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Direito Administrativo Apostila do Professor Kanashiro . 58 Controle da Administração Controle Administrativo: é todo aquele que o Executivo e os órgãos de administração dos demais Poderes exercem sobre suas próprias atividades, visando a mantê-las dentro da lei, segundo as necessidades do serviço e as exigências técnicas e econômicas de sua realização, pelo quê é um controle de legalidade e de mérito. Sobre esse tema ficar muito atendo à Súmula 473 do STF e aos arts. 53 a 55 da Lei do Processo Administrativo Federal (Lei 9.784/99) Súmula 473 do STF A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. Ver também os comentários sobre revogação, anulação e convalidação dos atos administrativos. Meios de Controle Administrativo fiscalização hierárquica recursos administrativos (ver arts. 56 a 65 da Lei 9.784/99) prestação de contas (para certos órgãos) Fique Atento: O recurso administrativo pode piorar a situação do recorrente (reformatio in pejus) (art. 64 da Lei 9.784/99), mas a revisão administrativa não pode (art. 65 da Lei 9.784/99) Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão Revisão do Processo Administrativo: (art. 65 da Lei 9.784/99) Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção. Coisa Julgada Administrativa: trata-se apenas de uma preclusão de efeitos internos, ou seja, dentro daquele processo a decisão administrativa está imutável, tornou-se uma decisão administrativa definitiva. A coisa julgada administrativa não tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o “ato jurisdicional” da administração não deixa de ser um simples ato administrativo decisório, sem a força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário O art. 54 da Lei 9.784/99 fixou em 5 anos o prazo (decadencial) o direito de anular atos administrativos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. . Direito Administrativo Apostila do Professor Kanashiro . 59 Controle Administrativo do Poder Judiciário e do Ministério Público CNJ (Conselho Nacional de Justiça – art. 103-B – introduzido pela EC 45/2004) Art. 103-B § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de 1 ano; VI elaborar (6) semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; VII elaborar relatório (1) anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. ( CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público – art. 130-A – introduzido pela EC 45/2004) Art. 130-A § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de (1) um ano; V elaborar relatório (1) anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do MinistérioPúblico no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. Direito Administrativo Apostila do Professor Kanashiro . 60 Controle Legislativo: aquele exercido pelo Poder Legislativo sob os aspectos da legalidade e da conveniência pública, caracterizando-se como um controle eminentemente político, indiferente aos direitos individuais dos administrados, mas objetivando os superiores interesses do Estado e da comunidade. Constituição Federal Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (...) X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; Apesar de não ter caráter sancionatório as conclusões da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) podem apontar irregularidades e encaminhá-las ao Ministério Público Constituição Federal art. 58 § 3º - As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. Fiscalização Financeira e Orçamentária Constituição Federal Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Controle Interno: feito pelos próprios órgãos internos de cada Poder. Controle Externo: feito pelo Poder Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas. No âmbito federal: pelo Congresso Nacional com ou auxílio do Tribunal de Contas da União- TCU. Constituição Federal Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; § 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. Direito Administrativo Apostila do Professor Kanashiro . 61 Controle Judicial: aquele exercido privativamente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e do próprio Judiciário (função administrativa) Características do Controle Judicial: trata-se de um controle a posteriori , ou seja, depois que o ato já foi praticado unicamente de legalidade Fique Atento: Controle Judicial da Administração pelo STF por meio de Súmulas Vinculantes. A EC 45/2004 introduziu o instituto da Súmula Vinculante no art. 103-A da CF, tendo sido regulamentado pela Lei 11.417/2006. A edição de súmula vinculante torna mais ágil e rigoroso o controle judicial. Constituição Federal Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Direito Administrativo Apostila do Professor Kanashiro . 62 COMUM CONTROLE JUDICIAL ESPECIAL Atos Sujeitos a Controle Comum os Atos Administrativos em geral Atos Sujeitos a Controle Especial (apreciação com mais restrições) os Atos Políticos os Atos Legislativo os Atos Interna Corporis Atos Políticos: são aqueles praticados por agentes do Governo, no uso de competência constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação da conveniência e da oportunidade de sua realização, sem se aterem a critérios jurídicos preestabelecidos São atos governamentais por excelência, não se confundindo com atos de simples execução de serviços públicos. O controle vai recair sobre o fato do ato ter ou não excedido os limites discricionários demarcados ao órgão ou autoridade que o praticou. Atos Legislativos: o controle das leis propriamente ditas (normas em sentido formal e material) não ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios processuais comuns, mas sim pela via especial da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) ou mesmo pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) Leis e decretos de efeitos concretos podem ser anulados em procedimentos comuns: mandado de segurança ou ação popular. QUESTÃO PROFUNDEZAS DO NETUNO Decretos Legislativos e sujeitam-se ao controle comum (materialmente Resoluções das Mesas administrativos) Atos “Interna Corporis”: são (somente) aqueles que tratam de questões que estão direta e imediatamente relacionados com os assuntos internos do órgão Legislativo. eleições internas cassação de mandatos concessão de licenças modo de funcionamento da Casa Legislativa elaboração de regimentos internos constituição de comissões organização de serviços auxiliares valoração das votações É permitido ao Poder Judiciário analisar a competência dos órgãos e verificar se há ou não inconstitucionalidades, ilegalidades e violações regimentais nos atos interna corporis.
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