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RESERVA MENTAL OU SIMULAÇÃO
Rafaela Magalhães (UNIPAR)
RESUMO
Este trabalho trata de uma análise sobre a simulação, vício do negócio jurídico, bem como a razão de sua nulidade e comparação com o instituto da reserva mental.
PALAVRAS-CHAVE
Negócio Jurídico; Vícios Sociais; Simulação; Nulidade; Reserva mental.
INTRODUÇÃO
Em um Estado que a cada dia a relação jurídica ocorre com maior frequência, não é difícil perceber a realização de diversos negócios jurídicos, que tem como um de seus principais requisitos de validade a declaração de vontade livre e de boa fé, elemento este que vem sendo mitigado pelas partes que intentam de forma secreta o não cumprimento do contrato. Nesta esteira, embasamos o nosso estudo no sentido de analisar se a reserva mental seria, na verdade, uma simulação, ou seja, uma forma simulada de ludibriar a parte contrária ou não.
OBJETIVO
Esclarecer o que é simulação. Compreender a razão de sua nulidade. Analisar porque a reserva mental é uma simulação. 
METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica em livros, periódicos.
DESENVOLVIMENTO
Como sabido, a doutrinadora Maria Helena Diniz brilhantemente leciona o negócio jurídico como sendo “uma norma concreta estabelecida pelas partes”, uma autorregulação dos interesses que contém a enunciação de um preceito, independentemente do querer interno. 
Posto isso, podemos definir negócio jurídico como sendo um ato negocial de uma ou mais vontades, cujos efeitos são escolhidos pelas partes desde que não contrariem a lei. 
Diante do exposto acima, podemos afirmar que uma das principais características dos negócios jurídicos é o elemento volitivo, onde a vontade deve ser declarada de maneira idônea, caso contrário, o negócio torna-se passível de declaração de inexistência (análise do plano de existência) ou de invalidade (análise do plano de validade) gerando, neste caso, a nulidade ou anulação do negócio jurídico, a depender da espécie de vício envolvido.
De acordo com Sílvio de Salvo Venosa (VENOSA, 2003), a vontade livre e de boa fé é suscetível a erros, podendo tornar o negócio jurídico anulável quando a vontade manifestada possui vícios ou defeitos ou até mesmo nulo ou inexistente quando a vontade é totalmente tolhida, ou seja, quando o negócio não possui o seu requisito fundamental.
A ausência do elemento “vontade livre e de boa fé” provoca o chamado "Defeitos do Negócio Jurídico", que se bifurcam em vícios de consentimento e vícios sociais. O primeiro se funda no desequilíbrio da atuação volitiva, ou seja, é um erro de vontade, estabelecendo, assim, uma discordância entre a vontade real e a expressa. Encaixam-se no vício de consentimento o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão, sendo todos estes - exceto a coação física - passíveis de anulabilidade.
No segundo defeito, social, há a intenção de lograr terceiro ou burlar a lei, ou seja, a vontade existe, mas é destinada para prejudicar um outro. Nos vícios sociais se encaixam a fraude contra credores e a simulação.
O termo simulação tem origem no latim simulatio, que significa fingimento, artifício. Juridicamente, pode-se definir simulação como a aparência de um negócio jurídico contrário à realidade. Assim vejamos:
(...) quando o ato existe apenas aparentemente, sob a forma, em que o agente faz entrar nas relações da vida. É um ato fictício, que encobre e disfarça uma declaração real da vontade, ou que simula a existência de uma declaração que se não fez. É uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. (BELVILÁQUA, p. 225, 1980).
A simulação se classifica em absoluta ou relativa.
De acordo com Arnoldo Wald (WALD, 2002), a simulação é absoluta “quando as partes não pretendem praticar, na realidade, ato jurídico algum e o ato simulado não encobre a realização de qualquer outro”.
A simulação relativa, também conhecida como dissimulação, ocorre quando, a par do contrato simulado, existe um pacto dissimulado, que o primeiro visa ocultar, ou seja, 
(...) na simulação relativa há dois contratos: um aparente e outro real que é escondido do terceiro. O contrato verdadeiro que diverge, no seu conteúdo, do contrato aparente, é, como diz Messineo, a verdadeira meta das partes. De regra, o contrato dissimulado se formaliza num instrumento de ressalva.(GOMES, 1998, p. 428)
A simulação relativa se subdivide em subjetiva ou objetiva. A simulação relativa subjetiva tem como foco os participantes do negócio.
Já na simulação relativa objetiva, o enfoque está na natureza, no objeto ou em um dos elementos do contrato. 
Dentro da simulação, existe uma reserva mental, que de acordo com Orlando Gomes (GOMES, 1998 ), é quando há a ocultação da real vontade, que difere da expressa, ou seja, "o declarante mantém na mente o verdadeiro propósito e, o propósito oculto não deixa de ser oculto por ter sido comunicado a terceiro". Ou seja, a reserva mental ocorre quando o agente expõe uma declaração de vontade, contudo, resguarda para si a sua real vontade, que é de não atender ou cumprir o fim pretendido. 
Apesar da tese defendida até o presente momento, e seguindo o raciocínio de Caio Mario da Silva Pereira (PEREIRA, 1982), a reserva mental pode ser vista como uma extensão da simulação, uma vez que o elemento essencial para a realização de um negócio jurídico é o elemento volitivo, e na reserva mental há o mascaramento dessa vontade, o que é análogo à simulação e beneficiará o simulador. 
Assim, podemos afirmar que a reserva mental tem uma ligação fortíssima com a simulação, porém a dita situação só terá alguma relevância jurídica se o declaratário tiver conhecimento desta reserva. Podemos citar como exemplo o empregado que compra o automóvel de seu chefe por ter medo de ser demitido caso não o fizesse. Se o chefe não for capaz de sequer presumir que seu funcionário celebrara o negócio jurídico por medo de ser dispensado, tal ato será um negócio jurídico perfeito.
No entanto, no mesmo caso, se o chefe estiver consciente de que o empregado, na realidade, não desejava comprar o carro, estaremos diante de outra situação, pois houve conhecimento desta reserva mental do declarante (comprador). Desse modo, verificamos que a reserva mental caracteriza um negócio jurídico realizado com a ausência de seu elemento essencial, a vontade livre e de boa fé, de forma enganosa, assim como na simulação.
A reserva mental conhecida é o mesmo que uma simulação unilateral, logo a sanção deve ser a mesma da simulação, por conseguinte, a nulidade do ato.
CONCLUSÃO
Por todo o analisado, afirmamos que, o negócio jurídico celebrado com vício na manifestação de vontade livre e de boa fé, com declaração enganosa de vontade, seja esta unilateral (reserva mental) ou não (simulação), redundará em sua invalidade (nulidade). 
REFERÊNCIAS: 
BEVILÁQUA, C. Teoria Geral do Direito Civil. 2ª ed., Rio de Janeiro, Editora Rio, 1980.
DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 22 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, vol. 1, 2005.
GOMES, O. Introdução ao Direito Civil. 13 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
PEREIRA, C. M. da S. Instituições de Direito Civil. Vol. I. 6ª ed. Rio de Janeiro. Forense. 1982.
 
VENOSA, S. de S.. Direito Civil: parte geral. 3ªed. São Paulo. Atlas. 2003.
WALD, A. Direito civil: introdução e parte geral. 9ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002.

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