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Direito Administrativo final- Nota 10

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Direito Administrativo 
Apostila do Professor Kanashiro 
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Controle da Administração 
 
Controle Administrativo: é todo aquele que o 
Executivo e os órgãos de administração dos 
demais Poderes exercem sobre suas próprias 
atividades, visando a mantê-las dentro da lei, 
segundo as necessidades do serviço e as 
exigências técnicas e econômicas de sua 
realização, pelo quê é um controle de legalidade 
e de mérito. 
 
Sobre esse tema ficar muito atendo à Súmula 473 
do STF e aos arts. 53 a 55 da Lei do Processo 
Administrativo Federal (Lei 9.784/99) 
Súmula 473 do STF 
A administração pode anular seus próprios atos, 
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, 
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, 
por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em 
todos os casos, a apreciação judicial. 
 
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E 
CONVALIDAÇÃO 
 Art. 53. A Administração deve anular seus 
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, 
e pode revogá-los por motivo de conveniência ou 
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 
 Art. 54. O direito da Administração de anular os 
atos administrativos de que decorram efeitos 
favoráveis para os destinatários decai em cinco 
anos, contados da data em que foram praticados, 
salvo comprovada má-fé. 
 § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, 
o prazo de decadência contar-se-á da percepção do 
primeiro pagamento. 
 § 2o Considera-se exercício do direito de anular 
qualquer medida de autoridade administrativa que 
importe impugnação à validade do ato. 
 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não 
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo 
a terceiros, os atos que apresentarem defeitos 
sanáveis poderão ser convalidados pela própria 
Administração. 
 
Ver também os comentários sobre revogação, 
anulação e convalidação dos atos 
administrativos. 
 
 
Meios de Controle Administrativo 
 fiscalização hierárquica 
 recursos administrativos (ver arts. 56 a 65 
da Lei 9.784/99) 
 prestação de contas (para certos órgãos) 
Fique Atento: 
O recurso administrativo pode piorar a situação 
do recorrente (reformatio in pejus) (art. 64 da Lei 
9.784/99), mas a revisão administrativa não pode 
(art. 65 da Lei 9.784/99) 
 
 Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso 
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total 
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for 
de sua competência. 
 Parágrafo único. Se da aplicação do disposto 
neste artigo puder decorrer gravame à situação do 
recorrente, este deverá ser cientificado para que 
formule suas alegações antes da decisão 
 
Revisão do Processo Administrativo: (art. 65 da 
Lei 9.784/99) 
 Art. 65. Os processos administrativos de que 
resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer 
tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos 
novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de 
justificar a inadequação da sanção aplicada. 
 
 Parágrafo único. Da revisão do processo não 
poderá resultar agravamento da sanção. 
 
Coisa Julgada Administrativa: trata-se apenas 
de uma preclusão de efeitos internos, ou seja, 
dentro daquele processo a decisão administrativa 
está imutável, tornou-se uma decisão 
administrativa definitiva. 
A coisa julgada administrativa não tem o alcance 
da coisa julgada judicial, porque o “ato 
jurisdicional” da administração não deixa de ser 
um simples ato administrativo decisório, sem a 
força conclusiva do ato jurisdicional do Poder 
Judiciário 
O art. 54 da Lei 9.784/99 fixou em 5 anos o prazo 
(decadencial) o direito de anular atos 
administrativos, contados da data em que foram 
praticados, salvo comprovada má-fé. 
 
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Controle Administrativo do Poder Judiciário e do Ministério Público 
CNJ (Conselho Nacional de Justiça – art. 103-B – introduzido pela EC 45/2004) 
Art. 103-B § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira 
do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras 
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo 
expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; 
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos 
administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los 
ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo 
da competência do Tribunal de Contas da União; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra 
seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por 
delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos 
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a 
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções 
administrativas, assegurada ampla defesa; 
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de 
autoridade; 
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais 
julgados há menos de 1 ano; 
VI elaborar (6) semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade 
da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
VII elaborar relatório (1) anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder 
Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo 
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. ( 
 
CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público – art. 130-A – introduzido pela EC 45/2004) 
 
Art. 130-A § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação 
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de 
seus membros, cabendo lhe: 
I zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos 
regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; 
II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos 
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo 
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato 
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos 
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da 
instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a 
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções 
administrativas, assegurada ampla defesa; 
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da 
União ou dos Estados julgados há menos de (1) um ano; 
V elaborar relatório (1) anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do 
MinistérioPúblico no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 
84, XI. 
 
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Controle Legislativo: aquele exercido pelo Poder Legislativo sob os aspectos da legalidade e da 
conveniência pública, caracterizando-se como um controle eminentemente político, indiferente aos 
direitos individuais dos administrados, mas objetivando os superiores interesses do Estado e da 
comunidade. 
 
Constituição Federal 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de 
delegação legislativa 
(...) 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos 
os da administração indireta; 
 
Apesar de não ter caráter sancionatório as conclusões da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) 
podem apontar irregularidades e encaminhá-las ao Ministério Público 
 
Constituição Federal 
art. 58 § 3º - As Comissões Parlamentares de Inquérito, que terão poderes de investigação próprios das 
autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 
um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, 
se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou 
criminal dos infratores. 
 
 
Fiscalização Financeira e Orçamentária 
 
Constituição Federal 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades 
da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle 
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 
 
Controle Interno: feito pelos próprios órgãos internos de cada Poder. 
 
Controle Externo: feito pelo Poder Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas. No âmbito 
federal: pelo Congresso Nacional com ou auxílio do Tribunal de Contas da União- TCU. 
 
Constituição Federal 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de 
Contas da União, ao qual compete: 
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos 
Deputados e ao Senado Federal; 
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo 
Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 
§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas previstas 
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título 
executivo. 
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Controle Judicial: aquele exercido privativamente pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os atos 
administrativos 
do Executivo, 
do Legislativo e 
do próprio Judiciário (função administrativa) 
 
Características do Controle Judicial: 
 
 trata-se de um controle a posteriori , ou seja, depois que o ato já foi praticado 
 unicamente de legalidade 
 
Fique Atento: 
Controle Judicial da Administração pelo STF por meio de Súmulas Vinculantes. 
A EC 45/2004 introduziu o instituto da Súmula Vinculante no art. 103-A da CF, tendo sido 
regulamentado pela Lei 11.417/2006. 
 
A edição de súmula vinculante torna mais ágil e rigoroso o controle judicial. 
 
 
Constituição Federal 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois 
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, 
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual 
e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das 
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete 
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. 
 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula 
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. 
 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente 
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato 
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem 
a aplicação da súmula, conforme o caso. 
 
 
 
 
 
 
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 COMUM 
CONTROLE JUDICIAL 
 ESPECIAL 
 
Atos Sujeitos a Controle Comum 
 os Atos Administrativos em geral 
 
Atos Sujeitos a Controle Especial (apreciação com mais restrições) 
 os Atos Políticos 
 os Atos Legislativo 
 os Atos Interna Corporis 
 
Atos Políticos: são aqueles praticados por agentes do Governo, no uso de competência 
constitucional, se fundam na ampla liberdade de apreciação da conveniência e da oportunidade de 
sua realização, sem se aterem a critérios jurídicos preestabelecidos 
São atos governamentais por excelência, não se confundindo com atos de simples execução de 
serviços públicos. 
O controle vai recair sobre o fato do ato ter ou não excedido os limites discricionários demarcados 
ao órgão ou autoridade que o praticou. 
 
Atos Legislativos: o controle das leis propriamente ditas (normas em sentido formal e material) não 
ficam sujeitos a anulação judicial pelos meios processuais comuns, mas sim pela via especial da 
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) ou 
mesmo pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 
 
Leis e decretos de efeitos concretos podem ser anulados em procedimentos comuns: mandado de 
segurança ou ação popular. 
 
QUESTÃO PROFUNDEZAS DO NETUNO 
Decretos Legislativos 
 e sujeitam-se ao controle comum (materialmente 
Resoluções das Mesas administrativos) 
 
 
 
Atos “Interna Corporis”: são (somente) aqueles que tratam de questões que estão direta e 
imediatamente relacionados com os assuntos internos do órgão Legislativo. 
 eleições internas 
 cassação de mandatos 
 concessão de licenças 
 modo de funcionamento da Casa Legislativa 
 elaboração de regimentos internos 
 constituição de comissões 
 organização de serviços auxiliares 
 valoração das votações 
É permitido ao Poder Judiciário analisar a competência dos órgãos e verificar se há ou não 
inconstitucionalidades, ilegalidades e violações regimentais nos atos interna corporis.

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