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APG 3º PERÍODO ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA b) Demência vascular Ocorre devido a múltiplos infartos pequenos no cérebro, resultando em déficit cognitivo progressivo. A microangiopatia hipertensiva afeta a substância branca cerebral, contribuindo para demência. c) Encefalopatia hipertensiva Aumento súbito da pressão arterial pode causar edema cerebral, resultando em cefaleia intensa, edema cerebral, confusão, convulsões e coma. 3. RINS Os rins são altamente vulneráveis à hipertensão, levando a doença renal hipertensiva. a) Nefroesclerose hipertensiva A hipertensão causa estreitamento das arteríolas renais, reduzindo a perfusão. Isso leva à atrofia progressiva dos néfrons e fibrose intersticial, resultando em doença renal crônica (DRC). b) Lesão glomerular e proteinúria A hipertensão crônica pode lesionar os capilares glomerulares, levando à proteinúria e eventual insuficiência renal. c) Insuficiência renal terminal Em casos graves, a progressão da doença renal hipertensiva pode levar à diálise ou necessidade de transplante renal. 4. SISTEMA VASCULAR A hipertensão causa danos endoteliais generalizados, promovendo aterosclerose e disfunção vascular. a) Doença arterial periférica (DAP) A hipertensão acelera a aterosclerose das artérias periféricas, aumentando o risco de claudicação intermitente e isquemia crítica. A hipertensão é um fator chave na aterosclerose acelerada, favorecendo a formação de placas instáveis com risco de trombose e embolia. b) Aneurismas e dissecção da aorta O aumento da pressão arterial enfraquece a parede da aorta, predispondo à formação de aneurismas e à dissecção aórtica. c) Retinopatia hipertensiva A hipertensão causa espessamento arteriolar, hemorragias na retina e edema do nervo óptico, podendo levar à perda de visão. Complicações da HAS nos órgão-alvo 1. CORAÇÃO A hipertensão arterial aumenta a carga de trabalho do coração, levando a várias complicações: a) Hipertrofia ventricular esquerda (HVE) O aumento da pressão arterial obriga o ventrículo esquerdo a exercer maior força para ejetar o sangue. Isso leva à hipertrofia concêntrica do miocárdio, espessando a parede ventricular e reduzindo a complacência cardíaca. A HVE aumenta o risco de insuficiência cardíaca e arritmias. b) Insuficiência cardíaca A hipertrofia leva à disfunção diastólica inicial (o coração não relaxa adequadamente). Com a progressão, há disfunção sistólica, resultando em insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (coração dilatado, com redução da força contrátil e risco de edema pulmonar). c) Doença arterial coronariana (DAC) e Infarto do miocárdio A hipertensão acelera a aterosclerose coronariana, aumentando o risco de angina, infarto do miocárdio (IAM) e morte súbita. 2. CÉREBRO A hipertensão é um fator de risco primário para acidentes vasculares cerebrais (AVC) e outras lesões neurológicas. a) Acidente Vascular Cerebral (AVC) A pressão elevada pode causar lipohialinose e arteriosclerose hipertensiva que contribui para, AVC isquêmico (devido à obstrução arterial) ou AVC hemorrágico (ruptura de vasos intracranianos). A hipertensão crônica pode gerar microaneurismas de Charcot-Bouchard, levando à hemorragia intracerebral espontânea, especialmente em áreas como os gânglios da base S3P1: complicações da HAS Objetivos: Compreender as complicações da HAS (coração, cérebro, renal, vascular); Elucidar o processo da Hipertrofia cardíaca (concêntrica e excêntrica); Entender as principais causas da hipertensão secundárias; APG 3º PERÍODO ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 3. Hipertrofia Excêntrica Causa principal: Aumento do volume de sangue que entra no ventrículo (↑ pré-carga). Doenças associadas: Insuficiência valvar aórtica ou mitral, cardiomiopatia dilatada, insuficiência cardíaca. Mecanismo Fisiopatológico O aumento do volume sanguíneo dentro da câmara ventricular causa estiramento dos sarcômeros, estimulando o crescimento celular longitudinal. Há um aumento do diâmetro da cavidade ventricular (dilatação), com aumento moderado da espessura da parede. A hipertrofia excêntrica mantém a contratilidade por um tempo, mas com o passar do tempo o coração perde a capacidade de ejeção eficaz do sangue, levando à disfunção sistólica. Complicações Dilatação progressiva do ventrículo → insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr). Maior risco de insuficiência das válvulas cardíacas, especialmente a mitral. Predisposição a trombos intracardíacos devido à estase sanguínea. Implicações Clínicas A identificação precoce da hipertrofia cardíaca por exames como eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma e ressonância cardíaca permite intervenção precoce para evitar insuficiência cardíaca. O tratamento inclui controle da pressão arterial, redução da sobrecarga do coração e medicamentos como inibidores da ECA, betabloqueadores e diuréticos. Hipertrofia cardíaca concêntrica e excêntrica 1. Conceito de Hipertrofia Cardíaca A hipertrofia cardíaca é caracterizada pelo aumento do tamanho dos miócitos e da massa do miocárdio, sem aumento proporcional do número de células. É uma resposta fisiopatológica ao aumento da carga de trabalho do coração. Os principais fatores que levam à hipertrofia cardíaca são: Sobrecarga pressórica (aumento da pós-carga) → Hipertrofia concêntrica Sobrecarga volumétrica (aumento da pré-carga) → Hipertrofia excêntrica 2. Hipertrofia Concêntrica Causa principal: Aumento da pressão contra a qual o coração precisa bombear (↑ pós-carga). Doenças associadas: Hipertensão arterial sistêmica (HAS), estenose aórtica. Mecanismo Fisiopatológico O aumento da pressão arterial ou obstrução ao fluxo (ex: estenose valvar) aumenta a resistência ao esvaziamento do ventrículo esquerdo. O miocárdio responde aumentando a síntese de proteínas contráteis, especialmente da miosina e actina, para aumentar a força de contração. Há aumento da espessura da parede ventricular, sem dilatação proporcional da câmara. Como consequência, o ventrículo se torna menos complacente (dificuldade para relaxar), levando à disfunção diastólica. Complicações Diminuição do suprimento sanguíneo para os miócitos hipertrofiados → isquemia miocárdica. Maior risco de fibrose miocárdica e arritmias. Evolução para insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp) APG 3º PERÍODO ACADÊMICA: AMANDA MARTINS COSTA 2.2. Feocromocitoma Causa: Tumor da medula adrenal produtor de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Mecanismo: Estímulo excessivo dos receptores adrenérgicos leva a vasoconstrição intensa e crises hipertensivas paroxísticas. Pacientes apresentam sudorese, palpitações, cefaleia intensa e hipertensão em picos. 2.3. Síndrome de Cushing Causa: Excesso de cortisol por tumor adrenal ou uso crônico de corticoides. Mecanismo: O cortisol potencializa a ação das catecolaminas, aumentando a resistência vascular periférica. Aumento da retenção de sódio e água, elevando o volume circulante. Características: obesidade central, fácies em lua cheia, fraqueza muscular e estrias violáceas. 2.4. Hipertireoidismo e Hipotireoidismo Hipertireoidismo → Aumento da atividade adrenérgica leva a hipertensão sistólica isolada. Hipotireoidismo → Redução da produção de óxido nítrico → vasoconstrição e hipertensão diastólica. 3. Causas Cardiovasculares 3.1. Coarctação da Aorta Defeito congênito que leva ao estreitamento da aorta, aumentando a resistência ao fluxo sanguíneo. Sinais clínicos: Hipertensão nos membros superiores e hipotensão nos membros inferiores. Pulso femoral fraco ou ausente. 4. Causas Iatrogênicas e Fatores Externos Uso crônico de AINEs (anti-inflamatórios não esteroides) → Redução da síntese deprostaglandinas renais, levando à retenção de sódio. Uso de contraceptivos orais → Aumento da angiotensina II por estimulação hepática. Uso de cocaína e anfetaminas → Estímulo adrenérgico intenso. A hipertensão secundária tem causas variadas, incluindo doenças renais, endócrinas e cardiovasculares. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações como insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e doença renal crônica. Hipertensão Secundária: Causas e Mecanismos A hipertensão secundária corresponde a cerca de 5-10% dos casos de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e tem uma causa identificável, ao contrário da hipertensão primária (essencial), que resulta de múltiplos fatores genéticos e ambientais. Principais Causas de Hipertensão Secundária As principais etiologias podem ser agrupadas em doenças renais, endócrinas, cardiovasculares e iatrogênicas. 1. Hipertensão Renovascular (Doença Renal) A hipertensão renovascular ocorre devido à estenose da artéria renal, que reduz o fluxo sanguíneo para os rins e ativa o Sistema Renina- Angiotensina-Aldosterona (SRAA), aumentando a pressão arterial. Causas: Aterosclerose (mais comum em idosos) Displasia fibromuscular (mais comum em jovens, principalmente mulheres) Mecanismo Fisiopatológico O fluxo renal reduzido ativa células justaglomerulares a secretar renina. A renina converte angiotensinogênio em angiotensina I, que é transformada em angiotensina II pelos pulmões. A angiotensina II provoca vasoconstrição intensa e estimula a secreção de aldosterona, levando à retenção de sódio e água. O resultado é um aumento da pressão arterial. 2. Hipertensão Endócrina Alterações hormonais podem levar à hipertensão secundária por retenção de sódio e água ou aumento da resistência vascular periférica. 2.1. Hiperaldosteronismo Primário (Síndrome de Conn) Causa: Tumor adrenal produtor de aldosterona (adenoma ou hiperplasia adrenal). Mecanismo: Aldosterona promove reabsorção de sódio e água, aumentando o volume plasmático. Induz hipocalemia e alcalose metabólica. Leva à hipertensão resistente ao tratamento com diuréticos tiazídicos.