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Ensino Médio - Trama das Linguagens - Música

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Gabriela

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Celso de Melo Filho • Renata Facury
Livro de Formação Continuada
Linguagens e suas Tecnologias
CAMINHOS PARA A PRÁTICA DOCENTE
LINGUAGENS
dasTRAMAS
MúsicaMúsicaMúsica
Livro do Professor
ENSINO MÉDIO
CAPA_PV_Objeto3_PNLD21_M.indd 3CAPA_PV_Objeto3_PNLD21_M.indd 3 1/13/21 12:29 PM1/13/21 12:29 PM
M
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Linguagens e suas Tecnologias
CAMINHOS PARA A PRÁTICA DOCENTE
LINGUAGENS
dasTRAMAS
CELSO DE MELO FILHO
Bacharel em Música pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG). 
Mestre em Artes pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp-SP). 
Redator da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Fundamental, componente Arte 
(3ª versão). 
Arte-educador na Escola Municipal de Iniciação Artística (Emia), de São Paulo (SP). 
Músico, ator e escritor, com experiência em ações culturais, como o Programa de Iniciação Artística 
(PIÁ), de São Paulo (SP).
RENATA FACURY
Pós-graduada em Música com capacitação de docentes em Música Brasileira pela Faculdade Anhembi 
Morumbi. 
Bacharela em Música pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM-SP). 
Coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Iniciação Artística (Emia), de São Paulo (SP). 
Arte-educadora da rede particular de ensino em São Paulo (SP).
MÚSICA
1a EDIÇÃO
São Paulo - 2021
Livro do Professor
ENSINO MÉDIO
Frontis_Objeto3_PNLD21_M.indd 2Frontis_Objeto3_PNLD21_M.indd 2 1/13/21 12:28 PM1/13/21 12:28 PM
Presidência: Paulo Serino
Direção editorial: Lauri Cericato
Gestão de projeto editorial: Alice Ribeiro Silvestre
Coordenação editorial: Mirian Senra
Edição: Ângela Cruz, Thaís Cornetta, Cláudia Letícia Vendrame Santos 
e Kátia Scaff Marques 
Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha
Revisão: Lilian Semenichin (coord.), Ana Maria Alves Curci, 
Andreia Oliveira Alves, Cárita Ferrari Negromonte, Daniela Gomes 
Uemura, Fernanda Guerriero Antunes, Gabrielle Navarro, Janaína Taís 
da Silva, Jeferson Paiva dos Santos, Maíra de Freitas Cammarano, 
Maria Gabriela Rodrigues de Castro, Mirna Acras Abed Moraes 
Imperatore, Penelope Elena Alves Brito, Sandra Garcia 
e Thaís Bressan Nacif
Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.), 
Renato Akira dos Santos (edição de arte), 
Avits Estúdio Gráfico Ltda. (diagramação)
Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.), 
Evelyn Torrecilla (pesquisa iconográfica), Emerson de Lima (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.), 
Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.)
Design: Flávia Dutra, Tatiane Porusselli e Noctua Art (proj. gráfico), 
Noctua Art (capa)
Foto de capa: Westend61/Getty Images
Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A.
Avenida Paulista, 901, 4o andar
Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200
Tel.: 4003-3061
www.edocente.com.br
atendimento@aticascipione.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Angélica Ilacqua - CRB-8/7057
2021
Código da obra CL 720088
CAE 753862 (PR)
1a edição
1a impressão
De acordo com a BNCC.
Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens 
presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões 
de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, 
eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, 
são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Impressão e acabamento
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S U M Á R I O
Carta ao(a) professor(a) .................................................................5
Introdução ao volume de Música ..................................................6
Abordagens teórico-metodológicas da obra ............................7 
Objetivos ........................................................................................................ 8
Justificativas ................................................................................................. 8
Conceitos primordiais da BNCC 
abordados na obra .................................................................................... 9
Organização da obra ................................................................................ 9
A formação da proposta ...................................................................... 10
Abordagens teórico-metodológicas 
que embasam cada dimensão ...................................................... 11
Atividades e/ou vivências propostas 
em cada dimensão ......................................................................... 15
Bibliografia comentada .................................................................22 
UNIDADE 1 – MAPEANDO TERRITÓRIOS ........... 26
PARA COMEÇAR .............................................................................27 
Objetivos ......................................................................................................27
Justificativas ...............................................................................................27
Competências gerais da Educação Básica ...................................28 
Considerações sobre as dimensões .................................................28 
CAPÍTULO 1 – TERRITÓRIOS MUSICAIS ..............30
Competências gerais da Educação Básica .................................. 30
Competências específicas da área 
de Linguagens e suas Tecnologias ....................................................31 
Sentidos dos sons ........................................................................... 31
O que é música ............................................................................... 32
Para refletir ................................................................................................32
Outros sistemas musicais............................................................. 33
Experimente! ............................................................................................. 34
Ampliando a escuta ...................................................................... 34
Atividade 1 – Descobrindo os sons 
à nossa volta ............................................................................................. 34
Experimente! ..............................................................................................36 
Territórios musicais ....................................................................... 38
As quatro funções da escuta de Schaeffer ..................................38
Para refletir .................................................................................................39
Territórios e cartografias.............................................................. 39
O território hegemônico ............................................................... 41
Explorando territorialidades ...................................................... 43
Uma reflexão sobre gênero e estilo musical ...........................44
Experimente! ............................................................................................. 45
Componentes extramusicais dos territórios: 
um olhar para a interdisciplinaridade ....................................... 45
Atividade 2 – Criando uma cartografia ......................................... 46
CAPÍTULO 2 – TERRITÓRIOS MUSICAIS DA 
JUVENTUDE .............................................................48
Competências gerais da Educação Básica .................................. 48
Competências específicas da área de Linguagens 
e suas Tecnologias .................................................................................. 49
Cultura escolar 3 culturas juvenis ............................................Justificativa: por meio do exercício com os estu-
dantes, o professor pode ter uma visão ampla de 
como se dá a autoavaliação e suas possibilidades 
de desdobramento no percurso do processo peda-
gógico. O professor poderá perceber como os es-
tudantes se transformam no decorrer do processo, 
tornando-se mais autônomos.
Material: dispositivos de reprodução de áudio, lou-
sa ou quadro, cartolinas ou papéis Kraft (para o 
quadro de autoavaliação), papéis, canetas ou lápis.
Procedimento: aplicação de uma atividade de es-
cuta, acompanhada de autoavaliação durante todo 
o processo.
Tempo: delimitado pelo professor, a depender de 
como ele deseja que o processo seja desenvolvido.
CAPÍTULO 9 
Atividade 1 – Debate de projetos
Objetivos
 ■ Conhecer e praticar um planejamento em equipe, 
por meio de metodologias ativas.
 ■ Elaborar um planejamento em comum com os pro-
fessores da área.
 ■ Utilizar a defesa de um tema como forma de mobi-
lizar o engajamento dos estudantes.
 ■ Experimentar maneiras de fomentar o protagonis-
mo dos estudantes.
Justificativa: para ser aplicadas, as metodologias 
ativas devem ser entendidas na prática, experimen-
tando e vivenciando maneiras diversificadas e cria-
tivas de aplicá-las. Além disso, a realização de um 
planejamento comum entre os docentes da área de 
Linguagens e suas Tecnologias pode ser uma estra-
tégia para integrar os componentes e fomentar a 
interdisciplinaridade.
Material: recursos para registro e exposição de proje-
tos, como lousa ou quadro, cartazes, computadores, 
projeção de slides ou outros materiais disponíveis.
Procedimentos: elaborar um planejamento com um 
tema comum, primeiro com o grupo de professores 
da área de Linguagens e suas Tecnologias e, posterior-
mente, com os estudantes. 
Tempo de duração: o tempo de preparação é livre, 
a depender da disponibilidade e necessidades do 
grupo. A exposição e o debate dos projetos pode 
ser realizado em um ou dois encontros.
Atividade 2 – Projeto Acústico para o espaço es-
colar
Objetivos
 ■ Planejar e realizar mudanças nas paisagens sono-
ras da escola.
 ■ Realizar um projeto integrado entre estudantes, 
docentes e gestão escolar.
 ■ Analisar criticamente os sons dos ambientes da es-
cola.
 ■ Refletir sobre ações para minimizar o impacto dos 
sons indesejáveis no ambiente escolar.
 ■ Conscientizar os estudantes sobre a ecologia acús-
tica e a poluição sonora.
Justificativa: pensar na ecologia acústica e traba-
lhar para obter melhorias nas relações com os sons 
pode contribuir para o desenvolvimento do traba-
lho com o Tema Contemporâneo Transversal Meio 
Ambiente. A questão sonora está intimamente li-
gada à saúde e ao bem-estar da população e, nes-
se caso, da instituição escolar. Apurar os ouvidos 
para os sons que nos rodeiam, ser capaz de distin-
guir entre aqueles que podem causar malefícios e 
buscar formas de contornar a poluição sonora, um 
dos males do século, nos leva a pensar em estra-
tégias de melhorias do nosso ambiente acústico. 
A realização de um projeto integrado com envol-
vimento de estudantes, professores e gestão pode 
favorecer o protagonismo e as noções de perten-
cimento dos estudantes com o espaço escolar.
Material: recursos diversos para registro de pesqui-
sa e planejamento (cadernos, gravadores, câmeras, 
entre outros), e específicos para ações de cons-
cientização.
Procedimentos: pesquisa dos sons dos ambientes 
da escola, elaboração de um plano e realização de 
ações preventivas e de interferências no espaço.
Tempo de duração: os docentes envolvidos devem 
avaliar e determinar a duração desta atividade, que 
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vai depender do ritmo de trabalho e da pesquisa 
dos estudantes.
CAPÍTULO 10 
Atividade 1 – Mapeando conexões
Objetivos
 ■ Mapear e refletir sobre as redes de relações entre 
os docentes de uma mesma instituição ou área de 
conhecimento.
 ■ Conhecer as habilidades coletivas de um grupo de 
professores.
 ■ Fomentar oportunidades de planejar projetos em 
grupo.
 ■ Valorizar e reconhecer os saberes da instituição.
 ■ Proporcionar a integração entre os docentes.
Justificativa: para realizar um trabalho efetivo em 
área é preciso que os docentes se conheçam, iden-
tifiquem interesses comuns, saberes e visões de 
mundo que facilitem a criação de projetos comuns 
e interdisciplinares. Além disso, o reconhecimento 
das particularidades dos professores de uma insti-
tuição pode revelar aspectos a serem explorados e 
potencializados em trabalhos com os estudantes e 
a comunidade.
Material: cartolina ou papel Kraft, canetas hidrocor, 
giz de cera, tintas ou qualquer material disponível 
para registros.
Procedimentos: narrativa oral, registros e discussão.
Tempo de duração: um encontro de uma ou duas 
horas, a depender do número de participantes.
Atividade 2 – Criação de um portfólio
Objetivos
 ■ Recapitular e organizar o conjunto de atividades e 
vivências realizadas.
 ■ Identificar reverberações da formação no trabalho 
docente.
 ■ Selecionar vivências e criações que tenham sido 
significativas.
 ■ Recordar anotações, criações e atividades desen-
volvidas com os docentes e os estudantes.
 ■ Avaliar o processo formativo.
 ■ Pensar em maneiras de dar continuidade à forma-
ção e ao projeto de vida.
Justificativa: a criação de um portfólio tem sido um 
procedimento de autoavaliação de percursos peda-
gógicos e também pode ser aplicado em vivências 
de caráter formativo, de modo que os docentes se-
jam capazes de exercitar essa ferramenta para apli-
cá-la, posteriormente, com os estudantes. O port-
fólio é efetivo, pois mobiliza a seleção do material 
trabalhado, identificando com assertividade aquilo 
que se mostrou significativo e evidenciando o pro-
cesso de aprendizado.
Material: pode ser feito com impressões de textos, 
fotografias e registros diversos. Também pode ser 
realizado virtualmente, com a inserção de vídeos 
em plataformas digitais, como blog.
Procedimento: seleção de registros e materiais 
para elaboração de portfólio.
Tempo de duração: livre.
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Na tabela a seguir, apresentamos um mapeamento do trabalho realizado com as quatro dimensões, em cada uma das 
atividades do livro. A dimensão principal da atividade é indicada assim como a secundária, quando aborda outra di-
mensão com menor ênfase. Ao ser nomeada como parcial, isso indica que essa dimensão é contemplada brevemente, 
como um aspecto entrelaçado àquele que está em foco na vivência.
Capítulo Atividade Dimensão 1 Dimensão 2 Dimensão 3 Dimensão 4
Capítulo 1
Descobrindo os sons à nossa volta principal parcial
Criando uma cartografia principal parcial
Capítulo 2
Recuperando memórias da juventude principal parcial
Mapeando os territórios musicais dos 
estudantes
principal parcial
Capítulo 3
Mapa afetivo principal parcial
Cartografando os sons principal parcial
Capítulo 4
Vivenciando elementos da topografia 
musical
principal parcial
Escrita sonora principal parcial
Capítulo 5 
Criação de narrativas pessoais com 
playlists
principal parcial
Cartografia do trabalho docente principal parcial
Capítulo 6
Escuta em movimento principal parcial parcial
Tamborilada principal parcial
Capítulo 7
Os saberes de um território secundária principal parcial
Exercitando um planejamento secundária parcial principal parcial
Capítulo 8
Conhecendo o próprio modo de avaliar parcial principal
Aplicando a autoavaliação parcial principal
Capítulo 9
Debate de projetos principal secundária
Projeto Acústico para o espaço escolar principal secundária
Capítulo 10
Mapeando conexões principal secundária
Criação de um portfólio secundária principal
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Unidade 1
ARROYO, Margarete. Escola, juventude e música: tensões, 
possibilidades e paradoxos. Em Pauta, Porto Alegre, v. 18, 
n. 30, jan.- jun. 2007. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/
EmPauta/article/view/7465. Acesso em: 4 nov. 2020.
Esse artigo traz resultados da pesquisa “A escola e a 
interação de adolescentes e música popular: estudos 
críticos analisados sob uma perspectiva sociomusical da 
interação humano-música”. Apresenta um mapeamento 
de pesquisas que discutem as articulações entre a 
escola e as culturas juvenis, refletindo criticamente 
sobre essa instituição como local de interação e sobre a 
música popular.
ARROYO, Margarete. Juventudes, músicas e escolas: 
análise de pesquisas e indicações para a área da 
educação musical. Revista da Abem, Porto Alegre, v. 21, 
53-66, mar. 2009.
Nesse artigo, Margarete Arroyo apresenta o resultado de 
uma pesquisa que mapeou e analisou dez dissertações 
de mestrado e uma tese de doutorado que tratam da 
articulação entre juventude, música e escolas, produzidas 
no Brasil entre 2000 e 2007.
ARROYO, Margarete. Mundos musicais locais e educação 
musical. Em Pauta, Porto Alegre. v. 3, n. 20. jun. 2002. 
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/
view/8533/0. Acesso em: 12 nov. 2020.
Esse artigo trata das práticas musicais locais, chamadas 
de “mundos musicais locais”, segundo a abordagem 
sociocultural da educação musical. O estudo, realizado 
em uma escola da cidade de Uberlândia (MG), 
traz interpretações relacionadas às experiências 
musicais naqueles mundos e a aprendizagem de suas 
práticas musicais.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação 
Básica. Secretaria de Educação Básica, 2018. Base 
Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.
Versão integral e consolidada da Base Nacional Comum 
Curricular, que abrange a Educação Infantil, o Ensino 
Fundamental e o Ensino Médio.
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil. São 
Paulo: Peirópolis, 2003.
Esse livro apresenta um novo olhar para a música, 
quebrando alguns paradigmas do ensino da música 
tradicional e propondo reflexões teóricas e práticas 
pautadas no seu próprio trabalho e no de pesquisadores 
como Delalande, Paynter, M Shafer e Koellreutter.
CAMPOS, Augusto de. Prefácio. In: CAGE, John. De 
segunda a um ano: novas conferências e escritos de John 
Cage. São Paulo: Hucitec, 1985.
Nessa obra, o compositor John Cage apresenta reflexões 
sobre outras possibilidades de compreender o mundo, 
que vão além dos aspectos musicais e se aproximam de 
aspectos sociais, relacionando essas ideias a pensamentos 
de autores como N. O. Brown, Marshall McLuhan, 
Buckminster Fuller, Marcel Duchamp e Jasper Johns. 
COLLOT, Michel. Poética e filosofia da paisagem. Rio de 
Janeiro: Editora Oficina Raquel, 2013.
Michel Collot mostra outras formas de se pensar a paisagem 
e outras formas de se viver a paisagem. Traz a relação 
poética entre pessoa/paisagem por meio da experiência.
CONVERLEY, Merlin. A arte de caminhar: o escritor 
caminhante. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
O autor reflete, nesta obra, sobre a ação da caminhada 
relacionada à criação: formas diferentes de caminhadas 
que traçam um percurso e, com ele, tornam-se fontes 
inesgotáveis de inspiração e questionamento, utilizados nos 
processos artísticos.
DAYRELL, Juarez. A escola “faz” as juventudes? Reflexões 
em torno da socialização juvenil. Educ. Soc., Campinas, 
v. 28, n. 100 – Especial, p. 1105-1128, out. 2007. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0101-
73302007000300022&script=sci_abstract&tlng=pt.
Acesso em: 3 nov. 2020.
O artigo discute as relações entre juventude e escola, 
propondo reflexões e problematizações acerca do lugar da 
escola nos processos de socialização, sobretudo dos jovens 
de condição econômica menos favorecida.
DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da 
juventude. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 28, 
n.1, p. 117-136, jan./jun. 2002. Disponível em: https://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1517-97022002000100009. Acesso em 6 jan. 2021.
Esse artigo aborda a pesquisa realizada com grupos 
musicais juvenis da cidade de Belo Horizonte, discutindo 
a importância deles nos processos de socialização e 
refletindo sobre os significados de pertencer a um conjunto 
musical e sobre as construções simbólicas, em articulação 
com a própria vida de jovens de condição social periférica. 
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. São Paulo: 
Editora 34, 2019. v. 1.
Nesse primeiro volume, Deleuze e Guattari apresentam sua 
visão filosófica e o conceito de rizoma, que é a chave para o 
entendimento dos demais volumes e temáticas tratadas no 
decorrer dos “platôs”, modo com os pensadores nomeiam 
os capítulos, que não são compreendidos de modo linear, 
mas como “uma região contínua de intensidades”.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. São Paulo: 
Editora 34, 2020. v. 4.
Nesse quarto volume da obra, Deleuze e Guattari tratam 
do conceito de ritornelo e do entendimento de território 
e apropriam-se de algumas noções para compor seu 
entendimento próprio de territórios musicais.
DINIZ, Francisco Perpetuo Santos; DA COSTA, Ana Cristina 
Lima; DINIZ, Raimundo Erundino Santos. Territórios, rizomas 
e o currículo na escola. Ver a Educação, [on-line], v. 12, n. 
2, p. 313-328, jul./dez. 2011. Disponível em: https://www.
periodicos.ufpa.br/index.php/rve/article/view/1015. Acesso 
em: 7 jan. 2021.
Os pesquisadores discutem o currículo escolar na 
perspectiva da formação de um território-rizoma, em uma 
proposta flexível, não hierárquica e interdisciplinar, segundo 
o pensamento de Deleuze e Guattari.
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
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https://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/view/7465
https://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/view/7465
https://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/view/8533/0
https://seer.ufrgs.br/EmPauta/article/view/8533/0
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022002000100009
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022002000100009
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022002000100009
https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/rve/article/view/1015
https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/rve/article/view/1015
DONATO, Davi. As quatro funções da escuta de Pierre 
Schaeffer e sua importância no projeto teórico do Traité. 
Debates. Unirio, n. 16, p. 32-51, jun. 2016. Disponível em: 
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4122518/mod_
resource/content/0/%20as%204%20escutas%20-%20
Davi%20Donato.pdf. Acesso em: 3 nov. 2020.
O artigo que discute um do pontos centrais de Traité 
des Objects Musicaux, de 1966, obra do músico, 
escritor e engenheiro Pierre Schaeffer, no qual ele traça 
reflexões sobre a teoria das quatro funções da escuta e 
suas implicações para a compreensão do pensamento 
schaeferiano.
FERRAZ, Silvio. Músicas e Territórios. Polêm!ca – Revista 
Eletrônica, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 1-15, out./dez., 2010. 
Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.
php/polemica/article/viewFile/2815/1942. Acesso em: 3 
nov. 2020.
Esse artigo propõe um outro olhar para as práticas musicais 
relacionadas aos territórios, que são sonoros táteis e 
visuais. Tem como referência Pierre Schaeffer e a ideia de 
ritornelo e territorizalização desenvolvidos por Deleuze e 
Guattari, em Mil platôs.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, 
conhecimento e descrição. Tradução de Fábio Creder. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. (Coleção Antropologia).
Nesse livro, o autor parte da ideia de que a vida deve 
ser vivida do jeito que ela é. Estar no mundo significa 
percebê-lo de outras maneiras; não basta se mover, deve 
estar atento e vivo para enxergá-lo em suas múltiplaspossibilidades. Estar vivo em toda sua potência.
MORIN, Edgar. Da necessidade de um pensamento 
complexo. In: MARTINS, Francisco Menezes; SILVA, Juremir 
Machado da (org.). Para navegar no século XXI: tecnologias 
do imaginário e cibercultura. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.
Esse artigo de Edgar Morin distingue o pensamento simples 
do pensamento complexo. Para o autor, o pensamento 
complexo se dá na percepção das múltiplas conexões 
criadas e percebidas entre os mais diversos campos de 
pesquisas e disciplinas.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Traços de colonialidade na 
educação superior em música do Brasil: análises a partir 
de uma trajetória de epistemicídios musicais e exclusões. 
Revista da Abem, Londrina, v. 25, n. 39 , p. 132-159. jul.-dez. 
2017. Disponível em: http://www.abemeducacaomusical.
com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/
article/view/726. Acesso em: 6 jan. 2021.
Esse artigo trata da importância de olhar para a música 
além da ocidental e de perceber como somos afetados 
por uma cultura imposta sem nos dar conta de que, com 
isso, nos mantemos presos numa tradição engessada e 
historicamente imposta.
SANTOS, Boaventura Souza; MENESES, Maria Paula. 
Epistemologias do Sul. Coimbra/Portugal: Edições 
Almedina S. A., 2009.
Este livro traz os principais pensamentos dos autores do 
livro relacionados aos conflitos sociais que insurgem na 
contemporaneidade partindo do conceito do epistemicídio.
SHAFER, R. Murray. A afinação do mundo: uma 
exploração pioneira pela história passada e pelo atual 
estado do mais negligenciado aspecto do nosso 
ambiente: a paisagem sonora. Tradução de Marisa Trench 
Fonterrada. 2. ed. São Paulo: Editora da Unesp, 2011. 
O autor apresenta um relato sobre como o 
desenvolvimento tecnológico afetou o mundo na questão 
dos sons. Nos tempos antigos, não havia carros e as 
cidades eram essencialmente rurais, mas, após a Revolução 
Industrial, houve o crescimento desenfreado das cidades e 
da tecnologia a serviço da população. Schafer analisa como 
tudo isso reverbera na questão sonora dos lugares. 
SHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Editora 
da Unesp, 1991.
Esse livro apresenta novos paradigmas no entendimento 
do que é música. Por meio de análises sobre os sons 
e sobre como reconhecer os sons do cotidiano como 
material composicional, Shafer nos leva a dimensões do 
pensamento contemporâneo nada tradicionais a respeito 
do fazer musical. 
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história 
das músicas. São Paulo: Companhia da Letras, 1989.
Ao propor novos olhares para a música, este livro quebra 
o paradigma da música tradicional ocidental. Fala de sons, 
e não de notas músicais, fala de frequências sonoras e da 
importância do dinamismo entre o som e o silêncio.
Unidade 2
BRASIL. Poder Executivo. Decreto nº 1.331-A, de 17 de 
fevereiro de 1854. Ementa Approva o Regulamento 
para a reforma do ensino primario e secundario no 
Municipio da Côrte. Coleção das Leis do Império do 
Brasil, Brasília, DF, tomo 17, parte 2, Seção 12, 17 fev. 1854. 
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-
publicacaooriginal-115292-pe.html. Acesso em: 16 nov. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 
1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l9394.htm. Acesso em: 6 nov. 2020.
BRASIL. Senado Federal. Decreto nº 981, de 8 de 
novembro de 1890. Ementa Approva o regulamento 
da instrucção primaria e secundaria do Districto 
Federal. Coleção de Leis do Brasil, Brasília, DF, 1890. 
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-
publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 6 nov. 2020.
BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter educador: o 
humano como objetivo da educação musical. São Paulo: 
Peirópolis, 2001.
Nesse livro, Teca Alencar de Brito fala sobre sua 
convivência com H. J. Koellreutter e como dialoga com seu 
pensamento de educação musical. Descreve a abordagem 
pedagógica de Koellreutter, seus princípios, e como se 
aproxima da contemporaneidade com o modo de pensar a 
educação musical.
BRITO, Teca Alencar de. Um jogo chamado Música: 
escuta, experiência, criação, educação. São Paulo: 
Peirópolis, 2019.
A autora fala sobre a importância da improvisação e da 
criação musical e apresenta jogos musicais como uma das 
ferramentas primordiais no trabalho da educação musical. 
Explica, comenta e contextualiza jogos diversos, munindo 
o(a) professor(a) com rico referencial pedagógico-musical.
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https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4122518/mod_resource/content/0/%20as%204%20escutas%20-%20Davi%20Donato.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4122518/mod_resource/content/0/%20as%204%20escutas%20-%20Davi%20Donato.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4122518/mod_resource/content/0/%20as%204%20escutas%20-%20Davi%20Donato.pdf
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/viewFile/2815/1942
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/viewFile/2815/1942
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/726
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/726
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/726
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publicacaooriginal-115292-pe.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-publicacaooriginal-1-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-publicacaooriginal-1-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-publicacaooriginal-1-pe.html
DE GAINZA, Violeta Hemsy. La iniciación musical del 
niño. Manuales Musicales Ricordi.Buenos Aires, Argentina: 
Ricordi Amerciana, 1964. 
Apresenta um panorama geral da iniciação musical e traça 
alguns caminhos possíveis para que oprofessorpense em 
sua abordagem pedagógica musical.
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas 
e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: 
Editora da Unesp, 2005.
Marisa Fonterrada apresenta o perfil histórico da música 
na sociedade com foco na educação musical. A partir do 
movimento musical que ocorre ao longo dos tempos, narra 
os diversos métodos ativos que surgiram como resposta 
ao desenvolvimento da música e as formas de lidar com o 
aprendizado de seus elementos fundamentais
JOSSO, Marie-Christine. A transformação de si a partir da 
narração de histórias de vida. Educação, Porto Alegre, v. 
XXX, n. 63, set.-dez., Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul, 2007, p. 413-438. Disponível em: http://www.
redalyc.org/articulo.oa?id=84806302. 
Acesso em: 18 nov. 2020.
Texto em que autora trata de aspectos de sua metodologia 
de formação com base na narração de histórias de vida e 
nos modos como essas narrativas, centradas na formação 
ao longo da vida, revelam formas e sentidos múltiplos de 
existencialidade.
LARROSA, Jorge. Experiência e alteridade em educação. 
Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 19, n. 2, p. 4-27, jul./
dez. 2011.Artigo em que Larrosa aborda diversos aspectos de suas 
reflexões sobre a experiência e suas dimensões em um 
trabalho educacional, trazendo ainda fragmentos de outros 
textos seus sobre essa temática.
MENUHIN, Yehudi; DAVIS, Curtis W. A música do homem. 
São Paulo: Martins Fontes, 1981.
Apresenta um relato sobre a música ao longo do tempo, 
desde sua origem até o século XX, e como ela se 
desenvolveu acoplada às mudanças sociais e políticas.
MORIN, Edgar. Da necessidade de um pensamento 
complexo. In: MARTINS, Francisco Menezes; SILVA, 
Juremir Machado da (org.). Para navegar no século XXI: 
tecnologias do imaginário e cibercultura. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 2000.
O autor trata da dimensão da vida humana conectada a 
diversos fatores que se entrelaçam e demonstram que 
o indivíduo é formado por contextos políticos, sociais, 
econômicos e culturais, e que cada indivíduo, apesar de 
singular, é formado de maneira global.
PINEAU, Gaston. As histórias de vida em formação: 
gênese de uma corrente de pesquisa-ação-existencial. 
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 329-343, 
maio/ago. 2006.
Artigo que traz uma abordagem histórica sobre pesquisas 
e práticas que trabalham com histórias de vida no período 
de 1980 a 2005. O autor é um dos precursores dessa linha 
de estudos, interpretada como corrente de pesquisa ação-
formação-existencial.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Música na escola: aspectos 
históricos da legislação nacional e perspectivas atuais a 
partir da Lei 11.769/2008. Revista da Abem, Londrina, v. 20, 
n. 29, p. 23-38, jul.-dez. 2012. Disponível em: http://www.
abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.
php/revistaabem/article/view/88. Acesso em: 6 jan. 2020.
Nesse artigo, o autor aborda o trajeto da música pela 
história no país mediante as legislações brasileiras.
SANTOS, Regina Márcia Simão. A Natureza da 
Aprendizagem Musical e suas Implicações Curriculares. 
Análise Comparativa de Quatro Métodos. In: Fundamentos 
da Educação Musical, v. 2, Abem, 1994.
A autora discute as questões ligadas ao aprendizado formal 
da música na abordagem de autores como Dalcroze, Orff, 
Paynter e Suzuki.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música 
popular – Da modinha à lambada. São Paulo: 
ART Editora, 1991.
José Ramos Tinhorão, nessa obra sobre a música brasileira, 
aborda diversos gêneros, partindo da modinha, passando 
pelo lundu e maxixe, até a lambada, que foi popular na 
mídia brasileira na década de 1980.
Unidade 3
COSME, Ariana; TRINDADE, Rui. Área de projeto percursos 
com sentidos. Lisboa/Portugal: Edições ASA, 2002.
Este livro elucida os eixos estruturantes da Metodologia 
de Projeto, buscando nortear o leitor por caminhos 
bem definidos por meio da apresentação de propostas 
de intervenções concretas, com exemplos práticos, 
contribuindo para a sua implementação durante as 
abordagens pedagógicas.
DEMO, Pedro. Educação, Avaliação Qualitativa e Inovação. 
Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira, 2012.
Nesse texto, o autor trata da questão da avaliação 
quantitativa, considerada fundamental nos processos de 
aprendizagem, pois auxilia os estudantes na elaboração 
do pensamento autônomo como processo relevante da 
ampliação dos saberes.
DEMO, Pedro. Mitologias da avaliação: de como ignorar, 
em vez de enfrentar os problemas. Campinas: Autores 
Associados, 2010.
Os estudantes são apresentados nessa obra como sujeitos 
históricos marcados por acontecimentos diversos, seja de 
caráter social, seja emocional, seja cultural, seja artístico, e 
devem ser considerados na sala de aula, durante o percurso 
de ensino e aprendizagem interseccionado com o processo 
avaliativo.
DIAS DE OLIVEIRA, Adelson et al. Documentação 
Narrativa de Experiências Pedagógicas: saberes docentes 
do Ensino Médio rural a partir da realidade da escola. 
Márgenes, Revista de Educación de la Universidad de 
Málaga, 1 (3), 230-249, 2020. Disponível em: https://
revistas.uma.es/index.php/mgn/article/view/9494. Acesso 
em: 11 dez. 2020.
Artigo que parte de uma pesquisa de doutorado para 
refletir sobre os caminhos da experiência-formação 
desenvolvidos por meio da documentação narrativa de 
experiências pedagógicas com professores do Ensino 
Médio rural do município de Juazeiro (BA).
FERNANDES, Domingos. Avaliar para aprender: 
fundamentos, práticas e políticas. São Paulo: Editora da 
Unesp, 2009.
O livro trata das diferentes modalidades de avaliação 
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https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84806302
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84806302
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/88
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/88
http://www.abemeducacaomusical.com.br/revistas/revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/88
alternativas, reforçando a importância e a necessidade do 
processo avaliativo no percurso da aprendizagem, além de 
focar na avaliação que valoriza a interação nas salas de aula 
e no processo de ensino e aprendizagem na metacognição 
e na autorregulação.
HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: 
Artmed Editora, 2001.
Hadji aborda a avaliação sobre a lógica de algo que possa 
passar da utopia à ação, quando regula o progresso dos 
estudantes e fornece pistas para a continuidade do percurso 
que sejam relevantes para o aprendizado do estudante.
PAIVA, Marlla Rúbya Ferreira; PARENTE, José Reginaldo 
Feijão; QUEIROZ, Ana Helena Bomfim. Metodologias 
ativas de ensino-aprendizagem: revisão integrativa. 
Sanare, Sobral, v. 15, n. 2, p. 145-153, jun./dez. 2016. 
Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/
article/view/1049. Acesso em: 11 dez. 2020.
Esse estudo analisa o uso de metodologias ativas da 
aprendizagem com base em uma revisão integrativa 
da literatura, que aborda cenários de aplicação dessas 
metodologias desde a educação básica até o ensino 
superior, com predomínio nos cursos da área de saúde.
RIBEIRO, Elizabete Aparecida Garcia; PUNHAGUI, Giovana 
Chimentão; DE SOUZA, Nadia Aparecida. Autoavaliação × 
autonotação – aproximações e afastamentos na formação 
de professores autorregulados. Educação – Revista do 
Centro de Educação, Santa Maria, v. 39, n. 2, p. 403-414. 
Universidade Federal de Santa Maria, maio-ago, 2014. 
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/
article/view/6379. Acesso em: 11 dez. 2020.
Com base em uma pesquisa realizada no curso de 
Licenciatura em Pedagogia, de uma universidade pública 
paranaense, o texto analisa a importância das práticas 
autoavaliativas nos processos de ensino e aprendizagem, 
demonstrando como a autorregulação corresponde a essa 
prática, auxiliando o estudante a interagir ao processo de 
forma autônoma.
SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São 
Paulo: Moderna, 2003.
Esse livro discute o pensamento de Swanwick sobre a 
música como metáfora e como isso se relaciona com a 
metodologia da educação musical abordada por ele. No 
terceiro capítulo, Swanwick discorre sobre a avaliação 
musical e suas dimensões, assim como sobre sua 
importância na construção do conhecimento durante o 
aprendizado musical. 
VALENTE, José Armando; DE ALMEIDA, Maria Elizabeth 
Bianconcini; GERALDINI, Alexandra Fogli Serpa. 
Metodologias ativas: das concepções às práticas em 
distintos níveis de ensino. Revista Diálogo Educacional, 
Curitiba, v. 17, n. 52, p. 455-478, abr./jun. 2017. Disponível em: 
https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/
article/view/9900. Acesso em: 1 dez. 2020.
Artigo que discute as contribuições da TDIC para 
o desenvolvimento de currículos baseados em 
metodologias ativas por meio das experiências de 
pesquisa de estudantes de pós-graduação na aplicação 
em diferentes níveis deensino.
Sites
Anuário – Em busca de um estado-semente
O Anuário contém propostas artístico-pedagógicas para 
crianças entre 5 e 12 anos, que foram elaboradas durante 
o período de pandemia em 2020 pela Escola Municipal de 
Iniciação Artística (Emia). As propostas são embasadas 
na interdisciplinaridade, pois as aulas são dadas por 
dois(duas) ou mais professores(as) de áreas artísticas 
diferentes (Música, Dança, Teatro, Artes Visuais). Disponível 
em: https://issuu.com/nivaldogodoyjr./docs/anua_rio_
emia_2020_-_ebook_84_p_-_11dez. Acesso em: 2 jan. 2021. 
Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) 
Essa entidade nacional, sem fins lucrativos, tem o objetivo 
de congregar pesquisadores, profissionais e pesquisas 
no âmbito da educação musical. A Abem é associada à 
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em 
Música (ANPPOM) e membro da ISME (International 
Society of Music Education. Realiza encontros anuais 
nacionais e regionais, além de publicar artigos e anais, 
que podem ser acessados no site. Disponível em: http://
abemeducacaomusical.com.br/index.asp. Acesso em: 2 jan. 
2021.
Centro Cultural de São Paulo (CCSP)
O CCSP é uma instituição multidisciplinar que 
reúne os principais acervos da cidade de São Paulo. 
Com a pandemia da Covid-19, em 2020, criou-se a 
#CCSPdeCasa, que apresenta shows, exposições, 
catálogos digitais e cursos no formato virtual. Disponível 
em: http://centrocultural.sp.gov.br/category/programacao/
ccspdecasa/. Acesso em: 2 jan. 2020.
Dicionário Cravo Albin de Música Brasileira
Dicionário on-line de música brasileira que reúne mais 
de 12 mil de verbetes. O site, que está em constante 
atualização, apresenta informações bibliográficas de 
artistas, informações sobre suas obras e bibliografia crítica. 
Disponível em: https://www.dicionariompb.com.br/. Acesso 
em: 2 jan. 2021.
Fórum Lationamericano de Educação Musical (FLADEM)
Fundado em 1995, o FLADEM é uma instituição autônoma 
que reúne educadores musicais de dezoito países da 
América Latina. Essa organização articula eventos, 
simpósio e encontros de pesquisas em educação musical. 
No site, é possível acessar as revistas e os anais dos 
seminários. Disponível em: https://www.fladembrasil.com.
br/. Acesso em: 2 jan. 2021.
Museu da Pessoa
O primeiro passo para o surgimento do Museu da 
Pessoa foi o projeto Heranças e Lembranças: imigrantes 
judeus no Rio de Janeiro, que aconteceu em 1989, e deu 
origem em um livro, a uma exposição no Museu Histórico 
Nacional do Rio de Janeiro e um acervo composto de 
pastas com a história de cada entrevistado. Em 1991, 
o Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, 
concebeu a exposição Memória e Migração, inaugurando, 
assim, um espaço para que toda e qualquer pessoa possa 
vir contar sua história, registrando de forma permanente 
sua trajetória de vida e dando reconhecimento e 
importância a cada pessoa que queira compartilhar 
sua trajetória de vida. Disponível em: https://acervo.
museudapessoa.org/pt/home. Acesso em: 2 jan. 2021.
Música e Arquivo Sonoro – Biblioteca Digital 
Esse é um dos mais importantes acervos musicais do país. 
Reúne uma rica coleção de livros, partituras, fotografias, 
programas de concerto, manuscritos, libretos de ópera, 
LPs, CDs e DVDs, tanto da história do Brasil quanto de 
outras partes do mundo. Disponível em: https://www.
bn.gov.br/explore/acervos/musica-arquivo-sonoro. Acesso 
em: 2 jan. 2021.
25
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https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1049
https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1049
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/6379
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/6379
https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/9900
https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/article/view/9900
https://issuu.com/nivaldogodoyjr./docs/anua_rio_emia_2020_-_ebook_84_p_-_11dez
https://issuu.com/nivaldogodoyjr./docs/anua_rio_emia_2020_-_ebook_84_p_-_11dez
http://centrocultural.sp.gov.br/category/programacao/ccspdecasa/
http://centrocultural.sp.gov.br/category/programacao/ccspdecasa/
https://www.fladembrasil.com.br/
https://www.fladembrasil.com.br/
https://acervo.museudapessoa.org/pt/home
https://acervo.museudapessoa.org/pt/home
https://www.bn.gov.br/explore/acervos/musica-arquivo-sonoro
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Instrumentos, ritmo, dança e 
socialização fazem da roda de 
samba um território musical.
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PARA COMEÇAR...
Nesta unidade, vamos apresentar um panorama da música em sua 
multiplicidade de entendimentos e conceitos. Vamos trabalhar a 
ideia de território musical como metáfora das redes de relações e 
significados que abrangem nossos modos de escutar música e de 
nos envolver com as práticas musicais. 
Vamos tratar do pensamento musical hegemônico e problematizá-
-lo, propondo reflexões sobre as culturas juvenis e sobre as relações 
históricas dos trânsitos musicais. Por fim, vamos apresentar os prin-
cipais elementos e parâmetros do som e alguns dos elementos cons-
tituídos pelas práticas musicais. 
OBJETIVOS 
 ■ Refletir sobre conceitos fundamentais para um pensamento musical 
diversificado.
 ■ Fomentar o respeito à diversidade cultural em práticas musicais de 
culturas variadas e nos contextos das culturas juvenis.
 ■ Refletir sobre as culturas juvenis e sua relação com a cultura escolar.
 ■ Abordar os trânsitos culturais como forma de compartilhamento de 
saberes (cultura, ciência e tecnologia).
 ■ Questionar o pensamento musical hegemônico para valorizar as dife-
rentes realidades socioculturais e os diferentes modos de fazer música.
 ■ Promover reflexões acerca da trajetória profissional e pessoal do 
professor, relacionando os conceitos trabalhados com sua própria 
experiência de vida.
 ■ Apresentar os saberes fundamentais da linguagem musical, com-
preendidos nos parâmetros dos sons e nos aspectos constitutivos 
da música para refletir sobre eles.
JUSTIFICATIVAS
A linguagem musical está inserida em uma multiplicidade de con-
textos culturais e sociais que abarcam épocas, ideias e construções 
ideológicas e refletem as relações de poder estabelecidas pelos po-
vos em suas movimentações históricas. Por essa razão, é fundamen-
tal pensar criticamente sobre as convenções musicais hegemônicas 
visando fomentar um olhar relativista, que não hierarquize práticas, 
gêneros e estilos musicais de modo etnocêntrico, e que valorize 
os diferentes modos de produzir e de fazer música. Dessa forma, 
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ideias de música e perceba seus próprios terri-
tórios musicais. 
Capítulo 2 
Neste capítulo a dimensão 1 é contemplada de 
modo mais amplo na atividade 1, na qual o pro-
fessor deve recuperar as memórias de sua pró-
pria juventude para relacioná-las com suas es-
colhas profissionais e refletir sobre como seus 
estudos do Ensino Médio repercutiram em seu 
pensamento profissional, trazendo também 
aspectos socioemocionais que motivam os jo-
vens em suas escolhas culturais.
A dimensão 2 é desenvolvida nas reflexões so-
bre o que são as culturas juvenis e sobre os 
modos como a música e as demais vivências 
culturais fazem parte da condição juvenil, o 
que propicia um olhar empático e respeito-
so para com os gostos musicais dos jovens. 
Essa dimensão também é mobilizada nas dis-
cussões sobre as razões de algumas músicas 
serem consideradas ruins, quando se propõe 
um pensamento mais relativista em relação a 
julgamentos estéticos. É desenvolvidaainda 
na abordagem sobre o rap e o funk, que inclui 
suas características e origens, contribuindo 
para o desenvolvimento da dimensão 3. 
A dimensão 3 é contemplada ao tratar dos 
múltiplos contextos das culturas juvenis, crian-
do condições para que a música seja abordada 
em conjunto com os outros elementos e contex-
tos que compõem um território. A atividade 2 
também trabalha com um pensamento inter-
disciplinar por meio de pesquisa quantitativa e 
qualitativa que pode ser realizada em conjunto 
com professores de outros componentes, além 
de se valer de instrumentais próprios das pes-
quisas em ciências humanas. 
A dimensão 4 é trabalhada nas duas atividades 
mediante a proposta de comparação dos resul-
tados na primeira atividade e, na segunda, uti-
lizando os resultados da pesquisa como ferra-
menta para pensar sobre o planejamento escolar.
criam-se as condições para o desenvolvimen-
to de um trabalho pedagógico democrático, 
que reconheça os saberes dos jovens e a ca-
pacidade de qualquer pessoa se expressar 
criativamente por meio de sons. 
COMPETÊNCIAS GERAIS DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA
 ■ Capítulo 1: Competências gerais 1, 2, 3, 4 e 5
 ■ Capítulo 2: Competências gerais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 
7, 8, 9 e 10
 ■ Capítulo 3: Competências gerais 1, 3, 4, 5 e 6
 ■ Capítulo 4: Competências gerais: 1, 2, 3 e 4
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS 
DIMENSÕES 
Capítulo 1
Neste capítulo serão desenvolvidas de modo 
mais amplo as dimensões 2 e 3. A dimensão 2 é 
contemplada em reflexões sobre o que é músi-
ca, analisando os elementos que se relacionam 
com os objetos de conhecimento específicos 
da linguagem com a atividade de percepção 
crítica dos sons, o conceito de paisagem so-
nora e as reflexões acerca da consolidação do 
pensamento hegemônico. 
Na construção da ideia de territórios musicais, é 
trabalhada a dimensão 3, visando favorecer um 
pensamento que compreende a música em uma 
multiplicidade de contextos sociais. Essa dimen-
são é tratada mais diretamente na parte final do 
capítulo, na qual são apresentados alguns ques-
tionamentos de possibilidades iniciais de um tra-
balho interdisciplinar. Para essa dimensão tam-
bém contribui a segunda atividade do capítulo, 
que orienta um pensamento interdisciplinar so-
bre os gêneros e estilos musicais.
A dimensão 4 é desenvolvida nas orientações 
da avaliação das duas atividades, que são pen-
sadas de modo qualitativo e processual. 
A dimensão 1 é trabalhada de modo inicial na 
conceituação de território musical, quando 
se propõe ao professor que reflita sobre suas 
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Capítulo 3
A dimensão 1 está presente na atividade 1, que 
leva o professor a refletir sobre sua trajetória 
de vida mediante suas escolhas musicais, o 
que ganha corpo no momento em que a des-
creve por meio de um mapa afetivo e que lhe 
dá ferramentas para entender seu movimento 
musical durante a vida e obter subsídios para 
trabalhar com a história de sua própria vida e 
também com a dos estudantes.
A dimensão 2 é parcialmente trabalhada du-
rante a reflexão sobre a educação musical tra-
dicional no modelo conservatorial em compa-
ração com a educação musical contemporânea. 
Ao longo de toda essa discussão evidencia-se 
a importância de se olhar para o século XXI 
e entender a necessidade da quebra dos pa-
radigmas que foram firmemente inseridos no 
ensino da música de forma tradicional em bus-
ca de uma educação humanista. A atividade 1 
também contempla essa dimensão no momen-
to em que os estudantes comparam suas car-
tografias, pois, caso surjam prejulgamentos ou 
preconceitos, pode-se propor aos estudantes 
que reflitam sobre essa questão e como é pos-
sível saná-la, buscando o respeito e o acolhi-
mento de todos como indivíduos singulares em 
suas trajetórias de vida.
A dimensão 3 permeia todo o capítulo 3, no 
qual um dos pontos centrais é a questão da 
desterritorialização, preconizando a aceita-
ção do outro que chega de lugares distantes 
e se entrelaça com o território de chegada, 
compartilhando saberes por meio da cultura, 
ciência e tecnologia e colaborando com uma 
visão de mundo interdisciplinar. Essa dimen-
são aparece nas duas atividades relacionadas 
às propostas de elaboração de cartografias, 
que se aproximam tanto das ciências huma-
nas e sociais quanto das artes visuais. Essas 
cartografias trazem dados qualitativos que 
buscam a compreensão dos territórios, tanto 
dos indivíduos quanto do próprio estabeleci-
mento de ensino. 
A dimensão 4 também está presente nas duas 
atividades propostas. Na primeira, em avalia-
ções que quantificam a diversidade existente 
em uma mesma sala de aula, o que dá suporte 
para trazer à tona a questão da singularida-
de dos indivíduos. Na segunda atividade, há a 
possibilidade de avaliar a trajetória do grupo 
de modo processual.
Capítulo 4 
O capítulo 4 abarca sobretudo a dimensão 2 ao 
refletir e apresentar alguns dos saberes mu-
sicais fundamentais, como os parâmetros so-
noros e os elementos musicais utilizados em 
composições, embora questionando defini-
ções antiquadas, que remetem ao olhar tradi-
cional da música, e levando à reflexão sobre 
um fazer musical de maneira diversificada. 
A dimensão 4 está presente nos boxes e nas 
atividades em que o professor experimenta as 
relações dos elementos musicais na prática e, 
com base na experiência, desenvolve subsídios 
para fomentar a experimentação, a reflexão e o 
pensamento crítico entre os estudantes. 
A dimensão 1 surge quando se propõem refle-
xões sobre modos possíveis e diversificados de 
se pensar a música e sobre como direcionar aos 
estudantes os elementos analisados para instigar 
pensamentos abertos à contemporaneidade.
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TERRITÓRIOS MUSICAIS
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 1 – É trabalhada por meio de uma abordagem refle-
xiva sobre o entendimento do que é música e sobre a construção de um 
pensamento hegemônico nessa linguagem.
Competência geral 2 – É desenvolvida de modo parcial nas atividades 1 
e 2 ao exercitar a curiosidade intelectual e a investigação pelo mapea-
mento dos elementos e contextos que compõem um território musical.
Competência geral 3 – É contemplada com a proposta de apreciação 
da obra “4’33 segundos”, de John Cage, e de comparações entre gê-
neros e estilos musicais.
Competência geral 4 – É mobilizada na atividade 1 com conhecimen-
tos da música que propiciam a percepção e a reflexão sobre os sons 
ambientais.
Competência geral 5 – É explorada parcialmente por meio da sugestão 
de busca de diferentes exemplos musicais em tecnologias digitais de 
informação e comunicação. 
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Músicos tocando em um vagão de metrô. Essas apresentações breves geralmente 
ocorrem no percurso de três ou quatro estações.
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COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA 
ÁREA DE LINGUAGENS E SUAS 
TECNOLOGIAS
Competência 1 – É desenvolvida mediante a 
abordagem de aspectos do funcionamento da 
música. 
Competência 2 – É mobilizada ao tratar dos 
processos de construção das relações de poder 
no pensamento musical e cultural.
Competência 6 – É trabalhada mediante indica-
ções de obras musicais que visam propor mo-
mentos de apreciação, valendo-se de tecnolo-
gias digitais que possibilitem o acesso a elas e 
explorem, de modo parcial, a competência 7.
SENTIDOS DOS SONS
Neste capítulo, vamos tecer reflexões sobre 
nossas ideias de música, analisando sua con-
ceitualização. Assim, nossa proposta sobre o 
tema territórios musicais será apresentada 
como umaforma de pensar as relações entre 
as práticas musicais em sua multiplicidade de 
contextos e relações com a nossa vida.
Desde o nascimento, a criança estabelece 
contato com um universo de sonoridades 
estruturadas que são chamadas de música. 
Além do desenvolvimento da percepção dos 
sons isolados, os bebês escutam os acalantos 
das mães, o som dos brinquedos, das caixi-
nhas de música, dos rádios dos vizinhos, as 
playlists dos irmãos mais velhos, entre outras 
possibilidades. A música talvez seja uma das 
artes com a qual mais temos contato durante 
a vida, seja de forma voluntária, seja involun-
tária. Uma pessoa pode passar a vida inteira 
sem ter ido a um teatro ou a uma exposição 
de artes visuais, mas dificilmente passará sua 
existência alheia à música.
Além disso, as pessoas estão inseridas em um 
conjunto de sons que, muitas vezes, são cha-
mados de ruídos e com os quais também esta-
Desde a primeira infância as crianças se mostram 
receptivas aos sons que estão à sua volta e se 
interessam em experimentar instrumentos. 
belecem relações afetivas. Podemos gostar dos 
sons do canto dos pássaros, do mar, dos grilos 
em um ambiente campestre e desprezar o som 
do tráfego urbano, das máquinas, e, até mesmo, 
os latidos do cão do vizinho. Com a mesma in-
tensidade, podemos amar um estilo ou gênero 
musical e detestar profundamente outro. 
E o que leva alguém a gostar de um som e 
a repudiar o outro? Como se dá a construção 
dos afetos musicais? Quais elementos de sua 
história individual leva uma pessoa a gostar de 
uma música, de um artista, do som de deter-
minado instrumento? Será que o entendimen-
to de música é construído por nossa própria 
reflexão ou, de alguma forma, foi imposto por 
um pensamento dominante? 
Refletir sobre algumas dessas questões pode 
contribuir para a ampliação de nosso entendi-
mento sobre os sons e a música que nos cer-
cam. E, assim, podemos expandir nossas pró-
prias fronteiras musicais e entender de modo 
crítico essa arte tão consumida e reproduzida 
no mundo contemporâneo. Essas reflexões po-
dem, ainda, nos aproximar de uma escuta mais 
apurada e da criação musical, independente-
mente da experiência do ensino formal de músi-
ca ou da prática de algum instrumento musical. 
A noção de música pode ser repensada, am-
pliada e até reinventada, desde que nós, como 
professores e formadores, estejamos abertos 
a uma escuta do mundo sonoro que nos ro-
deia, tanto na percepção de um som quanto 
nos significados e afetos que atribuímos a eles. 
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O QUE É MÚSICA?
P A R A R E F L E T I R
 ■ Você já pensou sobre o que é música? Quais são suas ideias sobre música? 
 ■ Em algum momento, já considerou que alguns gêneros ou estilos musicais fossem “mais música” do 
que outros? Por quê?
 ■ Para você, todo tipo de som pode se transformar em música? 
A pergunta “o que é música?” admite muitas possibilidades de respos-
ta, pois cada um de nós pode ter uma noção diferente daquilo que 
compreende como música. No entanto, em muitos casos, essa noção 
pessoal está atrelada a gostos individuais e a uma visão relacionada ao 
modo de fazer música que se tornou hegemônico.
Independentemente de crenças pessoais e modos de escuta, não há 
uma resposta única ou simples para essa questão, pois delimitar e julgar 
o que é música pode gerar exclusões de diversas naturezas. Em uma 
busca rápida na internet deparamos com as definições a seguir.
 ■ Combinação harmoniosa e expressiva de sons.
 ■ A arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis con-
forme a época, a civilização etc.
Considerando essas duas definições iniciais que a plataforma de buscas 
mais utilizada na internet nos fornece, talvez já possamos começar a tra-
çar territórios. Na primeira definição encontramos a palavra harmoniosa, 
que contém uma ideia de valor em que se pressupõe algo harmonioso 
em contraposição ao que não é harmonioso e, portanto, não poderia 
ser considerado música. Essa definição está, possivelmente, vinculada 
a uma das convenções que a música dita ocidental e de tradição euro-
peia criou, a harmonia. A palavra pode também referir-se a um ideal de 
belo, de agradável, mas será que toda música produzida tem a intenção 
de trazer harmonia ou estabilidade? E o que dizer das obras que têm o 
intuito de gerar tensões no ouvinte, como as trilhas sonoras de filmes de 
terror? Elas não seriam música, segundo essa delimitação?
Já na segunda definição, há algo mais abrangente, que não se restringe 
a um único modo de entender essa arte e enuncia uma multiplicida-
de cultural, pois ressalta que a criação artística segue “regras variáveis 
conforme a época, a civilização etc.”. Diferentes culturas traçam ma-
neiras distintas de se fazer música, e esses modos de fazer, conjuntos 
de saberes, de materialidades, hábitos e convenções podem ser com-
preendidos por meio do que a definição chama de “regras”. 
Em suas organizações sociais, os diferentes povos estabeleceram suas pró-
prias relações e parâmetros para a criação musical, mas recebem, ainda, 
muita influência de um sistema específico que se impôs, historicamente, 
como a forma predominante de se fazer e escutar música.
As palavras em 
negrito serão 
explicadas no 
glossário de termos 
musicais, ao final do 
livro.
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OUTROS SISTEMAS 
MUSICAIS
Uma definição de música restrita aos padrões 
do sistema musical europeu (por exemplo, 
considerar música a combinação de harmonia, 
melodia e ritmo) desconsidera as práticas de-
senvolvidas por grande parte da humanidade 
e seus modos diferentes de trabalhar criativa-
mente com os sons, como a música dos povos 
indígenas brasileiros, a música milenar chinesa 
e indiana, os diferentes mundos sonoros das 
culturas de matriz africana, além de experiên-
cias musicais de épocas e sociedades que pre-
cederam a formação do sistema dominante. 
Então, será que conseguimos alcançar uma 
definição de música mais essencial e que con-
temple toda a multiplicidade de experiências?
Sobre a complexidade da experiência musical 
na vida humana, a pesquisadora e educadora 
Maria Teresa Alencar de Brito comenta:
Explicar a presença da música na cultura hu-
mana abarca domínios que podem incluir os 
modos de produção e recepção dos sons por 
cada indivíduo; o lugar de processamento des-
sa atividade no cérebro; as reações provoca-
das e o significado que a música assume, entre 
outros aspectos. O acontecimento musical é 
alvo de estudos e especulações em várias es-
feras, valendo lembrar, entretanto, que os mes-
mos refletem momentos, emergências de per-
cepções e de pensamentos que se atualizam 
dinamicamente.
BRITO, Maria Teresa Alencar de. Por uma 
educação musical do pensamento: novas 
estratégias de comunicação. Tese (Douto-
rado em Comunicação e Semiótica) – Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo, 
São Paulo, 2007. p. 19.
Observe, a seguir, duas imagens ilustrativas da 
presença de música em sociedades que prece-
deram a formação do sistema dominante, em 
dois exemplos históricos: na Grécia antiga e na 
América Pré-Colombiana.
Ânfora grega 
que retrata 
uma cena 
musical na 
Grécia antiga, 
cerca de 
450 a.C.
Flauta antropomórfica da América Central, cerca de 
300 a.C. a 200 d.C.
No entanto, o fazer musical começou a ganhar 
novos contornos no século XX, época em que 
ocorreu uma virada etnocêntrica nos estudos 
musicais, pois os musicólogos já não se limita-
vam a entender a música apenas segundo os pa-
drões estabelecidos pela Europa. A partir disso, 
então, a etnomusicologia criou condições para o 
estudo de diferentes culturas musicais.
A despeito daquilo que eralegitimado pelo 
olhar europeu, os povos originários do conti-
nente americano, assim como os povos hindus, 
árabes, africanos e de diversas regiões do Orien-
te, mantiveram suas práticas e estudos. Porém, 
nesse contexto, ocorreram também muitas con-
taminações, e esses sistemas musicais diversos 
acabaram por absorver convenções da música 
europeia, à medida que a indústria fonográfica 
ocidental buscava alcançar o mercado de dis-
cos em outras partes do mundo. Ao mesmo 
tempo, o Ocidente mostrava interesse por essas 
músicas “exóticas”, que também se transforma-
vam em um mercado musical.
Museums Sheffield/Bridgeman Images/Keystone Brasil/Museus e Galerias 
Sheffield, Sheffield, Reino Unido.
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AMPLIANDO A ESCUTA
Para iniciar nosso trabalho com alguns conceitos que serão desenvolvi-
dos neste capítulo, propomos a realização de uma atividade que pode 
ser executada tanto de modo individual quanto coletivo.
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Procure exemplos musicais de culturas diferentes em plataformas de streaming 
de música ou de vídeos. Experimente utilizar, na ferramenta de busca, pala-
vras-chaves como música e o nome de algum grupo étnico distante de sua 
realidade, como música guarani; chinese traditional music etc.
A T I V I D A D E 1
DESCOBRINDO OS SONS À 
NOSSA VOLTA
MATERIAL
Papéis, canetas ou lápis para anotações.
PROCEDIMENTOS 
 1 Escolha um espaço em que seja possível perma­
necer um tempo em silêncio.
 2 Durante alguns minutos, escute todos os sons 
ao seu redor, independentemente do espaço 
em que se encontra. 
 3 Determine um tempo, que pode ser de cinco ou 
dez minutos, e apenas escute e faça anotações 
de todos os sons percebidos.
 ■ Quais sons você escuta? 
 ■ Qual é o som que prevalece?
 ■ Existem sons que você normalmente não perce-
beria?
 ■ E sons que você considera desagradáveis? 
Quais? Como eles são?
 ■ Você considera que esses sons são, ou pode-
riam ser, música?
Exercite esta atividade em momentos diferentes do 
dia, assim você poderá explorar outros espaços da 
própria casa ou da escola, além de outros ambien-
tes, como uma lanchonete, uma praça, um parque, 
uma estação de metrô etc. Caso a escuta seja reali-
zada no mesmo ambiente em dias diferentes, ob-
serve se há diferenças de percepção. 
AUTOAVALIAÇÃO
Ao realizar essa atividade, desafie-se a perceber mais 
nuances, especialmente em ambientes que sejam mais 
cotidianos. Reflita sobre seus próprios modos de es-
cuta, propondo-se a responder às perguntas a seguir. 
 1 Consigo prestar atenção nos sons que antes 
não percebia? 
 2 Qual é a minha relação com os sons ao meu 
redor? 
 3 Algo se modificou em minha percepção dos 
sons dos ambientes quando não estou fazendo 
o exercício? 
EM SALA DE AULA
 ■ Durante o desenvolvimento desta atividade, caso 
os estudantes não permaneçam em silêncio, não 
os repreenda e faça o que foi proposto no tempo 
determinado. 
 ■ Para que eles alcancem a concentração, faça a ativi-
dade em dias diferentes, de modo que compreendam 
essa proposta como uma pesquisa. Outra possibilida-
de de trabalho é organizar os estudantes em grupos 
para realizar pesquisas de sonoridades de ambientes 
diferentes, dentro e fora da escola, incentivando-os a 
assumir o protagonismo da própria pesquisa. 
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 ■ Após a conclusão da atividade, converse com o grupo e procure perceber o que será dito sobre os sons 
que os próprios colegas deles realizaram.
 ■ Essa atividade pode contribuir para o desenvolvimento da competência geral 4, por utilizar a linguagem sono-
ra e conhecimentos musicais para expressar e partilhar experiências e também a competência específica 1, por 
contribuir para o entendimento do funcionamento da linguagem musical.
AVALIAÇÃO
Faça uma avaliação qualitativa e processual dos estudantes durante a atividade. Observe se o envolvi-
mento deles aumenta à medida que repetem e ampliam a pesquisa. Perceba o modo como os estudantes 
definem os sons escutados, por exemplo, e se eles os qualificam. Questione as razões de um tipo de som 
ser considerado agradável, desagradável, irritante, indiferente, entre outras possibilidades. As discussões 
sobre o que é música estão relacionadas com as reflexões sobre o que é som musical e sobre o entendi-
mento de ruído. 
ao redor dos espectadores e que se tornam 
a música da obra. Essa experiência, que tam-
bém é considerada um happening, estimulou 
músicos e musicólogos a repensar seus enten-
dimentos sobre música, ruídos, som e silêncio.
M. Schafer é atualmente um dos expoentes 
de um pensamento musical que conside-
ra a gama de sonoridades que nos cercam. 
 Schafer voltou-se para as experiências de 
Cage, lançando-lhe o questionamento sobre 
o que é música e obteve a resposta: “Música 
é os sons, sons à nossa volta, quer estejamos 
dentro ou fora de salas de concerto”. (SCHA-
FER, 2011, p. 108).
Em continuidade ao pensamento de Cage, 
Murray Schafer desenvolveu um conceito fun-
damental para pensar a educação musical que 
se baseia na escuta dos sons, que não está 
centrada apenas na apreensão dos elementos 
convencionalizados de uma linguagem e no 
domínio técnico de um instrumento musical. 
Trata-se da educação sonora, um modo de pen-
sar as relações estabelecidas não apenas com 
as músicas que escutamos, mas também com 
os sons que produzimos e com os quais convi-
vemos. Com base nesse pensamento, Schafer 
elaborou o conceito de paisagem sonora.
A música de tradição europeia foi construída 
em torno do ambiente da sala de concerto, um 
espaço em que os sons reconhecidos como 
musicais poderiam acontecer protegidos dos 
sons da vida cotidiana. Entretanto, à medida 
que novas experiências na linguagem musical 
se desenvolviam e ampliava-se o olhar para ou-
tras culturas musicais, alguns artistas e pensa-
dores trouxeram modos diferentes de escuta.
O músico e educador canadense R. Murray 
 Schafer, em sua obra A afinação do mundo, co-
menta que, no decorrer do século XX, as defini-
ções tradicionais de música caíram por terra em 
virtude da própria atividade criativa dos músicos.
Um dos marcos desses questionamentos so-
bre os sons considerados musicais e a gama de 
sons que escutamos na vida cotidiana foi a ex-
periência do compositor estadunidense John 
Cage (1912-1992) em sua obra “4’33 segundos”. 
Nessa composição, de 1952, o instrumentista 
se posiciona diante do piano aberto e não toca 
nada no instrumento durante o tempo de qua-
tro minutos e trinta e três segundos. Em um 
primeiro momento, podemos pensar que se 
trata de uma obra silenciosa, entretanto a in-
tenção do compositor era justamente chamar 
a atenção para todos os sons que acontecem 
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Ao estudar os sons que nos rodeiam de modo multidisciplinar, com a participação de profissio-
nais de diferentes áreas do conhecimento e da ciência, como engenheiros acústicos, sociólogos, 
psicólogos e músicos, Schafer criou a palavra soundscape, um neologismo que estabelece uma 
analogia com a palavra paisagem em inglês (landscape), e consentiu que a tradução desse ter-
mo, nas línguas latinas, fosse “paisagem sonora”. 
Schafer identificou uma negligência histórica em relação aos sons ambientais que culminaram 
nos problemas da poluição sonora que hoje vivenciamos. Segundo o pesquisador, estamos imer-
sos em um conjunto de sonoridades que nos é imposto e não podemos refletir sobre o ambiente 
acústico que desejamos nem opinar sobre ele.
Assim, a paisagem sonora mundial é uma composição indeterminada daqual todos nós parti-
cipamos inconscientemente e, para contribuir com o nosso bem-estar, podemos fazer parte de 
sua construção. 
Em 1971, Schafer criou o projeto Paisagem Sonora Mundial, sediado no Estúdio de Pesquisas Sonoras 
do Departamento de Comunicação da Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica, Canadá. 
Esse projeto é dedicado ao estudo comparativo da paisagem sonora mundial, que realiza pesquisas 
sobre a percepção auditiva, o simbolismo sonoro, a poluição sonora, entre outros, unindo as artes e as 
ciências dos estudos sonoros para o desenvolvimento da interdisciplina: o Projeto Acústico.
Esse pensamento não desvincula a experiência de ouvir música dos sons que interferem em nos-
sa escuta e não fazem parte de determinado local onde a música é apreciada. Por exemplo, se 
escutamos uma obra para piano em um ambiente com muitos sons de tráfego urbano, por mais 
que nossa abstração separe nossas atenções do som ambiental, ele faz parte da experiência de 
escuta. Em sua obra, Schafer faz constantes referências aos significados que Cage deu a esses 
sons indesejáveis, ou ruídos, especialmente citando sua obra “4’33 segundos”, na qual todas as 
sonoridades ao redor do músico tornam-se a própria obra musical. 
Assista à interpretação da composição “4’33 segundos”, de John Cage, pela orquestra Filarmônica de 
Berlim. 
JOHN CAGE: 4’33” – Petrenko. [S. l.]: Berliner Philharmoniker, 2020. 1 vídeo (3 min). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=AWVUp12XPpU. Acesso em: 28 nov. 2020.
 ■ Quais sensações essa apresentação lhe causa? Para você essa é uma obra puramente musical?
 ■ Quais sons chamam sua atenção?
 ■ O que marca a apresentação dos artistas?
Em plataformas de streaming é possível encontrar versões com diferentes adaptações da obra de John 
Cage. Experimente conhecer outras interpretações. 
Partindo da perspectiva de John Cage, que abriu as portas das salas de concerto para todos 
os sons considerados indesejáveis, bem como de outras experiências da música do século XX, 
Schafer conclui que a nova orquestra é o nosso ambiente sônico, e os músicos são qualquer 
coisa que soe. Esse é um desafio que Schafer lança aos educadores musicais da atualidade, pois 
para ele todo o ensino de música precisa ser repensado.
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Essa noção de Cage e Schafer contribuiu para uma mudança de para-
digma, que tira a arte musical de um pedestal e a aproxima da vida co-
tidiana. Todas as pessoas são capazes de produzir sons e, portanto, de 
estabelecer múltiplos modos de interação, criação e significados para 
elas. Pensar a música levando em conta seu elemento mais primordial, 
o som, e não o som afinado segundo um critério cultural, também ex-
pande a criação para possibilidades que vão além de pensamentos he-
gemônicos e limitadores da arte musical.
Mais à frente, vamos propor uma atividade ampla sobre paisagem so-
nora considerando as possibilidades de repensar o espaço escolar de 
modo comunitário e interdisciplinar. As práticas musicais estão atrela-
das também a diferentes aspectos da vida cultural. A música aparece 
como um elo de comunicação com o sobrenatural e o divino, como 
parte de cultos religiosos, como estímulo para a execução de tarefas 
quando é canto de trabalho, como parte de representações teatrais, 
como trilha sonora de filmes e de criações audiovisuais, como suporte 
para a disseminação de ideias quando está articulada ao texto, como 
propaganda e ferramenta para venda de produtos, como educação e 
até mesmo como recurso terapêutico utilizado pela musicoterapia.
A música articula diversos saberes e práticas de natureza social em 
suas formas de expressão e fruição, chegando a ser associada a com-
portamentos de grupos e afirmação de pertencimento. Todos esses as-
pectos, tanto musicais quanto extramusicais, fazem parte do entendi-
mento que vamos desenvolver neste capítulo sobre territórios musicais.
Um momento de 
relaxamento com o uso 
de tigela tibetana, cujos 
sons podem ser usados 
principalmente para 
reduzir o estresse e aliviar 
a dor. São usados também 
em combinação com 
outras práticas, como a 
meditação.
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TERRITÓRIOS MUSICAIS
AS QUATRO FUNÇÕES DA 
ESCUTA DE SCHAEFFER
O compositor francês Pierre Schaeffer (1910-
1955), contemporâneo de Cage, em sua obra 
Traité des objects musicaux (Tratado dos ob-
jetos musicais), publicada em 1966, também 
contribuiu para uma expansão das possibi-
lidades de entendimento e percepção dos 
sons, ampliando a escuta para além daquilo 
que era convencionalmente compreendido 
como música. 
Dessa forma, a discussão abriu espaço para 
pensar as novas experiências musicais do sécu-
lo XX. Essa obra, de difícil acesso em língua por-
tuguesa, é o resultado de quinze anos de pes-
quisa do grupo GRM – Groupe de Recherches 
Musicales (Grupo de Pesquisas Musicais), do 
qual Schaeffer fazia parte, e criava uma teoria 
musical que se contrapunha à teoria tradicio-
nal, possibilitando um entendimento das prá-
ticas e dos experimentalismos de sua época, 
como a música concreta, um movimento musi-
cal de vanguarda em que ele foi um dos princi-
pais representantes.
Embora nossa intenção não seja discorrer so-
bre o tratado de Schaeffer, vamos nos referir 
a um aspecto dele para traçar nosso entendi-
mento de território musical. 
Em seu tratado, Schaeffer fala de quatro funções 
que compõem a atividade de escutar, desenvol-
vendo-as com base em quatro verbos que, em 
francês, trazem sentidos de escuta, mas que não 
são facilmente traduzíveis e podem nos remeter 
a entendimentos equivocados. Assim, tomando 
como referência o artigo de Davi Donato (2016), 
manteremos os verbos em francês. 
Os verbos são: ouïr, écouter, entendre e com-
prendre. Cada um deles remete a um tipo de 
escuta: ouïr diz respeito aos sons que estão 
ao nosso redor e para os quais não damos 
atenção, são o fundo de nossos ambientes 
sonoros; écouter refere-se a algum elemento 
desse fundo de sons em nosso ambiente que 
chama nossa atenção, é a busca pela causa 
de um som escutado, uma atitude mais ati-
va em relação ao verbo anterior; entendre é 
a seleção intencional de aspectos da escuta e 
a função que articula as outras; comprendre, 
por fim, é a percepção dos sons relacionados 
a outras informações de natureza semântica, 
e não apenas sonora. É válido observar que 
essa função faz associações de conhecimen-
tos e experiências prévias do ouvinte. As qua-
tro funções apresentadas não acontecem de 
modo alternado, ou sucessivo, mas de manei-
ra simultânea e relacional. Para exemplificar, 
Schaeffer fala sobre a percepção de algum 
ruído estranho no motor de um carro. Os sons 
de um carro, a princípio, são um fundo sonoro, 
são o ouïr. No momento em que o motoris-
ta identifica um som anormal, ele começa a 
exercer as funções de écouter e entendre, pois 
direciona a sua atenção para um aspecto e co-
meça a tentar identificar a que parte do motor 
se refere. Com base nessa percepção, passa a 
traçar diferentes relações de causa ou signifi-
cado do som estranho, comparando-o com o 
som com o qual está acostumado, com outras 
experiências e a ideia que tem sobre um som 
anormal no motor. Dessa forma, acontece a 
função do comprendre. 
O que podemos apreender desse modo de 
Schaeffer pensar a percepção dos sons é que 
a escuta está sempre impregnada de signifi-
cados diversos, de conteúdos semânticos que 
estabelecemos em nossas experiências pré-
vias, de ideias e de modos diversos de rela-
cionar o som a múltiplos aspectos de nossa 
vida. Essas funções e percepções fazem parte 
de nossa experiência, seja com sons cotidianos 
(som de um carro, latidos deum cão etc.), seja 
com a escuta da música. 
De acordo com o compositor e professor 
Silvio Ferraz:
38
Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 38Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 38 1/14/21 6:55 PM1/14/21 6:55 PM
[…] Schaeffer ao invés de pensar a música pen-
sa alguns modos com os quais o homem ouve 
aquilo que chama de música. Apaixonado pelo 
som ele então distingue claramente que quan-
do ouvimos música nem sempre estamos ou-
vindo o som. Ele nota que o som vem sempre 
acompanhado de camadas de linguagem, de 
relações humanas, e que dificilmente se ouve 
apenas o som. 
FERRAZ, Silvio. Músicas e territórios. Revis-
ta Polêmica, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, 
p. 1-15, out./dez. 2010, p. 1.
Assim, por exemplo, quando escutamos deter-
minado estilo de música na casa de um vizi-
nho, estabelecemos relações de significado e 
até atribuímos a ele valores de ordens diver-
sas. Podemos, então, relacionar a música com 
uma festa, ou fazer julgamentos sobre o reper-
tório cultural de nosso vizinho e, muitas vezes, 
até mesmo conclusões preconceituosas sobre 
ele com base em nossas relações de afeto com 
aquele tipo de música ou som. 
Isso significa que os sons (e as obras musicais) 
podem nos trazer informações, signos, senti-
mentos diversos e ideias. Esse conjunto de fato-
res extrassonoros que abrange a percepção dos 
sons é um primeiro aspecto daquilo que com-
põe o nosso entendimento de território musical.
Independentemente de quem seja seu vizinho e 
do motivo que o leva a escutar determinada mú-
sica, a tendência é que seja traçado um conjunto 
de ideias, sentidos e conceitos sobre ele. Essas 
construções podem ser subjetivas e, em muitos 
casos, até preconceituosas, embora estejam rela-
cionadas com o modo como esses gêneros e esti-
los musicais se articulam em suas práticas sociais, 
funções, percepções, segundo aquilo que é valo-
rizado ou desvalorizado, como o tipo de veicula-
ção na mídia, o perfil mais corriqueiro do público 
desse gênero e estilo, e uma série de elementos 
reincidentes em torno dessa prática musical.
TERRITÓRIOS E 
CARTOGRAFIAS
Para compor o entendimento de territórios 
musicais desta obra, vamos utilizar algumas 
noções de territórios segundo o pensamento 
de Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Imagine que uma pessoa vai morar ao lado de seu apartamento ou de sua casa. Quais ideias você supõe 
que vai esboçar se o seu novo vizinho tiver o hábito de escutar:
 ■ uma música tocada por um violino;
 ■ um funk carioca;
 ■ uma bateria de uma escola de samba;
 ■ uma canção de louvor evangélico.
P A R A R E F L E T I R
Vamos utilizar algumas das noções desses concei-
tos apresentados pelos dois pensadores, embora 
nossa pretensão não seja abarcar a complexidade 
desses conceitos, e sim buscar um apoio para a 
definição de nosso próprio olhar sobre os elemen-
tos que podem constituir um território musical.
Segundo um pensamento rizomático, as mani-
festações culturais não são compreendidas de 
forma hierarquizada, apoiadas em um tronco 
dominante, e sim entendidas como realidades 
que coexistem de modo conectado e compõem 
novos agrupamentos. As práticas musicais são 
constituídas de conjuntos de fatores que reme-
tem a aspectos da linguagem musical (ritmos, 
instrumentos utilizados, forma da composição 
etc.), mas, também, derivadas de outras lingua-
gens, como a dança, o tipo de vestimenta, os 
espaços de encontro e sociabilidade em que as 
práticas acontecem, os meios de difusão e até os 
modos de comportamento de seus praticantes. 
Em alguns casos, uma prática musical pode 
estar centrada em um território físico, como a 
39
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música de determinada etnia indígena que seja característica somente 
daquele povo, geograficamente localizado. Mas mesmo algumas manifes-
tações que têm uma região marcante também se conectam com outras 
e migram para locais diferentes, influenciando e criando territórios diver-
sos. Em uma sociedade marcada por uma hiperconectividade e trânsitos 
intensos, tanto físicos quanto virtuais, as territorialidades culturais se en-
contram cada vez mais emaranhadas. São cartografias abertas, passíveis 
de diferentes entradas, territórios suscetíveis, móveis, com fronteiras que 
transbordam, apesar das tentativas de constituição de muros.
A noção de território também traz um componente de agressividade, 
pois os demarcamos para separar e estabelecer limites. Voltando a al-
gumas das noções de Deleuze e Guattari, os territórios são compostos 
de “matérias de expressão”, e a música assume também essa função, 
demarcando territórios entre pessoas ou grupos. O canto dos pássaros 
é um exemplo da natureza em que o som delimita um espaço entre in-
divíduos da mesma espécie.
Ora, os componentes vocais, sonoros, são muito importantes: um muro do 
som, em todo caso um muro do qual alguns tijolos são sonoros [...]. Os apa-
relhos de rádio ou de TV são como um muro sonoro de cada lar, e marcam 
territórios (o vizinho protesta quando está muito alto).
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. São Paulo: 
Editora 34, 2020. v. 2. p. 122.
Um exemplo disso é o território do samba. O samba urbano e seus sub-
gêneros (ou ramificações), tal como o compreendemos hoje, não tem 
uma origem unificada, pois é constituído de matrizes diversas. Entre 
a multiplicidade dessas matrizes, existe a prática do samba de roda 
baiano, trazido ao Rio de Janeiro pelas populações negras da Bahia em 
processo migratório.
Esses grupos constituíram territórios de convívio social que entraram 
em contato com outras vertentes de música e dança que já existiam na 
vida cultural carioca, como os maxixes, as práticas musicais dos grupos 
de chorões que tinham influência de ritmos europeus e formação mu-
sical em bandas militares, além da presença de figuras que transitavam 
em diversos territórios, como os teatros de revista, as salas de concerto, 
os terreiros de candomblé. Dessa forma, o samba surge em uma verten-
te urbana, conectando-se com todas essas práticas culturais e sociais 
que ocorriam de modo sobreposto, múltiplo, orgânico. 
Outros gêneros se desenvolveram, construíram outros territórios, 
como o maxixe, que era malvisto pela elite e foi nomeado como tango 
brasileiro para posteriormente constituir o gênero do choro. O samba, 
de sua parte, apresenta linhas de conexão com a música europeia, com 
os sambas de roda da Bahia, com os contextos de interação social 
40
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e também se desdobra em outros subgêne-
ros, como o samba-canção, o samba de par-
tido alto, o samba-enredo. Mas não podemos 
pensar todo esse território do samba de modo 
hierarquizado, há linhas que cronologicamen-
te surgiram antes de outras, mas todas man-
têm pontos de conexão entre si.
Assim, os territórios do samba, por exemplo, 
constituem-se também da dança, da socializa-
ção, da prática comunitária de comer e beber 
junto. Todos esses aspectos constroem ainda, 
no âmbito de nossas subjetividades, ideias de 
samba que são compostas de aromas, cores e 
texturas. Esse conjunto de sentimentos, sensa-
ções e ideias pode ser resgatado logo que ou-
vimos os primeiros compassos de um samba, 
impregnando nossa escuta.
Portanto, entendemos por territórios musi-
cais o conjunto de saberes, modos de organi-
zação, de execução e de escuta de um gêne-
ro ou estilo musical, que inclui também suas 
territorialidades geográficas, seus modos de 
difusão, inserção, suas práticas sociais, suas 
relações com determinados grupos, suas fun-
ções e também ideias, conceitos e preconcei-
tos que a simples audição de um gênero pode 
nos suscitar. 
Esse modo de enxergar a linguagem musical, 
que se apoia no pensamento rizomático e no 
mapeamento de territórios,50
Para refletir ..................................................................................................51
Sobre o pesquisador ...............................................................................51
Para refletir ................................................................................................53
Atividade 1 – Recuperando memórias da juventude ................55
Sobre o pesquisador ..............................................................................56
Experimente! ..............................................................................................57
Para refletir .................................................................................................57
Jovens e música – Conhecendo os territórios .........................57
Som barulhento? .....................................................................................58
Voz irritante? ..............................................................................................58
Letras inadequadas? ...............................................................................59
Música malfeita? .......................................................................................59
Música de massa? ...................................................................................59
Para refletir ................................................................................................ 60
Territórios do rap e do funk brasileiro ......................................60
Para aprofundar .........................................................................................61
Experimente! ..............................................................................................62
Experimente! ..............................................................................................63
Para aprofundar ........................................................................................63
Atividade 2 – Mapeando os territórios musicais 
dos estudantes ......................................................................................... 64
CAPÍTULO 3 – DESTERRITORIALIZAÇÕES ......... 65 
Competências gerais da Educação Básica ...................................65
Competências específicas da área 
de Linguagens e suas Tecnologias .................................................. 66
Um olhar para as diásporas ......................................................... 66
Para refletir ................................................................................................ 69
Experimente! ............................................................................................. 69
Para refletir ................................................................................................ 69
A música no território ou desterritório? .................................. 70
Experimente! ..............................................................................................72
Para refletir .................................................................................................73
Para refletir .................................................................................................75
Atividade 1 – Mapa afetivo ...................................................................75
Habitar, caminhar e observar ...................................................... 76
Territórios do som ......................................................................... 78
Atividade 2 – Cartografando os sons..............................................79
CAPÍTULO 4 – TOPOGRAFIAS DO SOM ............... 81
Competências gerais da Educação Básica ....................................81
Competências específicas da área de Linguagens 
e suas Tecnologias ...................................................................................82
Som e ruído ..................................................................................... 84
Para refletir ................................................................................................ 84
Experimente! ............................................................................................. 84
Experimente! ............................................................................................. 86
Experimente! ..............................................................................................87
O silêncio ......................................................................................... 88
Para refletir ................................................................................................ 88
Experimente! ............................................................................................. 89
Parâmetros musicais: um solo fértil ......................................... 89
Experimente! ............................................................................................. 90
Timbre .......................................................................................................... 90
Classificação dos instrumentos musicais .................................. 91
Para refletir ..................................................................................................91
Para aprofundar .........................................................................................91
Altura ................................................................................................ 92
Duração ............................................................................................ 92
Intensidade ou amplitude ............................................................ 92
Para refletir .................................................................................................93
Texturas ............................................................................................ 93
Outras linhas da topografia ......................................................... 94
Melodia ............................................................................................. 95
Harmonia ......................................................................................... 96
Experimente! ............................................................................................. 96
Ritmo ................................................................................................ 97
Atividade 1 – Elementos da topografia musical ........................97
Registro dos sons .......................................................................... 99
Experimente! ........................................................................................... 100
Atividade 2 – Escrita sonora ............................................................ 100
PARA RECOMEÇAR ...................................................................... 101
UNIDADE 2 – CARTOGRAFIAS DO ENSINO 
DE MÚSICA .......................................................... 102
PARA COMEÇAR ..........................................................................103
Objetivos ....................................................................................................103
Justificativas .............................................................................................103
Competências gerais da Educação Básica ...............................104
Considerações sobre as dimensões .............................................104
3
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CAPÍTULO 5 – CARTOGRAFIAS DO 
PROFESSOR ........................................................... 105
Competências gerais da Educação Básica .................................105
Competências específicas da área de Linguagens e suas 
Tecnologias ...............................................................................................106
As narrativas das histórias de vida .......................................... 106
Para refletir ...............................................................................................favorece o traba-
lho interdisciplinar, especialmente se pensar-
mos que a BNCC propõe o aprendizado por 
meio de competências e habilidades que vi-
sam ao desenvolvimento de atitudes e saberes 
que refletem a sociedade, os discursos midiáti-
cos, as diferentes semioses, as culturas juvenis, 
as ferramentas tecnológicas. 
Estudar música é estudar a arte em sua mul-
tiplicidade de conexões, que são inseparáveis 
da sociedade e da vida pessoal dos indivíduos. 
Isso significa que os territórios não são pensa-
dos de modo desconectado de qualquer outro 
aspecto da vida ou da sociedade, e sim como 
emaranhados multifacetados.
O TERRITÓRIO 
HEGEMÔNICO
Nas práticas musicais podemos identificar 
muito claramente a existência de um territó-
rio hegemônico, que estendeu suas fronteiras 
sobre outros em um processo imperialista de 
expansão e colonização. Evidentemente, esse 
processo, que ocorreu de forma literal, tam-
bém se estende às práticas culturais daqueles 
que foram submetidos ao processo de coloni-
zação. E a música não poderia estar fora disso.
Estamos imersos em um grande território de 
práticas que atravessa a maioria dos territórios 
musicais que conhecemos, incluindo a músi-
ca brasileira que convencionamos chamar de 
“música popular”. Em um entendimento arbó-
reo do conhecimento, ao qual o pensamento 
de Deleuze e Guattari se contrapõe, o territó-
rio hegemônico é a grande árvore que hierar-
quiza o pensamento, os modos de conceber 
a arte musical, e as outras músicas só podem 
ser entendidas como galhos, desdobramentos 
submissos a um grande tronco.
A Europa desenvolveu um sistema musical que 
padronizou e organizou os sons considerados 
musicais, seus modos de relação e combinação, 
assim como um sistema de escrita. Esse sistema 
predomina hoje nas formas de ensinar e fruir mú-
sica e se tornou hegemônico, de tal modo que é 
muito difícil encontrarmos veiculação de formas 
e sistemas musicais que não sejam construídos 
nesse contexto. O próprio entendimento e con-
senso do que é música e do tipo de música a 
ser ensinado está dominado por esse sistema. 
Assim, quando falamos do sistema musical he-
gemônico, estamos tratando da delimitação de 
doze tons, da construção de melodias com base 
na alternância desses tons organizados por uma 
tonalidade, da escrita musical convencional e de 
suas maneiras de construção de melodias, da or-
ganização rítmica dividida por compassos, das 
regras de harmonia, das escalas, dos acordes, das 
articulações entre consonância e dissonância e 
41
Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 41Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 41 1/14/21 6:55 PM1/14/21 6:55 PM
do modo de funcionamento da maioria dos ins-
trumentos musicais que conhecemos. 
Muitos desses termos podem não ser com-
preendidos por quem não tem uma formação 
convencional de música, mas, certamente, eles 
habitam o imaginário de todos. Se tirarmos as 
exceções das pedagogias musicais mais con-
temporâneas, em nossa sociedade, estudar 
música ainda é instrumentalizar-se de acordo 
com esse sistema. Em seu conjunto de práticas, 
saberes, hábitos e convenções, podemos com-
preender o sistema musical europeu como um 
território musical amplo, cujas ramificações têm 
uma vasta gama de conexões articuladas a mui-
tas culturas, além de uma importância inegável 
em nossa vida e em nossa escuta, porém não 
mais compreendido como o grande tronco.
Na atualidade, não há mais como estudar, pen-
sar e educar musicalmente sem uma escuta 
ampliada para os múltiplos territórios que se 
sobrepõem e se opõem àquele que é dominan-
te, mesmo que nossos gostos musicais estejam 
muito atrelados a esse sistema. Em educação 
é fundamental o questionamento, e em arte, a 
desconstrução e a invenção. Mais adiante, va-
mos tratar detidamente de como uma visão de 
música ampliada e questionadora se relacio-
na com as competências gerais da Educação 
Básica e competências específicas da área de 
Linguagens do Ensino Médio, seja pelo caráter 
crítico e interdisciplinar, seja pelas possibilidades 
de integração de habilidades socioemocionais e 
do fomento à autonomia dos estudantes.
A construção desse sistema musical está im-
pregnada na origem de uma submissão dos 
sons e da arte musical a um tipo de moral reli-
giosa, considerando que os parâmetros desse 
sistema musical começaram a ser desenvol-
vidos nos domínios da Igreja católica. As au-
toridades da Igreja pensavam em formas de 
registrar seus cânticos para alcançar uma pa-
dronização de suas práticas, definindo quais 
sons seriam sagrados, capazes de promover 
um enlevo espiritual, e quais seriam profanos, 
mundanos ou vulgares. Essa lógica levou à se-
leção dos sons que poderiam ser considerados 
musicais, aqueles com vibração regular que fo-
ram definidos como notas musicais, enquanto 
foram relegados à categoria de ruídos os sons 
de frequência irregular, como aqueles produzi-
dos por instrumentos de percussão. O tipo de 
canto desenvolvido pela Igreja, chamado de 
cantochão, ou canto gregoriano (em alusão ao 
papa Gregório Magno), admitia somente a voz 
como instrumento musical sagrado.
Observe, na imagem a seguir, uma notação de 
canto gregoriano, chamada de neumas, que é 
a base da notação musical moderna. As alturas 
do canto estão intrinsecamente relacionadas 
ao texto, que tem uma importância maior, pois 
os cantos gregorianos são orações cantadas. 
Por essa relação com o texto, nosso modo de 
escutar música também opera de modo linear, 
por meio de frases que constituem o que en-
tendemos por melodia.
Inicialmente, qualquer instrumento musical era 
considerado profano e, portanto, inapropriado 
à música sacra. Esses cantos eram também 
monódicos, ou seja, todo o coro cantava uma 
única melodia, sem combinações de diferentes 
notas, contrapontos ou formação de acordes. 
Entendia-se que a combinação de mais notas 
provocava sensações e a música sacra deveria 
estar isenta de qualquer sensualidade.
Reprodução de 
uma notação de 
canto gregoriano. 
As sequências 
de notas são 
indicadas com 
marcas chamadas 
neumas.
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42
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Aos poucos, a própria música sacra passou a 
admitir os intervalos que eram considerados 
mais consonantes e também alguns instru-
mentos, especialmente os órgãos.
Esse sistema musical próprio dos ambientes 
eclesiásticos migrou para a música profana, 
sobretudo por obra de músicos que eram, ao 
mesmo tempo, clérigos e trovadores. Assim, 
os procedimentos musicais da música sacra 
também se tornaram parâmetro para as cria-
ções musicais profanas.
A música sacra que se desenvolveu entre a Ida-
de Média e o Renascimento era predominante-
mente vocal e polifônica. De maneira paralela, 
a escrita musical tornou-se mais complexa até 
se constituir no que é praticado e ensinado na 
formação musical ainda hoje. As práticas e gê-
neros musicais que se constituíram na Europa 
em decorrência dessas tradições é a música 
que se convencionou chamar de música clássi-
ca ou erudita. Contudo, essas duas definições 
são problemáticas. “Música clássica” remete so-
mente a um dos períodos da história da música, 
que são divididos, mais comumente, em Idade 
Média, Renascimento, Barroco, Classicismo, Ro-
mantismo e Século XX, além do fato de alguns 
desses períodos receberem ainda subdivisões. 
No entanto, diante dessa primeira divisão que 
não contempla períodos transitórios e movimen-
tos artísticos paralelos (como a multiplicidade de 
tendências do século XX), o uso do termo “músi-
ca clássica” se tornou insuficiente. Em face disso, 
convencionou-se a definição “música erudita”, 
que também apresenta um problema, pois cha-
mar uma gamade práticas de “erudita” evidencia 
o etnocentrismo e a tentativa de demarcar uma 
superioridade sobre outras músicas. E aqui cabe 
uma pergunta: se a música de tradição europeia 
era a erudita, as outras seriam o quê? 
Por essas razões, nesta obra, pretendemos usar 
a definição “música de concerto de tradição eu-
ropeia” ou somente “música de concerto”. Essa 
definição se baseia no local onde essa música 
acontece mais recorrentemente, ou seja, nas sa-
las de concerto, auditórios e teatros de ópera, 
com ênfase no repertório orquestral e camerís-
tico, bem como nos gêneros musicais desenvol-
vidos na Europa entre 1600 a 1900 (sinfonias, 
sonatas, concertos, óperas, quartetos de cor-
das etc.). Em contraposição a isso, um conjunto 
vasto de práticas musicais foi nomeado como 
música popular, abrangendo até obras que não 
se vinculam diretamente a uma cultura que pos-
sa ser compreendida como popular. E essa no-
meação também é problemática. É importante 
ressaltar que toda música que nos chegou 
desde a Idade Média até o início das gravações 
fonográficas, no fim do século XIX, diz respeito a 
práticas musicais que foram registradas em par-
tituras. Se pensarmos que, em todos os séculos 
predecessores ao nosso, até mesmo o acesso à 
alfabetização era muito mais restrito do que é 
hoje, o acesso à escrita musical seria ainda mais. 
Assim, quando falamos da música desses pe-
ríodos históricos, que se convencionou chamar 
de música erudita, estamos nos referindo a uma 
música que, salvo exceções, era acessada ape-
nas por uma elite econômica e intelectual. E as 
práticas musicais que tiveram origem em classes 
populares não receberam a mesma possibilida-
de de registro e atenção por parte da história 
da música. Dessa forma, o acesso a essas práti-
cas se dá por meio de suas descrições literárias 
e em comunidades que mantiveram modos de 
transmissão oral. Não podemos, portanto, conti-
nuar a nos referir à história da música pensando 
na arte musical por um viés único, centralizador 
e dominante, e sim por diferentes histórias das 
músicas, como fez José Miguel Wisnik no sub-
título de seu livro O som e o sentido: uma outra 
história das músicas (WISNIK, 1989).
EXPLORANDO 
TERRITORIALIDADES
Os territórios musicais são amplos, variados, 
interconectados. O sistema musical tem como 
marca o sistema tonal, um tipo de elaboração 
43
Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 43Objeto3_PNLD21_M_026a047_cap01.indd 43 1/14/21 6:55 PM1/14/21 6:55 PM
musical centrado em dois agrupamentos de 
tonalidade (modo maior e modo menor) e uma 
articulação harmônica à base de encadeamen-
to de acordes que se relacionam em função da 
tônica. O sistema tonal, grosso modo, consiste 
na organização da composição em torno de 
um centro tonal, no qual um acorde chamado 
de fundamental assume a função de ponto de 
partida e chegada.
Apesar dos esforços de compositores van-
guardistas do século XX em romper com o sis-
tema tonal e criar outros parâmetros de com-
posição, essas experiências não alcançaram o 
grande público. Paralelamente, as práticas mu-
sicais que foram nomeadas como populares (o 
blues, o rock, a MPB etc.) também incorpora-
ram o sistema tonal.
Há músicos que, assim que se interessam pela 
melodia de uma prática cultural distinta, preo-
cupam-se logo em harmonizá-la, em encaixar 
um encadeamento de acordes, se não dentro 
dos parâmetros tonais, ao menos de modo si-
milar. É como se qualquer melodia do mundo 
precisasse receber essa bênção civilizatória, 
como se precisasse ser encaixada urgente-
mente dentro desse parâmetro para ser aceita, 
submetendo-se, desse modo, ao grande tronco 
da música hegemônica. Mas uma prática musi-
cal decolonial, não etnocêntrica, não necessita 
que as criações musicais sejam encaixadas em 
um formato; muito além disso, como lingua-
gem artística, a música pode ter suas conven-
ções rompidas, questionadas e reinventadas, 
pode explorar a criação baseada em experiên-
cias sonoras diversificadas e na criatividade de 
todos que se disponham a escutar e explorar 
sonoridades. Em contrapartida, os grupos cul-
turais cujas músicas vêm de diferentes modos 
de organização (cantos indígenas, música ára-
be, música indiana) também eles próprios se 
apropriam das ferramentas e instrumentos da 
música hegemônica e reinventam suas práti-
cas. No centro desses territórios, muitas linhas 
e ramificações se entrelaçam. 
UMA REFLEXÃO 
SOBRE GÊNERO E 
ESTILO MUSICAL
A definição musical por gênero é amplamen-
te utilizada, pois enquadramos tudo de acor-
do com esse conceito: música clássica, samba, 
rock, axé music, world music, música caipira, 
sertanejo, rap, jazz, entre outros. Mas o que 
podemos entender por gênero musical?
A princípio, o gênero está relacionado à estrutu-
ra de composição, de modo similar à literatura, 
no qual os gêneros, como o conto, a crônica, o 
romance, entre outros, atravessam diferentes 
períodos e existem como forma, independen-
temente de seus conteúdos ou do estilo das 
narrativas. Nesse sentido, podemos encontrar a 
definição de subgênero quando se formam ti-
pos de escrita específicos, como o romance po-
licial, o romance histórico, as crônicas políticas, 
entre outros. Em música, inicialmente, o gênero 
também diz respeito ao modo de composição, 
à estrutura da forma musical, como sonata, sin-
fonia, ópera, canção etc. Nas práticas musicais 
nomeadas como populares, em muitos casos 
há uma estrutura rítmica que suporta a criação. 
Desse modo, a palavra gênero faz sentido quan-
do falamos em samba, tango, valsa, bolero, funk 
carioca (ou brasileiro), rap etc. 
Em outros tipos de músicas também há dife-
renças estruturais que podem ser compreen-
didas como diferenças de gêneros, como a 
instrumentação e o modo de cantar. Por exem-
plo, o jazz é caracterizado por uma seção de 
improvisação, assim como pelo predomínio de 
certos instrumentos. O rock também abrange 
uma diversidade de estilos e épocas em uma 
estrutura e em um contexto nos quais alguns 
elementos se repetem (talvez para o rock, sua 
definição como “território” consiga abarcar a 
amplitude de seus elementos). Assim, diversos 
aspectos podem ser tomados como parâmetro 
para determinar as diferenças entre os gêneros.
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Por outro lado, diferenças de estilo podem ocorrer dentro de um mesmo 
gênero, a ponto de receber a classificação de subgênero, como é o caso 
do próprio jazz, cujas divisões podem ser chamadas de subgêneros, esti-
los ou vertentes (cool jazz, bebop, free jazz etc.). Essas classificações, por-
tanto, não são simples, pois, em muitos casos, percebemos a combinação 
de gênero e de estilo ao analisar as diferenças de classificação musical.
No caso da música de concerto, um gênero como as sinfonias apresen-
ta diferenças de estilo, que se relacionam com momentos da história 
da arte. Uma sinfonia de Haydn é muito diferente de uma sinfonia de 
Mahler e, apesar de ambos serem compositores que estão separados 
por mais de um século, suas obras pertencem ao gênero sinfônico.
O mercado musical, em sua necessidade de criar e fomentar nichos de 
consumo, banalizou o termo gênero, definindo práticas musicais cons-
tituídas em um único rótulo: música clássica, bossa nova, jazz, rock. 
Podemos nos referir a esse modo mercadológico de nomear os gêneros 
musicais para facilitar um entendimento rápido, mas, como educadores 
e estudiosos da linguagem musical, não podemos nos limitar a essa 
definição, pensando que o entendimento de gênero também pode ser 
referencial e, em muitos casos, flexível. 
Quando nos referimos a gênero e estilo musical, esse é um modo de 
abranger a amplitude de possibilidades e entendimentos, sem nos limi-
tarmos ao modo que o mercado musical define. 
COMPONENTES EXTRAMUSICAIS DOS 
TERRITÓRIOS: UMOLHAR PARA 
A INTERDISCIPLINARIDADE
Para finalizar este capítulo, propomos ainda uma reflexão sobre todos 
os aspectos não musicais que constituem um território musical. Se to-
marmos novamente o exemplo do samba, quantos elementos culturais, 
históricos e sociais atravessam e constituem a sua prática musical? 
Busque diferentes exemplos de um mesmo gênero musical. Escute com atenção e perceba o que há de 
semelhante e de diverso entre canções e obras de músicos que são comumente situados em um mesmo 
gênero. Veja alguns exemplos a seguir.
Quais diferenças e semelhanças você percebe entre:
 ■ uma sinfonia de Mozart e uma sinfonia de Mahler;
 ■ um samba de Clementina de Jesus e um de Arlin-
do Cruz;
 ■ uma canção de rock dos Beatles e de Iron Maiden; 
 ■ um rap dos Racionais MC e de MC Sofia.
E X P E R I M E N T E !
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Podemos tratar do samba com base no texto de uma canção, começando 
pela estrutura poética de uma letra, por suas metáforas e seu universo. O 
que uma canção de Noel Rosa, de Cartola ou de Dona Ivone Lara podem 
nos revelar sobre os costumes e o pensamento de seus tempos? O texto 
de uma canção pode oferecer possibilidades de estudos de gênero, por 
exemplo, sobre como as mulheres são representadas? Qual é a relação 
entre lazer e trabalho? Quais relações e tensões sociais podemos analisar 
na letra de um samba como “Saudosa maloca”, de Adoniran Barbosa?
As práticas musicais podem ser pontos de conexão para o estudo de 
contextos históricos específicos. Quanto o período militar brasileiro 
pode ser narrado por canções de protesto, pela estética do movimento 
tropicalista, por canções da Jovem Guarda? O que a música de Haydn e 
de Mozart revela sobre os ideais do Iluminismo? O que a música criada 
para playlists de música de relaxamento em plataformas de streaming 
pode revelar de nosso próprio momento histórico?
O que podemos pensar da estética visual em capas de discos e CDs, 
dos modos de cantores e compositores se apresentarem, ou de quanto 
há de teatralidade em apresentações de artistas como Maria Bethâ-
nia, MC Linn da Quebrada, Ney Matogrosso, Amy Winehouse, Antônio 
Nóbrega, Björk, Elvis Presley, Mano Brown? Qual narrativa de mundo a 
obra desses artistas traz? Com quem dialoga? O que cada um desses 
exemplos representa como comportamento, modos de vida e percep-
ção da realidade de seu próprio público?
A T I V I D A D E 2
CRIANDO UMA CARTOGRAFIA
MATERIAL 
Papéis, cartolinas, lápis, canetas, tintas, recortes de revistas e jornais, cola, te-
soura, barbantes, a depender da disponibilidade do grupo. É possível também 
fazer o mapa em ambiente digital com o uso de softwares ou de aplicativos de 
edição de imagens.
PROCEDIMENTOS
 1 Escolha um tipo de música de que você goste. Pode ser de qualquer gêne­
ro, estilo ou época. 
 2 Comece a traçar todos os aspectos, ideias e contextos que se vinculam ao 
exemplo escolhido. Pense com base nos parâmetros a seguir:
 ■ Quais instrumentos musicais são utilizados?
 ■ Caso haja texto, o que as letras costumam dizer? Quais são as temáticas 
abordadas?
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 ■ Em quais ambientes essa música é praticada? É um contexto midiático? É 
um tipo de música com muita ou pouca veiculação nas mídias? É um con-
texto cultural específico? É uma música tocada em salas de concerto? Em 
casas de show? Em boates? Em festas? Em igrejas? Nas ruas?
 ■ Qual é o perfil de seu público-alvo? A faixa etária? A classe social? Seu 
público se agrupa em algum tipo de comportamento? 
 ■ É uma prática musical própria de alguma época ou localidade? Há dança? 
Há algum tipo de socialização envolvida? Algum tipo de festividade? 
 ■ A quais ideias e sentimentos esse tipo de música lhe remete? Faça uma lis-
ta pessoal de todas as palavras que lhe vêm à cabeça quando você escuta 
ou pensa no território escolhido. Quais são seus vínculos pessoais? 
 ■ A quais outros gêneros e estilos musicais seu exemplo se vincula? Quais 
ramificações e desdobramentos esse território pode produzir? 
Esses questionamentos são exemplos, linhas para alcançar uma cartogra-
fia. Experimente fazê-la sobre um papel amplo, preenchendo o espaço com 
palavras, imagens. Outra possibilidade é fazer a cartografia de modo digital, 
traçando linhas, segundo o seu próprio entendimento. 
AUTOAVALIAÇÃO
Pense se você conseguiu alcançar todos os elementos e as relações que co-
nhece para o território musical escolhido. Reflita também sobre as relações 
com outros territórios e se você sabe de quais práticas musicais seu exemplo 
se originou. Mesmo quando acreditar que sua cartografia está concluída, con-
sidera-a aberta. Faça reinserções, enxertos, pesquise um pouco mais e reavalie 
se o trabalho está finalizado.
EM SALA DE AULA
Para explorar esta atividade em sala de aula, proponha a utilização de cola-
gens, desenhos ou aplicativos que motivem os estudantes a perceber quanto 
suas ideias sobre música ou sobre um gênero também se vinculam a uma mul-
tiplicidade de aspectos.
Esta atividade mobiliza as competências gerais 1 e 3, por valorizar conheci-
mentos historicamente construídos e proporcionar aprendizagens sobre mani-
festações artísticas diversas. Nesse sentido, contribui, ainda, para a competên-
cia específica 6.
AVALIAÇÃO
Ao aplicar essa atividade em sala de aula, proponha aos estudantes os mes-
mos questionamentos que foram utilizados na sua vivência e deixe que os 
próprios colegas opinem sobre os mapas um dos outros. Avalie a disposição 
deles para pesquisar, buscar outros elementos, ampliar seus entendimentos 
em relação à multiplicidade de aspectos que podem ser identificados e asso-
ciados à prática musical.
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2
TERRITÓRIOS MUSICAIS 
DA JUVENTUDE
 Apresentação de cantores de rap. 
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 1 – Essa competência é mobilizada pela abordagem 
de conhecimentos de pesquisas no âmbito da abordagem sociocultural da 
educação musical com o objetivo de contribuir com um pensamento mais 
democrático e inclusivo em relação às práticas culturais das juventudes.
Competência geral 2 – É desenvolvida na atividade de mapeamento dos 
territórios musicais dos estudantes com o intuito de exercitar a curiosi-
dade intelectual por se valer de ferramentas próprias das ciências huma-
nas e assim trabalhar a investigação, a reflexão e a análise crítica, produ-
zindo conhecimentos por meio da comparação e análise de dados.
Competência geral 3 – É desenvolvida por meio da pesquisa e escuta 
de exemplos de rap e funk brasileiro, visando valorizar e fruir as mani-
festações culturais tanto locais quanto mundiais.
Competência geral 4 – É trabalhada na atividade de mapeamento dos 
territórios musicais dos estudantes, por utilizar conhecimentos das lin-
guagens artísticas e das ciências humanas para expressar e partilhar 
informações sobre os estudantes e produzir sentidos que levem os di-
ferentes membros da comunidade escolar a um entendimento mútuo.
 
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Competência geral 5 – É mobilizada de modo parcial ao propor ao professor que faça uma pes-
quisa sobre influenciadores digitais recomendados pelos estudantes e procure diferentes exem-
plos musicais em ambiente digital.
 Competência geral 6 – É desenvolvida por meio de reflexões sobre as culturas juvenis com o 
intuito de valorizar as diversidades de saberes e vivências culturais das juventudes, de modo 
que o professor possa também pensar em aspectos de sua própria trajetóriae se aproximar dos 
projetos de vida dos estudantes.
Competência geral 7 – É trabalhada por meio de reflexões sobre as relações entre as culturas 
juvenis e a cultura escolar apoiadas em conhecimentos construídos por pesquisadores. Assim, 
é possível argumentar com base em dados e informações confiáveis que levem à promoção 
do respeito e dos direitos humanos. Dessa forma, a atividade de mapeamento dos territórios 
musicais dos estudantes também contribui para o desenvolvimento dessa competência.
Competência geral 8 – É mobilizada por meio de reflexões acerca das experiências de juventu-
de do professor, de modo que ele se compreenda na diversidade humana, reconhecendo suas 
emoções e a dos estudantes para poder lidar com elas e contribuir para o desenvolvimento da 
competência deles.
Competência geral 9 – É desenvolvida pela abordagem do capítulo acerca das culturas juvenis, 
aproximando o professor da juventude ao exercitar a empatia e o respeito, além de promover a 
valorização da diversidade de interesses próprios dos estudantes.
Competência geral 10 – Essa competência é trabalhada na atividade de mapeamento dos terri-
tórios musicais dos estudantes mediante a realização de uma pesquisa coletiva, incentivando as 
tomadas de decisões pautadas em princípios éticos, democráticos e inclusivos.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA ÁREA 
DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Neste capítulo, a competência 1 é mobilizada por meio da abordagem de práticas culturais da ju-
ventude com o objetivo de pensar sobre seus modos de atuação social e interpretar criticamente 
as especificidades de suas realidades.
A competência geral 2 é desenvolvida mediante reflexões sobre as culturas juvenis e suas rela-
ções com o sistema escolar visando promover a compreensão dos processos identitários, assim 
como os conflitos e as relações de poder que permeiam a linguagem musical e suas práticas 
sociais na vida dos jovens, tecendo ainda reflexões que incentivem a empatia e os diálogos nas 
relações entre professores e estudantes. 
A competência específica 6 é desenvolvida com a contextualização e a proposta de apreciação 
de obras de rap e do funk brasileiro, compreendendo esses gêneros em suas características e 
valorizando seus saberes e as identidades culturais da juventude.
A competência 7 é parcialmente trabalhada por meio de instruções de uso das Tecnologias Di-
gitais de Informação e Comunicação (TDIC) para facilitar as pesquisas de exemplos musicais e 
também como modo de execução e divulgação dos resultados da atividade 2.
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CULTURA ESCOLAR × 
CULTURAS JUVENIS
Neste capítulo, vamos tratar dos territórios mu-
sicais da juventude, onde a música tem uma 
forte presença e, muitas vezes, assume uma ex-
pressão da identidade na busca dos jovens por 
sua inserção em grupos sociais. As chamadas 
“tribos urbanas”, grupos majoritariamente com-
postos de jovens que compartilham ideais, com-
portamento, modos de vestir e gostos musicais, 
como punks, góticos, rappers, funkeiros, me-
taleiros, clubbers, cosplayers, se consolidaram 
durante o século XX. Esses nomes de grupos, 
porém, são apenas alguns entre os tantos que 
compõem o imaginário urbano na atualidade. 
Nesses grupos, a música tem um forte papel 
de agregação e demarcação dos territórios, de 
modo tão intenso que seus integrantes defen-
dem a estética musical preferencial como um 
ideal político. Muitas vezes, erguem-se muros 
tão altos entre essas fronteiras que eles se re-
cusam a visitar e conhecer o território vizinho e 
as instituições escolares não se mostram aber-
tas ao trânsito e aos interesses desses jovens.
Mesmo que muitos jovens não cheguem a aderir 
integralmente a esses grupos, os aspectos des-
ses territórios podem ser incorporados em seus 
processos identitários, pois a música, em muitos 
casos, pode assumir um vetor fundamental de 
individuação e de busca por inserção social. 
E qual é o papel da escola como um dos prin-
cipais ambientes de convívio desses jovens? 
Em que sentido as escolas e os educadores 
têm dialogado com os universos próprios dos 
adolescentes, com seus interesses, preferên-
cias e vínculos? O que a organização escolar 
entende por “culturas juvenis”? Então, como 
compreender e acessar esse universo?
Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 
afirma-se em diversos momentos do texto a 
necessidade de que a escola esteja articulada 
com as culturas juvenis, não somente em seu 
texto para o Ensino Médio. Ao tratar do con-
ceito de educação integral, o texto diz:
[…] o conceito de educação integral com que a 
BNCC está comprometida se refere à constru-
ção intencional de processos educativos que 
promovam aprendizagens sintonizadas com as 
necessidades, as possibilidades e os interesses 
dos estudantes e, também, com os desafios da 
sociedade contemporânea. Isso supõe conside-
rar as diferentes infâncias e juventudes, as di-
versas culturas juvenis e seu potencial de criar 
novas formas de existir. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: 2018, p. 14.
A BNCC se refere também às formas de ex-
pressão das culturas juvenis e seus vínculos 
com as culturas digitais ao tratar da neces-
sidade de se trabalhar com os blogs, vlogs, 
podcasts culturais e gameplay, associando os 
traços dessa cultura às áreas urbanas mais 
densamente povoadas. 
Especificamente em relação ao ensino médio, a 
BNCC prevê ainda a necessidade de profundas 
mudanças no modo como a escola enxerga a 
juventude, buscando adequar os currículos da 
organização escolar para entender o que os jo-
vens pensam, sentem e anseiam e, assim, com-
preender a importância dessas necessidades 
para uma formação integral, não conteudista, 
que seja capaz de aproximar os jovens da esco-
la de modo significativo, dando a eles a chance 
de exercer seu próprio protagonismo e pensar 
em seu futuro de modo múltiplo e heterogêneo. 
A BNCC ressalta também a necessidade de 
mudanças no ensino médio no seu modo de 
organização, que ainda apresenta “excesso de 
componentes curriculares e abordagens peda-
gógicas distantes das culturas juvenis, do mun-
do do trabalho e das dinâmicas e questões so-
ciais contemporâneas”. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: 2018, p. 268.
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Essa necessidade de uma melhor compreensão e proximidade entre as culturas juvenis e a es-
cola já vinha sendo apontada em estudos da área educacional. Pensadores e pesquisadores 
vinculados a universidades já falavam, nos últimos vinte anos, sobre essa realidade da cultura 
escolar, onde jovens não se reconhecem e por isso buscam lugares e modos próprios de reflexão 
sobre seus anseios e necessidades, geralmente em espaços variados de socialização entre si e 
em formas de expressão cultural das quais a música faz parte.
A BNCC discute a necessidade de adotarmos uma visão ampliada e plural em nossas noções 
sobre a juventude, compreendendo que ela é dinâmica e que seus agentes são participantes 
ativos das sociedades na qual se inserem, pois só assim poderemos entender essas sociedades 
e contextos como igualmente diversificados e dinâmicos. (BRASIL, 2018, p. 463)
Desse modo, é importante que as noções que temos de juventude sejam ampliadas. Mas, afinal, 
o que é cultura juvenil?
P A R A R E F L E T I R
 ■ O que você entende por culturas juvenis?
 ■ Quais formas de expressão artística e cultural você considera que sejam próprias das juventudes?
 ■ O que pensa sobre as juventudes de hoje? Percebe diferenças em relação à sua própria adolescência?
A pesquisadora de educação musical Margarete Arroyo há anos vem 
estudando as relações de ensino e aprendizagem em música de jovens, 
tanto emcontextos escolares quanto de aprendizagem informal e nas 
escolas de música. Em um dos levantamentos que fez em pesquisas 
na área, a pesquisadora verificou uma recorrente desarticulação entre 
a escola e as culturas juvenis. Em um de seus artigos, chamado “Esco-
la, juventude e música: tensões, possibilidades e paradoxos” (ARROYO, 
2007), ela traz um aporte teórico em pesquisadores ingleses e se vale 
do conceito de “terceiro ambiente”, de David Hargraves, para pensar 
sobre um modo de compreender o que seriam as culturas juvenis. 
Entende-se por “terceiro ambiente” os espaços diferentes do ambiente 
familiar e do ambiente escolar. Esses espaços são marcados pelo terri-
tório dos jovens, nos quais eles podem existir sem o olhar dos pais e a 
presença de educadores, ou seja, livres do controle e da imposição de 
regras dos adultos. São os variados espaços de socialização, como os 
grupos que se reúnem para praticar esportes ou atividades culturais, 
as bandas, os grupos de dança, os encontros em praças e parques. O 
terceiro ambiente pode se configurar também como o quarto do jovem 
ou o espaço que ele tiver em sua residência e lhe proporciona a oportu-
nidade de permanecer sozinho para fruir seus próprios anseios e os am-
bientes virtuais que também propiciam encontros e troca de interesses. 
Na escola, o terceiro ambiente também acontece nos intervalos, como 
brechas no tempo institucional, momentos de respiro e de comunhão 
entre os pares.
SOBRE O PESQUISADOR
Margarete Arroyo 
é professora e 
pesquisadora do 
Instituto de Artes 
da Universidade 
Estadual Paulista e 
atua em pesquisas 
sobre o ensino 
de música para a 
juventude, tanto 
em âmbito formal 
como informal, 
da perspectiva 
sociocultural da 
educação musical.
Para conhecer outras 
informações sobre a 
pesquisadora, acesse 
seu Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/ 
6650565559318101. 
Acesso em: 3 dez. 
2020.
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No âmbito desses espaços e tempos próprios dos jovens, nos quais 
eles podem exercitar seus interesses, discutir seus anseios e buscar 
suas identidades, as linguagens artísticas e corporais se constituem em 
um contexto privilegiado. Música, dança, esportes, bate-papos e jogos 
constroem e aglutinam identidades. No caso da música, mesmo quan-
do os jovens não têm interesse em se tornar eles próprios músicos, 
aderem ao jeito de vestir, ao comportamento e a uma gama de vínculos 
culturais, traçando-se assim territórios nos quais a música pode ser o 
elemento central.
Jovem dançando hip-hop 
em espaço público.
Grupos de 
jovens criam 
laços sociais 
por meio da 
música.
Dariush M/Shutterstock
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O corpo aparece como veículo de identidade 
e também de expressão das culturas juvenis 
e constitui o terceiro ambiente na escolha das 
roupas, tatuagens, piercings, na adesão forte 
de determinado estilo e moda, o que contribui 
para a demarcação tanto de seus territórios 
pessoais quanto coletivos, expressando o gru-
po ou tribo do qual os jovens fazem parte em 
identidades coletivas. Dessa forma, aderem à 
expressão não só da juventude como faixa etá-
ria, mas também demarcam seu espaço den-
tro da multiplicidade de culturas juvenis. Nesse 
sentido, lembramos das concepções de Deleu-
ze e Guattari, que também compreendem o 
corpo como expressões de nossos territórios: 
“Se for preciso, tomarei meu território em meu 
próprio corpo, territorializo meu corpo: a casa 
da tartaruga, o eremitério do crustáceo, mas 
também todas as tatuagens que fazem do 
corpo um território”. (DELEUZE; GUATTARI, 
2019, p. 135). 
Outro aspecto que pode nos ajudar a compre-
ender a juventude em suas culturas e territó-
rios é o entendimento da “condição juvenil” e 
suas diferentes realidades. Segundo o profes-
sor Juarez Dayrell (DAYRELL, 2007), a condi-
ção juvenil é definida como o modo como a 
sociedade atribui significado a essa etapa da 
vida, abarcando as condições históricas, as ca-
racterísticas geracionais, mas também as par-
ticularidades provenientes das condições so-
ciais, como classe, gênero e etnia (DAYRELL, 
2007, p. 1.108). Assim, o autor destaca a im-
portância de olharmos para os significados de 
ser jovem em diferentes contextos, chamando 
a atenção para as múltiplas dimensões da con-
dição juvenil.
Um dos modos como a juventude é pensada 
pelo senso comum, especialmente os estudan-
tes do ensino médio, traz a concepção de que 
se trata de uma fase transitória da vida, um pe-
ríodo inacabado entre a infância e a vida adul-
ta. Entretanto, é importante pensar que para 
muitos adolescentes em idade escolar do en-
sino médio suas condições juvenis estão longe 
de um ideal de preparação, pois se configu-
ram pela necessidade de inserção precoce no 
mercado de trabalho, sendo também o único 
modo de acesso ao lazer, que só poderá ser 
usufruído com os ganhos de seus empregos. 
“O trabalho também faz a juventude” (SPOSI-
TO apud DAYRELL, 2007, p. 1.109), apresentan-
do-se como uma dimensão efetiva e simbólica 
na construção de identidades. Para os jovens 
de famílias pouco favorecidas, a sobrevivência 
pode ser um imperativo, além de auxílio nas 
necessidades de casa.
O trabalho com a juventude deve considerar a 
condição dos jovens de uma escola e até mes-
mo as variações que podem existir em uma 
mesma turma. Adentrar esses territórios e al-
cançar a confiança requer atenção constante 
para o modo como vivem, suas condições fa-
miliares, sociais e econômicas. Sendo assim, a 
escola e os professores não devem enxergar 
os estudantes de um modo único, e sim reco-
nhecendo-os como pessoas que vivem reali-
dades muito particulares.
Entre as condições de juventude e as culturas 
juvenis, uma série de territórios se desdobram, 
como as relações que os jovens estabelecem 
nos espaços urbanos, tanto no bairro em que 
residem quanto em outros locais que buscam 
para a socialização e o fortalecimento de seus 
Quais são as condições juvenis dos estudantes com os quais você trabalha? São estudantes de que con-
texto social e econômico? Eles trabalham? Estudam? Há jovens em condição de vulnerabilidade? Como 
são as diferenças que estão presentes em uma mesma turma? Quais são os significados que eles estabele-
cem com o ambiente escolar e com os estudos?
P A R A R E F L E T I R
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vínculos culturais. Assim, eles buscam espa-
ços onde há agrupamentos em torno de seus 
interesses, como shows, centros de convivên-
cia, lojas, locais de festas e práticas esportivas, 
ou seja, locais de encontro entre aqueles que 
compartilham os mesmos interesses. E nesses 
modos de interação com a cidade os jovens 
criam suas territorialidades.
O terceiro ambiente em sua multiplicidade de 
espaços de circulação e encontro também se 
configura como espaço de formação e apren-
dizado para a juventude. A escola é apenas um 
dos locais onde ocorre o aprendizado. Em seus 
espaços próprios e na busca por seus interes-
ses, os jovens exercitam também a curiosidade 
intelectual e as reflexões acerca de si mesmos 
e dos contextos sociais que os rodeiam. 
Um olhar atento das escolas e dos educado-
res pode descobrir oportunidades de estímulo 
a trabalhos de pesquisa, porque, mesmo em 
seus interesses mais particulares, é possível en-
contrar conexões com diversos conhecimentos, 
assim como possibilidades de desenvolvimento 
de habilidades. Independentemente do pon-
to de partida, qualquer assunto pode expandir 
a percepção da realidade, levando os jovens a 
compreender mais profundamente seus interes-
ses e as relaçõesde poder que uma sociedade 
capitalista estabelece sobre os indivíduos. 
O consumismo e o fetichismo por alguns 
produtos, como aparelhos eletrônicos e rou-
pas, marca as culturas juvenis de todas as 
realidades socioeconômicas. Nesse sentido, 
compreender os mecanismos de legitimação 
desses desejos e seus múltiplos processos de 
exclusão em nossa sociedade pode contribuir 
para que os jovens diversifiquem seus conteú-
dos simbólicos e suas redes de significado.
A família também se constitui em território de 
formação cultural e identitária. Mesmo quando 
há oposição e “rebeldia” juvenil, esse confron-
to revela que os jovens buscam encontrar seus 
próprios caminhos e escolhas. A vida familiar 
é contemplada entre os “temas contemporâ-
neos transversais” e não é um mundo à parte 
da escola. Criar espaços de discussões sobre 
essas questões pode ajudar os estudantes a 
compreender suas situações familiares e esta-
belecer com o ambiente escolar uma relação 
de confiança e compartilhamento. No caso 
de jovens que enfrentam situações de violên-
cia ou abuso, a escola pode se constituir no 
único espaço em que eles podem conversar e 
tomar maior consciência da situação adversa 
que vivenciam, além de contar com apoio dos 
colegas e da equipe escolar para encontrarem 
soluções conjuntas. 
Assim, a condição juvenil é constituída de 
universos sociais diversificados que se con-
trapõem a vínculos fragmentados, hetero-
gêneos e composto ainda de experiências 
contraditórias. A socialização, portanto, se 
apresenta como imperativa para a articula-
ção de símbolos e de identidades que estão 
em formação, mas não se referem a pessoas 
incompletas. Os jovens têm opinião, posicio-
namentos, militância e interesses legítimos, 
muitos dos quais podem acompanhá-los na 
vida em outras faixas etárias, outros são pas-
sageiros, mas todos são autênticos na situa-
ção de vida que experimentam. É importante 
que deixemos de lado as ideias prontas, os 
preconceitos contra a juventude, especial-
mente contra aqueles que sofrem maior vul-
nerabilidade: a juventude negra e periférica, 
que arrasta um lastro histórico de exclusões 
e marginalizações, cuja cultura é ainda um 
constante alvo de discriminação, deslegiti-
mação e associação à violência. 
Considerar que há muitas juventudes implica 
organizar uma escola que acolha as diversida-
des, promovendo, de modo intencional e per-
manente, o respeito à pessoa humana e aos 
seus direitos. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base 
Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: 
2018, p. 463.
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RECUPERANDO MEMÓRIAS DA 
JUVENTUDE
Material: papel, caneta ou computador.
PROCEDIMENTOS
 1 Faça uma cartografia de sua própria juventude. 
 ■ Qual era sua condição juvenil? 
 ■ Em que ponto o contexto em que você viveu 
era particular e/ou similar aos dos jovens com 
os quais trabalha? 
 ■ O que você percebe de comum em relação 
aos sentidos, desejos, interesses e angústias? 
 ■ Entre suas vivências, o que julga como especí-
ficas dessa faixa etária? 
 ■ Em suas vivências, há lembranças que desto-
am de um imaginário comum de juventude? 
 ■ Quais memórias são mais relevantes ou mar-
cantes? 
 ■ Em que sentido as experiências de sua ado-
lescência e da etapa do ensino médio tiveram 
influência em suas escolhas profissionais? 
 ■ Como você compreendia a atividade de do-
cência? 
 ■ Como eram suas relações na escola? 
 ■ As atividades escolares iam de encontro a 
seus interesses? Quanto elas divergiam? 
 ■ Entre suas preferências culturais da adoles-
cência, quais ainda se mantêm? Quais se mo-
dificaram? 
 ■ Quais são as referências musicais que você 
traz como lembrança ou que lhe despertam 
uma memória afetiva?
 2 Agora, reflita sobre essas questões e escreva 
sobre o que você se recorda ou sobre aquilo 
que foi marcante. 
 3 Para recuperar suas memórias, você pode fazer 
uma experiência de escrita automática. Essa 
técnica consiste em deixar a consciência fluir, 
escrevendo o que lhe vier à cabeça sem limi­
tações, mesmo que surjam elementos apa­
rentemente avulsos. Nesse caso, pense nas 
questões suscitadas sobre suas memórias de 
adolescência. 
 4 Determine um tempo entre cinco a dez minutos 
e escreva sem fazer julgamentos.
 Faça uma nova reflexão sobre as questões 
propostas a seguir, apoiando­se na sua car­
tografia.
 ■ As memórias que você recuperou no processo 
de escrita se relacionam às questões suscita-
das? Elas auxiliam nas respostas?
 ■ Você recuperou lembranças que estavam es-
quecidas? 
 ■ Quais sentimentos predominaram nessas me-
mórias?
 ■ Como eram seus anseios profissionais? Em 
que sentido as experiências próprias da juven-
tude influenciaram em suas escolhas?
 ■ Como era sua cultura juvenil? Em quais territó-
rios você habitava?
EM SALA DE AULA
Após essa vivência, você vai trabalhar em sala de aula 
com os estudantes. Promova uma conversa com eles 
para compartilhar as experiências de sua juventude. 
Tente traçar semelhanças entre as culturas juvenis e a 
dos estudantes, identificando possíveis diferenças de 
contextos sociais, históricos ou geracionais.
AVALIAÇÃO
Compare as respostas das questões iniciais des-
ta atividade com a sua escrita automática e trace 
paralelos com quem você é agora e com sua ex-
periência docente. A recuperação dessas memó-
rias pode ajudar na compreensão das motivações 
de suas escolhas. Outra finalidade desta atividade 
é reconhecer nas experiências dos estudantes ca-
racterísticas comuns de sua própria experiência, 
visando promover uma relação de proximidade e 
confiança com eles.
A T I V I D A D E 1
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Ao longo da trajetória de Margarete Arroyo, as 
instituições escolares mantiveram distância das 
juventudes, como se o ambiente escolar de-
vesse ser isolado dos interesses dos jovens em 
sua meta de prepará-los para o mundo adulto, 
considerando-os seres em transição (ARROYO, 
2007). A pesquisadora aponta estudos que 
relacionam a evasão escolar no ensino médio 
com a falta de interesse dos jovens pela escola. 
Entre as causas dessa desconexão, o pesquisa-
dor Juarez Dayrell analisa a expansão do acesso 
ao ensino médio no Brasil a partir da década de 
1990. Antes dessa década, segundo o professor, 
a escolarização era um privilégio das camadas 
econômicas médias e altas, que traziam cer-
ta “homogeneidade de habilidades, conheci-
mentos e projetos de futuro” (DAYRELL, 2007, 
p. 1.116). Nesse contexto, o ensino médio era uma 
etapa de transição desses jovens para o ensino 
superior. Entretanto, com a expansão do ensino 
público, as escolas passaram a receber contin-
gentes cada vez mais heterogêneos de jovens, 
inseridos em condições sociais diversas. E as 
escolas públicas não apenas ampliaram suas 
redes, mas também o ensino particular, que se 
tornou a principal escolha de famílias de clas-
ses médias e altas. Dessa forma, foi criada uma 
separação entre um tipo de escola frequentado 
pelos estudantes de melhor condição econômi-
ca e aqueles de condições menos favorecidas. 
Assim, o ensino médio se ampliou, tornando-se 
etapa obrigatória do ensino básico, e passou a 
não atender apenas às demandas de um setor 
da sociedade, mas das juventudes do país de 
modo muito mais amplo e, em alguns casos, re-
presentando a última etapa de estudos. Diante 
dessa diversidade, o ensino médio não poderia 
ser somente uma preparação para o ensino su-
perior, o que aumentou as contradições entre 
as propostas curriculares e as necessidades das 
juventudes. 
Dayrell comenta que os descompassos entre a 
escola e as culturas juvenis apontam para uma 
crise da instituição escolar na contemporanei-
dade. A escola enfraqueceu como espaçode so-
cialização dos jovens, que agora ocupam outros 
espaços em uma multiplicidade de referências 
culturais e redes de significado. Esses espaços 
se expandem nos ambientes virtuais, os quais, 
cada vez mais, somos incentivados (e até for-
çados) a vivenciar, sobretudo após o ano 2020.
O novo ensino médio e a BNCC resultam dessa 
preocupação em aproximar as organizações 
escolares dos interesses juvenis, reconhecendo 
os jovens como sujeitos capazes de exercitarem a 
própria cidadania, destacando seu protagonismo 
nas criações culturais contemporâneas, conforme 
texto da BNCC: 
Por ser um período de vida caracterizado por 
mais autonomia e maior capacidade de abstra-
ção e reflexão sobre o mundo, os jovens, gradati-
vamente, ampliam também suas possibilidades 
de participação na vida pública e na produção 
cultural. Eles fazem isso por meio da autoria de 
diversas produções que constituem as culturas 
juvenis manifestadas em músicas, danças, ma-
nifestações da cultura corporal, vídeos, marcas 
corporais, moda, rádios comunitárias, redes de 
mídia da internet, gírias e demais produções e 
práticas socioculturais que combinam lingua-
gens e diferentes modos de estar juntos. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: 2018, p. 481.
SOBRE O PESQUISADOR
Juarez Dayrell é sociólogo, pesquisador e professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais 
(UFMG). É fundador do Observatório da Juventude da UFMG e desenvolve pesquisas sobre juventude, 
educação e cultura.
Acesse seu Currículo Lattes em: http://lattes.cnpq.br/4665625518465449. Acesso em: 3 dez. 2020.
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E X P E R I M E N T E !
 ■ Quais são os formadores de opinião dos jovens 
com os quais você atua?
 ■ Pergunte a estudantes de perfil variado quais são 
os blogs, vlogs ou canais de formadores de opi-
nião que eles acessam com mais frequência. De-
pois, experimente assistir a esses canais e conhe-
cer um pouco da visão de mundo dos estudantes.
Não deve ser objetivo das instituições “esco-
larizar” as culturas juvenis, utilizando-as como 
mero instrumento, e sim reconhecê-las em 
seus próprios valores. A escola pode ampliar 
as referências artísticas, musicais e culturais 
dos jovens, mas sem estabelecer hierarquiza-
ções de gostos, com o intuito de criar um diá-
logo horizontal entre múltiplos territórios. 
Dessa forma, os jovens têm a possibilidade 
de conhecer formas de expressão cultural 
que possam vir a compor suas próprias traje-
tórias, seus próprios territórios. Os professo-
res podem encarnar uma hierarquia simbólica 
que cria barreira, especialmente quando há a 
pretensão de que o conhecimento e o gos-
to dos adultos e professores seja “superior”. 
Esse tipo de postura não deve fazer parte da-
queles que realmente querem desterritoria-
lizar, transpor fronteiras, experienciar o uni-
verso do outro e, assim, também exercitar as 
capacidades de empatia, curiosidade e res-
peito à diversidade. 
Um mundo dominado por fronteiras e territo-
rialidades agressivas é sempre mais cômodo 
para os adultos, e os profissionais da educa-
ção acabam se encarcerando em suas próprias 
verdades. Mas o professor e a escola podem 
cultivar territórios de compartilhamentos, 
abrindo-se verdadeiramente à juventude.
As linguagens da arte podem ter um papel 
fundamental para compartilhamentos culturais 
entre os profissionais da educação e os jovens, 
que por meio das linguagens artísticas podem 
colocar em cena seus interesses em criações 
musicais, teatrais, dança, artes visuais, audiovi-
sual e artes circenses.
 ■ Como é o pensamento predominante em suas instituições de trabalho?
 ■ Qual o impacto da BNCC e do novo Ensino médio entre seus colegas de profissão?
 ■ Existem ações que buscam aproximações com as culturas juvenis?
P A R A R E F L E T I R
JOVENS E MÚSICA – CONHECENDO 
OS TERRITÓRIOS
Nas culturas juvenis, a música é um dos fenômenos mais marcantes, 
pois assume um lugar central em seus interesses. Arroyo fala sobre es-
tudiosos ingleses que ressaltam quanto a música cumpre as necessida-
des sociais, emocionais e cognitivas dos jovens (ARROYO, 2007, p. 14).
Ainda assim, entre vários estudos que a pesquisadora discute, verifi-
ca-se que, apesar disso, os jovens demonstram pouco interesse pelas 
aulas de música na escola.
Podemos pensar que um desinteresse como esse é um indício de que as 
escolas ainda trazem uma visão de música tradicionalista, hegemônica 
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e tecnicista, que pouco considera os territórios 
dos jovens, quando não faz julgamentos pejo-
rativos sobre suas preferências.
O discurso corrente sobre os gostos dos 
jovens precisa sair da contraposição entre 
“bom” e “ruim”. Esse tipo de classificação de-
monstra um pensamento fechado por parte 
dos adultos, muitos deles indispostos a uma 
aproximação e uma troca sincera com a ju-
ventude. Até que ponto, porém, essas qualifi-
cações pejorativas da música do outro estão 
marcadas por preconceitos sociais e étni-
co-raciais, por etnocentrismo, eurocentris-
mo e elitismo? Em muitos casos, os critérios 
de “música boa” ou “música ruim” não têm 
relação com parâmetros musicais ou estéti-
cos, e sim com motivações de gostos e vivên-
cias pessoais.
Segundo o sociólogo francês Michel Bozon: 
Longe de ser uma atividade unificadora no que 
concerne a todos os ambientes sociais e todas 
as classes, a música é o lugar por excelência da 
diferenciação pelo desconhecimento mútuo; os 
gostos e os estilos frequentemente se ignoram, 
se menosprezam, se julgam, se copiam. 
Michel Bozon (2000, p. 142 apud 
ARROYO, 2002, p. 100).
Assim, em muitos casos, o julgamento e a des-
qualificação de práticas musicais estão asso-
ciados ao desconhecimento dos elementos 
significativos dentro de um território musical. 
Se existem gêneros e estilos musicais inade-
quados, é preciso compreender os motivos, 
lembrando que em arte talvez não caiba esse 
tipo de julgamento. Isso não quer dizer que 
todos nós devemos consumir todos os estilos 
musicais, mas sim que é necessário entender-
mos com consciência os porquês de um tipo 
de música não nos agradar. Pode ser que isso 
esteja relacionado com o fato de não gostar-
mos de seus temas, do jeito de cantar que ca-
racteriza aquele estilo, porque consideramos 
seus temas vulgares ou porque consideremos 
sua sonoridade muito ruidosa. Ainda assim, es-
ses parâmetros são pessoais e não podem ser 
generalizados ou impostos.
A seguir, propomos algumas reflexões críticas 
sobre alguns dos critérios que podem ser elen-
cados para a qualificação ou desqualificação 
dos gostos musicais dos jovens.
SOM BARULHENTO?
Podemos não gostar de uma música de muita 
intensidade sonora, ou não estarmos dispos-
tos a algo assim o tempo inteiro. Entretanto, 
não é necessariamente a intensidade que faz 
um tipo de música ser melhor do que o ou-
tro. A arte musical trabalha com diferentes 
contrastes (forte e fraco) e, em muitos casos, 
isso pode representar em que local e contex-
to determinada música foi composta, ou ser 
principalmente um viés expressivo. Podemos 
gostar tanto de uma sonata para violoncelo 
solo quanto da bateria de uma escola de sam-
ba. Um ouvido aberto a diferentes possibilida-
des musicais pode compreender a linguagem 
musical de forma mais ampla e, consequen-
temente, desenvolver mais ferramentas para 
suas próprias expressões. 
VOZ IRRITANTE?
Diferentes épocas e estilos musicais desenvol-
veram maneiras próprias de cantar. Atualmen-
te, em virtude de uma ampla disseminação 
de música estadunidense e concursos vocais 
televisivos, parece haver uma predominância 
da técnica conhecida como belting, que se 
caracteriza por uma voz deampla extensão, 
sobretudo com valorização dos agudos e do 
virtuosismo. Esse tipo de canto pode ser um 
dos que predominam no senso comum como 
voz de qualidade, embora isso se dê em parte 
por sua disseminação massiva em cantoras e 
cantores da música pop, pelo teatro musicado 
e pela música gospel. 
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Cantar e apreciar a potencialidade expressiva 
da voz humana pode implicar timbres dife-
rentes, vozes de qualidade mais áspera e com 
menos amplitude de extensão. O movimento 
da bossa nova, por exemplo, privilegiou uma 
forma de cantar mais próxima da fala, o que 
foi possível também pelo aperfeiçoamento 
tecnológico dos microfones. Em muitos casos, 
alguns cantores são considerados ruins por al-
guns elementos que são tidos como exagera-
dos, como o vibrato da música sertaneja. En-
tretanto, cantores de ópera também têm um 
vibrato intenso e não são tomados como mú-
sica ruim. Um timbre de voz rouco pode ser 
um recurso expressivo ou a marca da perso-
nalidade de um artista, como é o caso de Janis 
Joplin ou Louis Armstrong. 
Assim como as diferentes intensidades, as di-
ferentes vozes compõem a gama de expressão 
musical, elementos de desqualificação que po-
dem ser critérios de um gênero musical e não 
de outro.
LETRAS INADEQUADAS?
As temáticas das letras são um dos critérios 
pelos quais muitas das músicas da juventude 
são menosprezadas. Entretanto, uma música 
cantada, além do texto, apresenta outros ele-
mentos, que podem ser analisados e aprecia-
dos separadamente. No caso das letras de funk 
brasileiro, verifica-se uma ocorrência forte de 
temáticas sexuais explícitas que podem soar 
inadequadas, mas elas revelam o desejo dos jo-
vens de falar e experimentar a própria sexuali-
dade, um assunto vetado em grande parte dos 
ambientes familiares e escolares. Atentar para 
os textos que os jovens escutam e compreen-
der suas motivações pode ser uma oportuni-
dade de promover debates fundamentais, de 
modo que as dúvidas, tensões e angústias em 
relação à sexualidade não sejam reprimidas, 
mas reconhecidas e discutidas para promover 
o respeito e a ruptura de estereótipos de gêne-
ro ou preconceitos de qualquer natureza.
MÚSICA MALFEITA?
O que é música bem-feita? Os padrões de 
qualidade musical e de julgamento sobre uma 
boa composição são relativos e não podem ser 
os mesmos em diferentes culturas. Como já foi 
discutido no capítulo anterior, existe um pen-
samento musical hegemônico e europeu que 
impõe seus próprios critérios. Para exercitar-
mos um exemplo, a harmonia muitas vezes é 
considerada um critério de avaliação de quali-
dade musical. 
Seguindo esse pensamento, um encadea-
mento de acordes diversificado e menos pre-
visível é tomado como melhor que em outro 
exemplo em que há poucos acordes no de-
senvolvimento de uma canção. Entretanto, 
por um olhar sociocultural e relativista, exis-
tem culturas que nem trabalham com esse 
critério e trazem complexidade em outros 
aspectos, como a diversidade e a polifonia 
rítmica. Uma sinfonia de Haydn pode ter uma 
complexidade harmônica que um grupo de 
maracatu não tem, mas não porque o ma-
racatu seja pior, ou menos música, mas por-
que a harmonia não é um critério relevante 
nesse território. Em contrapartida, perto da 
complexidade rítmica de um grupo de mara-
catu, uma sinfonia clássica pode ser ingênua 
e simplória. 
Assim, é importante termos a consciência 
de que os elementos musicais da música to-
nal são convenções, construções históricas. 
Um trabalho musical criativo pode explorar 
outras relações e ainda criar seus próprios 
parâmetros.
MÚSICA DE MASSA?
Um outro aspecto que pode levar à desquali-
ficação de um estilo musical diz respeito à sua 
veiculação e/ou criação pela indústria cultural. A 
presença da cultura de massa deve, sim, ser pen-
sada com os estudantes para ampliar a consciên-
cia deles acerca dos discursos que estejam por 
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trás da música que eles consomem. Muitos gru-
pos de música pop não surgem da necessidade 
artística de seus atores, mas de uma produção 
puramente econômica que associa pesquisas 
de tendências de mercado e marketing para 
criar grupos com a alta tendência de consumo 
de determinados grupos. Outros são artistas 
que partiram do próprio trabalho e alcançaram 
tal projeção que atraíram o interesse de produ-
tores e da indústria fonográfica. Isso não signifi-
ca que esses exemplos sejam ruins, muito pelo 
contrário, ícones da música do século XX, tanto 
nacionais quanto internacionais, alcançaram um 
público massivo. O diálogo com os estudantes 
sobre os modos de operação do mercado mu-
sical pode resultar em pesquisas diversificadas 
sobre as dinâmicas do mercado de trabalho e 
de nossas relações de consumo.
Da mesma forma, pode não ser muito efetivo 
culpar eternamente a indústria cultural. Nós 
mesmos, professores e adultos, também es-
tamos contaminados por produtos e símbolos 
dessa indústria. Devemos questioná-la, sim, 
mas também dialogar, transformar e ressignifi-
car seus símbolos e imagens. 
Se pensarmos que cada jovem carrega seu 
próprio território musical (como as tribos urba-
nas e a música de gêneros como o rap, o rock, 
o funk), então podemos dizer que a escola está 
atravessada pelos territórios de todos as pes-
soas que a habita, formando um território sin-
gular. Muitos jovens também têm relações de 
aprendizado musical por vivenciar contextos 
específicos de sua localidade, como as mani-
festações da cultura brasileira em que há mú-
sica, muitas delas agregando crianças e jovens 
em suas práticas. Há aprendizagem musical 
em escolas de samba, em grupos de congada, 
reisado, cavalo-marinho, bumba meu boi, folia 
de reis, maracatu, jongo, baterias de blocos de 
carnaval e também em congregações religio-
sas diversas, como terreiros de candomblé e 
umbanda (entre outras religiões de matriz afro-
-ameríndia), igrejas católicas e evangélicas. 
A aprendizagem musical desses espaços por 
muito tempo foi invisível aos olhos de educa-
dores musicais, que tinham como única forma 
de aprendizagem aquela que acontecesse em 
contextos formais, como escolas regulares, 
conservatórios e escolas de música.
Segundo a abordagem sociocultural do ensino 
de música, em qualquer prática musical está 
implícito o ensino e a aprendizagem e nenhu-
ma prática deve ser compreendida como supe-
rior a outra, mas analisada no contexto de sua 
construção e ação (ARROYO, 2002, p. 98). 
 ■ Em suas turmas, você já identificou estudantes que praticassem música?
 ■ Em quais contextos? Bandas de rock? Manifestações culturais? Instituições religiosas? Estudo formal ou 
informal de instrumentos?
P A R A R E F L E T I R
TERRITÓRIOS DO RAP E DO FUNK 
BRASILEIRO
Como temos discutido, a música e seus territórios são centrais nos 
processos de socialização, expressão e busca identitária dos jovens. 
Vamos tratar agora do rap e do funk brasileiro como exemplos de 
territorialidades a serem exploradas. Essa escolha se justifica pelo fato 
de muitos jovens, de diferentes realidades sociais, identificarem-se 
com essas práticas culturais. Esses territórios são importantes para 
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os jovens negros e periféricos dos grandes 
centros urbanos, pois se constituem em lugar 
de afirmação e também de enfrentamento so-
cial, apesar da apropriação desses movimen-
tos por parte da indústria cultural. Para mui-
tos jovens negros, a socialização em grupos 
de hip-hop, a produção e criação de canções 
de funk e a vida nos fluxos e bailes é um dos 
poucos locais em que se veem socialmente 
aceitos e representados,sobretudo em uma 
sociedade que ainda está profundamente 
mergulhada em um racismo estrutural. Além 
disso, esse é o contexto em que jovens atuam 
como artistas e produtores culturais.
Grupo de jovens dançando hip-hop.
Como comenta Dayrell, ao falar dos processos 
de socialização da juventude:
[..] esse jovem vai abrindo outros espaços, nos 
quais o grupo de pares, o estilo ao qual ade-
re e o consumo dos meios de comunicação de 
massa vão cada vez mais se constituindo como 
parâmetros de avaliação e organização das re-
lações interativas com a realidade externa. Esse 
jovem tem acesso a múltiplas referências cul-
turais, constituindo um conjunto heterogêneo 
de redes de significado que são articuladas e 
adquirem sentido na sua ação cotidiana. 
DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socia-
lização da juventude. Educação e Pesquisa. 
São Paulo, v. 28, n. 1, p. 117-136, 
jan./jun. 2002.
Em seu trabalho de doutorado, Juarez Dayrell 
pesquisou o funk e o rap em grupos e artistas 
jovens da cidade de Belo Horizonte e, em mui-
tos dos relatos que apresenta em sua pesquisa, 
os rappers e funkeiros falam de abandono pre-
coce da escola ou, quando dão prosseguimen-
to aos estudos, referem-se ao período escolar 
como uma “chatice necessária”, um período de 
provação com o qual não se identificam. Assim, 
a instituição escolar figura como ineficaz no 
enfrentamento de suas condições de vida e au-
sente de sentidos e valores em seus processos 
de construção como sujeitos, sendo obrigados 
a priorizar a busca por empregos para adqui-
rirem algum dinheiro para as práticas sociais 
e culturais de seus interesses. O pesquisador 
ressalta ainda o sentimento de culpa que esses 
jovens assumem em relação ao abandono dos 
estudos, sem levar em conta os mecanismos 
sociais que interferem em suas escolhas.
Para muitos jovens das periferias das grandes 
cidades, o vínculo com a música e o desejo 
de se gravar e se tornar artista é a única força 
simbólica e de motivação diante de uma reali-
dade tomada por desemprego, falta de acesso 
a bens culturais e violência, inclusive policial.
Para conhecer mais sobre o racismo estrutural 
em nossa sociedade, acesse a página Geledés – 
Instituto da Mulher Negra, uma organização 
 da sociedade civil que se posiciona em defesa de 
mulheres e negros. Disponível em: 
https://www.geledes.org.br/. Acesso em: 
28 nov. 2020.
A P R O F U N D A R
P A R A
Poderíamos também tomar como exemplo o 
rock e o fenômeno das bandas de garagem, 
um território recorrente em juventudes de di-
ferentes gerações. Entretanto, o rock em sua 
multiplicidade de vertentes não sofre o mesmo 
tipo de descriminação que o rap e o funk, mes-
mo considerando o fato de que as manifesta-
ções do movimento hip-hop, das quais o rap 
faz parte, já são mais compreendidas em sua 
E
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n
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importância histórica e afirmativa, havendo 
inclusive políticas públicas de incentivo em 
diferentes cidades.
O rap é uma das linguagens artísticas do hip-
-hop, um importante movimento afirmativo das 
juventudes negras nos Estados Unidos que tam-
bém se tornou central na cultura brasileira, espe-
cialmente nos grandes centros urbanos. O hip-
-hop surgiu na década de 1970, em um contexto 
de ocupação das ruas pela juventude nas block 
parties, festas em locais abertos que congrega-
vam a juventude nos anos de 1970. Nesse mo-
mento, um nome importante foi o do jamaicano 
Clive Campbell (Kool-Herc), que trouxe de Kin-
gstone os sound system. O hip-hop tem quatro 
pilares culturais, os chamados quatro elemen-
tos, que são o grafite, o break, a discotecagem 
(DJ – disc-jockey) e o rap, que são as iniciais de 
Rhythm and Poetry (ritmo e poesia). Suas bases 
musicais são a música negra norte-americana, o 
blues, o jazz, o soul, que trazem como elemen-
tos principais a percussão, transposta para os 
recursos eletrônicos e a oralidade. Dessa forma, 
o rap articula a ancestralidade africana com o 
contexto urbano (DAYRELL, 2002, p. 126). Os 
estilos musicais que influenciaram o movimento 
hip-hop são ligados ao blues, ao jazz, mas so-
bretudo ao soul e ao funk estadunidenses, cujo 
principal expoente foi James Brown.
No Brasil, a difusão da cultura hip-hop co-
meçou na década de 1970, nos bailes black e 
bailes funk. E o funk brasileiro herdou o nome 
do estilo musical estadunidense, mas musical-
mente ele se vincula a uma vertente do hip-
-hop chamada Miami Bass. 
No Brasil, o movimento hip-hop trouxe à cena 
rappers como Thaíde, Sabotage e Kamau e 
grupos como o Racionais MC. Aqui também 
o movimento criou territorialidades regionais, 
mesclando elementos de sua cultura a aspec-
tos étnicos e culturais brasileiros, como pode-
mos ver no trabalho de RAPadura, que utiliza 
elementos nordestinos, e MC Wera, que faz le-
tras em língua guarani.
E X P E R I M E N T E !
 ■ Você conhece o trabalho dos artistas citados? 
Faça uma busca em plataformas de streaming por 
músicas de Racionais MC, Kamau, Thalma de Frei-
tas, RAPdura, MC Wera e também de exemplos in-
ternacionais, como KRS-One e Afrika Bambaataa. 
 ■ Como você descreve a sonoridade dessas músicas?
Uma das características que torna esses estilos 
musicais acessíveis à juventude periférica diz res-
peito à sua forma de produção, que não necessi-
ta de um ensino formal de música ou do domínio 
de instrumentos musicais convencionais, pois a 
base sonora é feita pela combinação e mixagem 
de fragmentos musicais preexistentes, que são 
elaborados pela arte dos DJs. Assim, muitos jo-
vens não são apenas apreciadores desse estilo, 
pois conseguem também se tornar produtores e 
artistas sem depender de muitos recursos.
O rap traz em suas letras críticas sociais, espe-
cialmente relacionadas com as condições de 
vida da juventude periférica, sendo uma impor-
tante forma artística de consolidação das narrati-
vas de seus criadores. No caso do funk brasileiro, 
não há uma preocupação política na maioria dos 
exemplos, que estão mais ligados ao contexto de 
festa e diversão, temas que também são relevan-
tes para a formação identitária e a expressão das 
culturas juvenis.
Indígenas brasileiros encontram no rap uma forma de 
resistir e defender seus direitos.
Vincent Bosson/Fotoarena
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O funk brasileiro se desenvolveu principal-
mente no Rio de Janeiro e obteve uma pro-
jeção nacional ampla a partir dos anos 2000, 
tornando-se rapidamente um fenômeno na-
cional. Mesmo assim, ainda sofre uma es-
tigmatização forte, sendo desconsiderado 
por parte da mídia e da dita intelectualidade 
como cultura.
As críticas sobre a qualidade das letras, o ma-
chismo, a erotização pública exagerada, etc., se 
são até certo ponto pertinentes, não levam em 
conta que os jovens expõem na cena pública 
as contradições do tecido social. Eles expres-
sam, nas músicas e na dança, o caldo de cultu-
ra em que estão inseridos, fruto das condições 
em que vivem e do acesso que possuem aos 
bens simbólicos. Mais do que negar, é preciso 
aprofundar-se nos seus múltiplos significados. 
(DAYRELL, 2002, p. 131)
Independentemente dos julgamentos moralis-
tas que podemos fazer das letras de funk, elas 
revelam modos de pensar, socializar e também 
de satirizar da juventude que as produz. Mas, à 
medida que esse estilo cresce e também ocupa 
lugares diversificados, como as pistas de dan-
ças de boates de classe média e paradas de 
sucesso internacional, as criações também se 
diversificam na voz de artistas que trazem ou-
tras temáticas e até militâncias políticas para o 
funk. Entre esses exemplos, podemos citar MC 
Carol, cujas letras de suas músicas apresentam 
críticas à condição negrano Brasil; MC Linn da 
Quebrada, que põe em pauta a luta LGBTQIA+, 
e MC Tha, que mostra a influência de nomes da 
música brasileira, como Caetano Veloso e Clara 
Nunes, ao tratar de temas das religiões de ma-
triz africana.
Assim, os territórios do rap e do funk brasileiros, 
entrelaçados pela pluralidade do movimento 
hip-hop, são campos férteis para um trabalho 
em arte que mobilize o interesse dos jovens e 
valorize suas culturas. Há modos diversos de 
trabalhar a interdisciplinaridade com base nes-
ses territórios, seja por meio da realização de 
E X P E R I M E N T E !
pesquisas sobre a história do movimento hip-
-hop, seja incentivando a fruição de exemplos 
musicais predecessores, seja exercitando a re-
flexão crítica de seus contextos sociais.
É possível também explorar o trabalho criativo, 
pois pode ser motivador para os estudantes 
elaborar suas próprias letras, tanto de rap 
quanto de funk, propondo discussões sobre 
suas realidades e contextos. Esse trabalho 
pode valer-se ainda de bases prontas para a 
criação de letras, pois muitas delas estão dis-
poníveis na internet em arquivos de áudio e 
até mesmo nos sites de streaming de vídeos. 
Leia o artigo “Soul brasileiro e funk carioca”, do 
pesquisador Carlos Palombini, e conheça um 
pouco mais sobre a história do funk brasileiro. 
PALOMBINI, C. Soul brasileiro e funk carioca. 
Opus, Goiânia, v. 15, n. 1, p. 37-61, jun. 2009. 
Disponível em: https://www.anppom.com.br/
revista/index.php/opus/article/view/261/241. 
Acesso em: 15 dez. 2020. 
A P R O F U N D A R
P A R A
Escute dois exemplos de funk criados por mulhe-
res negras: “Não foi Cabral”, de MC Carol, e “Rito 
de Passá”, de MC Tha. No primeiro exemplo, a ar-
tista apresenta de forma direta e resumida o con-
texto histórico das populações negras escraviza-
das, questionando o discurso da história oficial. 
No segundo exemplo, a religiosidade de matriz 
africana é colocada em evidência com referên-
cias estéticas ao trabalho da cantora Clara Nunes.
Ambos os exemplos podem ser facilmente en-
contrados em plataformas de streaming de músi-
ca e de vídeo.
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https://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/261/241
https://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/261/241
MAPEANDO OS TERRITÓRIOS 
MUSICAIS DOS ESTUDANTES
Esta é uma atividade de pesquisa quantitativa que 
tem como objetivo ajudá-lo a conhecer as relações 
estabelecidas pelos estudantes da escola ou da 
turma com música e os gostos musicais. Ela pode 
ser feita individualmente, mas também com a par-
ticipação de vários professores, adquirindo assim 
um caráter interdisciplinar e colaborativo. Também 
pode ser realizada com os estudantes. Nesse caso, 
é possível valer-se de variadas ferramentas de 
pesquisa, a depender da complexidade e do tempo 
disponível. Além disso, podem ser utilizados pro-
cedimentos das metodologias ativas, como a sala 
de aula invertida e o estudo de caso.
Vamos apresentar aqui uma opção de procedi-
mento mais simplificado, mas que permite o le-
vantamento de dados quantitativos para serem 
analisados com base em reflexões críticas e com 
levantamento de hipóteses.
MATERIAL 
Podem ser utilizados formulários impressos ou 
apenas recursos digitais.
PROCEDIMENTOS 
 1 Determine um público­alvo, que pode ser ape­
nas uma turma de estudantes, caso a atividade 
seja realizada individualmente; ou as turmas de 
uma série ou faixa etária, se for feita em conjun­
to com outros professores. Se for realizada com 
os estudantes, eles podem aplicar a pesquisa 
em uma turma de série escolar diferente, por 
exemplo: estudantes do terceiro ano do ensino 
médio podem fazer a pesquisa com as turmas 
do primeiro ano ou com estudantes dos anos 
finais do fundamental.
 2 Elabore um questionário recorrendo a plata­
formas que fazem formulários virtuais. As 
respostas podem ser anônimas, abordando 
aspectos trabalhados neste capítulo, como 
preferências musicais, locais de encontro e 
fruição, pontos de vista sobre os próprios 
gostos, gêneros e estilos de música de que 
não gostam, o significado da música na vida 
deles; se frequentam algum espaço de cultura 
brasileira, como escola de samba, jongo, en­
tre outros.
 3 Faça um levantamento quantitativo dos dados. 
Para isso, recorra à elaboração de tabelas ou 
modelos que contenham os estilos musicais de 
maior preferência, expondo idade e gênero e 
apontado­os por meio de porcentagens ou em 
seus números absolutos. 
 4 Analise as respostas qualitativas: o que elas 
revelam sobre a predominância de determina­
do gênero, como se articulam com os ambien­
tes de socialização disponíveis na comunidade 
e as suas particularidades culturais.
 5 Com base nos dados quantitativos e qualitati­
vos, trace um perfil dos territórios musicais do 
grupo abordado.
 6 Apresente os resultados: eles podem ser dis­
cutidos em reuniões entre o corpo docente, 
expostos em cartazes ou divulgados em blogs 
ou redes sociais da escola. Se julgar pertinen­
te, realize debates tanto com o corpo docente 
quanto com grupos de estudantes para refletir 
sobre os resultados, promovendo assim a que­
bra de estereótipos e de preconceitos sobre as 
preferências culturais dos jovens.
AVALIAÇÃO 
Faça reflexões, que podem ser individuais ou cole-
tivas, sobre os resultados, comparando-os com as 
ideias que os envolvidos tinham sobre os hábitos 
musicais (e culturais) dos jovens. Com base nas 
reflexões deste capítulo e de suas experiências, o 
que foi mais notório? Como pensar em planeja-
mentos e atividades que se apoiem nos resultados 
dessa pesquisa? Como fomentar espaços em que 
os jovens possam vivenciar suas culturas, como 
saraus e mostras?
A T I V I D A D E 2
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DESTERRITORIALIZAÇÕES
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Grupo musical étnico utilizando instrumentos não convencionais da cultura musical 
tradicional europeia.
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 1 – É mobilizada na discussão sobre o conceito de 
diáspora e sobre o fato de que ela traça um mundo culturalmente di-
verso. Nesse contexto é proposta a reflexão sobre as possibilidades de 
convivência ética e o que permeia a equidade e a valorização do outro. 
Competência geral 3 – É desenvolvida por meio do reconhecimento de 
que todas as culturas advindas de diferentes estruturas sociais são fun-
damentais para o desenvolvimento global, visando inserir nas práticas 
educacionais da educação musical repertórios ecléticos e formas de se 
fazer música considerando a contemporaneidade e a diversidade.
Competência geral 4 – É explorada na atividade 1 na forma da cartogra-
fia, na qual se espera que, por meio de um mapa afetivo, cada pessoa se 
coloque como indivíduo único, relacionando sua trajetória de vida com 
a música, o que pode contribuir com um olhar amplo de possibilidades 
de trocas de conhecimentos e experiências. 
Competência geral 5 – É trabalhada parcialmente com a proposta de 
busca de exemplos musicais em diversos meios digitais de informação e 
comunicação, de modo que ao acessá-los seja possível compreendê-los 
e compará-los criticamente. CA
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UM OLHAR PARA AS 
DIÁSPORAS
Neste capítulo, vamos direcionar nossas refle-
xões para o ambiente de ensino musical em 
que estamos inseridos, para os motivos de 
consolidação do pensamento hegemônico e 
para os olhares que possam levar à quebra de 
paradigmas das estruturas de ensino da músi-
ca que estão em vigor.
Um dos pontos importantes que serão discu-
tidos e que se relacionam com o que107
Experimente! ............................................................................................. 110
Para aprofundar ....................................................................................... 110
Experimente! ...............................................................................................111
Atividade 1 – Criação de narrativas pessoais 
com playlist .......................................................................................... 112
Categorias de aprendizagem e dimensões existenciais ......115
Para refletir ................................................................................................ 115
Para aprofundar ....................................................................................... 117
Atividade 2 – Cartografia do trabalho docente ......................... 118
Experimente! ............................................................................................. 119
CAPÍTULO 6 – ASPECTOS DO 
ENSINO DE MÚSICA .............................................. 120
Competências gerais da Educação Básica ................................. 120
Competências específicas da área de Linguagens 
e suas Tecnologias .................................................................................. 121
Breve panorama da educação musical .....................................121
Sobre o pesquisador ............................................................................. 121
Das sociedades tribais ao século XIX ...................................... 122
O século XX .................................................................................... 123
A educação musical no Brasil ....................................................124
Para refletir ............................................................................................... 126
Experimente! ............................................................................................ 126
Métodos ativos ..............................................................................126
Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) ......................................... 127
Experimente! ............................................................................................ 128
Para aprofundar ...................................................................................... 128
Atividade 1 – Escuta em movimento ............................................. 129
Carl Orff (1895-1982) ....................................................................130
Experimente! ............................................................................................. 131
John Paynter (1931-2010) ............................................................131
Murray Schafer (1933) .................................................................. 132
Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005) ................................. 132
Para aprofundar ...................................................................................... 133
Experimente! ............................................................................................ 133
Para aprofundar ...................................................................................... 134
Sobre o pesquisador ............................................................................ 134
Atividade 2 – Tamborilada ................................................................. 134
CAPÍTULO 7 – CAMINHOS E CONEXÕES DE 
SABERES MUSICAIS ...............................................136
Competências gerais da Educação Básica ................................. 136
Competências específicas da área de Linguagens 
e suas Tecnologias ................................................................................. 137
A interdisciplinaridade ................................................................ 137
Para refletir ............................................................................................... 138
Experimente! ............................................................................................. 141
Metodologias ativas ......................................................................141
Atividade 1 – Os saberes de um território ................................... 142
Os saberes musicais nas competências específicas .............143
Competência específica 1 – 
Música, contextos e semioses ....................................................145
Para aprofundar ......................................................................................146
Experimente! ............................................................................................146
Competência específica 2 – Música e sociedade ..................146
Experimente! ............................................................................................ 147
Para aprofundar ...................................................................................... 147
Competência específica 3 – Criações 
musicais coletivas e autorais .....................................................147
Experimente! ............................................................................................ 148
Competência específica 4 – Música e o ensino 
de línguas .......................................................................................149
Experimente! ............................................................................................ 149
Competência específica 5 – A Música e as práticas 
corporais .........................................................................................149
Para aprofundar ......................................................................................150
Experimente! ............................................................................................. 151
Competência específica 6 – Música, fruição e 
contextualização ............................................................................151
Experimente! ............................................................................................ 153
Competência específica 7 – Música em 
ambientes digitais ........................................................................ 153
Experimente! ............................................................................................ 154
Atividade 2 – Exercitando um planejamento ............................ 155
PARA RECOMEÇAR ......................................................................156
UNIDADE 3 – OLHARES PARA 
PERCURSOS ..........................................................158
PARA COMEÇAR ...........................................................................159
Objetivos .................................................................................................... 159
Justificativa ...............................................................................................160
Competências gerais da Educação Básica .................................160
Considerações sobre as dimensões ...............................................160
CAPÍTULO 8 – REFLEXÕES SOBRE 
AVALIAÇÃO ...............................................................161
Competências gerais da Educação Básica .................................. 161
Competências específicas da área de Linguagens e suas 
Tecnologias ................................................................................................ 161
Pensando na avaliação ................................................................162
Para refletir ............................................................................................... 163
Autoavaliação ................................................................................164
Atividade 1 – Conhecendo o próprio modo de avaliar .......... 166
A avaliação no processo de ensino de Música ...................... 167
Para aprofundar ...................................................................................... 167
Teoria espiral do desenvolvimento musical ...........................169prevê a 
BNCC é a importância de 
compreender os processos identitários, confli-
tos e relações de poder que permeiam as prá-
ticas sociais de linguagem, respeitando as di-
versidades e a pluralidade de ideias e posições, 
e atuar socialmente com base em princípios e 
valores assentados na democracia, na igualda-
de e nos Direitos Humanos, exercitando o auto-
conhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução 
de conflitos e a cooperação, e combatendo pre-
conceitos de qualquer natureza. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, 2018, p. 492.
Essas orientações serão imprescindíveis em 
nossa abordagem sobre os atos de imigração 
e desterritorialização, assim como sobre a pre-
sença fundamental do homem, em qualquer 
contexto, como produtor de conhecimentos 
relevantes para seus fluxos de crescimento.
Outro ponto que será discutido durante todo o 
capítulo está relacionado com a competência 
específica 6 da área de Linguagens e suas Tec-
nologias do Ensino Médio: 
Apreciar esteticamente as mais diversas pro-
duções artísticas e culturais, considerando suas 
características locais, regionais e globais, e 
mobilizar seus conhecimentos sobre as lingua-
gens artísticas para dar significado e (re)cons-
truir produções autorais individuais e coletivas, 
exercendo protagonismo de maneira crítica e 
Competência geral 6 – Está relacionada com 
a necessidade de compreender o contexto 
daqueles que saem de seus territórios e se 
instalam em outros para buscar novas pos-
sibilidades de viver (habitar). Dessa forma, 
as reflexões sobre as diásporas e os trânsitos 
culturais contribuem para o desenvolvimento 
da capacidade de olhar para essas pessoas 
como potenciais colaboradores nas dimen-
sões sociais, políticas, culturais e tecnológi-
cas e, com base nessa percepção, espera-se 
que seus saberes sejam absorvidos e fomen-
tem a troca de experiências, além de provo-
car a multiplicação e a fruição das diversas 
culturas para que se mantenha um viés hu-
manista e integrador das relações em todos 
os âmbitos. 
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS 
DA ÁREA DE LINGUAGENS E 
SUAS TECNOLOGIAS
Este capítulo mobiliza a competência 1 ao va-
lorizar diferentes práticas culturais artístico/
musicais e considerá-las fundamentais da edu-
cação musical.
A competência 2 é mobilizada na abordagem 
sobre a desterritorialização, a imigração e a 
consequente inserção de diferentes culturas 
em um mesmo território, fomentando assim a 
valorização e o combate a preconceitos. 
A competência 3 é desenvolvida na atividade 1 
deste capítulo ao propor a troca de repertórios 
que fazem parte das trajetórias de vida e tam-
bém ao trazer a reflexão sobre o lugar em que 
o preconceito se instala e sobre as formas de 
combatê-lo.
A competência 6 é desenvolvida durante todo 
o capítulo por meio de propostas de pesqui-
sas relacionadas a produções artísticas de cul-
turas diversas, visando a ampliação do olhar e 
dos parâmetros de identificação e exemplifi-
cação, que podem revelar novas possibilida-
des repertoriais. 
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criativa, com respeito à diversidade de saberes, 
identidades e culturas. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, 2018, p. 494.
No momento em que resgatamos a importân-
cia de toda e qualquer produção artística, inde-
pendentemente do contexto em que ela surge, 
ampliamos o olhar para as referências, para as 
diferentes estéticas e valorizamos o outro.
Além disso, todo o processo instaurado neste ca-
pítulo está voltado para as seguintes questões:
 ■ Qual é a relação entre a desterritorialização da 
música e a imposição dos métodos de ensino?
 ■ Quais são as possíveis abordagens do “fazer 
musical” ou do “ensino musical”, pensando 
em uma desterritorialização do ensino?
Vamos refletir agora sobre um aspecto literal 
dos territórios e das desterritorializações, que 
ocorrem nas situações em que povos são le-
vados – ou forçados – a deixar as localidades 
em que vivem e se tornam nômades. Assim, 
vamos olhar para os movimentos migratórios 
de povos e etnias analisando seus aspectos 
políticos e históricos, considerados em seus 
contextos e multiculturalismos. 
No período de formação das primeiras civiliza-
ções (4.000 a.C.), quando os povos ainda eram 
essencialmente nômades, a vida era pautada 
pelas possibilidades da pesca e da caça na re-
gião, além de outras necessidades do grupo 
que poderiam surgir. Esses grupos estabele-
ciam-se em determinado local e se deslocavam 
quando os recursos naturais dali se esgotavam. 
E, assim, seguiam a pé em busca de um novo 
território onde pudessem se restabelecer. 
Há 10 mil anos a agricultura começou a se de-
senvolver e, por essa razão, muitos nômades 
optaram por se fixar em regiões propícias ao 
cultivo, tornando-se sedentários. À medida que 
essa prática crescia, mais grupos organizaram-
-se em torno da cultura do plantio, dando início 
ao processo de formação de pequenas comu-
nas fincadas em uma única área, delimitando 
seus territórios, criando suas regras sociais, po-
líticas, culturais e a tecnologia. Conforme esse 
processo se desenvolvia, grandes civilizações 
surgiram, como os povos acádios, babilônios, 
assírios e caldeus que, na Antiguidade, habita-
vam a região da Mesopotâmia, considerada o 
“berço da civilização”.
A palavra diáspora tem origem no termo gre-
go diasporá (dia = ‘através’, speirein 5 ‘semear’ 
ou ‘dispersão’), que significa de maneira redu-
zida ‘dispersão forçada de povos por motivos 
religiosos ou políticos’.
Esse processo de dispersão e deslocamentos 
deixou muitas marcas em alguns povos, como 
judeus, gregos, romani (como são designados 
os ciganos), armênios e africanos, que foram 
obrigados a se deslocar e a povoar novos terri-
tórios. Em territórios já povoados, construíram 
novas formas de viver, misturando suas cultu-
ras e saberes às culturas locais. 
O som do tambor, uma herança cultural dos povos 
africanos. 
No Brasil, a diáspora africana marcou o país. Esse 
quadro começou a se delinear quando homens 
e mulheres de diversas etnias, nascidos no con-
tinente africano, foram retirados à força de suas 
terras e chegaram ao país escravizados, trazen-
do com eles uma porção de saberes e fazeres, 
que se misturaram à cultura da terra, a cultura 
indígena, e à dos colonizadores. 
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Em seu trabalho nas terras e na casa dos se-
nhores e senhoras de engenho, os escravizados 
emprestaram sua sabedoria, que se mesclou 
aos fazeres dos colonizadores, delineando as 
culturas em transformação e formação. Assim, 
os cantos e as danças, a culinária e suas formas 
de preparo, as religiões e crenças se misturaram, 
e as sociedades passaram, então, a se miscige-
nar. É claro que a tentativa de destruição total 
da identidade dos povos indígenas e africanos 
ocorreu com mais intensidade, pois os coloni-
zadores não contavam com a força das culturas 
que subestimaram e subjugaram e que se en-
trelaçaram com a deles de maneira irreversível.
Esse movimento diaspórico propicia a obser-
vação de como se dá a confecção dos mapas 
territoriais, que trazem a noção do cartografar, 
ou seja, desenhar a linha que delimita o espa-
ço. Assim, podemos dizer que a cartografia 
está em constante movimento, se considerar-
mos que todas as definições que nomeiam os 
possíveis territórios, como nações, estados, 
províncias, cidades e vilas, criam fronteiras que 
podem ou não ser transgredidas, ultrapassa-
das ou mesmo quebradas. 
No mundo contemporâneo, observamos com-
plexas mudanças no mapa-múndi, que ocorre-
ram em virtude de quedas de muros, destrui-
ções, catástrofes naturais e daquase extinção 
de cidades, provocando o deslocamento de 
pessoas do mundo todo: os chamados refugia-
dos, que podem ser considerados potenciais 
transformadores de territórios, pois levam com 
eles uma bagagem enorme de culturas próprias. 
Os “potenciais transformadores” espalham-se 
e transbordam pelas fronteiras, alcançando 
territórios que não são os seus de nascimen-
to, mas seus de chegada. Com isso, é possível 
perceber quanto a itinerância dos corpos muda 
os traçados dos mapas de tempos em tempos, 
pois o mapa é um território que cria e se recria 
a partir de outros territórios.
Nas temporalidades mais próximas, o Brasil 
recebeu diversos povos europeus e asiáticos, 
entre outros. Cada um desses povos se estabe-
leceu em diferentes regiões e cidades do país 
e, como grandes guetos, buscaram sua própria 
organização em um país estranho, numa tenta-
tiva de manutenção e de sobrevivência de suas 
estruturas sociais e culturais. Dessa maneira, 
fincaram os pés em territórios próprios: em São 
Paulo, por exemplo, no bairro da Liberdade, 
estabeleceram-se os japoneses; no bairro do 
Brás, os italianos e árabes, na Vila Prudente, os 
russos, entre muitos outros. A proximidade dos 
territórios e a possibilidade do livre desloca-
mento pelas cidades provocou a miscigenação 
e a semeadura dessas culturas pelos espaços.
E como não apontar, no século XXI, a intensi-
ficação da globalização, que se faz cada vez 
mais presente com suas conexões, intersec-
ções de pensamentos e trocas de saberes em 
ambientes virtuais? 
O fenômeno do deslocamento e da dispersão 
propicia a criação de territórios moventes de 
pessoas, saberes e modos de vida, em um pro-
cesso rizomático em que um não elimina o ou-
tro, pois ambos se confundem, conectando-se, 
misturando-se e criando novas possibilidades. 
Qualquer território geográfico pode ser des-
territorializado de tempos em tempos, ceden-
do a chegadas e partidas, mudando suas ca-
racterísticas e até mesmo suas formas de se 
viver internamente. As paisagens também se 
transformam dentro desses territórios, quando 
a natureza dá lugar às cidades ou quando as 
cidades são abandonadas e a natureza retoma 
seu espaço. E esse movimento é constante.
No Brasil atual, nas ruas das grandes cidades há 
trânsitos de pessoas de diferentes regiões do 
país, mas também de africanos, árabes, bolivia-
nos, chineses, argentinos, povos que trazem sua 
música e imprimem sua marca. São pessoas vin-
das de lugares diversos e que espalham sua cul-
tura como forma de sobrevivência. A cultura da 
música soa, vai pelo ar e entra em nossos ouvi-
dos. É impossível não nos darmos conta disso, a 
menos que estejamos imersos em nós mesmos, 
de tal forma, que nada nos afeta. Os sons não 
escolhem seus caminhos, eles alcançam todos 
que podem ouvir, invadindo ambientes, e se im-
põem ao delimitar seu território. 
68
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Em territórios marcados por fronteiras, a música é uma das coisas mais 
fáceis de penetrar, transpor muros e tornar-se parte de um território 
que não é necessariamente o seu.
A prática docente revela que muitos jovens têm furado suas bolhas terri-
toriais/musicais, adentrado fendas e descoberto a potência que está nas 
músicas advindas de regiões mais distantes ou injustamente repudiadas e 
tomadas como de menor importância. Eles percebem nas músicas a força 
do ritmo, como as músicas africanas e cubanas; a força das melodias, como 
nas músicas árabes e judaicas. No momento em que se dá abertura a outro 
tipo de música, o jovem se volta para a origem dela e dirige seu olhar ao 
outro, reconhecendo-o em sua cidadania, em seus direitos, em suas seme-
lhanças e diferenças. A quebra da hegemonia da música tradicional euro-
peia e de conceitos preconceituosos acontece nesse momento por meio 
do conhecimento e da experimentação de outros tipos de música. 
Deleuze e Guattari exemplificam muito poeticamente a marca “do ou-
tro” no território quando dizem: “O canto de pássaros: o pássaro que 
canta marca assim seu território…” (DELEUZE e GUATTARI, 2012, p. 124.).
 ■ Pense em algum lugar, ou lugares, que você conheça há muito tempo e nos quais tenha percebido mudan-
ças significativas:
 ■ O que mudou nesse lugar?
 ■ Por que você acha que essas mudanças ocorreram?
 ■ Você diria que aconteceu uma desterritorialização? Por quê?
P A R A R E F L E T I R
Ao andar pela rua e encontrar músicos tocando nas calçadas, no metrô ou em qualquer espaço público, 
observe como eles interferem naquele lugar.
 ■ Eles pertencem ao seu território (bairro, cidade, estado, país)? 
 ■ Caso não pertençam, como isso interfere nesse território? Reflita sobre essa questão.
P A R A R E F L E T I R
E X P E R I M E N T E !
Promova conversas com os estudantes para analisar as formas de valorização das culturas que geral-
mente são subjugadas.
 ■ É possível perceber quais são as diferenças entre as culturas que causam estranhamento entre si?
 ■ Pode-se propagar a convivência solidária e democrática entre grupos diferentes estimulando a solidarie-
dade, o respeito às diferenças e às liberdades individuais? 
Essa proposta de trabalho está relacionada com a competência 5 da BNCC, que dá margem à interdisci-
plinaridade com as Ciências Humanas e Sociais.
69
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A MÚSICA NO 
TERRITÓRIO OU NO 
DESTERRITÓRIO?
Considerando o que foi discutido neste capítulo, 
podemos dizer que a música na contemporanei-
dade é sempre um nó. Diferentemente de outras 
linguagens artísticas, como as artes visuais, a 
dança, o teatro e até mesmo a literatura – que se 
desenvolveram em novas formas de se fazer, de 
se conceber, de se estruturar e de se ensinar –, a 
música prevaleceu no tradicional.
A música é constituída de territórios diversos: 
a que se forma da mistura entre etnias dife-
rentes, a que surge durante os trabalhos rurais, 
das lavadeiras, das bordadeiras, a ritualística, a 
de concerto, as músicas das diferentes etnias, 
sem considerar os diversos gêneros musicais, 
como o pop, o rock, o jazz, o blues, e muito ou-
tros tipos que emergem de contextos sociais 
e políticos diferentes e que podemos nomear 
como “territórios musicais”.
A forma como essas diferentes músicas são con-
cebidas também está ligada à sua territorialida-
de: a que é escrita para atender a encomenda de 
alguém, a que é fruto de um pensamento/consci-
ência que se materializa depois no instrumento, a 
que é composta de modo coletivo ou individual e 
a que é absolutamente efêmera, ao ser entoada 
de forma improvisada, num momento único.
A territorialidade também está ligada ao lugar: 
as músicas podem ser apresentadas em salas 
intimistas de concerto, em grandes teatros, ao 
ar livre (na natureza ou na rua), durante um 
fazer doméstico ou em outros tipos de fazeres.
Vamos, agora, separar grosseiramente os terri-
tórios musicais em dois grupos: 
 ■ o território musical popular;
 ■ o território musical de tradição europeia.
No primeiro, reunimos todos e quaisquer gê-
neros musicais que não se encaixam na música 
de tradição europeia. 
Instaurou-se, no Brasil, a ideia de que a música 
mais importante é a música da sala de con-
certo, de tradição europeia por si só, até mes-
mo pela acepção do termo mais comumente 
usado para nomeá-la: a “música erudita”. Par-
ticular dos intelectuais, estudiosos, cultos, ela 
exclui em importância qualquer tipo de música 
que não esteja relacionada ao fato de ter sido 
germinada num padrão musical europeu.
É possível notar como isso afeta diretamente 
os estudos ligados à música: a meta é que o 
estudante seja um grande leitor de partituras e 
toque instrumentos musicais com maestria, para 
compor grandes orquestras e vir a ser um grande 
solista, paratocar obras criadas, às vezes séculos 
atrás, com total fidelidade ao que foi escrito. E, 
assim, segundo esse modelo, apagamos qualquer 
forma de reflexão sobre o “fazer música”.
Isso não significa que estamos diminuindo a 
importância desse tipo de prática musical he-
gemônica no cenário atual. A questão é pensar: 
por que ela é considerada mais importante do 
que outros gêneros? Por que não conseguimos 
escapar desse tipo de ensino, por mais que ten-
temos? Por que a música de tradição europeia 
não é vista tão somente como mais uma a ser 
estudada? Por que ela não está no mesmo pata-
mar de outros tantos gêneros musicais? 
Quando nos deparamos com professores de 
música que são indagados sobre essas ques-
tões, o quadro é desolador, pois eles dizem 
que há, sim, em seu processo de ensino, um 
olhar mais contemporâneo; porém, na prática, 
eles não fogem do convencional, daquele en-
sino tradicional baseado no conservadorismo. 
Etimologicamente, a palavra conservatório 
vem de conservatorius, que significa manter 
seguro, intacto. O conservatório é uma insti-
tuição que se preocupa em transmitir os co-
nhecimentos musicais acadêmicos buscando 
a especialização dos estudantes, tanto na teo-
ria quanto na prática instrumental, de acor-
do com os moldes tradicionais. Nessas esco-
las, o repertório e a teoria estudados estão 
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 relacionados notadamente com os períodos 
históricos da música ditos consagrados, que 
se estendem da Antiguidade até o Romantis-
mo e estão direcionados à música tradicional 
europeia. Mas a música do século XX não tem 
lugar nesse contexto.
Esses conservatórios têm como base a ma-
nutenção das tradições, que priorizam a es-
truturação da linguagem na forma da escrita 
e da mecanização do ensino do instrumento 
musical, além de se organizarem em estrutu-
ras fechadas, como conteúdos, currículos, dis-
ciplinas, métodos, material, em detrimento da 
transmissão oral das culturas. 
Assim, o pensamento catedrático do ensino da 
música vem na contramão de toda a perspec-
tiva histórica que, hoje, está relacionada aos 
estudos dos saberes. No senso comum está 
arraigada a noção de que a maneira correta 
de se estudar música é uma só, ou seja, por 
meio de um academicismo que não faz parte 
do nosso presente. Esse fenômeno está em to-
tal oposição ao modo como o mundo caminha 
em outras áreas, em meio à revolução tecnoló-
gica em que estamos imersos.
Em seu livro O som e o sentido, José Miguel 
Wisnik, nos provoca quando diz quanto é fun-
damental pensarmos a multiplicidade da músi-
ca contemporânea por meio de novos parâme-
tros (WISNIK, 1989, p. 11), nesse mundo cheio 
de complexidades e novidades. 
Wisnik prega a quebra de paradigmas e nos 
insufla a descobrir novos territórios dentro do 
que já está dado.
Um bom exemplo do olhar desterritorializado 
da música é a relação entre a polifonia sacra 
medieval e renascentista, abordada no capí-
tulo 1, e o canto dos pigmeus do Gabão, que, 
ainda hoje, constituem suas práticas. A melo-
dia e a forma de cantar de ambos aproxima-se 
da maneira rizomática, cruzando-se no sentido 
da estrutura da linha melódica e no modo de 
entoar a melodia (à capella), mas se distancia 
Violino, piano 
e violoncelo, 
instrumentos musicais 
comumente usados 
nas músicas 
tradicionais europeias. 
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pela espacialidade e temporalidade da ação de 
cada uma delas. A possibilidade do pensamen-
to desterritorializado, não hegemônico e não 
etnocêntrico acontece quando reconhecemos 
que ambas as polifonias são elaborações ar-
tísticas complexas, sem tomar os parâmetros 
europeus como referência para os pigmeus, 
povo da floresta cujo canto polifônico tem sua 
maestria, sem a necessidade de condiciona-
mentos acadêmicos. Uma boa maneira de per-
ceber essa aproximação de forma mais efetiva 
é a pesquisa desses dois tipos de música. 
E X P E R I M E N T E !
 ■ Em sites de streaming ou compartilhamento de 
vídeos é possível encontrar tanto vídeos com os 
cantos dos pigmeus quanto vídeos com os cantos 
polifônicos europeus. Procure por palavras-chave 
como: canto dos pigmeus, monges, canto polifô-
nico, Idade Média.
 ■ Após a busca dos vídeos, escute com atenção es-
ses dois gêneros musicais, procurando perceber 
semelhanças e diferenças entre eles, e quais são.
Se a música dos pigmeus é tão complexa em 
sua estrutura (ou mais) quanto o canto poli-
fônico (que está contido no arcabouço da mú-
sica tradicional europeia), por que ela não é 
utilizada no estudo formal da música? Por que 
não é tão valorizada e considerada essencial 
para o aprendizado? 
Segundo Boaventura de Souza Santos e Maria 
Paula Menezes, epistemicídio é o termo utilizado 
para assassinatos simbólicos de culturas conside-
radas menores ou de pouca importância, com a 
promoção e a imposição de uma cultura sobre a 
outra. Naturaliza-se, dessa maneira, o afogamen-
to de formas de pensar, maneiras de ser e pers-
pectivas de viver em detrimento de outras. (SAN-
TOS; MENEZES apud QUEIROZ, 2017, p. 137.)
Na música, os epistemecídios ficam claros 
quando observamos a trajetória de exclusão 
de toda uma cultura dentro da História. Essas 
culturas não são vistas em lugar de destaque 
social e, na maioria das vezes, são rodeadas 
por rumores preconceituosos.
Tal exclusão se deu, e ainda hoje se dá, pela asso-
ciação dessas músicas a outros sistemas de or-
ganização sonora e outras formas de expressão 
cultural, geralmente vinculadas a grupos subal-
ternos ou a práticas que, a partir de valores he-
gemônicos do hemisfério sul, são consideradas 
como desprovidas de valor estético, simbólico 
e social. Assim, entre os aspectos culturais su-
cumbidos por tais processos de inferiorização, 
práxis musicais não alinhadas às perspectivas da 
música erudita ocidental, referência de arte e de 
ensino de música na Europa colonizadora, foram 
excluídas de contextos “civilizados” de produção 
musical e, consequentemente, do processo de 
institucionalização do ensino de música. 
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. Traços de 
colonialidade na educação superior em 
música do Brasil: análises a partir de uma 
trajetória de epistemicídios musicais e ex-
clusões. Revista da Abem, Londrina, v. 25, 
n. 39, jul./dez. 2017. p. 137. 
A leitura desse excerto nos leva à percepção de 
que aquilo que não tem relevância é qualquer 
coisa que não flua dentro dos conceitos aca-
dêmicos impostos principalmente pela cultura 
europeia. Raízes importantes e profundas de 
formação cultural, social e política no âmbito 
de diversos povos são postos de lado e não são 
considerados pontos de referência. Dessa ma-
neira, formam uma periferia potente, mas peri-
gosa aos olhos dos dominadores. Esse ponto 
de vista é um engano, considerando que tudo 
(todos e qualquer coisa) se faz importante na 
constituição de um mundo como um todo. 
Perceber o mundo como definitivamente glo-
bal e globalizado é imprescindível para nos 
tornarmos educadores com pensamento am-
plo e acolhedor de todo e qualquer tipo de 
existência e cultura. É preciso estender esse 
olhar para a música e seu ensino, que na atua-
lidade se apresenta duro, engessado e preso a 
raízes tão antigas e datadas. 
72
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Para Deleuze e Guattari, o não olhar para essas 
culturas “periféricas” não ocorre por acaso. A 
territorialização está na construção de um cen-
tro que fundamenta todo o lugar instaurado e 
que busca a permanência, mas no momento em 
que essa estrutura se mostra com uma fenda, 
ínfimaque seja, ela se abala, e conseguimos en-
xergar novos pontos de referência e tecer uma 
nova conexão dentro de outra que já se encon-
trava acabada. É preciso manter os muros altos 
e firmes, sem vistas para fora. Por meio da fenda, 
temos que questionar e buscar meios de incluir 
essas produções periféricas, que são concebi-
das mediante os sentidos e os modos de vida. 
A música tradicional europeia não está sendo 
excluída em nenhum momento, mas revista e 
recolocada. Damos valor e reconhecimento 
ao outro ao mesmo tempo que ampliamos as 
possibilidades referenciais para os estudantes 
em seus estudos relacionados com as possi-
bilidades mercadológicas, artísticas, educa-
cionais e tecnológicas. A música, quando vista 
pelo viés rizomático, é abordada por entrela-
çamentos de saberes, de percepções e de cru-
zamentos. Dessa maneira, procurar as fendas 
e olhar por meio delas é um importante passo 
para se buscar a desterritorialização.
O ensino da música pode ser desmistificado 
por meio do seguinte questionamento: por 
que as combinações de sons mais valorizadas 
se relacionam com as músicas de tradição eu-
ropeia, especialmente as composições feitas 
até o final do Romantismo? A partir do sécu-
lo XX compositores do mundo todo começa-
ram a olhar para a música de outras formas, 
quebrando tabus e rompendo barreiras, mas 
mesmo assim dificilmente esse tipo de música 
aparece no currículo musical.
Para se ter noção do que é a música pós-Ro-
mantismo, apresentamos aqui alguns composi-
tores que podem ser pesquisados em sites de 
streaming ou compartilhamento de vídeos: 
 ■ Século XX: Shostakovich (1906-1975), Proko-
fiev (1891-1953), Villa-Lobos (1887-1959), 
Hindemith (1895-1963), Boulez (1925-2016). 
 ■ Dodecafonismo: Anton Webern (1883-1945) e 
Alban Berg (1885-1935).
 ■ Música aleatória: John Cage (1912-1992).
 ■ Música eletroacústica: Olivier Messiaen (1908-
1992), Edgard Varèse (1883-1965), Krzysztof 
Penderecki (1933-2020).
Podem, ainda, ser pesquisadas como músi-
cas do século XX as destes artistas: Gilberto 
Mendes (1922-2016), Arrigo Barnabé (1951-), 
Egberto Gismonti (1947-), Philip Glass (1937-).
Faça uma busca em plataformas de streamings de vídeos e músicas dos compositores mencionados e 
reflita sobre o porquê de não escutarmos esses tipos de música no dia a dia, tal qual Mozart ou Beethoven, 
por exemplo.
P A R A R E F L E T I R
A educação musical no Brasil apresenta-se como um território ainda 
fortemente dominado pelas tradições europeias. A grande maioria das 
escolas de música e conservatórios baseiam-se em métodos para en-
sinar. A palavra método vem do grego methodos, que é composta de 
meta: por meio, e de hodos: via, caminho. Portanto, servir-se de um 
método é, antes de tudo, tentar ordenar o trajeto por meio do qual se 
possa alcançar os objetivos projetados.
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Então, se a palavra método contém, nela mes-
ma, o conceito do caminhar, por que fazemos 
com que essa caminhada seja tão absolutamen-
te diretiva, dentro de muros intransponíveis, 
como se fosse uma única verdade absoluta? A 
tendência de se entender que um único método 
é suficiente para o aprendizado é grande, e fe-
cha possibilidades de os estudantes buscarem 
outros interesses dentro da linguagem e outras 
formas de apreender e fruir música.
Dessa forma, não olhamos para os indivíduos 
como seres globais, e sim como pessoas limi-
tadas a uma coisa só, tanto no modo do “fazer 
em si” quanto na prática de elaboração do pen-
samento. O filósofo francês Edgar Morin (1921-), 
na obra Da necessidade de um pensamento 
complexo, afirma que a especialização separa, 
desintegra do todo, rompe linhas de conexão, 
compartimenta, cria fronteiras, pois a comuni-
cação do objeto com o seu meio deixa de existir.
Indo de desencontro com a linha da especializa-
ção, Morin nos conduz à ideia do “pensamento 
complexo”, que, grosso modo, traz a perspecti-
va de um tecido comum entre todos os saberes. 
Ao contrário dos métodos, que são solitários 
neles mesmos, julgando-se autossuficientes em 
sua literatura fechada e exclusiva, o pensamento 
complexo nos dá um caminho aberto – o olhar 
pela fenda – no qual reconhecemos todas as 
coisas que nos rodeiam como saberes de um 
único mundo – e que é importante para uma ex-
periência de aprendizagem, seja qual for o foco: 
artes, ciência, letras, entre outros.
Buscar formas de se trabalhar com os sons, 
pesquisar compositores que saiam do lugar co-
mum, procurar influências musicais de outros 
povos, mas que tenham a mesma importância 
das chamadas músicas das salas de concerto é 
como olhar pela fenda e descobrir um mundo 
novo. Mas não basta somente olhar; deve-se 
agir. É importante entender a necessidade de 
buscar novas formas de se ensinar, extrapolar 
os sistemas fechados, metodológicos, tecni-
cistas, que não criam conexões reais.
Segundo Morin:
O pensamento complexo conduz-nos a uma sé-
rie de problemas fundamentais do destino hu-
mano, que depende, sobretudo, da nossa capa-
cidade de compreender os nossos problemas 
essenciais, contextualizando-os, globalizando-
-os, interligando-os: e da nossa capacidade de 
enfrentar a incerteza e de encontrar os meios 
que nos permitam navegar num futuro incerto, 
erguendo ao alto a nossa coragem e a nossa 
esperança. 
MORIN, Edgard. Da necessidade de um 
pensamento complexo. In: MARTINS, Fran-
cisco Menezes; SILVA, Juremir Machado da 
(org.). Para navegar no século XXI: tecno-
logias do imaginário e cibercultura. Porto 
Alegre: EDIPUCRS, 2000, p. 11.
O que talvez nos assuste ao olhar para a 
fenda é ver que o mundo se abre em suas 
possibilidades e ficamos sem saber o que fa-
zer com elas. O pensamento complexo tra-
ta exatamente disso: lidar com as incerte-
zas e conseguir conceber uma organização 
no sentido de unir, contextualizar, globali-
zar, reconhecendo o status quo de cada um 
como singular, individual, plural e concreto – 
trazer tudo isso para a experiência em 
forma de teias que se tecem sem medo dos 
entrelaçamentos. 
De forma prática, devemos incentivar os estu-
dantes a um pensamento que os leve à des-
coberta, conduzido pelo processo e não pelo 
professor ou pelo método (onde tudo já está 
dito), recheando a prática de significados, sig-
nificando e ressignificando coisas: imersos no 
processo, professor e estudante se deixam 
levar por descobertas, amadurecendo ideias 
e conceitos e sendo afetados, de tal maneira, 
que cada um é capaz de pôr sua marca no tra-
balho, de deixar um pedaço de si para o outro 
e cair de cabeça num movimento que, por ve-
zes, pode perpassar pelo medo e pela melan-
colia, mas que transmite um processo de bele-
zas e descobertas. 
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Vamos dar início agora a um “olhar através da fenda” olhando para si 
mesmo, para seu próprio território musical, aquele já conhecido e co-
mum aos nossos ouvidos, que não causa nenhum tipo de estranheza 
por fazer parte do cotidiano de cada um (nesse momento estabele-
cemos relações individuais – cada professor, indivíduo único que vive 
seu espaço/tempo num determinado território/lugar). A quantidade 
de gêneros e estilos musicais que existe em nosso universo é enorme: 
axé, baião, carimbó, funk, choro, forró, frevo, lambada, sertanejo, man-
guebeat, maracatu, brega, mpb, pop, rock, rap, reggae, samba, clássica, 
blues, punk, swing, soul, emo, jazz, concreta, eletrônica, entre outros.
Edgar Morin, em seu artigo “Da necessidade de um pensamento complexo”, diz: “Somos filhos da natureza 
viva da terra e estrangeiros a nós próprios.” (MORIN, 2000, p. 9.).
Qual é o seu entendimento desta frase, considerando o conceito do pensamento complexo?
P A R A R E F L E T I RA T I V I D A D E 1
MAPA AFETIVO
A proposta desta atividade é a elaboração de uma 
cartografia individual. Para executá-la, você deve 
fazer uma lista do que gosta de ouvir, além de 
procurar se lembrar de que modo esses gêneros 
musicais entraram na sua vida.
MATERIAL
Folhas de papel e caneta ou lápis. Outra opção são 
os programas de computador que possibilitam a 
escrita de documentos. 
PROCEDIMENTOS
 ■ Pense em uma cronologia: músicas da infância, da 
adolescência e dos dias de hoje.
 ■ Nessa cronologia, destaque o lugar que habitava (e 
habita hoje em dia).
 ■ Identifique, além dos espaços de morada, os espa-
ços em que transitava (ou transita).
 ■ Discorra sobre esse item, despindo-se de qualquer 
preconceito ou medo e tente entender por que, real-
mente, essa música afetou sua vida em cada época. 
 ■ Mapeie esses gêneros ou estilos e registre, se pos-
sível, em um formato cartográfico, para obter a 
dimensão do movimento das mudanças ocorridos 
no percurso de sua vida. Pense em um mapa afeti-
vo, já que se trata de pessoalidades.
 ■ Reflita sobre os entrelaçamentos e conexões que 
esses gêneros musicais podem ter com os espa-
ços/tempos vividos, nos cruzamentos possíveis, 
nos paralelismos ou onde as linhas do mapeamen-
to se afastam completamente. 
 ■ Este é um primeiro olhar das possíveis conexões e 
desconexões que permeiam trajetórias individuais 
e das quais, muitas vezes, não nos damos conta.
Com base nessa experiência, olhe o seu percurso 
como professor, e registre quanto sua relação com 
os exemplos cartografados se relaciona com sua 
trajetória de formação profissional. Pense ainda em 
quanto seus estudos e práticas de trabalho docente 
influenciam até hoje nas suas percepções musicais. 
AUTOAVALIAÇÃO
 ■ O que você sentiu ao revisitar na memória momen-
tos passados, em busca de um repertório musical 
que não é mais ouvido?
 ■ Qual foi a sensação de perceber o porquê de de-
terminada música, em uma época da sua vida, estar 
em alta, e mais adiante ter sido deixada de lado?
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 ■ É possível perceber a trajetória da vida por meio dos territórios 
musicais?
 ■ Você constatou relações entre seus gostos musicais e sua 
formação e atuação profissional?
EM SALA DE AULA
Esta atividade pode ser desenvolvida também com 
os estudantes. É importante que todos participem 
da atividade sem medo ou vergonha.
 ■ Explique aos estudantes que eles vão fazer um re-
torno à infância relacionado ao repertório musical 
que ouviam até chegar ao momento atual e ao reper-
tório que ouvem agora. Depois, eles vão traçar cone-
xões entre esses repertórios. 
 ■ Em seguida, proponha que comecem a fazer um esque-
ma de estilos e gêneros musicais por faixa etária: por exem-
plo, 5, 10 e 13 anos.
 ■ Após a conclusão do esquema, peça a cada um que se encaixe 
em um desses territórios: em cada faixa etária, eles devem escolher o 
seu território musical.
Com uma cartografia de movimentos musicais dos estudantes durante a jorna-
da de vida de cada um até o momento da atividade, você poderá apontar, em 
conversas com eles, momentos de cruzamento e distanciamento entre todos 
através da música.
AVALIAÇÃO
 1 Qual foi o impacto exercido nos estudantes diante do cruzamento de da­
dos e percepção das escolhas individuais?
 2 Caso tenham ocorrido prejulgamentos ou preconceitos durante a reali­
zação da atividade, foi possível o debate sobre as razões disso? Quais 
foram os argumentos para se reverter esse pré­conceito?
 3 Os estudantes foram capazes de fazer conexões entre as diferenças e 
semelhanças de repertórios associados aos territórios em que vivem? 
HABITAR, CAMINHAR E OBSERVAR
Em continuidade aos questionamentos propostos anteriormente, va-
mos pensar em um caminho para a música que atravessa experiências 
de outras linguagens artísticas, um pensamento artístico que surgiu nas 
artes visuais e que pode ser apropriado para diversos modos de se re-
lacionar com outras linguagens artísticas, incluindo a música.
Quando aderimos aos mapas, olhamos para as ideias de territórios, es-
paço e lugar. A vida de cada ser consiste em trajetórias, ou caminhadas, 
que são feitas através do tempo. O que essas caminhadas carregaram 
e ainda carregam – já que estão em constante movimento e processo 
Ao conceber conexões, 
tecemos teias, tramas e 
relações.
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de transformação – é o que devemos revisitar com olhos do observador e inquiridor. “O que 
mudou”, “se mudou”, “por qual razão mudou” são perguntas importantes para se instaurar um 
processo de reflexão da caminhada do leitor no decorrer do tempo.
Vale a pena associarmos a ideia de “viver” com “caminhar” e “habitar”. Sobre habitar, Tim Ingold 
(1948-), professor e antropólogo da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, em seu livro 
Estar vivo nos fala que essa ideia se refere essencialmente ao fato de iniciarmos nosso caminho 
ao longo da vida. Isso é habitar, um habitar de nós mesmos em espaços e tempos ditados em 
nossas trajetórias.
O percebedor-produtor é, portanto, um caminhante, e o modo de produção é ele mesmo uma trilha 
traçada ou um caminho seguido. Ao longo desses caminhos, vidas são vividas, habilidades desenvolvi-
das, observações feitas e entendimentos crescem. 
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Tradução de Fábio Cre-
der. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 38. (Coleção Antropologia)
Ingold afirma ainda que cada um de nós deve imaginar a caminhada como uma linha em movi-
mento, que segue por direções às vezes distintas e às vezes indistintas, que cruzam outras linhas 
tecendo teias, tramando relações e concebendo conexões.
Na contemporaneidade, o “caminhar” é visto como um ato estético. Mas entender a caminhada 
como um processo artístico é algo que se deu há muito tempo com o objetivo de desafiar ter-
ritórios públicos e como forma de atuação política. Esse movimento do caminhar foi extrema-
mente importante nos movimentos de vanguarda do século XX, desde o Dadaísmo (1916) e o 
Surrealismo (1920), até o Situacionismo (1957), e permanece nos dias atuais sendo associado 
aos movimentos de Land Art e práticas de arte performática.
Tambores de roda, um projeto de Land art, um tipo de arte em que o caminhar se torna um ato artístico.
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O ato de caminhar como processo artístico não é o caminhar pelo ca-
minhar, a trajetória pura e simples de um ponto A para um ponto B; 
mas sim a caminhada pensada, instaurada por um desejo. Há diversas 
possibilidades de se caminhar como um viajante, por exemplo: nômade, 
errante, pedestre, flanante, andarilho, peregrino, turista, à deriva, entre 
outras formas de se colocar em movimento, em ação. Por meio dessa 
caminhada sentida e percebida pelo corpo e por todos os sentidos ati-
vados, somos capazes de deixar rastros no chão e na imaginação.
Ao traçarmos uma linha durante nossa trajetória de vida, colecionamos 
conhecimentos e desconhecimentos. E é para o desconhecido que ire-
mos olhar, vislumbrando formas de nos conectar com o que passa des-
percebido, como maneira de inaugurar em cada uma delas uma nova 
forma de perceber o mundo, em que nada foge ao instinto do professor 
que tudo vê. Para tanto, necessitamos romper barreiras, nos despirmos 
de preconceitos e aceitar o valor do que está no entorno, seja dema-
siado pequeno, seja demasiado grande. Vamos nos desterritorializar de 
nós mesmos – aflorar os sentidos até o ponto máximo das percepções 
possíveis. E tal passo torna-se fundamental para prosseguirmos com a 
relação professor/caminhante/observador.TERRITÓRIOS DO SOM
Ouvidos novos para o novo
Ouvir com os ouvidos livres
A música está ao seu redor por dentro e por fora
É só usar os ouvidos
CAGE, John. De segunda a um ano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2013.
 No capítulo 1 discutimos amplamente a questão do que é música. 
Agora, vamos retomar esse tema, mas de forma prática, em uma nova 
cartografia. Antes, porém, vamos entender o significado do termo 
transurbância.
Francesco Careri (1966-), professor e arquiteto italiano, foi quem cunhou 
esse termo, que está ligado a diálogos entre pessoas e cidades de forma 
única e peculiar para cada um. A transurbância se dá na relação entre 
pessoa/espaço. A ideia é receber os estímulos do espaço/lugar, dialogar 
com eles e redimensionar o modo de habitar, e este será um dos nortes 
da próxima atividade, que veremos a seguir.
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CARTOGRAFANDO OS SONS
Nesta atividade, a proposta é trabalhar a importância do caminhar. Para isso, será 
necessário explorar o deslocamento, que pode ser em uma rua, ou ainda uma ca-
minhada costumeira para lugar nenhum, um caminho feito diariamente com algum 
propósito ou uma caminhada inventada para essa prática.
MATERIAL
Papel transparente, lápis ou canetas coloridas.
PROCEDIMENTOS
 1 Faça o mesmo trajeto durante três dias, indicando o tempo de duração da 
caminhada, o horário e a data em que ela foi realizada. É importante que a 
caminhada seja feita em dias diferentes, mas sempre no mesmo horário. Não 
é preciso que seja feita em dias consecutivos. Durante a caminhada, o sen­
tido usado será a audição. Perceba os sons e ruídos que surgem no trajeto. 
 2 Caminhe em silêncio e, se possível, sozinho. Se sentir necessidade, pare em 
alguns pontos; ande devagar, como se estivesse à deriva, indo a lugar nenhum, sem preocupações.
 3 Ao chegar ao ponto de parada, faça a cartografia de sua caminhada da forma que achar melhor e des­
creva todos os sons que escutou, localizando­os no mapa. A criação desse mapa sonoro possibilita um 
trabalho em interdisciplinaridade com as Ciências Humanas e Sociais, com possibilidades de reflexão 
sobre o espaço urbano e a criação de uma construção artística visual.
 4 Lembre­se que o desenho é um tipo de linguagem importante e, quando traçamos as linhas de um mapa, 
utilizamos uma linguagem nômade, já que o mapa indica movimento, território e rastros. Essas linhas que 
você está registrando nascem do seu corpo em movimento. Ao desenhar o mapa, a ideia do movimento 
e do deslocamento surgem e dão materialidade à ação. Ao registrar os sons, você coloca no tempo e 
espaço elementos que chegaram à sua percepção. 
 5 O ideal é fazer os registros cartográficos em papel transparente para que, ao final da proposta, possa 
posicioná­los um sobre o outro para realizar o exercício de observação.
 6 Sobreponha um mapa ao outro e observe os sons ou ruídos que foram captados em cada dia: eles se 
repetem? Onde? Em que momento?
 ■ Com base em toda a captura de sons, o que você define como música, como som agradável e como 
som desagradável?
 ■ Entre todos os sons observados, foram identificados exemplos de sons que você nunca havia notado, 
mas que, agora, percebeu que eles se repetem no dia a dia?
 ■ Ao final da atividade, foi possível perceber o mapa como um referencial mutável de um mesmo espaço?
AVALIAÇÃO
 1 Como é percorrer o mesmo trajeto diversas vezes em dias diferentes e lidar com a escuta do lugar? 
Parece uma atividade incomum?
 2 Houve alguma dificuldade em memorizar os sons colhidos auditivamente para que no final do percurso 
fossem registrados?
 3 Em sua opinião, esse tipo de atividade pode lhe possibilitar ampliar a consciência da escuta na rotina 
do dia a dia?
Rastros de um percurso.
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Muito provavelmente, cada pessoa que fizer a atividade Cartografando 
os sons vai se surpreender com o resultado, pois vagamos pela tra-
jetória de nossa vida muito mais surdos do que podemos imaginar. E 
acordar nossos sentidos é fundamental para que acordemos os senti-
dos dos outros. Pelo viés da educação, nada podemos ensinar caso não 
tenhamos, nós mesmos, passado pela experiência de alguma forma. 
Deleuze e Guattari mencionam que “o mapa é uma questão de perfor-
mance” (DELEUZE e GUATTARI, 2019. p. 30), já que está intimamente 
ligado à ocupação e à não ocupação dos corpos no espaço.
Esse é um exercício para começarmos a pensar nas várias possibilida-
des sonoras em nossos universos e no modo como sons tão variados 
se fundem de uma forma tão brutal que não nos damos conta da exis-
tência deles. Abrir nossos ouvidos significa ampliar as percepções e 
reconhecer possibilidades. 
E mais, quando olhamos para os mapas sobrepostos, podemos obser-
var quanto aquele mesmo território (que abraça todo o percurso esco-
lhido) muda a cada dia, já que a condição sonora do lugar também é 
uma característica que o define.
O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, 
reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode 
ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser 
preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. Pode-se de-
senhá-lo numa parede, concebê-lo como obra de arte, construí-lo como 
uma ação política ou como uma meditação. 
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil platôs, v. 1. São Paulo: Editora 34, 
2019, p. 30.
EM SALA DE AULA
Essa é uma oportunidade de promover um trabalho interdisciplinar, tanto entre as linguagens artísticas (Artes Vi-
suais, Música e Dança) quanto com a Geografia, fomentando reflexões sobre o espaço urbano cotidiano e modos 
de nos relacionarmos com ele. 
PROCEDIMENTOS
 1 Defina com os estudantes o trajeto que vai ser realizado, e que não deve ser necessariamente fora 
da escola. Pode ser, por exemplo, a escolha entre dois pontos diferentes da própria instituição. 
Uma abordagem interessante, como variante da primeira, é que todos façam o mesmo trajeto, em 
horários diferentes, e cada um elabore sua própria cartografia. 
 2 Proponha que os estudantes façam a comparação e o debate sobre as cartografias que foram desenha­
das e os sons registrados nas diferentes cartografias que representam a experiência auditiva de cada 
um durante o percurso. 
 3 Estimule­os a perceber quanto esses sons também representam o espaço percorrido, dando contorno ao 
lugar escolhido. A forma de percorrer o trajeto, a velocidade dos passos, as paradas e não paradas, o silêncio 
interior necessário à escuta: tudo isso pode ser avaliado durante a discussão. 
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TOPOGRAFIAS DO SOM
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Linhas que compõem um mapa topográfico.
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 1 – É trabalhada parcialmente na explanação sobre 
sons e ruídos, temas em que adentramos no contexto histórico do desen-
volvimento tecnológico e que nos fornece parâmetros para refletir e ava-
liar uma das questões em voga na contemporaneidade: a poluição sonora. 
Competência geral 2 – É contemplada com o estudo e a pesquisa so-
bre os parâmetros musicais. Durante o capítulo apresentamos cada um 
dos parâmetros e a relação deles com a Física (ondas e frequências 
sonoras). Cada elemento é reforçado ainda por atividades que buscam 
o entendimento dos parâmetros pela prática.
Competência geral 3 – É desenvolvida na proposta de apreciação e va-
lorização de obras musicais de locais e tempos variados, como obras do 
DJ e produtor russo Gourski ou obras do compositor L. V. Beethoven. 
Competência geral 4 – É trabalhada principalmente nas atividades e bo-
xesque remetem à vivência relacionada com os parâmetros. Também é 
desenvolvida na experiência que utiliza meios diversos, tanto da pesquisa 
quanto da prática em si, para possibilitar as trocas entre os participantes 
e a posterior reflexão sobre o fazer que conduz ao aprendizado efetivo.C
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COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA ÁREA DE 
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A competência 1 é trabalhada no capítulo 4 com o objetivo de aproxi-
mar os docentes dos parâmetros musicais de forma que possam com-
preender o funcionamento da linguagem, aproximando-se de um olhar 
contemporâneo na abordagem desses elementos. 
A competência 2 é trabalhada com a valorização de outras formas de 
construção musical, que não desconsideram o tradicional, mas que vi-
sam a contemporaneidade. 
A competência 6 é mobilizada durante todo o capítulo com a possibili-
dade de os docentes apreciarem esteticamente produções artísticas que 
venham a se tornar referenciais em argumentações futuras com os estu-
dantes. Para tanto, são utilizadas as Tecnologias de Informação e Comuni-
cação (TDIC), aproximando-se da competência 7 de forma parcial.
A palavra topografia significa descrição de um lugar (topos 5 lugar ou re-
gião e graphein 5 descrever). E qual é a relação da topografia com a música?
Nesta obra, desde o início, abordamos a música como território, e nada 
mais significativo do que pensar em sua topografia. Ao descrevermos 
suas principais características, somos capazes de olhar atentamente para 
o que chamaremos de acidentes geográficos, quer dizer, de nos apro-
ximarmos de termos que tragam reflexões sobre conceitos musicais e 
formas de abordagem, dentro de um pensamento técnico e teórico, mas 
com a intenção de nos distanciarmos do comportamento tradicional des-
ses termos, buscando um pensamento poético, humanista e criativo. 
A reflexão sobre o que é música surgiu de maneira germinal no capítulo 1, 
com a proposição de discussões que remetiam à quebra de paradigmas e 
certezas. Neste capítulo, vamos abordar de modo mais detalhado os parâ-
metros que trazem diversas qualidades aos fenômenos sonoros e os ele-
mentos que constituem a linguagem musical construída historicamente.
Nossa conversa, durante todo o capítulo, terá como referência os pen-
samentos de Murray Schafer, compositor canadense e também artista 
plástico. A abordagem musical que Schafer nos oferece aplica-se não 
somente a músicos e professores, mas a todos que têm vontade de 
desenvolver sua percepção sobre o mundo e descobrir quanto as pos-
sibilidades artísticas, musicais e estéticas são maiores do que realmente 
estamos habituados a enxergar. 
Schafer nos ensina a “ouvir” o mundo de uma forma totalmente dife-
rente da qual estamos acostumados. Essa referência teórica, em que o 
trabalho musical valoriza a escuta como um saber primordial, permite 
que a linguagem musical seja trabalhada adequadamente em qualquer 
realidade, mesmo que a escola não disponha de recursos convencio-
nais, como instrumentos musicais, pois todo local tem seus sons e to-
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das as pessoas têm a capacidade de trabalhar criativamente com eles. 
Compreender a estrutura musical e as diversas formas de como pode-
mos lidar com elas, quebrando paradigmas, faz parte dessa escrita e se 
alinha com as competências específicas 1 e 6, respectivamente, na área 
de Linguagens e suas Tecnologias no Ensino Médio: 
Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas cul-
turais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na 
recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação so-
cial e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o 
entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da 
realidade e para continuar aprendendo. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 
Brasília, DF: 2018, p. 491.
Em relação à competência 6, o conhecimento mais aprofundado dos 
elementos de uma obra musical contribui para a ampliação dos critérios 
estéticos dos estudantes mediante a apreciação e a fruição de produ-
ções musicais diversificadas. 
Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, 
considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar 
seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e 
(re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo prota-
gonismo de maneira1 crítica e criativa, com respeito à diversidade de sabe-
res, identidades e culturas. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 
Brasília, DF: 2018, p. 496.
O capítulo trata também dos parâmetros sonoros, convencionalizados 
como elementos constitutivos da música enquanto objetos de conhe-
cimento e saberes fundamentais do estudo de música. Desse modo, o 
conteúdo está centrado na dimensão 2, compreendendo que, se pen-
sarmos em uma hierarquização de saberes, esses parâmetros se ocupam 
dos saberes-chave, os saberes centrais para que a música seja pensada 
como ferramenta criativa e utilizada em propostas interdisciplinares. 
Com base nos conceitos dos parâmetros sonoros apresentados e na 
explanação de suas funcionalidades na linguagem musical, você será 
motivado a refletir sobre como desmistificar o uso conservatorial e 
voltar-se para produções próprias dentro de um olhar contemporâ-
neo: com liberdade de criação, aproximação dos desejos e olhares 
singulares na produção de cada estudante. Assim, poderá conduzir os 
estudantes a reflexões críticas sobre seus contextos mediante com-
1 Grifo dos autores.
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parações e, a partir daí, propiciar olhares pessoais para a linguagem 
musical. Nesse caso, a música serve como um meio, e não como um 
fim em si, o que contribui para a manifestação de desejos e reflexões.
SOM E RUÍDO
Você já se imaginou utilizando os sons comuns, do dia a dia, que permeiam o cotidiano, como elementos 
para fazer música? Já notou as diferentes qualidades sonoras que existem em cada lugar que você fre-
quenta e como a diferença de som imprime uma marca naquele lugar?
P A R A R E F L E T I R
Chamamos de fonte sonora todo e qualquer material produtor ou pro-
pagador de sons produzidos pelo corpo humano, pela voz, por objetos 
do cotidiano, por instrumentos musicais acústicos, elétricos, etc. (BRI-
TO, 2003, p. 59). 
E X P E R I M E N T E !
 1 Escolha alguns sons na sua casa (podem ser poucos, um ou dois, ou quantos preferir). Por exemplo: 
a batida de uma porta, a água da torneira que abre e fecha, uma colher batendo na mesa. Use sua 
criatividade. 
 2 Explore esses sons, primeiro um de cada vez, experimentando possibilidades variadas até chegar a 
uma sonoridade de que goste. 
 3 Depois, faça uma combinação métrica com o som ou sons escolhidos. Toque um de cada vez em uma 
sequência arranjada. Experimente várias sequências até chegar àquela que considerar mais interes­
sante.
 4 Grave o resultado obtido em seu próprio celular ou qualquer dispositivo eletrônico que tenha em 
mãos. 
 5 Após ouvir a gravação, responda: esses sons escolhidos e organizados se transformaram em música? 
 ■ Em caso afirmativo, por quê? 
 ■ Em caso negativo, por quê? 
O objetivo da experiência anterior é entender como lidamos com os sons 
e os transformamos. Em que momento eles estão a serviço de algo que 
nos interessa e em que momento, de alguma forma, nos atrapalham ou 
se tornam desinteressantes. Schafer trata dessa questão com bastante 
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ênfase ao mostrar indícios de como convivemos com as questões sono-
ras de maneira simplista: separamos os sons que julgamos agradáveis e 
bonitos daqueles que consideramos meramente ruídos. 
Pensar em som e ruído, buscando parâmetros para os entendimentos 
dessa dualidade, faz parte dos saberes musicais que podem ser ponto 
de partida para um trabalho pedagógico musical, e devem ser sempre 
retomados. Portanto, em continuidade às reflexões, podemos nos ater 
ao entendimento de ruído como os sons que nos incomodam, que in-
terferem em uma experiência de escuta e nos atrapalham por algum 
motivo. Por exemplo, se estamos em uma sala de concerto assistindo a 
um quarteto de cordas e alguém desembrulha uma bala, fazendo ruí-
dos com o papel, esse som pode atrapalhar a experiência daqueles que 
desejam se concentrar nos sons emitidos pelos instrumentos musicais. 
Ou, ainda, quando estamos conversando e somos invadidos por um 
som de avião que não nos deixa escutar um ao outro. Em resumo, po-
demos definir o ruído como um som indesejado em determinado con-
texto, ou seja, o som que interfere em uma mensagem ou que perturba 
uma experiência. 
Mas existe algum momento em que esses sons indesejados passam a 
ser desejados? 
O conceito de música se amplia e se reelabora com base na cons-
ciência de como podemos utilizar amplamente os sons, sem 
nos limitarmos aos padrões que foram construídos historicamente e 
que não conseguem abarcar a variedade de experiências musicais da 
humanidade. 
Falamos anteriormente sobre a hegemonia que predomina no pensa-
mento da educação musical, impondo-se como única possibilidade 
eficaz de se ouvir e ensinar música. Imaginar um mundo consoante, 
rodeado de Bach, Mozart e Beethoven pode parecer muito agradá-
vel para parte da população, incluindo os educadores. Mas apurar os 
ouvidos para perceber e aceitar a potência sonora que nos rodeia, 
bem como as perspectivas musicais que se abrem ao fazer isso, é um 
desafio instigante. Ampliar as possibilidades sonoras no fazer musi-
cal desenraiza o conceito “música” de um lugar único e transforma-o 
em múltiplos, transborda as fronteiras, atingindo novos territórios, e 
se expande, provocando olhares e escutas para o que parece ser fixo 
e limitado. 
A partir do momento que nos aproximamos da ideia da investigação 
sonora para o “fazer musical”, adquirimos possibilidades de criações 
abertas, diferentes da tradição europeia que nos chega pautada por um 
arcabouço de regras harmônicas e melódicas, de estruturas de frases e 
escrita e que acaba por nos fechar, delimitando-nos dentro de um ter-
ritório preestabelecido e difícil de romper. 
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Vamos partir de um exemplo dado pelo próprio 
Schafer ao descrever algumas de suas práticas 
pedagógicas em torno da ideia de investigação 
sonora em sua obra O ouvido pensante. Imagi-
ne que precisamos de determinado tipo de som 
para acompanhar um grupo musical, tendo duas 
possibilidades: um tambor e um latão de lixo. É 
praticamente óbvio que a escolha da maioria 
seria o tambor, objeto reconhecido e notório 
como instrumento musical. Mas e a lata de lixo? 
Não serviria? Será que não vale a experiência de 
colocá-la na mesma função do tambor e atentar 
Tambor e latão de lixo, possibilidades sonoras.
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E X P E R I M E N T E !
■ Assista ao vídeo Awesome Pipe Drumming, do grupo Blue Man Group. 
Nele, é possível ver um exemplo que ilustra bem o caso da utilização de 
um objeto sonoro mesclado com um instrumento musical. Disponível em:
https://www.youtube.com/user/Offi cialBlueManGroup. Acesso em: 28 nov. 2020. 
■ Assista também ao vídeo do grupo Stomp, no qual diferentes itens tornam-se obje-
tos musicais. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5WJ4kBOIXH4. 
Acesso em: 28 nov. 2020.
Agora, refl ita sobre estas questões:
■ Além da música, o que você pensa do modo como esses grupos se apresentam? 
■ Quantas linguagens artísticas integradas você identifica?
ao que ocorre com a sonoridade? Digamos que 
a experiência seja bem aceita e que a lata de lixo 
passe a fazer parte do grupo musical. Esse fato 
nos mostra como podemos mudar o caráter de 
um objeto que, além de ser um depósito de lixo, 
é bem ruidosa quando se abre e fecha a tampa 
para o uso comum (produzindo um ruído não 
desejável). Mas, a partir do momento em que 
é usada como um instrumento musical, ela se 
transforma em um objeto sonoro e, como tal, 
faz parte do grupo de instrumentos musicais 
que forma aquela criação. 
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Com base no exemplo apresentado por Schafer e nas criações do Blue 
Man Group e do Stomp, ampliamos nosso olhar para todo e qualquer 
objeto ou som, que não precisa ser apenas um objeto, porque pode 
ser o som de pessoas falando, os sons de animais, os sons variados da 
natureza, os sons isolados que são agradáveis, mas que, usualmente, 
não utilizamos para fazer música. Assim, retiramos esses sons de sua 
qualidade de ruído e imprimimos uma intenção neles. 
Um som pode ser um mero ruído quando são incidentais e não existe 
a intenção de serem ouvidos. Nesse sentido, um caminho para com-
preendermos quando os acontecimentos sonoros passam a ser musi-
cais pode ser a possibilidade de se imprimir uma intencionalidade e de 
transformá-lo em algo mais do que meramente um som incidental. 
Assim, chegamos novamente ao ponto de pensarmos sobre a definição 
de música: se quando organizamos alguns sons previamente escolhidos 
produzimos com eles uma sequência sonora, ou ao utilizar uma lata de 
lixo como instrumento ao lado de instrumentos musicais convencionais, 
então podemos concluir que a música é a organização de sons escolhi-
dos para o propósito de constituir uma composição. Não importa como 
ela soe, se a avaliamos subjetivamente como “feia” ou “bonita”, e sim 
como se dá essa organização e qual é a sua intenção. 
Não podemos deixar de incluir nessa organização as notas musicais con-
vencionais e os ritmos culturalmente já estabelecidos, caso façam parte da 
escolha de quem está elaborando uma música. O que estamos querendo 
dizer aqui é que não devemos descartar qualquer tipo de som como pos-
sibilidade composicional de uma obra, seja ela para um pequeno grupo de 
músicos, seja para uma grande orquestra, para um jingle ou trilha de filme. 
Vamos insistir na questão de como escutar esses sons. Crescemos ou-
vindo músicas que são compostas de melodias harmônicas e consi-
deradas belas no senso comum. Ouça uma flauta transversal tocando, 
por exemplo. Ao ser tocada ela fica repleta de outros sons: a batida 
dos dedos em suas chaves quando tocadas, o sopro e a respiração do 
instrumentista, por exemplo, mas nada disso se destaca na nossa aten-
ção, somente a melodia. Quando não somos convidados a perceber 
esses outros sons, nossos ouvidos só captam o que lhes interessa, o 
que chamamos de ouvido seletivo. Ampliar a escuta é necessário para 
compreendermos esse vasto território musical. 
Um exemplo muito interessante de trabalho musical com base na pesquisa de 
ruídos diversos é o apresentado no vídeo do DJ e produtor musical russo Gourski. 
No vídeo, ele coleta sons da cidade e os transforma em um beat. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=7MfLHfxRt4U. Acesso em: 28 nov. 2020.
E X P E R I M E N T E !
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O SILÊNCIO 
Como você definiria o silêncio? O silêncio é música ou faz parte da música? 
P A R A R E F L E T I R
Até então discorremos sobre os sons e os ruídos e percebemos que a 
música sefaz com a organização desses elementos. 
E o silêncio? Como definir o silêncio em um mundo imerso em sons, 
com cidades cada vez maiores, mais poluídas sonoramente e conside-
rando que, até mesmo quando nos retiramos para qualquer lugar mais 
afastado, não encontramos o silêncio total. O silêncio está presente no 
que é chamado de ruído branco: um ruído que soa constantemente e na 
maior parte do tempo não percebemos e nem mesmo nos afeta. Esse 
ruído é a presença de todos os sons somados, que forma uma espécie 
de frequência quase imperceptível; e destacamos essas duas palavras 
para ressaltar que o ruído vibra em nossos ouvidos mesmo que não nos 
atentemos à existência dele. 
O compositor, escritor e multiartista estadunidense John Cage provou 
a inexistência do silêncio absoluto ao participar de uma experiência na 
Universidade de Harvard. Ele entrou numa câmara anecoica, isto é, uma 
sala totalmente à prova de sons, que é composta de seis paredes feitas 
de material especial, sem nenhum tipo de reverberação ou eco. Ao per-
manecer nessa sala, ele ainda ouviu dois sons: um grave e um agudo. Ao 
relatar o fato ao engenheiro de som encarregado, Cage foi informado 
de que o som agudo era o sistema nervoso em operação, e o grave, o 
sangue em circulação. Com isso, o artista concluiu que não existe espa-
ço ou tempo vazio. Sempre há algo para se ver ou para se ouvir. Não há 
meios de se conseguir o silêncio absoluto. 
Não existe ausência dos sons! 
Se o silêncio absoluto não existe, então como considerá-lo? Ele pode 
não ser absoluto, mas pode acontecer na busca do equilíbrio sonoro 
intencional entre o momento em que se quer ouvir algo e o momento 
que não se quer. Na música convencional esse silêncio é chamado 
de pausa. 
No caso de uma composição musical, por exemplo, escolher quando os 
instrumentos soam e quando silenciam, ou melhor, fazem pausas, pode 
indicar a busca pelo silêncio. Pode ser uma pausa de todos os sons que 
estão soando, pode ser a pausa de quase todos menos um para que 
aconteça um solo, pois a pausa pode ser inserida de múltiplas formas. 
No caso, som e silêncio estão intimamente ligados, dando forma a uma 
composição musical. Schafer diz que o silêncio é uma caixa de possibi-
lidades e que tudo pode quebrá-lo. 
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Vamos dirigir a atenção agora à ideia do silêncio em nossa topografia: di-
gamos que são buracos escuros e desconhecidos, onde tudo pode acon-
tecer. Podemos olhá-los por segundos ou durante horas e assim podem 
emergir coisas inesperadas. Lidar com o silêncio é lidar com o inesperado. 
 1 Escolha o local mais tranquilo e silencioso que for possível (caso não encontre um local assim, con­
tinue a proposta onde puder). 
 2 Depois, escolha um objeto para ser seu objeto sonoro: pode ser algo que raspe, que bata feito um 
tambor, um papel para ser amassado ou qualquer objeto que queira. 
 3 Sente­se tranquilamente com seu objeto e faça a seguinte experiência: 
 ■ Toque seu objeto sonoro por alguns segundos e depois faça uma pausa pelo mesmo tempo em que tocou. 
 ■ Repita o que fez anteriormente, mas dobre o tempo de tocar seu objeto sonoro e, da mesma forma, 
dobre o tempo de pausa 
 ■ Continue a ação sempre dobrando o tempo anterior. Não é necessário usar relógio nem cronômetro. Vá 
pela sensação do tempo. Faça quantas vezes quiser. 
Agora responda: como você se sentiu durante as pausas? Teve a impressão de que o tempo de tocar passou 
mais rápido do que o tempo de pausa? Teve a impressão de sempre querer voltar a tocar antes de terminar 
o tempo de pausa?
E X P E R I M E N T E !
Viver os tempos de pausa é muito difícil, e na música esse é um dos ele-
mentos que devemos aprender a usar bem. Aprender a silenciar e ouvir 
o silêncio faz parte do fazer musical. 
O som não existe sem o silêncio, e o silêncio não existe sem o som. Essa é 
uma dualidade intrínseca não somente à música, mas também ao ser hu-
mano. E dessa forma fechamos essa tríade tão importante na nossa topo-
grafia: som/ruído/silêncio, que formam um terreno fértil, ávido por germinar. 
PARÂMETROS MUSICAIS: 
UM SOLO FÉRTIL 
Grafia de ondas sonoras.
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TIMBRE 
O timbre é conhecido como “cor do som”. 
Dois instrumentos diferentes tocando a mes-
ma nota são diferenciados pelo timbre de cada 
um. Schafer menciona que o timbre traz a cor 
da individualidade da música, sem ele tudo é 
cinza. Digamos que, em uma orquestra sinfôni-
ca, define-se que em certo momento todos to-
quem a mesma nota. A orquestra é composta 
de uma gama de instrumentos musicais enor-
me. O que vai garantir o colorido dessa nota 
única sendo tocada por todos é o fato de que 
cada instrumento tem seu timbre próprio. As-
sim, quando percebemos a diferença de uma 
mesma nota tocada em um piano, uma flauta, 
ou violão, estamos percebendo o timbre.
Podemos aproximar esse exemplo de uma pin-
tura. Se em determinado momento o pintor uti-
liza uma única cor, o azul-cobalto, para todo o 
espaço da pintura, mas com materiais diferen-
tes, como tinta óleo, guache, giz de cera, lápis 
de cor, isso dará a textura e o colorido ao qua-
dro. Assim, pensar sobre as características dos 
objetos que produzem determinado timbre, 
bem como abordar os instrumentos musicais, 
tem relação com outro objeto do saber musical 
fundamental: as materialidades sonoras.
Os sons têm características e qualidades que 
são perceptíveis em qualquer fenômeno sono-
ro e que podem ser identificáveis em criações 
musicais de diversas culturas através dos tem-
pos: os parâmetros musicais. São eles: o tim-
bre, a altura, a duração e a intensidade. 
Vamos elucidar cada um deles, mas é impor-
tante salientar que os parâmetros se dão sem-
pre “em relação a” algo. Cada som pode ser 
classificado individualmente, mas a relação 
entre o contexto em que se insere é relevante. 
Os parâmetros sonoros surgem a partir das 
ondas sonoras que constituem cada som. Es-
sas ondas surgem com a vibração dos corpos, 
seja pelo sopro, seja pela batida na pele de um 
tambor ou pela fricção de arcos em instrumen-
tos de cordas. Todos os sons que escutamos 
produzem ondas sonoras, como o cair de uma 
lata ou o barulho de um motor de um carro, 
entre outros. 
As ondas sonoras apresentam diversas fre-
quências, algumas perceptíveis pelo ouvido hu-
mano, outras não. São produzidas pelos abalos 
sísmicos, por exemplo: têm valores em hertz (o 
que quantifica a frequência) muito baixos ou a 
frequência da luz visível, que tem valores mui-
to elevados. Em nenhum desses casos somos 
capazes de perceber auditivamente os sons. 
Os seres humanos podem perceber as ondas 
de frequência entre 20 Hz e 20.000 Hz, ampli-
tude em que são definidas como sons. Abaixo 
de 20 Hz as ondas são chamadas de infrassons 
e acima de 20.000 Hz, de ultrassons.
Cada tipo de instrumento musical é formado 
por um conjunto de características físicas, tan-
to de formato quanto de matéria-prima, como 
madeira, metal, tipos de pele, tipos de cordas 
e outras variações. As características diversas 
é que provocam as amplitudes diferentes dos 
sons, diferenciando um instrumento do outro e 
definindo o timbre específico de cada um. 
Vamos utilizar como exemplo um tipo de clas-
sificação que é usual na música tradicional eu-
E X P E R I M E N T E !
 ■ A exemplo dos instrumentos de corda citados, 
procure em sites de busca os diversos tipos e 
as possíveis variações de cada um.
ropeia, na qual os instrumentos são definidos 
por famílias e, ainda dentro dessa classificação, 
em naipes. Por exemplo, na família das cordas 
friccionadas há o naipe dos violinos, das violas, 
dos violoncelos e dos contrabaixos. Todos elestêm especificidades comuns: são instrumentos 
construídos com madeira e cordas que se utili-
zam de um arco para serem tocados. 
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Assista ao vídeo da canção cubana “Chan Chan”, de Compay Segundo, interpretada por artistas de diver-
sas partes do mundo participantes do projeto Playing For Change. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=WAjRmHODjyQ. Acesso em: 28 nov. 2020. 
 ■ Quais desses instrumentos são inéditos para você? Já pensou na quantidade de instrumentos musicais que 
existem no mundo todo? Em sites de pesquisa, é possível ter contato com alguns deles. 
 ■ O número de instrumentos que existem somente na América do Sul é enorme. Em sua opinião, por que não 
temos acesso ou mesmo conhecimento da existência desses instrumentos musicais?
P A R A R E F L E T I R
CLASSIFICAÇÃO DOS 
INSTRUMENTOS MUSICAIS
Provavelmente, o primeiro instrumento foi o 
próprio corpo com suas possibilidades de per-
cussão, como as palmas e a voz. Em sua relação 
com a natureza, os objetos também passaram 
a ser usados com finalidades sonoras, em mui-
tos casos pelo desejo de imitação dos sons da 
natureza, por isso começaram a ser desenvolvi-
dos objetos com finalidades sonoras, como as 
primeiras flautas de bambu e os tambores com 
peles de animais. 
Com o tempo, esses instrumentos foram 
se aprimorando até chegarem a uma gama 
inesgotável de possibilidades. Além dos ins-
trumentos com os quais temos contato com 
maior facilidade, como os orquestrais ou os 
instrumentos típicos de uma banda (bateria, 
baixo, guitarra, teclado), é importante notar a 
quantidade de instrumentos originários de cul-
turas diversas. 
O Playing For Change é um projeto que conecta músicos de diferentes lugares do mundo em vídeos 
em que interpretam uma música de suas cidades de origem. Conheça o site do projeto para saber mais 
sobre a diversidade musical do planeta. Disponível em: https://playingforchange.com/home-pt/. Acesso 
em: 28 nov. 2020.
A P R O F U N D A R
P A R A
Os instrumentos podem ser classificados de 
acordo com o material com o qual são produ-
zidos. Essa classificação é mais abrangente do 
que a utilizada pelas orquestras e também na 
música tradicional, pois remete ao material que 
produz o som e, dessa forma, pode servir para 
classificar instrumentos de qualquer cultura:
 ■ Idiofones: o corpo do instrumento é o propa-
gador dos sons: reco-reco, chocalho, triângu-
lo, xilofone, claves, agogô.
 ■ Membranofones: utilizam-se membranas esti-
cadas sobre o corpo do instrumento: tambo-
res, djmbê, tímpano, alfaia, caixa, bongô.
 ■ Aerofones: todos os instrumentos que depen-
dem do ar para produzir sons: flautas, acor-
deão, gaita.
 ■ Cordofones: instrumentos que se utilizam de 
cordas tensionadas sobre uma caixa acústica: 
violino, violão, harpa, piano.
O interessante dessa classificação é que ela 
nos permite reconhecer todos os tipos de ins-
trumentos e objetos sonoros e, com base nela, 
olharmos para as possibilidades de construção 
de instrumento com a utilização de materiais 
variados.
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ALTURA 
A altura dos sons também está relacionada às 
ondas sonoras. Por definição, em música, altu-
ra refere-se à forma como o ouvido humano 
percebe a frequência fundamental dos sons. 
Quanto mais alargadas forem as ondas sono-
ras, mais graves serão os sons; quanto mais 
estreitas e curtas, mais agudos serão os sons. 
Essa diferença se dá na relação entre as carac-
terísticas físicas de cada um dos instrumentos 
e o som emitido por eles. Vamos tomar como 
exemplo o naipe dos trombones, que é cons-
tituído pelo trombone soprano, trombone alto, 
trombone tenor, trombone baixo e trombone 
contrabaixo. Essa é a ordem crescente, em ter-
mos de tamanho do instrumento, quanto maior 
ele for, mais grave será a sonoridade. Esta é a 
classificação dos sons: contrabaixo, baixo, te-
nor, contralto e soprano (que se subdivide em 
outras nomenclaturas). Essa classificação vem 
de terminologias da polifonia da música me-
dieval e tornou-se uma diferenciação das ex-
tensões das vozes femininas e masculinas. 
Os instrumentos musicais tomaram empres-
tado essas definições como forma de classifi-
cação dentro da região sonora que alcançam 
(altura). Alguns instrumentos têm a tessitu-
ra mais alargada e outros, menos, quer dizer, 
alguns têm uma extensão maior, podendo 
abranger desde tons graves até os agudos, e 
outros se limitam a uma região. O piano, por 
exemplo, abarca a extensão de praticamente 
todos os instrumentos de uma orquestra. Um 
flautim limita-se a tessituras agudas, enquanto 
um contrabaixo, à região mais grave.
No caso das alturas dos sons, é necessário ob-
servar que a relação entre os instrumentos de 
diferentes naipes (uma flauta e um fagote, por 
exemplo) se dá de muitas maneiras: um instru-
mento naturalmente grave pode alcançar uma 
nota tão aguda que se aproxima de um instru-
mento naturalmente agudo, ou, ao contrário, 
o instrumento agudo toca uma nota tão gra-
ve que se aproxima de um instrumento grave. 
Essa é a riqueza e a beleza dos sons que se 
fundem e se confundem, em um misto de tim-
bres e alturas de diversos coloridos. 
DURAÇÃO 
A duração relaciona-se ao tempo que dura um 
som. Uma determinada nota pode ser tocada 
longamente, durante muito tempo, ou ser to-
cada em um curto espaço de tempo. Com as 
durações, pode-se criar um jogo de efeitos rít-
micos muito interessantes por meio de entre-
laçamentos de sons curtos misturados a sons 
longos, tecendo teias sonoras. 
INTENSIDADE OU 
AMPLITUDE 
Esse parâmetro é definido, grosso modo, pe-
las diferenças entre sons fracos e sons fortes, 
com diversas variações dentro dessa gama. A 
intensidade está intimamente ligada ao gesto. 
Experimente tocar uma sonoridade forte e in-
tensa com gestos frágeis e delicados, ou, en-
tão, busque sons delicados e suaves por meio 
de gestos bruscos. É interessante notar que, 
quando ouvimos uma sinfonia de Beethoven, 
por exemplo, no momento em que a dramati-
cidade está elevada, com a orquestra tocando 
em toda sua intensidade, podemos abaixar o 
volume do nosso aparelho sonoro, pois, ainda 
assim, somos fisgados pela tempestade sono-
ra que a orquestra está emitindo. Não importa 
a quantidade de instrumentos que tocam ao 
mesmo tempo, um único instrumento pode 
ser tocado com tanto ímpeto que somos arre-
batados pela força do som. 
Para Schafer, o som forte pode ser caracte-
rizado como um grande peso em direção ao 
centro de gravidade, como um turbilhão, en-
quanto o som fraco está constantemente se 
dissolvendo, desvanecendo sob a neblina, es-
capando dele mesmo. Procura voar dele mes-
mo para o silêncio (SCHAFER 1991, p. 78). 
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Faça uma busca nos sites de streaming ou compartilhamento de vídeos 
para encontrar a “Sinfonia no 6, quarto movimento”, de Ludwig van Bee-
thoven. Nesse movimento da sinfonia, o compositor demonstra como a 
orquestra é capaz de imitar a intensidade de uma tempestade. Todos os 
parâmetros musicais estão latentes e nos impressiona a forma como ele 
lida com os timbres dos instrumentos para a representação da tempestade. 
Pense em sons variados, como o som de uma tempestade, do uivo de um cachorro, de uma sirene de am-
bulância, de uma colher de chá caindo no chão. Você consegue classificá-los de acordo com os parâme-
tros de timbre, altura, duração e intensidade?
P A R A R E F L E T I R
TEXTURAS 
Linhas em camadas.
A textura musical diz respeito à densidade dos 
sons em uma obra ou em fenômenos sonoros. 
A voz de um diálogo entre duas pessoas e o 
vozerio de uma multidão, o som de um mar-Atividade 2 – Aplicando a autoavaliação ..................................... 171
CAPÍTULO 9 – PLANEJAMENTOS 
INTEGRADOS ........................................................... 173
Competências gerais da Educação Básica ................................. 173
Competências específicas da área 
de Linguagens e suas Tecnologias ................................................. 174
Metodologias ativas e planejamento ....................................... 174
Atividade 1 – Debate de projetos .................................................... 179
Para aprofundar ......................................................................................180
Temas Contemporâneos Transversais (TCT) ..........................180
Para refletir ................................................................................................ 181
O Projeto Acústico – Proposta de integração para a 
comunidade escolar ......................................................................181
Para aprofundar ...................................................................................... 182
Aspectos da metodologia de projetos .................................... 182
Atividade 2 – Projeto Acústico para o espaço escolar.......... 183
CAPÍTULO 10 – PROJETOS DE VIDA 
MUSICAIS ..................................................................185
Competências gerais da Educação Básica ................................. 185
Competências específicas da área de Linguagens e suas 
Tecnologias ............................................................................................... 186
Os caminhos musicais dos jovens .............................................186
Experimente! ............................................................................................ 187
Instrumentista, cantor ou compositor ..................................... 187
Conservatórios estaduais de Minas Gerais .............................188
Conservatório de Tatuí ................................................................188
Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp 
Tom Jobim) ....................................................................................189
Conservatório Pernambucano de Música ...............................189
Formação universitária ............................................................... 190
Tecnologias musicais ....................................................................191
Experimente! ............................................................................................. 191
Narrativas autobiográficas ..........................................................191
Atividade 1 – Mapeando conexões ................................................. 192
Revendo as narrativas..................................................................193
Para refletir ...............................................................................................194
Atividade 2 – Criação de um portfólio ......................................... 196
PARA RECOMEÇAR ...................................................................... 197
Glossário de termos musicais ....................................................199
4
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CARTA AO(A) PROFESSOR(A)
Caro(a) professor(a),
Pensar e repensar a prática são ações contínuas dos docentes. Com base nisso, 
apresentamos esta obra, que busca colaborar com você nesse processo, tendo 
em vista tanto sua vida profissional quanto pessoal. Nosso objetivo é comparti-
lharmos saberes e práticas que vivenciamos direta ou indiretamente em vários 
momentos de nossa vida profissional.
Sabemos que, a cada planejamento, são partilhadas expectativas de aprendiza-
gem que precisam considerar a diversidade e a complexidade do ambiente es-
colar, pois o trabalho docente pressupõe engajamento, troca e empatia, fatores 
essenciais para auxiliar os jovens a se aprimorarem como pessoas humanas, como 
prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio. Nesse sentido, 
a formação continuada é também um dos aspectos fundamentais que compõem 
a prática docente, pois permite que novos saberes se somem e dialoguem com 
os conhecimentos adquiridos ao longo da prática em sala de aula e com aqueles 
adquiridos em sua formação inicial.
Cabe ressaltar que esta obra se faz presente em um momento em que, apesar de 
sempre citada e apontada como essencial para a construção de um futuro melhor, 
a educação vem perdendo o interesse das novas gerações. Isso torna a atuação 
dos que estão nas salas de aula um desafio ainda maior, pois exige uma batalha 
constante para atrair e manter o interesse dos jovens.
No entanto, é nosso papel, especialmente como professores(as) de língua mater-
na, buscar auxiliar esses estudantes a reconhecer a língua que falam e vivem como 
um importante elemento de sua identidade, essencial para as práticas comunica-
cionais e instrumento de ação e modificação social.
Nesse sentido, cabe também destacar que esta obra tem o objetivo de dialogar 
com você para pensarmos em boas e potentes formas de ensinar e aprender, 
evidenciando o aspecto essencialmente humano deste trabalho: escutar, falar e 
compartilhar saberes, colocando os estudantes como agentes do próprio conhe-
cimento. Com isso, como a própria BNCC aponta, é essencial que a escola atenda 
às demandas do presente e do futuro desses jovens.
Pensar nas relações de ensino e aprendizagem em um mundo que se mostra cada 
vez mais fluido e dinâmico requer um olhar para o planejamento que tenha como 
eixo a compreensão do estudante e também coloque você, professor(a), como 
agente e aprendiz nesse processo. Por isso, buscamos, igualmente, incentivar a 
reflexão sobre seu projeto de vida de modo que tenha como ponto de partida o 
reconhecer-se como esse sujeito que ensina e aprende não só os saberes escola-
res, mas também os de vida.
Esperamos que as propostas e reflexões presentes nesta obra sejam um bom 
ponto de partida para a ampliação de seus conhecimentos sobre a área de Lin-
guagens e, especificamente, sobre suas práticas em Língua Portuguesa.
Bons estudos!
A autora
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INTRODUÇÃO AO VOLUME DE 
MÚSICA
Estamos inseridos, cada vez mais, em uma sociedade complexa e conectada. Em 
pouco mais de duas décadas, os meios de comunicação e as tecnologias nos trans-
portaram de um mundo analógico para uma realidade digital, uma era da hiperco-
nectividade. Constantemente, somos submetidos a informações e mudanças muito 
rápidas em nossas formas de acessar conteúdos e nossos modos de interagir.
Temáticas, demandas e conhecimentos diversos se entrelaçam na velocidade dos 
beats acelerados da música eletrônica, de hiperlinks e de janelas de informações 
que saltam aos nossos olhos antes que possamos fazer o clique desejado. 
Em uma realidade assim, o ensino também precisa se adequar e preparar docen-
tes e discentes para os desafios de uma sociedade que exige cada vez mais a 
capacidade de adaptação e protagonismo. Ao mesmo tempo, entre tantas infor-
mações de credibilidade duvidosa em circulação e a possibilidade de apagamento 
de identidades culturais regionais, é preciso voltar nosso olhar para o passado e 
para aquilo que é mais subjetivo e particular em nossas culturas e vivências.
A função deste livro é ajudar docentes a criar estratégias para enfrentar as de-
mandas da juventude atual, de tal forma que a etapa do Ensino Médio seja sig-
nificativa e articulada tanto com os interesses pessoais dos estudantes quanto 
com as demandas da vida profissional e o planejamento de projetos de vida. É 
por essa razão que propomos a você um olhar para si próprio, para o seu modo 
de se relacionar com a linguagem musical em seus processos de formação, re-
conhecendo os saberes, as motivaçõestelo e os sons da construção de um prédio, o 
som de um cachorro e dos muitos latidos de 
um canil, a diferença entre escutar um pandei-
ro tocado sozinho e uma bateria de escola de 
samba, tudo isso são diferenças de textura. 
Musicalmente, podemos pensar em linhas mu-
sicais sobrepostas. Imagine uma melodia e 
tente cantarolá-la. Agora, imagine outra linha 
melódica acontecendo ao mesmo tempo. Não 
pense, nesse momento, em combinações, mas 
na sensação de perceber quando melodias 
acontecem ao mesmo tempo. Da mesma ma-
neira, a sobreposição de instrumentos diferen-
tes que, com seus timbres variados, criam dife-
d
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id
z
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F
re
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p
ik
rentes espessuras sonoras em combinações de 
linhas melódicas: linhas que andam na mesma 
direção, linhas que se atravessam, que se colo-
cam em camadas. 
Em música, convencionou-se a seguinte divi-
são de texturas:
 ■ Monofônica: consiste em apenas uma li-
nha melódica, como uma voz cantando sem 
acompanhamento.
 ■ Polifônica: simultaneidade de uma ou mais li-
nhas melódicas independentes.
 ■ Homofônica: linha melódica que se desta-
ca das outras, que exercem uma função se-
cundária, de acompanhamento. Por exemplo, 
uma voz acompanhada de um violão.
 ■ Heterofônica: textura musical em que há vo-
zes de diferentes caracteres, movendo-se em 
ritmos contrastantes.
Além da relação entre diversas linhas melódi-
cas, podemos perceber diferenças de texturas 
musicais com a sobreposição de instrumen-
tos. Assim como o conjunto de instrumento 
nos oferece timbres diferentes, na textura há 
o mesmo efeito. 
Vamos voltar ao exemplo que sugerimos no 
estudo dos timbres, do pintor e seu quadro. 
Imagine que o pintor tenha vários elementos 
para compor seu quadro: desde tintas varia-
das, como o guache e a tinta a óleo, até ob-
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jetos para colagem, como tecido e tampas de tamanhos variados. Ele 
começa a compor sua obra com um traço, que parte para o outro, muda 
a tinta que estava utilizando e passa a usar uma mais grossa. No meio 
do processo, incorpora um objeto peculiar, como uma tampinha de gar-
rafa, e, em algum ponto, coloca um pedaço de tecido enrugado. O ar-
tista nos oferece uma composição que não é chapada, os elementos 
se sobressaem à tela, criando uma textura variada. Na música ocorre 
o mesmo: na composição musical para uma orquestra, por exemplo, 
o compositor nos oferece momentos em que a gama de instrumentos 
musicais aparece de formas diversas, é quase um jogo musical em que 
o compositor brinca com os instrumentos como se fosse uma pintu-
ra, transitando entre o silêncio e a densidade máxima, quando todos 
tocam ao mesmo tempo, intercalando com momentos rarefeitos, com 
poucos instrumentos soando.
Podemos tomar como exemplo as obras vocais do Renascimento, que 
chegavam a ter 20 vozes tocando melodias independentes ao mesmo 
tempo, em uma textura intrincada. A obra “A Sagração da Primavera”, 
de Igor Stravinsky, que pode ser ouvida em sites de streaming ou de 
compartilhamento de vídeos, também oferece exemplos de combina-
ções variadas, com polirritmia e até sobreposição de tonalidades. As 
manifestações da cultura brasileira, como os grupos de congada e as 
escolas de samba, também trazem tessituras peculiares e complexas.
OUTRAS LINHAS DA TOPOGRAFIA
Assim como a arquitetura se apropria das topografias naturais, manipu-
lando materiais para criar tipos diversificados de construções, a arte mu-
sical também criou estruturas que compõem grande parte das composi-
ções musicais que conhecemos, sobretudo aquelas que habitam ou são 
derivadas do território musical hegemônico. Agora, vamos abordar ele-
mentos culturalmente construídos da linguagem musical que também 
se valem de todos os parâmetros estudados para compor uma obra.
Esses elementos constitutivos da música também são objetos de co-
nhecimento e saberes relevantes da linguagem musical. Se pensarmos 
em uma hierarquia, seriam secundários em relação aos parâmetros 
abordados. Secundários não em um sentido de menor importância, 
mas por serem elementos das criações musicais, e não características 
dos sons em si. Retomar esses elementos no contexto do Ensino Médio 
é fundamental para compreender os modos de funcionamento da lin-
guagem musical e da realização de fruição e apreciação de obras com 
base em critérios estéticos. Nesse sentido, o fundamental não é a capa-
cidade de criá-los segundo os parâmetros técnicos da música conven-
cional, mas pensar sobre eles e desenvolver a escuta para a percepção 
de obras musicais.
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MELODIA 
A melodia é o encadeamento linear dos sons, 
com variações de duração e altura de modo 
sucessivo que criam um sentido ao ouvinte. 
Aquilo que é mais identitário em uma obra 
musical e geralmente tem um protagonismo 
no discurso sonoro pode ser definido como 
melodia. O modo como esse sentido é com-
preendido pode ser limitado e, assim, pode-
mos repensar as definições mais corriqueiras. 
Por exemplo, quando há definições como: me-
lodia é um conjunto de notas encadeadas de 
forma bonita e harmônica. Trazer na definição 
o conceito de beleza e harmonioso é bastante 
complexo e a definição dessas duas palavras é 
muito relativa. 
Vamos tecer outra definição para o termo con-
dizente com o pensamento que vem nortean-
do este livro até agora: a melodia consiste na 
alternância de sons que se movimentam em 
diferentes alturas (entre as frequências graves 
e agudas). Com base nesses movimentos, os 
sons estão livres para serem combinados da 
forma que se queira, dependendo do propósi-
to artístico da obra. 
Para termos uma ideia mais clara sobre a cons-
trução da melodia, tanto no padrão conven-
cional quanto no padrão de pensamento con-
temporâneo, vamos utilizar exemplos por meio 
da escrita textual. 
Podemos comparar a melodia composta de ter-
mos convencionais com frases que obedecem, 
corretamente, à gramática. Lembrando que a 
gramática tem como principal função regular a 
linguagem e estabelecer padrões de escrita e 
fala com regras que obedecem aos padrões da 
norma culta. 
Muitos escritores, no entanto, já quebraram es-
sas regras, criaram e recriaram modos diversos 
a despeito das normas gramaticais vigentes e 
trouxeram novas texturas para a literatura. Va-
mos comparar dois exemplos curtos, mas que 
trazem a noção dessa diferença:
O primeiro exemplo é uma frase do cientista 
Marcelo Gleiser:
Agora entendo que aquelas longas tardes de 
pescaria e contemplação eram o prelúdio do 
que estava por vir. A pesca requer paciência, 
tolerância, humildade – qualidades essenciais 
no mundo da pesquisa.
GLEISER, Marcelo. A simples beleza do 
inesperado. Rio de Janeiro: Record, 2016, p. 24.
Esse pequeno excerto apresenta uma men-
sagem muito clara do que o autor quer di-
zer, construída dentro de todos as normas 
 linguísticas.
O segundo caso está na poesia de Paulo 
 Leminski: 
R (anos luz, nos treva)
Ler, ver
e entre o V e o L
entrever aquele 
R
erre
que me (réve) revele 
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Leminski brinca com as palavras, usa-as com 
liberdade dando margem à interpretação e à 
imaginação de cada leitor. O principal, nesse 
caso, não é o respeito às regras de escrita, e 
sim o que o autor quer expressar por meio das 
palavras, e isso se repete na construção de 
melodias que não estão calcadas no tradicio-
nalismo.
O exemplo da literatura é pertinente porque a 
construção da melodia está muito relaciona-
da com os textos das canções, que precisam 
de uma ordenação linear para serem com-
preendidos.
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Os sons escolhidos e combinados que formam a melodia vêm carrega-
dos de outros parâmetros, como o timbre e a intensidade. Se desenhar-
mos uma melodia em forma de linha, ela poderá caminhar no papel de 
forma contínua, indo para cima e para baixo, de acordo com a altura 
dos sons, alargando-se ou afinando-se, conforme a amplitude dos sons 
(esse é somente um exemplo ilustrativo). Essa mesma linha pode ser 
descontinuada para depois voltar ao papel, com espaços, que podem 
indicar o silêncio. 
HARMONIA 
A harmonia é a sucessão de sons de modo simultâneo, sobreposto. 
Nesse sentido, difere da melodia, que tem caráter linear e sucessivo. 
Além disso, na teoria musical tradicional, a harmonia diz respeito ao 
campo que estuda as relações desses sons e seus encadeamentos no 
decorrer de uma composição. 
Tais encadeamentos são realizados com base em uma série de regras 
praticadas pelos compositores da tradição europeia, sistematizadas 
entre o período do fim da Renascença, a despeito das experiências 
de vanguarda, e vigoram até hoje, especialmente na estruturação dos 
agrupamentos de notas que são chamados de acordes. 
Não vamos entrar no mérito teórico e tradicional da harmonia, e sim 
pensar em como usá-la com liberdade, sem priorizar regras estritas 
para as combinações e seus encadeamentos, posto que as regras da 
harmonia funcional são construções culturais e diferentes parâmetros 
podem ser criados e experimentados. 
E X P E R I M E N T E !
Escolha uma canção que você aprecia e 
procure cantarolá-la enquanto desenha 
a linha da melodia. Não se preocupe em 
errar ou acertar. Apenas busque sentir 
o movimento dos sons e passá-lo para 
o papel. Não se esqueça de que os mo-
mentos de silêncio podem fazer parte 
da melodia escolhida. Caso isso ocor-
ra, encontre a forma mais adequada de 
registrá-lo. 
Linhas aleatórias.
 
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RITMO 
O ritmo é a forma como os sons se organizam 
no tempo e está relacionado com a duração. 
Dentro de uma composição, ritmo também 
são as sucessões de intenções fortes ou fra-
cas que estruturam o desenvolvimento de 
uma obra musical no tempo. Essas intenções 
fortes ou fracas podem ter a marcação de um 
instrumento e se caracterizar como um pa-
drão culturalmente reconhecido, como aquilo 
que chamamos de ritmo de samba, de valsa, 
entre outros. Nesse sentido, podem ser sons 
mais longos ou mais curtos, mais constantes 
ou mais inconstantes, que marcam determina-
da música, imprimindo-lhe um caráter, ou me-
lhor dizendo, trazendo identidade a ela. Além 
disso, o ritmo está relacionado com o anda-
mento, que diz respeito à velocidade do de-
senvolvimento musical, por exemplo: se é um 
andamento moderado, lento ou rápido. 
Da mesma maneira, o ritmo está em nossa 
vida, como no passo que imprimimos em nos-
so andar conforme nossa necessidade, nas pa-
radas que fazemos durante um percurso, no 
ritmo de fala dependendo do contexto, no rit-
mo que determinamos para os fazeres diários 
de nossa vida. Tudo isso é consequência de 
fatores que vamos construindo no dia a dia e 
com o passar do tempo. 
Na música não é diferente: pensar em uma 
construção musical é pensar no ritmo que va-
mos imprimir a ela como um todo e a cada 
som individualmente. Há muitas convenções 
rítmicas, que caracterizam alguns gêneros 
musicais, como o ritmo do samba, do baião, 
do rap, da música africana, da música cubana, 
entre muitos outros, constituindo a identidade, 
ou seja, a marca dessas diferentes músicas.
Mas não devemos ficar presos a essas conven-
ções, e sim ir em busca de ritmos próprios, que 
criem a identidade de cada indivíduo (ou do 
grupo) envolvido na criação musical. 
Um bom exemplo para entender as discussões 
sobre melodia, harmonia e ritmo são as obras 
de Edgar Varèse e Pierre Boulez. Na obra “Ioni-
sation”, Varèse se utiliza essencialmente de ins-
trumentos percussivos, deixando clara a relação 
rítmica que se pode alcançar sem necessaria-
mente fazer uso de padrões já estabelecidos. 
Já Boulez, em sua obra “Ensemble Intercon-
temporain”, vai a fundo nas relações melódicas 
e harmônicas entre os instrumentos orques-
trais, trazendo uma riqueza infinda de texturas 
sonoras aos nossos ouvidos.
ELEMENTOS DA TOPOGRAFIA MUSICAL 
Esta atividade deve ser feita em grupo, por isso sugerimos que a experiência 
seja feita em sala de aula com os estudantes. 
Será composta de três partes, uma em cada dia de aula. É importante reservar 
uma parte da aula para que, juntos, você e os estudantes reflitam sobre a ati-
vidade. Organize a turma em quatro ou cinco grupos (dependendo do número 
de estudantes), que deverão ser fixos até o final da atividade. 
MATERIAL
Objetos variados, papel e lápis.
DIA 1 Ð AMPLITUDE
Antes de os grupos se reunirem, explique aos estudantes que eles vão explorar 
os sons fortes e fracos e também o silêncio. Proponha que escolham os sinais 
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com as mãos para representar o aumento do volu-
me do som, o som forte, a diminuição do volume, 
o som fraco e o silêncio. Após todos os estudantes 
definirem e praticarem os movimentos, eles devem 
se reunir em grupos. Cada grupo vai escolher uma 
palavra e o modo como os integrantes dos grupos 
vão dizer a palavra (mais rápido, mais devagar, de 
trás para frente, soletrando, etc.). Quando todos es-
tiverem prontos, um estudante será escolhido para 
ser o condutor do jogo (converse com os estudan-
tes para definir como será feita essa escolha). 
O estudante escolhido será o “maestro” da classe e 
cada grupo se posicionará em um lugar diferente. 
O condutor, então, fará sinais para que os grupos 
entoem suas palavras com os sinais combinados an-
teriormente. A ideia é que essa experimentação se 
transforme em um jogo em que alguns grupos fa-
lam, outros silenciam, entram todos juntos ou saem 
todos juntos. Alguns crescem em volume, enquanto 
outros diminuem, e assim por diante. O maestro vai 
conduzir o jogo da maneira que desejar ouvir. 
DIA 2 – MELODIA
Nesta aula, os grupos vão se reunir novamente e cada 
um vai escolher uma melodia simples e fazer o dese-
nho dela. Peça aos estudantes que façam esse dese-
nho por meio de uma linha, sem se importar com o 
caminho dela, desde que a melodia seja representada. 
Quando todos os grupos terminarem seu registro, eles 
devem se reunir em uma grande roda. O grupo 1 vai 
cantar sua melodia e os demais vão desenhar a melodia 
do grupo 1; depois o grupo 2 canta sua melodia e todos 
irão desenhá-la, e assim por diante. Com os desenhos 
em mãos, cada grupo deve comparar o que seu grupo 
fez com a forma como todos os outros desenharam 
a mesma melodia. Terminada a exposição, faça uma 
roda de conversa para entender as diferenças e seme-
lhanças entre os desenhos relacionados às melodias.
DIA 3 – RITMO, ALTURA E TIMBRE 
Este exercício será realizado individualmente. Cada 
estudante vai usar o próprio nome e pensar em uma 
forma de dizê-lo: dando um ritmo ao nome e esco-
lhendo o registro da fala (agudo ou grave ou mesmo 
o glissando). Cada pessoa tem seu próprio timbre 
vocal e, ao brincar com a voz buscando formas de 
dizer o nome, o estudante experimenta variações 
dentro do próprio timbre. O ritmo do nome consiste 
no modo como cada um vai elaborar o tempo de 
cada sílaba, com ou sem a inserção de pausas entre 
elas, e assim por diante. 
Em roda, cada estudante vai mostrar como pensou 
seu nome e, posteriormente, assim como no pri-
meiro dia, haverá um condutor para regê-los. Dessa 
vez, os sinais não serão combinados anteriormente. 
O estudante que estiver no meio da roda deverá 
pensar em como se fazer entender em seus mo-
vimentos para que aspessoas escolhidas entoem 
seus nomes ou pausem. O condutor estará buscan-
do texturas sonoras. 
O ideal é gravar o processo durante a regência 
do maestro e depois ouvi-lo. Em seguida, os es-
tudantes devem conversar sobre os resultados. 
É imprescindível notar que essa é uma forma de 
composição musical em que a criação acontece no 
momento em que o maestro está definindo quem 
entoa o nome e quem está em pausa. 
AVALIAÇÃO 
É possível identificar quanto os estudantes se 
apropriaram dos conceitos musicais durante cada 
uma das propostas?
Você percebeu diferenças na execução de um estu-
dante para outro, de modo que seja possível avaliar 
as dificuldades e as facilidades individuais? 
Por meio do processo como um todo, conseguiu notar 
as possibilidades de desdobramentos mais comple-
xos, apresentando assim outros desafios ao grupo?
AUTOAVALIAÇÃO
Qual é a sensação de ser o maestro? Enquanto está 
conduzindo musicalmente o grupo, você consegue 
perceber as nuances sonoras que surgem no de-
correr do processo? 
Houve dificuldade ao propor momentos de silêncio 
durante a condução da música? 
O que se diferencia na relação entre a escuta e o 
registro de uma melodia?
Qual é a sensação de usar o próprio nome em uma 
composição musical? 
É possível perceber que a criação musical se dá no 
momento do processo? 
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REGISTRO DOS SONS
Partitura gráfica de música contemporânea.
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Entender como se escreve a música é um dos pontos de maior diver-
gência entre o ensino tradicional conservatorial e o ensino contempo-
râneo de música.
A escrita musical convencional iniciou seu desenvolvimento no contexto da 
música sacra medieval, como vimos no capítulo 1, com formas de represen-
tação e registro dos movimentos dos sons e suas durações. No momento 
em que os sons foram organizados como notas musicais e inseridos no 
pentagrama, endureceu-se a forma da escrita musical e, assim, acabamos 
por desconsiderar qualquer outro tipo de notação como plausível. 
No século XX, os músicos estabeleceram novas relações de grafia sonora, 
em busca de uma notação voltada para os princípios sonoros: são nota-
ções que deixam de lado a questão da nota escrita com precisão, e nos re-
metem à utilização de traços, pontos, borrões, círculos, quadrados, e outros 
elementos “que sugerem o gesto, o impulso sonoro, em uma concepção 
estética aberta, em que o intérprete é coautor, participante da composição 
musical” (BRITO, 2003, p. 177).
Dessa maneira, ao se propor a escrita musical é importante pensarmos 
na escrita dos sons, inicialmente descrevendo-os com traços, pontos ou 
a figura que parecer mais possível e provável ao som que escutamos ou 
queremos demonstrar por meio da escuta e, aos poucos, buscar ela-
borações mais complexas. O aprendizado das representações conven-
cionais, em partituras, é importante para quem pretende aprofundar o 
estudo musical, sobretudo por se tratar de uma construção simbólica 
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relevante e por proporcionar mais facilidade em diferentes contextos, 
especialmente para que um músico tenha versatilidade. Entretanto, em 
uma educação musical mais abrangente e criativa, é fundamental co-
nhecer as experiências musicais do século XX e pensar em modos di-
versos de registros. Assim, a escrita musical, seja no que se refere ao 
reconhecimento daquela que é historicamente construída, seja no que 
diz respeito à exploração de possibilidades criativas, também é um dos 
saberes musicais que devem ser abordados no Ensino Médio em con-
tinuidade aos estudos dos objetos do conhecimento em Arte definidos 
pela BNCC do Ensino Fundamental.
A T I V I D A D E 2
E X P E R I M E N T E !
Escute a obra de Murray Schafer “Miniwanka”, acompanhada de sua par-
titura, nesta gravação do Coro de Câmara de Vancouver. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=ViBbRM3gFnI. Acesso em: 28 nov. 2020.
Veja como o compositor mistura elementos da escrita convencional a proce-
dimentos e grafismos particulares, pensados especialmente para a expressão 
dessa obra.
ESCRITA SONORA
Antes de iniciar a atividade, é importante salientar 
que o desenhar envolve aspectos objetivos e sub-
jetivos. Quando ouvimos um som, é muito comum 
recorrer ao desenho do objeto que o produziu, e 
não à impressão ou à sensação relacionada ao que 
foi ouvido e que remete diretamente ao som. De-
ve-se buscar a identificação do som em si e regis-
trá-lo como o percebemos, e não a do objeto que 
o produz. Para isso, devemos ampliar nossa escuta, 
perceber as características do que se está ouvindo 
para, posteriormente, registrá-lo. Para muitos, pode 
parecer uma tarefa árdua, pois pode ser difícil se 
desconectar do concreto, isto é, do objeto que emi-
te o som, para se conectar a algo efêmero e abstrato 
como o som em si.
Neste tipo de atividade, o silêncio é fundamental 
no momento da escuta, que deve ir além da sim-
ples ação de ouvir, pois é preciso sentir, perceber 
todas as variáveis dentro de um espectro sonoro.
 ■ Comece escolhendo alguns objetos sonoros: copos, 
talheres, papel (amassado), superfícies rugosas, 
tambores, flauta e outros que estiverem disponíveis.
 ■ Escolha a maneira desejada para produzir sons 
com cada um desses objetos: batendo, raspando, 
jogando no chão. Preste atenção ao som emitido 
até a reverberação acabar. Repita algumas vezes 
com cada um deles.
 ■ Desenhe cada um dos sons. Durante a escuta, 
imagine as possibilidades de anotação que o som 
lhe oferece. Você pode utilizar diversos elementos 
para pautar o desenho: o movimento do objeto, o 
gesto que traz a emissão de som, os parâmetros 
musicais (vistos anteriormente) que colaboram 
com a percepção sonora.
 ■ Lembre-se de que não existe certo ou errado, e 
sim a percepção da relação entre o som emitido e 
como cada um percebe esse som.
Esta atividade é relativamente simples, e sugerimos 
que você a faça primeiro, para, só depois, aplicá-la 
com os estudantes. Dessa forma, poderá demonstrar, 
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por meio da vivência, as diversas possibilidades que 
podem surgir ao explorá-la com os estudantes. Sua 
vivência prévia pode ser de grande valia durante o 
desenvolvimento da atividade, quando surgirem as 
possíveis e necessárias perguntas dos estudantes.
A primeira fase (descrita anteriormente) pode ser fei-
ta em sala de aula, em uma ou duas aulas no máximo. 
Cada estudante escolherá objetos sonoros que este-
jam ao seu alcance (estojo, lápis, régua, zíper, entre 
outros). Após a introdução sobre a notação dos sons, 
dê alguns minutos para que os estudantes escolham 
seus objetos e mais um tempo para que os registrem 
graficamente. Na mesma aula, ou em uma segunda 
aula, pode ser realizada a comparação entre os dese-
nhos com base na relação entre som e registro.
Como segunda possibilidade, peça à turma que 
escolha alguns sons em comum para que, depois, 
todos registrem graficamente os mesmos sons. 
Emita o som de cada objeto algumas vezes para que 
Nesta unidade apresentamos um panorama da 
linguagem musical propondo reflexões e ques-
tionamentos acerca do pensamento musical 
hegemônico com o intuito de contribuir com 
uma visão mais ampla sobre a variabilidade 
das práticas musicais, que abrangem aspectos 
múltiplos, além de territórios constituídos de 
práticas sociais e relações com outras lingua-
gens da arte. 
Esse entendimento favorece a ampliação dos 
olhares sobre as culturas juvenis, propiciando 
modos de explorar a interdisciplinaridade.As-
sim, refletimos ainda sobre os trânsitos cultu-
rais e as desterritorializações, tendo em vista 
perspectivas que valorizem a diversidade. 
Ao final da unidade, tratamos dos saberes 
fundamentais para pensar e criar música, das 
relações entre som, ruído e silêncio, dos pa-
râmetros sonoros e dos elementos que cons-
tituem grande parte da música convencional 
que escutamos.
Propomos, agora, que você observe o conjun-
to de suas anotações e reflexões.
 ■ Qual é a sua maneira de compreender seus pró-
prios territórios musicais?
 ■ Quais são os entrelaçamentos entre os seus territó-
rios e os territórios dos estudantes com os quais atua?
 ■ Com base nas perspectivas apresentadas, como 
avalia seu próprio trabalho?
 ■ As atividades e temáticas apresentadas relacio-
nam-se de alguma forma com seus projetos de 
vida?
 ■ Os assuntos e as reflexões propostos lhe fizeram 
provocações?
Caso tenha feito as atividades com outros profes-
sores, proponha uma discussão com esse grupo, 
buscando um olhar crítico e pessoal para as ex-
periências e reflexões trabalhadas nesta unidade. 
PARA RECOMEÇAR...
os estudantes possam registrá-los. No momento da 
comparação, instigue-os a perceber como cada um 
identificou e desenhou o que escutou. 
Lembre sempre aos estudantes da necessidade de 
manter o silêncio durante o desenvolvimento da 
atividade.
AVALIAÇÃO
 ■ Houve alguma dificuldade em isolar o objeto que 
emite o som e registrar somente o som propria-
mente dito?
 ■ Da forma como cada estudante registra seu som, 
observe se ele consegue diferenciar os desenhos 
relacionados aos sons ou se tem dificuldade ao de-
senhá-los.
 ■ Como se dá a autoavaliação em relação à proposta: 
o estudante consegue perceber seu trabalho em 
relação aos dos colegas e, a partir desse ponto, ti-
rar conclusões gerais e individuais?
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Somos afetados por uma
maneira de aprender música que foge
do tradicional e abrange corpo, mente 
e sensibilidade.
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PARA COMEÇAR...
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Nesta unidade, vamos nos aprofundar no tema dos territórios da 
educação musical brasileira com o objetivo de traçar caminhos para 
responder, por meio da linguagem musical, às demandas contempo-
râneas e do novo Ensino Médio.
Recorrendo às narrativas de histórias de vida, vamos tratar da for-
mação dos docentes procurando criar estratégias para que reconhe-
çam as próprias particularidades e pensem em caminhos futuros.
Vamos apresentar, ainda, um panorama histórico sobre o ensino de mú-
sica, abordando as mudanças de legislação no Brasil e a emergência 
de metodologias do ensino de música do século XX, que trouxeram a 
criação musical para o centro do processo. Partindo do entendimento 
dessa trajetória, vamos tecer reflexões sobre os objetos de conhecimen-
to e saberes da linguagem musical, pensados a partir de cada uma das 
competências específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias.
OBJETIVOS
 ■ Promover a sua formação continuada por meio da metodologia de 
narrativas de histórias de vida.
 ■ Pensar e planejar caminhos que o ajudem a refletir sobre seu pró-
prio percurso e em seu projeto de vida em articulação com a orien-
tação dos projetos de vida dos estudantes.
 ■ Apresentar uma perspectiva do ensino de música do Brasil abor-
dando sua presença em documentos oficiais.
 ■ Explorar um pouco dos métodos ativos do ensino de música mais 
influentes na educação musical contemporânea.
 ■ Apresentar o pensamento pedagógico de H. J. Koellreutter.
 ■ Discutir modos de desenvolver competências.
 ■ Pensar sobre o ensino de música inserido na área de Linguagens e 
suas Tecnologias.
 ■ Refletir sobre os saberes e objetos de conhecimento musicais com base 
na Base Nacional Comum Curricular e nas competências específicas.
 ■ Problematizar o isolamento disciplinar.
 ■ Refletir sobre música e interdisciplinaridade. 
JUSTIFICATIVAS
A formação continuada necessita de um olhar para si e para o todo, 
de modo que o trabalho docente seja entendido como um movimen-
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to que abarca tanto as dimensões pes soais 
quanto os contextos históricos e sociais em 
que o ensino de música está inserido no país.
A escrita de narrativas de histórias pessoais aju-
da o indivíduo a compreender o ofício como 
um processo formativo em continuidade e a 
reconhecer as particularidades, os medos e as 
potencialidades que constituem cada trajetória, 
de maneira que possa realizar planos com mais 
consciência. Quanto aos contextos do ensino, 
alcançar uma visão abrangente do pensamento 
pedagógico musical contribui para a compreen-
são do momento presente e a efetivação de um 
diálogo mais produtivo com a BNCC, com o de-
senvolvimento de competências e habilidades e 
com a realização de um trabalho interdisciplinar.
COMPETÊNCIAS GERAIS DA 
EDUCAÇÃO BÁSICA
Capítulo 5 – Competências gerais: 3, 4, 5, 6, 8 e 9.
Capítulo 6 – Competências gerais: 1, 2, 3, 4 e 6.
Capítulo 7 – Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 
7 e 9.
CONSIDERAÇÕES SOBRE 
AS DIMENSÕES
Capítulo 5 
Este capítulo está centrado na dimensão 1 
por apresentar a metodologia de narrativa 
de histórias de vida, segundo o trabalho da 
pesquisadora Marie-Christine Josso, e pro-
por reflexões e atividades sobre a sua própria 
trajetória formativa, reconhecendo suas po-
tencialidades e valendo-se do autoconheci-
mento para elaborar e realizar seus projetos 
pessoais.
A dimensão 4 é mobilizada por meio de suges-
tões de avaliação das atividades entre professo-
res, estendendo sua aplicação aos estudantes.
Capítulo 6 
A dimensão 2 é trabalhada na abordagem dos 
métodos ativos como formas contemporâneas 
de pensar a educação musical e os modos 
diversificados de trabalhar saberes e objetos 
de conhecimento musicais, trazendo, ainda, 
um aprendizado mais humano e adequado 
para a sociedade atual. Desmistifica, ainda, 
o ensino de música que utiliza os métodos 
tradicionais ao abordar as formas de ensino 
contemporâneas.
A competência 1 é tratada por meio de refle-
xões sobre os seus modos de ensinar. As ativi-
dades propõem a vivência de maneiras diversas 
de praticar a educação musical e, assim, contri-
buir para sua própria formação profissional.
As atividades também contemplam a dimen-
são 4 ao propor formas diversificadas de avaliar, 
considerando que todos são afetados por uma 
maneira de aprender música que foge do tradi-
cional e abarca corpo, mente e sensibilidade.
A dimensão 3 é trabalhada de modo parcial 
nas atividades baseadas em métodos ativos 
e que buscam uma escuta musical integrada 
entre corpo e movimento.
Capítulo 7 
Este capítulo aborda, prioritariamente, as di-
mensões 2 e 3. A dimensão 2 é central na te-
mática do capítulo, pois traça reflexões sobre 
os objetos de conhecimento e saberes especí-
ficos da linguagem musical com base no texto 
da BNCC do Ensino Fundamental e os amplia 
para o trabalho com as competências especí-
ficas do Ensino Médio.
Cada competência é analisada com um foco 
nas especificidades da música, problemati-
zando o isolamento do conhecimento e apre-
sentando possibilidades de trabalho com ou-
tras linguagens da área e outros componentes 
curriculares. A dimensão 3 também é contem-
plada neste capítulo ao apresentar um pensa-
mento teórico sobre a interdisciplinaridade.
Por fim, a dimensão 4 é desenvolvida pelas 
propostas de avaliação em cada uma das ati-
vidades do capítulo.
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PROFESSOR
 
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COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 3 — Este capítulo apresenta a arte dos griôs como 
um exemplo que pode servir de ferramenta para levar os estudantes a 
fruir e valorizar manifestações culturais de diferentes lugares. A atividade 
de elaboração de playlists e seu compartilhamento também cria oportu-
nidades para que os docentes e os estudantes conheçam mais suas refe-
rências musicais e, desse modo, ampliem os próprios repertórios.
Competência geral 4 — A atividade de criação de playlists pessoais 
apresenta ainda um subsídio de utilização de conhecimentos da lingua-
gem musical e digital que propicia o compartilhamento de experiências, 
ideias e sentimentos pessoais, de modo que os estudantes possam al-
cançar um entendimento mútuo mais diversificado.
Competência geral 5 — É mobilizada também por meio de um trabalho 
significativo e reflexivo com playlists e blogs, criando a possibilidade de 
serem exercitadas as formas de uso dessas ferramentas com os estu-
dantes para comunicar, acessar informações e exercer o protagonismo 
na vida pessoal e coletiva.
Competência geral 6 – É trabalhada no capítulo como um todo ao pro-
por a valorização de seus próprios saberes e vivências culturais de modo 
A narração de histórias de vida contribui para a busca de sentidos profissionais e artísticos.
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que possa compreender seu processo formati-
vo e pensar em seu projeto de vida, o que pode 
ajudar a encontrar estratégias para pensar, igual-
mente, nos projetos de vida dos estudantes.
Competência geral 8 – É desenvolvida no ca-
pítulo como um todo mediante a narração de 
histórias de vida que permitem conhecer a si 
mesmo, assim como seus pares e os estudan-
tes, para que assim todos possam reconhecer 
as próprias emoções e as dos outros com auto-
crítica e capacidade de lidar com elas.
Competência geral 9 – É mobilizada por meio 
da elaboração de narrativas pessoais e de dis-
cussões coletivas entre seus pares e, também, 
pode ser explorada com os estudantes, criando 
a possibilidade de exercitar a empatia, o diálo-
go, a cooperação e o acolhimento da diversi-
dade de indivíduos, grupos sociais, saberes e 
identidades culturais.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS 
DA ÁREA DE LINGUAGENS 
E SUAS TECNOLOGIAS
As reflexões e atividades deste capítulo permi-
tem a mobilização parcial da competência 3, 
por valer-se de playlists para utilizar a lingua-
gem musical como forma de promover a auto-
nomia e o protagonismo na vida pessoal.
Esse compartilhamento de referências musi-
cais como meio de autoconhecimento entre 
os docentes e estudantes também leva ao de-
senvolvimento da competência específica 6, 
promovendo uma ampliação dos referenciais 
musicais e valorizando manifestações artísti-
cas mais diversificadas; a referência aos griôs 
também contribui para o desenvolvimento 
dessa competência com os estudantes.
Por fim, a competência 7 também é desen-
volvida por meio da utilização reflexiva de 
playlists e pela indicação do compartilhamen-
to de narrativas por blogs, ampliando, assim, 
as possibilidades de uso dessas plataformas 
também com os estudantes.
AS NARRATIVAS DE 
HISTÓRIAS DE VIDA
Neste capítulo, vamos fazer um convite a você, 
professor, para que olhe para si próprio, para 
suas motivações, identidades culturais, fami-
liares e sociais, mas, sobretudo, para o proces-
so de articulação de suas próprias escolhas 
e interesses.
Dessa forma, pretendemos ampliar a abor-
dagem iniciada na unidade anterior sobre os 
aspectos de suas histórias de vida vinculadas 
ao seu processo formativo e profissional. Para 
isso, vamos utilizar a metodologia de narração 
de histórias de vida com o intuito de auxiliar 
sua busca de sentidos profissionais e artísticos 
apoiada em sua própria experiência.
Inicialmente, vamos trabalhar a dimensão 1, que 
tem como objetivo contribuir para a identifica-
ção de suas próprias necessidades e interesses 
no âmbito escolar e fora dele, para se conhecer 
profundamente como professor, identificando 
como e por que razão decidiu ensinar.
Como parte da formação que propomos, va-
mos apresentar ferramentas de autoconheci-
mento que possibilitem a conscientização de 
suas próprias emoções e como lidar com elas, 
de modo que possa identificar suas próprias 
habilidades para assegurar um bom convívio 
na comunidade escolar, priorizando o trabalho 
coletivo, as ações empáticas e os relaciona-
mentos baseados no compartilhamento e no 
reconhecimento da perspectiva do outro.
As reflexões e os diálogos sobre como se rela-
cionar com o bem comum, com os equipamen-
tos públicos, com os estudantes e os demais 
membros da comunidade escolar também 
fazem parte dos objetivos dessa formação. 
Além disso, pretendemos suscitar reflexões e 
provocar caminhos para sua autoformação, de 
maneira que suas dificuldades possam ser su-
peradas e planejadas com autonomia no pró-
prio futuro.
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Uma das tônicas do novo Ensino Médio é a for-
mação integral dos estudantes, que inclui o tra-
balho com as habilidades socioemocionais, para 
que a vida escolar não seja centrada apenas em 
habilidades cognitivas, mas também na pos-
sibilidade de levar os jovens a pensar em seus 
próprios projetos de vida. O reconhecimento de 
si mesmo é fundamental para que eles possam 
realizar escolhas conscientes e que respeitem 
sua integralidade. Diante desse compromisso 
com a juventude, os docentes também preci-
sam trabalhar seus sentimentos, suas histórias, 
suas motivações, adquirindo maior consciência 
de seus processos formativos, de seus modos 
de ensinar e de lidar com a profissão e com as 
dimensões sociais em que estão inseridos e que 
contribuíram com seu modo de agir.
Sobre o compromisso e a importância de uma 
formação integral dos indivíduos na Educação 
Básica, a BNCC estabelece que
a Educação Básica deve visar à formação e ao 
desenvolvimento humano global, o que implica 
compreender a complexidade e a não lineari-
dade desse desenvolvimento, rompendo com 
visões reducionistas que privilegiam ou a di-
mensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão 
afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plu-
ral, singular e integral da criança, do adoles-
cente, do jovem e do adulto – considerando-os 
como sujeitos de aprendizagem – e promover 
uma educação voltada ao seu acolhimento, re-
conhecimento e desenvolvimento pleno, nas 
suas singularidades e diversidades. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: 2018, p. 14.
E, ao tratar das habilidades socioemocionais, 
a BNCC do Ensino Médio ressalta a importân-
cia de que 
os estudantes desenvolvam competências e 
habilidades que lhes possibilitem mobilizar e 
articular conhecimentos desses componentes 
simultaneamente a dimensões socioemocio-
nais, em situações de aprendizagem que lhes 
sejam significativas e relevantes para sua for-
mação integral. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: 2018, p. 481.
Em geral, na formação continuada, entende-
mos que as atividades e os cursos para esse 
fim são momentos de aprendizagem de téc-
nicas, competências e habilidades exclusiva-
mente profissionais, mas que pouco nos fazem 
pensar sobre nossas motivações, nossas histó-
rias pessoais e nossos projetos de vida. Nessa 
obra, porém, propomos uma outra concepção: 
a de uma formação integral do docente. 
A BNCC e o novo Ensino Médio estão compro-
metidos com uma formação integral dos estu-dantes, que os levem a ser pessoas proativas, 
conscientes dos contextos sociais e históricos 
e da necessidade de assumirem o protago-
nismo na construção de seu aprendizado. As-
sim, também a formação docente deve estar 
comprometida com essa realidade e com os 
desafios que o novo Ensino Médio nos lança. 
Nesse sentido, não se trata apenas de refletir 
friamente sobre procedimentos e objetos de 
conhecimento, mas também de compreender 
como nos relacionamos com o trabalho docen-
te e, com base no reconhecimento de nossas 
P A R A R E F L E T I R
Pense sobre seu percurso formativo. Quais foram os momentos mais significativos dele? Que dúvidas teve 
em relação a suas escolhas? Quais foram as suas motivações? Você considera que seu percurso foi linear ou 
teve mudanças de curso? Quais experiências de aprendizagem foram significativas? Você reconhece que 
ocorreram mudanças de perspectiva e dos significados em relação à sua profissão durante sua formação? 
Como percebe as relações entre sua vida pessoal e emocional em seus percursos profissionais?
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construções identitárias e vivências pessoais, 
como podemos ter mais consciência de nossa 
própria trajetória, sendo protagonistas de nos-
sa própria formação e atuação nas escolas.
Trata-se aqui de trabalhar uma concepção 
experiencial de formação em que você se re-
conheça em processos contínuos de constru-
ção e desconstrução de modos de pensar e 
compreender sua realidade, em considerar a 
possibilidade de mudar seus posicionamentos 
e objetivos. Trata-se, da mesma forma, de re-
conhecer os sentidos das múltiplas aprendiza-
gens, não somente de sua trajetória no ensino 
formal, mas também das aprendizagens infor-
mais que influenciam em sua prática.
Dessa maneira, por meio de um reconhecimento 
reflexivo acerca de nós mesmos, podemos iden-
tificar padrões de comportamento e pensamen-
to, verificar ações e postura que nos impedem 
de agir por nossos projetos e de reconhecer 
as potencialidades que podemos desenvolver. 
Uma formação que seja efetiva e transformado-
ra reconhece nossas trajetórias como processos 
contínuos de construção e desconstrução.
Durante a vida, construímos diversos “projetos 
de si”, isto é, realizamos planos que não abran-
gem apenas os desenvolvimentos de habilida-
des de uma profissão, mas também os modos 
de expressão de nossa autoimagem em dife-
rentes dimensões existenciais. Nem sempre 
temos consciência de todas as nossas motiva-
ções e potencialidades ou nem mesmo refleti-
mos sobre como dar sentido às experiências 
pessoais, às aprendizagens informais, para as-
sim auxiliar na concretização de projetos pes-
soais de modo mais significativo.
Para o entendimento de uma formação de acor-
do com esses parâmetros, que num primeiro 
momento podem parecer abstratos, nosso re-
ferencial teórico e metodológico será o trabalho 
da socióloga, antropóloga e professora da Fa-
culdade de Sociologia e Psicologia e de Ciência 
da Educação da Universidade de Genebra, Ma-
rie-Christine Josso. Essa autora está vinculada 
a uma corrente de estudos em histórias de vida 
em formação, uma linha de pesquisa que co-
meçou a ser desenvolvida entre pesquisadores 
franceses e canadenses a partir de publicações 
da década de 1980, tendo se fortalecido na dé-
cada seguinte por meio de associações de pes-
quisa. Josso foi uma das primeiras expoentes 
desse movimento, formado por pesquisadores 
como Gaston Pineau, Pierre Dominicé, António 
Nóvoa, em Lisboa, entre outros.
No artigo “A transformação de si a partir da 
narração de histórias de vida” (JOSSO, 2007), 
a pesquisadora trata da narrativa de histórias 
de vida como método para a formação docen-
te por meio da escrita, da recuperação de me-
mórias, da troca de experiências e também da 
reescritura e, assim, os professores podem en-
tender a invenção de si mesmos, organizar as 
próprias experiências e compreendê-las. Josso 
entende que o trabalho individual e coletivo, a 
partir da narração de cada participante, pos-
sibilita que as pessoas em formação saiam do 
isolamento, passando a refletir acerca da pos-
sibilidade de invenção e descoberta de novos 
recursos. Segundo a pesquisadora:
Trabalhar as questões da identidade, expres-
sões de nossa existencialidade, através da aná-
lise e da interpretação das histórias de vida 
escritas, permite colocar em evidência a plura-
lidade, a fragilidade e a mobilidade de nossas 
identidades ao longo da vida. 
JOSSO, Marie-Christine. A transformação 
de si a partir da narração de histórias de 
vida. Tradução de Maria do Carmo Montei-
ro Pagano. Educação, Porto Alegre/RS, n. 
63, v. 30, p. 413-438, set./dez. 2007.
Na unidade 1, propusemos o início de reflexões 
sobre histórias vividas, adotando algumas en-
tradas em um mapa (metafórico ou literal) 
cuja construção será desenvolvida ao longo 
deste livro. Refletimos também sobre nossas 
concepções de música, sobre as construções 
influenciadas pelos diversos modos de que 
a arte musical participa e que atua em nossa 
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existência pessoal. No entanto, independen-
temente de nosso envolvimento, as opiniões, 
visões e expressões de mundo são sempre 
muito distintas e subjetivas, mesmo quando 
observamos músicos que tiveram a mesma 
formação musical. Portanto, olhar para essas 
diferenças, não somente das construções so-
cioculturais dos territórios musicais, mas tam-
bém daquelas que assumem um cunho mais 
pessoal e subjetivo, pode significar a possibili-
dade de acesso a uma poética musical própria, 
que é construída até mesmo por aqueles que 
são ouvintes de música, pois, como pensamos, 
a fruição musical não é passiva, porque ela 
pode se dar em múltiplas relações. 
Exploramos também na unidade 1 a recupe-
ração de memórias e ideias da juventude, as 
condições juvenis vivenciadas, como ocorre-
ram os processos de socialização e de busca 
identitária, quais foram as reverberações de 
suas experiências na etapa do Ensino Médio, 
nas escolhas profissionais e nos modos de li-
dar com o trabalho docente.
A partir de agora, vamos propor uma retoma-
da das anotações da unidade anterior e inten-
sificá-las para criar um pequeno caderno de 
registros, ou diário de bordo, de modo que 
você possa exercitar a narração de suas pró-
prias experiências. Quando esse trabalho é 
realizado em grupos, em que os participantes 
leem as narrativas uns dos outros e trocam as 
próprias experiências, essa experiência pode 
ser potencializada.
O trabalho coletivo pode ajudar os participan-
tes a se reconhecerem como pertencentes a 
um grupo, ao enxergar as características co-
muns, as identidades compartilhadas que con-
cernem a um professor e ao trabalho docente. 
Com essa troca, podemos compreender as di-
ferenças e também quanto os modos de agir 
são marcados por outras identidades construí- 
das por nós e que se relacionam tanto com as 
instituições e as condições sociais quanto com 
esferas muito pessoais e subjetivas.
Caso não seja possível a realização de encon-
tros para a partilha e a discussão das narrações, 
a criação de um blog pode ser uma ferramen-
ta muito prática. Existem muitas plataformas 
gratuitas disponíveis, a maioria com uma in-
terface bastante intuitiva, que permite ainda a 
composição de textos, fotos, links de vídeos 
e outras mídias, possibilitando uma narrativa 
multimodal de sua história de vida. Nesse caso, 
os professores de uma escola podem compar-
tilhar publicações, postar comentários e fazer 
interações. O trabalho pode também ser feito 
individualmente, pois o ato de escrever e or-
ganizar as memórias já propicia um exercício 
reflexivo do autoconhecimento. Como vamosobservar nos estudos de Marie-Christine Jos-
so, as narrativas sempre revelam recortes de 
nossas identidades, construções que fazemos 
de nós mesmos.
Pensar sobre identidades construídas pode nos 
levar a rever conceitos e ideias sobre nós mesmos 
que julgávamos estáveis, como se, em certo mo-
mento da vida, devêssemos nos tornar fechados, 
imutáveis. Ao contrário, Josso aponta em seus 
estudos que essa representação de uma iden-
tidade estável e conquistada é continuamente 
desconstruída no jogo de interações sociais, de 
deslocamentos, pela mudança de referências so-
cioculturais, de modo que possamos tomar cons-
ciência de que nossa identidade é um processo 
de identificação e diferenciação de nós mesmos. 
De acordo com Josso, o trabalho de pesquisas 
baseado na narração de histórias de vida, ou de 
histórias centradas na formação, pensados sob 
a perspectiva de questionar e evidenciar a con-
tinuidade e as rupturas em nossos projetos de 
vida, os múltiplos modos de aquisição de expe-
riências, permite “estabelecer a medida das mu-
tações sociais e culturais nas vidas singulares e 
relacioná-las com a evolução dos contextos de 
vida profissional e social” (JOSSO, 2007, p. 414).
O questionamento e a elaboração dos projetos 
de vida dos estudantes, de acordo com esse 
prisma, também podem provocar dúvidas so-
bre sua formação.
109
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Josso fala de sua experiência de vida na região oeste da África como 
fonte de aprendizados ainda em sua juventude. Nos países dessa re-
gião, as histórias de vida das pessoas mais velhas mostram-se como a 
única fonte de memórias, tanto individuais quanto coletivas, sobretudo 
pela arte dos griôs. Narradores de histórias, músicos, cantores das epo-
peias de famílias tradicionais que se apresentam acompanhados de um 
instrumento tradicional chamado kora, os griôs são parte da cultura de 
países como Mali, Gâmbia, Guiné e Senegal.
Um griot com seu kora. 
Imagem reproduzida 
da obra Voyage dans 
le Soudan Occidental 
(Viagem ao Sudão 
Ocidental), do francês 
Eugène Mage, 1872.
Veja um trecho de uma narrativa do griô Toumani Kouyaté, acompanhado 
pelo instrumento tradicional kora. 
 ■ GRIOT Toumani Kouyaté canta uma história da arte do artista. Direção: Ader-
bal Freire-Filho. Produção: Bruno Souza, Charles Oliveira, Ingrid Gassert e 
Jefferson Mendes. [S. l.]: TV Brasil, 2016. 1 vídeo (26 min). Disponível em: ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=AWVeC6kbNH0. Acesso em: 3 dez. 2020.
 1 O que você entendeu sobre essa narrativa? O que podemos aprender 
com essa história quando lidamos com os aspectos marcantes de nossa 
personalidade? 
 2 Como você imagina a possibilidade de transpor as metáforas da narrativa 
para o trabalho de busca de nossas próprias memórias?
E X P E R I M E N T E !
É possível encontrar outras apresentações de 
griôs em sites de streaming de vídeos. Apre-
sente esse artista aos estudantes como forma 
de valorizar culturas diversificadas. Você pode 
também desenvolver atividades com textos a 
serem recitados em conjunto com a escolha ou 
a criação de uma trilha sonora. Desse modo, 
podem ser realizados trabalhos em interdisci-
plinaridade com literatura, ensino de línguas, 
expressão por meio de outras linguagens artís-
ticas, como a teatral em integração com a mú-
sica. A arte dos griôs, em suas narrativas orais 
com música, é parte da ancestralidade das 
culturas afroamericanas que deram origem ao 
movimento hip-hop e ao rap.
Assista ao documentário Sotigui Kouyaté: um 
griot no Brasil, dirigido por Alexandre Handfest, 
que trabalhou com o diretor Peter Brook, no 
qual o griô fala sobre sua missão de compartilhar 
seus conhecimentos e a memória do continente 
africano, além da importância da escuta na arte, 
na comunicação e na vida.
 ■ SOTIGUI Kouyaté: um griot no Brasil. Direção: 
Alexandre Handfest. Produção: SescSP. 
São Paulo: SescTV, 2014. 1 vídeo (57 min). 
Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=sJd1te_3pjI. Acesso em: 2 dez. 2020.
A P R O F U N D A R
P A R A
A influência dos griôs na construção da metodologia de narração de 
histórias de vida de Josso evidencia a força das histórias e suas rela-
ções com a mitologia e a arte. As narrativas analisadas no trabalho da 
pesquisadora falam constantemente da importância de obras artísti-
cas, como a música, as letras, a poesia, a dança, as artes visuais etc. 
Reprodução/Biblioteca Pública de Nova York, 
Nova York, EUA.
110
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https://www.youtube.com/watch?v=AWVeC6kbNH0
https://www.youtube.com/watch?v=AWVeC6kbNH0
https://www.youtube.com/watch?v=sJd1te_3pjI
https://www.youtube.com/watch?v=sJd1te_3pjI
Há músicas que escutamos muito em um mo-
mento, depois, deixam de motivar da mesma 
maneira nosso senso estético. Contudo, há 
também aquelas que nos acompanham des-
de a infância, que podemos ouvir em qualquer 
idade e são capazes de nos trazer memórias, 
sensações e até mesmo um pouco da pessoa 
que éramos e já não somos mais. Apesar dis-
so, o vínculo com esses repertórios revela que 
algo sobrevive sempre.
Diferentes trilhas sonoras acompanham manifes-
tações de nossas identidades e suas modifica-
ções. Na unidade 1, falamos sobre a identifica-
ção de jovens com estilos musicais como forma 
de socialização. Mas, mesmo depois de adultos, 
continuamos a construir laços com obras musi-
cais e artistas, migrando e explorando outros ter-
ritórios. Podemos viver uma época em um ter-
ritório, revisitá-lo ou abandoná-lo por completo. 
A música acompanha nossas diásporas íntimas.
Nossos hábitos de escuta musical são nar-
rativas sonoras que revelam um pouco sobre 
nós. Podemos nos afeiçoar a obras musicais 
em línguas que não compreendemos, porque, 
independentemente das letras das canções, 
elas nos suscitam algo emocionalmente, que 
se relaciona com aspectos bem diferentes da 
apreciação estética. Esses aspectos, em muitos 
casos, podem ser inconscientes, embora sejam 
muito potentes para despertar recordações e 
nos colocar em lugares dos quais temos sauda-
de, seja por afetos perdidos, seja pela distância.
Há algumas décadas, sobretudo desde que as 
fitas cassetes se popularizaram nas décadas 
de 1970 e 1980, tornou-se um hábito a criação 
de playlists. Essas coletâneas de canção po-
dem ser feitas com intenções diversas: para 
serem tocadas em uma festa, para atividades 
esportivas ou, simplesmente, porque há o de-
sejo de agrupar um conjunto de canções que 
tenham algum sentido pessoal.
Já na década de 1990 e nos anos 2000, a cria-
ção de playlists foi facilitada pelos recursos de 
gravação em CDs e pelo advento do mp3, época 
São realidades imaginárias que alimentam nos-
sa vida interior, tornando-se referências para 
simbolizar situações e acontecimentos impos-
síveis de verbalizar, para a construção de laços, 
de convivências que permitam outros olhares 
e descobertas sobre nossas potencialidades, 
colocando-nos em ligação com a humanidade 
e suas produções simbólicas e atuando como 
mediação para falar de si e expressar visões de 
mundo (JOSSO, 2007, p. 429).
Assim, a pesquisadora fala da importância de 
uma abordagem multirreferencial para pensar 
sobre as facetas existenciais de nossa identida-
de, abarcando muitas formas de pensar o mun-
do, como nossas crenças científicas, religiosas 
e, para nos aproximar mais da temática deste 
livro, do nosso pensamento estético e musical.
Faça uma lista de obras de arte que sejam significa-
tivas para você, marcando diferentes momentos de 
sua vida, como a infância, a adolescência e a vida 
universitária. Destaque obras que foram relevantes 
na formação de seu pensamento, de suas posições 
políticas, de seus desejos profissionais. Penseem 
obras literárias, filmes, quadros, obras teatrais. 
 ■ Como é sua experiência pessoal com a arte? 
 ■ Pense em 10 filmes que lhe venham à mente mais 
rápido. Quais sentimentos e ideias estão associa-
dos a eles? Por que esses filmes são lembrados e 
outros não?
E X P E R I M E N T E !
A música está intrinsecamente relacionada à 
nossa vida pessoal, aos nossos caminhos. No 
decorrer de nossas trajetórias, atravessamos 
muitos territórios musicais, mudamos de inte-
resse, passamos a gostar de diferentes artis-
tas, enquanto outros remetem a pessoas que 
estiveram conosco. Quantos exemplos mu-
sicais nos remetem a determinado momento 
da vida, a um relacionamento, a uma viagem 
específica? Todos nós construímos uma trilha 
sonora muito particular de nossa existência. 
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em que era comum fazer downloads de músi-
cas avulsas, sem o disco ou álbum completo. 
Na era das plataformas de streaming em que 
vivemos agora, as playlists ocupam um espaço 
destacado nos modos de fruição musical. Em 
redes sociais e plataformas de streaming po-
demos criar listas separadas por temas, estilos 
musicais, compositores, listas de músicas para 
trabalho, para escutar no trânsito. Muitos têm 
seguidores de suas listas e a inteligência arti-
ficial dos algoritmos é capaz de criar playlists 
personalizadas para seus usuários.
DJs criam playlists 
para animar festas.
A T I V I D A D E 1
CRIAÇÃO DE NARRATIVAS PESSOAIS COM PLAYLIST
Nesta atividade, você vai escolher e agrupar músicas e canções e exercitar 
uma narrativa pessoal por meio de uma playlist representativa. Qual conjunto 
de canções representaria sua personalidade ou poderia ser a trilha sonora de 
sua existência?
MATERIAL
 ■ Recursos digitais, como aplicativos de streaming, aplicativo de execução de 
mp3 ou gravação de CDs.
 ■ Recursos de escrita: editor de texto, blog ou papel e caneta.
Primeira etapa
Pense nas canções ou obras musicais que lhe vêm à cabeça. Não se preocupe 
com critérios estéticos, por exemplo, se determinada música é considerada 
“boa” ou se foi rotulada de forma pejorativa. Pense nas canções que lhe mar-
caram de alguma maneira, talvez bandas, cantores ou compositores pelos 
quais teve muito interesse em uma época, mesmo que hoje tenha mudado de 
gosto. Pense em músicas que foram significativas na sua vida pessoal, talvez 
por remeterem a um relacionamento afetivo ou a uma época específica.
Se as canções provocam lembranças desagradáveis, avalie se podem cons- 
tar em sua lista. Pode ser muito revelador olhar com distanciamento para 
momentos difíceis e reconhecer seus mecanismos de superação e os modos 
como conseguiu enfrentar as dificuldades. Considere exemplos de sua infân-
cia, músicas que relembrem seu ambiente familiar.
A criação da playlist pode ser feita em plataforma de streaming, o que facilita o 
compartilhamento, caso essa formação seja em grupo. No entanto, ela pode ser 
feita de muitas maneiras: com a seleção de arquivos em mp3 gravados em uma 
mídia, ou até com a realização de uma lista escrita, sobretudo se estiver fazendo 
a atividade individualmente. Pense ainda na ordenação da lista: pode ser organi-
zada cronologicamente, mas também podem ser eleitos outros critérios.
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Se a atividade for coletiva, compartilhe as playlists com as de seus colegas e, 
antes de ir para a próxima etapa, conversem entre si sobre as listas de cada 
um. A experiência pode ser muito significativa se todos comentarem as ideias 
iniciais que cada playlist oferece, quais são as semelhanças entre elas, quais 
são os exemplos mais divergentes e o que elas sugerem da personalidade 
dos envolvidos.
Segunda etapa
Depois de criar a playlist representativa de sua própria trajetória, faça uma 
escuta atenta e anote as lembranças que lhe vierem à mente. Não se preocupe 
em fazer julgamentos sobre o conteúdo e sobre o modo de escrever. Nesse 
momento, a escrita é somente sua, portanto, não se preocupe em esconder 
fatos ou memórias que não queira expor. 
As informações podem ser escritas de modo desconexo, caótico. O tempo 
de duração de cada música pode ser usado como critério de limitação do 
exercício de escrita, pois é suficente para o desenvolvimento de pensamentos 
ou narrações. Escrever limitando-se ao tempo de duração de cada exemplo 
musical pode ser uma excelente oportunidade de exercitar seu poder de sín-
tese. Nesse caso, comece escrevendo palavras que a música suscita ou algu-
mas frases que sejam apenas lembretes de narrativas que desenvolverá na 
próxima etapa.
Terceira etapa
Retorne às anotações feitas intuitivamente, releia e reescreva-as. Você pode 
suprimir informações que não queira compartilhar, descrever mais ampla-
mente as situações, reorganizar o pensamento se julgar mais conveniente. 
Também pode escolher manter os escritos mais caóticos e sugestivos. Não há 
regras sobre a forma de reorganização. De todo modo, reler com atenção e 
refletir sobre as informações pode despertar lembranças e conteúdos expres-
sivos. Os fragmentos associados a cada canção não precisam ter a mesma 
quantidade de texto, essa é uma etapa individual, e cada um terá seu próprio 
tempo, caso a formação seja coletiva.
Quarta etapa
Compartilhe suas narrativas com a playlist, caso a atividade seja coletiva. Cada 
um pode ler as narrativas do outro e trocar impressões sobre as diferentes 
experiências e ideias de si. A organização desse conjunto de pequenas nar-
rativas estimuladas pela memória afetiva e suscitada pela música revela uma 
articulação, um modo como desejamos ser vistos e compreendidos. No âmbito 
mais pessoal, é importante refletir sobre os motivos que nos levam a revelar 
ou mascarar algumas informações. Faça uma leitura atenta das narrativas dos 
colegas e pense na imagem que é revelada. Registre suas anotações, pois elas 
serão usadas durante uma conversa. Pense nos aspectos da história de vida ou 
da personalidade de seu colega que você desconhecia, nos elementos que são 
comuns em suas próprias experiências. Por fim, converse com os colegas sobre 
as narrativas. Cada um pode falar sobre suas impressões em relação aos outros 
e também sobre suas próprias descobertas acerca de si próprios.
Caso faça individualmente a atividade, este é o momento de refletir sobre seus 
próprios escritos.
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EM SALA DE AULA
Esta atividade integra as linguagens artísticas com o desenvolvimento de habi-
lidades socioemocionais. Pode ser realizada de acordo com as etapas já apre-
sentadas ou de modo simplificado e ainda ser uma experiência significativa, 
mesmo que seja feita apenas a primeira etapa, de compartilhamento e con-
versa sobre as playlists. Nesse caso, direcione a conversa dos estudantes de 
modo que eles possam falar dos conteúdos emocionais das listas, sentindo-se 
encorajados a comentar suas angústias, medos e projeções. Dependendo da 
disponibilidade e do engajamento na atividade, avalie se deve seguir com a 
turma para as demais etapas. Em qualquer desses casos, seja participante, fa-
vorecendo a empatia, as possibilidades de reflexões sobre os projetos de vida 
e sobre as ideias profissionais dos jovens com base em sua própria experiência.
AVALIAÇÃO
A avaliação desta atividade deve ser processual, em paralelo com cada uma 
das etapas e com autoavaliações ao fim de cada procedimento. Se for realizada 
coletivamente, os participantes podem comentar suas autoavaliações. Veja a 
seguir algumas questões que podem auxiliar nesse processo, tanto no caso do 
trabalho individual quanto coletivo:
 ■ Vocêpercebe diferença entre o que revela aos outros e o que guarda para si?
 ■ Quais exemplos musicais, ou narrativas, relacionam-se de algum modo com a 
sua formação profissional?
 ■ Você percebe desconstruções e rupturas em seus projetos de vida e no modo 
de enxergar a si próprio?
 ■ Acredita que as reflexões sobre essas memórias recuperadas o ajudem a pen-
sar sobre seus percursos futuros?
Apesar de termos uma identidade individual parcialmente definida por 
características sociais, culturais, econômicas e políticas, há muita va-
riabilidade, segundo Josso, entre esses modelos; no entanto, essa va-
riação nem sempre é abordada. A pesquisadora ainda fala de quanto 
podemos compreender sobre o papel do contexto social em que vive-
mos e das instituições, como família e religião, na formação de nossas 
individualidades. Pensar, porém, somente com base nessas classifica-
ções (que, evidentemente, são relevantes em nossas formações) não 
abarca o âmbito de nossas escolhas mais pessoais, nossas construções 
subjetivas nessas instâncias maiores, que também guiam nossa exis-
tência, mas determinam todas as nossas escolhas.
A narração de histórias de vida oferece a seu narrador a oportunidade 
de tomar consciência de diferentes expressões e representações de si 
e das dinâmicas que orientam sua formação. As narrativas podem ser 
um mecanismo de formação continuada, trabalhadas como prática em 
encontros de professores, auxiliando o entendimento pessoal na forma 
de fazer escolhas, definir os próprios interesses, estabelecer relações 
de pertencimento e encarar os planos para o futuro com planejamentos 
mais concretos, sem medos e libertos de atitudes conformistas.
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CATEGORIAS DE APRENDIZAGEM 
E DIMENSÕES EXISTENCIAIS
Para que o trabalho biográfico não seja apenas compreendido como 
uma ação de caráter introspectivo, Marie-Christine Josso apresenta al-
gumas observações sobre os cenários de sua pesquisa-formação, pen-
sando em modalidades de elaboração das histórias e suas análises.
Com base em sua experiência, a pesquisadora apresenta quatro cate-
gorias de aprendizado:
 ■ Aprendizagens existenciais: referem-se ao conhecimento de si como 
ser; são constitutivas de nossas aprendizagens como indivíduo psicos-
somático; são nossos modos de existência no mundo.
 ■ Aprendizagens instrumentais: remetem aos procedimentos de apren-
dizagem nos domínios da vida prática em determinada cultura e mo-
mento histórico. Por exemplo, aprender a ler e a escrever, aprender a 
cozinhar, aprender a dirigir.
 ■ Aprendizagens relacionais: são aprendizagens de comportamentos 
para as interações com o outro, para a comunicação, para relacionar 
a si com o mundo. Por exemplo: o aprendizado da fala, os modos de 
expressão pessoal para inserção em grupos, as regras sociais de com-
portamento em público etc. 
 ■ Aprendizagens reflexivas: referem-se à construção do saber-pensar, do 
modo como construímos nossas reflexões e pensamentos.
P A R A R E F L E T I R
 ■ Com base nas narrativas criadas na construção de playlists, você consegue identificar as categorias de 
aprendizagem que foram descritas? Quais delas podem ser representadas, ou serem exemplificadas, por 
meio de seus exemplos musicais? 
 ■ Você considera que as atividades de fazer e fruir obras musicais pode fazer parte dessas categorias? Se 
sim, de quais? Se não, por quê?
A pesquisadora também identifica dimensões existenciais do ser que, 
assim como as categorias de aprendizagem descritas, contribuem para 
o modo como analisamos e compreendemos os diferentes mecanismos 
que interagem em nossas construções existenciais, tal qual os modos 
como eles influenciam em nossas escolhas e em nosso universo profis-
sional. O trabalho de reelaboração de um projeto de vida e de uma for-
mação continuada que possibilite alcançar metas concretas para o fu-
turo pode ser facilitado quando pensamos nessas dimensões, em suas 
influências mútuas e atravessamentos.
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As dimensões do ser elencadas por Josso são o ser de carne, o ser de 
atenção consciente, o ser de sensibilidades, o ser de emoções, o ser de 
afetividade, o ser de imaginação, o ser de cognição e o ser de ação.
Ser de ação
Ser de
sensibilidades
Ser de carne
Ser de
atenção consciente
Ser de
emoções
Ser de
imaginação
Ser de
cognição
Ser de
afetividade
Elaborado pelos autores.
As dimensões existenciais segundo Marie-Christine Josso.
O ser de carne e o ser de atenção consciente são as dimensões centrais, 
sendo condição indispensável de nosso ser no mundo. O ser de carne 
é nossa existência como corpo que possibilita as outras consciências 
de si, manifestando-se em nossas relações com a saúde, as limitações 
físicas, a alimentação, a sexualidade, a nossa autoimagem corporal etc. 
O ser da atenção consciente refere-se à nossa capacidade de voltarmos 
a atenção para um determinado foco consciente, permitindo as esco-
lhas de trabalho e de estudos, por exemplo. Essa dimensão possibilita a 
autopercepção da construção de um conhecimento de si, nosso ser no 
mundo como ser em transformação.
O ser de sensibilidades está próximo ao ser de carne, pois é por meio 
dessa dimensão que se exprimem as sensações corporais, na relação 
com os cinco sentidos, por onde passam as primeiras percepções sen-
síveis do mundo e de nós mesmos. Ele está intrinsecamente ligado 
a nosso ser de emoções. O ser de afetividade remete a nossos laços 
construídos, mantidos ou rompidos, os valores que introjetamos, os 
sentimentos ideais e desejos; também está ligado ao ser de emoções e, 
juntos, determinam o tom das narrativas de histórias de vida.
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O ser de cognição manifesta-se pela aquisição da linguagem e pelo de-
senvolvimento de inteligências, as estratégias de pensar e os diversos 
conhecimentos que adquirimos e elaboramos. Vincula-se, assim, ao ser 
de imaginação, que possibilita as criações artísticas, literárias, realida-
des imaginárias, manifestando-se também em sonhos e projetos que 
orientam nossa existência e permitem formulações. Assim, vincula-se 
ao ser de ação, que necessita de antecipação em seus projetos. O ser 
de ação é a existencialidade visível, o que nos leva à realização concre-
ta, agindo nas interações sociais e na mobilização de recursos técnicos. 
É a dimensão que põe em ação todas as outras dimensões do ser.
As dimensões acontecem de modo relacionado, interdependente. Para 
exemplificar, Josso se utiliza de uma frase de José Saramago, do li-
vro Ensaio sobre a cegueira: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” 
(SARAMAGO apud JOSSO, 2007, p. 427). A capacidade de olhar diz 
respeito às condições de nosso ser de carne, enquanto o ato de ver 
se refere ao ser de sensibilidades, que repara já como ser de atenção 
consciente, mas, também, de afetividade, por manifestar o desejo de 
reparar em algo que vê. Ao mesmo tempo, ver e reparar são dinâmicas 
do ser de ação, que pode levar a diferentes sentidos intelectuais para o 
ser de cognição e para o ser de imaginação.
Nós somos afetados por essas dimensões a todo momento, mesmo em 
ações banais. As constatações de Josso em sua prática formativa, que 
utiliza a narração de histórias para acessar diversos aspectos de exis-
tência e sensibilidade, nos ajudam a pensar em uma educação integral. 
E a educação integral que tem um trabalho verdadeiro com nossas ha-
bilidades socioemocionais não pode enxergar tanto os docentes quanto 
os estudantes apenas pelo aspecto cognitivo. O pensamento educacio-
nal tradicional somente se preocupou com o ser de cognição, ignorandoa inserção dessa dimensão no emaranhado de sentimentos, sensações 
corporais, afetos, devaneios, sensibilidades e demais condições de nos-
sa existência. Assim, uma formação docente continuada não pode mais 
ignorar nossa própria multiplicidade.
Assista à mesa-redonda realizada pela Universidade Estadual de Feira de 
Santana, (BA) sobre Documentação narrativa de experiência pedagógica 
como dispositivo pesquisa-formação-ação na educação, com a participação 
dos professores: Adelson Dias de Oliveira, Fabrício de Oliveira da Silva e Gra-
ziela Nincki Dias de Menezes. 
 ■ DOCUMENTAÇÃO narrativa de experiência pedagógica como dispositivo 
pesquisa-formação-ação na educação. [S.l.]: TV UEFS, 2020. 1 vídeo (92 min). 
Publicado pelo canal TV Olhos D’Água. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=xSuCJXVnugs. Acesso em: 3 dez. 2020.
A P R O F U N D A R
P A R A
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https://www.youtube.com/watch?v=xSuCJXVnugs
https://www.youtube.com/watch?v=xSuCJXVnugs
CARTOGRAFIA DO TRABALHO DOCENTE
Nesta atividade você vai refletir sobre a experiência docente relacionada à mul-
tiplicidade de dimensões existenciais e utilizar a narração autobiográfica como 
método de pensar sobre si mesmo e a respeito do próprio trabalho. Tal como 
a atividade anterior, esta também pode ser feita individualmente ou por um 
grupo de docentes. Caso não seja possível a realização de encontros, você e os 
colegas podem utilizar o blog para o compartilhamento e a troca dos relatos.
PROCEDIMENTOS
 1 Primeiro, escolha uma das dimensões existenciais do ser (ser de carne, ser 
de afetividades, entre outros), que será o ponto de partida para falar de 
alguma experiência docente. Veja alguns exemplos:
 ■ Pense no ser de cognição com base em alguma linha de estudos, algum inte-
resse intelectual que mobiliza seu trabalho, como algum campo do saber ou 
objeto de conhecimento em que tenha mais interesse. 
 ■ Você pode partir também do ser de carne pensando em alguma situação em 
que o corpo determinou situações específicas de trabalho, como alguma con-
dição física, ou de saúde, que proporcionou alguma experiência pedagógica 
singular ou até uma necessidade de mudança de atuação. 
 ■ O ser de ação também pode ser ponto de partida, caso você queira abordar 
alguma iniciativa pessoal que foi marcante em sua prática ou, ainda, pensar no 
ser de afetividades e escrever sobre um situação emocionalmente marcante.
 ■ Você pode começar ainda por sentimentos que estejam mais presentes em seu coti-
diano, mesmo que sejam afetos considerados negativos. Dar atenção aos aspectos 
de que menos gostamos no trabalho pode trazer informações relevantes para mu-
darmos atitudes e planejarmos caminhos para uma melhor realização profissional.
 2 Após a escolha da dimensão existencial e do ponto de partida, determine 
um tempo para a escrita de sua narrativa. Caso esteja trabalhando em uma 
formação coletiva, o grupo pode definir o tempo em um encontro, algo 
entre quarenta a sessenta minutos. Se a atividade estiver sendo feita de 
modo individual, determine um tempo ou deixe-o livre, escrevendo o que 
julgar suficiente para abarcar a história e a dimensão escolhidas.
 3 Caso a atividade seja realizada coletivamente, organizem-se em duplas 
para que um leia para o outro a história narrada. Cada integrante do gru-
po deve escutar a experiência alheia e fazer perguntas para compreender 
melhor a narrativa e auxiliar na identificação do vínculo com a dimensão 
escolhida, bem como para buscar perceber outras dimensões relacionadas. 
Questione o colega sobre os sentimentos, as sensações e os afetos que 
vieram à tona com o ato de rememoração.
 4 Caso a atividade seja realizada individualmente, refaça a leitura de sua nar-
rativa em um dia diferente, que pode ser feita depois de dois ou três dias, 
para que você tenha um distanciamento do que escreveu e, assim, possa 
identificar outros aspectos na própria escrita, outras relações, sensações 
A T I V I D A D E 2
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e sentidos que não foram constatados no momento em que redigiu seu 
relato. Caso esteja trabalhando com troca de narrativas em blog, publique 
o texto e faça comentários nas publicações dos colegas, auxiliando nas 
percepções descritas do trabalho coletivo.
 5 Reescreva sua narrativa, organizando as informações do modo que achar 
mais coerente e acrescentando os aspectos apontados pelo colega ou per-
cebidos por você na leitura distanciada.
 6 Pense em uma música que possa representar, ou traduzir, a história de vida 
narrada. Você também pode criar uma representação musical ou escolher 
uma música que sirva de trilha sonora para a narrativa.
AUTOVALIAÇÃO
Reflita sobre as descobertas. Como foi escolher um momento da vida profissional 
para refletir? Você conseguiu perceber múltiplas dimensões do ser logo na pri-
meira escrita? Ao lidar com as percepções dos colegas ou com suas próprias 
percepções relendo com distanciamento, o que mudou? Quais informações novas 
sobre você mesmo e sobre sua experiência conseguiu acessar quando reescreveu 
a narrativa? O que a atividade revela sobre suas potencialidades? O que revela 
sobre aspectos que considera negativos? Com base na narrativa, o que você gos-
taria de desenvolver, seja como estudo, seja como habilidade socioemocional?
EM SALA DE AULA
Ao trabalhar com estudantes, peça que cada um escolha algum fato marcante de 
sua vida e escreva uma narrativa que deve ser compartilhada com os colegas. A 
temática pode ser livre ou direcionada, dependendo da abordagem com determi-
nada turma. Os estudantes podem escrever sobre alguma experiência da própria 
vida escolar, sobre sua vida familiar, entre outras possibilidades. No momento de 
compartilhamento, converse com eles sobre as dimensões do ser, propondo que 
tentem reconhecer como essas esferas existenciais são relevantes em nossa vida. 
Proponha que escolham uma música para representar suas histórias.
AVALIAÇÃO
Avalie o engajamento, o interesse e o envolvimento dos estudantes com a 
proposta. Dessa forma, você poderá ter uma ideia do quanto a atividade foi 
significativa. Dê atenção a estudantes que demonstrem desinteresse ou timidez, 
buscando criar estratégias para compreendê-los e motivá-los em atividades fu-
turas. Cuide para que os estudantes não façam avaliações sobre o texto nem 
sobre o jeito de expor, de modo que não ocorram julgamentos depreciativos e a 
cooperação mútua e a empatia sejam estimuladas.
Proponha aos estudantes que façam uma criação musical sobre a própria 
história. Pode ser uma narrativa sonora, sem o uso de palavras, que explore a 
expressão de ideias e emoções por sons corporais, sons de objetos ou mes-
mo de instrumentos musicais, caso haja disponibilidade. Você pode pedir a 
eles que apresentem a narrativa sonora antes de fazerem a exposição verbal.
E X P E R I M E N T E !
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ASPECTOS DO ENSINO 
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As salas de música estimulam o desenvolvimento da arte, o conhecimento de técnicas, 
além de incentivar a prática de instrumentos.
COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Competência geral 1 – É mobilizada mediante o conhecimento histórico 
social da música, que conflui nas abordagens pedagógicas-musicais e 
amplia o embasamento teórico do docente para diversificar seus mo-
dos de ensinar música de maneira contextualizada.
Competência geral 2 – É trabalhada por meio do conhecimento e do 
mapeamento dos diversos métodos ativos do ensino de música. Tam-
bém é contemplada nas atividades que aproximame os anseios que estão presentes na sua 
prática docente e em seus projetos. 
Estudar música é estudar a nossa sociedade e a nós mesmos. Por isso, apresen-
tamos caminhos variados para uma reflexão sobre as músicas que escutamos, 
as músicas das culturas juvenis, as músicas que se tornaram hegemônicas, as 
músicas de diferentes culturas e contextos, e as possibilidades de invenção 
e criação com sons convencionais ou não convencionais, em uma visão que 
considera a arte musical acessível a todos que se disponham a experimentar, 
explorar e se relacionar criativamente com os sons. 
Abordamos, ainda, a complexidade da linguagem musical articulada com o 
contexto do Novo Ensino Médio e com os pressupostos da Base Nacional Co-
mum Curricular do Ensino Médio, orientados pela área de Linguagens e suas 
Tecnologias, ao propor vivências e um trabalho interdisciplinar por área, con-
siderando as particularidades da música e os modos acessíveis de praticá-la. 
Como uma formação continuada, este livro aponta caminhos, sendo uma obra 
aberta para ser completada em parceria com você, seus colegas de trabalho, a 
gestão escolar e os estudantes. 
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ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS 
DA OBRA
Esta obra se vale de uma fundamentação teórica diversificada, pois requer 
referenciais específicos para cada um dos aspectos do trabalho docente estu-
dados. Entretanto, alguns autores ajudaram na construção do trabalho como 
um todo, contribuindo para os aspectos estruturais, filosóficos e para o modo 
como as atividades são articuladas.
O livro propõe a ideia de território musical e recorre à metáfora da cartografia 
para compreeder os contextos multiculturais em que a música está inserida e 
os modos de abordá-la. Para tanto, apropria-se de algumas noções do conceito 
de rizoma, de Gilles Deleuze e Felix Guattari, para os quais as relações humanas 
estão em constante proliferação e ressignificação, constituídas por saberes e 
práticas que se ramificam e se entrelaçam sem hierarquias, de forma simultânea 
e caracterizada pela multiplicidade.
Antítese do pensamento linear, o rizoma não se fecha como linhas ou formas. O 
rizoma se traça a si mesmo e, como em uma cartografia, espalha-se por direções 
diversas, constrói-se e desconstrói-se, cria alianças e as abandona, transborda as 
próprias margens, cresce onde tem espaço e esparrama-se. Na música, esse con-
ceito nos ajuda a pensar nos processos criativos e pedagógicos em sua potência 
particular, sem imposições, deixando-se entrelaçar com as outras áreas do co-
nhecimento, ouvindo os estudantes e considerando seus desejos e suas neces-
sidades, para que novas ideias e linhas de fuga surjam e se ramifiquem, a fim de 
proporcionar ações pedagógicas inesperadas.
Outro teórico importante nesta obra é Jorge Larrosa, que trata do conceito de 
experiência e de sua importância na área da educação (LARROSA, 2011). Larrosa 
começa a pensar a experiência como “algo que nos passa”. Assim, a experiência 
seria entendida, inicialmente, como algo externo a nós, algo que não nos pertence 
e é relativo ao “outro”, que remete aos princípios de alteridade, exterioridade e 
alienação, característicos daquilo que a experiência nos proporciona. Esse “ou-
tro” não é algo que passa em frente ao sujeito, mas que passa por ele, algo que o 
atravessa. E os sujeitos, portanto, são o lugar dessa experiência.
Assim, as experiências são subjetivas e singulares, capazes de operar mudanças 
em quem as vivencia, transformando-se. Além da alteridade e da exteriorida-
de, Larrosa também apresenta os princípios de “subjetividade”, “reflexividade” 
e “transformação”. Dessa forma, o sujeito da experiência não seria o sujeito do 
saber e do querer, e sim o sujeito da formação e da transformação.
Com base nessas reflexões e entendimentos, a estrutura de atividades, seções 
e boxes busca valorizar a singularidade da experiência. Experiências de vida, 
formação e práticas docentes que convidam para registros, reflexões e autoa-
valiações constantes. As atividades trazem propostas diversificadas de execu-
ção e sempre com foco na capacidade criativa de cada um. Logo, o objetivo 
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deste livro é proporcionar vivências potentes para uma formação continuada, 
que seja transformadora e contribua para o desenvolvimento de estratégias, 
levando os estudantes a ter suas próprias experiências significativas e pos-
sibilitando que eles se tornem cada vez mais dispostos a trabalhar de modo 
verdadeiramente aberto a si mesmos e à sociedade.
Adiante, vamos explicar a fundamentação teórica de outros aspectos do livro, re-
lacionados a dimensões específicas da linguagem musical e do trabalho docente.
OBJETIVOS 
 ■ Promover uma formação continuada em Música para professores da área de 
Linguagens e suas Tecnologias do Ensino Médio.
 ■ Proporcionar experiências transformadoras a docentes que reverberam nas 
atividades com os estudantes.
 ■ Compreender a linguagem musical e os seus modos de produção e fruição na 
contemporaneidade, em especial, nas culturas juvenis.
 ■ Refletir sobre o trabalho docente.
 ■ Auxiliar os docentes a compreender a própria trajetória e a pensar em seus 
projetos de vida.
 ■ Compreender e articular estratégias para o trabalho com os objetos de conhe-
cimento e saberes da linguagem musical no Ensino Médio.
 ■ Desenvolver estratégias para o trabalho interdisciplinar.
 ■ Fomentar o protagonismo.
 ■ Repensar a avaliação.
JUSTIFICATIVAS
A música é uma linguagem artística que se construiu historicamente em domí-
nios técnicos e conhecimentos muito específicos e pouco acessíveis. Dessa for-
ma, criou-se a ideia de uma arte hermética, restrita somente a quem se dedica ao 
estudo de um instrumento musical e à escrita musical convencional. Entretanto, 
desde as vanguardas artísticas do século XX e a emergência de áreas de estudo 
como a etnomusicologia, estudiosos e pesquisadores passaram a enxergar essa 
arte além de suas convenções e a valorizar experiências musicais mais diversifi-
cadas. No entanto, muitos educadores musicais ainda fazem juízos depreciativos 
e eurocêntricos das práticas musicais que fogem dos padrões convencionais, 
desconsiderando que a arte de trabalhar criativamente com os sons há muito 
não se limita a padrões impostos por culturas dominantes. 
A música é patrimônio da humanidade em todas as suas manifestações, fruí-la 
em toda a sua potencialidade é estar aberto tanto ao tradicional quanto ao 
novo, percebendo ainda seu papel na construção de nossas subjetividades e 
modos de relação social. Para a Educação Básica, uma visão ampliada das prá-
ticas musicais possibilita compreendê-las pela diversidade, aproximando seu 
estudo da vida cotidiana e da música que faz parte das culturas da juventude. 
Diante dos desafios lançados pela BNCC e pelo multiculturalismo da sociedade 
brasileira, uma formação continuada de professores nessa linguagem também 
deve ser ampla, reflexiva e proporcionar questionamentos e vivências que per-
passam desde os âmbitos mais pessoais até as estratégias de planejamento e 
avaliação que possam ser adaptadas a diferentes realidades. 
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CONCEITOS PRIMORDIAIS DA BNCC 
ABORDADOS NA OBRA 
Um dos principais conceitos da BNCC considerado na obra é o trabalho por meio 
do desenvolvimento de competências, que engloba a mobilização de conheci-
mentos para o desenvolvimento de diferentes habilidades e atitudes. Assim, a 
obra considera as competências gerais da Educação Básica e as competências 
específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias para o desenvolvimento 
de temáticas e atividades como formaos estudantes do 
entendimento do método, o que possibilita o olhar reflexivo e compara-
tivo entre cada um deles.
Competência geral 3 – É mobilizada na fruição como forma de expan-
dir o conhecimento relacionado ao objeto de estudo. Além disso, as 
obras musicais específicas apresentadas neste capítulo referenciam as 
atividades e ampliam tanto o seu repertório quanto os dos estudantes.
Competência geral 4 – É desenvolvida tanto na explanação dos métodos 
ativos, que se valem da integração entre linguagens (principalmente músi-
ca e corpo), quanto nas atividades que utilizam as linguagens corporais e 
musicais, colaborando com práticas sensíveis de reconhecimento dos ele-
mentos musicais e o partilhamento de experiências, ideias e sentimentos.
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Competência geral 6 – É contemplada parcialmente por meio de temá-
ticas que possibilitam o crescimento musical dos estudantes, oferecen-
do ferramentas que propiciam o desenvolvimento de seus interesses 
musicais de maneira autônoma e eficiente, capacitando-os a fazer es-
colhas com liberdade, autonomia e consciência crítica.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DA ÁREA 
DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
A competência 1 é mobilizada ao apresentar o contexto histórico do 
desenvolvimento da educação musical, auxiliando na percepção dos 
aspectos do movimento educacional ao longo do tempo em múltiplas 
abordagens, tanto no que se refere ao ensino tradicional quanto ao en-
sino contemporâneo. Dessa forma, é possível propor aos estudantes 
reflexões sobre as diferentes formas de aprender música, dialogando, 
assim, com as possibilidades do contexto em que estão inseridos.
A competência 3 é amplamente desenvolvida no estudo dos métodos 
ativos, fomentando uma educação musical baseada na prática da im-
provisação e da criação musical. 
A competência 5 é trabalhada por meio da “escuta ativa”, na qual o 
movimento do corpo é o elemento fundamental para a percepção de 
parâmetros musicais na relação entre corpo e mente. 
BREVE PANORAMA DA 
EDUCAÇÃO MUSICAL
Neste capítulo, vamos contar, brevemente, a trajetória da educação mu-
sical ao longo do tempo até chegar ao século XX com o objetivo de 
apresentar as diferentes concepções de educação musical e refletir so-
bre elas, além de contribuir para o entendimento de como e por que os 
métodos ativos surgiram e qual é a sua importância.
Vamos ter como principal referência a obra de Marisa Fonterrada (2005), 
De tramas e fios – um ensaio sobre música e educação, em que a autora 
discorre sobre a trajetória da música desde a Grécia antiga, mostrando os 
caminhos percorridos nos múltiplos contextos, por meio do desenvolvi-
mento social, cultural e tecnológico, e também como os modos de pensar 
sobre o ensino de música se transformaram até chegar ao século XXI.
Vamos fazer um rápido apanhado de visões históricas do ensino de 
música antes de abordarmos as pedagogias ativas, que podem ser re-
ferência para um ensino de música sintonizado com o mundo contem-
porâneo. Vamos ver que as diferentes épocas evocaram diversificados 
pensamentos e ideais políticos, ligados a interesses múltiplos que se 
entrecruzaram e ditaram os parâmetros das relações humanas e cultu-
SOBRE O PESQUISADOR
Marisa Trench de 
Oliveira Fonterrada 
é professora e 
pesquisadora do 
Instituto de Artes 
da Universidade 
Estadual Paulista, 
mestre em 
Psicologia da 
Educação, doutora 
em Antropologia 
e livre-docente em 
Educação Musical. 
Trabalha como 
pesquisadora na 
área da educação 
musical, sendo 
importante 
referência 
na atuação 
socioeducacional 
com a tradução e a 
difusão da obra de 
Schafer.
Acesse seu currículo 
lattes: 
FONTERRADA, 
Marisa Trench de 
Oliveira. Currículo 
do sistema Currículo 
Lattes. [Brasília, 
DF], 2 nov. 2020. 
Disponível em: 
http://lattes.cnpq.br/ 
3530066753313245. 
Acesso em: 8 dez. 
2020.
121
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rais. E a música está intrinsecamente ligada a essa teia, que se forma e 
enreda todo tipo de manifestação artística, política e social.
Vamos entender um pouco desse percurso histórico para, então, aden-
trarmos no século XX e entendermos o que, de fato, contribuiu para o 
surgimento de novos métodos de ensino musical.
DAS SOCIEDADES TRIBAIS AO 
SÉCULO XIX
Os conhecimentos musicais em sociedades tribais eram transmitidos 
por meio da oralidade e faziam parte, principalmente, das manifesta-
ções festivas e religiosas. O “saber” era passado de pai para filho ou de 
algum conhecedor para o indivíduo, que se colocava como aprendiz e, 
mais tarde, tomaria seu lugar de conhecedor. Já entre os gregos a mú-
sica tinha uma dimensão significativa: era ensinada desde a infância por 
ser considerada fundamental na formação dos indivíduos.
No Ocidente, a música ganhou importância pedagógica com o monge 
cristão Guido D’Arezzo, que criou recursos para a leitura e a escrita 
musical. Nessa época, a música era ensinada dentro das igrejas pelos 
monges, e sua principal função era litúrgica.
No Renascimento o ensino da música foi ampliado com a criação de 
escolas públicas. Com a possibilidade de servir a um maior contingente 
de pessoas, a educação musical também se adaptou a essa realidade e 
passou a usar métodos mais ágeis para alcançar as pessoas comuns, e 
não somente os músicos.
De acordo com a pesquisadora e educadora musical Violeta Hemsy de 
Gainza (1964-), ao longo da história da música houve a convergência de 
duas tendências opostas, o racionalismo e o sensorialismo, que priori-
zam, respectivamente, a teoria musical e a prática musical. No entanto, 
com o tempo, essas tendências foram assumindo posições opostas e 
passaram a atuar separadamente.
No século XVIII, um dos pensadores que desenvolveu um novo modo 
de pensar a educação musical foi Jean-Jacques Rousseau. Ele propôs 
um trabalho com canções infantis para difundir e popularizar a música 
e, assim, teve a preocupação de olhar de um novo modo para a nature-
za da criança, valorizando sua individualidade, sua personalidade e seus 
interesses espontâneos. 
Alguns pensadores, como Pestalozzi (1746-1827), Friedrich Herbart (1776-
-1841) e Froebel (1782-1852), propuseram novas abordagens da educação. 
Segundo Pestalozzi, a educação deve se aproximar da prática da experi-
mentação, baseando-se na intuição para buscar a construção da expres-
são de ideias que se aproximem do afeto. Diferentemente de Pestalozzi, 
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Herbart acredita que o conteúdo da consciência trata do aspecto formal 
da lógica e do aspecto material. Ele não considera a reflexão, e sim a ins-
trução, a aquisição de ideias. Já para Froebel, a canção é uma forma de 
aprendizado musical que se dá desde o jardim da infância.
No século XIX, outros estudiosos da música, seja embasados na filosofia, 
como Hegel, seja na estética, como Eduard Hanslick e Richard Wagner, 
tiveram grande importância na música.
Embora, no século XIX, predominassem as vertentes amparadas no in-
telectualismo que caracterizou o racionalismo da época, na virada do 
século XX, alguns estudiosos, ao se aprofundarem no estudo do fenô-
meno sonoro, aproximaram a música da ciência: Helmholtz concentrou-
-se na percepção e nas propriedades dos sons; Carl Stumpf propôs a 
psicologia dos sons tratando das consonâncias e dissonâncias; e Rie-
mann estabeleceu a relação entre o fenômeno musical e o pensamento. 
Esses pensadores influenciaram alguns pedagogos na forma de pensar 
o processo educacional em música. 
O SÉCULO XX
O século XX foi marcado pelade contribuir com experiências e refle-
xões, auxiliando os docentes na mobilização dessas competências com os es-
tudantes. Para facilitar a localização e a identificação das competências neste 
material, o começo de cada capítulo traz um breve descritivo daquelas que são 
trabalhadas e de que modo, mesmo quando a abordagem for tangencial. Dessa 
forma, pretende-se ajudar os docentes a perceber modos de contribuir para 
seus planejamentos, além de possibilitar algumas vivências que, depois, poderão 
ser aplicadas em sala de aula.
Na Unidade 2, o capítulo 5 está voltado especialmente para pensar os modos de 
trabalho musical com as competências específicas da área de Linguagens e suas 
Tecnologias, refletindo sobre os saberes que podem compor um planejamento 
interdisciplinar a partir do texto que explica as competências.
Outro conceito primordial da BNCC que estrutura o livro diz respeito ao traba-
lho por área. Na BNCC, a música é um trabalho essencialmente integrado, pois 
faz parte da constituição do componente Arte que, por sua vez, está na área de 
Linguagens e suas Tecnologias. Portanto, apesar de o foco estar nos saberes e 
nas práticas musicais, eles são considerados em um contexto a ser trabalhado 
em diálogo e integração com as Artes Visuais, a Dança e o Teatro. Assim, possi-
bilita-se um olhar para as artes de maneira geral, que considera suas interações, 
combinações e relações comuns. 
O conceito de protagonismo, aliado à valorização das culturas juvenis, também 
é primordial no desenvolvimento deste livro, ao trazer vivências e sugestões que 
visam aproximar o professor do universo dos estudantes, dando voz a seus an-
seios e considerando suas práticas culturais. As atividades têm uma indicação de 
trabalho que valoriza a ação autônoma dos estudantes e o trabalho com meto-
dologias ativas. 
No decorrer dos capítulos, há referências constantes ao texto da BNCC, com 
citações que contribuem para o entendimento e a articulação entre a temática 
abordada e o referencial teórico.
ORGANIZAÇÃO DA OBRA
Esta formação continuada está organizada em capítulos reflexivos, que apre-
sentam temáticas relativas à linguagem musical e aos contextos do ensino, 
cujo foco é a realização de atividades que têm diferentes sugestões de aplica-
ção. A maioria das seções de atividades deste livro devem ser realizadas pelos 
docentes, como forma de instrumentalização e apropriação de maneira mais 
intensa dos saberes e das temáticas abordadas, o que contribui para que os 
professores se formem, ampliem seus repertórios e possam pensar e planejar a 
própria prática. Na maioria das atividades, há o subitem “Em sala de aula”, com 
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sugestão de adaptação da atividade para o trabalho com os estudantes. Todas 
as atividades propõem questões e reflexões para avaliação e autoavalição. 
Para complementar as seções de atividades, o livro apresenta boxes que po-
dem contribuir com o desenvolvimento do processo de cada um. 
EXPERIMENTE! 
Oferece sugestões de atividades e pesquisas complementares.
PARA REFLETIR
Propõe questões reflexivas e provocações relacionadas ao contexto abordado. 
PARA APROFUNDAR
Apresenta sugestões de textos, livros ou sites que podem complementar os 
estudos de acordo com o interesse do(a) professor(a).
SOBRE O PESQUISADOR
Apresenta informações complementares sobre os pesquisadores que contribuem 
para a construção do pensamento e a fundamentação do assunto tratado.
GLOSSÁRIO
Nas páginas finais, são apresentados os termos musicais essenciais abordados no 
decorrer dos capítulos, que estão agrupados para que possam ser identificados 
rapidamente e atender às necessidades de planejamento e das dinâmicas em sala 
de aula. Esses termos aparecem em negrito no decorrer do texto.
Há também sugestões de obras musicais a serem conhecidas e trabalhadas com 
os estudantes, em alguns casos com um link direto para plataformas de streaming 
com acesso gratuito. Apesar dessas sugestões, sugerimos que o trabalho em sala 
de aula fomente uma atitude de busca por novas referências musicais, para que 
os estudantes apropriem-se dessas ferramentas e ampliem seu repertório, apro-
veitando essa facilidade de acesso ímpar na história da humanidade.
A FORMAÇÃO DA PROPOSTA 
Essa formação pode ser realizada de maneiras diversificadas, adaptadas às rea-
lidades específicas de instituições de diferentes regiões e contextos. Conside-
ramos que a maneira mais proveitosa de realizar o estudo deste livro e de suas 
vivências seja coletivamente, como forma de integrar o trabalho dos professores 
que constituem o corpo docente da área de Linguagens e suas Tecnologias. 
Entretanto, também pode ser feita com professores de outros componentes e 
áreas, favorecendo ainda mais o pensamento interdisciplinar e o trabalho em 
equipe. Nesse caso, recomendamos que o professor de música faça a condução 
ou a facilitação das experiências para os demais professores. Todavia, essa for-
mação também pode ser realizada de modo individual.
Independentemente do modo como o livro seja utilizado, é importante fazer 
registros e narrativas. Em alguns momentos, haverá atividades e indicações 
específicas para isso, mas sugerimos que faça a cartografia do seu processo 
com escritos e reflexões, bem como registros em fotos e vídeos, desenhos e 
mapeamentos diversos que lhe sejam válidos. O registro dessa trajetória pode 
ser feita em suportes digitais, como blogs para facilitar compartilhamentos.
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ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS 
QUE EMBASAM CADA DIMENSÃO
Esta formação continuada é estruturada a partir do desenvolvimento de 
quatro dimensões do trabalho docente. Essas dimensões são princípios que 
propiciam um direcionamento diversificado para fomentar um olhar dos do-
centes para si mesmos e seus modos de atuação, considerando os desafios 
do Novo Ensino Médio, os pressupostos da BNCC e as demandas dos jovens 
da atualidade.
A seguir, vamos falar brevemente das dimensões e das referências teórico-
-metodológicas que orientam a abordagem de cada dimensão nesta formação.
DIMENSÃO 1 – CONHECIMENTO DE SI, DO 
OUTRO E DO NÓS – MINIPROJETO DE VIDA 
PARA PROFESSORES
Nessa dimensão, a proposta é o desenvolvimento de um projeto de vida que 
visa o autoconhecimento e o reconhecimento de trajetórias, potencialidades 
e motivações do trabalho docente, além de interesses, necessidades e moti-
vações tanto profissionais quanto pessoais. Há ainda uma preocupação com 
a formação continuada em diálogo com o ideal de educação integral do Novo 
Ensino Médio, oferecendo aos docentes a oportunidade de também desenvol-
ver suas habilidades socioemocionais, compreender os próprios sentimentos e 
ter a capacidade de lidar com eles, reforçando as parcerias e os relacionamen-
tos com os colegas, especialmente os demais professores da área de Lingua-
gens e suas Tecnologias.
O trabalho com essa dimensão, além de propor o olhar para si e para a sua 
própria história, pretende ajudar cada um a reconhecer seu conjunto de sabe-
res, mesmo os informais, e a aprimorar as ferramentas para planejar o próprio 
futuro sem medo, identificando os caminhos que podem levar à continuidade 
de sua formação pessoal. Dessa forma, essa dimensão tem como objetivo aju-
dar os docentes a se apropriarem de estratégias mentais para o planejamento 
e o alcance das próprias metas. Visa ainda o reconhecimento de valores, co-
nhecimentos, aspirações e habilidades que aprimorem sua capacidade de agir 
coletivamente com empatia e cidadania, além de se perceber como cidadãos 
que integram a construção da vida familiar e social, em sua própria história, 
auxiliando também os estudantes.
A fundamentação teórico-metodológica adotada nesta dimensão é o traba-lho da pesquisadora Marie-Christine Josso e a metodologia de narração de 
histórias de vida. Essa abordagem, que tem entre suas práticas epistemoló-
gicas a formação docente, utiliza a escritura, a discussão e a reescritura de 
narrativas autobiográficas como uma ferramenta para o autoconhecimento, 
considerando que o trabalho formativo está inserido em uma multiplicidade 
de dimensões existenciais, das quais a educação tradicional valoriza somente 
os aspectos cognitivos. 
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A pesquisadora discute a importância de compreender o trabalho de for-
mação docente em aspectos diversificados, reconhecendo os saberes e as 
vivências que, embora não façam parte do percurso formal, influenciam nos 
modos de atuação profissional e na poética pessoal de cada um. Com base 
nas pesquisas de Josso, são propostas atividades de escrita e criação de nar-
rativas a partir de estímulos e temáticas diversas, e algumas delas se referem 
a outras dimensões da atuação docente que estruturam esta obra. Como 
o trabalho da metodologia de narração de histórias de vida pressupõe dis-
cussão e reflexão em grupo, sugere-se que as atividades sejam realizadas 
coletivamente. De todo modo, também há instruções para que possam ser 
executadas de modo individual e atender às diferentes realidades de utili-
zação do livro. Essa fundamentação dialoga com o pensamento de Larrosa 
que também se estrutura na valorização da subjetividade e da capacidade 
transformadora das experiências.
DIMENSÃO 2 – O SABER DISCIPLINAR EM 
XEQUE – PROBLEMATIZAÇÃO DO ISOLAMENTO 
DISCIPLINAR
Nesta dimensão, o intuito é auxiliar os docentes a dominar os objetos de conhe-
cimento e saberes específicos da linguagem musical no contexto da BNCC do 
Ensino Médio. Fazem parte dessa proposta a identificação desses saberes, as 
reflexões sobre como eles podem ser estruturados e as maneiras diversificadas 
de representá-los e abordá-los de modo acessível aos estudantes. Fazem parte 
também dessa dimensão o mapeamento e a identificação de diferentes estraté-
gias de ensino para esses saberes.
O trabalho com essa dimensão considera os objetos de conhecimento listados 
na BNCC do Ensino Fundamental, mas redimensionados para as competên-
cias específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias do Ensino Médio, 
articulando-os a um pensamento interdisciplinar. Para delimitar os saberes 
essenciais da música, este livro considera o pensamento de Murray Schafer, 
compositor e educador canadense que defende a ideia de uma educação 
sonora, segundo a qual a educação musical contemporânea deve considerar 
tanto olhares criativos quanto críticos para os sons ambientais nos quais es-
tamos inseridos e para a ecologia acústica. Trata-se de uma noção ampliada 
da linguagem musical, que não se limita a convenções historicamente cons-
truídas, pois considera o som em si como materialidade primordial para criar 
e compor músicas. 
Além de Schafer, este livro se vale do pensamento da educadora Maria Teresa 
Alencar de Brito e da visão pedagógica de Hans-Joachim Koellreutter, que 
defendem o ensino de música por meio da criação e da improvisação, de 
modo que estudantes de diferentes realidades possam ser protagonistas de 
composições autorais e do trabalho criativo com sonoridades. A fundamen-
tação teórica dessa dimensão também está apoiada nas ideias da pesquisa-
dora Margarete Arroyo, com a abordagem sociocultural da educação musical, 
a qual contribui para uma visão plural, que considera os saberes musicais dos 
jovens e suas culturas.
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DIMENSÃO 3 – ÁREA DE CONHECIMENTO EM FOCO 
– PROBLEMATIZAÇÃO DA INTERDISCIPLINARIDADE
Esta dimensão trata dos saberes disciplinares articulados com as outras áreas 
do conhecimento, visando discutir estratégias para correlacionar os saberes 
específicos da linguagem musical com outros saberes, indicando para os estu-
dantes como tornar a aprendizagem mais efetiva nesse novo contexto integra-
do por área. Aborda, portanto, a interdisciplinaridade em suas diversas formas, 
por meio de reflexões teóricas e de atividades e sugestões de trabalho que 
propiciem aos docentes da área de Linguagens e suas Tecnologias a realização 
de planejamentos integrados e trabalho cooperativo.
Ao apresentar uma perspectiva ampla sobre como os saberes musicais es-
tão relacionados a conhecimentos diversificados, o pensamento de Deleuze 
e Guattari novamente contribui para a compreensão da música como uma 
linguagem artística inserida em uma multiplicidade de contextos e conexões 
entre gêneros e estilos musicais, relações de poder, vínculo com outras artes, 
conjunturas sociais diversas, vivências pessoais, necessidades de socialização 
e construções identitárias. Assim, pode-se pensar em modos de desenvolver 
projetos musicais integrados que sejam significativos para os jovens, pois a 
aprendizagem dos saberes pode se desdobrar a partir de seus repertórios e 
das culturas juvenis, adequando-se a realidades diferentes. Além disso, a no-
ção de território musical possibilita um olhar da música e da área de Lingua-
gens e suas Tecnologias de maneira conectada e multifacetada, reconhecida 
em sua diversidade sociocultural, o que pode representar um terreno vasto de 
possibilidades investigativas e criações. 
Ao refletir sobre a interdiscisplinaridade, outra referência teórica fundamental 
é o pensamento educacional de Edgar Morin e sua abordagem sobre o “pensa-
mento complexo”, que traz a perspectiva do olhar globalizado para as diversas 
linguagens e seus saberes, sem fragmentações. Morin problematiza o ensino 
tradicional tecnicista, baseado em metodologias fechadas em si mesmas e que 
não propõem conexões entre os saberes. 
As propostas de Morin podem estimular os estudantes a organizar seus pen-
samentos a partir da diversidade de conhecimentos. O pesquisador também 
preconiza a abordagem do ensino pedagógico que considera a singularida-
de de cada sujeito em seu contexto, do qual é possível extrair experiências 
próprias para a condução do processo. O pensamento da pesquisadora Ivani 
Fazenda também contribui para o desenvolvimento das atividades propostas 
neste livro, propiciando um entendimento mais profundo do termo interdisci-
plinaridade em comparação com a transdisciplinaridade e suas aplicações no 
contexto da educação e na formação de professores. 
DIMENSÃO 4 – REPENSANDO A AVALIAÇÃO – 
MAPEAMENTO DE NOVOS PROCESSOS 
DE AVALIAÇÃO 
Esta dimensão trata da avaliação, compreendida como um dos fundamentos 
principais na relação aprendizagem/sujeito. Com base em critérios avaliativos 
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bem definidos e coerentes com a ação pedagógica, professores e estudantes 
têm condições de olhar para o próprio fazer a fim de quantificar e qualificar 
seu desempenho em relação ao processo e ao resultado final. Dessa forma, 
essa dimensão tem o objetivo de propor reflexões e sugestões que propiciem 
estratégias variadas de avaliação e autoavaliação, de modo que o professor, 
valendo-se de ferramentas como o portfólio, a avaliação processual e os diá-
logos contínuos, crie condições para que os estudantes tenham acesso aos 
critérios avaliativos. 
Como referencial teórico-metodológico, primeiro, temos o filósofo e pedagogo 
Charles Hadji, segundo o qual a função da educação formativa é permitir aos 
estudantes a elaboração do seu próprio saber, sendo donos do seu conhe-
cimento e capazes de olhar para a sociedade de forma crítica e construtiva. 
Hadji entende a avaliação como fundamental no modelo formativo e proces-
sual sem reduzir-se à aprovação ou reprovação dos estudantes, e sim como 
formade dimensionar os conhecimentos adquiridos individualmente durante 
o processo de aprendizagem. O autor trata da autoavaliação como ferramen-
ta indispensável para auxiliar o estudante na autorregulação, possibilitando o 
distanciamento da necessidade do professor como agente que direciona, mas 
como aquele que orienta. 
O segundo referencial é Keith Swanwick, pesquisador e educador musical britâ-
nico que propõe o estudo dos conteúdos musicais de maneira integrada, agre-
gando os elementos musicais – assim como técnica, execução, composição, li-
teratura e apreciação – de forma equilibrada e não necessariamente em ordem 
preestabelecida. 
Por meio da Teoria Espiral do Desenvolvimento Musical, Swanwick se aproxima 
do pensamento contemporâneo do ensino de Música ao apresentar diversas 
fases de construção do conhecimento musical, que se entrelaçam durante o 
processo. Ele apresenta uma série de critérios musicais que devem ser desen-
volvidos e que auxiliam no processo tanto de avaliação quanto de autoavaliação 
dos estudantes, colaborando com o percurso do aprendizado.
Em todas as seções de atividades, listadas as seguir, são apresentadas suges-
tões de avaliação e autoavaliação, buscando formas variadas e orientadas que 
propiciem atitudes reflexivas, questionamentos ou conclusões.
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UNIDADE 1
CAPÍTULO 1
Atividade 1 – Descobrindo os sons à nossa volta
Objetivos 
 ■ Perceber os sons do ambiente.
 ■ Ampliar a percepção sonora.
 ■ Refletir sobre o ambiente sonoro.
Justificativa: a escuta dos sons do ambiente fa-
vorece o desenvolvimento da percepção sonora, 
exercitando a concentração em elementos que, 
muitas vezes, passam despercebidos. Assim, a ca-
pacidade de escutar seria aprimorada, bem como 
o senso crítico em relação ao mundo sonoro que 
nos rodeia. Schafer chama esse tipo de atividade 
de “limpeza dos ouvidos”.
Procedimentos: escuta de sons ambiente e regis-
tro das percepções em qualquer espaço no qual 
seja possível permanecer determinado tempo em 
silêncio.
Material: papéis, canetas ou lápis para anotações. 
Tempo de duração: pode ser de um a dez minutos, a 
depender da disponibilidade dos envolvidos. Reser-
ve também cerca de meia hora para uma conversa.
Atividade 2 – Criando uma cartografia
Objetivos 
 ■ Identificar elementos que compõem o território de 
um gênero ou estilo musical.
 ■ Compreender as práticas musicais em sua multipli-
cidade de contextos.
 ■ Exercitar o autoconhecimento.
Justificativa: essa atividade mobiliza um pensa-
mento múltiplo sobre as práticas musicais, o que 
possibilita o entendimento da multiplicidade de 
contextos artísticos e sociais que envolvem o fazer 
musical. 
Procedimentos: reflexões, escrita, elaboração de 
cartaz material ou digital.
Material: a confecção da cartografia pode ser rea-
lizada com uma quantidade variada de material, 
como papéis, cartolinas, lápis, canetas, tintas, re-
cortes de revistas e jornais, cola, tesoura, barban-
tes, a depender da disponibilidade do grupo. Tam-
bém é possível fazer o mapa em ambiente digital, 
por meio de softwares ou aplicativos de edição 
de imagens. 
CAPÍTULO 2
Atividade 1 – Recuperando memórias da juventude
Objetivos
 ■ Refletir sobre as condições juvenis por meio da 
memória dos professores.
 ■ Traçar paralelos entre as memórias da juventude e 
as escolhas profissionais dos professores.
 ■ Aproximar os docentes das culturas juvenis.
Justificativa: a compreensão da juventude como um 
momento marcante e fundamental para a tomada de 
decisões, que vão repercutir por toda a vida adulta, 
pode contribuir para a quebra de preconceitos e ideias 
reducionistas acerca dos jovens, que devem ser reco-
nhecidos como sujeitos capazes de elaborar seus pró-
prios posicionamentos e reflexões.
Procedimentos: reflexão acerca das questões le-
vantadas e escrita automática.
Material: papéis, canetas ou computador.
Tempo de duração: aproximadamente uma hora.
Atividade 2 – Mapeando os territórios musicais 
dos estudantes
Objetivos
 ■ Fazer uma pesquisa quantitativa e qualitativa dos 
hábitos musicais dos estudantes.
 ■ Desenvolver a curiosidade intelectual por meio de 
procedimentos de pesquisa das Ciências Humanas.
 ■ Aproximar os professores das culturas juvenis.
 ■ Conhecer os hábitos musicais dos estudantes.
 ■ Compreender a música como objeto de estudos 
científicos.
Justificativa: o conhecimento mais amplo sobre os 
hábitos musicais dos estudantes, seus gostos, pre-
ferências e motivações, pode ajudar os professores 
ATIVIDADES E/OU VIVÊNCIAS 
PROPOSTAS EM CADA DIMENSÃO
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e a comunidade escolar a se aproximarem das cul-
turas juvenis, promovendo debates para valorizar 
a diversidade e eliminar preconceitos. A atividade 
também contribui para um planejamento escolar 
que reconheça os interesses da juventude.
Procedimento: pesquisa com questionários que 
podem ser físicos ou virtuais, análise e divulgação 
de dados.
Material: podem ser utilizados formulários impres-
sos ou apenas recursos digitais.
Tempo de duração: pode ser executada entre dois 
ou três dias, ou até uma semana, a depender da 
amplitude do público e do número de pessoas en-
volvidas.
CAPÍTULO 3
Atividade 1 – Mapa afetivo
Objetivos 
 ■ Identificar estilos e gêneros musicais que fizeram 
parte da trajetória de vida do professor nas diver-
sas fases da vida.
 ■ Entender como determinado gênero ou estilo mu-
sical pode estar ligado a contextos variados.
 ■ Perceber a influência das escolhas musicais ao lon-
go da vida.
Justificativa: esta atividade revela as variantes re-
lacionadas a um repertório musical, entrelaçado a 
contextos vividos. Mediante a análise do repertório 
de cada estudante, o professor terá condições de 
avaliar se existe o preconceito instaurado em algum 
ponto e propiciar a reflexão entre os estudantes 
para eliminá-lo. 
Procedimentos: escrita de dados pessoais relacio-
nados à música, no formato de cartografia.
Material: papéis e canetas ou lápis. Pode-se optar 
pelo uso de computador e softwares que possibili-
tem a escrita de documentos. 
Tempo de duração: duas aulas ou mais, a depender 
do envolvimento do grupo com a proposta.
Atividade 2 – Cartografando os sons
Objetivos
 ■ Ampliar a percepção do entorno por meio da es-
cuta.
 ■ Entender a cartografia como forma de registro de 
elementos múltiplos.
 ■ Entender o conceito de território relacionado aos 
sons.
Justificativa: a atividade estimula uma percepção am-
pliada dos sons em locais específicos, exercitando um 
mapeamento sonoro de territórios relacionado às ex-
periências individuais.
Procedimentos: percepção de sons do ambiente e 
registro escrito ou gráfico desses sons.
Material: papéis transparentes, lápis ou canetas co-
loridas.
Tempo de duração: três dias com tempo de execu-
ção livre.
CAPÍTULO 4
Atividade 1 – Elementos da topografia da música 
Objetivos
 ■ Entender alguns parâmetros musicais.
 ■ Perceber formas não convencionais de fazer mú-
sica.
 ■ Ser capaz de trabalhar em grupo, participando ati-
vamente tanto na escuta dos colegas quanto na 
colaboração de ideias.
Justificativa: a atividade favorece um entendimen-
to prático e mais intuitivo de parâmetros musicais, 
sem depender de domínios técnicos convencionais, 
por meio de um aprendizado baseado na improvi-
sação coletiva.
Procedimentos: realização de atividades práticas e 
reflexivas em grupo.
Material: papéis e lápis.
Tempo de duração: três aulas
Atividade 2 – Escrita sonora
Objetivos
 ■ Ativar a percepção da escuta.
 ■ Perceber as qualidades do som, independente-
mente do objeto sonoro que o emite.
 ■ Registrar o som graficamente.
 ■ Compreender a importância do silêncio. 
Justificativa:contribui para a ampliação da percep-
ção, ativando o sentido da escuta tanto para distin-
guir cada som quanto para as suas possibilidades 
criativas de registro.
Procedimentos: realização de atividade coletiva 
para registro de sons variados.
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Material: objetos variados, papéis e lápis.
Tempo de duração: uma ou duas aulas, a depender 
do envolvimento do grupo com a proposta.
UNIDADE 2 
CAPÍTULO 5 
Atividade 1 – Criação de narrativas pessoais com 
playlists
Objetivos
 ■ Refletir sobre as relações afetivas da música com 
a vida pessoal.
 ■ Exercitar a escrita como forma de autoconheci-
mento.
 ■ Recuperar memórias e narrativas pessoais do pro-
fessor.
 ■ Refletir sobre a construção de si mesmo e dos per-
cursos pessoais.
Justificativa: as playlists representam nossos gos-
tos, trajetórias, preferências culturais e diversos 
modos de inserção social. Escolher um conjunto 
de exemplos musicais significativos permite a ela-
boração de elementos da própria história pessoal, 
promovendo uma jornada de autoconhecimento 
que abarca diferentes dimensões existenciais e 
considera o papel das emoções na construção das 
identidades.
Procedimentos: seleção musical pessoal, escrita de 
narrativa com o estímulo da cada uma das músicas 
e discussão dos textos resultantes entre seus pares, 
caso a atividade seja feita coletivamente.
Material: recursos digitais, como aplicativos de 
streaming, aplicativo de execução de MP3 ou grava-
ção de CDs. Recursos para escrita: editores de texto, 
blog ou papéis e canetas.
Tempo de duração: caso seja realizada coletiva-
mente, dois encontros; nas ações individuais, o 
tempo é livre. 
Atividade 2 – Cartografia do trabalho docente
Objetivos
 ■ Refletir sobre a própria experiência docente.
 ■ Utilizar a narração autobiográfica para pensar so-
bre si mesmo e o próprio trabalho.
 ■ Relacionar a trajetória pessoal às múltiplas dimen-
sões existenciais.
 ■ Promover o autoconhecimento.
 ■ Desenvolver habilidades socioemocionais.
 ■ Realizar discussões entre os pares sobre a própria 
experiência.
Justificativa: o exercício da escrita, motivado pela 
relação entre a experiência docente e um olhar 
para si tendo as dimensões existenciais como re-
ferência, pode fomentar o autoconhecimento e o 
entendimento pessoal como um ser global, de sa-
beres, emoções e afetividades. Dessa forma, os do-
centes podem também contribuir para a formação 
integral dos jovens e auxiliá-los na elaboração de 
seus projetos de vida.
Procedimentos: escrita, reflexão e discussão de ex-
periências pessoais.
Material: editores de texto, blog ou papéis e canetas.
Tempo de duração: caso seja realizada coletiva-
mente, pode ter a duração de dois encontros; nas 
ações individuais, o tempo é livre. 
CAPÍTULO 6 
Atividade 1 – Escuta em movimento
Objetivos
 ■ Desenvolver a escuta musical por meio de movi-
mento corporal.
 ■ Reconhecer elementos musicais como ritmo, melo-
dia e instrumentação.
 ■ Associar movimentos corporais a elementos mu-
sicais.
Justificativa: Dalcroze traz como prerrogativa a 
sensibilização musical por meio dos movimentos 
corporais, o que auxilia o estudante nas relações 
entre som e sentido, na medida em que o corpo 
sente o que escuta, e colabora na distinção entre os 
diversos elementos musicais.
Material: qualquer tipo de aparelho sonoro que 
possa executar música em espaço livre.
Tempo de duração: uma aula.
Atividade 2 – Tamborilada
Objetivos
 ■ Perceber elementos da música por meio do jogo.
 ■ Favorecer a capacidade da escuta e da concentração.
 ■ Desenvolver a sensibilidade.
 ■ Desenvolver a compreensão do silêncio como par-
te fundamental da música.
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 ■ Experimentar o ritmo não métrico.
 ■ Trabalhar a criação musical por meio de uma im-
provisação em grupo.
Justificativa: os modelos de improvisação como 
este possibilitam a criação musical sem a necessi-
dade de conhecimentos formais e técnicos, demo-
cratizando as práticas musicais. Por meio do jogo 
musical, é possível ativar a percepção relacionada 
à escuta e à sensibilização de elementos como tim-
bre, ritmo e relação entre o som e o silêncio. O jogo 
e a improvisação em grupo criam condições para 
que os estudantes compreendam sua capacida-
de de criar e compor, percebendo uma identidade 
própria no fazer musical.
Material: instrumentos percussivos ou objetos 
como cadeira e mesa, ou o uso do próprio corpo.
Tempo de duração: uma aula, mas pode ser repeti-
da em outras aulas.
CAPÍTULO 7
Atividade 1 – Os saberes de um território
Objetivos
 ■ Aproximar docentes e estudantes da cultura local.
 ■ Reconhecer os saberes musicais de uma prática 
musical regional.
 ■ Valorizar a cultura local e os seus saberes.
 ■ Desenvolver uma pesquisa interdisciplinar e de ca-
ráter qualitativo.
 ■ Promover a autonomia dos estudantes.
Justificativa: aproximar docentes e estudantes das 
culturas locais pode fortalecer os elos entre a esco-
la e a comunidade, contribuindo para o respeito à 
diversidade e à valorização da cultura local. A inte-
gração curricular a partir de um objeto de estudo 
regional também possibilita a percepção da impor-
tância do conhecimento científico e da sua proximi-
dade com a vida prática.
Procedimentos: observação de campo, realização 
de entrevistas e análise dos resultados.
Material: papéis e canetas para anotações ou edi-
tores de texto variados, mas também pode ser feito 
com gravações em áudio e vídeo.
Tempo de duração: aproximadamente três aulas.
Atividade 2 – Exercitando um planejamento
Objetivos
 ■ Desenvolver estratégias de planejamento.
 ■ Valorizar os próprios saberes para a realização de 
um planejamento.
 ■ Realizar planejamentos com base nas competên-
cias específicas da área de Linguagens e suas Tec-
nologias.
Justificativa: pensar em múltiplas estratégias de 
planejamento pode diversificar os modos de atua-
ção docente, considerando especialmente os sabe-
res do professor. Desse modo, é possível a criação 
de propostas mais significativas e articuladas às po-
tencialidades pessoais do professor. 
Procedimentos: autorreflexão, escrita e compar-
tilhamento entre pares, caso a atividade seja feita 
coletivamente.
Tempo de duração: caso seja realizada coletiva-
mente, um encontro; nas ações individuais, o tem-
po é livre.
UNIDADE 3
CAPÍTULO 8 
Atividade 1 – Conhecendo o próprio modo de avaliar
Objetivos 
 ■ Reconhecer a prática pedagógica pessoal vincula-
da à avaliação.
 ■ Perceber a importância da avaliação e da autoava-
liação em diferentes momentos da prática peda-
gógica.
 ■ Constatar mudanças relacionadas à autorregu-
lação dos estudantes, vinculadas à aplicação das 
avaliações.
Justificativa: o professor deve perceber a impor-
tância da avaliação recorrente nas aulas e tam-
bém nas estratégias de autoavaliação, além da sua 
maneira de aplicá-las e como essa avaliação pode 
colaborar para o desenvolvimento da aquisição de 
conhecimento e na autonomia do estudante.
Material: planejamento de atividades anteriores, 
aplicadas em sala de aula. Recursos de escrita: pa-
péis, lápis ou canetas, ou editores de texto.
Procedimentos: pesquisa e reflexão sobre o plano 
de aula.
Tempo de duração: o tempo dependerá da neces-
sidade do professor para analisar seu próprio mate-
rial e refletir sobre ele.
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Atividade 2 – Aplicando a autoavaliação
Objetivos
 ■ Exercitar formas de aplicação da autoavaliação.
 ■ Reconhecer a participação efetiva dos estudantes 
na condução da autoavaliação.
 ■ Perceber como os estudantes passam a se autorre-
gular ao longo da autoavaliação.

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