos que além do art. 5º, a mesma reservou mais 5 artigos e 2 incisos apenas para tratar desse tema, dentre eles estão O artigo 150, VI, "b", veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto e O artigo 226, parágrafo 3º, que assevera que o casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
	Tudo isso se conjuga com o Pacto de San José, pois o legislador além de acrescentar várias outros direitos, tornou nossa CF/88 uma das mais democráticas no que tange aos direitos de liberdade, Isso se deve, entretanto, a contribuição da história, pois havíamos acabado de sair de um regime militar opressor e as diversas garantias constitucionais da Carta Magna acabaram reforçando a fama da chamada Constituição Cidadã.
4.2. Liberdade de Pensamento e de expressão
Artigo 13, inciso I Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de sua escolha. (Convenção Americana dos Direitos Humanos, 1969)
	Liberdade de pensamento e de expressão seguem a mesma esteira do alargarmento de direitos individuais dispostos na CF/88. que destaca a liberdade de pensamento nos incisos IV, VI, VII, VIII e IX  do art. 5º , a exemplo, retiramos apenas: 
IV – “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”;
 “Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
(...) II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”;
	A CF/88 foi ávida em estabelecer toda a liberdade possível à manifestação do pensamento e expressão, pois na ditatura militar esse direito fundamental era tolido, praticamente não existia. Ora, impossível existir democracia sem a livre manifestação do pensamento, daí o texto constitucional inseri todas as garantias para o exercicio desse direito, excluindo, apenas, anonimato. 
4.3. Igualdade
Artigo 1.  Obrigação de respeitar os direitos
 
            1.         Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. (Convenção Americana dos Direitos Humanos, 1969)
Artigo 24.  Igualdade perante a lei
 
            Todas as pessoas são iguais perante a lei.  Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei. (Convenção Americana dos Direitos Humanos, 1969)
	No Pacto de San José estão consagrados em três artigos, especialmente o 1.1, 2 e 24 os direitos à igualdade da lei e perante a lei, isso significa admitir dois tipos de igualdade, a formal e a material. A primeira é aquela consagrada na Constituição, a exemplo do artigo 5º que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Isso mostra que não pode haver quaisquer diferenças no trato da lei aos cidadãos brasileiros, sejam eles homens ou mulheres, negros ou brancos, todos são iguais perante à Lei. É o que a Convenção Americana dos Direitos Humanos prega em seu art. 24. 
	Entretanto, tanto a igualdade formal pregada na CF/88 como na CADH/1969 não garantem a plena efetividade desses direitos, pois, como é sabido, a igualdade perante à lei não se efetiva na prática, ao menos da forma como é nominada nos textos legais, o que se percebe é que há ainda grandes desigualdades formais, pois embora com todos os esforços em prol da igualdade social e jurídica ainda vivenciamos situações em que desfavorecidos e privilegiados socialmente são tratados com distinção, para não falar em discriminação.
	A igualdade material, já devemos supor, é a igualdade prática, efetiva na Lei, é o escape do direito da letra fria da Lei. A CADH/1969 e os demais direitos humanos elencados na CF/88 tem função essencial para não somente validar esse direito de segunda dimensão, mas sobretudo, dá-lhes eficácia social, para que o hiato existente entre igualdade formal e a plena igualdade material seja extirpado. 	A CF/88 em seus art. 3º e 7º estabelecem algumas regras para a consolidação da igualdade material, pautadas na proibição de diferenças, discriminações, no tratamento salarial, funções, na questão de gênero, critérios de admissão em emprego por motivos de idade, cor, etc. Entretanto, é na discricionariedade do julgador ,ao utilizar o principio da isonomia, apoiar-se em direitos humanos fundamentais consagrado na CF/88 e demais normas, em grande parte, abertas, assim poderá valorar as situações ao interpretá-las.
	Sábias são palavras de Rui Barbosa: 
" A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade.Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real". (BARBOSA, 1999, p.26)
5. CONCLUSÃO
	Ficamos, durante décadas, à mercê do autoritarismo militar e isso, consequentemente, trouxe-nos grandes prejuízos quanto consolidação dos Direitos Humanos em solo nacional. No entanto, a Constituição Federal de 1988, disposta a iniciar uma nova democratização, associou-se às normas de direito internacional dos direitos humanos,gerando assim, novos direitos individuais, coletivos e difusos.
	Liberdade e Igualdade tiveram, no texto constitucional brasileiro, amplo terreno, resposta, talvez, às agruras, repressões sofridas em períodos anteriores.
	Entretanto, tirar do texto formal, frio da lei, um direito de liberdade e, principalmente, igualdade e transformá-lo em um direito material, prático, efetivo, ainda é algo em processo de amadurecimento e que carece, muitas vezes, de um certo grau de discrionaridade do magistrado na interpretação mais aberta do texto normativo.
	FILHO(2008, p.5), citando COMPARATO (1999), preleciona que "a vigência dos direitos humanos independe de sua declaração em constituições, leis e tratados internacionais", daí ser a dignidade da pessoa humana o viés fundamental a conduzir o julgador na aplicação do direito, fugindo da letra vazia da lei, para uma aplicação prática dos Direitos Humanos, de contornos sociais.
6. REFERÊNCIAS
BARBOSA, Rui. Oração aos moços. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/rui_barbosa/FCRB_RuiBarbosa_Oracao_aos_mocos.Pdf
BRASIL. Convenção Americana de Direitos Humanos(1969). Disponível em:
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm. Acesso em 24 de setembro de 2013.
CORRÊA, Vanderlei Antônio. Liberdade e igualdade: fundamentos da democracia nas teorias de Hans Kelsen, Norberto Bobbio e Jürgen Habermas. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10672. Acesso em: 25 de setembro de 2013.
FILHO, José Claudio Monteiro de Brito. Direitos humanos: algumas questões recorrentes: em busca de uma classificação jurídica. Atuação da biblioteca digital nas IES UFPA, UNAMA e IESAM.2009. 70 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão da Informação em Bibliotecas Digitais)–Faculdade de Biblioteconomia, Universidade Federal do Pará, Belém,
2009.
JUNIOR. Nilson Nunes da Silva .Liberdade de crença religiosa na Constituição de 1988. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7101. Acesso em: 20 de setembro de 2013.
KELSEN, Hans. A democracia , 2ª ed., - São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MAFRA, Francisco.Liberdade de pensamento - algumas notas.Disponível em:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=789. Acesso em 23 de setembro de 2013.
MACHADO, Isabel Penido de Campos. O princípio da igualdade no Sistema Interamericano de Direitos Humanos: do tratamento diferenciado ao tratamento discriminatório. In OLIVEIRA, Márcio Luis. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Interfaces com o Direito Constitucional Contemporâneo. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2007, pp. 123 - 144.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social e Discursos sobre a Economia Política. (traduzido por Márcio Pugliesi e Norberto de Paula Lima). São Paulo: Hemus, 1981.
SILVA ,Marcelo Amaral .Digressões acerca do princípio constitucional da igualdade. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/4143/digressoes-acerca-do-principio-constitucional-da-igualdade. Acesso em: 25 de setembro de 2013.
WEIS, Carlos. Direitos Humanos Contemporâneos. 2ª edição, São Paulo: Malheiros, 2011.
___________________. Origem dos direitos humanos. Disponível em: http://www.fdj.com.br/jaime/2012/downloads/historia_direitos_humanos.pdf. Acesso em: 18 de setembro de 2013.

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