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Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional Aula 1 TEMA 1 – O MUNDO E AS ORGANIZAÇÕES ● O mundo é globalizado, exigindo que as organizações se reinventem. ● Novas tecnologias e a internet criaram organizações antes impensáveis (ex: Uber, Google). ● Organizações operam em dois ambientes: interno (gestão) e externo (leis e mercado). ● O fator humano tornou-se ainda mais importante e complexo. ● Classificação evolutiva das organizações segundo Laloux (2017): 1. Organizações Vermelhas – estrutura tribal, poder pela força (ex: máfias). 2. Âmbares – hierarquia rígida, estabilidade e processos (ex: exércitos, igrejas). 3. Laranjas – meritocracia, foco em resultado e inovação (ex: multinacionais). 4. Verdes – foco em pessoas, valores e empoderamento (ex: Starbucks). 5. Teal (Evolutivas) – organizações em rede, propósito coletivo e liderança situacional (ex: AES). As Organizações Evolutivas – Teal - Período: início do século XXI (Holanda) - O total domínio da organização em rede. Katahira (2017) cita pesquisadores utilizando a sigla VICA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo). As organizações têm que ser evolutivas e em constante mudança. Não há hierarquia rígida, e sim liderança situacional, ou seja, adaptativa. O modelo de gestão é participativo e empoderador. O propósito é coletivo, o que desenvolve o indivíduo que o serve, e isso retroalimenta o processo. Um exemplo citado por Laloux com operação no Brasil é a AES (empresa do ramo de energia). TEMA 2 – ORGANIZAÇÃO: SISTEMA VIVO As organizações são analogadas a seres vivos, como o corpo humano, com relações próximas às de uma família. Pesquisadores como Pawar destacam a importância de enxergar as organizações como sistemas que evoluem e se adaptam às mudanças ambientais. Analogia entre organizações e fisiologia humana (segundo Pawar, 2018): • Redes neurais: inteligência organizacional depende da conexão interna e externa. • Retroalimentação endócrina: feedback sistêmico para adaptação contínua. • Memória imunológica: valores e cultura forte identificam ameaças e aprendem com elas. • Rotatividade celular: reinvenção constante preservando a identidade organizacional. • Comunicação celular: mensagens da liderança impactam diretamente no comportamento e aprendizagem organizacional. TEMA 3 – SUBSISTEMAS DE UMA ORGANIZAÇÃO (segundo Padoveze, 2013) Nos séculos XX e XXI, as organizações tiveram que se reinventar por causa do avanço tecnológico, surgimento de novas ferramentas, novas estratégias de mercado (ex.: internet, Uber, Google). Essa necessidade de adaptação constante caracteriza o mundo contemporâneo. 1. Institucional: define missão, visão, valores e modelo de gestão. 2. Gestão: toma decisões com base no institucional. 3. Formal: estrutura organizacional (autoridades e setores). 4. Social: cultura e pessoas da organização. 5. Informação: dados e sistemas que suportam decisões. 6. Físico-Operacional: instalações, equipamentos, produção. Eficiência = fazer bem feito; Eficácia = atingir o objetivo. Padoveze conclui que “os demais subsistemas da organização canalizam suas funções para o sistema físico-operacional”, o que se mostra bastante lógico, já que essa é a camada que efetivamente executa a produção de produtos ou serviços, por meio dos quais a organização se coloca no mercado e realiza seu lucro. TEMA 4 – CULTURA ORGANIZACIONAL • Cultura = “cola” que une os valores da organização. • Percebida no dia a dia, mesmo sem estar formalizada. • Sustentada por: Missão (porque ela existe?) , Visão (onde ela quer chegar?) e Valores (ela explicita quais serão os princípios que regerão as ações necessárias para cumprir sua Missão e realizar sua Visão). • Classificação segundo Handy (2012): Cultura do Poder (Zeus): centralização e decisões rápidas. Cultura de Papéis (Apolo): regras e estruturas rígidas. Cultura de Tarefas (Atena): foco em projetos e resolução de problemas. Cultura de Pessoas (Dionísio): foco no indivíduo e desenvolvimento pessoal. TEMA 5 – MELHORES EMPRESAS PARA SE TRABALHAR • Empresas valorizadas por fatores como diversidade, inclusão, benefícios, oportunidades e ambiente saudável. • Great Place to Work (2019): • Baseado em cinco dimensões: Credibilidade, Respeito, Equidade, Orgulho e Camaradagem. Os funcionários devem enxergar a organização como uma entidade confiável, e que sua credibilidade se reflita em suas ações dentro e fora de seus muros. Precisam se sentir respeitados pela administração, e saber que a organização avalia as percepções dos funcionários quanto ao ambiente de trabalho e quanto às ações da organização. Acreditam que as ações da organização em relação aos funcionários são equânimes, e a organização avalia a percepção dos funcionários quanto à justiça de suas práticas. Os funcionários devem sentir orgulho do quanto colaboram individualmente para a engrenagem da organização, e devem sentir orgulho de pertencer àquela organização em particular. Por fim, devem enxergar a organização como uma comunidade, e não somente um local de trabalho. A organização avalia o quanto se sentem suportados e acolhidos. • Modelo de Confiança (Trust Model©) se aplica tanto ao ponto de vista dos colaboradores quanto dos gestores. • The Twelve Attributes of a Truly Great Place to Work (Schwartz, 2011): • Salários justos, participação nos lucros, conforto, alimentação saudável, oportunidades de aprendizado, respeito, clareza de expectativas e propósito maior que o lucro. a) Comprometa-se a pagar a todos os funcionários um salário digno - A distância entre os maiores e menores salários também precisa ser observada. b) Faça com que todos os funcionários participem do sucesso da empresa - Distribua lucros em qualquer formato, reconhecendo o bom trabalho. c) Pense em ambientes de trabalho que sejam seguros - Também devem ser confortáveis e atraentes para trabalhar. d) Ofereça alimentos saudáveis e de qualidade - Pratique os menores preços possíveis. e) Crie locais para os funcionários descansarem durante a jornada de trabalho - Incentive-os a fazer pequenas pausas renovadoras. f) Ofereça uma academia in company - Incentive os funcionários a se movimentar fisicamente e manter a forma. g) Defina expectativas claras e específicas de como o trabalho do funcionário será considerado bem-sucedido - Dê o máximo de autonomia possível para o seu funcionário. h) Implemente avaliações de desempenho bidirecionais - Os funcionários devem receber e oferecer feedback. i) Reafirme sempre aos líderes e gerentes que são responsáveis por tratar todos os funcionários com respeito e cuidado - Incentive-os a reconhecer os colaboradores regularmente pelas contribuições positivas que fazem. j) Crie políticas que incentivem os funcionários a reservar um tempo para se concentrar sem interrupção em suas prioridades - Dê-lhes tempo para realizar projetos pelos quais são especialmente apaixonados e que têm o potencial de agregar valor à empresa. k) Ofereça aos funcionários oportunidades e incentivos contínuos para aprender, desenvolver e crescer - Devem desenvolver novas hard skills e soft skills, que os beneficiam como indivíduos e como gerentes e líderes. l) Represente ideais que vão além dos lucros - Crie produtos ou forneça serviços ou sirva a causas que claramente agregam valor no mundo, possibilitando aos funcionários extrair sentido de seu trabalho. O que é digno de nota é que o foco está nas pessoas. Não importa o quão moderna, equipada ou rica a organização seja, ela precisa respeitar, acolher e desenvolver as pessoas, ou não será uma boa empresa para se trabalhar. Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional Aula 2 TEMA 1 – Desenvolvimento Organizacional (DO) Conceito e Evolução Histórica • O Desenvolvimento Organizacional (DO) estuda as organizações como sistemas sociais complexos, abordando sua estrutura, processos e normas. • Busca conciliar os objetivos organizacionais com os desejos dos colaboradores. • Cronologia do DO (1911 a 1990) inclui: • Taylor e a Administração Científica• Burocracia de Max Weber • Teoria das Relações Humanas (experiências de Hawthorne) • Dinâmica de Grupos de Kurt Lewin • Psicologia Organizacional, Reengenharia, Gestão da Qualidade, e a “Quinta Disciplina” de Peter Senge. Definição de DO segundo French e Bell (1981) • DO é um esforço de longo prazo para melhorar a capacidade de resolver problemas e promover renovação organizacional. • Envolve: • Gerenciamento colaborativo da cultura organizacional • Foco em equipes formais de trabalho • Atuação de um agente de mudança (catalisador) • Uso de ciência comportamental aplicada • Utilização da pesquisa-ação (modelo participativo de diagnóstico e ação). Elementos Importantes no DO • Equipes formais: base estrutural da organização, frequentemente modernizadas. • Agente de mudança: profissional com experiência para impulsionar mudanças com objetividade. • Ciência comportamental aplicada: inclui psicologia, sociologia e antropologia para entender o comportamento humano organizacional. • Pesquisa-ação: promove a participação ativa de todos os envolvidos no processo de mudança. Teoria da Eficácia Gerencial de Reddin (1977) • Gerente Eficaz: • Foca em resultados, mesmo que não siga os processos organizacionais. • Criativo, inovador, busca maximizar lucros. • Gerente Eficiente: • Segue procedimentos corretos, otimiza recursos e reduz custos. • É um resolvedor de problemas, mas pode ser menos inovador. A teoria é usada para provocar reflexões sobre estilo de liderança e práticas de gestão. Importância Estratégica do DO • Ajuda as organizações a se entenderem historicamente e se prepararem para o futuro. • Contribui para mudanças sustentáveis considerando fatores internos e externos. • Fortalece a competitividade, satisfação dos colaboradores e clima organizacional. TEMA 2 – Desenvolvimento Organizacional (DO) na prática Modelo Lawrence e Lorsch (1969) • Implementação baseada em ciclo contínuo Diagnóstico x Ação. • 4 Fases: Diagnóstico, Planejamento da Ação, Implementação da Ação e Avaliação. • Pilares Conceituais: • Diferenciação e Integração: trabalho dividido por setores deve ser integrado. • Defrontamentos: conflitos entre organização x ambiente, grupos x grupos, indivíduo x organização – base para diagnóstico. • Cada tipo de defrontamento sugere ações: estruturais, comportamentais ou ambas. Por que implementar o DO? • Resolver dificuldades, aumentar competitividade e autoconhecimento organizacional. • Aumenta satisfação, engajamento e produtividade dos colaboradores. • Melhora o clima organizacional. Intervenções de Desenvolvimento Organizacional Base: Cummings & Worley (2009) Divididas em quatro categorias: 1. Intervenções nos Processos Humanos • Individuais: Coaching e comunicação interpessoal. • De Grupo: Estrutura e funcionamento dos grupos. • Terceira Parte: Mediação de conflitos. • Team Building: Integração de equipes por meio de atividades colaborativas. • Reunião de Confronto Organizacional: Diagnosticar problemas e alinhar metas. • Inter-relações entre Grupos: Diagnóstico de conflitos e proposição de ações. • Grandes Grupos: Incluem membros estratégicos em discussões amplas. 2. Intervenções Tecnoestruturais • Design Organizacional: Reengenharia, downsizing, redes organizacionais. • TQM (Total Quality Management): Melhoria contínua, Lean, Six Sigma. • Work Design: Desenho do trabalho baseado em competências e produtividade. • Enriquecimento do Trabalho: Aumentar autonomia e desafio das tarefas. 3. Intervenções no Gerenciamento de RH • Gerenciamento de Performance: Metas, avaliações, recompensas. • Desenvolvimento de Talentos: Coaching, planos de carreira e liderança. • Diversidade: Inclusão e valorização da pluralidade. • Bem-estar: Programas de stress, equilíbrio vida-trabalho. 4. Intervenções de Mudanças Estratégicas • Transformacional: Alterações estruturais e operacionais de alto impacto. • Contínua: Aprimoramento progressivo e constante (Learning Organizations). • Transorganizacional: Atua além da empresa (parcerias, fusões etc.). TEMA 3 – Mercado como Vetor de Desenvolvimento Conceito de Mercado • Mercado: espaço físico ou virtual onde ocorrem trocas de bens e serviços. • As organizações estão inseridas nesse ambiente e precisam evoluir para sobreviver, crescer e superar a concorrência. • O mercado é o principal vetor de desenvolvimento organizacional devido ao seu dinamismo e constantes transformações. As Cinco Forças de Porter (2008) Ferramenta estratégica para análise da competitividade: 1. Ameaça de Novos Entrantes: • Depende das barreiras de entrada (custos, regulações, tempo, etc.). • Baixas barreiras = maior risco de entrada e maior competição. • Exemplo: abertura do mercado de telecomunicações no Brasil nos anos 90. 2. Ameaça de Produtos Substitutos: • Produtos com função similar e custos mais baixos podem ameaçar empresas estabelecidas. • Exemplo: a ascensão da Netflix e o fim das locadoras de vídeo (como a Blockbuster). 3. Poder de Negociação dos Compradores: • Quando compradores têm poder, exigem preços menores e qualidade maior. • Exemplo: setor de papel e celulose, com poucos compradores que ditam as condições. 4. Poder de Negociação dos Fornecedores: • Poucos fornecedores e muitos compradores = fornecedor domina. • Exemplo: Microsoft e Apple impõem preços altos e pouca negociação. 5. Rivalidade entre Concorrentes Existentes: • Disputa diária por preço, inovação, marketing, serviços. • Gera pressão por diferenciação e inovação constante. • Essa força estimula o ciclo de desenvolvimento competitivo contínuo. Conclusão: o mercado desafia as organizações a evoluírem e se adaptarem, tornando-se um motor de transformação estratégica. TEMA 4 – Projetos: Ferramenta Essencial para o Desenvolvimento Organizacional Importância dos Projetos • Uma organização que deseja crescer e se adaptar ao mercado precisa realizar projetos. • Cada plano de desenvolvimento deve ser tratado como um projeto estruturado, com base em boas práticas. Definição segundo o PMI (PMBOK, 2017) • Projeto: esforço temporário para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. • Características dos projetos: • Planejamento, execução e controle • Orçamento e recursos limitados • Cronograma definido • Metas de custo, qualidade, segurança e prazo As 5 Etapas de um Projeto (conforme o PMBOK) 1. Início (Start-up): • Identificação da necessidade (problema ou oportunidade). • Registro das metas e resultados esperados. 2. Planejamento: • Etapa crítica e muitas vezes subestimada. • Inclui definição de cronograma, custos, qualidade, recursos humanos e plano de compras. • Quanto mais detalhado, menor o risco de imprevistos. 3. Execução: • Colocação em prática do planejamento. • Maior duração do ciclo do projeto. • Envolve gerenciamento de erros, crises e orçamento. 4. Monitoramento e Controle: • Relatórios constantes para a direção. • Avaliação do progresso e cumprimento de objetivos. 5. Encerramento: • Divulgação dos resultados. • Auditoria interna ou externa. • Discussão de lições aprendidas (lessons learned) para prevenir erros futuros. Benefícios da Gestão de Projetos para o DO • Agilidade nas decisões com hierarquia clara. • Cumprimento de prazos estratégicos (ex: lançamento sazonal). • Melhor aproveitamento de recursos com controle orçamentário. • Menos imprevistos, graças ao planejamento rigoroso. Conclusão: a aplicação da metodologia de projetos é essencial para a eficácia e sustentabilidade do Desenvolvimento Organizacional, tornando-o mais preciso, mensurável e orientado a resultados. TEMA 5 – Organizações que se Desenvolvem = Pessoas que Aprendem Organizações que aprendem (segundo Peter Senge, 2010) • O desenvolvimento organizacional depende do aprendizado contínuo das pessoas. • Senge apresenta cinco disciplinas essenciais para uma organização que aprende: 1. Domínio Pessoal: • Desenvolvimento contínuo das capacidades individuais. • A capacitação dos colaboradores impulsiona o alcance das metas da organização. 2. ModelosMentais: • Incentivo ao pensamento crítico, questionamento e inovação. • A cultura organizacional deve estimular a revisão de crenças e práticas. 3. Visão Compartilhada: • Construção coletiva de objetivos. • Gera engajamento duradouro e comprometimento com o futuro da organização. 4. Aprendizado em Grupo: • Aprendizado individual em benefício do grupo. • Fortalece a sinergia e a colaboração entre equipes. 5. Raciocínio Sistêmico: • Integra as outras quatro disciplinas. • Permite enxergar o todo, compreender interconexões e tomar decisões mais estratégicas. O raciocínio sistêmico é a base da organização que aprende. Comparativo: Organizações que aprendem vs. que não aprendem Resultados de investir em capital humano (segundo ELM, 2021) • Maior satisfação e redução da rotatividade de colaboradores. • Formação de um senso de comunidade organizacional. • Ambiente de aprendizado estimula inovação e novas soluções. • Compartilhamento do conhecimento como base do sucesso. • Desenvolvimento de colaboradores mais inteligentes e preparados. Conclusão: Organizações que incentivam o aprendizado contínuo se tornam mais fortes, adaptáveis e competitivas em um mundo cada vez mais instável e complexo. O capital humano é o novo diferencial estratégico. Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional Aula 3 TEMA 1 – Criação do Conhecimento na Organização 1. Importância da Criação do Conhecimento: • O conhecimento organizacional é uma fonte de vantagem competitiva. • Organizações são vistas como entidades vivas que criam e evoluem por meio do conhecimento. • A principal razão para criar conhecimento é manter produtos e serviços competitivos. 2. Visões Estratégicas: • Segundo Nonaka e Takeuchi (2008), existem duas visões para criação do conhecimento: • Visão de Posicionamento: Foco no ambiente externo (categoria, indústria, mercado). • Visão Baseada em Recursos: Foco nos recursos internos da organização. • O ideal é uma síntese entre ambas as visões. 3. Transformação de Dados em Conhecimento: • Dados → organizados → se tornam informações. • Informações → interpretadas → viram conhecimento. • A criação de conhecimento requer gestão ativa, recursos financeiros, infraestrutura e suporte. 4. Entrada e Ampliação do Conhecimento: • O conhecimento entra na organização por meio do indivíduo. • Para não se perder, deve ser compartilhado – esse processo é chamado de espiral do conhecimento. Conhecimento Tácito vs. Explícito: 5. Conceitos Iniciais: • Tácito: Subjetivo, pessoal, baseado em experiência e difícil de expressar. • Explícito: Formalizado e documentado (textos, vídeos, infográficos). Modelo SECI (Espiral do Conhecimento): 6. Quatro Modos de Conversão do Conhecimento: • a. Socialização: Tácito → Tácito. Por meio da convivência e trabalho em equipe. • b. Externalização: Tácito → Explícito. Organização de ideias para ensino. • c. Combinação: Explícito → Explícito. Sistematização e armazenamento. • d. Internalização: Explícito → Tácito. Aprender fazendo, prática baseada em teoria. 7. Dimensões do Conhecimento (Nonaka e Takeuchi): • Epistemológica: Transição entre conhecimento tácito e explícito. • Ontológica: Níveis de conhecimento – individual, grupal, organizacional, interorganizacional. Gráfico (Figura 1): Processo do Conhecimento em Espiral • Representa as transições de conhecimento entre indivíduos e grupos. • Explica como o conhecimento se move nas duas dimensões (epistemológica e ontológica) conforme os processos SECI. TEMA 2 – Conhecimento Tácito e Explícito 1. Referência Teórica: • Nonaka e Takeuchi (2008) são os principais autores nesse campo. • O conhecimento organizacional se apoia na conversão contínua entre o tácito e o explícito. 2. Definições segundo Michaelis (2021): • Tácito: Implícito, pessoal, subjetivo, difícil de explicar. • Explícito: Claro, coerente, formal, fácil de transmitir. 3. Características do Conhecimento Tácito: • Baseado na prática, experiência e valores pessoais. • Subjetivo, difícil de ser codificado. • Possui duas dimensões: • Técnica: Habilidades profissionais adquiridas com a prática (ex: costureiro, chef, piloto). • Cognitiva: Visão de mundo, valores, modelos mentais. 4. Transmissão do Conhecimento Tácito: • Pode ocorrer por tentativa e erro (ex: ensinar uma criança a andar de bicicleta). • Envolve convivência, observação e prática direta. 5. Características do Conhecimento Explícito: • Pode ser expresso em palavras, números, imagens, sons etc. • Externalizado, registrado, armazenado e transmitido sistematicamente. • Ex: manuais, apostilas, vídeos de treinamento. 6. Complementaridade entre Tácito e Explícito: • Não são opostos, mas complementares. • Na aprendizagem organizacional, há um ciclo constante de conversão entre os dois tipos. 7. Ciclo SECI – Modelo de Criação do Conhecimento Organizacional: Conforme Nonaka e Takeuchi, o conhecimento é transmitido e multiplicado por meio de quatro processos: • a. Socialização: • Tácito → Tácito (indivíduo para indivíduo). • Compartilhado por meio da experiência direta. • b. Externalização: • Tácito → Explícito (indivíduo para grupo). • Através do diálogo e reflexão, ideias são formalizadas. • c. Combinação: • Explícito → Explícito (grupo para organização). • Informações explícitas são sistematizadas e aplicadas. • d. Internalização: • Explícito → Tácito (indivíduo para grupo/organização). • O conhecimento é internalizado pela prática (“aprender fazendo”). 8. Figura 2 – Ciclo SECI do Conhecimento • Representa visualmente o ciclo de transformação entre os conhecimentos. • Mostra como o saber oriundo da prática e o saber teórico interagem e se retroalimentam. • É um modelo dinâmico e cíclico fundamental para o desenvolvimento do capital intelectual da organização. TEMA 3 – Transferência do Conhecimento na Organização 1. Mudança de Paradigma: • Antigamente, o conhecimento era visto como poder restrito. • Hoje, embora continue sendo uma forma de poder, deve ser compartilhado. • Compartilhar conhecimento amplia sua força e é parte do capital intangível das organizações. 2. Conhecimento como Capital Imaterial: • O conhecimento dos colaboradores é um ativo estratégico. • Está ligado à qualidade, inovação tecnológica e competitividade. • Por isso, investir em pesquisa e treinamentos é essencial. 3. Fatores que Influenciam a Transferência de Conhecimento: a. Tempo: • A falta de tempo é uma barreira comum. • Treinamentos que ajudam na gestão do tempo são fundamentais. b. Idioma: • O idioma usado deve ser acessível aos colaboradores. • Caso contrário, há risco de falhas graves na comunicação. c. Empoderamento: • O conhecimento confere poder ao indivíduo. • É comum o medo de perder o emprego ao compartilhar saber tácito. • A organização deve recompensar e valorizar quem compartilha. d. Credibilidade: • É essencial entre quem transmite e quem recebe conhecimento. • O ministrante precisa ter experiência e habilidade de comunicação. • Os receptores devem confiar que o treinamento trará benefícios reais. 4. Sistemas de Recompensa: • Palavras não bastam: é necessário recompensar concretamente. • Exemplos: aumentos salariais, promoções, prêmios e reconhecimento. 5. Ferramentas de Treinamento: • As tradicionais lousas foram substituídas por: • Recursos audiovisuais. • Treinamentos à distância. • Apostilas, simuladores, plantas-piloto e soluções personalizadas. 6. Estratégias de Transmissão do Conhecimento: • Contato pessoal (tácito para tácito): Depende das relações humanas. • Codificação do conhecimento (tácito para explícito, ou explícito para explícito): Mais dependente da tecnologia. • Mesmo com tecnologia, o engajamento das pessoas é indispensável. 7. Armazenamento do Conhecimento: • O conhecimento explícito (e, quando possível, o tácito) deve ser registrado e guardado. • É necessário investir em: • Tecnologia da informação. • Registros impressos (ainda úteis para atividades em campo). 8. Conclusão: • O conhecimento continua sendo poder, masdeve ser compartilhado. • Esse compartilhamento fortalece o capital intelectual da organização e gera vantagens competitivas sustentáveis. TEMA 4 – Conceituando Competência 1. O que é Competência? • Segundo Fleury e Fleury (2000), competência é: “Um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.” • A organização é entendida como um portfólio de competências. 2. Tipos de Competência Organizacional: a. Competência em Processos: Conhecimento sobre como os processos de trabalho são realizados. b. Competência Técnica: Conhecimentos específicos sobre o produto (mais do que sobre o processo). c. Competência de Organização: Conhecimento da estrutura organizacional e dos fluxos de trabalho. d. Competência de Serviço: Avalia o impacto do produto ou serviço sobre o cliente. e. Competência Social: Foca na qualidade dos relacionamentos entre os membros da organização e seus comportamentos. 3. Focos Estratégicos das Organizações: Segundo Fleury e Oliveira (2001), as organizações podem buscar vantagem competitiva em três áreas: a. Excelência Operacional: Busca eficiência, redução de custos, bom preço e bom atendimento. b. Inovação no Produto: Foco em produtos inovadores e de alto valor agregado, por meio de investimento em P&D (pesquisa e desenvolvimento). c. Orientação para Serviço: Produtos ou serviços customizados, desenvolvidos com base na proximidade e no estudo do cliente. 4. Competências Individuais: Classificadas por Fleury e Oliveira (2001) em três blocos: a. Técnicas Profissionais: Conhecimentos específicos como finanças, desenho técnico, operação de máquina, etc. b. Sociais: Relacionadas à interação com pessoas (ex: comunicação, negociação, trabalho em equipe, gestão de mudanças). c. De Negócio: Compreensão do mercado, dos objetivos da empresa, clientes, concorrência e ambiente externo. 5. Hard Skills e Soft Skills: Hard Skills: • Técnicas, mensuráveis, ensináveis em sala de aula. • Ex: engenharia, programação, operação de máquina. • São aprendidas por meio de educação formal, cursos, manuais, etc. Soft Skills: • Subjetivas, mais difíceis de ensinar e medir. • Relacionadas ao comportamento e personalidade. • Ex: liderança, comunicação, empatia, automotivação. • Desenvolvidas por meio de autoconhecimento, coaching, terapias, dinâmicas, cursos específicos. Observação Importante: • Hoje, é imprescindível combinar hard skills com soft skills para o desenvolvimento profissional completo. • Ambas contribuem para o aprendizado contínuo e o crescimento nas organizações. Figura 3 – Hard Skills e Soft Skills: • Ilustra a complementaridade entre habilidades técnicas e comportamentais. • Mostra como ambas se integram ao processo de aprendizagem e desenvolvimento organizacional. TEMA 5 – Gestão do Conhecimento: Abordagem Conceitual 1. Focos da Gestão do Conhecimento (GC) segundo Fleury e Oliveira (2001): A GC envolve múltiplas dimensões e objetivos dentro das organizações, incluindo: • Aprendizado individual e organizacional (ligado à cultura organizacional). • Relações entre pessoas e áreas da empresa, além de conexões externas. • Desenvolvimento de competências, tanto individuais quanto organizacionais. • Mapeamento, codificação e compartilhamento do conhecimento existente. • Conectividade entre pessoas, favorecendo a troca de saberes. • Uso da tecnologia da informação e comunicação para alavancar esse processo. • Mensuração do capital intelectual, que representa o valor do conhecimento na empresa. 2. Objetivo Central da GC: • Potencializar a capacidade das empresas de utilizar e combinar diferentes fontes de conhecimento. • Promover o desenvolvimento de competências específicas e inovação contínua, gerando: • Novos produtos. • Processos otimizados. • Sistemas de gestão eficientes. • Liderança de mercado. 3. Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Organizacional (DO): • A GC deve estar alinhada com as estratégias de DO. • As organizações precisam envolver amplamente seus colaboradores, não apenas setores isolados. • O ambiente competitivo exige que o desenvolvimento e a inovação ocorram de forma abrangente. 4. Políticas de Gestão do Conhecimento: Devem integrar diferentes planos e níveis organizacionais, incluindo aspectos formais e informais. Figura 4 – Gestão do Conhecimento: Planos e Dimensões (baseado em Fleury e Oliveira, 2001): a. Visão e Estratégia da Organização: • Definidas pela alta administração. • Determinam os campos do conhecimento a serem desenvolvidos. b. Cultura Organizacional: • Deve incentivar inovação, aprendizado contínuo e comprometimento com a estratégia. c. Estrutura Organizacional: • Estruturas mais flexíveis e multidisciplinares são favorecidas. • Diferem das antigas hierarquias rígidas, promovendo maior autonomia. d. Políticas de RH (Recursos Humanos): • Retenção de talentos: seleção com base em conhecimento, capacidade de aprendizagem e diversidade. • Plano de carreira: alinhado ao desenvolvimento de competências. • Remuneração: vinculada à aquisição de novas competências. e. Sistemas de Informação: • Fundamentais para gerar, armazenar e disseminar conhecimento. • A tecnologia é essencial, mas não substitui o contato humano e a participação ativa dos indivíduos. f. Mensuração de Resultados: • Resultados do DO devem ser avaliados e divulgados como conquistas da organização. g. Organização x Ambiente Externo: • O DO deve se estender para relações com comunidade, fornecedores, clientes e até concorrentes. 5. Capital Humano: • É a mola propulsora da geração de conhecimento e valor nas empresas. • Formado por valores, normas, competências, habilidades e atitudes de cada colaborador. Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional Aula 4