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Dança e cotidiano

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KEYLA DE SALES DIAS LIMA 
 
 
 
 
 
 
DANÇA E COTIDIANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2015.02 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O cotidiano há várias décadas vem sendo representado nas artes, sejam elas 
fotografias, quadros, músicas e até mesmo na dança. Não temos a pretensão de fazer um 
novo estudo do que já foi amplamente estudado, porém queremos participar contribuindo 
com a nossa ótica acerca do assunto. Sabemos que estamos apenas dando nossos 
primeiros passos dentro desta arte magnifica que é dançar, mas queremos subir cada 
degrau contribuindo com nosso olhar. 
 
 
Os gestos e movimentos que para muitas pessoas são corriqueiros e sem valor, 
podem ganhar proporções e significações maiores e bem mais expressivas quando o 
olhar do observador ver e percebe através das aparências. (O porquê daquele gesto? O 
que levou o indivíduo a movimentar-se desta forma? Quais reações este determinado 
gesto causará nas outras pessoas? Etc.) E os questionamentos e os sentimentos são 
infinitos. E cada gesto ou movimento, sempre está cercado de expressividade basta um 
olhar mais cuidadoso para perceber. 
 
 
O estudo teórico, a observação e a prática caminham juntos dentro desta área do 
saber é que o Curso de Dança, não importando se é Teoria, Bacharelado ou Licenciatura, 
todos terão que passar por esses três caminhos para o crescimento profissional e 
artístico. E ao final tentaremos na prática demonstrar como os gestos e movimentos do 
cotidiano são dotados de criatividade, sentimentos e expressividades para torna-se 
dança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
Observar gestos e movimentos da vida cotidiana; 
Selecionar movimentos do cotidiano para transformar em dança; 
Reconhecer a potencialidade expressiva dos gestos do cotidiano. 
 
 
JUSTIFICATIVA 
 
Na história da humanidade e em todas as sociedades a dança esteve presente, e 
através dos tempos assumiu uma relevante importância, seja de forma artística, ou como 
objeto de culto aos deuses, celebração e saudação. 
Dançar é uma das mais antigas expressões artísticas: 
 Pré-história: dançava-se pela vida e sobrevivência; 
 Na Grécia: dançava-se porque ajudava nas lutas e na conquista do corpo perfeito; 
 Na Idade Média: a dança tornou-se profana. 
 E no Renascimento surgiu a dança clássica mais especificamente nas cortes da 
Itália e da França. A princípio era somente um meio de diversão dos nobres, 
entretanto com o passar do tempo os passos foram sendo aprimorados e 
codificados. 
 
Com o passar dos anos e a evolução do ser humano, a dança também evoluiu, e 
foram criadas outras modalidades como Dança Moderna, Dança Flamenca, Dança do 
Ventre, Dança de Salão, Dança Contemporânea etc. 
 
Hoje a dança clássica é conhecida por causa de algumas características marcantes, 
tais como: postura corporal rígida, encaixe do quadril e movimentos controlados que 
obedecem a formas pré-estabelecidas etc.. E pelo espírito de liberdade e pela evolução 
natural, surgiu nos Estados Unidos, a Dança Contemporânea que se funde com as várias 
modalidades e tendências estéticas. Admitindo assim a união do acadêmico e do 
moderno; a técnica e o movimento puro e expressivo. Que é o foco deste trabalho. 
 
Queremos demonstrar que o moderno, cotidiano também está repleto de linguagem 
corporal, criatividade, expressividade e dança. 
 
METODOLOGIA 
 
A palavra “contemporaneidade” que compõem o nome desta disciplina é um 
substantivo feminino que significa: qualidade ou condição de ser contemporâneo. E 
“contemporâneo” é um adjetivo que significa: relacionado ao tempo atual. E é exatamente 
ao ponto em que queremos chegar “tempo atual” mais “cotidiano” igual a “dança” 
 
Nas definições de dança contemporânea que retirei da Web diz: Que a Dança 
contemporânea é o nome dado para uma determinada forma de dança de concerto do 
século XX. A dança contemporânea surgiu na década de 60 como uma forma de protesto 
ou rompimento com a cultura clássica. 
 
E observando o cotidiano encontramos gestos e movimentos que nos permitem 
dançar o dia a dia das pessoas que podem estar no banho, em casa, na rua, no celular, 
no ônibus e nos mais diversos lugares, basta um olhar cuidadoso de um observado que 
ame a arte de dançar, e tenha um pouco de criatividade que conseguirá transferir o tempo 
corrido do cotidiano para a dança contemporânea. 
 
Com a dança contemporânea buscamos diferentes alternativas para a construção e 
atualização dos movimentos. Com uma observação mais atenta tentaremos modificar as 
possíveis relações entre corpo e objeto. Trata-se de repensar os signos e atribuir-lhe 
novas interpretações. Lehmann explica bem quando diz que: 
 
O aparato sensorial humano dificilmente suporta a falta de referência. Privado de 
seus nexos, ele procura referências próprias, torna-se “ativo”, fantasia 
“descontroladamente”, e o que lhe ocorre então são semelhanças, conexões, 
correspondências, mesmo as mais remotas. O rastreamento de conexões anda 
junto com a desamparada concentração da percepção nas coisas que se 
oferecem. [...] A sinestesia imanente ao acontecimento cênico, [...] não mais 
consiste em um elemento implícito do teatro como obra de encenação oferecida à 
contemplação, mas em uma oferta explícita da atividade no teatro como processo 
de comunicação. 
Muitas pesquisas já foram realizadas sobre dança clássica, dança contemporânea, 
e as possíveis relações que elas têm com a biologia e cultura do próprio corpo humano, 
que é um sistema complexo e dotado de movimentos. O mundo é um sistema vivo e em 
movimento, de igual forma está o corpo do ser humano, um sistema vivo e também em 
contaste movimento. O que torna isso extremamente interessante e intrigante é que 
ambos se movimentam e um estar dentro do outro. O mundo é o ambiente em que um 
corpo se movimenta e os dois estão vivos e ativos. 
Nesta relação entre mundo e ser humano, ou ambiente e corpo, podemos entender 
uma dança que segundo Greiner explica que o corpo que dança é: 
uma espécie de nexo de sentido que ata ou dá coerência ao fluxo incessante de 
informações entre o corpo e o ambiente; o modo como ela se organiza em tempo 
e espaço é também o modo como as imagens do corpo se constroem no trânsito 
entre o dentro (imagens que não se vê, imagens-pensamentos) e o fora (imagens 
implementadas em ações) do corpo organizando-se como processos latentes de 
comunicação. 
O homem é um ser social, ele necessita está em constante comunicação com seu 
semelhante. Essa comunicação pode ocorre de diversas maneiras inclusive na dança. A 
semiótica (semi = significado; ótica = visão), nos apresenta uma nova forma de olhar as 
coisas, permitindo-nos a dar novos significados para os signos que nos rodeiam. E nos 
lembram de que a realidade é “irreal”, ou seja, é ideia, pensamento e interpretação. 
O corpo tem de se abrir ao espaço, tem de se tornar de certo modo espaço; e o 
espaço exterior tem de adquirir uma textura semelhante à do corpo a fim de que 
os gestos fluam tão facilmente como o movimento se propaga através dos 
músculos. O espaço do corpo, como espaço exterior, satisfaz esta exigência. O 
corpo move-se nele sem enfrentar os obstáculos do espaço objetivo estranho, 
com os seus objetos, a sua densidade, as suas orientações já fixadas, os seus 
pontos de referência próprios. No espaço do corpo, este cria os seus referentes 
aos quais as direções exteriores devem submeter-se (GIL, 2004: p.50). 
A convivência social dar-se-á através do espaço urbano. Contudo o dia a dia 
transcorre tão ligeiramente que nos faz indiferentes, e asdifíceis condições de vida 
colaboram para o distanciamento do homem das atividades culturais e sociais. 
Tentamos mostrar aqui que mesmo distante ou não, percebemos a dança viva e 
presente no cotidiano das pessoas de formas múltiplas. E que a proposta de 
contemporaneidade instiga o questionamento acerca da vida cotidiana. Estas 
performances corroboram a compreensão de que a dança está além do modo fechado, 
submisso e rígido da dança clássica e que a evolução é um processo natural de todas as 
coisas. 
 
Laboratório 
Nossa proposta de coreografia baseasse no laboratório de observação que foi realizado 
por: 
 
KEYLA DE SALES 
No percurso de observação o que tornou-se intrigante foi os gestos e movimentos mais 
simples que na maioria das vezes passam desapercebidos. Como um parar para esperar 
um transporte; a forma de solicitar sua parada; os gestos de uma despedida; como 
bebemos e comemos, seja no dia a dia ou na hora do lazer. Gestos e movimentos que 
realizamos com nosso corpo que nunca pensamos em transferir para uma dança ou 
coreografia por serem “insignificantes” comparados com outros que de alguma forma já 
transmitem algo, por exemplo, a correria do dia é representada pelo andar rápido, já o fato 
de pararmos para esperar o ônibus o que representa? Como vou dançar a ausência de 
movimento se dançar é movimento corporal? 
 
 
Dança música e figurino 
 
Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa - Dançar é fazer movimentos corporais 
rítmicos, sozinho ou acompanhado, geralmente ao som de uma música e seguindo 
passos específicos de determinada dança. Nossa parece que estou descrevendo o 
cotidiano o dia a dia das pessoas. Ao acordar, andar na rua e em transportes públicos 
sempre realizamos os mesmos movimentos com o corpo usando um ritmo para se 
locomover, e que podem estar sozinha. Porém na maioria das ocasiões estão 
acompanhadas que até parecem um corpo de baile. 
 
Para Beethoven, “a música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A 
melodia é a vida sensível da poesia”. E com esse sentimento de vida e dotado de 
sentidos que a música que usaremos neste trabalho nasceu. 
Marcos Vinícius é músico e no seu dia a dia é comum tocar, estudar e ensaiar e foi num 
desses ensaios que ao sentir e deixar fluir, que a música surgiu sem propósito específico 
ele só deixou fluir o que sentia e transferiu para seu instrumento a guitarra. 
A música foi criada e gravada por Marcos Vinícius Oliveira Lima Souza, usando o 
programa SONA e sua pedaleira, inspirado no estilo dos guitarristas: Cacau Santos, 
Carlos Santana e Tom Morello. 
 
O figurino ainda está em processo de construção. Estamos em duvida sobre um figurino 
do dia a dia, cada uma usando uma roupa diferente, ou usando roupas neutras para 
evidenciar o movimento corporal e deixar clara a expressividade dos gestos e movimentos 
do cotidiano. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naify, 2007. 
 
GREINER, Christine. O corpo: pistas para estudos indisciplinares. 3ed. São Paulo: 
Annablume, 2008. 
 
GIL, José. Movimento total: o corpo e a dança. São Paulo: Iluminuras, 2004. 
 
Ludwig Van Beethoven. Disponível em: http://www.citador.pt/frases/a-musica-e-o-vinculo-
que-une-a-vida-do-espirito-a-ludwig-van-beethoven-2644>. Acessado em: 14 de 
dezembro de 2015.

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