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Teoria Geral da Pena

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TEORIA GERAL DA PENA
Prof.º Edigardo Neto
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Teoria Geral da Pena
CONCEITO DE PENA - Sanção imposta pelo Estado - ação penal (devido processo legal) - ao criminoso.
Finalidades:
RETRIBUIÇÃO - ação e reação.
PREVENÇÃO
Geral Negativo – Intimidação da sociedade, destinatária da norma penal;
Geral Positivo – Demonstrando e reafirmando a existência e eficácia do Direito Penal;
Especial Negativo – Intimidação ao autor do delito;
RESSOCIALIZAÇÃO
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Teoria Geral da Pena
PRINCÍPIOS DA PENA
Da personalidade ou da responsabilidade pessoal
Da legalidade
Da inderrogabilidade 
Da proporcionalidade
Da individualização da pena
Da humanidade
TEORIAS DA PENA
Teorias absolutas – Ao mal do crime o mal da pena (lei de Talião). Não se pune para que algo ocorra, mas sim porque o crime foi cometido (assemelha-se a vingança). A idéia de Justiça enquanto equilíbrio é aceita pelo contexto cutural acidente.
Teorias relativas – Pune-se com o fins preventivos.
Teoria eclética - Adotada pelo Brasil, conforme Art. 59 do CP, formada pela soma das posições anteriores.
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Teoria Geral da Pena
ESPÉCIES DE PENAS NO BRASIL (Art. 32, CP).
Privativas de liberdade
Reclusão 
Detenção
Prisão simples 
Restritivas de direitos – Lei nº. 9.714/97
Prestação de serviços à comunidade
Interdição temporária de direitos
Limitação de fim de semana
Prestação pecuniária
Perda de bens e valores 
Multa
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Teoria Geral da Pena
Penas Privativas de Liberdade (Arts. 33 a 42, CP) - Há diferenças no regime de cumprimento de pena e no tratamento processual: nos punidos com reclusão, há maior facilidade para decretação da prisão preventiva; a internação, na medida de segurança é obrigatória; e apenas o Juiz pode arbitrar a fiança.
Sanção de Reclusão (Art. 33, CP). Regimes iniciais:
Fechado (Art. 34, CP): pena superior a 08 anos;
Semiaberto (Art. 35, CP): pena maior que 04 e que não exceda a 08 anos;
Aberto (Art. 36, CP): pena igual ou inferior a 04 anos.
Obs.: Atualmente, é possível que o regime seja apenas agravado, sem a imposição direta de regime fechado (ex.: na condenação a menos de 04 anos de reclusão ao reincidente, que pode ter fixado regime semiaberto – súmula 269 do STJ)
Sanção de Detenção. Regimes iniciais:
Semiaberto (Art. 35, CP): superior a 04 anos;
Aberto (Art. 36, CP): igual ou inferior a 04 anos
Sanção de Prisão Simples – É específica para as contravenções penais, e deverá ser cumprida sem rigor penitenciário em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto, nos termos do Art. 6º da LCP. O preso deverá estar sempre separado dos demais, sendo o trabalho facultativo se a pena não exceder a 15 dias. O regime fechado não pode ser imposto, nem por regressão.
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Teoria Geral da Pena
Sistemas de Cumprimento da Pena Privativa de Liberdade
Sistema da Filalélfia ou Solitary System – isolamento do preso em sua cela;
Sistema de Auburn – isolamento do preso em sua cela durante a noite e trabalho em silêncio durante o dia;
Sistema Progressivo Inglês – a pena é cumprida em diversos estágios, havendo progressão de um regime mais rigoroso para outras fases mais brandas, de acordo com os méritos do condenado e com o cumprimento de determinado tempo.
Regimes de Cumprimento da Pena
Fechado (Art. 34, CP) – A LEP chega a prever a cela individual (Art. 88), trazendo até mesmo espaço mínimo que garanta ao sujeito sua dignidade.
Semiaberto (Art. 35, CP)
Aberto (Art. 36, CP) 
Obs.: Regime aberto domiciliar (situações excepcionais, como o condenado maior de 70 anos, portador de doença grave, possui filho menor ou deficiente físico ou condenada gestante). O preso em tal situação pode ser dispensado do trabalho – Art. 114, parágrafo único, da LEP.
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Teoria Geral da Pena
Progressão e Regressão de Regime de Cumprimento de Pena – É um sistema de bônus e sanções, adotado há séculos como forma idônea de ajudar o indivíduo e adaptar sua personalidade ao convívio social e diminuir a reincidência.
Progressão (É a passagem de regime mais gravoso para outro mais ameno). É vedado a progressão por salto. Requisitos ordinários:
Cumprimento de pelo menos 1/6 da pena no regime anterior;
Mérito do condenado. 
Regressão – É a passagem o regime mais ameno para o mais grave. É possível a regressão por salto. Pode ter por justificativa a prática de crime doloso, de falta grave, ou mesmo a condenação por crime anterior se a soma da pena restante tornar inviável a manutenção do regime.
Obs.: O condenado por crimes contra a administração pública terá a progressão condicionada à reparação do dano que causou. No caso dos crimes hediondos e equiparados, é necessário o cumprimento de 2/5, além do mérito, se não reincidente. Se reincidente, é necessário o cumprimento de 3/5 da pena para a progressão.
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Teoria Geral da Pena
Obs.: O RDD não é um regime de cumprimento de pena. É sim uma sanção disciplinar, gravíssima.
Autorização de Saída
Permissão de Saída (Art. 120, LEP) – No caso de falecimento ou doença grave do cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, ou pela necessidade de tratamento médico. É feita mediante escolta, e o sujeito permanece o tempo todo sob vigilância. Terá a duração que for estritamente necessário para que atinja sua finalidade. Pode ser concedida pelo diretor, mas com controle judicial.
Saída Temporária (Art. 124, LEP) – Funda-se na confiança e no objetivo de ressocialização do condenado. É possível para o proso em regime semi-aberto que tenha cumprido 1/6 da pena, bem como tenha comportamento adequado. Não há escolta, e pode ser concedida por 07 dias, cinco vezes por ano.
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Teoria Geral da Pena
Trabalho do Preso (Art. 39, CP) e Remição – É a contagem dos dias trabalhados como cumprimento de pena, na razão de um dia de pena para cada três dias efetivamente trabalhados. Vale apenas para os regimes fechado e semi-aberto. Se o condenado comete falta grave, perde o direito aos dias remidos, iniciando nova contagem.
Unificação das Penas (Art. 75, CP) – Tempo máximo de cumprimento de penas privativas de liberdade será de 30 anos. Assim, se o indivíduo for condenado a penas cuja soma seja superior a esta marca, haverá unificação, para atender ao limite máximo temporal. Compete ao Juiz das Execuções Penais, conforme o Art. 66, LEP.
Obs.: Se durante o cumprimento sobrevier nova condenação, far-se-á nova unificação, desprezando-se o período de pena já cumprido, respeitando novamente o limite máximo de 30 anos.
Detração penal (Desconto) – É o cômputo na pena privativa de liberdade do tempo de prisão provisória, prisão administrativa ou internação provisória. No caso de penas restritivas de direitos, prevalece entendimento de que é possível, desde que mensurável. No caso de pena de prestação pecuniária, por exemplo, o Juiz deve reduzir valendo-se da equidade. Já no caso da pena de multa, ver-se impossível a detração.
Obs.: A medida de segurança admite a detração para o mínimo de verificação de cessação de periculosidade. 
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Teoria Geral da Pena
Penas Restritivas de Direitos (Lei nº. 9.714/97)
São penas autônomas (efeito principal da condenação), e;
Substitutivas (significa que podem ser aplicadas em substituição, sendo possível perceber que os Art. da Parte Especial não as cominam diretamente). Para que sejam aplicadas, o Juiz deve dosar a pena privativa de liberdade e depois substituir por elas.
Obs.: Há exceções a tal regra na legislação especial, como na nova Lei 11,340/06, que apenas comina penas restritivas de direitos para o Art. 28, e no Código de Trânsito, em que há penas restritivas cumulativas com privativas de liberdade.
Tempo de duração – Será o mesmo da penal privativa de liberdade que substituiu, salvo a exceção do Art. 46, § 4º, CP (prestação de serviços à comunidade com prazo superior a um ano), em que é permitido encurtar o período.
Classificação: 
Específicas – Exigem relação entre a espécie de crime e a espécie de pena, com na interdição temporária de direitos;
Genéricas – As demais, como a prestação de serviços a comunidade e limitação de fins
de semana.
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Teoria Geral da Pena
Requisitos cumulativos:
Crimes dolosos praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa, quando a pena privativa não for superior a 04 anos, ou qualquer que seja a pena se o crime for culposo;
Que o condenado não seja reincidente em crime doloso;
Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indiquem que seja suficiente a substituição.
Obs.: Ainda que reincidente, o Juiz pode aplicar a substituição, desde que, em face da condenação anterior, a medida seja recomendável e a reincidência não tenha se operado em virtude da prática do mesmo crime.
Espécies
Prestação de serviços à comunidade 
É possível apenas nas condenações superiores a 06 meses de privação de liberdade. O tempo de duração é calculado na proporção de uma hora de tarefas diárias por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada de trabalho. Se a pena substituída for superior a 01 ano é facultado abreviação da pena, nos termos do Art. 55, CP.
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Teoria Geral da Pena
Interdição temporária de direitos
Tem, por expressa previsão legal, a mesma duração da pena substituída e se subdivide em:
Proibição do exercício de função pública ou mandato eletivo (Aplicada nos crimes cometidos no exercício de função ou mandato, com violação dos deveres que lhe são inerentes. Aqui é temporária e substitui a privação de liberdade);
Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependa de habilitação especial, licença ou autorização do Poder Público (Só pode ser aplicada nos crimes cometidos no exercício das referidas profissões, atividades ou ofícios com a quebra dos deveres que lhe são inerentes);
Suspensão de habilitação para dirigir veículo (Só é aplicada aos delitos culposos de trânsito não abrangidos pela nova legislação, por exemplo, para as embarcações);
Proibição de frequentar determinados lugares (Deve haver relação entre a sanção e o fato praticado, buscando de forma enfática a prevenção especial – pouco aplicada).
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Teoria Geral da Pena
Limitação de fim de semana
Obrigação do condenado em permanecer durante 05 horas aos sábados e 05 horas aos domingos em casa de albergado ou estabelecimento congênere a fim de ouvir palestras, participar de cursos ou outras atividades educativas.
Prestação pecuniária
Trata-se de pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes, ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo Juiz, 1 e 360 salários-mínimos. O valor será deduzido em eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. 
Não confundir com a pena de multa. Na pena de multa, o descumprimento resulta em conversão do montante em dívida de valor a favor da Fazenda Pública. Se a sanção é de prestação pecuniária, o descumprimento resulta na conversão em pena privativa de liberdade.
Se houver aceitação, a prestação pode consistir em prestação de outra natureza (prestação inominada), como a entrega de cestas básicas ou oferta de mão de obra pelo condenado diretamente à vítima.
Obs.: Conforme o Art. 17 da Lei 11.340/06, não é possível fixação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de entregas de cestas básicas ou outras de prestação pecuniária.
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Teoria Geral da Pena
Perda de bens e valores
Trata-se aqui de pena que impõe ao condenado perda em favor do FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL do montante que tem como teto o prejuízo causado ou a vantagem auferida com a prática criminosa. Os bens perdidos podem ser móveis ou imóveis.
Além da perda de todo patrimônio de origem ilícita (perda do produto do crime), será possível alcançar o patrimônio lícito até o montante do prejuízo ou vantagem do crime. É a nosso ver o único entendimento razoável, lembrando que o destinatário é o fundo mencionado, enquanto que o destinatário do confisco do produto do crime é a vítima.
Conversão da(s) pena(s) restritiva(s) de direito em pena privativa de liberdade. 
Hipóteses:
Condenação superveniente à pena privativa de liberdade – Determina-se a suspensão do seu cumprimento e, se com a condenação tal substituição se tornar incompatível ocorre a conversão.
Descumprimento injustificado da condição imposta 
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Teoria Geral da Pena
 Multa - O critério hoje adotado, foi introduzido no Código Penal com sua reforma de 1984, onde a lei manda fixar a multa através de uma grandeza chamada de DIAS-MULTA. O número de DIAS-MULTA e o valor dos DIAS-MULTA será obtido com a multiplicando de um pelo outro, o resultado é o valor da MULTA a ser paga pelo condenado.
Qual o número de dias-multa? 
A lei diz de 10 a 360.
Qual o critério para situar entre o mínimo e o máximo? Dois critérios:
Deve ser adotado critério similar ao das penas privativas de liberdade, com especial atenção ao binômio gravidade do fato em concreto/culpabilidade do autor;
Capacidade econômica, variando de 1/30 até 5 salários mínimos, onde o valor de cada dia-multa é fixado de acordo com a capacidade econômica do condenado. O resultado da operação pode ser aumentado até o triplo quando, pela excepcional capacidade econômica do condenado, o valor venha a ser incapaz de atingir as finalidades da pena, nos termos do Art. 60, § 1º, CP.
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Teoria Geral da Pena
A multa pode ser:
Isolada – Como nas contravenções penais;
Alternativa – Será imposta pena privativa de liberdade OU multa;
Cumulativa – Imposta pena privativa de liberdade E multa;
Vicariante ou Substitutiva – O Juiz pode substituir a pena privativa de liberdade por pena de multa. É um benefício para o agente, com os seguintes requisitos:
Pena aplicada igual ou inferior a um ano;
Crime cometido sem violência ou grave ameaça;
Que o condenado não seja reincidente em crime doloso, ou, sendo, que não seja pelo mesmo delito;
A medida seja recomendável frente à culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do condenado, motivos e demais circunstâncias do fato.
Cumulação de multas – A posição majoritária na doutrina é a de que as duas multas devem ser somadas, aplicando as duas multas, ou seja, a multa substitutiva da pena privativa de liberdade e a de multa originária cumulativa, pois têm natureza diversa.
Conversão de multa em detenção – Hoje, o não pagamento da pena de multa permite apenas que ela seja considerada dívida de valor, sendo, então, aplicadas as normas da Dívida Ativa da Fazenda Pública (Vara da Fazenda Pública).
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Medida de Segurança
Conceito - sanção de caráter preventivo, aplicada ao sujeito que não tem plena ou parcial capacidade de culpabilidade – IMPUTABILIDADE, em decorrência da prática de uma infração penal, com a finalidade de retirá-lo do convívio social e submetê-lo a tratamento para fazer cessar sua periculosidade (FUNDAMENTO CURATIVO).
 Sistemas:
Duplo Binário – Aplica-se a pena e a medida de segurança, cumulativamente;
Vicariante – Aplica-se PENA OU MEDIDA DE SEGURANÇA (Adotado no Brasil).
Requisitos:
Prática de injusto penal – Deve estar demonstrada a prática de fato típico e antijurídico;
Periculosidade – Potencialidade para a prática de novos atos lesivos;
Inimputabilidade – Incapacidade plena ou parcial para ser responsabilizado, ou seja, o sujeito deve ser portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, capaz de afastar ou diminuir a capacidade de compreender o caráter ilícito do que faz ou portar-se de acordo com tal entendimento.
Prazo - Terá a duração mínima de 01 a 03 anos, após o qual será feito um exame de cessação da periculosidade. Se positivo, o agente será liberado. Se negativo, o exame renovar-se-á a cada ano. 
Obs.: No caso dos semi-imputáveis, deverá ter a pena apenas reduzida (Esse é o critério eleito para permitir ao julgador escolher entre a pena reduzida ou a medida de segurança, de acordo com a perícia médico-legal).
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Medida de Segurança
Tempo máximo – Pela lei, NÃO HÁ PRAZO MÁXIMO, ou seja, trata-se de sanção de prazo indeterminado (É a posição que prevalece). A medida de segurança perdura enquanto perdurar
a periculosidade, apesar de corrente minoritária, pregar que deve-se respeitar o limite da pena em abstrato.
Obs.: O STF pacificou entendimento que a medida de segurança não pode ultrapassar 30 (trinta) anos. O STJ ainda não firmou entendimento no mesmo sentido. No caso da medida aplicada em razão de superveniência de doença mental, o prazo máximo é o da duração da pena convertida.
No caso de ser liberado ou desinternado, a medida de segurança poderá ser restaurada, se antes do decurso de um ano o agente praticar qualquer fato indicativo de sua periculosidade (Não é crime, é qualquer fato que indique que continua perigoso).
Espécies:
Detentiva – Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;
Restritiva – Tratamento ambulatorial.
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Reincidência
Conceito – Ocorre quando o agente, após ter sido definitivamente condenado no Brasil ou no Estrangeiro, pela prática de crime, comete novo crime. (Circunstância agravante genérica).
Hipóteses:
Crime + crime = reincidência
Contravenção + crime = reincidência
Crime + contravenção = não induz
Obs.: Condenação no estrangeiro pela prática de contravenção não gera reincidência. Por outro lado, a condenação no estrangeiro pela prática de crime não precisa ser homologada pelo STF para induzir a reincidência.
	Condenação anterior a pena de multa não gera reincidência (construção jurisprudencial).
Condenações que não induzem:
Crime político;
Crime militar próprio.
O CP traz o chamado PERÍODO DEPURADOR, após o qual a nova prática infracional não é capaz de gerar reincidência, isto é, a chamada PRESQUIÇÃO QUINQUENAL, ou seja, após 05 anos da extinção da pena anterior, a prática de nova infração penal induz reincidência. Se ultrapassado esse tempo gera os MAUS ANTECEDENTES.
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Aplicação da Pena
Elementares – São dados fundamentais da figura típica, sem o qual o crime desaparece (atipicidade absoluta) ou se transforma em outro (atipicidade relativa), ou seja, integra a essência do crime.
Circunstâncias – São dados acessórios da figura típica que orbitam as elementares e têm como função influir na dosagem da pena.
Subjetivas – Se referem ao sujeito, e não ao fato objetivamente considerado. Quais sejam: Primariedade, reincidência, antecedentes, conduta social, menoridade relativa, maioridade senil, motivos do crime.
Objetivas – Dizem respeito ao fato, e não ao agente. Quais sejam: Lugar do crime, meios empregados para a prática do crime, modos de execução, qualidades da vítima, qualidades da coisa.
Na aplicação da pena, o Juiz deve se ater primeiramente aos marcos definidos no preceito secundário da previsão típica (simples ou qualificada), e então combinar as circunstâncias de forma a individualizar a pena. Também podem ser classificadas em judiciais e legais, conforme a disposição no código penal.
 Legais – São as agravantes e atenuantes, causas de aumento e diminuição de pena.
 Judiciais – Nos termos do art. 59 do CP e permitem maior interferência das valorações do julgador, para a aplicação da PENA BASE.
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Aplicação da Pena
Sistema Trifásico (Nelson Hungria) – Segurança jurídica.
1ª Fase – Circunstâncias Judiciais, dentro dos limites previstos no tipo simples ou qualificado;
Se há qualificadoras, para se determinar os limites da pena base;
Segundo o STF, o Juiz deve partir da pena mínima em respeito ao princípio do favor rei, contudo deve ser orientado pelas circunstâncias judiciais;
Fica a critério do Juiz a dosagem de aumento ou diminuição de cada circunstância do Art. 59;
Pena base não pode ultrapassar os limites em abstrato.
2ª Fase – Aplica-se as agravantes e atenuantes genéricas;
Pena base não pode ultrapassar os limites em abstrato, além de ficar a critério do Juiz o quantum do aumento e da diminuição;
3ª Fase – Causas de aumento e diminuição.
A lei já menciona o quantum do aumento e da diminuição, além de poder transcende os limites do tipo simples ou qualificado.
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Aplicação da Pena
São circunstâncias judiciais (Art. 59, CP)
Culpabilidade – Grau de culpabilidade; 
Antecedentes – Apenas as decisões condenatórias com trânsito em julgado que não gerem reincidência caracterizam maus antecedentes, pelo princípio da presunção de inocência;
Obs.: Equívoco muito comum aumentar a pena em virtude de maus antecedentes e, depois, em virtude da reincidência. Trata-se de bis in idem sempre afastado pelos Tribunais. As judiciais são sempre residuais em relação às agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição, pois assim, se a realidade se aplicar a tais características mais específicas que as judiciais, não poderá ser considerada judicial sob pena de repetição.
Conduta social – Forma como o sujeito se relaciona em sua comunidade;
Personalidade do agente – Perfil psicológico;
Motivos – Quando não encontram correspondência nas circunstâncias legais, influem como circunstâncias judiciais;
Circunstâncias e Conseqüências do crime – Repercussão social do fato;
Comportamento da vítima – Pode influir na reprovabilidade da conduta do agente.
Obs.: Também para se evitar o bis in idem, os dados da realidade já considerados no tipo (como a violência no roubo) não podem ser levadas em conta como judiciais.
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Aplicação da Pena
São Circunstâncias Agravantes (Art. 61 e 62, CP) - quando não constituem ou qualificam o crime:
a reincidência; 
 ter o agente cometido o crime: 
por motivo fútil ou torpe;
para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
 contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
em estado de embriaguez preordenada.
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Aplicação da Pena
 Agravantes no caso de concurso de pessoas - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
coage ou induz outrem à execução material do crime; 
instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
 executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
São Circunstâncias Atenuantes (Art. 65 e 66, CP)
ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
o desconhecimento da lei; 
ter o agente:
cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
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Aplicação da Pena
Causas de Aumento e de Diminuição – São aquelas que alteram a pena com o uso de frações, ou seja, aumentam em metade, diminuem em dois terços, de um sexto a dois terços etc. Já as qualificadoras são circunstâncias que alteram os limites da pena base, pois trazem novos limites mínimo e máximo para a sua fixação alterando o preceito secundário.
Observações:
Conflito entra circunstâncias judiciais – As subjetivas ou pessoais prevalecem. No caso de conflito entre as subjetivas, prevalecem os motivos, a personalidade e os antecedentes criminais;
Conflito entre agravantes e atenuantes – Prevalecem as de caráter subjetivo, ou seja, os motivos, personalidade e a reincidência. Acima de todas prevalece a menoridade relativa (menor de 21 anos), por construção da jurisprudência;
Concurso da causa de aumento e diminuição da parte geral e outra de aumento ou diminuição da parte especial – Aplicam-se ambas, sendo aplicada em primeiro lugar a da parte especial;
Concurso entre causa de aumento e diminuição da parte especial – O Juiz limita-se aplicar um só aumento ou uma só diminuição, prevalecendo a que mais aumente ou a que mais diminua;
Concurso entre qualificadoras – Aplica-se apenas uma qualificadora para formar a pena base, e as outras na segunda fase como agravantes para que se evite a ocorrência do bis in idem.

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