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1 DESCREVER OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA DEGENERAÇÃO FISIOLOGICA QUE AFETAM O PACIENTE GERIATRICO ODONTOLÓGICO (SENSORIAIS, NEUROLÓGICOS, SISTEMAS, FÍSICAS E BUCAIS) 3 1.1 Teorias 3 1.2 Aspectos psicológicos 4 1.3 Aspectos fisiológicos 5 1.4 Alterações gastrintestinais 6 1.5 Aspectos bucais 8 1.6 Higiene bucal 10 1.7 Mudanças estéticas 12 2 IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PACIENTE GERIATRICO COM REPERCURSÃO NA CAVIDADE BUCAL. 20 3 IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS DE USO COMUM EM GERIATRIA COM REFLEXOS NA ODONTOLOGIA. 25 26 4 CATRACTERIZAR A TERAPEUTICA MEDICAMENTOSA EM ODONTOGERIATRIA (INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES, INTERAÇÕES, AJUSTE DE DOSES, ANESTÉSICOS LOCAIS) 27 5 DESCREVER OUTRAS ADEQUAÇÕES DO ATENDIMENTO ODONTÓLOGICO PARA O PACIENTE GERIATRICOS. 33 DESCREVER OS PRINCIPAIS ASPECTOS DA DEGENERAÇÃO FISIOLOGICA QUE AFETAM O PACIENTE GERIATRICO ODONTOLÓGICO (SENSORIAIS, NEUROLÓGICOS, SISTEMAS, FÍSICAS E BUCAIS) O envelhecimento A população idosa tem sido notada por seu gradual crescimento dentre as civilizações nos últimos tempos, sendo estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que em 2050 existirá um total de dois bilhões de pessoas com mais de sessenta anos, sendo 80% constituindo a população dos países em desenvolvimento (ONU, 2014). O envelhecimento é um processo fisiológico que ocorre durante a vida, caracterizado como processo natural nas quais modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas designam um comprometimento da autonomia e adaptação do organismo diante do meio externo o que induz uma maior suscetibilidade ao indivíduo somado a uma maior vulnerabilidade a patologias. A velhice é o estado em que o indivíduo se encontra no momento do processo biológico, considerada como uma fase da vida, parte integrante de um ciclo natural, constituindo-se como uma experiência única e diferenciada. Alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento / Wagner Gonçalves Macena et al. / Revista Mosaicum / 2018. Teorias Algumas teorias são propostas para explicar o processo de envelhecimento. De acordo com Goldstein et al.3, há duas linhas teóricas que explicam o processo de envelhecimento: aleatórias ou estocásticas, e não aleatórias ou não estocásticas. Teorias aleatórias ou estocásticas Essas teorias afirmam que o envelhecimento é um processo resultante da soma de alterações que ocorrem aleatoriamente no homem e se acumulam ao longo do tempo. São elas: • Teoria do erro catastrófico: com o passar do tempo, erros acumulados na síntese proteica determinariam prejuízos na função celular • Teoria do entrecruzamento: ocorreriam uniões entre as proteínas e outras macromoléculas celulares, determinantes do envelhecimento, favorecendo o desenvolvimento de enfermidades • Teoria do desgaste: cada organismo é composto de partes impermeáveis, e o acúmulo de falhas em suas partes vitais levaria à morte de células, tecidos, órgãos e, finalmente, do organismo • Teoria dos radicais livres: o envelhecimento seria resultado de uma inadequada proteção pelos radicais livres contra os danos produzidos nos tecidos. Teorias não aleatórias ou não estocásticas Essas teorias sugerem que o envelhecimento é a continuação do processo de desenvolvimento e diferenciação do organismo, correspondendo à última etapa dessa sequência de eventos codificados pelo genoma. São elas: • Teoria do marca-passo: os sistemas imunológico e neuroendócrino seriam “marcadores” intrínsecos do envelhecimento. Sua involução estaria geneticamente determinada para ocorrer em momentos específicos da vida • Teoria genética: há padrões de longevidade específicos para cada espécie animal. Aspectos socioculturais Dependendo da cultura em que vive, o idoso pode ser considerado sábio ou inválido. Nas culturas orientais, o velho é tido como alguém que acumulou muita experiência, possuidor de um saber digno de respeito e admiração. Na cultura ocidental, dependendo do nível de educação, o idoso pode ser um estorvo, um tirano, um aposentado sofredor ou cortejado se gozar de boa situação financeira. O idoso pode assimilar estereótipos culturais, que consideram: • Doenças, inatividade e isolamento, aspectos “normais” da velhice • Envelhecimento um sinônimo de enfermidade, passividade e incapacidade para o trabalho e o aprendizado. Aspectos psicológicos Durante o processo de envelhecimento, ocorrem mudanças individuais fisiológicas ou patológicas, na dependência da história de vida do indivíduo com relação à saúde física, ao bem-estar socioeconômico e a forma de vivenciar esse período de modificações, perdas e medos inerentes a ele. O “envelhescente” enfrenta, no seu dia a dia, fantasmas como o medo da solidão, do desconhecido e da morte, e, por isso, essa é uma etapa da vida em que pode haver um estado depressivo, com maior suscetibilidade a doenças e somatizações. O idoso pode converter seus medos em problemas físicos, como hipertensão, diabetes, colite ulcerativa, infarto, asma brônquica, enfisema e histeria de conversão nas suas diferentes formas de paralisias, cegueira etc. A hipocondria se acentua de tal maneira que o indivíduo pode ficar impedido de levar uma vida normal, enquanto a consciência do tempo passado coloca em xeque toda sua história pessoal e suas realizações. Esse paradigma do processo de envelhecimento deve ser mudado, a fim de que o “envelhescente” se comprometa consigo mesmo a atingir a idade madura, contemplando-a como o início de uma nova etapa que pode ser promissora em termos de realizações quando bem-preparado para enfrentá-la. Alguns exemplos citados na arte, na música e na literatura são: • Bach compôs suas melhores músicas quando já tinha idade avançada • Cervantes terminou Dom Quixote aos 68 anos • Beethoven também fez suas melhores composições nos últimos anos de vida • Rembrandt tinha mais de 60 anos quando pintou seus quadros mais famosos • Galileu mostrou ao mundo sua obra definitiva aos 72 anos • Freud escreveu e fez descobertas até pouco tempo antes de sua morte, aos 83 anos • Chiquinha Gonzaga compôs a opereta “Maria” aos 80 anos de idade • Rui Barbosa escreveu a famosa “Oração aos Moços” aos 72 anos. Velhice não é sinônimo de doença, e há uma tendência mundial em mudar a expressão “terceira idade” para “idade do poder”, valorizando esse período da vida. Para a OMS, o importante não é acrescentar anos à vida, mas sim acrescentar vida aos anos, deixando clara a importância dada à qualidade de vida do idoso. Com relação ao enfrentamento do consultório e ao tratamento odontológico, o idoso mostra prazer nas visitas porque, na maioria das vezes, sente-se solitário, carente e tem grande necessidade de conversar, em razão de a socialização no ambiente familiar estar comprometida. Por isso, escolhe o cirurgião-dentista como seu amigo e confidente. Quando o vínculo estabelecido entre ele e o profissional é forte, há uma ligação de confiança e afeto. Os traços de personalidade presentes desde sempre nesse indivíduo tendem a se exacerbar nessa etapa da vida. O cirurgião-dentista deve valorizar o vínculo para obter sucesso na abordagem, no tratamento e na adesão do paciente às consultas e em relação às recomendações. Aspectos fisiológicos No envelhecimento, ocorrem várias modificações sistêmicas em diversos sistemas: • Sistema tegumentar: a pele fica mais seca, rugosa, delgada e flácida, e o número de melanócitos diminui, sofrendo alterações funcionais • Sistema musculoesquelético: atrofia e substituição das fibras musculares por fibras colágenas, diminuição da espessura dos discos intercostais, anquilose das articulações, reabsorção dos ossos da maxila e mandíbula, perda da elasticidade do crânio, perda da massa óssea • Sistema nervoso: diminuição do peso e volume do cerébro, diminuição dos neurotransmissores e dos reflexos tendinosos • Órgãos sensitivos: opacificação do cristalino, presbiopia, diminuição dos receptores olfatórios e atrofia das papilas gustativas • Sistema cardiovascular: aumento da resistência vascular e da pressão sistólica, degeneração e calcificação das válvulas • Sistemarespiratório: enrijecimento e calcificação das cartilagens traqueais e brônquicas, aumento do volume residual pulmonar, maior risco de infecção pela ineficácia dos mecanismos de limpeza brônquica • Sistema digestório: comprometimento da mastigação pela falta dos dentes e por conta das alterações articulares, atrofia da túnica muscular do tubo digestivo, diminuição das células das glândulas digestivas, diminuição do número de hepatócitos, diminuição da absorção de nutrientes • Sistema urinário: diminuição do peso e tamanho dos rins, diminuição no número de néfrons e do potencial de filtração glomerular, diminuição da musculatura vesical e da uretra, dificuldade dos rins em excretar ácidos • Sistema endócrino: atrofia das glândulas hipofisárias, tireoide, paratireoides e suprarrenais, atrofia acentuada do timo, diminuição da secreção de testosterona, interrupção da secreção de estrógeno, resistência à insulina e diminuição da tolerância à glicose • Sistema urogenital feminino: atrofia ovariana, afrouxamento dos ligamentos que mantêm o útero em posição, diminuição do comprimento e largura da vagina • Sistema urogenital masculino: diminuição dos testículos e da fertilidade, diminuição da dimensão peniana, aumento do tamanho da próstata • Metabolismo: redução da taxa de metabolismo basal, alteração do sistema de regulação de temperatura • Sistema imunológico: diminuição da imunidade celular e aumento da predisposição a formar autoanticorpos e, assim, desenvolver doenças autoimunes. Envelhecimento celular e global: as células têm uma longevidade preestabelecida. Elas não se dividem infinitamente e sua capacidade mitótica decresce com a idade. Ao envelhecer, as células perdem certos elementos, como o DNA, e aumentam a percentagem de tecido gorduroso e fibroso à custa de tecido magro. As células são organismos vivos, envelhecem e morrem, e nem sempre conseguem reparar os danos causados pelo seu próprio metabolismo. As células nervosas, cardíacas e hepáticas acumulam-se com pigmentos, como a lipofucsina, e proteínas, como a estatina, e acredita-se que esses pigmentos dificultem a ação do citoplasma e diminuam a capacidade funcional das células. A perda gradual de células é importante e seu número diminui 30% entre os 20 e os 70 anos. O número de glóbulos vermelhos e seu componente hemoglobina diminuem gradualmente de maneira significativa. Essas células têm uma vida mais curta e são facilmente destruídas pela hemólise. Todas essas modificações celulares dificultam a homeostase, diminuindo a resistência do organismo ao estresse e à adaptação. O processo de envelhecimento também se dá nos tecidos, onde podemos observar o aparecimento de rugas, por causa da modificação de gorduras subcutâneas e da perda de elasticidade da pele. O conjunto de músculos e tecido muscular atrofia-se, se torna menos elástico com a idade. Ao mesmo tempo os ossos encolhem, tornam-se mais leves, porosos e frágeis, pois sua matriz sofre perda de cálcio. A massa tecidual do fígado, do pâncreas e dos rins também diminui. Um dos muitos aspectos que se pode observar durante o processo de envelhecimento biológico é que, a partir da quinta década da vida, o indivíduo começa a sofrer diminuição de estatura, que é atribuída ao encolhimento dos discos fibroelásticos por causa da perda da matriz óssea, em torno de 1 cm a 1,5 cm por década de vida após os 50 anos. O aplainamento plantar dos pés, bem como a acentuação da curvatura da coluna (cifose) podem exacerbar esse processo. Envelhecimento da pele: a pele é uma das primeiras estruturas do nosso organismo que apresenta modificações com a idade. O envelhecimento da pele se inicia por uma perda importante da elastina, diminuição da quantidade de colágeno, e a camada epitelial torna-se mais delgada. Por causa da dificuldade da pele do idoso em reter líquidos, ela se torna mais seca, perdendo sua resistência. Sua elasticidade pode ficar seca e escamosa (xerose). Esse é um processo universal e irreversível que favorece o aparecimento de rugas, que ocorrem quando a pele se relaxa, fator que pode ser precipitado por radiações solares e a falta de nutrição adequada. A diminuição de estrógeno e progesterona contribui para o ressecamento e o afinamento da pele, dando a ela uma aparência pálida e translúcida, o que pode ser confundido com anemia ao exame físico acentuado pela diminuição de melanócitos, que são células produtoras de melanina, que dão cor à pele. Com a perda do tecido subcutâneo, as proeminências ósseas se tornam mais aparentes, principalmente na parte superior do corpo. Os ossos dos maxilares se acentuam, bem como as maçãs do rosto, e as órbitas oculares afundam-se. Envelhecimento de pelos e tegumentos: durante o processo de envelhecimento, o indivíduo sofre alterações bem perceptíveis ao nível de tegumentos. Os pelos tornam-se mais raros e começam a cair (exceto na face), sua cor começa a acinzentar e a branquear, por causa da diminuição da atividade de melanócitos. Nas mulheres, os pelos começam a aparecer na face, principalmente acima dos lábios e no queixo, por causa de alterações hormonais. Nos homens, a perda de cabelos se inicia da parte periférica do corpo para o centro; o pelo fica mais espesso no nariz e nas orelhas. As unhas também se modificam, seu crescimento se torna mais lento, com surgimento de estrias em sua superfície; podem se tornar mais espessas e endurecidas, secas e quebradiças. Ocorre também uma atrofia de glândulas sebáceas e sudoríparas, o que diminui a capacidade da pele de lubrificação, promovendo seu ressecamento e da transpiração, prejudicando o resfriamento no aumento da temperatura. Envelhecimento do sistema locomotor: as alterações no sistema locomotor são as que aparecem mais rapidamente. Não só modificam a aparência e a estrutura física, como também o funcionamento do organismo. Todos os músculos do organismo, em especial o dos troncos e das extremidades, se atrofiam com o tempo, o que leva a uma deterioração do tônus muscular e a uma perda de potência, força e agilidade. O peso total dos músculos diminui para metade entre os 30 e os 70 anos. O envelhecimento muscular é o resultado da atrofia das fibras musculares e do aumento do tecido gordo no interior dos músculos. As articulações sofrem alterações, os ligamentos calcificam-se, ossificam, e as articulações tornam-se menores por causa da erosão das superfícies articulares. Mesmo conservando sua aparência exterior, os ossos também sofrem modificações. O processo de reabsorção do cálcio sofre um desequilíbrio e o tecido ósseo se torna mais poroso e frágil por uma desmineralização constante da massa e da densidade óssea. Esse fenômeno ligado à senescência é denominado osteoporose e é muito frequente em pessoas de idade. A osteoporose também é responsável pela perda dos dentes. A reabsorção óssea dos maxilares e da mandíbula acentua-se com a queda dos dentes. Reduz-se a distância entre o queixo e o nariz e os dentes migram para trás, modificando, com o tempo, a fisionomia do idoso. A redução de altura também ocorre por causa da diminuição dos espaços intervertebrais. Começa a partir dos 50 anos e é um fator ligado a raça, sexo, idade e ambiente. Ocorre também um desvio na parte superior do tórax (“afunda”) e uma acentuação da curva natural da coluna vertebral, denominada cifose. Para se equilibrar, o idoso tem que se inclinar para frente, de forma a manter o centro de gravidade. ENVELHECIMENTO FUNCIONAL As mudanças fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento são distintas de um indivíduo para outro. Essas mudanças estão diretamente ligadas a dieta, estilo de vida, hábitos pessoais e de saúde, determinando que o envelhecimento seja contínuo e único para cada ser. Envelhecimento cardiovascular: as alterações anatômicas mais comuns são aumento do peso do coração, hipertrofia ventricular esquerda,além da rigidez das artérias e dos vasos por causa do espessamento causado pelo depósito de cálcio ao longo dos anos. A pressão arterial do idoso pode aumentar, tanto a sistólica quanto a diastólica, sendo considerado um processo normal. Por causa da diminuição do débito cardíaco e do endurecimento de veias e artérias, vai ocorrer uma diminuição do aporte sanguíneo para todos os órgãos e tecidos. Envelhecimento do sistema respiratório: esse sistema sofrerá algumas alterações com o envelhecimento, tais como diminuição na complacência da parede do tórax e declínio linear da capacidade vital, que são atribuídos ao aumento do volume de ar residual. Envelhecimento do sistema urinário: os rins irão se atrofiar com a idade, por causa da arteriosclerose, que irá diminuir o aporte sanguíneo. Aa filtração glomerular irá diminuir 46% até os 90 anos. A bexiga do idoso também irá sofrer alterações; a capacidade de retenção diminui, bem como o tônus vesical, haverá um enfraquecimento dos esfíncteres uretrais, levando o idoso a micções involuntárias frequentes durante a noite. Envelhecimento do sistema gastrintestinal: a digestão e a mastigação podem estar afetadas pelo estado geral dos dentes e dos maxilares, por causa da perda de cálcio a partir dos 50 anos. O paladar se altera com a idade e as papilas gustativas diminuem em número, e a comida deixa de ter sabor, o que pode levar a falta de apetite. Há diminuição do olfato, muitas vezes agravada pelo crescimento excessivo de pelos na região das narinas, que se tornam grossos, dificultando o reconhecimento dos odores. Lentidão no reflexo de deglutição, fazendo com que o idoso tenha uma maior preensão a aspiração. A saliva torna-se escassa por causa da atrofia das glândulas salivares, podendo causar secura na boca (xerostomia). Atrofia do fígado, dificultando a absorção de gordura, aumentando a flatulência; diminuição da motilidade intestinal, podendo levar o idoso a obstipação (dificuldade para evacuar) ou formação de fecalomas (massa de fezes endurecida e seca) por causa da demora no processo de digestão e eliminação. Saúde do adulto e do idoso / Cristina Braga, Tatiana Gabriela Brassea Galleguillos. - 1. ed. - 2014. Aspectos bucais As necessidades de tratamento odontológico dos idosos estão relacionadas com edentulismo, falta de elementos dentários, cárie dental, abrasões e doença periodontal. As neoplasias da cavidade bucal incidem em maior prevalência nesse grupo. As estruturas bucais sofrem ação do tempo, e várias são as adaptações fisiológicas que se processam durante o ciclo da dentição normal: • Desvio mesial dos dentes provocado pelas forças de oclusão: inferior para o lado de trabalho e superior para o lado de balanceio • Alterações de cor • Atrição provocada pela mastigação ou por hábitos viciosos • Mineralização dos canalículos dentinários por calcificação progressiva, com redução de permeabilidade e aumento no limiar de sensibilidade • Redução da câmara pulpar, em razão da contínua deposição de dentina nas paredes internas. Dentina A dentina depositada continuamente pela polpa dental reduz o tamanho da câmara pulpar na porção coronária e radicular, provocando a atresia dos condutos radiculares. Também ocorre o escurecimento dos dentes, em virtude de fatores como uso de medicamentos, alimentação, hábitos parafuncionais e o próprio processo de envelhecimento. Periodonto Os tecidos periodontais sofrem retração da superfície dentária, com perda do colágeno e maior suscetibilidade à inflamação em virtude de erros na alimentação e na higiene bucal. O desequilíbrio mastigatório em mastigadores unilaterais, com sobrecarga no lado de trabalho e ausência de mastigação no lado de balanceio, pode favorecer este tipo de situação por trauma no lado mastigatório (abfração) ou por doença periodontal no lado não utilizado. Mucosa Nas regiões em que há queratinização normal do epitélio, ocorre um espessamento associado à redução na espessura da camada basal. Nas áreas onde não há queratose, o epitélio senil mais delgado torna-se mais vulnerável aos traumas. A densidade celular é mais elevada na mucosa de pacientes idosos, sugerindo uma desidratação tecidual progressiva por perda de água intracelular. Língua Costumam aparecer certas alterações nas estruturas básicas e na superfície por perda das papilas que são facilmente identificadas. São comuns a atrofia das papilas filiformes do dorso da língua, conferindo um aspecto liso e acetinado à sua superfície, e a atrofia de dois terços das papilas circunvaladas, podendo ainda ocorrer fissuras na língua, particularmente após os 60 anos de idade. Essas alterações provocam diminuição do paladar, com consequente perda do apetite, promovendo problemas nutricionais. Apetite A perda de apetite nos idosos tem sido relacionada com perda gustativa e ofaltiva, ausência de dentes e uso de próteses totais. Pela ineficácia de mastigação, as pessoas com próteses totais tendem a consumir alimentos macios, pobres em fibras e baixa densidade nutricional. Os estados emocionais e motivacionais também podem causar perda de apetite. Olfato É o sentido mais vulnerável no envelhecimento, e a perda dessa sensibilidade leva à diminuição do interesse pelo alimento. Essa condição pode comprometer a qualidade da alimentação, com prejuízo do estado nutricional e da saúde física do idoso. A dificuldade olfatória no idoso tem como implicação a dificuldade na detecção de odores que alertam para condições de perigo, como vazamento de gases venenosos ou inflamáveis, fumaça e comida estragada. Função mastigatória As alterações mastigatórias decorrentes do processo de envelhecimento são inúmeras e decorrem de perda de elementos dentais, do uso de próteses, das restaurações realizadas ao longo da vida e dos hábitos alimentares e funcionais. Todo procedimento feito no sentido de devolver a função deve ser avaliado do ponto de vista ortopédico/funcional. Para classificar os estágios da sensibilidade gustativa, utiliza-se a classificação do Centro de Pesquisa Clínica Quimiossensória de Connecticut (EUA): • Normogeusia: quando há função normal do paladar • Hipogeusia seletiva: diminuição da função do gosto para um ou mais dos quatro sabores básicos • Ageusia: ausência da função do paladar • Disgeusia: quando existe o gosto doce, salgado, amargo, ácido ou metálico persistente na ausência de estímulo. As principais causas dos problemas bucais no idoso são: • Deficiência ou dependência física • Baixa autoestima • Baixa frequência de visitas ao cirurgião-dentista • Ingestão excessiva de açúcar • Altos índices de placa e cálculos • Restaurações radiculares prévias • Retração gengival e perda de inserção dental • Fluxo salivar diminuído • Perda da função mastigatória • Próteses parciais com grampos. Higiene bucal A autoestima do idoso pode estar comprometida, manifestando-se pelo desleixo com a aparência física e com a higiene pessoal e bucal. Isso pode ser associado ao fato de este se sentir à margem da sociedade, da família e do contexto social. É preciso desenvolver programas de reinserção do idoso, para que, ao sentir-se valorizado, valorize a própria vida. A má higiene bucal pode diminuir a percepção gustativa, pela presença de matéria alba e restos de alimentos sobre os corpúsculos gustativos, dificultando a estimulação dos quimiorreceptores orais. Há situações e condições sistêmicas em que o paciente não está apto a desempenhar a higiene sozinho, devendo contar, para isso, com uma equipe auxiliar. Glândulas salivares Há evidências da redução do volume e concentração de alguns constituintes salivares com a idade. A redução do fluxo salivar e a consequente lubrificação dos tecidos orais afetam a mobilidade da língua, dificultando a deglutição dos alimentos. Existem evidências de redução de até 75% da atividade enzimática da saliva em indivíduos com mais de 60 anos de idade. A viscosidade da saliva também é significativamente reduzida. A redução do volume salivar e de seus constituintesestá associada à atrofia que se estabelece com a idade, envolvendo não só as células secretoras, como também os ductos, sendo a fibrose das estruturas glandulares uma alteração senil bastante comum. Os idosos constituem o maior grupo de consumidores de medicamentos per capita em todo o mundo. Os medicamentos mais consumidos pelos pacientes geriátricos são os agentes cardiovasculares, analgésicos, sedativos e tranquilizantes. A maior parte desses fármacos é associada a efeitos de inibição do fluxo salivar, resultando em potencial aumento da suscetibilidade a cáries e doenças periodontais. Doenças periodontais A doença periodontal no idoso tem prognóstico mais favorável quando comparada à do jovem. A invasão e o trauma provocados pelo tratamento não devem ser maiores que o benefício obtido com o tratamento. A orientação de higiene e dieta, bem como visitas periódicas ao cirurgião-dentista, devem colaborar na manutenção da saúde bucal do idoso. Cárie As cáries mais comuns no idoso são as radiculares. Ocorrem também a deterioração de trabalhos realizados anteriormente e infiltrações sob restaurações e próteses. Para controle da cárie e doença periodontal, são usadas medidas preventivas como: • Controle da placa bacteriana • Prevenção da doença periodontal • Avaliação e estimulação da função mastigatória • Fluorterapia • Uso de chicletes com xilitol • Emprego de estimuladores de saliva • Aconselhamento dietético • O laser cirúrgico pode ser usado na prevenção das cáries radiculares, pois aumenta a dureza da dentina e do cemento • Uso do laser terapêutico associado a corantes para esterilização do meio. Perdas dentais Normalmente, são ocasionadas pelas cáries de evolução lenta sob restaurações protéticas em dentes submetidos a tratamento endodôntico cuja resposta dolorosa à agressão não existe. Por isso, muitas vezes, quando o paciente procura tratamento, a indicação é cirúrgica, com perda do(s) elemento(s). A doença periodontal avançada é outra causa da perda dental, bem como as fraturas, que podem ser provocadas por má distribuição das forças mastigatórias, eixos de inserção de próteses incorretos e grandes perdas dentinárias substituídas por restaurações extensas e má indicação de procedimentos e materiais restauradores e quedas com traumastimo na região da boca. Dor orofacial e disfunções da articulação temporomandibular A dor orofacial, mais uma especialidade reconhecida na Odontologia pela resolução n. 22/2002 do Conselho Federal de Odontologia, está relacionada com os quadros citados, em que as funções mastigatória, muscular e articulatória estariam desequilibradas. A dor orofacial e a disfunção temporomandibular podem se dar no indivíduo idoso por: • Edentulismo • Perda precoce de elementos dentais • Disfunção mastigatória • Hábitos parafuncionais • Bruxismo e apertamento dos dentes • Doenças sistêmicas, como artrite, que podem acometer a articulação. Xerostomia É uma queixa muito comum e tem relação com as alterações de glândulas salivares inerentes ao processo de envelhecimento e com os medicamentos utilizados no controle das moléstias sistêmicas crônicas do idoso. Além do desconforto, essa condição favorece as doenças bucais, cáries e doenças periodontais. Pode ser melhorada com o uso de saliva sintética e o hábito de chupar balas e mascar chicletes, ambos sem açúcar. Situações de estresse e ansiedade, baixa ingestão de água, medicamentos antidepressivos e diuréticos podem causar boca seca, assim como o diabetes, a menopausa, a idade avançada e as doenças congênitas. Além disso, tratamentos contra o câncer, como a químio e radioterapia, podem afetar o fluxo salivar em até 90%. Os principais sintomas deste quadro são mau hálito, dificuldade para mastigar e deglutir (falta lubrificação do bolo alimentar e do trato gástrico), língua rachada ou avolumada, feridas na boca, paladar reduzido, pigarro e tosse seca. Mudanças estéticas Os transtornos estéticos que ocorrem no idoso provocam um desejo de recuperar o sorriso da juventude ou de um modelo de sorriso por ele escolhido. Houve um caso na clínica em que a autora atua, de uma paciente de 72 anos de idade, que chegou com uma fotografia do seu aniversário de 30 anos para que o protético montasse os dentes da prótese total como o modelo exibido na foto. Com muita saudade, ela relatou que aqueles incisivos “encavaladinhos”, com o ângulo do direito fraturado, eram considerados por seu pai o seu “it” (charme). Os modelos com a fotografia foram encaminhados para que o protético tentasse reproduzir a situação de 42 anos passados. O sucesso foi obtido, e houve melhora na autoestima da paciente, que retornou ao consultório muito feliz, dizendo que seus familiares não haviam percebido a transição para o uso das próteses totais. Esse procedimento pode ser adotado com algumas reservas no que tange à função mastigatória, pois nem tudo é possível. Os problemas estéticos mais comuns em pacientes idosos são: • Escurecimento dos dentes • Encurtamento das coroas por abrasão • Alongamento das coroas por retração gengival • Abrasão provocada por escovas duras e pela aplicação de muita força aplicada durante a escovação • Abfração provocada por traumas oclusais • Mudança no posicionamento dental provocado por perdas dentais e disfunções mastigatórias • Espaços protéticos • Edentulismo. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático/Maria Lucia Zarvos Varellis. – 3. ed. –2017. O sistema imunológico De acordo com Ewers, Rizzo e Kalil (2008) o conjunto de alterações observadas em indivíduos idosos ao longo do processo de ancianidade está relacionado à senescência. No sistema imune, por exemplo, há uma redução significativa das células de defesa (Linfócitos B, T e células NK) subsequente da involução tímica, desse modo, às mesmas se tornam ineficientes no reconhecimento e combate de determinados antígenos. Na imunidade inata, os neutrófilos desempenham um papel na defesa contra fungos e bactérias e participa das etapas de ativação como liberação de enzimas proteolíticas. Com o envelhecimento o seu potencial e a sua interação com a imunidade adaptativa são afetados. As capacidades quimiotáticas e fagocitárias encontram-se reduzidas favorecendo a multiplicação bacteriana e aumentando o dano tecidual. Imunossenescência Ao longo das mudanças biológicas que acontecem no organismo, o envelhecimento traz consigo alterações associadas a uma sobrecarga emocional. Estudos apontam que idosos possuem nível elevado de cortisol o que provoca uma redução das células T amadurecidas no timo, e uma proliferação linfocitária muito baixa. Esse hormônio, produzido no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA) é induzido pelo estresse. Os efeitos no sistema nervoso O envelhecimento cerebral está relacionado com a deterioração da matéria branca e cinzenta nos lobos frontal, parietal e temporal, afetando a função motora primária e o córtex visual. Essas alterações são geralmente acompanhadas de transtornos cognitivos, como tarefas de coordenação, memória, planejamento e outros. Alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento / Wagner Gonçalves Macena et al. / Revista Mosaicum / 2018. IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO PACIENTE GERIATRICO COM REPERCURSÃO NA CAVIDADE BUCAL. Distúrbios mais comuns Demência A diminuição da memória é um sinal indicativo de demência, mas, muitas vezes, há diminuição de outras funções corticais superiores, como o uso da razão, a capacidade de decisão e o uso da linguagem. Cerca de 5% da população com mais de 65 anos de idade e 20% com mais de 80 anos de idade sofrem de demência. Além da doença de Alzheimer, que será abordada detalhadamente mais adiante, a demência pode ser classificada da seguinte maneira: •Demência pré-senil: entre os 50 e os 65 anos de idade (em geral) •Demência senil: demência degenerativa em indivíduos com mais de 65 anos de idade. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático/Maria Lucia Zarvos Varellis. – 3. ed. –2017. No que se refere às demências, podem ser definidas como uma condiçãona qual ocorre decréscimo cognitivo comparado a um nível prévio de funcionamento do indivíduo, com comprometimento de suas funções sociais e funcionais. De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), diversas patologias podem desencadear o transtorno, como a doença de Príon, a doença de Huntington, e a doença de Parkinson, no entanto, é consenso entre os estudiosos da área que as demências mais prevalentes entre os idosos são Demência de Alzheimer (DA), Demência Vascular (DV), Demência por Corpos de Lewy (DCL) e Demência Frontotemporal (DFT). Cada tipo de demência tem sinais e sintomas neuropsicológicos que lhe são próprios. A construção do diagnóstico diferencial é tarefa criteriosa, uma vez que a manifestação dos sintomas pode variar conforme o estágio da doença e histórico do paciente. A avaliação neuropsicológica é etapa essencial na investigação diagnóstica de um paciente com hipótese de quadro demencial. A literatura sustenta que esse tipo de avaliação é capaz de fornecer uma caracterização precisa dos déficits cognitivos e comportamentais, através da confrontação dos dados obtidos na anamnese sobre funcionamento prévio e atual do idoso e dos escores obtidos através da aplicação dos diferentes instrumentos de testagem das funções cognitivas. Avaliação neuropsicológica e demências em idosos: Uma revisão da literatura/ Bruno Meireles Dias, Denise Mendonça de Melo / Cadernos de Psicologia, Juiz de Fora / 2020. Doença de Alzheimer Doença cuja prevalência é maior na faixa etária entre 50 e 65 anos de idade. Há várias fases definidas, genericamente, na seguinte expressão: na primeira, só os doentes a reconhecem; mais tarde, os doentes, a família e os médicos; e, na última fase, só é reconhecida pela família e pelo médico, e não pelo doente. É uma doença de causa desconhecida, início “sorrateiro” e agravamento progressivo que, pelo menos nas primeiras fases, não se acompanha de outros sinais neurológicos. O quadro clínico caracteriza-se por: •Falhas de memória •Desorientação •Empobrecimento da linguagem •Falta de capacidade para realizar as tarefas diárias •Não reconhecimento de familiares e amigos •Incontinência de esfíncteres. No campo da genética, descobriu-se que a doença de Alzheimer está relacionada com certos cromossomos: •Mutações no cromossomo 21 •Cromossomo 14 •Polipoproteína E e cromossomo 19 em 64% dos casos •Cromossomos 1 e 12 •Proteína precursora do amiloide no cromossomo 21. O diagnóstico da doença de Alzheimer é feito, em primeiro lugar, a partir de uma observação do indivíduo, atenciosa a sintomas muitas vezes sutis. Caso a suspeita permaneça, deve-se proceder a exame neurológico e investigação clínica (hemograma, velocidade de sedimentação, glicose, ureia, creatinina, tempo de protrombina, bilirrubinas, transaminases, cálcio, ionograma, proteinograma, T3/T4/TSH, vitamina B12, folatos, urina II etc.). Osteoporose Doença crônica que afeta a estrutura óssea. A deficiência de estrogênio, o uso de medicamentos e alterações sistêmicas são fatores que agravam a perda de massa óssea. A correlação efetiva entre osteoporose e doença periodontal necessita de estudos mais aprofundados em ambas as áreas, já que é grande o número de fatores externos que podem contribuir para as duas condições. Artrite Trata-se de inflamação de caráter progressivo que diminui a mobilidade dos pacientes. Esse quadro torna necessário o uso de alguns medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios, entre outros, para amenizar a dor das articulações afetadas que têm repercursões bucais, como xerostomia, ulcerações, estomatite, hemorragia gastrintestinal, dispepsia, dor abdominal e/ou náuseas em razão do tempo e aumento constante das dosagens. Com relação à Odontologia, é importante destacar a perda da habilidade manual no desempenho das atividades de vida diária, entre elas a higiene bucal; por essa razão, deve haver envolvimento e treinamento de familiares e cuidadores, reforçando a importância de medidas preventivas. Na cavidade bucal, a artrite pode limitar a abertura bucal e provocar mastigação desconfortável. O tratamento odontológico deve ser realizado em diversas consultas de curta duração para poupar o paciente. O profissional deve conhecer técnicas de transferência de pacientes para sua cadeira e/ou atendimento em cadeira de rodas ou, ainda, na casa dos pacientes. Terapeutas ocupacionais podem trabalhar as condições físicas do paciente para viabilizar uma higienização mais eficiente e na confecção de órteses para a falta de coordenação motora e limitação nos movimentos do paciente. Dor orofacial Um paciente idoso está mais suscetível a distúrbios na articulação temporomandibular (ATM- carência de vitamina D) e consequentes dores em razão da perda de equilíbrio no sistema estomatognático. O tratamento consiste em buscar equilíbrio e estabilidade oclusofuncionais, utilizando-se técnicas ortopédicas e ajustes oclusais. Alterações gastrintestinais A função mastigatória comprometida interfere no processo digestivo, uma vez que o preparo do bolo alimentar e a absorção dos nutrientes são inadequados. Este é um fator que piora o estado geral do paciente. Para os que têm doença no trato gastrintestinal, torna-se imprescindível o diagnóstico para adequação no tratamento e prescrição medicamentosa. Depressão Apesar de não ser uma doença específica dos idosos, nessa fase da vida representa um problema maior. É caracterizada por sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse pelas atividades. Os sintomas associados incluem: •Dificuldade em dormir •Falta de apetite •Perda da esperança •Pensamentos suicidas •Ansiedade e preocupação. Problemas do sono Problema do qual os idosos se queixam muito. O sono do idoso difere do sono do jovem. Com o passar dos anos, há uma perda dos níveis mais profundos do sono (fases 3 e 4 do sono profundo). Os idosos acordam mais durante a noite e dormem mais durante o dia, além de preferirem deitar-se e levantar mais cedo. Psicose Pode ser causada por uma doença cerebral ou por um problema emocional. Os sintomas podem ser assustadores tanto para o idoso quanto para a família e os amigos. Ansiedade Comum nos idosos em virtude da preocupação de se tornarem fisicamente inaptos, por conta de problemas financeiros, de serem colocados em asilos, tornarem-se dependentes de outros ou serem abandonados. Por vezes, a depressão apresenta-se sob a forma de ansiedade e esta desaparece com o tratamento da primeira. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático/Maria Lucia Zarvos Varellis. – 3. ed. –2017. Relação entre doenças sistêmicas e doenças bucais Numa visão contemporânea, a promoção do cuidado à saúde bucal direcionado às pessoas idosas não pode deixar de considerar a comprovada relação entre o estado de saúde geral e as condições de saúde bucal. Como uma via de mão dupla, os termos desta relação se interferem mutuamente e podem, ao entrar num ciclo infindável de agravos à saúde, prejudicar o processo de envelhecimento saudável. Pesquisas recentes alertam para a estreita relação entre saúde bucal e saúde geral, demonstrando que a má condição de saúde bucal, principalmente a presença de doenças periodontais, constitui fator predisponente a doenças sistêmicas, como pneumonia, cardiopatias e diabetes, bem como agrava/debilita o estado geral de saúde dos idosos. Da mesma forma, a má condição de saúde pode ocasionar problemas bucais ou agravar os já existentes. A seguir, exibimos um quadro relacionando-se as doenças sistêmicas mais prevalentes no idoso e a repercussão bucal (Quadro 16): Na medida em que se compreenda e que se conscientize da importância da saúde bucal no processo de envelhecimento saudável, será crescente a demanda pelos cuidados à saúde bucal dos idosos. Por isso, é indispensável que a responsabilidade pelo cuidado com a saúde bucal seja assumida por todos os membros da equipe de saúde. Saúde do Idoso - Odontologia / Unidade 5 - Ações da Clínica aos Principais Agravos à Saúde Bucal do Idoso / UNASUS.Faltou hipertensão, doença renal, uso de vasoconstritores pode usar mas adequar a quantidade. IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS DE USO COMUM EM GERIATRIA COM REFLEXOS NA ODONTOLOGIA. Prescrição medicamentosa Idosos podem apresentar várias doenças e usam muitos medicamentos que afetam a região bucal. O profissional deve sempre estar atento à possibilidade de interação medicamentosa entre medicações prescritas previamente. O metabolismo do idoso é mais lento, e os medicamentos podem ter efeito diferenciado. A velocidade de eliminação dos fármacos da corrente sanguínea também é menor. Tabela 12.1 Medicamentos associados às alterações do gosto. Medicamentos Alterações gustativas •Antibióticos ■Antibacterianos: -Lincomicina -Penicilina/procaína -Cloridrato de metronidazol -Sulfassalazina ■Antifúngicos: -Anfotericina B -Grisiofulvina Alteração do gosto Disgeusia metálica Alteração do gosto Disgeusia metálica Distúrbio gustativo Distúrbio gustativo •Antituberculostáticos: ■Etambutol Disgeusia metálica •Anticonvulsivantes: ■Carbamazepina Hipogeusia, bad taste ao álcool, ageusia •Agentes antidiabéticos: ■Biguanida Disgeusia metálica •Agentes anti-inflamatórios: ■Ácido acetilsulfosalicílico ■Fenilbutazona Distúrbio gustativo Ageusia, hipogeusia •Antineoplásicos imunossupressivos: ■5-fluoruracila ■Azatioprina ■Bleomicina ■Cisplatina ■Metotrexato Alterações na sensibilidade ao amargo e ao ácido, aumento da sensibilidade ao doce Distúrbio gustativo Perda do gosto Ageusia Disgeusia metálica e ao ácido, ageusia •Antiparkinsoniano: ■Levodopa Distúrbio gustativo •Medicamentos para artrite: ■Alopurinol ■Auranofina ■Penicilamina Disgeusia metálica Disgeusia metálica, gosto alterado Perda do gosto, disgeusia metálica •Agentes de higiene dental: ■Clorexidina ■Hexetidina ■Laurilsulfatodesódio Distúrbio gustativo, perda do gosto ao sal Gosto alterado Distúrbio gustativo O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático/Maria Lucia Zarvos Varellis. – 3. ed. –2017. AS CLASSES MEDICAMENTOSAS MAIS CONSUMIDAS POR IDOSOS Atualmente os idosos tem consumido muitos medicamentos, para as mais diversas doenças que acometem essa faixa etária, diante disso cabe aos farmacêuticos uma orientação cada vez mais especifica e baseada nas principais dificuldades que os idosos apresentam. Sendo assim, pode se expor os medicamentos que são mais comprados e ingeridos pelos idosos, esses medicamentos são: Os anti-hipertensos, anti-inflamatórios, diuréticos, antianginosos, hipnóticos e antiulcerosos. Anti-hipertensivos são utilizados para tratar e melhorar a hipertensão dos idosos evitando desta maneira a pressão alta. Os anti-inflamatórios não esteroides, que serve para controlar inflamação, febre e dor. Os diuréticos, que serve para controlar a hipertensão, a insuficiência renal e a cardíaca pois ajudam a eliminar o sódio do organismo. Os antianginosos que serve para tratar a angina pectoris. Os hipnóticos são medicamentos que induzem o sono e os antiulcerosos servem para diminuir a acidez do estômago, evitando assim o surgimento de ulceras. A POLIFARMÁCIA E A NECESSIDADE DE DETERMINADASCOMBINAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM PACIENTES IDOSOS A polifarmácia pode ser definida como a ingestão de cinco ou mais fármacos diariamente pelos idosos, essa é uma prática que vem crescendo ao longo do tempo, pois no Brasil e no mundo tem aumentado cada vez mais o tempo de vida das pessoas, diante disso, há mais idosos atualmente no mundo. O ser humano no seu ciclo de vida natural envelhece, e quando essa fase da vida chega, junto vem o surgimento de várias doenças crônicas (que não tem cura), e de várias outras enfermidades. Desta maneira os idosos começam a fazer a utilização de muitos medicamentos, que se tornam uso diário, principalmente os de doenças crônicas como: diabetes, hipertensão. Com a perspectiva de vida aumentando cada vez mais a polifarmácia se associa ao crescimento do risco de acontecer as reações adversas medicamentosa, já que os idosos consomem muitos medicamentos diariamente. Diante disso os riscos da polifarmácia de causar toxicidade cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de reduzir a adesão ao tratamento, imitar síndromes geriátricas ou precipitar quadros de confusão, incontinências e quedas, elevando assim a morbimortalidade nos pacientes idosos. Portanto, se faz necessário uma atenção específica a esses pacientes, de uma prática voltada ao assistencialismo e a atenção farmacêutica, nesse contexto inclui-se os profissionais farmacêuticos. CONSEQUÊNCIAS EM ODONTOLOGIA As interações medicamentosas em pacientes idosos: uma revisão de literatura / Jamerson Thiago Cabral de Melo et al. / Rev. Eletrônica Estácio Recife / 2022. CATRACTERIZAR A TERAPEUTICA MEDICAMENTOSA EM ODONTOGERIATRIA (INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES, INTERAÇÕES, AJUSTE DE DOSES, ANESTÉSICOS LOCAIS) USO DE MEDICAMENTOS EM ODONTOLOGIA E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Os medicamentos utilizados em Odontologia para a prevenção da dor, da inflamação e do controle das infecções de origem Odontologia sempre devem estar acompanhados de outros cuidados adicionais como, por exemplo: evitar uso de medicação não necessária, iniciar tratamento com medicamentos utilizando doses inferiores àquelas indicadas aos pacientes mais jovens, utilizar medicamento de menor toxicidade, facilitar a posologia dos medicamentos, definir o tempo de tratamento, procurar saber com detalhes os possíveis efeitos colaterais do medicamento e eventuais reações adversas e reavaliar o paciente em períodos pré-determinados após o procedimento clínico. Analgésicos A Dipirona sódica e o Paracetamol para os casos de dor, nas doses usuais de 500 mg, em intervalos de seis horas, por período máximo de 24 horas devem ser as principais opções. Estes medicamentos também são indicados em febre e espasmos como antipirético e antiespasmódico. A Dipirona ou metimazol sódico, de nome comercial Novalgina®, é um derivado pirazolônico com ação analgésica e antipirética, usados há muito tempo, que ainda hoje gozam prestígio, embora alguns países, como os Estados Unidos, não a comercializem devido à possibilidade de agranulacitose fatal. O Paracetamol embora considerado mais seguro que a Dipirona, em doses muito acima das consideradas terapêuticas (acima de 4 g/dia), podem causar lesões hepáticas em pacientes hepatopatas e alcoolistas. Esta suscetibilidade a hepatotoxicidade fica aumentada por alguns fatores como: consumo de álcool, idade, etnia e interações medicamentosas com outros. Antiinflamatórios O uso da terapêutica medicamentosa na área odontológica quanto indicada para o controle da dor inflamatória aguda em paciente idosos, deve ser conduzida de forma bastante cuidadosa e interdisciplinada. Assim como os analgésicos o grupo dos Antiinflamatórios não esteroidais (AINES), são os medicamentos mais prescritos aos idosos na Atenção Básica para o controle da dor e da inflamação, geralmente de origem crônica. Os AINES são classificados como inibidores da cicloxigenase (COX) por atuarem na inibição desta enzima e em outros mediadores químicos envolvidos no processo da dor e do edema como as protaglandinas, as prostaciclinas, as interleucinas-1, os leucotrienos entre outros. Em consequência aos níveis séricos destes mediadores químicos e pelo alto grau de ligação protéica dos AINES poderá ocorrer possíveis interações indesejáveis quando administradas, em concomitância, com outras drogas de uso contínuo, por parte dos idosos, como é o caso dos inibidores de Enzima Conversora de Angiotensina – ECA, beta bloqueadores e diuréticos (antihipertensivos), do Carbonato de lítio (medicamento de escolha para tratamento do transtorno de humor bipolar) dos Anticoagulantes orais (drogas utilizadas na prevenção do embolismo sistêmico, do acidente vascular cerebral, do infarto agudo do miocárdio) e do Metotrexato, indicado, em baixas doses, para artrite reumatóide, e, em altas doses, na terapia oncológica. Os anti-hipertensivos comercialmente conhecidos como captopril, enalapril,fosinopril, lisinopril, propranolol, nadolol, metoprolol e atenolol além dos fármacos diuréticos como a furosemida, a hidroclorotiazida e o ácido etacrínico são de uso comum no tratamento da hipertensão arterial. Estas drogas quando associadas com os AINES (que modulam as prostaglantinas), quase sempre impedem a completa efetividade terapêutica dos anti-hipertensivos, diminuindo suas expectativas de ação terapêutica. O Carbonato de Lítio, do mesmo modo como ocorre com as droga anti-hipertensoras, quando associados aos AINES que inibem as ciclooxigenases e prostaglandinas (importantes moduladores fisiológicos do tônus vascular e equilíbrio hídrico nos rins) podem estimular a secreção tubular renal e a reabsorção do lítio elevando seus níveis podendo aumentar a toxicidade do Carbonato de Lítio pela diminuição da sua depuração renal. Isso pode se torna preocupante em indivíduos idosos e que possuem patologias associadas a insuficiência cardíaca, as doenças renais prévias, a diabetes, as hipovolemias e as hepatopatias. Os anticoagulantes orais também conhecidos como derivados cumarínicos ou da warfarina são drogas eficazes na prevenção primária e secundária do tromboembolismo venoso, do embolismo sistêmico, em pacientes com prótese de válvulas cardíacas ou fibrilação atrial, do acidente vascular cerebral, do infarto agudo do miocárdio e da recorrência do infarto. Todavia são drogas de extremo interesse na Odontologia por interferirem na produção dos fatores da vitamina K, e, portanto, podem aumentar o tempo de sangramento em alguns procedimentos odontológicos, principalmente quando associado ao uso dos AINEs. Andrade (2006) recomenda que o Cirurgião-Dentista evite procedimentos com expectativa de sangramento neste paciente sem a prévia troca de informações com o Médico do idoso. Quando possível à realização do procedimento deve-se substituir a prescrição de aspirina, Paracetamol ou AINESs nestes indivíduos sob tratamento com anticoagulantes, empregando outras drogas alternativas como os Corticosteróides - dexametasona, uma hora antes em dose única de 4 mg e 500 mg de Dipirona, nas primeiras 48 horas, para o controle da dor e do edema decorrentes do ato odontológico. Todavia, é sempre importante ressaltar necessária troca de informações sobre a condição geral do idoso com a equipe da Atenção Primária (Médico e enfermeiro) que atende o paciente. O Metotrexato possui uma interação medicamentosa preocupante com os AINEs. A competição entre os AINEs e o metotrexato pela secreção tubular renal e pelo sítio de ligação às proteínas plasmáticas promove uma redução do metabolismo hepático do metotrexato pela vasocontricção dos capilares renais, podendo provocar sérias complicações de toxicidade hematológica, gastrintestinal e de disfunções renais, potencializando o risco de desenvolver outras reações adversas também relevantes. As Sociedades Brasileiras de Hipertensão Arterial de Cardiologia e de Nefrologia têm alertado ao uso associativo do AINES aos pacientes que fazem uso de medicamentos de controle destas patologias. Os profissionais prescritores da Atenção Básica, e especial, os cirurgiões-dentistas, devem ficar atentos ao histórico colhido do paciente antes do início de qualquer procedimento. Atualmente, a hipertensão arterial e os problemas cardiovasculares constituem um dos grandes problemas de saúde pública atingindo mais de 70% no grupo dos pacientes idosos, portanto, em paciente portador e de alterações renais ou doenças cardiovasculares, é imprescindível um contato prévio com o Médico da Unidade para troca de informação e avaliação do riso/beneficio antes de se empregar os inibidores da cicloxigenases. Antibióticos Também chamados de antimicrobianos, os antibióticos do grupo das penicilinas são atualmente os mais utilizados em Odontologia para o tratamento de infecção odontogênica, de profilaxia em pacientes com risco de desenvolver endocardite bacteriana e em pacientes imunodeprimidos por doenças ou tratamento farmacológico associado. Entretanto, por serem excretadas por via renal, podem necessitar de adequação posológica – espaçamento entre as doses em função do tempo terapêutico - em indivíduos idosos com comprometimento renal. A proposta da antibioticoterapia é ajudar o sistema de defesa do hospedeiro no controle e eliminação dos microorganismos que, temporariamente, tem perturbado o seu mecanismo de proteção. A Penicilina V, a Amoxicilina e a Ampicilina são antibióticos do grupo das penicilinas bem conhecido e de distribuição gratuita na rede pública da saúde de todo pais. Fazem parte dos antibióticos beta-lactâmicos, que interferem na síntese de parede celular bacteriana através de sua ligação com as enzimas formadoras. A Penicilina acopla num receptor presente na membrana interna bacteriana e interfere com a transpeptidação que ancora o peptidoglicano estrutural de forma rígida em volta da bactéria. Como o interior bacteriano é hiperosmótico e a fragilidade de sua parede está estabelecida com o uso das penicilinas a bactéria lisa-se, isto é, com a pressão interna muito elevada em comparação com o meio externo a bactéria literalmente “estoura”. Em quadros odontogênicos de maior gravidade, principalmente no controle e tratamento da periodontopatias com envolvimento de microorcanismos anaeróbicos, especialmente os Gramnegativos, o Metronidazol é uma droga de uso alternativo e muito importante no controle dos problemas gengivais e periodontais provocados por estas bactérias. Absorvido por via oral de ação biológica bactericida e ativa, praticamente contra todos os bacilos do gênero o metronidazol (250 mg) associado a amoxicilina (500 mg) com esquema posológico a cada 8 horas são, até o momento, drogas de escolha indicadas nos quadros de problemas periodontais em adultos e idosos. A Eritromicina é antibiótico do grupo dos macrolídeos que atua ligando-se de forma reversível à porção 50S do ribossomo e inibem a síntese protéica atuando sobre a translocação. Sua ação pode ser bactericida ou bacteriostática, dependo da concentração, da fase e do tipo de microorganismo. Nos casos de pacientes alérgicos às penicilinas com infecção bateriana em fase inicial, a opção recai uso de eritromicinas 500 mg a cada 6 horas, a azitromicina 500 mg a cada 24 horas ou clindamicina 300 mg a cada 8 horas para as infecções mais evoluídas. As Tetraciclinas agem inibindo a síntese de proteína dos microorganismos através da ligação aos ribossomos, impedindo a fixação do RNA transportador ao RNA mensageiro. Com essa ação, as tetraciclinas (doxiclina/minociclinas) - impedem o crescimento dos microorganismos atuando como bacteriostáticas (PAPINE, 2008). A utilização terapêutica na Odontologia deste antibiótico é limitada no tratamento de infecções orodentais agudas; sendo empregada em certos tipos de doença periodontal. A sua vantagem no tratamento desta doença se dá na capacidade de se concentrar no fluído sulcular gengival e no tecido ósseo, com boa substantividade - tempo de permanência e função da concentração, proporcionando inibição da reabsorção óssea (ASSAF, 1998). Todavia, os antibióticos em Odontologia de maneira geral, assim como na periodontia, devem ser prescritos tradicionalmente aos pacientes que não respondem às terapias convencionais ou como coadjuvantes às cirurgias periodontais e cirurgias de implantes dentais acometidos por bactérias periodontopatogênicas. Os antimicrobianos mencionados, assim como, qualquer droga indicada aos pacientes idosos, devem ser administrados após uma avaliação do estado geral do paciente e da relação risco/benéfico, mesmo considerando as indicações para casos profilaxia antimicrobiana na prevenção das ocorrências de endocardites bacterianas. Tendo em vista que um grande número de drogas pode fazer parte da rotina do idoso interagindo com os tanto com os antimicrobianos com outros medicamentos utilizados na rotina odontológica para o controle da dor e do edema. Outros exemplos de interações medicamentosas com os antimicrobianos e que podem ter seus níveis sanguíneosaumentados e causar quadros de fraqueza muscular, tremores finos e disfunção renal está o Carbonato de Lítio e o metotrexato podendo ocorrer toxicidade hematológica e gastrintestinal e diminuição da excreção renal. Considera essa interação prejudicial ao organismo sugere-se que deve ser evitada em pacientes idosos ou naqueles sujeitos que apresentarem diminuição da função renal. As Digoxinas são utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca há mais de 200 anos, constituindo-se, mundialmente, como fármacos mais prescritos, para indivíduos com idade avançada. Chamadas de digitálico/glicosídeo cardiotônico estas drogas tem efeito inotrópico positivo (aumenta a força de contração cardíaca) quando administrado em concomitantemente a eritromicina podem inibir a primeira droga (digoxina) aumentando a força e a velocidade de contração do músculo cardíaco. Isso também ocorre com os ansiolíticos (Diazepam, Midazolam e o Triazolan), fazendo com que seu efeito seja aumentado, além de predispor os idosos a efeitos tóxicos. A Teofilina, indicada no tratamento da asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e como estimulante do sistema nervoso central (preparados contra constipação/resfriado) tem sua meia vida plasmática aumentada pela eritromicina e tetraciclinas devidos à inibição da fosfodiesterase (com aumento dos mediadores celulares cAMP e cGMP), antagonistas dos receptores do neurotransmissor depressor adenina no cérebro. Sedação Consciente O mecanismo de ação deste grupo de drogas age sobre um subreceptor específico, o receptor das benzodiazepinas, no receptor A do GABA, um neurotransmissor inibitório do SNC. Tornam os receptores GABA mais sensíveis à ativação pelo próprio GABA (agem num subreceptor da proteína do receptor). O GABA é um neurotransmissor que abre canais de cloro, hiperpolarizando o neurônio e inibindo a geração de potencial de ação. Assim, potencializam o efeito do GABA fisiológico no seu próprio receptor. O Lorazepam faz parte do grupo dos benzodiazínicos, semelhante ao Diazepam, Midazolam e ao Triazolam, são drogas empregadas na prática Odontologia em idosos, especialmente reservadas aqueles indivíduos que possuem algum grau de ansiedade, medo ou fobia do tratamento odontológico. De ação intermediária (aproximadamente 12 horas) o Lorazepam torna-se droga de escolha para este grupo de paciente e pode ser administrado como medicação pré-operatória na dose única de 1 mg – preferencialmente ou de 2 mg duas horas antes da intervenção. Já o diazepam, por apresentar meia-vida plasmática muito longa (de 20 a 90 horas) e ter sua eliminação bastante lenta não tem indicação como medicamento para o controle do estresse em idosos. Os ansiolíticos também são utilizados como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares, para amnésia anterógrada e atividade anticonvulsionante. A capacidade de causar depressão no SNC deste grupo de fármacos é limitada, todavia, em doses altas podem levar ao coma. O Midazolam e o Triazolan são do grupo de benzodiazepínicos de duração ultracurta, menos de 6 horas. Apesar das drogas de uso para a terapêutica odontológica serem consideradas medicamentos bem tolerados e seguros, nas doses indicadas, quando aplicadas aos idosos, sempre se recomenda um cuidado maior na vigilância às interações medicamentosas. Os hábitos, noções de conhecimento e a capacidade de entendimento dos pacientes idosos merecem precauções e atenção redobradas, a equipe multiprofissional nas ESFs e UBSs devem realizar a supervisão especial. A incidência de sérios problemas relacionados ao uso de doses inadequadas, uso de fármacos contra-indicados, ocorrências de reações adversas, intoxicação em muitos casos seguidos de óbitos é justificativa suficiente para a atenção para com os idosos. Curso de Especialização em Saúde da Pessoa Idosa / Módulo Odontogeriatria Unidade III Atendimento Odontológico ao Idoso na Atenção Básica e Secundária / UNASUS IDOSOS Com o passar da idade, várias funções fisiológicas apresentam alteração, resultando em diminuição dos processos farmacocinéticos e até modificações na interação dos medicamentos com seu local de ação. Dentre as alterações farmacocinéticas mais importantes nos idosos, podem ser citadas: • menor absorção de ferro; • diminuição da albumina plasmática; • substituição de massa muscular por gordura; • diminuição das reações de fase I do metabolismo. Os idosos também apresentam maior incidência de doenças, como alterações cardiovasculares, diabetes e doenças degenerativas. Assim, a escolha da solução anestésica e o limite máximo de tubetes a ser utilizado em cada sessão de atendimento devem ser pensados de acordo com o procedimento a ser realizado e a condição sistêmica do paciente. Como muitos idosos apresentam anemia decorrente da menor absorção de ferro, deve-se considerar diminuição da dose máxima de prilocaína nesses pacientes. Farmacologia, Anestesiologia e Terapêutica em Odontologia / ABENO/ Eduardo Dias de Andrade et al. / 2013. Prescrição medicamentosa Idosos podem apresentar várias doenças e usam muitos medicamentos que afetam a região bucal. O uso crônico de ácido acetilsalicílico pode causar alteração no tempo de coagulação, o que desfavorece as cirurgias odontológicas. Seu uso deve ser interrompido por 10 dias para que a cirurgia seja realizada com segurança. Esta é uma decisão médica. O profissional deve sempre estar atento à possibilidade de interação medicamentosa entre medicações prescritas previamente. O metabolismo do idoso é mais lento, e os medicamentos podem ter efeito diferenciado. A velocidade de eliminação dos fármacos da corrente sanguínea também é menor. A Tabela 12.1 apresenta diferentes tipos de medicamentos e as respectivas alterações gustativas em pacientes idosos. Tabela 12.1 Medicamentos associados às alterações do gosto. Varellis, Maria Lucia Z. O Paciente com Necessidades Especiais na Odontologia - Manual Prático, 3ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2017. DESCREVER OUTRAS ADEQUAÇÕES DO ATENDIMENTO ODONTÓLOGICO PARA O PACIENTE GERIATRICOS. Tratamento odontológico Importantes aspectos compõem o tratamento odontológico do idoso, a saber: •Acessibilidade: importante para garantir o acesso à edificação. O primeiro desafio a ser vencido pelo paciente é entrar no consultório •Pessoal auxiliar treinado: a equipe auxiliar deve estar treinada e apta a trabalhar com indivíduos da terceira idade. Se os auxiliares não gostarem de trabalhar com idosos, dificilmente haverá um acolhimento sensível e humanizado, com comprometimento na qualidade do serviço oferecido •Formação do vínculo e anamnese: tanto a equipe auxiliar quanto o cirurgião-dentista devem ter afinidade com pacientes desta faixa etária, visando ao estabelecimento de um vínculo de confiança e amizade •Ouvir as queixas do paciente e interpretá-las: o profissional deve ter disponibilidade de agenda e sensibilidade para interpretar os relatos dos pacientes, considerando que muitas vezes este é o único momento de socialização daqueles que podem ser solitários, ainda que vivam com família •Levantamento do estado atual de saúde e medicamentos de que faz uso: a anamnese tem função de levantar dados essenciais para a elaboração de um plano de tratamento •Exame clínico completo intra e extrabucal: ■Exame radiográfico ■Avaliação das cáries, cálculos e doença periodontal ■Avaliação dos trabalhos já existentes ■Eleger uma estratégia de atuação ■Exames complementares •Iniciar o tratamento •Consultas curtas, tornando esse espaço de tempo o mais produtivo possível •Conscientização do paciente, da família e dos cuidadores quanto à importância da higiene bucal •Orientação da higiene bucal e das próteses •Orientação dietética •Chamadas frequentes para monitorar os trabalhos existentes e possíveis novos problemas. Acessibilidade O atendimento começa muito antes de o paciente sentar na cadeira odontológica. Ele tem início quando o paciente estaciona o carro e é recebido pelo pessoal auxiliar. Tanto a arquitetura doconsultório quanto a disposição do pessoal auxiliar podem facilitar ou dificultar o atendimento. Pequenas alterações podem ser feitas no consultório para facilitar o acesso ao paciente. Entre as barreiras arquitetônicas mais comuns em muitos consultórios, encontram-se: •Falta de locais especiais para estacionar (mais próximos da porta de entrada; locais para deficientes físicos) •Falta de rampas que facilitem a locomoção do paciente •Falta de elevadores em edifícios, forçando o paciente a se cansar ao subir escadas •Falta de portas alargadas, dificultando o acesso para aqueles pacientes que usam bengalas, andadores, cadeiras de rodas ou outros aparelhos •Pouca iluminação, pisos lisos e tapetes que dificultam a locomoção do paciente •Móveis muito baixos (sofás, cadeiras) ou com espuma muito macia que dificultam o sentar e levantar do paciente e podem causar-lhe desconforto e constrangimento. Recursos disponíveis Para melhorar a condição estética do idoso, existem vários recursos: • Clareamento dental • Restaurações com materiais estéticos • Próteses parciais fixas ou removíveis • Próteses totais • Implantes dentais e próteses totais e parciais sobre implante • Tratamentos periodontais estéticos • Facetas, fragmentos cerâmicos e laminados estéticos. O profissional deve esclarecer que há um limite entre o ideal e o que realmente pode ser obtido com os recursos disponíveis. Uma coisa é a necessidade e outra o desejo, e em muitos casos haverá um desalinho ou impossibilidade em atingir as expectativas nos dois aspectos. Atualmente, tem sido perseguido um padrão estético muitas vezes inatingível. Para evitar dissabores, o profissional não deve economizar explicações, conscientizando o paciente dos limites na busca da estética. Essa atitude pode frustrar o paciente, no entanto pode deixá-lo mais seguro em relação ao profissional e ao procedimento escolhido. O paciente com necessidades especiais na odontologia: manual prático/Maria Lucia Zarvos Varellis. – 3. ed. –2017. Para o acolhimento do paciente idoso, é de suma importância estabelecer uma relação de confiança. Com este intuito, a Secretaria da Saúde de Curitiba, em seu Protocolo Integrado de Atenção à Saúde Bucal (2004), aconselha: a) o profissional deve sempre chamar o paciente idoso pelo nome, evitando expressões como “titio” e “vovô”; b) dirigir-se ao idoso primeiramente e não ao acompanhante, perguntando a este somente o que houver dificuldade de resposta por parte do paciente; c) explicar detalhadamente as etapas do atendimento, a fim de proporcionar ao idoso mais segurança; d) conversar com o paciente face a face, sem máscara, para facilitar a leitura labial e a compreensão; e) exprimir-se devagar, com voz normal, evitar falar alto para que o idoso não se irrite e se desinteresse. A realização de uma cuidadosa anamnese, demonstrando grande interesse pela história médica do paciente é indispensável, pois é ela que irá guiar o tratamento odontológico. É necessário conhecer as alterações fisiológicas e patológicas que acometem o organismo do paciente idoso, bem como os aspectos psicossociais. O cirurgião-dentista também deve estar em contato direto com o médico da equipe a fim de melhor avaliar a administração das drogas, visto que o idoso faz uso de alguns medicamentos que podem apresentar efeitos colaterais. Além das atribuições gerais da equipe de saúde da família, ao cirurgião-dentista compete: a) Realizar atenção integral às pessoas idosas; b) Realizar consulta, avaliar quadro clínico, emitir diagnóstico e efetuar o tratamento restaurador, quando necessário; c) Solicitar exames complementares, quando necessário; d) Realizar os procedimentos clínicos da Atenção Primária em Saúde Bucal, incluindo atendimento de urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais; e) Prescrever medicamentos e outras orientações na conformidade dos diagnósticos efetuados; f) Realizar assistência domiciliar, quando necessário; g) Supervisionar e coordenar o trabalho do auxiliar de consultório dentário e do técnico de higiene dental; h) Orientar a pessoa idosa, os familiares e/ou cuidador sobre a importância da higienização da boca e da prótese; i) Encaminhar, quando necessário, a pessoa idosa a serviços de referências de média e alta complexidade em saúde bucal, respeitando fluxos de referência e contrarreferência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento. A cavidade bucal reflete muitas vezes as alterações orgânicas ocorridas com o envelhecimento. Na composição corporal, ocorre uma diminuição na quantidade de água no organismo, aumentando a quantidade de gordura, o que tem como consequência uma musculatura mais frágil e atrofiada (músculos da mastigação). A pele torna-se mais seca, mais fina e com manchas, sendo mais suscetível a traumas e à exposição solar; a visão, a audição e o paladar diminuem e podem acarretar prejuízos à saúde pela maior ingestão de sal e açúcar; os ossos tornam-se mais frágeis; a postura é prejudicada pela diminuição na altura das vértebras, tornando mais difícil o equilíbrio; a capacidade respiratória diminui em razão da elasticidade da caixa torácica; o aparelho digestivo é prejudicado muitas vezes pela falta de dentes, bem como pela perda da capacidade de metabolização de determinados órgãos; o sistema nervoso central é afetado pela diminuição do fluxo sanguíneo, ocasionando perda de reflexos e lentidão de memória. Saúde bucal por ciclos de vida / organizadores: Leika Aparecida Ishiyama Geniole...[et al.]. / Ed. UFMS : Fiocruz Unidade Cerrado Pantanal / 2011. image5.png image1.jpeg image2.png image3.png image4.png